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Series & Trilogias Literarias
Esta é apenas mais uma história. Não, não mais uma história, desculpe! Está é a minha história. Minha e do meu professor.
Não, não se preocupe, não se trata de mais uma dissertação sobre o quanto uma aluna já conseguiu fantasiar com um homem mais velho, mais sábio e mais experiente.
Esta é a minha história.
E do Alex.
E de como ele conseguiu mudar tudo em mim, apenas porque concordou em me ensinar.
Capítulo 1
Charlotte
- William Shakespeare. Não havia hora mais apropriada para me enviar esta mensagem.
Resmunguei enquanto atravessava a rua em direção ao calçadão e me questionei outra vez por que ainda tinha aquele aplicativo que me enviava frases dele? Eu bem sabia a resposta. Eu amava tudo o que Shakespeare escreveu. Sua forma viva de olhar o mundo, a maneira torta e ao mesmo tempo correta de enxergar a vida. Uma alma avançada, torturada, incompreendida.
Mais ou menos como eu me sentia.
O sol estava forte e o calor só aumentava a apreensão que eu sentia. Segurei meu projeto com mais força, como se ele pudesse escapulir das minhas mãos a qualquer momento. O que o professor Frankli estava pretendendo? Eu não fazia a menor ideia.
Quando abri o e-mail naquela manhã não consegui acreditar no que ele me enviara. Reprovada.
Aquilo era inacreditável e inaceitável para alguém como eu! Como poderia ser reprovada? Durante quatro longos anos me dediquei inteiramente àquele curso apenas porque queria correr atrás de um sonho. O meu sonho mais profundo, o mesmo que me fez abrir mão de tudo o que poderia viver caso ele não existisse. E agora, o maldito do meu professor, estava prestes a me reprovar.
O filho da puta só poderia estar louco! Não havia outra explicação. Ele teve um semestre inteiro para analisar o meu projeto. Sabia que o livro estava quase pronto, faltava bem pouco.
Primeiro, com o intuito de avaliar se eu conhecia mesmo meus personagens, pediu um perfil bem estruturado, contendo tudo o que poderia lhe dar uma imagem exata do que desejava de cada um deles.
“Muito bom, Charlotte!” dizia sempre que conferia o meu material. Depois me pediu um resumo da obra, um texto onde eu demonstrasse a essência da história, o que pretendia, o porquê de ser boa o suficiente, o seu diferencial... Ele me pediu o mundo e foi só isso o que fiz durante os últimos quase quatro meses.
Por último ele me pediu tudo o que eu tinha. Cada capítulo terminado. Eu enviei convicta de que havia feito o meu melhor, afinal de contas ele sempre gostava e aprovava os meus textos, mesmo que não passasse mais do que parcos dez ou quinze minutos ao meu lado e, praticamente, sem sequer levantar os olhos para me fitar.
Puta merda!
Estava sendo um semestre cansativo.
Eu devia ter rejeitado a ideia de Miranda de aceitá-lo como meu orientador. Fiz isso pela minha amiga, que morria de amores pelo tão desejado professor Frankli. Devia ter percebido que o fato de ela querer um motivo para se aproximar mais dele não me ajudaria a alcançar o meu objetivo.
Agora estava vendo tudo ir por água abaixo.
E o máximo que ela conseguiu foi aguardar por mim do lado de fora da sala apenas para vê-lo passar sem olhar para os lados. Minha amiga era inacreditável. Obviamente ela tentou abordá-lo na sala dos professores, na lanchonete, nos corredores, porém o professor Frankli era uma concha, fechado de dar dó.
Nunca conheci alguém mais insuportável, pernóstico, pretensioso, cheio de si, soberbo... A imagem dele piorava e muito quando, se acrescentava a todos estes adjetivos a sua vontade mesquinha de me reprovar. Logo no meu último semestre. Justamente no meu melhor livro.
Eu queria que ele morresse afogado antes de passar seu veredito para a secretaria. Assim meus problemas estariam resolvidos. Nenhum outro professor daquela universidade teria coragem de me reprovar.
Bom... Meu nome é Charlotte Middleton. Isso mesmo. Um nome estrangeiro para uma estrangeira que vive no Brasil desde que se entende por gente. Meus pais, assim como eu, são ingleses, por isso minha pele muito branca, delicada, as sardas que eu lutava para disfarçar, o corpo sem nenhum dos atributos das mulatas brasileiras e os olhos claros. Claros até demais.
As pessoas normalmente passavam um bom tempo me olhando como se eu fosse uma aberração. Eram de um azul sem graça, desses de céu em fim de tarde, quando o sol decide não colorir o fim do dia com seus raios alaranjados, então vemos a noite chegar sem a menor graça. É
exatamente assim que sou. Para ajudar, tenho cabelos castanhos, por culpa do meu pai, tão lisos que não dão uma volta, nem se eu passar a noite com bobes. A única coisa que eu conseguiria era uma grande dor de cabeça.
Ou seja, eu sou uma garota comum, sem graça, sem sal, sem nenhum tipo de atrativo. Essa sou eu na vida real, porque em meus sonhos, ou na minha imaginação, sou linda, tenho mais bunda, seios fartos, sou engraçada, descolada... Posso ter a cor de cabelo que quiser.
Nos meus sonhos, não tenho vergonha de falar em público ou de conversar com aqueles garotos lindos de tirar o fôlego. Ah! Nos personagens que crio, eu não uso óculos. Uma vez ou outra admito usar lentes de contato pois estas não incomodam nunca e eu consigo passar o dia inteiro sorrindo sem que meus olhos fiquem lacrimejando, vermelhos ou parecendo que receberam um punhado de areia.
É assim que eu sou quando descrevo as minhas personagens. Elas vivem por mim tudo aquilo que eu desejava viver e não podia, não devia, ou não tinha coragem para fazer.
Sou estudante de letras e literatura e estudo na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Consegui esta proeza após muita briga com o meu pai, que desejava a todo custo me levar para fora do Brasil assim que concluí o ensino médio. Porém eu não queria ir embora não me sentisse segura se seria o melhor para alcançar meu objetivo. Assim como estava ciente de que a escolha do curso apenas me guiaria para o destino que eu almejava, já que não há um curso específico para quem deseja ser escritor.
No entanto, estudar letras e literatura, tendo todas as experiências que eu tenho, além das possibilidades, dos cursos e tudo o mais que pude fazer sem a intromissão do meu pai, me deixaria apta para atuar como crítica, consultora linguística ou literária, tradutora e revisora de texto. O que apenas enriquecia o meu lado técnico. Porque escrever é um dom, né? Ninguém se torna escritor. A pessoa nasce escritor. E foi para isso que eu nasci, para escrever.
Sempre sonhei em ser escritora. Aliás, eu mudei toda a minha vida para tornar realidade este desejo. Mas ali, naquele dia, eu descobri que cometi dois erros graves: optar por escrever romances eróticos, e escolher o professor Frankli como meu orientador para conclusão do curso. Pelo visto ele era um grande mentiroso e não gostava de nada do que eu escrevia. Nada.
Quando recebi seu e-mail avisando que sentia muito, mas que não poderia aprovar o meu projeto, juntamente com uma crítica do o meu livro, pensei que surtaria. Faltava pouco mais de um mês para minha formatura e ele estava jogando um balde de gelo em minha cabeça.
Era algo inovador. Um livro. Um romance escrito por uma aluna como tese de conclusão de curso. Um projeto que ele mesmo gostou de participar, então por que inferno não podia me aprovar?
Ele mesmo disse que escrever um romance erótico, a moda do momento, seria uma forma interessante de concluir o curso.
Um idiota de carteirinha!
E o que ele disse? O texto não tem a profundidade necessária. Não possui uma base sustentável, apesar de possuir coerência e coesão. Um babaca! Com certeza bebeu até tarde em suas farras, sim, porque com certeza o professor Frankli era um homem depravado, que participava de orgias, que pegava geral e, por causa disso, não conseguia manter os neurônios alertas para avaliar a merda do meu livro.
Cansada e acuada, tomei a única decisão possível. Precisava contar a ele. Precisávamos ter uma conversa franca e aberta. Quem sabe assim o senhor “ninguém é melhor do que eu” poderia descer um pouco do seu pedestal e me ajudar de verdade.
Que grande merda!
No fundo Miranda estava certa. O professor Frankli não era somente um dos melhores professores da universidade, e como tal, o coordenador do meu curso. Era também proprietário de uma das melhores editoras do Brasil e, se eu conseguisse impressioná-lo, era quase certo que teria meu livro publicado por ela. O sonho de qualquer escritor.
Bem... Pelo visto eu não conseguiria publicar através deles. Aliás, pelo que ele tinha deixado claro, eu não conseguiria que ninguém publicasse. Eu era um completo fracasso.
Naquele mesmo dia eu digitei uma mensagem rápida e decidimos nos encontrar na praia. Sim, ele surfava. O filho da mãe não era apenas um idiota pervertido, isso era o que eu imaginava, nem o cara mais bonito com quem eu já havia topado em toda minha vida. Era também um gato sarado, de corpo bronzeado, que surfava e se exibia nas praias do Rio de janeiro.
Enquanto eu não era bem o tipo de garota que se divertia em praias. Piorava e muito quando eu precisava usar filtro solar fator cinco mil, me proteger com chapéu além de não poder dispensar o guarda-sol. Por isso jeans, camisa básica, tênis e uma bolsa mochilinha foram minha opção, melhor do que qualquer outra roupa. No horário combinado, eu já estava de pé na areia, aguardando.
Canto do Leblon. Foi o lugar que ele resolveu surfar naquele dia. Dava medo só de olhar aquelas pedras, e todos os surfistas tão próximos delas. Conferi o relógio. Já era hora do professor Frankli se dignar a aparecer. Ou ele esperava que eu entrasse na água? Tenha a santa paciência!
Não basta ser idiota, cretino, soberbo, reprovador de trabalhos fantásticos, ele ainda tinha que estar atrasado. Era só o que me faltava! Me encostei em um carrinho de água de coco comprando uma para aproveitar a sombra. Foi quando o visualizei.
Claro que meu queixo caiu quando o vi saindo do mar. O professor Frankli era um homem muito bonito e atraente, principalmente pelo seu ar de desinteresse. Seu jeito casual contrastava com a sua postura acadêmica e, definitivamente, ele ficava perfeito em seus ternos caros. Porém nada se igualava a ele saindo do mar.
Seu corpo era completamente harmonioso. Ombros largos e corpo magro. Peitoral definido.
Pelos cobrindo seu tórax descendo até... Sim, até lá. Suspirei. E era bronzeado. Uma pele lindamente bronzeada, daquelas que dá vontade de passar a mãos para conferir se sai a tinta.
Não era para suspirar. Nem para olhá-lo como se estivesse vendo algo comestível. Afinal de contas, apesar de ele ter povoado meus sonhos nos últimos meses, naquele momento eu o odiava.
Se ele soubesse que era nele que eu pensava quando escrevia. Se imaginasse que quando descrevia o que meu casal de personagens fazia, imaginava ele no papel principal... Se qualquer pessoa sequer sonhasse uma coisa dessas, eu seria ridicularizada.
Ajustei meus óculos, paguei o coco e saí de baixo do sombreiro, para que ele pudesse me ver.
Se bem que, diante de tanta perfeição, eu não estava muito certa se queria mesmo aparecer de jeans, camiseta básica e tênis. Putz! Como alguém podia ser igual a aquele homem? Ele era simplesmente...
Perfeito!
Não que eu fosse apaixonada pelo professor Frankli. De forma alguma! Sei muito bem onde colocar o meu pé. Mas, desde que ele começou a me orientar, com seu incrível sorriso torto, minha mente passou a ser povoada por imagens impróprias.
- Que Miranda nunca seja capaz de ler a minha mente.
Falei sorrindo para mim mesma e depois mordendo meus lábios para que ele não pensasse que eu estava flertando. Era melhor assumir a postura profissional e aborrecida do que a de aluna deslumbrada por tanta beleza.
O professor Frankli, carregando a sua prancha e usando uma bermuda azul, dessas que caem na cintura e mostram todo o movimento dos quadris, caminhou lentamente em minha direção, sacudindo os cabelos, longos fios negros lisinhos que formavam uma cortina meio bagunçada, descendo até um pouco abaixo das orelhas.
Ele tinha olhos azuis também. Mas não azuis sem graça como os meus. Eram de um azul-escuro, profundo, penetrante, como a água de uma lagoa presa dentro de uma caverna. Para completar, tinha cílios negros, longos, que faziam sombra em seus olhos, como se fossem pintados em uma maquiagem perfeita. E sobrancelhas espessas, tão escuras quanto seus cabelos, combinando com todo seu rosto.
- Pensei que estivéssemos em uma praia - disse ao se aproximar.
Seu sorriso torto era quase como uma declaração de que pertencíamos a mundos diferentes. E
realmente pertencíamos. Ele era do planeta “me inveje porque sou rico, lindo e extremamente sexy”
enquanto eu era do planeta “me ignore, pois sou sem sal, sem graça e sem competência”.
Imediatamente desviei o olhar e disfarcei ajeitando os óculos.
- Jeans e tênis não combinam muito com o ambiente – continuou falando ao me analisar dos pés à cabeça. Pensei que meu rosto pegaria fogo. – Está um dia lindo.
- Não vim aqui para me divertir, professor – pisquei para encará-lo sem demonstrar o encanto que me dominava.
“Eu o odeio. Eu o odeio.” Repeti mentalmente até que meu corpo entendesse que aquele ser sorrindo lindamente era o inimigo que estava jogando os meus sonhos no lixo.
- Sei – ele fez cara de desagrado. – Veio por causa do meu e-mail. Precisamos mesmo conversar, Charlotte, mas não vamos fazer isso debaixo desse sol. Vamos ao quiosque. Lá poderemos beber alguma coisa e conversar melhor.
Seguimos pelo calçadão em direção ao mirante onde encontramos o bar. Naquele horário não havia muitos clientes, apesar de o dia ensolarado e o tempo firme. Além de nós dois, que ficamos em uma mesa afastada, um grupo de surfistas bebendo sucos coloridos conversava animadamente. Assim que me sentei, senti que toda a minha preocupação pesava mais do que eu imaginava em meus ombros.
Minhas mãos estavam suadas, minha boca seca, meu coração acelerado e eu tinha certeza de que minha cor não estava nada legal. Pelo menos não para aquele homem bronzeado sentado diante de mim. Engoli em seco decidida a abreviar a conversa.
- Não posso ser reprovada – ele sorriu daquela forma desconcertante.
Era tão irritante vê-lo tão leve, feliz, relaxado, mesmo sabendo que estava destruindo a minha vida. Ele deveria pelo menos fingir que não estava se sentindo tão bem reprovando o meu projeto.
Parecia até um carrasco, um sádico deleitando-se com a tortura que infligia.
- Seria realmente uma pena, só que, infelizmente, não posso aprovar um romance como o que você me apresentou.
Eu o odiava!
- Por que não? O que tem de errado com o que escrevo? Sigo a mesma linha de muitas autoras do momento. E o senhor sempre elogiou tudo o que eu apresentava.
- Muitas dessas autoras do momento não deveriam, sequer, estar escrevendo.
Seus olhos incrivelmente azuis me encararam desafiadoramente. Por um segundo acreditei que me afogaria naquelas duas lagoas profundas, mas pisquei me restabelecendo. Suspirei buscando o equilíbrio para mantermos nossa conversa em um tom conciliador.
- Professor, eu tenho me dedicado exclusivamente a este curso. Sou a melhor aluna de todos os tempos, é só verificar as minhas notas. Todos os professores acreditaram em mim até você chegar dizendo que o meu trabalho é um lixo – eu tentei, mas não consegui evitar a raiva em minha voz.
Meus olhos queimavam querendo me debulhar em lágrimas contra as quais eu lutava veementemente. Não choraria na frente dele. Não mesmo! Não daria àquele sádico este prazer.
- Não falei que o que escreve é lixo, apenas...
O garçom se aproximou para pegar o pedido. Olhei para ele, jovem demais, com cara de surfista, cabelos negros e olhos pequenos. O avental negro estava muito limpo, e sua cara era de quem não estava muito disposto a conversar.
- O que vão querer?
- Um suco de tomate temperado, por favor! – o professor Frankli solicitou sem titubear, como se aquela fosse a sua rotina.
- E para a senhorita?
Olhei para os dois sentindo que meu corpo não suportaria mais tanta pressão naquele início de manhã já tão desastroso.
- Uma dose de tequila, por favor! – ambos me encararam.
Era mesmo uma forma de chamar atenção de todos pedir uma bebida tão forte àquela hora da manhã. O professor Frankli endireitou os ombros olhando diretamente em meus olhos enquanto o garçom se afastava.
- É uma bebida muito forte. Está acostumada a beber a esta hora da manhã?
- Acredite em mim, é exatamente o que preciso neste momento – minha cabeça latejava, minhas mãos continuavam suando e minha boca estava ainda mais seca. – Você ia dizendo... – ele me avaliou com atenção e depois desistiu de tentar entender.
- Eu ia dizendo que seu texto não é um lixo. Sua escrita é correta, sua história flui, posso até dizer que é o tipo de texto que envolve, só que está faltando algo. É como comer uma comida sem sal. Você sabe, aquela que tem tudo para ser gostosa, mas não é! – Continuou me avaliando como se minha reação fosse lhe causar a maior de todas as satisfações.
Filho da puta!
- E o que falta? – minha pergunta saiu exasperada. Não conseguia entender que tipo de sal era este que faltava em meus textos.
- Sentimentos. – ele me encarou e outra vez o sorriso brotou em seus lábios me deixando desconfortável. Ele deveria ser menos bonito.
- Sentimentos?
- Isso.
Encaramo-nos aguardando pelo que viria em seguida. Nada aconteceu. Nem ele nem eu rompíamos o muro que havia se erguido entre nós. O garçom chegou com nossas bebidas e as colocou sobre a mesa. Meu professor segurou o seu suco sem bebê-lo e me observou cauteloso.
- Veja bem, Charlotte. Você está escrevendo um romance para adultos, certo?
Concordei com a cabeça.
- A trama toda está muito boa, só que, quando você descreve os sentimentos deles, é tudo muito vago. É meio como... – ele coçou a cabeça parecendo confuso. – Como se você não soubesse sobre o que está falando. Não existe profundidade. É uma visão muito superficial em relação à complexidade dos sentimentos deles. Principalmente quando descreve as sensações.
Baixei a cabeça segurando o copo com força entre as mãos. Ele tinha razão. A quem eu queria enganar? Não era fácil escrever determinadas coisas sobre as quais não tinha nenhum conhecimento de causa.
- Nem sei como lhe dizer isso... – se curvou em minha direção falando confidencialmente. – Quando você descreve a forma como ele toca a namorada... Não sei... Não parece real. Eu não tocaria uma pessoa daquela maneira. Acho que ninguém, com a experiência que você descreve que ele tem, tocaria uma mulher assim. E como ela se sente ao ser tocada... É muito distante do que realmente acontece. Sei que não deveria dizer isso, mas, lendo o seu texto, principalmente estas partes, tenho a sensação de que você não sabe do que está falando. É fantasioso demais e foge completamente da realidade.
Continuei calada. Chocada demais para dizer qualquer coisa e constrangida demais para argumentar contra o que ele dizia.
- Charlotte... – ele pareceu hesitar. – Ninguém goza daquele jeito. Quer dizer... Ninguém que mereça ser escrito em um livro. Deveria ser incrível, arrebatador, sensual, no entanto é... estranho.
Desculpe. Não sei mais o que dizer.
Respirei fundo encarando a tequila a minha frente.
- Como assim estranho?
Ele me olhou nos olhos e a única coisa que identifiquei foi excesso de confiança. O professor Frankli era um homem que exalava confiança e, se ele dizia que eu não sabia descrever um orgasmo, com certeza sabia muito mais do que eu sobre o assunto.
E então aquele sorriso torto, cheio de si, presunçoso, se apresentou lentamente.
- Algum homem já fez você gozar daquele jeito?
Baixei a cabeça deixando meus cabelos esconderem meu rosto. Minhas mãos suadas seguravam o copo completamente indecisas sobre o que fazer.
- Não.
Tomei a tequila de uma vez só e bati o copo na mesa sentindo o líquido queimar a minha garganta. Desta vez foi impossível esconder as lágrimas que se formaram sem cair. O álcool foi uma grande ajuda. Ou uma boa desculpa para ser fraca.
- Não – ele repetiu. – Entendeu?
- Não.
Ele respirou profundamente e se remexeu na cadeira demonstrando desconforto. Se para ele estava sendo difícil, imagine para mim.
- Você já teve um orgasmo? – sua voz saiu baixa. Levantei os olhos encontrando os dele.
- Não – ele passou as mãos pelos cabelos e soltou o ar.
- Nem sozinha?
- Não, professor. Nunca tive uma merda de um orgasmo. Nem sozinha, nem acompanhada.
Passei meus últimos quatro anos trabalhando no sonho da minha vida que é escrever um livro. Não qualquer livro, mas “o livro”. Deixei tudo de lado para conseguir alcançar meu objetivo. Não. Nunca tive um namorado. Nunca fui tocada da forma como descrevo nem de nenhuma outra forma de cunho sexual. Sou virgem. Satisfeito?
Ele me encarou espantado com a minha reação. Seus olhos estavam arregalados e sua boca meio aberta como se tentasse encontrar algo para dizer. Entretanto continuou calado. Apenas me examinava, da mesma maneira que se examinaria um extraterrestre. Sim. Era isso o que eu era. Que outra mulher na face da terra ainda era virgem aos 21 anos?
Sentindo o meu corpo inteiro tremer, segurei minha bolsa jogando-a contra o ombro e levantei apressadamente. A bebida teve efeito instantâneo.
- Não se preocupe, professor. Se é de experiência que o senhor precisa, vou providenciá-las.
Mas não vou aceitar ser reprovada. Vou correr atrás de todas as experiências necessárias para entender o que me disse e vou me formar com honra, nem que para isso eu tenha que transar com o primeiro cara que aparecer na minha frente.
Afastei-me da mesa percebendo que tanto os surfistas quanto o garçom estavam parados me olhando com a mesma cara de espanto. Eu tinha dado um pequeno espetáculo.
– Ou os primeiros caras – sorri para ele e saí em direção à rua.
Capítulo 2
“Quando a boca não consegue dizer o que o coração sente o melhor é deixar a boca sentir
o que o coração diz.”
William Shakespeare
Charlotte
- Hoje não, Shakespeare. Pelo amor de Deus, hoje não!
O sol forte cegou meus olhos úmidos e minha cabeça girou. Droga! A bebida não foi uma boa ideia, apesar de ter me ajudado a fazer as palavras fluírem dos meus lábios com maior facilidade. Do contrário, nunca teria coragem de contar a ele qual era o meu problema. Aliás, pior ainda foi deixar que Miranda me contasse sobre sua vida sexual para me ajudar a apimentar o meu romance.
Aparentemente seu conhecimento sobre esse assunto era tão escasso quanto o meu.
O calçadão estava mais movimentado e eu me vi perdida entre as pessoas que corriam. Queria atravessar a rua e encontrar o meu carro, apesar de acreditar que dirigir não seria uma boa ideia.
Estava olhando, ao redor procurando uma direção a seguir, quando senti uma mão forte se fechar em meu braço. Antes mesmo de me virar já sabia de quem se tratava. Ele. O meu professor. O
mesmo que tinha acabado de me dizer que a falta de um orgasmo poderia jogar por terra todos os meus sonhos.
- Charlotte, você enlouqueceu?
Ele não me repreendia. Muito pelo contrário. Seus olhos mostravam claramente o quanto estava preocupado comigo. Eu, a garota virgem e louca, que transaria com o primeiro interessado apenas para não perder a chance de esfregar na cara daquele idiota, isso mesmo, idiota, que eu era capaz sim de escrever o romance perfeito. Ajeitei os óculos e o encarei.
- Por quê? Por que o meu professor acabou de me dizer que pelo fato de eu ser virgem e inexperiente, vai me reprovar?
- Não foi o que quis dizer – mais preocupação em seu olhar. Será que eu aparentava estar muito doida mesmo?
- Claro que você disse. Você... – as lágrimas caíram. Fiquei ainda mais revoltada. Ele estava me fazendo chorar. Era quase impossível me livrar da vontade de ranger meus dentes e bater os pés.
Retirei os óculos – Você tem noção do quanto foi difícil ouvir aquilo? Sabe há quantos anos me dedico a este projeto? Não! – limpei as lágrimas com as costas das mãos. – Você não sabe e nem se importa. Você é mau, cruel e insensível, é um... um idiota!
Seus olhos se estreitaram e sua mão abandonou meu braço. Ele estava chateado, embora suas emoções estivessem muito mais controladas do que as minhas. Até nisso ele conseguia ser superior.
- Você está muito nervosa e este não é o melhor lugar para conversarmos – me puxou um pouco para trás para me tirar do caminho dos corredores.
Fiquei incomodada com a aproximação. Ele me deixava inquieta, ansiosa, angustiada e muitos outros sentimentos que não me dei ao trabalho de descobrir quais eram. Recoloquei os óculos e me senti mais incomodada ainda com aquele tique nervoso.
- Não vou mais conversar com você. Aliás, vou sim, assim que conseguir refazer o meu trabalho, desta vez com maior conhecimento dos fatos.
- É claro que vai conversar comigo – afirmou de uma maneira bem clara - Olha só o seu estado – olhei para mim procurando o motivo da cara que ele fez. Algo misturado com ansiedade e reprovação.
- Não precisa se preocupar, professor. Não vou me matar – ri irritada e tirei a franja crescida que teimava em cair no meu rosto e se enroscar nos óculos. - Apenas repensar alguns detalhes da minha vida, como a virgindade por exemplo.
- Pelo amor de Deus, Charlotte! – agora sim ele me recriminava.
- Pelo amor de Deus, Alex! – gritei desesperada.
Ele respirou fundo. Seu autocontrole estava por um fio. Eu estava quase rompendo uma barreira importante erguida por ele. A sua determinação em manter a relação com seus alunos restrita ao lado profissional. Droga! Ele era um exemplo de profissionalismo e agora eu estava ali, chamando-o pelo primeiro nome e falando como se não houvesse uma hierarquia entre nós dois.
Ele me reprovaria com certeza.
- Vamos até a minha casa, Charlotte. É próxima daqui. Poderemos conversar com mais calma.
- Sua casa? – a surpresa era palpável em minha voz.
- Ah, não! – ele passou as mãos nos cabelos me olhando de forma recriminadora. – Não coloque mais minhocas nesta sua cabeça, tá legal?
Eu já estava vermelha antes mesmo de conseguir raciocinar sobre o significado daquele convite e a forma como ele me repreendeu atingiu em cheio o meu ego.
Imediatamente uma plaquinha luminosa piscou em minha mente com os dizeres “ele não é para você, sua louca!”. Alguns segundos depois apareceu um cínico “quem você pensa que é?”, que me deixou ainda mais irritada.
- Não estou pensando em nada, professor. Pelo que me lembro, foi o senhor quem sugeriu que eu tivesse alguns orgasmos para saber sobre o que estava escrevendo.
E meu rosto ficou tão vermelho que eu sentia como se todo o sol daquele dia estivesse incidindo diretamente em mim. Apenas em mim.
- Eu não... – ele parou tentando controlar sua voz que estava um pouco mais alta. – Eu não disse isso. Nem imaginava que você...
- O quê? Que eu fosse virgem? Não consegue dizer a palavra? – minha voz estava mais alta, no entanto isso não me envergonhava.
O que realmente me deixava constrangida era enxergar nos olhos dele a repulsa pela ideia de tirar a minha virgindade. Como se eu não valesse a pena. E não valia mesmo.
- Fale baixo, Charlotte! Vamos sair daqui. Rápido!
Passei a sua frente com o queixo erguido, então precisei parar. Eu não sabia onde ele morava, aguardei enquanto ele passava por mim para acompanhá-lo.
- Você está de carro?
- Sim, senhor – minha coragem ia cedendo à medida que caminhávamos.
- Onde ele está?
- Logo ali na frente – apontei a rua em que deveríamos entrar para encontrar o meu carro.
- Certo. O meu está logo depois. É um Toyota RAV4, preto...
- Deu no mesmo para mim, professor. Não entendo nada de carros – ele suspirou e passou as mãos pelos cabelos.
- Tá. Vou buscar minha prancha e já volto.
Fiquei parada enquanto ele se afastava. Observei suas costas largas e perfeitas e o seu andar que era tão... Seguro. Nossa! O professor Frankli era mesmo lindo. Quase na mesma proporção quanto era insuportável. Quase.
Ele voltou e me indicou o caminho.
- Vamos no meu carro. Eu moro perto, não vai ser problema para você voltar depois.
Putz! E o cara ainda me deixaria voltar andando. Dava para ser menos cretino?
Caminhei a seu lado até pararmos junto ao carro preto do qual ele tanto se orgulhava, que para mim não passava de mais um carro grande e bonito. Tive vontade de revirar os olhos. Ele prendeu a prancha, mas antes me deixou entrar. Graças a Deus.
Observei tudo lá dentro. O quanto o carro era limpo, cheiroso, nada de anormal, o que me fez pensar que o meu professor era um homem metódico e com mania de limpeza. Daqueles que se você mover o objeto um milímetro para o lado ele surta, sabe? Era bem “a cara” dele.
O professor Frankli morava realmente perto de onde estávamos. Na Lagoa. Um dos meus lugares favoritos do Rio de Janeiro. Poucos metros de carro, apenas algumas ruas até encontrarmos um portão branco, que abriu com o seu controle individual, apesar da presença de um porteiro, para quem ele deu uma buzinada fraca e curta.
Passamos pelo estacionamento para visitantes e seguimos em direção a um portão baixo que dava acesso ao pequeno condomínio onde ficava sua casa. Eram ao todo oito casas, só que não eram simplesmente casas. Eram “as casas”. A do professor Frankli era a primeira, logo após o estacionamento e mais próxima da rua. Estacionamos, ele retirou a prancha e me indicou o caminho em silêncio.
Olhei a estrutura e gostei do que vi. Logo após os muros que nos separavam das demais casas, era possível ver uma parte da sala através das paredes de vidro. Era lindo, apesar da exposição.
Dei alguns passos tímidos pelo caminho de pedras que levava da garagem até a porta principal.
Ele chegou logo depois e quando o olhei fiquei sem graça. Professor Frankli estava sério demais. Eu poderia até dizer... incomodado. Então para que droga tinha me convidado?
Ele abriu a porta e me deu passagem. A porta grande que girava para dar acesso ao interior conquistou o meu coração. Eu gostava de coisas modernas. Assim que entramos paramos em um corredor largo que dividia a casa em duas direções, um lado levava à sala ampla e o outro para o que eu desconfiava ser a cozinha americana, ao fundo havia uma porta de correr, de vidro, que dava acesso a um jardim muito bem cuidado.
Pelo que consegui visualizar, a casa era linda e aconchegante. Móveis claros e rústicos misturados com madeira escura e detalhes modernos. Havia livros distribuídos por todos os lugares, sobre a bancada que separava a cozinha americana da sala de jantar e até mesmo na cozinha.
Quadros e estantes, que se espalhavam pelos ambientes.
Caminhei lentamente, apreensiva com a minha presença ali. Era estranho e um tanto quanto absurdo estar na sala de visitas do meu professor. Ele passou por mim demonstrando se sentir tão desconfortável quanto eu. Desapareceu por uma porta sem dizer nada.
Aguardei. Aguardei. Aguardei. E ele não voltava.
Comecei a dar passos lentos em direção à escada por onde ele havia desaparecido. Estava com medo e ansiosa. Então ele surgiu. O professor Frankli saiu de lá com os cabelos molhados, vestindo um short verde e uma blusa de algodão preta. Estava descalço. Totalmente à vontade. Fiquei perdida no desenho do seu peitoral revelado pela camisa justa.
- Mais calma? – caminhou até o centro da sala.
- Você demorou.
- Precisava tirar aquela roupa e tomar um banho. O sal incomoda depois de um tempo.
Banho. Ai meu Deus! O que seria uma chuveirada ao lado de um homem como ele? Porra! Não podia sequer pensar na imagem do meu professor no chuveiro.
- Então?
Decidi que apressar a nossa conversa seria o melhor a fazer naquele momento, antes que eu tivesse um capítulo inteiro sobre banho formulado em minha cabeça. Beijo no banho. Sexo no banho.
Orgasmos no banho. Oh, droga! O que estava acontecendo comigo?
Depois do que o professor Frankli me disse parecia que um botãozinho, até então sem uso, foi acionado e trabalhava a todo vapor dentro de mim. Minhas fantasias chegavam de maneira mais rápida e intensa. Muito intensas. E então me dei conta de que o encarava de maneira indecente enquanto mordia meus lábios. Puta merda!
- Eu não quis dizer que você deveria transar com todo mundo, Charlotte, me desculpe se a fiz pensar assim – ele continuava desconfortável com a minha presença em sua sala.
Retirei os óculos, limpei a lente e coloquei outra vez no rosto, ciente de que aquele tique nervoso deveria acabar. Que coisa mais chata!
- Você deixou bastante claro que eu não sei escrever porque não tenho conhecimento do assunto.
- Não... Quer dizer... Charlotte, isso é embaraçoso, tá legal? Eu não sabia que você é virgem.
Não que isso fosse da minha conta, mas... Tá, tudo bem!
Ele se afastou e caminhou até a sua cozinha americana. O acompanhei mantendo uma distância segura. Parei no balcão extenso que cortava todo o ambiente, observando o que meu professor fazia.
Ele abriu a geladeira e pegou uma garrafa branca e amarela. Isotônico.
Após beber um longo gole, respirou profundamente e me olhou com firmeza. A ideia que passou em minha cabeça foi a de que talvez, muito talvez, estivesse deliberando sobre o que fazer numa situação como aquela. Então ele riu e sacudiu a cabeça.
Foi demais para mim.
- Qual é o seu problema?
- O meu problema? – ele perguntou surpreso.
- Isso. O seu problema.
- Nenhum. Quem tem um problema aqui é você.
- Olha só, não estou interessada em seus comentários sórdidos a respeito da minha virgindade, certo? E você tem razão, o problema é meu. Por isso posso resolvê-lo do jeito que quiser.
- Pode – mais uma vez bebeu a sua bebida de atleta, que contribuía para aquele corpo fantástico ficar ainda mais fantástico e... Pare, Charlotte! Ele é um cretino!
- Ok. Até mais! – virei-me em direção à porta.
- Vai sair à procura de alguém para transar só por que não quer admitir que o melhor seria mudar o seu tipo de literatura?
- Não vou mudar. Vou escrever um romance erótico porque sou capaz de fazê-lo e não vai ser um idiota que nem você, que nunca escreveu nada, que vai me dizer que não sou capaz.
- Ótimo! Então saia e adquira também as suas maiores decepções. Depois não diga que fui o responsável pelo seu excesso de infantilidade. Você não tem ideia do que vai encontrar, Charlotte.
Em pouco mais de um mês teremos a sua nota final e, com certeza, o que vai conseguir será apenas decepção. Nada que algumas sessões de análise não possam resolver.
No calor das suas palavras não percebi que acabei indo em sua direção. Acredito que o mesmo aconteceu com ele pois, quando finalmente dissemos tudo o que queríamos, estávamos tão próximos um do outro que podíamos sentir o calor que fluía de nossos corpos. Ainda nos encarávamos desafiadoramente, porém a atmosfera ao nosso redor havia mudado completamente.
- Você é um arrogante, idiota...
Eu queria insultá-lo cada vez mais. Minha dor era tanta que não me deixava raciocinar, no entanto eu sabia que havia muito mais do que mágoa ou raiva em minha atitude. Algo que eu nunca poderia explicar.
- E você é a aluna mais cabeça dura que já tive.
- Ótimo! Pelo menos o incomodo de alguma forma.
- Você não sabe do que está falando.
Ele cerrou os lábios como se tentasse impedir que algo mais escapasse. Tive medo do tanto de palavrões que seria capaz de me dizer naquele momento.
- Claro! Eu nunca sei!
Não foi possível. Realmente não consegui segurar a lágrima que escapou. Eu estava ferida, não havia como negar. Mas me contive tentando ser forte e não desviei meus olhos dos dele. Por isso pude ver o que se passava em seu semblante. Retirei os óculos outra vez, sentindo-me ridícula.
Sua mão tocou meu rosto recolhendo a lágrima que tinha caído, e afagou a minha pele. Era o que faltava para me desarmar. Desabei, Chorei copiosamente na presença dele.
- Hei! Não, Charlotte!
Eu já estava chorando e, como sempre acontecia, não pararia tão cedo. Fiquei surpresa quando ele me envolveu em seus braços e me puxou para seu peito, afagando meus cabelos e minhas costas.
Agradeci por ter tirado os óculos.
- Calma! – seu rosto estava muito próximo do meu.
Eu podia sentir, mesmo sendo uma loucura, o sabor do seu hálito. Era bom. Muito bom! Gosto de menta misturado com algo cítrico. Colava em minha língua como se sua própria língua estivesse me passando este sabor. Fiquei embriagada. Desejosa. Ansiosa.
- Não posso acreditar que fracassei. Eu deixei de lado tudo em minha vida para atingir meu objetivo e agora o que tenho? Nada. Sou uma nerd insignificante que nunca despertou interesse de ninguém e se esconde atrás de livros e fantasias. É isso o que sou. – ele riu baixinho.
- Não pense assim – sussurrou em meus cabelos. – Você é uma nerd sim, mas uma nerd linda!
Levantei a cabeça novamente surpresa com as palavras do meu professor. Ele sorriu com aquele canto dos lábios e eu perdi o foco. Seus olhos estavam tão profundos nos meus que foi impossível não me deixar envolver.
- Você é linda, Charlotte!
A intensidade das suas palavras e a forma como ele mantinha suas mãos em mim, uma em meu rosto, com seus dedos alcançando a minha nuca, e a outra em minhas costas, tomando-a completamente para si, me impulsionaram a fazer com que eu nunca acreditei que seria capaz.
Antes que qualquer pensamento pudesse me deter, meus lábios já estavam nos dele. Apenas o primeiro contato foi o suficiente para mandar uma descarga elétrica em meu corpo digna de uma tempestade. Eu nunca tinha beijado antes. Nem um selinho. Nada. Porém os lábios do meu professor eram tão macios que me davam a sensação de “lugar comum”.
Foi apenas um segundo suspenso no ar enquanto nossos lábios se encostavam. Um único segundo antes que a tempestade descarregasse em nós dois toda sua eletricidade. Não tive tempo nem de pensar no que fazer. Seus lábios se movimentaram nos meus. Suaves e exigentes. Sugando.
Experimentando. Logo depois um conjunto de ações quase me fez perder o equilíbrio.
Sua língua abriu passagem, reivindicando um pouco mais da minha. Não foi uma tarefa difícil, devo deixar claro. Minha língua parecia ter vontade própria e experimentar o sabor da dele era algo desejado muito antes de eu ter consciência disso.
Nosso beijo ficou mais intenso.
No mesmo instante, suas mãos percorreram meu corpo. A que antes estava em minhas costas para me amparar, me explorava com paixão, colando-me a ele, enquanto a que estava em meu rosto, prendia seus lábios nos meus.
Como tudo o que é bom dura pouco... Esta é a lei da vida.
O professor Frankli se afastou e deu alguns passos para trás, ofegante. Ele parecia confuso e eu embasbacada com tantas sensações diferentes. Foi bom? Não. Foi perfeito!
- Desculpe! – ele não me olhava. – Isso não... Desculpe, Charlotte! Eu não tinha este direito.
Não conseguia encontrar uma palavra que pudesse expressar o que queria dizer. Meu corpo gritava: “O quê? Deixe para se desculpar amanhã e venha aqui terminar o que começou”. Enquanto minha mente me alertava que eu havia ultrapassado um limite importante e que, por causa disso, tudo poderia piorar ainda mais.
- Tudo bem – foi só o que consegui dizer, já colocando meus óculos.
- Não. Não está tudo bem. Isso não deveria estar acontecendo...
Eu não queria ouvir o que ele me diria. Não queria quebrar o encanto da sensação que formigava em meu corpo. Além do mais, já sabia o que ele diria e, com certeza, não seria de nenhuma utilidade. Minha única vontade era: escrever. Com propriedade. Com conhecimento de causa. Eu queria escrever sobre o primeiro beijo entre os meus personagens.
Por isso preferi pegar a minha bolsa e fugir. Que se dane o que ele fosse pensar. Apenas não podia perder aquele sentimento. Precisava transcrevê-lo.
Abri a porta e ainda consegui ouvir um fraco “Charlotte”, mas nem eu queria ser impedida, nem o meu professor pretendia fazê-lo. Por isso ganhei a rua e tratei de andar o mais rápido possível.
Tenho certeza de que o porteiro não entendeu porque eu andava parecendo uma louca, mas abriu o portão e me deixou passar sem nenhum problema.
Assim que virei a esquina parei para respirar. Arqueei o corpo e sustentei o meu peso com as mãos nos joelhos. Eu estava ofegante, meu corpo queimando, cheio de vida, de novas sensações maravilhosas que me davam vontade de gritar, rir, correr e chorar, tudo ao mesmo tempo. Olhei para trás com medo de ele estar por perto. Não queria que o professor Frankli me visse de uma forma tão fora de controle. Por isso resolvi continuar caminhando.
Andei de encontro ao meu carro e em nenhum momento achei que a distância, o calor abafado, ou até mesmo o sol que por vezes se infiltrava entre os prédios, casas e árvores, nada disso poderia tirar a sensação gostosa em meus lábios.
Meu. Deus!
Eu beijei! E não beijei qualquer pessoa. Eu beijei o meu professor. Puta que pariu!
Mantive a mão nos lábios, os dedos acariciando a pele, como se quisesse manter o gosto, a sensação e a delicadeza dos dele. Tão macios. Quentes. Meu corpo estava estranho e meu estômago parecia estar com problemas. Ri sozinha e com vontade.
Corri para casa.
Miranda estava sentada no sofá com dois livros abertos e um caderno no colo.
Miranda era minha amiga desde que eu me entendo por gente. Ela está em minha vida há... Sei lá, minha vida toda? Sim, praticamente desde que nasci. Tínhamos a mesma idade e éramos absurdamente diferentes. Como ela era brasileira e baiana, possuía todos os atributos que uma mulher deseja. Seus cabelos cacheados eram bem tratados e desciam até a cintura. Sua pele era bronzeada, assim como a do meu professor, só que Miranda não precisava de horas ao sol para conseguir esta proeza. Os olhos grandes, castanhos como amêndoas possuíam uma expressividade capaz de paralisar qualquer pessoa. O corpo era lindo, delineado, tudo em seu devido lugar, seios e bunda na medida certa.
Nós morávamos juntas e sozinhas, desde que fomos aprovadas na UERJ. Ela não sabia o que cursar e acabou me acompanhando em letras, mas como não estava satisfeita, já planejava trabalhar com o meu pai assim que terminasse o curso.
Meus pais não moravam em lugar nenhum e em todos os lugares ao mesmo tempo. No momento estavam estabelecidos em São Paulo, mas viajavam pelo mundo e nunca permaneciam muito tempo em um mesmo lugar. Eles criaram Miranda que era filha de uma de suas empregadas de confiança, a mesma que cuidava de mim quando eles precisavam viajar, ou seja, quase sempre.
Quando tia Margarida morreu, isso quando tínhamos apenas 12 anos, meus pais assumiram Miranda, afinal de contas eram os seus padrinhos.
Tentei ignorar a minha amiga e alcançar o meu objetivo o mais rápido possível, mas minha pressa chamou a sua atenção.
- Onde é o incêndio? – gritou vendo-me passar correndo em direção ao meu quarto. Não respondi. – Charlotte, é sério! Aconteceu alguma coisa? Comeu alguma comida estragada?
Sentei em minha cama puxando o notebook. Abri, digitei a senha, conectei o pen drive achei o arquivo e procurei a página certa.
- O que aconteceu? – Miranda já estava a minha porta. – Você está com uma cara ótima, apesar dos olhos vermelhos. Andou chorando ou fumando maconha?
- Não uso drogas, Miranda – revirei os olhos.
- Ok. Então estava chorando. O que aconteceu?
- Estou em um momento mega, hiper, criativo.
- Ah! Ok! Momento criativo “hot”, ou momento criativo “dawn”?
Que doida! Tive que rir. Minha amiga era a melhor de todas as amigas que poderia existir, no entanto não podia contar que beijei o professor delícia dos seus sonhos. Seria uma traição imperdoável. Foi apenas um beijo, nada mais. Ela não precisava saber disso.
- Jonathan ligou – ela aguardou alguma reação. Eu queria somente escrever. – Disse que não vem hoje – balancei a cabeça concordando. - Ok! Vou deixá-la sozinha. Já vi que suas palavras estão para o papel e não para os ouvidos.
- Para o pen drive, para ser mais exata – ela riu e saiu fechando a porta.
Jonathan, ou Johnny, como o chamávamos, era o meu outro lado. Um amigo há tanto tempo quanto Miranda, mas ele era mais novo, apesar de parecer mais velho. Tinha vinte anos e toda a confiança do meu pai.
Meus pais também eram seus padrinhos e a história dele era bem estranha. Eles estavam em São Paulo, em nossa casa, quando minha mãe notou a movimentação na ala dos empregados. Ao se aproximar percebeu a presença de uma criança que fazia a maior bagunça. Tinha apenas três anos, estava todo sujo e comia tudo o que encontrava pela frente.
Os empregados explicaram que ele apareceu na porta pedindo comida e que o porteiro o levou para dentro. Tiveram medo de que meus pais ficassem aborrecidos, então pretendiam apenas alimentá-lo e o mandariam embora.
Johnny não sabia quem eram os pais, onde morava, o que fazia ali. Não sabia nada. Meus pais chamaram a polícia, mas abrigaram o menino moreno de olhos negros que cativava a todos. Um tempo depois, sem conseguir qualquer notícia sobre seus pais ou responsáveis, acabaram se acostumando com a sua presença.
Meu pai principalmente, que logo gostou de ter um menino andando atrás dele e copiando tudo o que ele fazia.
Imitando Miranda, Johnny passou a chamá-los de padrinhos e minha mãe não conseguiu mais se desfazer dele. Usando da sua influência conseguiram a guarda do garoto e desde então ele passou a ser o meu cão de guarda, ou melhor-amigo-irmão-mais-velho, como eu costumava dizer.
Ele também morava no Rio e também estudava na UERJ, mas fazia administração, já que nunca levou jeito para medicina, como meu pai queria. Não morava no mesmo apartamento que Miranda e eu, outra regra louca do meu pai. Ele morava bem pertinho, algumas ruas antes, em um apartamento que mais parecia um antro de festas e situações indecorosas.
Bem fez meu pai em nos manter em ambientes separados.
Suspirei pesado e me entreguei ao que minha mente tanto pedia. Eu ainda estava com as lembranças frescas e consegui colocar para fora toda a essência daquele beijo.
E que beijo!
O tempo passou e eu continuava escrevendo. Em poucas horas eu havia modificado os dois primeiros capítulos do meu romance. Tudo por causa de um beijo. Então esta era a chave? O
professor Frankli tinha razão. Eu precisava viver os momentos. Somente imaginá-los não era o suficiente.
Só que o tempo corria contra mim. Se eu quisesse me formar, além de também provar ao arrogante do meu professor, que eu era capaz de escrever algo erótico, precisava correr. E foi o que fiz. Não naquele dia. Escrever esgotava as minhas forças. Meu corpo implorava por descanso e minha mente por mais momentos de sonho com aquele beijo.
Enviei o e-mail para que ele pudesse reavaliar os meus capítulos e me deitei. No dia seguinte teríamos aula. Precisava repor minhas energias para mais uma batalha. Infelizmente Miranda não estava disposta a me deixar com os meus sonhos, por isso a porta abriu e ela apareceu.
- Vou pedir uma pizza – sorriu como uma criança travessa. – Vegetariana. Topa?
- Eca!
- Eu preciso comer salada, então pizza com salada é tudo o que eu mais quero aqui – riu travessa.
- Se Deus quisesse que eu comesse folha me faria um lagarto.
E começamos a rir.
A noite seria longa.
Capítulo 3
“O amor é cego, por isso os namorados nunca veem as tolices que praticam.”
William Shakespeare
Charlotte
- É. Pode ser que seja verdade – fechei a mensagem e coloquei o celular no bolso da minha calça. Shakespeare podia estar certo, mas quem era eu para saber qualquer tolice sobre namorados?
O sol da manhã no Rio de Janeiro não parecia mais me incomodar. Nem o trânsito, nem o calor... Nada. Aquela manhã tinha um sabor especial. Pela primeira vez em toda a minha vida eu tinha certeza de ter feito a coisa certa. A forma como descrevi o primeiro beijo entre meus personagens principais, estava não apenas bem escrita, também estava fantástica.
Encontrei o professor Frankli na entrada da sala. Ele estava conversando com a professora Anita Bezerra, do departamento de Literatura brasileira e teoria da literatura, onde lecionava a matéria Literatura comparada. Eu já não gostava dela, não por nada pessoal, e sim pelo fato de ela conseguir ser mais chata do que qualquer outro professor e por agir como se estivesse acima de todos nós, meros mortais. Piorava vendo-a ali, tão perto dele. Pareciam mais íntimos do que o necessário e este fato o incomodava.
Não que isso fosse da minha conta. O professor Frankli não era da minha conta e o meu relacionamento com ele não passava de aluna e professor, apesar do beijo... O beijo. Sorri sozinha e tive vontade de tocar os meus lábios, mas evitei, ajeitando meus óculos.
Alguns alunos conversavam do lado de fora sem se importar com os dois, no entanto quando me aproximei nossos olhos se encontraram. Havia algo mais em seu olhar. Fiquei ansiosa. Será que ele não tinha gostado do que eu escrevi?
- Bom dia!
Sua voz baixa e um pouco rouca, porém suave, me surpreendeu. Ele não sorriu. Nem mesmo aquele meio sorriso que me deixava furiosa e encantada ao mesmo tempo.
- Bom dia, professor Frankli – analisei suas feições. Ele não deixava transparecer nada.
- Vou atender todos os alunos no pátio. Quero conversar individualmente com cada um de vocês – a professora Bezerra continuava lá sem prestar muita atenção em mim. Ela realmente se achava o último biscoito do pacote.
- Ah, tudo bem!
A professora Bezerra não era nada de extraordinário. Era linda, assim como muitas mulheres que circulavam pelo campus. Possuía um corpo trabalhado, e se vestia decentemente, pelo menos isso. Seus cabelos loiros eram repicados e desciam até metade das costas. Os seios eram de silicone, eu apostaria nisso.
Fui direto para o pátio. Um que ficava bem próximo ao nosso prédio. Alguns alunos já se encontravam lá, conversando e se acomodando nos bancos de concreto. Quando o professor Frankli chegou, sem me olhar novamente, sentou em uma mesa afastada e, com uma lista nas mãos, foi chamando cada um dos alunos que orientava.
Eu sabia que demoraria a chegar a minha vez, então coloquei os fones e fiquei ouvindo música, Elvis, o meu preferido. Foi Gorete, uma colega que fazia algumas matérias comigo, quem me alertou dizendo que meu nome já fora chamado três vezes.
Droga! Viajei completamente. Tirei os fones e fui sentar diante do professor. Ele me sondou por alguns instantes.
- Como está se sentindo? – cautela era o seu nome do meio. Soltei o ar achando graça da sua abordagem.
- Ótima! – ele fez uma careta e baixou os olhos para o papel em suas mãos. Reconheci meu texto.
- Você refez os dois primeiros capítulos – a cabeça estava encostada em sua mão, que a sustentava.
- Sim.
Ele suspirou pesadamente e coçou a cabeça. Seus olhos correram o pátio. Fiz o mesmo. Os poucos alunos que faltavam estavam espalhados. Ninguém prestava atenção em nós dois.
- Pode dizer, professor. Eu aguento. Você não gostou, não é? – o desânimo me invadiu. Eu nunca conseguiria ser aprovada por ele. Que droga!
Alex Frankli era um cretino, um imbecil, um idiota metido a...
- Na verdade... Está muito bom – mais uma vez seus olhos me avaliaram atentamente. Sorri para ele. Aliviada e constrangida pelos pensamentos de segundos antes.
- Caramba! Isso foi uma injeção de ânimo.
- Você refez os capítulos ontem? Depois... – ele olhou novamente para o pátio procurando testemunhas.
- Sim, professor. Acho que descobri a fórmula – sorri me movendo agitada no banco duro de concreto.
- Ah, Charlotte, não! – novamente a careta de desaprovação. – Charlotte...
- Não se preocupe, professor. Eu entendi.
- Não, você não entendeu.
- Entendi. O senhor estava com razão. Realmente preciso de experiências. Preciso sentir o que meus personagens sentem para compreender como funciona. Viu? Eu o beijei ontem e olha só o que aconteceu... Escrevi como deveria ser escrito. Era isso o que faltava.
- Não repita isso e... – olhou outra vez para os lados visivelmente preocupado. - Pelo amor de Deus, não... não conte a ninguém. Foi um momento ruim. Um erro, Charlotte.
Sentime magoada. Claro que eu não esperava que ele me mandasse flores no dia seguinte nem que me pedisse em casamento por causa de um beijo, porém deixar explícito o quanto estava arrependido, abria uma ferida imensa em meu peito.
Alex Frankli voltava a ser o babaca de sempre.
- Pode ter sido um erro, só que este erro me ajudou e muito. Não se preocupe, professor, nunca contarei nada a ninguém. Na verdade eu só tenho a agradecer por ter aberto os meus olhos. A única coisa que importa agora é que meu texto está no caminho certo. Você o aprovou não foi?
- Esta parte sim, mas existe muito mais do que um primeiro beijo, Charlotte, e tenho medo do que fará para ajudá-la a escrever o que virá depois.
- Vou apenas escrever, professor. Estou dispensada?
Ele suspirou pesadamente.
- Não faça nenhuma besteira. Eu me sinto péssimo pelo que fiz – forcei um sorriso amistoso.
- Quando o meu livro estiver pronto e for aprovado, vamos rir muito disso tudo.
Ele se afastou da mesa e olhou para os lados. Entendi que era a hora de eu ir embora. Peguei a minha bolsa e fui. Não parei para encarar para o meu professor. Sabia que a repulsa em seus olhos me faria desistir do que tinha em mente. Embora ele não concordasse, aquele beijo abriu a porta para o que eu precisava. Eu seguiria em frente.
- Charlotte! – ouvi a voz de meu amigo me chamando e parei contra a minha vontade. Eu precisava correr contra o tempo e só Miranda poderia me ajudar. – Oi!
- Oi, Johnny! Não apareceu para o jantar ontem. Que milagre!
- Até parece que vocês sentiram a minha falta. Miranda reclama todos os dias da minha presença.
- Miranda não se importa que você detone a nossa comida. Só se diverte pegando no seu pé.
- Sei – ele entortou a boca e me abraçou pelos ombros caminhando ao meu lado.
- O que fez ontem?
Continuei andando em direção ao meu carro. Era sábado e não teria que perder o meu tempo com outras aulas. Tinha que me apressar para encontrar Miranda em casa.
- Saí com uma gata – ele parecia animado.
- Sério? E como foi? O que vocês fizeram?
- Desde quando você se interessa pelos detalhes? Está me usando como laboratório para mais um de seus personagens? – ri achando graça do falso pudor do meu amigo.
- Digamos que estou colhendo informações para um novo projeto – ele riu e revirou os olhos. – Quer carona? Estou indo para casa.
- Não. Mas a encontro lá.
- Ótimo! Preciso que me dê algumas informações – ele riu revirando os olhos e se afastou.
***
Não foi complicado contar a Miranda o que aconteceu. Claro que omiti a parte do beijo, só contei a ela que ele havia dito que sem as experiências eu não conseguiria escrever. Ela fez cara feia para o que o professor Frankli disse, apesar de concordar com ele de que já tinha passado da hora de deixar as coisas acontecerem.
Johnny apenas achou tudo muito engraçado e não se importou em me dizer sobre o que excitava e o que não excitava um homem e como eu deveria agir para chamar a atenção de um cara.
Combinamos de sair naquela noite em busca das minhas primeiras experiências. Miranda já havia marcado um encontro com um paquerinha novo, então fomos todos a uma boate da moda que estava atraindo a atenção dos jovens.
Miranda arranjou um vestido colado ao corpo, que me deixou mais do que envergonhada. Era tão diferente dos meus jeans largos. Não parecia nada comigo. Os saltos foram um espetáculo à parte. Treinei quase a tarde toda e a noite meus pés doíam mais do que pandeiro depois do ensaio e eu ainda teria que aguentá-los por mais algumas horas.
Miranda e Johnny concordaram que saltos altos davam um “que” a mais à mulher.
Deixei que minha amiga escovasse meus cabelos, tentasse fazer cachos e brincasse de Barbie comigo, mesmo sabendo que no final continuaria muito liso. No final, fiquei espantada com a imagem refletida no espelho. Era eu, mesmo que não parecesse em nada.
- Você está incrível! – ela sussurrou em meu ouvido sem tirar os olhos do espelho.
- E você, como sempre, está exagerando.
- É sério, Lottie! A maquiagem deveria fazer parte do seu dia a dia. Seus olhos ficam incríveis sem os óculos e com o rímel.
- As lentes incomodam – levantei a mão para coçar os olhos, mas desisti ao lembrar que estragaria toda a maquiagem.
- Porque você não usa com frequência. Se usasse já estaria acostumada – ouvimos a batida na porta do meu quarto e eu sabia que era o meu amigo.
- Uau! Alguém vai se dar bem hoje – revirei os olhos e soltei os ombros perdendo toda a postura que ensaiamos o dia todo.
- Ela não está perfeita? – Miranda me fez levantar e rodar para que Johnny conferisse o resultado de um dia de trabalho.
- Está, só não vá com a ideia de que tem que transar, sua doidinha! Primeiro você precisa conhecer a pessoa, ter a certeza de que é o cara certo...
- Não tenho tempo, Johnny – resmunguei sem me importar com a cara feia que ele fazia.
- E pelo visto nem juízo. Até parece que não conhece o pai que tem.
- Vou pensar nisso depois que aquele otário do meu professor aprovar o meu projeto, eu me formar e me ver finalmente livre dele. Com meu pai eu me entendo depois.
- Ela fica bem corajosa longe do padrinho – meu amigo brincou e Miranda riu. Tive que rir também pois era a mais pura verdade.
Na boate, o som alto e as pessoas aglomeradas na pista quase me fizeram desistir. Então Johnny me convenceu de que se queria adquirir experiência, aquele era o local ideal. Ele só não sabia que eu pretendia muito mais. Se conseguisse ficar com alguém, não perderia tempo. Por isso aceitei a margarita que Miranda me ofereceu tão logo chegamos. Era bem forte, ideal para me ajudar com minha timidez.
Não bebi apenas uma. Bebi todas as que Miranda e Johnny me ofereceram. À medida que ia bebendo sentia meu corpo relaxar. Era ótimo! Para executar o meu plano a tranquilidade seria fundamental.
A música tocava, as pessoas dançavam e eu deixava meu corpo acompanhar cada movimento.
- Você está ótima! Tem uma porção de caras de olho – Johnny falou em meu ouvido.
Ele evitava ficar tão perto, pois sabia que isso assustaria qualquer pretendente, mas se mantinha perto o suficiente para espantar aqueles que não servissem. Por isso bebíamos e dançávamos. Dançávamos, bebíamos e eu já não era mais dona de mim.
- Onde está Miranda? – gritei me balançado ao som de uma música eletrônica. A batida parecia estar dentro de mim, vibrando em meu corpo, sacudindo meus órgãos. Era uma delícia.
- Nos fundos com o carinha novo – ele riu. – Vou dar uma volta. Você vai ficar bem?
Fiz que sim com a cabeça e vi tudo ganhar formato e cor diferente. Ri adorando o efeito. Ele segurou meus ombros me avaliando, mas com um suspiro desistiu de tentar ser o meu guarda-costas.
Johnny com certeza já estava de olho em alguém. Meu amigo estava com os hormônios em ebulição e não seria eu a atrapalhá-lo. Continuei dançando.
Não sei dizer o quanto a bebida contribuiu. Aliás, não naquele momento, afinal de contas o bêbado nunca sabe quando é ele ou o álcool no comando. Estava achando tudo quente e divertido.
Continuei dançando, sendo levada pelos corpos que se aglomeravam na pista.
E então eles chegaram. Dois rapazes, lindos, apesar de não poder avaliar com muita precisão, já que meus olhos me traíam, colaram-se em mim. Eu dancei com eles permitindo que a música ditasse nossos movimentos, tendo total consciência de que eles se esfregavam em meu corpo.
- Você é quente!
Um sussurrou em meu ouvido. Gostei de ouvir aquilo. Se eu era quente era desejável. E, se era desejável, poderia colocar meu plano em prática.
- Sim, ela é.
O outro falou passando as mãos pelas laterais do meu corpo. Não foi como as mãos do professor Frankli, no entanto eram mãos de homem e isso já era o suficiente.
- Por que não sobe e faz um “showzinho”?
Antes que eu pudesse responder fui levantada e colocada sobre o balcão do bar. As pessoas gritaram exigindo que eu dançasse. Era engraçado. As luzes piscavam e um som oco me impedia de ouvir direito. Tudo estava fosco. Mesmo assim dancei. Os gritos aumentavam. Os saltos não ajudavam muito, apesar disso, soltei o corpo, rebolei, me sacudi e me permiti.
- Tira a roupa – alguém gritou. Dei risada.
- É, tira a roupa, gostosa – uau!
Isso foi mais do que já consegui até então de alguém. O máximo que já tinham dito era que eu era muito bonita e isso foi só um dia antes. E foi aquele imbecil do meu professor. Até então eram apenas elogios à minha inteligência e capacidade. E nada de beijos. Definitivamente tinha algo de errado comigo.
- Você enlouqueceu de vez?
Alguém me agarrou com força me puxando do balcão. Confesso que no primeiro momento pensei que desabaria com a cara no chão, então meu corpo flutuou e as mesmas mãos me carregaram, segurando meus braços até que eu conseguisse colocar os pés no chão. Eu não conseguia reagir.
Droga! Estava bêbada demais para fazer qualquer coisa.
- Perdeu o juízo, Charlotte? Meu Deus! – reconheci aquela voz aveludada. Era severa e sensual ao mesmo tempo. Era o professor Frankli.
Oh, droga!
Ele me puxou passando pelas pessoas, sem se importar com os gritos de protesto. Comecei a rir descontroladamente, até que chegamos num local mais vazio, onde era possível respirar com mais facilidade. Ele me encostou em um lugar gelado, ou molhado, sei lá. Só sei que puxei o ar com força e me dei conta de que realmente havia passado dos limites.
- Uma água, por favor! – pediu muito perto de mim.
Senti seu cheiro misturado a tudo o que se espalhava no ambiente. Aquele perfume se destacava de uma maneira consideravelmente agradável. Tive vontade de aproveitar a desculpa da bebida e me encostar em seu peito só para sentir mais de perto, no entanto, quando consegui focar seu rosto, o queixo duro, rígido, os olhos parecendo soltar chamas e a expressão mais desaprovadora que alguém já me deu, recuei de imediato.
Os lábios estavam tão esmagados um no outro que imaginei o tanto de coisas que ele gostaria de me dizer, e tive a certeza de não seria nada agradável ouvi-las. Senti raiva, sem saber muito bem o motivo de me sentir assim.
- O que você está fazendo aqui?
- Aparentemente estou livrando-a de uma ressaca terrível e de lembranças que só estragariam a sua vida – ele disse sem deixar de me encarar e sem desfazer nem um fio da sua expressão carrancuda.
- Oh! O príncipe encantado – dei risada, descobrindo que isso me fazia ficar ainda mais tonta.
- Você não sabe o que está falando. Está sozinha? O que pretendia fazer?
- Uma pergunta de cada vez, professor. Não estou em meu melhor momento – ri mais uma vez ao ouvir a minha voz arrastada.
- Estou vendo. Tome. Beba.
Levantou uma garrafinha de água mineral em minha direção. Arqueei uma sobrancelha e incrivelmente senti uma vontade incontrolável de confrontá-lo.
- Tem álcool?
- Claro que não!
- Não tem graça – dei língua para ele e depois desatei a rir.
- Você ia tirar a roupa? O que está passando em sua cabeça, Charlotte? Perdeu o juízo?
- Vou perder a virgindade queira você aprove ou não – o encarei notando que meus olhos voltavam a enxergar melhor. Talvez a raiva ajudasse a dissipar o álcool.
- Que absurdo!
- Vá à merda!
- O quê?
- Vá à merda! Não estou na faculdade. Não tenho que respeitá-lo. Saia do meu caminho, tenho coisas a fazer – tentei me afastar, mas meus saltos me traíram e eu despenquei em seus braços.
Minhas mãos foram imediatamente em direção ao seu corpo em uma tentativa de me equilibrar e o que eu encontrei foi simplesmente maravilhoso. Um peitoral tão firme e perfeito que tive vontade de acariciar. O que estava acontecendo comigo? Voltei a olhá-lo. Ele ainda me encarava, feições fechadas. Eu não o afetava em nada. Por isso o empurrei para conseguir me libertar.
- Você não vai voltar lá para terminar o seu showzinho – a forma rude e autoritária como falou fez algo dentro de mim se rebelar, o que eu encarei como aquela parte da minha personalidade infantil e mimada da minha personalidade.
- Quem vai me impedir? Você?
- Charlotte? - Miranda se aproximou encarando o professor Frankli. – O que está acontecendo?
- Miranda. Eu deveria imaginar – ele disse em desagrado. – Charlotte está bêbada. Estava fazendo um espetáculo. Se não fosse eu para impedi-la...
Miranda ficou visivelmente sem graça pela reprimenda do professor.
- Você está bem? – ela se aproximou já com as mãos em mim.
- Não – ele respondeu no meu lugar. – Leve-a para casa.
- Não preciso de um pai – o desafiei. – E posso voltar para casa sozinha. Quando eu quiser – o empurrei me libertando, mas não saí, nem fiz mais uma ceninha. Apenas cruzei os braços e o encarei.
- Não pode e não vai ficar. Miranda, leve Charlotte para casa!
- Tudo bem – ela resmungou contrariada. – Só preciso... – olhou para trás e eu já sabia do que se tratava. Miranda tinha outros planos. Eu não queria estragar a sua noite.
- Não precisa, Miranda. Eu pego um táxi.
- Você não vai voltar sozinha para casa – ele rosnou me fazendo tremer.
- Não sou obrigada a cumprir suas ordens.
- Eu vou, Charlotte. Só preciso de um minuto.
- Não, Miranda. Eu irei sozinha – me apressei a caminhar prestando mais atenção aos meus saltos. Cair não seria nada digno.
- Droga! – o ouvi praguejar atrás de mim. – Você é um problema, Charlotte.
- É só se manter afastado.
Entreguei o meu cartão e a garota passou uma máquina na pulseira do meu braço, depois me entregou a maquineta, no entanto meu professor afastou o meu cartão e entregou o dele, oferecendo também a pulseira. Suspirei e percebi que não estava conseguindo respirar com facilidade. Dei as costas para me afastar e ele me reteve ao seu lado.
- Vamos. Não vou deixar você ir de táxi sozinha neste estado. Vou levá-la para casa, já que sua amiga prefere ficar com o namorado.
- Você não sabe nada sobre Miranda. Não fale assim dela.
- Não falo dela de forma alguma – ele segurava em meu braço, como se conduzisse uma pessoa incapaz, enquanto saíamos e andávamos em direção ao seu carro. – Este não é o meu papel. Além do mais, é um problema seu.
- Isso. É um problema meu. E você não vai para o inferno se me deixar sozinha. Não precisa bancar o bom moço.
- Pode calar a boca um minuto?
- O quê?
Ele abriu a porta do carro me forçando a entrar. Sentei contra a minha vontade e ele entrou rapidamente do lado do motorista. Olhou para mim e suspirou impaciente para logo depois se debruçar sobre mim e prender o meu cinto de segurança. Seus dedos longos roçaram a pele do meu braço me deixando arrepiada. Nossos olhos se encontraram neste momento. Percebi o medo que passava pelos dele.
Alex ligou o carro e seguimos em silêncio. Até certo ponto.
- Você me deixa confuso, Charlotte. Não dormi direito e hoje não consegui me concentrar em nada me culpando pela merda que falei. Parece que despertei um monstro em você, obrigando-a cometer todos estes absurdos.
- Eu o absolvo de todos os seus pecados, mas, pelo amor de Deus, me deixe cometer os meus – ele riu sem vontade.
- Sabe o que está desejando?
- Sei.
- Não sabe nada. Perder a virgindade não é como nos contos de fadas onde a mocinha sente apenas o prazer do momento. É simplesmente uma merda. Você não vai sentir nada além de dor e incômodo. Não vai ter prazer e o cara que conseguir isso de você, provavelmente, não vai querer uma segunda rodada simplesmente porque não existe vínculo entre vocês. Não vai existir carinho, amizade, compreensão, nada. É isso o que quer? Um idiota qualquer se satisfazendo em você? Foi para isso que esperou tanto tempo?
Minha coragem ia diminuindo à medida que suas palavras me atingiam.
- A primeira vez vai doer e muito provavelmente a segunda também, mas em algum momento as coisas começarão a acontecer... – rebati sem me deixar intimidar.
Na verdade, não queria desistir de provar a ele que eu era sim capaz de escrever aquele livro.
- Não é disso que você precisa! – ele gritou. – Deixe de ser tão idiota! Será que não percebe o mal que vai causar a si mesma?
- Foi você quem disse que eu precisava! – gritei em resposta me sentindo completamente humilhada.
As lágrimas rolavam em meu rosto sem nenhum impedimento. Eu sabia que a qualquer momento as lentes sairiam do lugar e isso seria um inferno.
- Eu não disse! – ele gritou outra vez.
- Só depois daquele beijo eu consegui escrever da forma que você acredita ser a melhor para o meu livro.
- Eu estava errado.
- Não estava.
- Merda! – bateu com força no volante e eu me assustei.
Nunca tinha visto o professor Frankli descontrolado. Parou o carro no acostamento. Percebi que não seguíamos para lugar nenhum, apenas dávamos voltas aleatórias. Ele respirou fundo enquanto tentava controlar suas emoções – Tudo bem, eu estava certo, Charlotte, só que isso não deve ser motivo para você sair por aí dando para todo mundo, tá? É burrice. Você precisa de muito mais do que um imbecil te comendo.
Precisa aprender a ciência da coisa. Vai muito além do ato em si. Aliás, o ato não é grande coisa sem o antes e o depois. É aí que está a diferença.
- A diferença entre você e os carinhas que eu poderia arrumar naquela boate.
Era para ser uma pergunta, entretanto a certeza que eu tinha de que era isso o que ele queria me dizer era tão grande que as palavras saíram de minha boca como uma afirmação.
- Eu não disse isso – ele se defendeu com cautela.
- Mas foi o que quis dizer.
O professor Frankli me encarou com seus olhos penetrantes. Eram absurdamente intensos. Eu me sentia presa a eles, como uma miragem, um lago perfeito no meio de um deserto.
- Isso é tão errado, Charlotte! – gemeu desviando o olhar.
- Se você não me ensinar não terei como aprender, ou então vou correr o risco de me aventurar com qualquer outra pessoa que esteja disposta a me ajudar.
Que loucura eu estava dizendo? Estava propondo ao meu professor que tirasse a minha virgindade? Propondo ao professor Frankli que me ensinasse a arte do amor? Meu Deus! Eu estava mesmo muito bêbada.
- Não vai mesmo desistir, não é?
- Não – mantive meus olhos firmes nos dele. Era o que eu queria? Sim. Definitivamente era tudo o que eu queria.
O professor Frankli deu partida no carro e voltamos a nos movimentar. Ele estava sério, olhando para frente num debate interno e conflituoso.
- Para onde está me levando?
- Para a minha casa.
Um milhão de borboletas levantaram voo em meu estômago causando formigamento em meu ventre.
Capítulo 4
“Se não recordas a mais ligeira loucura que o amor te fez cometer, não amaste.”
William Shakespeare
Charlotte
Mas não era amor. Era apenas necessidade. Uma necessidade imensa de conseguir concluir o meu livro e com isso obter a minha graduação. Uma necessidade de que ele fosse o meu professor, mas esta parte não deveria ser revelada, pois era apenas uma confusão do meu corpo e da minha mente, então, querido amigo, era uma loucura que eu recordaria a vida inteira, mas não por causa do amor.
Definitivamente, não!
Eu pensava na frase enquanto me deixava ser conduzida. Ele dirigia sem prestar atenção em mim. O enjoo causado pelo excesso de bebida começava a me dominar. Nunca chegávamos e, pelo que me lembrava, a casa dele não ficava tão distante assim da boate. Então por que estava demorando tanto? Passei a prestar mais atenção no percurso que fazíamos.
Ah não! Ele não estava seguindo para a casa dele. Estávamos rodando sem rumo. Meu professor estava me enrolando. Eu deveria imaginar. Claro que ele não se renderia tão facilmente.
Um homem como Alex Frankli não permitiria que uma mulher como eu entrasse em sua vida.
Minha vergonha era tanta que tive vontade de chorar. Bravamente engoli o choro tentando ser forte o suficiente para esquecer que ele existia. Pelo menos até o dia seguinte, ou até a nossa próxima aula.
- Para onde estamos indo?
- Para a minha casa – ele respondeu de forma tensa.
- Este não é o caminho da sua casa. – meu professor me olhou surpreso e depois voltou a olhar para a estrada.
- Preciso pensar, Charlotte, e consigo fazer isso melhor quando estou dirigindo.
- Pensar em quê? Achei que tínhamos chegado a um acordo – meu tom de voz parecia mais uma acusação que uma afirmação.
- Preciso pensar no que fazer. Em como fazer funcionar.
- Você não sabe como? – comecei a rir. Com certeza só consegui rir porque estava bêbada. Era muito mais fácil falar tudo o que vinha a minha cabeça tendo o álcool como justificativa. – O senhor da sabedoria não sabe como fazer sexo com uma garota.
- Não seja ridícula!
- Foi você quem falou.
- Não foi o que falei.
- Ah, falou sim – continuei rindo.
Ele acelerou o carro fazendo com que balançasse mais ainda. Minha cabeça girou e meus olhos começaram a forçar para se fecharem.
- Você está bêbada, é minha aluna e virgem, ou seja, tenho uma bomba em meu carro, que, com certeza, não assimila nada do que estou falando.
Encostei a cabeça no banco e me concentrei em respirar. O enjoo era forte demais, precisava ficar bem quietinha ou colocaria tudo para fora e não da forma como estava fazendo até agora. Com certeza o professor Frankli não ficaria muito satisfeito se eu vomitasse em seu carro perfeito.
Só percebi que tinha dormido quando ele me segurou em seus braços me retirando do carro.
Abri os olhos um pouco atordoada e notei seu rosto muito próximo ao meu. Senti cheiro de álcool, mas me lembrei de que provavelmente era o cheiro que exalava de mim naquele momento.
- Pode me colocar no chão. Consigo andar sozinha – ele gemeu um pequeno protesto.
- Ainda acordada?
- Por quê? Esperava que eu dormisse antes de obrigá-lo a cumprir com o nosso acordo?
- Não temos nenhum acordo – abriu a porta da casa e acendeu a luz da sala. A claridade incomodou meus olhos.
- É claro que temos! – eu queria muito protestar só que meu corpo estava manhoso e o sono me puxava para seus braços.
- Não. Não temos.
- Professor...
- Charlotte, não comece, tá? – concordei com um aceno de cabeça. – Agora venha aqui.
O professor me segurou pela mão me levando para o interior da casa. Sua mão quente na minha era uma sensação agradável e um tanto quanto segura. Me senti confortável.
Sem largar minha mão ele ligou o som, através do controle remoto, porque o aparelho mesmo eu não consegui descobrir onde estava, nem de onde vinha a música suave e lenta que começou a tocar. O volume baixo e agradável aos ouvidos.
Ele me puxou para seus braços me acolhendo neles e começou a se movimentar no ritmo da música. Iríamos dançar?
- Não sei dançar – ele riu da minha confissão.
- Não foi o que vi na boate – fiquei envergonhada do absurdo que cometeria. Longe de tudo eu podia entender com mais clareza a besteira que faria se ele não tivesse aparecido.
- Não sei o que aconteceu. Realmente não sei dançar.
- Você não sabe muitas coisas, Charlotte. Parece que não tem sido muito justa consigo mesma.
Sei como é desejar muito uma coisa, correr atrás do seu sonho, mas é errado se anular em função disso.
Ele falava e se movimentava me levando junto. Sua voz doce e aveludada em meu ouvido causava arrepios em minha pele. Suas mãos me envolveram, uma espalmada na base das minhas costas enquanto a outra me segurava pelo pescoço, mantendo meu rosto firme em seu peito. Seus dedos faziam carícias leves em minha pele. Pensei que entraria em combustão.
Ser tocada por um homem, mais especificamente, pelo que passei a desejar, meu professor, era estranho e, no entanto, tão familiar que não me assustava. Deixei que meu rosto descansasse em seu peito sentindo aquele perfume que eu desejei pouco antes. Era maravilhoso!
O professor Frankli me vendo relaxada em seus braços começou a cantarolar a canção em meu ouvido. Sentime embalada. A letra falava sobre um amor que chegou sem avisar e que quando ele percebeu já estava completamente envolvido. Não tinha saída e nem escolha. Por um breve segundo me deixei levar pela ideia de realmente viver um amor tão arrebatador que me dominasse por completo, este pensamento não durou muito, com o embalo da música e a sua voz em meu ouvido logo estava dormindo.
Só quando uma forte luz conseguiu ultrapassar minhas pálpebras lembrei que havia adormecido nos braços do professor Frankli. Abri os olhos e me deparei com uma enorme porta aberta para uma varanda pequena. As cortinas entravam no quarto, levadas pelo vento e o sol brilhava lá fora.
O lençol roçava a minha pele. Era uma sensação gostosa. Espreguicei-me até me dar conta de que o lençol roçava a minha pele porque eu não vestia nada. Estava nua por baixo dele. Oh, droga! O
que havia acontecido? Levantei de uma vez, assustada demais para me manter quieta. Aquele não era o meu quarto.
- Assustada?
- Professor? – segurei o lençol no corpo, envergonhada pela minha nudez.
- Você não teve vergonha ontem – foquei em seus olhos.
Ele se divertia com o meu embaraço. Aquele sorriso torto se espreguiçava em sua boca. Levei a mão aos olhos para ajustar os óculos e então me lembrei que não estava com eles. Pisquei diversas vezes sentindo a lente incomodar. Merda! Dormir de lentes de contato era o fim do mundo.
- O que aconteceu?
- O que você queria que tivesse acontecido? – ele falou sorrindo. Puxei o ar com força.
- Queria ao menos lembrar de como foi, já que tenho que escrever sobre o assunto – afundei na cama sem saber como agir. Ele riu da minha reação.
- Não aconteceu nada, Charlotte. Você dormiu em meus braços ontem. Eu a trouxe para o quarto. Não me pergunte como acabou sem roupas. Juro que não encostei um dedo em você. Entrei para saber como estava e quando começou a se mexer fiquei observando, apenas isso.
Agora eu não sabia mais se deveria ou não ficar feliz. Eu queria que tivesse acontecido. Perdi mais um dia e meu tempo era curto demais para desperdiçar dormindo por causa de bebida.
- Precisa de alguma coisa? Sua cabeça dói? – modificou completamente o rumo da conversa.
- Onde você dormiu?
- No quarto de visitas.
- Ah! – olhei ao redor ainda um pouco confusa. – O que vai acontecer agora? – não podia perder mais tempo. Ele suspirou pesadamente e passou as mãos pelo cabelo.
- Tome um banho e vamos descer para conversar – ele continuou sentado, me observando.
Ok! Conversar não era bem o que eu tinha em mente, e no meu caso era um banho de água fria.
Olhei pelo quarto e vi a porta que provavelmente seria o banheiro. Por que não fazíamos logo aquilo e conversávamos depois? Fiquei vermelha só de pensar no assunto.
- Preciso que saia do quarto para que eu possa levantar – ele riu balançando a cabeça.
- Quer que eu tire a sua virgindade, mas tem vergonha de ficar nua na minha frente? É um pouco contraditório não acha? – meu rosto ficou ainda mais quente.
- Então posso considerar que temos um acordo? – seus olhos endureceram. – Não vou me intimidar, professor Frankli. Como o senhor mesmo disse, eu abri mão de coisas demais, agora tenho que recuperá-las.
Sem pensar duas vezes levantei da cama deixando o lençol sobre ela e caminhei até o banheiro.
Não olhei para trás nem para o seu rosto. Era muito arriscado. Precisei de toda a coragem, que nem sabia que tinha, para caminhar nua na sua frente, precisava mostrar a ele, que estava decidida e que nada iria me deter.
Tomei banho, escovei os dentes com uma escova que encontrei no banheiro, deduzi que tinha sido deixada para mim já que ainda estava na embalagem e voltei ao quarto. Ele não estava mais lá, porém minhas roupas estavam arrumadas sobre a cama, inclusive a minha calcinha. Demorei alguns segundos para entender que suas mãos estiveram nelas e... Merda! Isso me deixou eufórica.
O que estava acontecendo comigo?
Ao lado do meu vestido estava uma camisa de manga longa e botões. Ele estava me dando a opção de vestir uma camisa dele? Não me permiti pensar a respeito durante muito tempo, o vestido daria mais trabalho, então vesti a calcinha, a camisa e saí à procura do meu professor. Estava pronta?
A sala estava silenciosa, o cheiro de ovos e café vindo da cozinha chegava até o andar de cima, que era onde ficavam os quartos. Encontrei meu professor. Ele estava de costas, mexendo na frigideira e até assim ficava lindo. Usando uma bermuda solta e camiseta que me permitia ver seus braços musculosos, me peguei pensando em como ele me segurava de uma forma interessante. E
então me dei conta que interessante não era bem a palavra mais adequada para o que eu sentia quando estava em seus braços.
Havia, sobre a bancada da cozinha americana, alguns alimentos: suco, pães, uvas, todo o necessário para um café da manhã. Ele virou me encontrando plantada no meio da cozinha. Seus olhos percorreram meu corpo vendo a camisa. Percebi um pequeno sorriso, que ele disfarçou muito bem, se formando.
- Espero que esteja com fome – falou depois de praticamente me despir com os olhos e me deixar ainda mais envergonhada.
- Não quero comer e sim resolver a minha situação.
De onde eu conseguia tirar tanta coragem? Estava na cozinha do meu professor, usando apenas uma camisa dele, exigindo que transasse comigo o mais rápido possível. Começava a considerar a hipótese de que estava enlouquecendo.
- Não pode começar uma vida sexual depois de um porre sem comer nada, Charlotte. Primeiro cuide do seu corpo, depois das suas vontades.
Fiquei mais animada. Sentei no banco alto e aguardei.
- Agora já temos um acordo? – coloquei um pouco de suco em meu copo.
- Menina! – ele me repreendeu.
No entanto, a forma como ele falou o “menina” preencheu o meu corpo de necessidades que eu até então desconhecia. O que era aquilo? Meu professor suspirou balançando a cabeça em desaprovação.
- Vamos tentar chegar a um acordo, certo?
- Mas...
- Sem “mas”, Charlotte. Eu já estou fazendo muito concordando com toda esta loucura, então terá que ser do meu jeito. Ou você concorda ou não teremos um acordo.
Larguei a torrada no prato e cruzei os braços aguardando. Meu corpo não tinha necessidade de comida, tinha necessidade dele. Opa! O que eu estava dizendo? Como assim dele? Especificamente dele? Porra! Era verdade. Eu queria ele e não qualquer um. Aquele homem tão cheio de experiência e sabedoria era a pessoa certa para ser... o meu professor? Ri mentalmente sem deixar transparecer.
Era exatamente isso. Alex Frankli seria o meu professor.
- Primeiro – começou a dizer enquanto colocava comida em meu prato e café em minha xícara.
– Independentemente do que vá acontecer aqui, você precisa ter em mente que ninguém poderá ficar sabendo. Sou o seu professor, sou mais velho, estou orientando o seu trabalho final e não posso correr o risco de ser acusado de me aproveitar das suas fraquezas. Você quer ser escritora, eu sou dono de uma das maiores editoras do Brasil, entenda que o que vamos fazer é absurdo.
- Não é – tentei contestar - É absurdo. Chega a ser um crime.
- Professor...
- Eu vou ajudá-la, Charlotte. Vou ajudar porque... merda! Realmente seu texto melhorou muito depois daquele beijo. Estou me sentindo péssimo, por ter que admitir o quanto foi significativo para o seu avanço. Também não me sentia bem sabendo que precisaria reprovar a melhor aluna da universidade.
- Então nós vamos transar? – percebi que minha pergunta continha mais animação do que eu gostaria de demonstrar.
- Não – ele me encarou decidido.
- Como não?
Minha cara de desagrado deixava claro o quanto fiquei decepcionada com aquela resposta.
Para se sincera eu fiquei irritada, aborrecida, raivosa... Tudo o que a minha personalidade de garota mimada me permitia sentir.
- Não posso transar com você, menina. Entenda!
- Não entendo. E não me chame de menina, eu já tenho vinte e um anos. Sou maior de idade e posso transar com quem eu bem quiser.
- Bom... – ele me avaliou de um jeito estranho, descendo seus olhos até o decote que deixei propositalmente. – Eu te vejo como uma menina – e desviou o olhar. – Mesmo já tendo vinte e um – bebeu um gole do seu café. – E mesmo podendo transar com quem quiser, mas pelo visto não é assim que será e não é assim que você quer, então vamos entrar em um consenso.
- Professor...
- Charlotte, não seja infantil. É muito arriscado além de não ser eticamente correto. Você é virgem. Eu sou mais velho. Não posso fazer isso.
- E como vai me ajudar?
- Vou ajudá-la. Nós vamos fazer algumas coisas... Eu vou orientando você...
E pela primeira vez em minha vida eu vi o professor Frankli envergonhado. Era como se a proposta dele fosse tão indecente que nem ele podia acreditar que a estava fazendo.
- Orientação já tive de sobra. Miranda e Johnny me contam toda a vida sexual deles, detalhadamente. Eu li todos os livros possíveis. Não preciso de teorias, preciso de prática!
Quase explodi em um ataque de fúria. O que ele estava achando, que poderia simplesmente me contar como funcionava que eu assimilaria? Pelo amor de Deus!
- Calma! – estávamos exaltados. – Confie em mim. Vou ajudá-la. Nós vamos deixar algumas coisas acontecerem, só não vou tirar a sua virgindade – ele não me olhava nos olhos.
- Por que não? Eu quero que faça isso.
- Charlotte, você não sabe o que está dizendo. Depois que esta merda de formatura passar, irá se arrepender do que fez para conseguir sua graduação. Acredite em mim, será muito melhor se você encontrar alguém que a ame, ou que pelo menos esteja no mesmo nível de envolvimento que você. Eu sou apenas mais um cara. Não é correto o que estou fazendo e não quero ser premiado com a sua virgindade.
- Esqueça! – estava com raiva.
Era como se estivesse implorando para que ele fizesse o gigantesco sacrifício de ficar comigo.
Droga! Como permiti que chegasse a aquele ponto?
- Ah, não! Não comece a chorar novamente – percebi que algumas lágrimas caíram de meus olhos. Passei as mãos limpando-as com força e esquecendo completamente das lentes de contato que tiravam meu foco fazendo-me piscar repetidamente.
- Ok! Vou embora.
- Espere – me segurou quando tentei passar por ele. – O que vai fazer?
- Vou embora. Desculpe por envolvê-lo nisso e... obrigada por ter me ajudado ontem – ele suspirou.
- Charlotte, acredite em mim, eu sei o que estou fazendo.
- Eu também.
- Não quero que saia em busca de alguém para transar, não seria justo com você. E o que eu pretendo fazer será mais do que o suficiente para ajudá-la a escrever.
- Como vai fazer isso? Conversando comigo?
- Não! – seus olhos se estreitaram e ele passou a mão pelos cabelos lisos que caíram como uma cortina em sua testa. - Pensei muito sobre o assunto. Já sei o que falta em você e em seus personagens. Por favor, faça como estou lhe pedindo!
Eu estava ferida e humilhada. Não que ele tivesse dito qualquer coisa para provocar este sentimento, eu tinha me permitido passar por essa humilhação e doía muito mais do que se fosse ele a causa. O professor Frankli segurou meu rosto entre as mãos com carinho e se aproximou de mim bem devagar.
- Você é linda! Merece alguém que a ame. Alguém que queira lhe dar o mundo e não um canalha que só vai se aproveitar da situação.
Seus olhos, incrivelmente azuis, estavam ainda mais escuros. Em todas as minhas teorias, os olhos escureciam quando a pessoa estava em situação de risco, ou qualquer outra coisa relacionada à descarga de adrenalina. E todos os romances que li, descreviam que o homem ficava assim quando estava excitado. Porém aquele não era o caso do meu professor. Ele apenas se punia pelo que tinha despertado em mim e por isso se obrigava a me ajudar, como uma penitência pelo seu pecado.
- Você não é um canalha.
- Estou sendo um.
- Não. Não está.
- Por favor, concorde com as minhas condições! Deixe-me ajudar você, Charlotte.
Ah, droga! Eu queria tanto que ele me ajudasse. Queria tanto seus beijos outra vez e também poder escrever daquela forma tão perfeita. Era disso que eu precisava. E como dizer não a duas pedras preciosas que me encaravam com tanta intensidade, mesmo que no fundo eu soubesse que era apenas culpa.
- Tudo bem – eu me vi concordando. Ele sorriu e, para minha surpresa, me puxou para seus braços e me beijou.
Caramba! O que era aquele beijo? Parecia que o mundo havia deixado de existir. Meus pés deixavam o chão e meu corpo flutuava. Senti seus lábios macios se movimentando nos meus. O
encaixe era perfeito. Sua língua tocou meus lábios e eu os abri para recebê-la.
O sabor não era comparado a nada que eu já tivesse experimentado antes. Deixei que ele brincasse com minha língua e grudei meu corpo ao dele. Suas mãos se movimentaram. Uma descendo pelas minhas costas e me prendendo a ele e a outra subindo até minha nuca segurando meus cabelos com força. Eu queria que me invadisse de todas as formas possíveis.
Depois de um tempo nos devorando, ele se afastou. Eu estava ofegante e ansiosa por mais.
Com um passo para trás, o professor Frankli deixou que eu voltasse para o planeta Terra e apenas me observou. Pisquei e mexi no cabelo sem saber ao certo o que fazer depois.
- Viu? Dá para fazer muita coisa, Charlotte.
Mordi o lábio inferior para não sorrir amplamente, corando de uma maneira violenta, pensando no tanto de coisas que faríamos. Ele tocou meu rosto com as costas da mão e ficou me olhando, analisando, como quem observa uma pintura. Incapaz de me conter, comecei a me contorcer de ansiedade. Ele notou e sorriu daquele jeito peculiar, deixando os lábios se esticarem em câmera lenta, prendendo-me completamente a este movimento.
- Gosto do seu beijo – revelou.
- Do seu beijo – corrigi. Ele me olhou surpreso. – Nunca beijei outra pessoa, então este é o seu beijo. Estou apenas aprendendo – ele sorriu.
- Isso vai ser muito interessante, menina. Agora coma alguma coisa Capítulo 5
“O amor é a única loucura de um sábio e a única sabedoria de um tolo.”
William Shakespeare
Charlotte
Se eu considerasse o que tinha de exemplo de amor poderia acreditar nisso, Shakespeare.
Afinal de contas, era para onde todos caminhávamos, não? No entanto, se tivéssemos um acordo sobre aquele parâmetro, amor deveria ser a única regra no quesito “sentimentos proibidos”.
Eu não tinha medo. Não estava em condições de temer, mas também acreditava que não haveria tempo de inserirmos tais sentimentos em uma relação como aquela, por isso não recuei. Muito pelo contrário. Eu ansiei. Durante cada segundo que se passou me vi pensando em qual seria o nosso próximo passo.
O professor Frankli quase não comeu. Fiquei sentada terminando o meu café enquanto ele lavava a louça, depois me deixou sozinha na cozinha indo sentar no sofá da sala com um livro na mão. Durante todo este processo não conversamos. Estava com receio de falar alguma besteira e acabar desencorajando-o.
Afinal de contas falar e fazer besteiras era a minha especialidade.
Depois que acabei meu café e lavei minha louça, fiquei indecisa se deveria ou não ir até ele.
Estava confusa demais. Meus pensamentos eram contraditórios, ora eu era a mulher mais desinibida e corajosa que já conheci, ora eu tinha vergonha de me aproximar. Era incomum reagir desta forma.
Por fim decidi que o melhor a fazer era ir até ele.
E foi o que fiz.
Aproximei-me dele, que continuava sentado no sofá com o livro aberto em suas mãos. Quando cheguei perto, ele voltou sua atenção para mim. Seus olhos eram quentes e faziam meu corpo ferver de uma maneira até então desconhecida, com vontade de avançar e de recuar ao mesmo tempo.
Ficamos nos encarando, imóveis.
Ciente de que algo deveria ser feito, ajoelhei-me à sua frente, entre suas pernas, como uma boa aluna e aguardei pelos seus ensinamentos. Tínhamos um acordo e precisávamos começar o quanto antes.
O professor Frankli ficou surpreso com a minha atitude. Colocou o livro sobre o sofá olhando-me atentamente. Eu me sentia refém daqueles olhos, presa em sua profundidade. E ele me admirava, não fixando em meus olhos, mas observando meu rosto. Merda, minhas sardas!
Fechei os olhos pensando em recuar, mas foi neste exato instante que seus dedos acariciaram meu rosto. Outra vez a sensação de estar sendo queimada me invadiu. Ofeguei e mordi os lábios.
Seus dedos desceram pelo meu pescoço, roçando a pele, passearam pelos ombros, indo em direção ao volume dos meus seios. Acredito que parei de respirar pois nunca ansiei tanto por um toque como naquele momento, em frente a ele, expectante, aguardando por seus ensinamentos.
No entanto, ele desviou no último segundo, deixando que descessem pelos meus braços. Meu coração estava acelerado e eu fiquei ofegante com a tentativa frustrada. Abri os olhos e o encontrei me encarando. Outra vez a sensação de estar presa em seu olhar.
- A primeira coisa que deve aprender é que precisa se conhecer.
Fiquei confusa. Não esperava por mais teorias, e para dizer bem a verdade, eu estava pronta para a prática. Ele sorriu demoradamente, saboreando minha reação.
- Sua personagem fica um pouco confusa quando está em uma situação envolvendo sexo.
Normalmente ela não consegue expressar ao certo o que sente ou o que deseja. O que acontece é que não pode alguém saber do que gosta se não se conhece. Nenhum homem tem a capacidade de adivinhar do que uma mulher gosta, Charlotte. Normalmente ele age de acordo com as indicações da mulher.
- Indicações? – praticamente sussurrei.
Ele falava como o professor que era, me ensinando e me prendendo a sua aula. Falar algo naquele momento era quase como profanar a história, como se isso fosse espalhar a bruma que se formava no ambiente quando ele me fitava com aqueles olhos, me instruía com seus lábios maravilhosos, a voz rouca e envolvente.
- Sim. Gemidos, toques mais apertados, pele arrepiada, movimentos acentuados do corpo, sempre são uma dica sobre o caminho a seguir, e você só poderá fazer isso se conhecer o seu corpo tão bem a ponto de saber exatamente como sentir.
- Entendi.
- Para o homem, o sexo é bom mesmo quando não é tão bom, entendeu?
- Não.
Ele riu baixinho, me deixando deslumbrada com a maneira sensual que conduzia a conversa.
Durante todo o tempo seus dedos subiam e desciam em meus braços. Eu ainda queimava.
- O homem sempre goza no final, já a mulher...
- Ah, entendi – fiquei envergonhada, vermelha e quente, embora continuasse firme.
- Por isso é fundamental que você se conheça. O orgasmo é complicado para as mulheres apenas enquanto seu corpo ainda é um estranho. Quando você descobrir o que gosta e como gosta, será muito mais fácil atingi-lo. E você nem precisará de um homem para alcançar este objetivo – aquele sorriso torto desconcertante brincava em seus lábios. Puxei o ar com força. - Você nunca se masturbou? – neguei com a cabeça. Agora sim meu rosto estava todo vermelho. – Nem tentou? – mais uma vez, neguei. – Mas precisa.
Puta merda! Como assim? Ali, na frente dele? Puxei o ar com força. Aquilo era absurdamente...
Sexy! Porra, era muito sexy. Mas nem assim, com o meu corpo sendo incinerado pelos pensamentos, eu teria coragem.
Levei as mãos ao rosto para ajeitar os óculos e não os encontrei. Fiquei ainda mais desconcertada, ajoelhada entre as suas pernas e o ouvindo falar que eu precisava me masturbar.
- Eu...- pigarreei embaraçada. - Tenho vergonha.
- Hoje pela manhã você ficou nua na minha frente e eu não sou o seu namorado nem nada parecido. Foi bem corajoso. Porém quando é para tocar o próprio corpo, sem que ninguém precise ver ou saber, você não consegue?
Ahhhhhhhhh! Não seria na frente dele. Bom... A ideia, apesar de não tão quente quanto, era menos constrangedora. Mesmo assim eu sabia que era um passo maior do que as minhas pernas.
- Não.
- Sem problemas. Vamos começar do zero mesmo. Este será o seu primeiro exercício, vai se tocar, conhecer o seu corpo, descobrir do que gosta, como gosta e onde gosta.
Ri desgostosa. Se Alex Frankli sabia alguma coisa naquela vida, era ser sacana. Como ele podia acariciar o meu rosto e me dar aquela ordem? E como eu podia reagir daquela forma tão...
Aquilo não era normal. Definitivamente, não era.
- Não vou conseguir.
- Quer escrever ou não? Sua personagem é experiente, vivida, sabe do que gosta, você precisa entender como ela se sente.
- É constrangedor.
- Constrangedor? Sabe o que é realmente constrangedor? Uma aluna pedir para que eu tire a sua virgindade. Se masturbar não é constrangedor. É importante e necessário. Se todas as mulheres fizessem tornariam tudo muito mais fácil para nós homens.
Mordi o lábio inferior, fechei os olhos e quando os abri sentia que chamas lambiam meu corpo.
Fiquei confusa. Era ou não para ele assistir? Porque ele disse para eu fazer, eu não sabia fazer... eu estava confusa, minha mente mandava imagens indecorosas que só conseguia raciocinar de forma coerente.
- E como quer que eu faça? Aqui? Na sua frente? – seus olhos ficaram imensos e ele sorriu largamente.
- Posso lhe garantir que seria um maravilhoso espetáculo. Qualquer homem adoraria assisti-la.
Mas não. Quero que faça com calma. Sinta o seu corpo, se conheça, experimente... vai ser gostoso – ele falava e acariciava meu rosto, meus braços. Porra! Não dava nem para respirar normalmente.
- E tenho que fazer agora? – ele parou por alguns segundos constrangedores. Desviou os olhos, roçou o polegar nos lábios, mas quando voltou a me olhar eu senti que não estava em seu estado normal.
- Ainda não. Venha aqui – puxou-me para o sofá me deixando muito próxima a ele. – Primeiro, precisa de incentivo, além de algumas instruções.
- Instruções?
Tenho certeza que estava sendo a virgem idiota, mas não conseguia me concentrar direito e ao mesmo tempo queria absorver o máximo possível o que ele me ensinava.
O professor Frankli revirou os olhos.
- Vamos começar.
Seus lábios tomaram os meus quando pensei que conseguiria dizer mais alguma coisa.
Novamente o beijo foi fantástico. Estávamos sentados no sofá, um de frente para o outro. Apesar de nossos corpos estarem separados o desejo era tão real que doía em mim.
O professor Frankli tinha razão. Eu precisava realmente daquele incentivo se quisesse fazer qualquer loucura mais tarde. Precisava que ele me fizesse perder a cabeça. Que me fizesse perder a noção dos meus limites. Que me fizesse desejá-lo a ponto de buscar alívio em mim mesma. E foi exatamente o que ele fez.
Enquanto me beijava, acariciava minha nuca, levantando o meu cabelo, fazendo minha cabeça se movimentar da forma correta para o nosso beijo. Foi delicioso e ao mesmo tempo doloroso. Eu estava excitada. Apesar de nunca ter me sentido assim antes, eu sabia, o formigamento no ventre, a ansiedade latente e a umidade no meio de minhas pernas indicavam que era exatamente o que estava acontecendo.
Para minha decepção ele não ultrapassava aquele limite. Eram apenas os nossos lábios e suas mãos em mim. Eu queria mais. Muito mais. Mas não sabia como agir.
Ele demorou o máximo de tempo possível apenas me beijando. A angústia me devorava. No entanto, não estava me queixando. O beijo era realmente bom. Daqueles de deixar o corpo ardendo e o sexo pulsando. Meu Deus! De onde vinham estas palavras? O que um beijo era capaz de fazer comigo?
Então ele mudou a intensidade. O beijo que até então era calmo foi ganhando força, logo estávamos embalados por um beijo vivo, cheio de necessidades, desejo e completamente intenso. O
professor Frankli diminuiu a distância entre nós me puxando para mais perto dele.
Suas mãos percorreram minhas costas subindo pelos meus braços. Não eram toques leves, mas que demonstravam desejo puro. Ele desceu uma mão passando-a pela minha perna, se demorando em minha coxa, apertando-a. Ouvi um gemido escapar de seus lábios e aquilo mexeu realmente comigo.
Foi quando me puxou, em um movimento abrupto e forte, me colocando sentada em seu colo.
Com minhas pernas acolhendo seu corpo entre elas. Meu Deus! Aquilo era mais do que eu poderia esperar para minha primeira aula.
O professor Frankli apertou seu corpo ao meu enquanto sua mão me explorava avidamente.
Tudo isso sem interromper nosso beijo. Para me deixar ainda mais louca, ele com uma de suas mãos em meu pescoço, desceu a outra até o primeiro botão da camisa abrindo-o. Ofeguei ainda mais.
Nosso beijo foi interrompido, não tive como falar ou fazer nada. Ele simplesmente arrastou seus lábios em minha pele, pinicando-a com sua barba por fazer, seguindo em direção ao local onde antes o botão estava fechado.
Ah, merda! Eu queria que ele me tocasse assim.
Deixou que sua barba brincasse em meu pescoço fazendo meu corpo implorar por mais. Foi a minha vez de gemer. Ele intensificou as carícias e sua mão, a que não estava em meu pescoço, acariciou minha bunda. A princípio levemente, quando gemi ele me segurou naquela região e me puxou de encontro ao seu corpo, eliminando o espaço entre nós.
De repente senti algo que não imaginei que sentiria até aquele momento da minha pacata e assexuada vida. O Professor Frankli estava excitado. Seu sexo rígido era algo poderoso, mesmo preso a sua calça, foi possível senti-lo. Tive uma imensa vontade de me esfregar em sua ereção.
Queria muito saber como seria tê-lo completamente em mim.
Suas mãos avançaram o limite da camisa que eu usava, tocando minha pele. Senti minha calcinha completamente molhada e fiquei envergonhada. Eu sabia que era excitação, porém não sabia como reagir a estas sensações. E se não fosse assim tão normal? E se ele não gostasse desse jeito? E
se eu acabasse molhando a calça dele? Caramba! Seria extremamente constrangedor.
O professor Frankli afastou os lábios da minha pele e me olhou de uma forma estranha. Sua respiração estava acelerada e seus olhos de um azul profundo estavam tão escuros que por alguns segundos me perguntei se não estava enganada quanto à cor ou seria a pouca luz da sala?
Com a mão em meu rosto ele me afastou. Eu estava atordoada, meu corpo não reagia com muita coerência e nada em mim estava em seu estado normal.
- Acho que já tivemos o suficiente – sua voz estava mais rouca, mais sexy. Suas mãos continuavam no meu corpo e eu ofegava como se tivesse acabado de correr uma maratona.
- Você acha?
- Você não? – um sorriso preguiçoso brincou em seus lábios. Tive vontade de mordê-los. – Agora me diga... Como está se sentindo? – ainda incapaz de respirar normalmente olhei para ele sem saber o que responder. – Quero que descreva as sensações. O que pensa e como se sente nesse momento.
- Tá...
Eu não conseguiria. Uma coisa era escrever coisas eróticas e outra era falar para o meu professor que minha calcinha estava absurdamente molhada. Mordi os lábios.
- Feche os olhos – sua voz saiu baixa e melodiosa. – Fica mais fácil – ele se movimentou embaixo de mim roçando sua ereção em meu sexo. Oh, Deus! Era muito sensual.
O professor Frankli mais uma vez passeou as mãos por baixo da minha camisa, tocando minha pele que ficou toda arrepiada, assim como o bico dos meus seios. Pode não ser o correto, mas eu me sentia envergonhada por ter aquela reação na sua presença. Seus lábios tocaram os meus num beijo leve e rápido, depois sua língua percorreu meu pescoço. Gemi manhosa.
- Agora diga – falou em meu pescoço. Seus movimentos não pararam.
- Eu estou confusa... – comecei a falar tentando me concentrar em minhas palavras e não nas mãos dele ou em sua língua quente me explorando.
- Por que confusa?
- Nunca me senti assim, então... Não sei se é normal – confidenciei.
- Conte-me!
- Minha cabeça não consegue ter pensamentos coerentes... fica difícil pensar com clareza quando seus lábios estão em mim – fiz questão de manter os olhos fechados. Não queria ver o seu sorriso irônico, debochando da garota inexperiente.
- É um bom começo – não havia ironia em sua voz o que me estimulou. – Continue.
- Minha pele parece queimar nos lugares por onde suas mãos passam – e ele, como provocação, apertou minha cintura, para que eu pudesse saborear um pouco mais daquela sensação.
- E você gosta?
- Muito!
- Ótimo! Já sabemos de alguma coisa – continuou as carícias. Aquela conversa toda mantinha a minha excitação. – Como prefere que eu a toque, com leveza ou com mais força?
- Posso gostar dos dois? – abri os olhos sentindo e absorvendo cada detalhe dos seus ensinamentos. Ele sorriu lindamente e demorou alguns segundos apenas me encarando.
- Claro que sim! Você pode tudo o que quiser – suas mãos quentes e espalmadas brincaram em minhas costas. – Pode gostar só de uma forma ou das duas ao mesmo tempo – ele me apertou com mais força. Quase, quase mesmo, gemi satisfeita com seu toque, consegui impedir o gemido tão explícito mas não consegui deixar de fechar os olhos e morder os lábios. – Fale mais – abri os olhos de novo.
- Meu estômago parece que fica cheio de borboletas e existe uma ansiedade por algo que eu não sei o que é, vibrando dentro de mim... não em meu corpo todo, mas... centralizado... – não tive coragem de dizer a ele que meu sexo pulsava.
- É uma visão romântica, Charlotte – me analisou com atenção, depois piscou voltando ao seu modo professor. – Mas o fato é que você está excitada – ele falava naturalmente apesar de continuar passando as mãos em mim e de roçar levemente sua ereção em meu sexo latejante. – É natural que queira mais. Isso é físico. O que você está sentindo é apenas a resposta do seu corpo aos estímulos.
Nesse momento ele só consegue pedir por uma única coisa: um orgasmo.
Céus! Como ele podia me dizer essas coisas como se estivesse me passando uma receita de panquecas?
- Tem algo mais que eu deveria saber? – questionou como se eu estivesse escondendo alguma coisa.
- Não sei. Acho que não – respondi visivelmente envergonhada. Meu rosto vermelho entregava minha mentira.
- Tem certeza? – mordi os lábios e fugi do seu olhar. Ele riu baixinho. – Sua calcinha, Charlotte, não está molhada? – respirei profundamente e fechei os olhos. Era óbvio que ele saberia como estava a minha calcinha. Ele era um homem experiente. – Está ou não?
- Sim.
- Por que tanta vergonha?
- Porque é estranho.
- Não é estranho. É muito sexy saber que uma mulher está excitada. Quando tiver um namorado ele vai adorar saber que sua calcinha está molhada por causa dele.
- Você está gostando de saber que a minha calcinha está molhada por sua causa, professor?
De onde vinham aquelas palavras? Eu nunca imaginei que fosse capaz de fazer uma pergunta daquela a alguém. Ele desfez seu sorriso amigável e me encarou confuso.
- Isso não vem ao caso. Vamos começar eliminando esta formalidade entre nós dois. Não precisa me chamar de professor agora, nem quando estivermos... assim. Alex é o suficiente. Não preciso ser lembrado que estou... fazendo estas coisas com uma aluna.
- Tudo bem... Alex – umedeci meus lábios com a língua, sentindo minha garganta seca e quente.
- Mas você está gostando ou não?
Ele acompanhou o movimento dos meus lábios. Os dele levemente abertos, as pupilas dilatadas e a respiração tão irregular quanto a minha. Vi quando fechou a boca, engoliu em seco e suas feições endureceram.
- Isso não importa, Charlotte. Não estamos aqui por minha causa. Agora eu preciso sair.
Rapidamente me tirou do seu colo, me colocando ao seu lado. Por que não me respondia? Será que não tinha gostado?
- Vai sair? E eu?
- Você fica. Aproveite para fazer o exercício que passei – voltou a sorrir. – Utilize o meu computador para escrever. Seu texto está aberto nele. Quando voltar verifico sua evolução.
Ele levantou me deixando no sofá com todas as minhas dúvidas e inseguranças, e subiu em direção aos quartos. Fiquei parada sem saber o que fazer. Eu poderia dizer que me frustrava não saber se tinha gostado ou não?
Permaneci sentada, sentindo tudo o que ele tinha deixado em mim, entendendo como o desejo chegava com força quando meu professor me tocava e como enfraquecia, tornando-se apenas uma lembrança suave, quase uma brisa em minha pele ainda quente, quando ele não estava mais por perto.
Toquei meus lábios e procurei por meus óculos, lembrando-me rapidamente que eles não estavam ali e sentindo a pequena ardência das lentes já quase ressecadas. Nossa! Tudo foi tão... foi muito mais do que eu poderia esperar.
O professor Frankli, ou Alex, como me pedira para chamá-lo, desceu as escadas fazendo barulho com seus passos rápidos. Olhei para ele que já estava arrumado como se fosse trabalhar, mas era domingo.
- Ainda aqui? Pro quarto, Charlotte. Seu tempo é curto e precisamos de produção – se aproximou de mim sorrindo. Eu estava de joelhos no sofá, olhando para o meu professor como se ele fosse uma divindade. Ele acariciou meu rosto.
– Não se esqueça do que falei. Você precisa se conhecer. Conhecer o seu corpo. Saber como ele reage – se afastou voltando ao seu tom normal. – Tem comida na geladeira. Vou ficar fora a tarde toda. Se precisar de algo me ligue.
E partiu.
Demorei alguns minutos para me convencer de que precisava ir ao quarto do meu professor, deitar em sua cama e me masturbar. Caramba, como conseguiria? Minha cabeça fervilhava. Estava prestes a fazer algo tão proibido para mim que comecei a me sentir uma menina assustada, desobedecendo aos pais e com medo de ser pega.
Ok. Nunca pensaria na masturbação como algo anormal. Apenas não era normal para mim.
Podia alguém sentir vergonha de si mesma? Porque eu poderia fazer aquilo e mentir dizendo que não fiz. Apenas eu saberia a verdade e ninguém mais. Porém, eu tinha vergonha de saber que eu sabia e isso já era o suficiente.
Definitivamente, eu não era normal.
Ir à missa todos os domingos também não me ajudava muito. Claro que não. O que me lembrou que eu estava cometendo uma falha grave pois havia faltado à daquele dia.
- Bom, Deus! É por uma boa causa. Afinal de contas eu tenho sido uma boa filha e o senhor mais do que ninguém conhece a minha vontade de tornar este livro algo real, então, tenha um pouco de paciência que mais tarde eu rezo um rosário – mordi os lábios sentindo meu rosto corar consideravelmente. – Se eu tiver coragem de tocar em um depois do pretendo fazer com as minhas mãos.
E comecei a me sentir absurda por falar sozinha.
Se precisava ser feito, então que fosse logo. Não podia esperar meu corpo amolecer e esquecer o que tínhamos feito, por isso peguei o computador que estava sobre a mesa da sala e fui para o quarto dele. Demorei outro tanto olhando para a cama. Merda! Eu não podia simplesmente deitar ali e me tocar.
Não seria tão fácil. Aliás, não seria nada fácil. Complicado. Realmente complicado.
Decidi que seria melhor escrever antes de qualquer coisa. Enquanto ainda as emoções dos amassos no sofá estavam vívidas. Sentei na cama e liguei o computador. O texto estava realmente aberto, comecei quase que imediatamente.
Percebi que, quanto mais descrevia a sensação mais excitada me sentia. Era quente e prazeroso. E meu sexo voltou a pulsar e a umedecer. Será que conseguiria? Continuei escrevendo, fazendo com que minha personagem fosse se entregando aos poucos, se permitindo, porém travei exatamente no momento em que ela precisava chegar ao orgasmo. Não consegui escrever mais nenhuma linha.
Era o meu limite.
Fiquei deitada na cama observando o tempo passar. O computador continuou ao lado, a tela me acusando. Desci para comer alguma coisa. Encontrei lasanha e refrigerante na geladeira. Esquentei e comi pensando em como faria para conseguir a emoção certa. Teria que fazer o que ele havia dito. Eu precisava mesmo me masturbar, mas onde estava a coragem?
- Tudo tem que ter uma primeira vez, Charlotte! O mais difícil você já conseguiu – coloquei um pedaço da lasanha na boca e sorri enquanto mastigava. – Um professor experiente, lindo pra cacete e cheio dos macetes – ri ainda mais. – Se masturbar será fichinha perto do que ainda teremos pela frente – e com este pensamento consegui devorar a comida.
Voltei ao quarto e resolvi tomar um banho. Vestir a mesma calcinha estava me matando.
Descobri, tarde demais, que ficar excitada tinha as suas desvantagens. A calcinha molhada era uma delas. Eu tinha sensação de estar suja. Tudo bem, não suja de uma forma ruim e sim suja de uma forma... safadamente suja. O que me desconcentrava bastante.
Dispensei o chuveiro. Já que estava lá como hóspede poderia aproveitar um pouco daquela banheira maravilhosa. Fiquei deitada na água quente, sentindo o cheiro gostoso da espuma que já dominava todo o banheiro.
Inevitavelmente comecei a reviver os momentos em que estava nos braços dele. Deus! Aquilo era gostoso demais. Como pude me permitir não viver sem tudo o que ele me proporcionava, por tanto tempo? A sensação das suas mãos, seus lábios, sua barba... Era muito, muito bom.
Imediatamente voltei a sentir o formigamento em meu ventre. Fechei os olhos e imaginei que ele poderia estar ali, seria ótimo sentir seus dedos em mim.
Sem perceber passei as mãos em minhas pernas. Fiquei arrepiada. Era bom. Eu gostava. Deixei que meus dedos fossem mais ousados e toquei meus seios. Claro que imaginei que era ele. Minha imaginação era uma ótima companheira nesta hora. Pude sentir meu corpo entrando novamente no clima. Eu gostava? Sim, gostava. Era bom ser tocada nos seios, mesmo que por minhas próprias mãos.
Descobri que esta carícia também era boa e imaginei como deveria ser se no lugar dos dedos fossem os lábios dele. Caramba! Eu queria muito. Toquei meu corpo. Desta vez com mais vontade.
Apalpei, puxei, só rocei os dedos até que, finalmente, achei que era o momento de conhecer a outra região, a que sempre fora um tabu para mim.
Levei as mãos para as minhas coxas, acariciei dos joelhos até perto do meu sexo. Deixei que um dedo tocasse timidamente o local onde a vibração se concentrava. Eu sabia o que era e sabia também que era um dos pontos de prazer da mulher, só não sabia como fazer.
Passei o dedo por cima. Foi bom, mas não maravilhosamente bom. O que seria necessário? O
que deveria fazer? Apertei um pouco sentindo a vibração aumentar e...
- Charlotte? – quase pulei da banheira.
Abracei meu corpo, apavorada. Claro que eu sabia que era ele e que provavelmente estava dentro do quarto, o que não poderia ser considerada uma situação fora do normal, mas daí a deixar que me flagrasse naquela situação era outra história.
- Aqui.
- Tomando banho? – sua voz estava mais próxima. Ele não entrou no banheiro.
- Já estou acabando.
- Certo. Posso dar uma olhada em como ficou o texto?
- Ah... claro! Fique à vontade – ele riu.
Levantei correndo e peguei a toalha ao lado da banheira. Não imaginava que fosse voltar tão rápido, ou o tempo passou e eu não percebi? Enxuguei-me, vesti o roupão e sequei os cabelos com a toalha. Desembaracei, penteei, fiquei longos minutos tentando normalizar a respiração, então decidi que já poderia sair do banheiro.
Ele estava na cama, encostado na cabeceira, com as pernas estiradas e cruzadas sobre o colchão. O computador estava em seu colo enquanto lia o que eu tinha escrito Subi na cama ficando ao seu lado. Aguardei até que ele dissesse alguma coisa.
- Gostei. Muito bom. Ficou ótimo! Você pegou o espírito da coisa, por que parou?
Fiquei vermelha como um tomate. Ele deixou o computador de lado e me puxou para mais perto. Sua mão correu meus cabelos e seus olhos atentos vagaram pelo meu rosto.
- Fez o que pedi?
Dava para ser menos direto? Seria muito mais confortável se não tivesse que explicar a ele que eu não sabia como me masturbar.
- Não.
- Foi por isso que parou o texto justo na hora em que ela se masturbaria?
- Acho que sim.
- Acha que sim – repetiu me analisando. – Qual foi o problema?
- Não me sinto à vontade conversando sobre essas coisas.
- Mas se sente à vontade para me pedir para tirar a sua virgindade.
Tudo bem! Preciso contar que meu rosto quase virou um tomate maduro e prestes a explodir?
- Professor... Alex. Não é fácil para mim.
- Eu sei que não, mas eu estou aqui, não estou? Quero ajudá-la. E se não conversarmos abertamente não saberei como fazê-lo.
- Tudo bem – falei mais para mim mesma do que para ele.
- Conte-me o que aconteceu. Por que não fez o que combinamos?
- Porque não consegui.
- Não conseguiu?
- Não – ficamos nos olhando. Ele em dúvida e eu com raiva por ter que me abrir daquela forma.
- Ok. O que faltou?
- Não sei – eu queria morrer. O que poderia dizer?
- Você se tocou? – fechei os olhos e abaixei a cabeça.
- Toquei sim, fiquei excitada, mas não consegui fazer da maneira certa.
- Não consigo entender. O problema está em sua cabeça, Charlotte. Vença esse obstáculo. Vai ser gostoso! Seu corpo deve estar muito tenso, depois de tantos quase orgasmos. Deve ser por isso que está tão furiosa.
- Não estou furiosa!
Ok! Quase gritei exaltada e tenho consciência de que meus olhos ficaram imensos. Ele estreitou os dele e me encarou com uma expressão do tipo “eu te conheço melhor do que você mesma”. Era irritante.
- É claro que está.
- Não estou!
Desta vez eu gritei mesmo e ele arqueou uma sobrancelha e brincou com os dedos nos lábios.
Claro que minha atenção se voltou para aquela mão e muitas lembranças me invadiram. Era impossível não pensar no que elas fizeram comigo, horas antes.
- Está vendo?
- Ok, estou furiosa. Detesto não conseguir fazer algo que sei precisa ser feito.
- E o que está faltando?
- Você! – ficamos os dois em choque pelas minhas palavras ditas impensadamente. - Desculpe, eu não...
- Tudo bem – ele respirou enchendo os pulmões de maneira nítida e passou as mãos nos cabelos. – Como posso ajudar?
- Você é o professor – mais alguns segundos constrangedores.
Puta merda! Eu estava mesmo pedindo que ele me masturbasse? Eu merecia o inferno. Com certeza era para lá que iria e, definitivamente, não me confessaria no domingo seguinte.
- Certo – ele olhou para os lados, meio confuso. – Certo – repetiu. – Acho que posso dar um jeito.
Alex levantou e me estendeu a mão. Colocar a minha sobre a dele foi o maior gesto de confiança que já fiz em toda a minha vida. Estava confiando todo o meu eu a ele.
Segurando firme ele me conduziu ao closet. Era grande, espaçoso e muito bem arrumado.
Roupas masculinas perfeitamente organizadas por tom. Ao fundo, um enorme espelho tomava toda a parede. Foi para lá que nós fomos.
Ele acendeu apenas as lâmpadas do teto, deixando o ambiente em uma penumbra confortável.
Um som, que eu ainda não conseguia identificar de onde vinha, invadiu o closet. Uma música lenta e sensual. Como conseguia fazer aquilo?
Alex me virou de costas para ele e de frente para o espelho. Separou meus cabelos, deixando-os de lado, caídos sobre o ombro. Suas mãos que estavam sobre a minha cintura desceram até as minhas, colocando-se sobre elas.
- Quero que relaxe – disse em meu ouvido. Seus lábios tocando minha orelha, enquanto falava.
Estremeci. – Essa é uma boa reação, Charlotte. Agora foque em sua imagem no espelho.
Olhei para mim sem conseguir me encarar por muito tempo. Era constrangedor. Extremamente constrangedor.
- Você é linda! – meu sexo começou a ficar umedecido. Ele era encantador. – Tem um corpo lindo!
Suas mãos começaram a se movimentar, desta vez levando as minhas como se estivesse me conduzindo, me ensinando. Primeiro tocou minhas pernas, ainda por cima do roupão felpudo. As mãos subiram para minha barriga. Seus dedos ditavam como as carícias deveriam ser.
Ele desfez o nó do roupão. Eu estava nua, completamente nua por baixo. Fiquei mais do que envergonhada, mas não o retirou de mim, apenas abriu deixando que o tecido decidisse como ficar.
Alex baixou os olhos sem me conferir pelo espelho e beijou meu pescoço. Arfei! Não sabia ao certo se o fato de ele não me olhar foi bom ou ruim. Bom pelo fato de não me deixar ainda mais constrangida, já que eu continuava me olhando atentamente, e ruim porque o natural para um homem não seria olhar?
Perdi o fio do pensamento quando seus lábios se demoraram em minha pele, e esta, como um todo, começou a arder. Inexplicavelmente meu corpo começou a ganhar vida. Eu reagia ao que ele fazia e sem querer fazia alguns movimentos.
As mãos dele, sobre as minhas, me levaram até meus seios. Exatamente como eu tinha imaginado um pouco antes, quando ainda estava na banheira. Ele fechou minha mão em um seio.
Apertou um pouco e depois afrouxou, repetiu algumas vezes até que eu entendesse o processo e fizesse com mais vigor. Mordeu minha nuca e lambeu descendo um pouco sua mão para que a minha começasse a trabalhar sozinha.
- Você gosta? - outra vez sua voz estava baixa, rouca e extremamente sensual.
- Gosto.
- Ótimo!
Com as duas mãos ele me fez acariciar meus seios, levantando-os e apertando-os, ora suavemente, ora com força. Seus lábios continuavam em meu pescoço, o que estava me enlouquecendo.
Outra vez deixou minhas mãos para que eu repetisse os movimentos sozinha. Já completamente arfando de prazer, deixei minha cabeça tombar para trás, os seios empinando para frente, o que lhe deu mais acesso a meu corpo. Ele não reclamou. Suas mãos estavam em minha cintura enquanto eu acariciava meus seios como ele tinha me ensinado.
- Assim – gemeu me puxando de encontro a sua ereção.
Meu roupão desceu pelo ombro revelando mais nitidamente meus seios. Levantei o rosto, um pouco sem jeito e, quando ia deixar suas mãos para arrumar o roupão, flagrei Alex me olhando pelo espelho. Foi só um breve segundo, mas que quase me fez enlouquecer. Seu olhar era de puro desejo.
Decididamente eu me perdia e queimava sob aquele olhar, e era deliciosamente excitante.
Ele mordeu meu pescoço novamente voltando a fechar os olhos. Eu podia sentir sua excitação roçando minha bunda. Alex, ciente de que meu corpo não suportaria muito mais, segurou minhas mãos, fazendo-as descer em direção ao meio de minhas pernas. Estremeci. Ele me tocaria?
Ainda parcialmente coberta pelo roupão que descia apenas de um lado, escondendo o outro, o que me deixou menos tensa, pois não podia ser vista por ele, senti suas mãos pararem hesitantes na altura do meu ventre. Ele acariciou a região e, segurando em meu pulso esquerdo levou minha mão um pouco mais abaixo, sem segui-la. Ele não iria me tocar. Fiquei frustrada e não sabia o motivo já que tínhamos um acordo.
- Toque – ordenou com a voz rouca.
Tentei seguir sozinha, mas não foi a mesma coisa. Levei minha mão até meu sexo e me toquei.
Era gostoso, mas não o suficiente. Claro que para um primeiro momento era tudo muito estranho, e eu sabia que dali em diante aquela poderia ser a minha realidade. Um dia eu até poderia fazer por ele, ou para ele, sendo observada... Porra! Era muito sexy ser observada.
Mas não ali, não naquele momento, porque, além de estar envergonhada, eu não fazia ideia de como começar, que ritmo seguir, qual a melhor maneira. Fiquei perdida, a emoção cedendo aos poucos, perdendo para a incerteza.
Alex ao perceber que a excitação se desfazia, intensificou os beijos em meu pescoço movimentando meu corpo pressionando sua ereção. Melhorou um pouco, não o suficiente. Eu não sabia como me tocar. Não sabia como fazer para que fosse tão gostoso como quando eram as mãos dele. Balancei a cabeça desistindo. Quase me atingi com um soco por ser tão idiota, mas não dava para continuar.
- Não posso.
- Pode! – ele foi incisivo.
- Não sei como fazer – sussurrei. Podia sentir o desejo cedendo a cada segundo. Esvaindo-se do meu corpo.
- Claro que sabe. Continue!
Fiquei em dúvida se seu apelo era pelo meu prazer realmente ou se sua excitação era tanta que ele não poderia deixar passar. A mínima ideia de que ele estava realmente gostando de tudo me deixou um pouco mais empolgada e o calorzinho instalado em meu sexo ganhou um pouco mais de vida. Então teria que fazer, por ele e para ele.
Recomecei as carícias no mesmo instante que Alex recomeçou as dele. Agora suas mãos, livres das minhas tocavam o restante do meu corpo. Pensei que chegaria ao orgasmo tão desejado no momento em que ele roçou os dedos em meus seios. Cheguei a estremecer com a expectativa, porém ele não os tocou de fato. Era como se fossem pontos proibidos. Voltei a me sentir frustrada.
- Não dá!
Tentei me afastar e ele me segurou com força onde estava. Pelo espelho pude ver a sua mandíbula apertada, como se estivesse se esforçando para evitar algo.
- Continue!
Sua voz mudou o tom outra vez. Além de rouca e baixa, estava esganiçada. Fiquei apreensiva.
O que estava acontecendo com ele?
- Alex...
- Eu mostro a você.
Antes que eu pudesse protestar ou questionar, sua mão estava sobre a minha e ambas já estavam no meio das minhas pernas. Seu dedo do meio se movimentava sobre o meu forçando a carícia sobre o meu clitóris. Desta vez foi exatamente como eu imaginava que seria. O prazer foi imenso. Gemi e meu corpo tremeu com o contato.
- Só acaricie. Movimentos circulares e lentos.
Seus lábios se fecharam em meu lóbulo e o calor do seu hálito percorria minha pele enlouquecendo todas as minhas células.
Gemi alto. Ele roçava sua ereção em mim e seu dedo ditava os movimentos do meu. Eu sentia meu corpo começando a se comportar de maneira estranha... e... deliciosa! Deixei que meu dedo fizesse como ele me ensinava. A região ia ficando cada vez mais rígida. Isso era uma grande novidade. Estava muito difícil assimilar todas as sensações. Deixei que meus outros dedos me tocassem, completando a carícia.
- Sem penetrar, Charlotte. Só acaricie. Assim!
Novamente ele me mostrou como fazer. Meu corpo era pequeno demais para a quantidade de prazer que se acumulava nele. Eu explodiria a qualquer momento.
O ápice aconteceu quando Alex deixou que sua mão esquerda continuasse me instruindo enquanto subia a direita até meus seios, agarrando-os como eu queria que fizesse. Foi demais. Neste momento meu corpo inteiro pareceu aquecer e eu gozei o prazer mais gostoso que poderia imaginar.
Foi breve, muito breve, mas incrível e delicioso. Meu corpo inteiro acelerou naqueles segundos de prazer, para em seguida ir desacelerando bem devagar. E eu me senti leve, única, completa, feliz de uma forma impossível de descrever. Algo dentro de mim se partiu, esfarelou, e ao mesmo tempo, se refez, deixando-me inteira e pronta para enfrentar o mundo.
Meu professor aos poucos foi retirando suas mãos de mim. Eu não estava pronta para sentir o vazio que elas deixaram em meu corpo. Tudo dentro de mim implorava por mais, muito mais, ao mesmo tempo que desfrutava da dormência deliciosa que me abraçava e acalentava.
- Agora volte para a cama e escreva. Vou estar no quarto ao lado.
Antes que eu conseguisse dizer alguma coisa ele partiu me deixando sozinha no closet.
Capítulo 6
“Não é digno de saborear o mel, aquele que se afasta da colmeia com medo das picadas
das abelhas”.
William Shakespeare
Alex
Este era o meu pensamento desde quando caí na real sobre o que estava fazendo. Ter estudado tanto Shakespeare não ajudava muito em uma hora como aquela. Na verdade, eu já acreditava que nada mais ajudaria. A culpa me consumia consideravelmente.
Deixei Charlotte em casa. Antes combinamos o que ela contaria à amiga. Em hipótese alguma poderia revelar a alguém o que tinha acontecido entre nós. Ela estava bastante empolgada e já havia terminado de modificar mais três capítulos do livro. Prometi que leria tudo e entraria em contato, só não sabia como fazer isso.
Merda! Como fui me meter nesta confusão?
Passei o dia tentando não pensar muito sobre o assunto, algo praticamente impossível. Ela estava lá, sua imagem me fazendo lembrar o tempo inteiro. Como pude acreditar que uns beijinhos e amassos seriam o suficiente para alguém como Charlotte Middleton? É óbvio que ela desejaria mais.
Merda! Um milhão de vezes, merda!
Ela era linda... e... gostosa. Exatamente o que não deveria ser. Até a porcaria da inocência dela era saborosa para mim. O que fazia eu me sentir cada vez mais um merda. Não era para ser daquele jeito. Vê-la corar envergonhada e mesmo assim continuar o que estávamos fazendo foi... Puta que pariu! Aquilo foi demais até para um homem experiente como eu.
Quando pensei que a vida não tinha mais nada para me oferecer, aos 34 anos recebo de presente uma bomba atômica disfarçada de aluna. Deus só podia estar de sacanagem comigo.
Dei algumas voltas de carro sem procurar por nada específico. Apenas queria espairecer, embora acreditasse que não voltaria a ter paz tão cedo. Para piorar a situação, meu pau não parava de latejar implorando por uma foda bem dada. Só que ele não estava interessado em qualquer foda.
Ele queria a fedelha da Charlotte.
Que castigo!
Voltei para casa e preferi dormir no quarto de hóspedes. Não dava para encarar o meu quarto.
Não depois do que aconteceu no closet. Caralho! Se as imagens não saíssem de minha cabeça, seria forçado a colocá-las para fora com a ajuda dos meus cinco dedos. Bater punheta na fase adulta era quase uma humilhação para alguém que poderia ter quantas mulheres quisesse em minha cama, separadas ou ao mesmo tempo.
Só que naquele momento eu não tinha cabeça para qualquer outra pessoa do sexo feminino.
Nem seria justo. A pirralha da Charlotte Middleton estava detonando o meu juízo. Eu nunca fui um canalha, sempre joguei limpo, fui claro com todas as mulheres com quem me relacionei, por este motivo, levar qualquer outra para a cama apenas para que eu conseguisse arrancar de mim os efeitos da fedelha, me colocaria em um patamar que eu sempre evitei estar.
Por outro lado o que eu estava fazendo não era a mesma coisa? Transar pensando em outra pessoa seria tão injusto quanto fazer as coisas que eu estava fazendo com a minha aluna. Ou seja, mesmo sem a intenção eu estava ocupando o primeiro lugar no pódio dos cafajestes.
Charlotte era linda, deliciosa, principalmente pela sua inocência e sede de aprender o quanto eu pudesse ensinar... E eu tinha tanto para ensiná-la...
Porra, Alex! Foco, cara!
Ela era uma tentação. Qual homem não se aventuraria com uma garotinha tão cheia de hormônios prontinhos para explodir? E o melhor de tudo era que ela era maior de idade, ou seja, eu não estaria cometendo nenhum crime. Ou melhor, não estaria, se ela não fosse minha aluna. E pior, se não fosse virgem.
Puta que pariu!
Virgem?
Ninguém mais era virgem no Rio de Janeiro, pelo menos não acima de dezoito anos. Onde aquela garota se escondeu por tanto tempo? Deve ser por isso que estava tão sedenta por experiências. Tantos anos apenas escrevendo sobre sexo sem dar sequer um amasso só poderia cozinhar os neurônios de qualquer pessoa.
Era isso. Charlotte estava louca e eu mais ainda por concordar em ajudá-la. Teria que pôr um ponto final naquela história e tinha que ser logo senão... Merda! Eu acabaria comendo uma aluna.
Com certeza! Não podia permitir que isso acontecesse, além de não ser muito justo com ela.
Coitada! Estava tão desesperada e perdida que aceitaria qualquer idiota para fazer o serviço.
Podia até imaginar como seria. No banco de trás de um carro ou de pé em qualquer beco. Só imaginar que era tudo culpa minha já me deixava péssimo.
Por que fui falar aquelas besteiras para ela? Era só aprovar a merda do seu projeto e pronto.
Ninguém publicaria aquela porcaria mesmo. Aliás, era bem capaz que alguma editora meia boca publicasse e quando as críticas impiedosas e o fracasso das vendas chegassem ela já estaria pronta para escrever algo muito melhor e se tornar uma grande escritora.
Mas como poderia aprovar um projeto que não gosto ou não concordo? Droga! Eu sou Alex Frankli, o editor mais respeitado do Brasil. Não posso aprovar um texto que não me agrada só para fugir de problemas. Não que ela não escrevesse bem, ou que o livro não fosse interessante. Era. Só que estava seriamente comprometido por causa desta falha de conhecimento da Charlotte.
É mais ou menos como descrever um dia em Veneza sem nunca ter estado lá. Você entra no Google, assiste vários vídeos, faz uma pesquisa vasta, lê vários depoimentos de quem esteve lá, mas nunca, jamais, vai conseguir descrever a emoção exata, a sensação correta. Exatamente como os textos da minha aluna, fantasioso demais e definitivamente sem nenhum conhecimento de causa.
O que mais me corroía era a certeza de que ela só precisava disso. Se Charlotte conseguisse conhecer as emoções, sentir cada sensação deliciosa e prazerosa do sexo, ela seria perfeita.
Incrivelmente perfeita.
Era a minha ruína.
Eu seria julgado, condenado, desmoralizado, massacrado e jogado à fogueira. E mesmo que isso tudo nunca viesse a acontecer, a minha consciência, com certeza, faria o serviço e me foderia eternamente, sem dó nem piedade.
Charlotte
Acordei com um sentimento muito bom. Mesmo não tendo acontecido nada demais entre nós dois, eu me sentia mais mulher, mais experiente.
Isso!
O fato de estar um pouco mais experiente estava me fazendo um bem enorme. O professor Frankli, ou Alex, tinha razão. Era muito mais fácil escrever quando conhecemos o assunto. E era muito melhor conhecer o assunto do que somente escrever sobre ele.
Sorri bobamente, me derretendo como uma maria-mole por debaixo do lençol. Aquilo foi simplesmente a coisa mais gostosa que eu tinha feito em toda a minha vida. Nem o bolo de chocolate da minha mãe se igualava às mãos do Alex em meu corpo, aos seus lábios, aos seus olhos que eram simplesmente todo o oceano.
Sem contar que ter um orgasmo era... Era... Nossa! Não tenho nem palavras para descrever. Se apenas com os dedos era tão bom assim, imagine com... meu rosto pegou fogo.
Alex tinha razão. Eu precisava mesmo ter um orgasmo para entender o que minha personagem sentiu. Então... Como ele está sempre com a razão... Achei que seria melhor obedecer às suas ordens e praticar mais um pouco, afinal de contas... A prática leva a perfeição.
Ainda deitada em minha cama, com o calorzinho do momento, tentei pensar em algo que me animasse. De acordo com os livros este era o caminho mais rápido para estimular a excitação.
Lógico que meus pensamentos se voltaram imediatamente para a noite passada. Aquelas mãos...
Aqueles lábios... Sua ereção roçando em mim ou eu roçando em sua ereção... Nossa! Eu já estava molhada de novo. Isso era bom. Alex tinha dito que era assim que deveria ser então estava tudo certo.
Fui sentindo o gostinho bom de ser tocada, mesmo que pelos meus próprios dedos e deixei que a sensação me dominasse. Ninguém estava me olhando ou aguardando do lado de fora para saber como foi então deixei rolar. Acariciei os lados e percebi que era bom apenas para apimentar.
Gostoso mesmo era no meio, mais acima, sim... Naquele exato lugar onde todas as mulheres descreviam como a fonte do prazer e, quando estava quase lá...
- Charlotte, você está aí? Posso entrar?
Oh, Droga! Ninguém pode ter um orgasmo em paz nesta casa?
- Você está aí ou não?
Santa inteligência!
- Entra, Miranda.
Minha amiga entrou um pouco receosa e tensa. Não entendi.
- Você está bem? – sondou.
- Sim.
“Estaria muito melhor se tivesse conseguido o meu tão sagrado orgasmo” tive vontade de completar em voz alta, só que eu nunca seria capaz de fazer isso. Jamais teria coragem de contar a Miranda o que havia feito.
No entanto, ela era minha amiga, minha única e melhor amiga e não dava para ficar escondendo tudo quando minha vontade era levantar, dançar alguma dança maluca, rir, gritar e me atirar no colchão contando todas as aventuras que me permiti viver. Sem contar que eu estava morrendo de vontade de compartilhar a melhora em meu texto, já que ela acompanhou todo o processo.
Até que ponto eu poderia contar a minha amiga, o que estava acontecendo na minha vida?
- Está muito chateada comigo? – sentou na beira da minha cama ainda com muito receio.
- Por qual motivo?
- Deixei você sozinha nas mãos do seu carrasco quando mais precisava de mim – fez biquinho.
Entendi o que estava acontecendo. Miranda achava que eu estava aborrecida por ela não ter ficado comigo na noite em que eu e Alex fizemos o acordo. Como eu poderia? Ela havia me dado na bandeja para aquele super professor delícia e eu pude ter meus primeiros amassos, primeiro orgasmo... Ah, Deus! Eu seria eternamente grata.
- Um pouco – desviei o olhar e fingi aborrecimento.
- Ele foi muito duro com você. Teve aquele papo de adulto onde nada é permitido... ameaçou contar para o padrinho? – completou com um sussurro.
Meu pai era o nosso maior medo, independentemente do que estivesse acontecendo no mundo, se houvesse a possibilidade de sermos atingidos por um tsunami ou se a terceira guerra mundial fosse declarada no Brasil, nada disso nos assustaria tanto quanto ter meu pai prontinho para nos dar uma bronca. Como eu costumava fingir não me importar, então...
- Eu tenho vinte e um anos, teoricamente sou uma adulta.
- Ok! Mas o que ele fez? – ah, Miranda! Se eu pudesse contar as coisas que ele fez comigo. – Por que este sorriso gigantesco no rosto?
Minha amiga mudou sua entonação demonstrando insatisfação. Droga! Miranda e sua obsessão pelo professor Frankli. Droga duas vezes! Eu não só estava cometendo uma loucura aceitando que meu professor me ensinasse sobre sexo, como também estava passando por cima dos sentimentos da minha melhor amiga. Por que não pensei nisso antes?
- Nada, Miranda, só que ele aceitou me ajudar com o livro. Vamos ter algumas aulas particulares e ele avaliará aos poucos o que eu escrever para não ter erro desta vez – evitei olhá-la e fingi arrumar o lençol, passando a mão sobre ele, mesmo estando ainda deitada na cama.
Ela me avaliou e depois decidiu ignorar o que eu disse.
- Conte sobre o gatinho que você ficou lá na boate.
Era melhor mudar o foco da conversa. Dava sempre certo com a minha amiga colocar a vida dela em primeiro lugar. Falar dos rapazes com quem ela saía era a melhor maneira de fugir de qualquer assunto.
- Aquele lá não foi nada... em compensação, o cara que eu conheci quando resolvi ir embora, depois que o outro arrumou uma briga, me deixando furiosa... Ah, Charlotte! Este eu nem te conto.
Ele é simplesmente... Tudo! Perfeito, romântico, carinhoso... – seu sorriso revelou. Ela já estava transando com ele. Como podia? – Amiga! Ele é maravilhoso! – rimos juntas. – Que tal um dia de compras? Preciso de coisinhas novas para impressionar meu novo namorado.
- Novo namorado? Rápido!
- Passamos praticamente um dia inteirinho trancados num quarto. Acho que posso acreditar que este vai dar certo.
- Claro! Claro!
- Vamos?
Pensei no assunto. Seria bom ter algumas coisas interessantes para as minhas aulas particulares. Algumas coisas que me deixasse mais sexy ou desejável para Alex. Quem sabe assim o professor Frankli desistiria da ideia de não querer tirar a minha virgindade. Além do mais, meu pai vivia reclamando de que eu nunca usava o dinheiro que ele depositava em minha conta todos os meses e minha mãe das minhas roupas. Era um bom momento para gastar.
- Vamos. Deixa só eu tomar um banho.
- Ok. Encontro você lá embaixo. Preciso acertar algumas coisas na recepção.
Ah, sim! Nós morávamos em um flat. Não um flat qualquer, mas um que pertencia a meu pai e que ficava no melhor lugar de Ipanema. Quando nós decidimos que iríamos morar sozinhas, ele achou que nos colocar em um lugar de sua confiança, onde pudesse controlar nossos passos, com empregados suficientes para nos impedir de tocar fogo na casa ou de fazer do apartamento um bordel, satisfaria sua consciência e deixaria minha mãe mais tranquila também.
Como meu pai nunca agiria de forma normal, ele simplesmente utilizou os dois últimos andares transformando-os em um duplex extenso e cheio de mordomias. Não tínhamos empregada, cozinheira, nem nada disso. Uma exigência minha, que não queria ser monitorada por ninguém, mas os empregados do flat faziam o seu serviço normal e diário.
De qualquer forma a recepção era sempre o quartel-general, onde todas as informações eram coletadas e transmitidas ao ditador maior, meu pai. Com certeza este era o motivo de Miranda precisar descer e conversar com o Vítor, o carinha da recepção e, de alguma forma, persuadi-lo a subtrair algumas informações que seriam repassadas ao meu pai.
Tá vendo? É justamente por isso que eu nunca cometo nenhum erro... Ou não cometia. Hum!
Era melhor tentar retirar a informação de que eu não havia dormido em casa, e fazer isso sem a presença da minha amiga, ou ela também descobriria este detalhe.
Assim que Miranda saiu, corri para o banheiro, afinal de contas... Compras não era a minha única necessidade naquele momento. Eu precisava de conteúdo e para tanto a prática era fundamental, palavras do meu professor.
Alex
Acordei como sempre acordava, com um tesão filho da puta. Por isso gostava que as mulheres com quem eu saía dormissem comigo. Transar de manhã é muito bom. Imediatamente as lembranças me invadiram: a pirralha da Charlotte Middleton.
Ah. Meu. Deus! Eu tinha que dar um fim nisso.
Tomei uma ducha fria, ingeri apenas café preto e amargo, em uma tentativa de enganar meu cérebro e fazê-lo desviar seus pensamentos para outra coisa. Escolhi a roupa formal de sempre, terno escuro, completo, que me colocava em um patamar diferenciado, afastando as pessoas que precisavam ser afastadas, como as minhas alunas, por exemplo. Conferi minha imagem no espelho do closet e, satisfeito com o visual, fui para a faculdade.
Charlotte não teria aula comigo o que me deixava mais à vontade. Passei a manhã inteira conversando com os alunos, falando sobre seus trabalhos e, durante todo o tempo, a única coisa que eu pensava era no texto dela. Era melhor abrir logo o e-mail para saber o que ela havia enviado.
Na hora do almoço fui ler o que Charlotte me enviou antes de ir embora da minha casa. Li tudo enquanto comia e... Caralho! Ela estava mesmo tornando o texto incrível. Fiquei excitado enquanto lia a forma como ela descreveu o orgasmo da sua personagem.
Confesso que também fiquei orgulhoso. Claro! Ela nunca havia gozado na vida e o seu primeiro orgasmo foi oferecido por mim. E foi incrível de assistir. Porra! Foi mais do que incrível, foi delicioso, me deixou sem chão, ansioso para continuar tocando-a, para arrancar aquele roupão e...
Puta que pariu, Alex! Não pode pensar nela deste jeito. Não deve.
O fato é que ela conseguiu descrever um orgasmo de forma perfeita, não apenas na sensação, o que me deixava mais excitado ainda, pois descobrir como ela se sentiu engrandecia o meu ego, mas também a magia que conseguiu adicionar, típica de mulheres que escrevem romances, deixando tudo muito mais bonito e encantador. Aquele era o tipo de texto que o público feminino compraria com toda certeza.
Se Charlotte continuasse assim, seria uma escritora incrível. Era nítida a mudança dos seus textos. Porra! Isso me deixou ainda mais ferrado. E duro. Fodidamente excitado.
Tive reunião com Lamara, minha irmã caçula, que cuidava da seleção dos originais recebidos e Patrício, meu irmão do meio, que era o responsável por toda a trajetória de um livro até o seu lançamento.
Minha editora tinha destaque no mercado editorial brasileiro e já alcançávamos o mercado mundial, através de muitas parcerias e contratos com editoras estrangeiras o que nos permitia trazer para o mercado interno os livros mais procurados de autores de fora, além de lançar os nossos autores em outros países.
Apesar do crescimento e da constante expansão, tentávamos manter o controle nas mãos da nossa família. Por isso Lana, como chamávamos a minha irmã, e Paty, como provocávamos o meu irmão por ter um nome tão ridículo que o impossibilitava de ter apelidos que não fossem femininos, o que o irritava e muito, estavam sempre no centro das decisões, junto comigo.
Conversamos sobre três originais que discutíramos antes e nos decidimos por apenas um deles.
Questionei-me se um dia deveria sugerir o original de Charlotte. Era melhor não. Ou era melhor sim?
Puta merda! Ela estava acabando comigo.
- Este com certeza é o melhor – Lana reafirmou. – Pelo estudo de mercado que recebi hoje, acredito que fará sucesso, sem contar que o autor já tem uma ótima aceitação nas plataformas de auto publicação. Possui um ótimo público, está sempre bem posicionado nas listas de vendas de e-books e nunca lançou um livro físico. Uma ótima oportunidade – concordei com a cabeça fazendo algumas anotações pertinentes.
- E você, Paty? Como estamos de publicações para o primeiro semestre do próximo ano?
- Paty é o cacete! – ele esbravejou e Lana riu balançando a cabeça. – Você está vendo alguma menininha aqui? É Patrício, merda! – rimos incapazes de nos conter. – Se eu pegar algum funcionário me chamando de Paty ou qualquer coisa do tipo aqui dentro, vou descer o cacete em vocês dois.
- Vai mesmo, Paty, o brigador? – Lana espicaçou ainda mais.
- E brigador existe, fedelha?
A palavra “fedelha” me atingiu e incomodou. Comecei a me sentir péssimo, um cafajeste, um desvirtuador de jovens inocentes. Porra! Que merda de jovens inocentes era aquela? Charlotte não era uma garotinha, só se comportava como uma. Ela era maior de idade e eu não tinha culpa se a menina passou a existência escondida em uma caverna assistindo a vida pela tela de um computador.
Porra de virgem, filha da mãe, que estava acabando com os meus neurônios!
- Podemos continuar? – fui mais ríspido do que o habitual. Nunca fiz o tipo patrão que mandava em tudo e tratava todos a ferro e fogo.
Tudo culpa da Charlotte.
- Ainda existe espaço para o primeiro semestre, Alex. Lamara não conseguiu escolher muitos originais para o próximo semestre, o que dirá para o próximo ano.
- Porque eu escolho o que realmente vale a pena e não o que você precisa para justificar o orçamento.
- Como assim justificar o orçamento, garota? Enlouqueceu? – Patrício rebateu com raiva e Lana fez biquinho, sorrindo descaradamente em seguida.
- Crianças, podemos nos concentrar? O dia está lindo e eu ainda pretendo pegar algumas ondas.
- O grupo da Espanha pediu mais dois originais, além do da Tiffany, é claro – Patrício informou.
- Ah, sim! O grupo da Espanha pediu mais dois originais – Lana falou como se o nosso irmão não tivesse dito nada. Olhei para Patrício e ele revirou os olhos, deixando-a conduzir a conversa. – E
o da Tiffany também – e sorriu como uma criança pirracenta. Tive que rir.
- Paty... Patrício, encaixe este autor e peça para o pessoal enviar o contrato para análise. Lana, e aquela...
- O material dela é um lixo.
- Tudo bem. Continue sua busca por autores que nos mantenham no topo.
- Com toda certeza.
- Vamos encerrar?
Eu estava angustiado e ansioso para sair. Respirar um pouco. Algo que não me lembrasse a loucura que estava fazendo, ou que me fizesse refletir melhor e me convencer a desistir.
- Por mim está ótimo! – Patrício levantou recolhendo seu material.
- O João Pedro vai com você? – Lana se voltou para mim antes de sair.
João Pedro era o meu melhor amigo e, por um acaso da vida, era o marido da minha irmã caçula. Uma lástima, já que Lana conseguia dominá-lo de todas as formas possíveis. Eu perdi um companheiro de farra no momento em que o convidei para conhecer a minha família.
Quando saí o dia já estava caminhando para o final, resolvi que era hora de entrar no mar.
Nada como surfar para relaxar a mente. Fiquei com as ondas por uma hora e meia e só saí porque estava ficando tarde.
Foi quando encontrei o João Pedro. Eu sabia que Lamara daria um jeito de impedi-lo de me acompanhar. Óbvio que ela daria! Praia exigia biquínis, corpos morenos e perfeitos, meninas ansiosas para conversar com os surfistas... O João era um mané mesmo. Também era a pessoa com a qual eu desabafava. Além de meu colega na editora, era professor da UERJ, assim como eu, e conhecia muito bem o meu problema em forma de aluna, afinal de contas, era professor dela também.
- Seu escritório é na praia?
Brinquei por ele ainda estar vestido com roupas formais. João fez uma careta engraçada e desatou o nó da gravata.
- Lana me passou um original para revisão. Disse que foi ordem sua.
- Ordem minha, nada – caminhamos em direção ao quiosque do Seu Tobias. Ele sempre me deixava guardar minhas coisas lá.
- Eu sei. Ela queria era me impedir de estar aqui.
- Duas águas, por favor! – pedi ao garoto que me entregou minha mochila. Tirei a toalha de lá e sequei meu cabelo.
- Você é sempre muito fresco, Alex. Para que secar o cabelo? Você estava surfando, porra!
- Meu cabelo está comprido, fica escorrendo água em meu rosto e eu fico agoniado.
- Você é gay?
- Quer descobrir? – ele riu sentando em um dos bancos na sombra do quiosque.
- O que você precisa tanto conversar comigo que não podia esperar até amanhã?
- Estou com um problema imenso.
- Quem você engravidou?
- Cala a boca, João! – ele riu dando um gole em sua água.
Contei tudo ao meu amigo que me escutou em silêncio. Não deixei nenhum detalhe de fora.
Nenhum mesmo. Precisava que ele tivesse a dimensão exata da merda em que eu estava me metendo.
- Você é um filho da puta, Alex! – eu merecia aquilo, mesmo assim fiquei chocado com sua reação.
- João eu...
- Por que não comeu a menina?
- O quê?
- Você é o maior filho de uma puta, falso puritano, que conheço. Vai ficar cozinhando a garota até quando?
- João eu acho que você não ouviu nada do que eu disse. Charlotte é minha aluna, aliás, sua aluna também e, para piorar tudo, virgem.
- E está esfregando na sua cara e você não faz nada. Tô desconhecendo você, Alex. Acho que este papo de ser gay é sério.
- Sabe... definitivamente o casamento não fez bem a você.
- Rá! Sua irmã é uma ninfomaníaca. Não me dá sossego. Errei quando escolhi esperar até o casamento. Deveria tê-lo ouvido e comido Lamara logo de uma vez, assim ela saberia como era e não torraria a minha paciência com todo esse sexo que exige de mim. Vai demorar para saciar todo o fogo de Lana.
Ri do que meu amigo dizia. Ele tinha segurado a virgindade da Lana até a lua de mel, apesar dos quatro anos de namoro. Dizia que Patrício o mataria e, com certeza, mataria mesmo, porém eu achava que eles deveriam ter começado a vida sexual muito tempo antes.
- Pense nisso e pare de cozinhar Charlotte. Quando ela descobrir o que é sexo de verdade você estará perdido.
- Eu não. Estarei bem longe dela.
- Alex – ele se aproximou um pouco mais, jogando o corpo sobre a mesa pequena. – Você vai comer a menina, e sabe o que vai acontecer? Ou ela vai ficar como uma praga no seu pé, ou vai sair dando para toda a cidade.
- Porra, João! Você não está ajudando nem um pouco.
- Se você continuar ensinando essas coisas pervertidas à garota, vai criar um monstro que ficará fora de controle. Dê a Charlotte logo o que ela quer e caia fora antes que seja irreversível.
- Eu deveria ter contado a Patrício o que você e Lana faziam quando ele não estava olhando – encostei-me na cadeira e cruzei os braços.
- Conte. Eu já casei mesmo, e posso comer a sua irmã a hora que quiser – arqueou uma sobrancelha me encarando em desafio. Dei risada. - Voltando ao seu problema... A solução é a seguinte: pare de bancar o certinho e admita que está doido, desesperado para comer Charlotte Middleton.
- Não estou doido para comer Charlotte Middleton. Dá para me ajudar?
- Estou ajudando. Você acha que é um erro, por isso não admite, mas se ela quer ser comida e você quer comê-la, não existe nenhum problema.
- Eu não quero comer a Charlotte.
- Você quer.
- Não quero! – retruquei indignado. Será que João não conseguia entender a gravidade do problema?
- Caralho, Alex! Seja honesto comigo e com você mesmo.
- Eu senti um puta tesão por ela, o que você queria que acontecesse? Ela estava nua, me implorando para ensiná-la. Pelo amor de Deus... Até um padre ficaria excitado.
- O que vai fazer?
- Não sei. Estou pensando em sair com a Anita.
- Anita Bezerra? Você enlouqueceu? A última coisa de que precisa é de uma desequilibrada em sua vida.
- Ela não é desequilibrada.
- Ela nutre uma fixação por você, Alex. De onde tirou esta ideia? Por que não sai com uma das muitas mulheres que transariam com você num piscar de olhos. Charlotte Middleton, por exemplo.
Desisti da conversa com o meu amigo e decidi que era hora de ir para casa. Dali não sairia nada de interessante.
- Preciso de alguém novo em minha vida. Todas as outras eu já conheço e preciso de uma...
Você sabe. Uma nova, que desperte a minha curiosidade.
- Uma nova vagina? Xana, bocetinha... Flor de Lótus – e gargalhou. - É isso que está tentando me dizer? Pelo amor de Deus, Alex! Vá à merda com este falso decoro, seu puritano de merda! Não consegue dizer a palavra? O que está acontecendo com você?
Desta vez gargalhei. João Pedro era um filho da mãe desbocado.
- Valeu, João! Tenho que ir! Vejo você amanhã.
- Procure uma vagina nova em uma boate ou bar. A da Anita não vale o sacrifício.
Olhei para meu amigo, meio surpreso. Como poderia saber?
- Em outro momento, Alex.
- Traiu a minha irmã?
- Não. Nossa Senhora! Não é nada disso. Olha... Não coloque ideias erradas em sua cabeça, ok?
- Depois você precisa me contar direitinho esta história.
- Claro! Em outro momento.
Levei minha prancha ao carro, louco para chegar em casa. Retirei a bermuda molhada, coloquei a toalha sobre o banco de couro, entrei, liguei o som e “Garota de Ipanema” imediatamente começou a tocar. Sorri apreciando o que ouvia. Liguei o carro sentindo meu corpo relaxar, mas depois de andar apenas cinco metros precisei frear abruptamente o que não me impediu de atingir em cheio a pessoa que atravessou em minha frente.
Capítulo 7
“Que jamais cresça em meu peito um coração que confie num juramento ou numa
afeição”.
William Shakespeare
Charlotte
Nunca antes havia me sentido tão atingida como me senti ao ler aquela frase de Shakespeare rabiscada na parede da livraria na qual insisti em entrar, mesmo contra a vontade de Miranda, que bradava dizendo que nosso tempo era curto. Por isso, sem conseguir entender o porquê de me sentir tão impactada, fui arrastada para uma loja onde minha amiga considerou quase tudo perfeito.
Fazer compras com Miranda era o mesmo que assassinar o meu cartão de crédito, por outro lado eu realmente precisava de um guarda-roupa mais elaborado e minhas lingeries estavam...
digamos... terríveis! Grandes demais, folgadas demais e infantis demais. Acabei cedendo. Eu precisava de algo que me tornasse uma mulher mais desejável.
Aproveitei que Miranda tinha levado metade da loja para o provador e disse que realmente precisava de livros. Especialmente uns que eu tinha visto e que estava com muita vontade de ler. Ela nunca me acompanhava na compra de livros, pois sempre era demorado. Minha amiga fez uma careta e acabou concordando. Aproveitei e corri para a loja de roupas íntimas.
Demorou mais do que imaginava. Principalmente porque era muito constrangedor dizer que precisava daquelas calcinhas micro, com apenas um fio atrás e que revelavam mais do que escondiam. Acabei aceitando todas as sugestões da vendedora e levei uma para cada uma das situações possíveis.
Comprei uma que tinha babado e que o fundo era quase inexistente. O melhor era que havia um zíper muito discreto na frente. A vendedora me informou que servia para facilitar as coisas, ressaltando “coisas”. Pensei imediatamente nos dedos do meu professor e quase surtei, além de corar de maneira constrangedora, chamando a atenção das três vendedoras da loja, que riam apimentando a conversa. Comprei duas, uma azul e uma preta.
Levei outra que era muito pequena na frente toda em renda transparente com dois lacinhos.
Achei meiga e sedutora me peguei pensando em quando deveria usá-la.
Fui forçada a comprar uma de tigresa, uma vermelha, uma tão indecente que tenho até vergonha de descrever. Uma com “flu-flu” bem estilo dondoca, uma de lacinho, algumas com brilho e cores vibrantes, além de uma comestível.
Meu Deus! Nunca tinha ouvido falar nisso. Como será que o professor Frankli reagiria se eu aparecesse em sua frente e dissesse: “Coma a minha calcinha. É sabor uva”. Quase morri de vergonha ao me imaginar tendo este nível de intimidade com ele.
Não foi possível ignorar as camisolas de renda transparentes que mais mostravam do que escondiam. Acabei levando uma coleção para mais do que uma temporada de aulas.
Só quando estávamos comendo num restaurante discreto do shopping, me dei conta de que o professor Frankli ainda não havia ligado. Já estávamos no início da tarde e nada. De repente me senti desanimada e Shakespeare, com as suas frases de efeito, martelava meus pensamentos.
Maldita hora em que escolhi o escritor inglês para ser o meu guia espiritual. Se é que isso era possível.
Decidimos que deveríamos ser menos sedentárias então compramos roupa para ginástica e esportes até decidirmos o que gostaríamos de fazer, academia ou atividade ao ar livre. Eu ainda guardava os meus patins em algum lugar embaixo da minha cama.
O professor Frankli não ligou.
Fomos ao salão e deixei que Miranda ditasse as regras. Cortei meus cabelos, coisa que eu não fazia há Deus sabe quantos anos. Sempre mantive meus fios retos e grandes. Aliás, estavam imensos, quase na minha bunda. Estava mesmo passando da hora de cortar. Miranda sugeriu, ou melhor, quase ordenou que eu fizesse mechas claras, fininhas, para quebrar o castanho. Fizemos as unhas, sobrancelha e saímos como duas princesas. Só que ela havia encontrado seu príncipe enquanto eu...
Deixa pra lá.
Voltamos para casa, cheias de sacolas. Miranda completamente satisfeita e eu com um aperto enorme no coração. Por que ele não ligava?
Tomei banho e fiquei um bom tempo encarando as sacolas sobre a minha cama. O que deveria fazer? Era provável que ele tivesse desistido de tentar me ajudar. Com certeza havia desistido.
Desde o início ele foi contra o que estávamos fazendo e eu podia notar em seu rosto o quanto era sacrificante ficar comigo de forma tão íntima.
Quase chorei.
Quase.
Não havia tempo para ficar lamentando o leite derramado. Eu não podia arriscar o meu projeto. Então, se o professor Frankli não queria me ajudar, eu precisava achar alguém que o fizesse.
E teria que ser para ontem.
Não pensei duas vezes. Peguei os patins, vesti um short jeans muito curto, que eu devo ter usado a última vez quando tinha quinze anos e sequer me lembrava que ainda fazia parte do meu guarda-roupa, um dos tops que comprei para malhação e um boné, coloquei um tênis e meu celular na mochila, passei um batom com gosto de morango.
Caprichei no protetor solar, especialmente sobre as sardas. Coloquei os óculos de sol com grau, uma forma de não sofrer tanto com a claridade e de não precisar me espatifar no chão sem conseguir enxergar direito. Não dava para encarar lentes de contato por tanto tempo. Os óculos até que eram legais. Eu gostava da armação e Miranda também, o que significava que era aceitável.
“É hoje ou nunca mais”.
O local mais apropriado para paquerar em Ipanema, no final da tarde, era a praia. Muitos rapazes gostavam de circular por lá, para azarar as garotas ou para manter a malhação em dia. Sem contar a turma que ficava pelas lanchonetes e bares, admirando a paisagem. Bom, pelo menos eu ia tentar encontrar alguma paquera, enquanto fingia que estava me exercitando.
A roupa escolhida não poderia ser melhor. Com um short tão curto deixando quase tudo à mostra, seria difícil não conseguir que algum garoto sentisse interesse sexual por mim. Apesar de não ser uma típica brasileira, meu corpo era todo certinho, com tudo no lugar. Tudo bem que faltava um pouco de carne aqui ou ali, mas dava para o gasto. Assim eu achava. Pelo menos o professor Frankli havia gostado.
Pensar nele era terrível. Destruía a minha autoestima, apesar dos pesares. Ele disse que meu corpo era lindo, que eu era linda, mesmo assim havia desistido. Grande coisa. Qualquer um poderia desempenhar o papel que ele se recusava executar. E o professor Frankli com certeza não devia ser o único homem capaz de me excitar.
Droga! Pensar naquilo não ajudava em nada também. O ruim era que eu não estava me sentindo nem um pouco confortável vestida daquele jeito. Tudo bem que todo mundo vestia roupas semelhantes, só que eu, especialmente eu, não conseguia acreditar que tive coragem.
Brinquei um pouco na pista sem me sentir à vontade para iniciar qualquer paquera. Alguns rapazes fizeram piadinhas ou tentaram se aproximar, mas eu estava tão envergonhada que me concentrei em me equilibrar sobre os patins e manter meus óculos no lugar. Não sei de onde tirei aquela ideia absurda de que sobreviveria andando com algo tão assassino.
Desisti rapidamente. Uma boate seria bem melhor. Se o meu professor não aparecesse outra vez para estragar os meus planos.
Atravessei a rua, ainda com as rodas me conduzindo e virei na primeira à esquerda. Lá havia um banco onde eu poderia tirar os patins e voltar para casa o mais rápido possível sem ser interrompida por ninguém. Quando estava fazendo a curva, os patins derraparam me jogando para frente e eu caí sobre um carro que passava em baixa velocidade. Fui direto para o chão.
- Ai! Merda!
Meu joelho ardia. Nem quis olhar para o local pois sabia que estava sangrando. Fechei os olhos incomodada pela vergonha e pela dor. Dava para ficar pior? Dava. Meus óculos estavam em qualquer lugar que não era o meu rosto.
- Droga! Não sei o que aconteceu. Você está bem?
Aquela voz? Não era possível. Abri os olhos sem acreditar e, parece que foi neste mesmo momento que ele entendeu de quem se tratava.
- Charlotte? – deu um risinho sonso. – É. Acho mesmo que a vida está de sacanagem comigo. – fiquei com tanta raiva!
- Professor Frankli? Então o senhor além de se aproveitar de suas alunas, joga os carros contra elas? O que estava pensando? Em eliminar as provas? – seus olhos chamuscaram, ele balançou a cabeça e desviou sua atenção para meu ferimento.
- Isso está feio. É melhor levá-la a um pronto-socorro.
- De jeito nenhum. É só um arranhão. Posso me virar sozinha.
- Estou vendo. Nos últimos dias você me deu todas as provas de que não pode.
Ele pegou alguma coisa e me entregou. Meus óculos. Olhei a armação um pouco torta e me perguntei se havia sido um tombo tão feio assim. Coloquei no rosto o mais rápido possível.
Precisava ter certeza de que estava vendo tudo muito bem.
- Não me faça mandá-lo à merda outra vez, Alex – rebati irritada com tudo, principalmente com meus óculos tortos.
- Não me faça lavar sua boca com água e sabão, Charlotte, ou quem sabe uns bons tapas na bunda resolvam o seu problema.
Não foi pela nossa briga, nem pelo que eu queria que acontecesse, só sei que a forma como ele sugeriu me dar uns tapas na bunda me fez sentir coisas diferentes. Coisas que eu não poderia mais sentir. Não com ele. Nem podia perder a oportunidade de irritá-lo um pouco mais.
- Não seria tão ruim assim – sorri sugestivamente.
- Acho que você bateu a cabeça.
- Quer saber? Cansei. Sai da minha frente que eu tenho coisas mais importantes para fazer.
- Não posso deixá-la ir embora assim. Eu atropelei você, tenho obrigação de socorrê-la.
- Eu o perdoo – comecei a me levantar, ele me segurou em seus braços levantando-me do chão.
Só então percebi alguns curiosos nos observando.
- Não faça uma cena, por favor!
Ele disse bem baixo. Próximo demais para o meu gosto. Com aqueles olhos que me sugavam, me prendiam e me dominavam, tão fixos nos meus que precisei me concentrar muito para conseguir falar.
- O que vai fazer? – sussurrei incapaz de me desprender daquele feitiço.
- Vou cuidar de você, droga! Não é só o que tenho feito? – mesmo tendo sido tão brusco gostei de ouvir que cuidaria de mim. Por isso não reagi.
Deixei que me colocasse no banco do carona e fomos embora. Aproveitei para tirar os patins.
Uma queda já havia sido o suficiente. Quando chegamos à casa dele fiquei ainda mais satisfeita. Ali ele parecia se transformar completamente, se soltava, se permitia. Fazia aquelas coisas... Oh, Deus!
Aquelas coisas. Fiquei tão quente. Eu devia ter colocado uma daquelas calcinhas.
O professor Frankli não conversava comigo, o que era uma droga, indo na contramão de tudo o que eu estava sentindo e ansiando. Ele estava emburrado e atento ao que precisava fazer. Tirou-me do carro e me levou em seus braços até a cozinha. Deixou-me sentada em uma pequena mesa auxiliar, alta o suficiente para que não precisasse se curvar muito. Saiu voltando em seguida com uma caixa de primeiros socorros.
- Não sabia que gostava de atividades físicas – ele não prestava atenção em mim e sim em meu ferimento que ainda ardia.
- Não gosto.
Meu professor parou um segundo, suspirou e abriu a caixa para pegar algodão e alguma coisa que me lembrou o cheiro horrível de hospital. Eu odeio hospitais. Que irônico!
- O que estava fazendo de patins então? – limpou o ferimento com delicadeza, mesmo assim doeu.
- Ai! Caralho! Isso dói.
- Ainda estou decidindo se lavo ou não sua boca com água e sabão, Charlotte.
- Até parece que você não xinga, Alex. Aposto que quando está entre amigos fala as maiores de todas as sacanagens existentes na face da Terra – ele me olhou nos olhos e sorriu. Foi um sorriso verdadeiro.
- O que não significa que goste de mulheres que xingam. Não sem um propósito.
- Ah! Ok. Então: Ai! Meu Deus está mesmo doendo! Melhorou? – ele riu alto.
- Soa bem melhor.
- Acho que sentir dor é um grande motivo para xingar.
- Você é cheia de argumentos – outra vez pegou um algodão e embebido no líquido fedorento.
- Por que não me ligou?
Ele parou por um milésimo de segundo, porém conseguiu se recompor e continuou o que estava fazendo.
- Este ferimento vai ficar feio – por que não me respondia?
- Com certeza o da minha bunda também - ele me olhou confuso. – Bati a bunda quando caí. Vai ficar roxo – Alex abriu a caixa e tirou de lá uma pomada.
- Passe isso depois do banho. Vai evitar o hematoma – voltou a cuidar do meu joelho. – Você não me disse o que estava fazendo na praia – ele não parecia estar mesmo interessado.
- E você não me disse por que não ligou – Nos encaramos. Ele suspirou mais uma vez.
- Foi por isso então? Eu não ligo e você imediatamente se desespera e sai em busca de um substituto?
Fiquei mesmo muito constrangida. Ele não falou em tom de acusação, embora fosse uma forma não muito agradável de colocar os fatos apesar de minha intenção ter sido exatamente aquela.
- Tenho pouco tempo...
- Por causa disso você passa por cima de tudo o que combinamos e vai atrás de um merdinha qualquer para comê-la?
Poxa! Ele ficou mesmo furioso. Meus olhos ficaram cheios de lágrimas pelo seu modo grosseiro de me acusar.
- Porra, Charlotte! Você tem ideia de como é para mim? E não faça essa carinha de choro porque desta vez não vou me deixar comover. Estou passando por cima dos meus princípios para ajudá-la e... Merda! Esqueça esta ideia de transar com qualquer um. O que fizemos já ajudou muito.
Confie em mim.
- Eu confio. Juro que confio, Alex! É só que... – as lágrimas caíram.
- Que o quê? – ele continuava furioso.
- Você age o tempo inteiro como se fosse muito ruim estar comigo. Fica com cara de arrependimento. Eu não quero desse jeito. Não quero estar com alguém que não me queira. Não quero que faça nenhum sacrifício. Você não me ligou, pensei que havia desistido e me conformei.
Despejei tudo de uma só vez. Ele ficou admirado com a minha reação infantil e mimada. O que eu podia fazer. Era assim que eu era.
- Aceitaria tranquilamente se eu desistisse? – tive medo de responder, mas não poderia forçá-
lo a continuar naquela confusão.
- Sim. Não posso obrigá-lo a fazer o que não quer – pensei em ir embora naquele momento e poupá-lo de mais constrangimentos.
Ele pegou meus óculos, retirou do meu rosto, mexeu na armação até conseguir desentortá-la e me entregou. Abri minha mochila, retirei a caixa de lá, guardei os óculos escuros e peguei o de grau.
Alex o tirou de minhas mãos e colocou em meu rosto. Por hábito levei minha mão ao rosto suspendendo os óculos até posicioná-los no lugar certo do meu nariz. Meu professor ainda me olhava com atenção. Depois de um tempo que me pareceu interminável, ele finalmente falou: - E quem disse a você que eu não quero? – quase engasguei ao ouvir aquelas palavras.
- Você...
Alex se afastou um pouco, encostando as costas no balcão e cruzando os braços à frente do peito. Parecia lutar contra si mesmo.
- Eu quero ajudá-la. Só não quero que se machuque, que se magoe – foi um banho de água gelada. – Pare de fazer besteiras, Charlotte, e se concentre em escrever. Eu não tinha ligado ainda, mas ia ligar mais tarde, para...
- Ok!
Não sei se estava triste ou aliviada. Ele não me queria. Queria apenas me impedir de sair dando para todo mundo, mesmo assim não transaria comigo. Apesar de tudo ainda estávamos juntos naquela confusão e era inevitável a sensação de conforto.
- Escreveu alguma coisa hoje?
- Não. Fiz compras.
- E cortou o cabelo, clareou um pouco. Ficou ótimo – meu rosto ficou vermelho. Ele tinha notado.
- Obrigada! Mas fiz a atividade de casa.
Ele arqueou uma sobrancelha sem entender do que se tratava, no entanto, rapidamente caiu em si e seus olhos brilharam. Alex assumiu uma postura mais selvagem. Se aproximou colocando-se entre minhas pernas com cuidado para não machucar ainda mais o meu joelho.
- Está me dizendo que você...
- Hum hum! – ele me olhava de uma maneira diferente, um pouco surpreso, um pouco deliciado com a informação.
- E... foi... bom?
Suas mãos tocaram levemente minhas coxas, e eu senti um arrepio percorrer minha espinha.
Alex estava de frente para mim, muito próximo. Eu estava louca de vontade de beijá-lo. Era assim que as pessoas se sentiam quando tinham interesse sexual por alguém? Uma atração impossível de evitar me impulsionava em sua direção.
- Sim – respondi tarde demais, deixando-me levar por aquele sentimento tão estranho e prazeroso ao mesmo tempo.
- Então você não precisa mais da minha ajuda... Digo... Para este tipo de exercício – ele desviou o olhar para os meus lábios de uma forma lenta e sensual. Como se fosse me beijar a qualquer momento.
- Não propriamente de ajuda. É muito mais gostoso quando você está comigo – Deixando a vergonha de lado me forcei a falar. Devíamos ser sinceros um com o outro, como ele mesmo havia dito.
- É?
- É. Só não entendi por que você me pediu para não penetrar... Hum!... O dedo... Entende? Se é muito mais gostoso deste jeito.
Ele parou tudo e me olhou parecendo não acreditar no que eu havia falado. Merda! Será que fiz algo de errado.
- Você... – pigarreou. – Você colocou... o dedo? – balancei a cabeça afirmando. – Ah Deus!
Charlotte Middleton, não... – Alex suspirou com força e saiu do meio das minhas pernas.
- Fiz algo de errado? – entrei em pânico.
- Exceto pelo fato de que você pode acabar tirando a sua própria virgindade, não. Você não fez nada de errado.
- Então por que você ficou tão aborrecido? E como assim posso tirar a minha virgindade?
- Não estou aborrecido, estou... – ele parou e depois balançou a cabeça sorrindo. – Teoricamente você só precisa de sete centímetros para perder a virgindade, assim como para atingir o orgasmo, então... Ele pegou minha mão estendendo-a para mim. – Qual dedo? – mostrei a ele o dedo do meio me sentindo o próprio tomate de tanta vergonha. – Hum! Acho que não houve nenhum estrago, só tenha cuidado.
- Não se preocupe. Vou usar uma fita métrica da próxima vez.
Alex riu alto e, surpreendentemente, me deu um selinho. Foi tão acolhedor e familiar que me senti em casa.
Ele passou as mãos em meus cabelos me olhando nos olhos e beijou meu rosto. Foi muito carinhoso. Seus dedos acariciavam meu rosto e seu polegar passou pelos meus lábios então me beijou. Nós nos beijamos. Foi quente, gostoso, arrepiante e minha calcinha ficou outra vez molhada.
Alex não beijava apenas com os lábios e a língua. Ele beijava com o corpo inteiro. Suas mãos acompanhavam os movimentos da sua língua que por sua vez acompanhavam os dos seus quadris.
Porque sim, seus quadris se moviam em minha direção, não ansiosamente, mas lentamente, como se desfrutasse do roçar do seu sexo no meu. Pelo menos eu saboreava.
Porém, ele me abandonou rápido demais para o meu gosto, se afastando de forma a manter uma distância segura de mim, como se eu fosse perigosa ou algo parecido. Meu professor manteve-se longe o suficiente para me fazer questionar o que havia de errado.
- Você me confunde, Charlotte. Eu normalmente fico... – coçou a cabeça. Um meio sorriso no rosto. – Não sei como fico – e sorriu de uma maneira tão linda que tive vontade de abraçá-lo.
- Mas eu sei como eu fico – ele me encarou e eu recuei.
Havia algo animal na forma como Alex me olhou. Algo quente e intimidador ao mesmo tempo.
Que me fez arfar e tremer, e que principalmente me incentivava a continuar por aquele caminho.
- Você me ensinou, lembra? A dizer como me sinto. A entender o meu corpo – minha voz foi morrendo enquanto ele apenas me encarava.
Meu professor soltou o ar com força e me deu as costas, andando pela cozinha sem fazer nada especificamente.
- Agora você está aborrecido?
- Não! – sua voz estava mais calma e suas feições menos tensas. – Eu só não sei como reagir a você. Tenho medo das consequências desse nosso acordo.
- Alex... – droga! Ele sempre fazia aquilo, sempre me mostrava que não queria.
- Eu quero, Charlotte. Estou adorando a forma como o seu texto está ficando, de verdade. Mas não posso mentir dizendo que estou encarando isso tudo com naturalidade.
- Tentar esquecer que é meu professor, enquanto estivermos juntos, talvez ajude.
- Ajudaria, se eu fosse capaz de fazer isso. Mesmo que eu conseguisse este feito, não deixaria de ser um homem muito mais velho e mais experiente do que você.
- Isso acontece todos os dias. Diferença de idade não é um obstáculo intransponível nos relacionamentos – me encolhi com minhas próprias palavras. O que eu estava fazendo, falando de nós dois como um relacionamento? Alex assentiu e suspirou.
- E eu ainda sou o editor-chefe e você é uma escritora com futuro promissor – sorri largamente.
Era gratificante ouvir aquelas palavras ditas pelo editor-chefe mais conceituado do país.
- Eu não trabalho para você, Alex – sorri timidamente. Seria um sonho se fosse verdade.
- Mas pode vir a trabalhar algum dia – ele rebateu.
- E Papai Noel pode aparecer na minha porta de sunga – ele riu. – Eu não penso no que poderá acontecer um dia. Na verdade, estou pensando muito mais no aqui e no agora. Preciso me concentrar no meu projeto e... ser aprovada – ele ficou sério me encarando.
- Tudo bem, Charlotte – e se aproximou mais. – E o que quer aprender hoje?
- Hoje?
Pisquei várias vezes surpreendida pela sua aproximação e pela sua disposição para me ensinar mesmo eu estando com meu joelho esfolado. Além do mais, como eu poderia saber o que queria aprender se ele entendia mais do assunto do que eu?
- Bom... – puxei o ar com força. – Eu gostaria de aprender como transar, se não for muito incômodo para você.
Alex estreitou os olhos e fez uma cara de incredulidade. Não era para ser sincera? Não entendi o motivo da sua indignação. Ok! Entendi. Ele não queria tirar a minha virgindade, o que era uma grandessíssima merda!
- Tudo bem! – suspirei resignada e revirei os olhos. – Diga você o que pode me ensinar – ele sorriu satisfeito.
- Hum!
Entortou a boca de uma forma encantadora e olhou para os lados pensando no que fazer. Suas mãos nos bolsos da bermuda o deixavam ainda mais provocante. Queimei por dentro imaginando a infinidade de coisas que gostaria de fazer com o meu professor.
- Pare de me olhar deste jeito, Charlotte... – ele passou os dedos em meus lábios. – Não me olhe assim.
- Assim como?
Sussurrei encantada com a sua proximidade. Alex levou a mão aos meus óculos retirando-os.
- Que tal se você me mostrar como... – se aproximou voltando a ficar entre as minhas pernas. – Como tem feito a sua lição de casa.
Fiquei pálida! Como assim?
- Vamos ver no que vai dar – e me beijou sem me dar chance de pensar no assunto.
Porra, Alex me beijou!
Seus lábios se encaixavam nos meus de maneira perfeita, como se fôssemos feitos uma para o outro, como se tivessem a textura, o sabor e o tamanho, tudo exato para mim. E a forma como ele fazia? Caramba! Era tão bom que me distraía. O que ele tinha me pedido mesmo? E então ele me abandonou, roçando os lábios em minha pele e deixando suas mãos brincarem em minhas costas e braços.
- Vamos para o sofá – aquela voz rouca que me deixava toda eriçada simplesmente me conduziu. Ele ordenou e eu obedeci imediatamente, como a boa aluna que era.
Caminhamos de mãos dadas, eu na frente e ele logo atrás. Quando eu o buscava com os olhos, o pegava me observando, olhos quentes, boca meio aberta e a respiração pesada.
Chegamos à sala e ele assumiu o controle me posicionando no sofá. A princípio sentamos e ele me beijou, sua língua explorando, exigindo a minha e destruindo toda capacidade de pensar e decidir.
Ali eu era apenas uma marionete a postos para atender todos os seus comandos.
Porque era isso o que meu professor fazia comigo, sugava todas as minhas vontades, arrancava de mim o que queria e me conduzia de maneira tão luxuriosa que eu chegava a me esquecer do mundo.
E ele apenas me beijava e acariciava meu pescoço e braços.
Eu sabia que Alex não ficaria só naquele ponto, até porque, já tínhamos ido além. Talvez por isso o meu corpo reagisse de maneira tão frenética. Eu sabia qual seria a minha recompensa e a desejava como quem deseja a cura para uma doença incurável.
Por isso, à medida que o nosso beijo nos deixava mais íntimos, que o tesão começava a nos dominar, o professor Frankli avançou. Não como um adolescente afoito, que descobria cada passo e se deleitava neles, e sim como o mestre que era, com a paciência necessária e que poucos possuíam.
Ele apertou a minha cintura e gemeu em meus lábios. Minha pele inteira se arrepiou. Suas mãos, mais ousadas, não só acariciavam os braços, mas ultrapassavam a camisa e tocava-me com conhecimento, causando um alvoroço em minhas células.
Então ele avançou, empurrando o meu corpo com o dele, deitando-me sobre o sofá, sem permitir que seu corpo ficasse sobre o meu, o que me deixou meio frustrada. Seria ótimo sentir sua ereção, mostrando-me o quanto me desejava e me levando ao delírio completo, como tinha acontecido das outras vezes.
Alex se deitou ao lado, sem desconectar seus lábios dos meus. No entanto, suas mãos ficaram mais ousadas, avançando com determinação, levantando a minha camisa, apertando e acariciando o que encontravam. Gemi e, sem conseguir me deter, me movimentei usufruindo do prazer de ser tocada pelo meu professor.
Novamente ele abandonou meus lábios, seguindo com os seus em direção ao decote. Puta merda! Pensei que explodiria. Gemi despudoradamente, sem a menor intenção de esconder o quanto desejava aquele toque.
Alex segurou a minha mão, que por sinal estava em seu braço, explorando aqueles músculos tão evidentes e, bem lentamente, a escorregou dos meus seios até o centro das minhas pernas, por cima do short. Eu o queria e faria qualquer coisa para tê-lo.
Porra! Fechei os olhos e me permiti, mesmo sabendo que ele me olhava, que assistia de camarote todos os meus movimentos. Alex apertou minha mão ali, fazendo-me sentir a textura dura dos meus dedos magros sob os seus longos e grossos.
Aprofundando o beijo, esfregou minha mão em meu sexo, com um ímpeto que me deixou ainda mais ansiosa. Sufocando seus gemidos, mas permitindo os meus, e desfrutando de tudo o que extraía de mim.
- Faça! – ordenou em meus lábios, com a voz rouca e o corpo se apertando ao lado do meu.
No mesmo momento, sua mão que abandonou a minha, subiu pelo meu corpo. Ele mordeu meu lábio inferior e um rosnado, capaz de me fazer esquecer o meu próprio nome, saiu da sua garganta quase no mesmo segundo em que alcançou o meu seio.
Meu. Deus!
Seus dedos brincando com a minha pele eram enlouquecedores, mas sua mão inteira em meu seio, ultrapassando o tecido do top e tocando-me sem reservas era de tirar o meu fôlego. Mas quem precisava de ar, tendo Alex tão intenso?
- Faça, Charlotte! – ordenou mais uma vez.
Timidamente testei minha mão em meu sexo por cima do short jeans. Meus dedos me acariciaram e foi gostoso. Apertei um pouco mais, mesmo eu de olhos fechados, podia sentir os olhos do meu professor me queimando. Alex verificava se eu tinha aprendido direitinho.
Droga! Era muito bom, mas não tanto quanto foi com ele. Então retirei minha mão e voltei a tocá-lo, me prendendo em seu braço e me virando para colar nossos corpos.
Alex correspondeu, colando-se a mim, puxando-me pelos quadris e voltando a me beijar vorazmente. Se esfregou em mim, deixando-me sentir toda a sua potência, então girou nossos corpos, ficando parcialmente sobre mim. Uma perna, passou por baixo da minha que estava com o joelho machucado, levantando-a para não piorar seu estado. Sua ereção muito perto do meu sexo.
- Aqui – levou mais uma vez a mão até meu centro de prazer, desta vez abriu o botão do meu short e desceu o zíper. – Coloque aqui – e, conduzindo minha mão, a fez adentrar o tecido e tocar em minha carne.
- Alex! – gemi saboreando a sensação de seus lábios descendo até meus seios.
- Quero ver você gozar, Charlotte!
- Puta que pariu!
Escapou dos meus lábios sem que eu tivesse qualquer controle sobre minha capacidade de frear qualquer xingamento. Abri os olhos e o encontrei me encarando. Azul profundo, cativante, abusivo, em um azul raso, incapaz de esconder o que desejava ou sentia. E o que eu queria, naquele momento, era dar a ele o que me pedia.
Ainda pude ver seu sorriso presunçoso se alongar e estender em seus lábios. A certeza e confiança que poucos conseguiam ter e que ele expressava ali, bem na minha frente, ciente do seu poder absoluto sobre mim.
- Ah, menina! – e meneou a cabeça, voltando a me beijar com desejo, mas permitindo que seus lábios saboreassem tudo o que existia em mim.
Após alguns segundos sua língua parou de desfrutar da minha e roçou meu queixo descendo, em pura luxúria, até rodear o bico do meu seio direito e, depois de uma longa tortura, que me fez movimentar com mais intensidade os dedos por dentro da minha calcinha, ele foi ao esquerdo, seus lábios se apossando dele, sem abandonar o outro, pois, sua mão cobriu a carne desnuda com seus dedos brincando com o bico intumescido.
- Alex!
Gemi alto fazendo o que eu havia aprendido, deixando que meus dedos me tocassem, pressionassem o clitóris e se esfregassem pelos lábios vaginais enquanto sua língua devassa usufruía da minha carne, se aventurando em meus montes volumosos, deixando-me em êxtase.
Puro êxtase.
Ele se movimentou, incentivando-me, estimulando-me com a sua ereção sólida, longa e cheia de promessas que eu não sabia se seriam cumpridas. Suas mãos apertavam e seus lábios sugavam e eu apenas me entregava, sentindo, saboreando e me permitindo.
Então eu gozei. E foi incrível.
Meu corpo se arqueou, pulsou, esquentou e, em seguida se desintegrou, quebrando-se em pequeníssimos pedaços, que se espalharam como poeira cósmica ocupando todo o espaço daquela casa.
- Charlotte? – ouvi Alex chamando, mas não tive coragem de abrir os olhos. Ainda me sentia flutuando.
- Hum! – gemi baixinho e ele riu.
- É! Você sabe mesmo como se entregar ao momento – brincou e acariciou meu rosto. Abri os olhos e o encontrei muito próximo. As bochechas rosadas e os olhos brilhantes, ainda em chamas. – Você perde o foco – sussurrou ao passar o polegar em meus lábios e depositar um beijo casto neles.
- Isso é ruim? – me espreguicei sem querer me afastar dele e ainda sentindo a emoção do orgasmo recente.
- Depende – sorriu lindamente.
- De quem?
- De quem quiser prolongar a brincadeira.
Ele pegou minha mão, aquela que segundos antes brincava com meu corpo e me levou para outro mundo, escolheu o dedo do meio e, pegando-me de surpresa, o colocou na boca, lambendo o líquido que havia ficado. A prova concreta do meu pecado.
Aquilo foi tão forte e sexy que fiquei sem ar. Deliciada demais em saber que ele me provava, sentia o meu sabor e o aprovava.
Então me dei conta. Alex não podia ficar apenas me observando. Não podia somente me dar prazer sem receber nada em troca. Merda! Eu estava fazendo tudo errado.
Puta. Merda!
Nunca mais, nunca mesmo, eu entraria em um confessionário.
- Alex... – ele me interrompeu com um dedo em meus lábios.
- Foi ótimo! Você foi incrível, agora eu quero que vá para casa, cuide deste ferimento – acariciou minha coxa e algo em mim começou a reviver. – E escreva.
- Mas, Alex...
- Escreva – e eu não consegui contestar.
- Tudo bem.
Mal sabia ele que eu não desistiria com facilidade.
Capítulo 8
“Alguns elevam-se pelo pecado, outros caem pela virtude”
William Shakespeare
Charlotte
Pensei ao conferir pela última vez o meu texto. Passei boa parte da madrugada escrevendo e me sentindo perfeita, incrível, leve, sedutora desejável... Eu me sentia tão... Não dá para explicar.
No entanto, eu não tinha passado vinte e um anos sendo a garota certinha para perder a minha capacidade de raciocinar em poucos dias. Apesar de ter a certeza de que a minha decisão era um erro, um pecado, não, eu jamais culparia o meu professor por ter concordado comigo.
Tá! Não vou dizer que ser carola e temer a Deus evitando os pecados carnais fazia parte da minha personalidade. Longe disso. Mas eu sabia que era um pecado, um desrespeito a todo o meu senso de moral o que eu estava fazendo. Principalmente o que eu estava fazendo com o meu professor.
Eu o deixava perdido, confuso. Definitivamente, o estava enlouquecendo. Só não sabia se era no bom sentido, já que ele, apesar de demonstrar gostar do que fazíamos, não encontrava prazer em fazê-lo.
Shakespeare tinha toda razão. Mesmo que tudo o que eu fizesse fosse considerado pecado, eu não voltaria atrás, pois sabia que a minha salvação estava naquelas aulas e em tudo o que Alex me ensinava. No entanto, se as palavras do meu escritor favorito fossem realmente verdadeiras, esta seria a ruína do meu professor, pois ao aceitar me ensinar, ele colocava sua carreira e reputação em risco.
Confesso que não gastei muito tempo pensando no assunto. Acordar cedo, enfrentar o trânsito, ouvir as histórias de Miranda sobre o carinha novo, tentar não me irritar com o bom humor matinal do Johnny e me manter acordada durante toda a aula sem ajuda de cafeína foi sacrifício suficiente.
Meu corpo só começou a reagir realmente depois do almoço. Miranda, Johnny e eu nos encontramos em um restaurante próximo a faculdade, já que teríamos aula à tarde, o que me deixou profundamente irritada, pois minha mente cobrava as horas de sono que perdi ao ficar escrevendo.
- O padrinho ligou – meu amigo começou enquanto devorava o seu filé com fritas. Nunca antes vi alguém gostar tanto deste prato como Johnny. Uma aberração, como dizia a minha mãe.
- O “padrinho” sempre liga – desdenhei do meu amigo que sorriu amplamente.
- Tem certeza que não quer casar comigo? É uma forma de garantir a sua herança – revirei os olhos. Johnny sabia o quanto me irritava com aquela conversa de casamento.
- Você sabe muito bem que o meu pai não quer isso. Ele brinca – Johnny riu com a boca cheia de batata frita.
- Você não aprendeu nada com a madrinha? – Miranda o repreendeu. Aqueles dois brigavam o tempo todo, mas não se desgrudavam.
- A madrinha fez de vocês duas, as bonecas dela. O padrinho fez de mim um homem.
- Um homem grosseiro e mal-educado – ela rebateu e ele pegou mais um bocado de batata colocando tudo de uma vez na boca.
Johnny era uma criança quando não tinha a supervisão cerrada do meu pai. Na frente dele meu amigo se transformava, tornando-se o administrador em quem “o padrinho” colocava toda a sua esperança, já que a filha única não queria nem pensar em administrar hospitais.
- O que papai queria? – cortei meu bife acompanhando a implicância dos dois. – Parem com isso! Todo mundo está olhando para a nossa mesa.
- O Shrek começou – falou Miranda dando risada e nós a acompanhamos.
- O que o papai queria, Johnny?
Repeti vendo-o olhar para os lados como se quisesse se certificar de que sua resposta não sairia dali. Fiquei tensa. Então ele me olhou, abaixando um pouco o corpo, se encurvando sobre a mesa e sussurrou: - Saber sobre a formatura – Miranda gargalhou.
Eu tentava fugir da festa de formatura desde que entrei na faculdade. Ficar exposta em um palco, falar em um microfone para um auditório lotado e ser o centro das atenções, não estava em meus planos. Infelizmente, a medida em que me destacava em todas as matérias, passando receber elogios cada vez mais pomposos dos meus professores, que por acaso não se faziam de rogados quando viam o meu pai, e este estava sempre disposto a patrocinar qualquer boa causa que eles discutissem, eu me vi cada vez mais envolvida e obrigada a me conformar com este fardo.
Seria o meu fim.
- Você vai fazer um discurso – ele voltou a falar com a voz normal. – E padrinho quer saber como anda o seu projeto final.
Corei significativamente ao pensar no quanto e no porquê de o trabalho estar incrível.
- Claro que eu disse a ele que você anda à procura de experiências para...
- Você o quê? – gritei fazendo com que todos olhassem em direção à nossa mesa. Miranda e Johnny gargalharam. – Vá à merda, Johnny! Seu imbecil!
- Claro! Também falei do quanto a filha dele se tornou uma pornográfica e boca suja.
- Olha, porque você...
E naquele instante eu o vi. O professor Frankli entrou no restaurante fazendo com que todo resto perdesse o foco. Cara, existe muita gente bonita, mas o meu professor abusava deste quesito.
Ele simplesmente entrou, conversando e sorrindo com o Professor Prado, usando o habitual terno escuro, que naquele corpo ficava realmente incrível, e óculos de sol.
Vi na hora em que algumas mulheres acompanharam os dois com olhares e cochicharam umas com as outras, com risinhos infantis. Ele retirou os óculos e concordou com a cabeça, em um gesto educado e cordial, no momento em que o garçom lhes indicava a mesa que ficariam.
Johnny pigarreou ao meu lado e, para esconder o embaraço, levei a mão ao rosto ajeitando os óculos que insistiam em descer pelo meu nariz.
- O que ele tem feito em relação ao seu projeto? – meu amigo quis saber. Sua pergunta fez com que o meu rubor alcançasse minhas orelhas e descesse pelo meu pescoço.
- Hum – clareei a garganta e preferi beber um pouco do meu suco de acerola. – Ele tem me ajudado com algumas pesquisas e – precisei limpar mais uma vez a garganta sentindo um bolo incômodo. – Tem me orientado sobre como descrever certas... – olhei na direção do meu professor novamente – situações.
- Ele está gostando de como o texto dela está ficando – Miranda disse olhando nossos professores na outra mesa. Droga! Ela ainda o queria. O que eu estava fazendo? – Ele é mesmo bonitão, não?
- Não acho – Johnny brincou. – Ele não faz muito o meu estilo. – rimos, mas eu não consegui comer mais nada. Apenas me forcei a tomar o suco para não chamar a atenção dos meus amigos.
Depois de uns vinte minutos pedimos a conta, Johnny pagou, claro, ele não aceitava que meu pai custeasse as suas despesas e ele simplesmente me deixasse pagar o meu almoço. Coisas que faziam parte da filosofia de Jonathan e que eu não poderia questionar para não ofendê-lo.
Para mim não fazia a menor diferença, no final das contas era o meu pai que arcava com qualquer valor gasto por nós três, independentemente de quem pagasse a conta.
- Vamos passar por ele – Miranda sugeriu no seu melhor estilo autoritário.
- Ah, não, Miranda! – Johnny protestou, enquanto ela já me puxava pela mão.
- Miranda, não!
- Você tem motivo para falar com ele, Charlotte. Não seja tola.
- Mas... Não...
- Oi, professores! – ela parou em frente à mesa deles com um sorriso imenso.
Tanto o professor Frankli quanto o professor Prado nos olharam um pouco surpresos. Tudo bem que o restaurante não era um lugar comumente frequentado por alunos, já que era muito refinado e caro, apesar de servir filé com batatas fritas, mesmo assim não havia motivo para eles me lançarem aquele olhar de espanto, como se fosse um absurdo alunos frequentarem aquele ambiente.
- Charlotte Middleton! – o professor Prado me avaliou dos pés à cabeça e depois sorriu, passando a mão nos cabelos. – Miranda, Jonathan – completou educadamente.
- Como vai, professor? – Johnny manteve a postura madura que assumia na frente de pessoas que não faziam parte do nosso grupo.
Tentei manter a cabeça baixa e evitei ao máximo olhar para eles dois, mas meus olhos me traíram e eu tive que olhá-lo. Levantei a cabeça timidamente e vi que Alex se remexia desconfortável com a nossa presença e isso me deixou um pouco angustiada. Meu estômago embrulhou e me esforcei para não gemer de contrariedade.
Como ele podia continuar sendo tão detestável depois de tudo o que fizemos um dia antes?
Como podia me cobrir de beijos tão ardentes, me tocar da maneira como me tocava e simplesmente me desprezar como se não existisse nenhuma intimidade entre nós dois?
Merda!
Lógico que nada existia entre nós dois. Aquilo era somente um acordo. Um acordo que ele se viu forçado a aceitar e que, de certa forma, o afligia e ameaçava. Engoli em seco quando ele finalmente me olhou e aqueles olhos azuis capazes de conter todo o céu nas noites de lua, me deslumbraram.
- Como vai, Charlotte?
Abri a boca e fechei inúmeras vezes sem saber como fazer para as palavras saírem e me senti totalmente ridícula por isso. Tenho certeza de que meu rosto entregava o meu embaraço e agradeci mentalmente por nenhuma pessoa, além de mim e do meu professor, saber do que fazíamos quando ninguém estava olhando.
- Bem – respondi timidamente. – Enviei um e-mail para o senhor, hoje pela manhã – engoli para umedecer as cordas vocais e fazê-las funcionarem melhor. – Cedo – completei.
Alex, com a mão na nuca, acariciando os cabelos daquela região, e o cotovelo sobre a mesa, me olhou de maneira estranha. Uma forma muito estranha e embaraçosa. Meu ar ficou preso, meu coração acelerou, meu estômago protestou e eu pensei que minha garganta precisava de água. Levei a mão aos óculos para ajustá-los e também para me esconder.
- Eu vi, só não tive tempo de verificar o arquivo ainda – assenti e dei um passo para trás puxando Miranda pela mão.
- Charlotte, eu tenho uma curiosidade a seu respeito – o professor Prado falou desviando a minha atenção. Vi quando Alex olhou pela janela, incomodado demais por estarmos prolongando a nossa permanência ali. Mesmo assim aguardei. – O seu nome, Charlotte Middleton – concordei com a cabeça. – De onde vem este sobrenome?
- Inglaterra, professor.
- Legal! – ele disse sorrindo. – Sua família é descendente?
- Eu sou inglesa – disse sem conseguir encontrar a voz adequada.
- Você é inglesa? – o professor Frankli se voltou para mim interessado em nossa conversa. – Você ou seus pais?
- Eu, professor Frankli – e eu descobri naquele instante, que tratá-lo com formalidade era algo sexy. Senti meu corpo correspondendo ao pensamento. – Nasci na Inglaterra e vim morar no Brasil ainda criança.
- Seu português é perfeito – ele disse e desviou o olhar.
- Como eu disse – sorri satisfeita. – Vim para o Brasil ainda criança.
- Isso explica muita coisa – o professor Prado falou. – O tom da sua pele, por exemplo.
“É. E a falta de atributos físicos.” Tive vontade de acrescentar sentindo-me desanimada.
- Bom... Nós já... – eu ia me despedindo, tentando fazer a minha amiga recuar, mas foi inútil.
- Vocês dois vão se encontrar hoje? – ela perguntou fazendo-me encará-la como se o mundo estivesse em chamas.
- Miranda!
- Você não mandou o arquivo? – ela perguntou inocentemente. – Pensei que vocês estivessem correndo contra o tempo. – Não tive coragem de olhar para o meu professor, mas ouvi uma risadinha partida do professor Prado, que me fez desejar me desintegrar e desaparecer na atmosfera.
- Nós teremos aula em breve, então poderemos discutir qualquer dúvida por e-mail, Miranda – Alex respondeu e dava para sentir a aspereza em sua voz.
- Vamos, meninas! – Johnny nos chamou, deixando-me agradecida pela intromissão. – Eu tenho aula em meia hora – vi a impaciência do meu amigo e o quanto ele estava incomodado.
- Com licença – saí puxando Miranda antes que ela abrisse a boca para falar mais besteiras.
- O João Pedro é até um cara legal, mas Alex Frankli – Johnny entortou a boca enquanto acionava a trava do carro.
- Ele não é o tempo todo assim – defendi meu professor sem me dar conta do que estava fazendo.
- Ah, não? – Miranda me olhou daquela forma que ela sempre olhava quando encucava com alguma coisa.
- Ele está me ajudando, não está? – entrei no carro, sentando no banco do carona. Seria mais fácil fugir da minha amiga se eu não tivesse que olhá-la nos olhos.
- Ok, Charlotte! – ele resmungou desistindo.
***
Duas aulas chatas. Meus olhos estavam definitivamente fechando, enquanto eu me esforçava para fingir interesse. Não podia desapontar meus professores. Quando saí e fui em direção ao carro de Johnny, nem ele nem Miranda haviam chegado ainda.
Resolvi esperar embaixo de uma árvore, do outro lado da rua. Peguei o celular e comecei a digitar uma mensagem para os dois quando o carro preto e alto parou ao meu lado. O vidro escuro baixou lentamente revelando o meu professor fantástico com seus óculos escuros. Ele realmente ficava semelhante a um deus estando daquela forma.
- Charlotte! – disse rudemente me intimidando.
- Professor – engoli em seco sem saber o que ele pretendia parando em um lugar onde circulavam tantos alunos.
- O que exatamente você falou para a sua amiga? – respirei fundo sem entender, de repente me dei conta.
- Nada – respondi simplesmente – Apenas que o senhor está me ajudando a salvar o meu projeto.
- Não me pareceu nada pela forma como ela falou hoje no restaurante – fiquei meio segundo sem saber se o xingava ou se simplesmente o ignorava. O que Alex estava pensando que eu era?
- Deve ser o seu medo absurdo por fazer algo ilícito, professor. Ele está fazendo com que o senhor enxergue o que não existe, onde não há nada.
- Não é... – ele comprimiu os lábios, formando uma linha reta. – Não é ilícito, tá legal? É
imoral, antiético, socialmente incorreto...
- Tá! – o interrompi bruscamente. – E aonde isso vai nos levar mesmo? – ele parou surpreso, umedeceu os lábios e depois sorriu.
- Você não contou nada? – continuou olhando para frente.
- Eu não vou responder, professor. Se não confia em mim esta é a sua chance de ir embora – senti uma raiva descomunal se apossar de mim. Ele ficou em silêncio, sem me olhar, mas também não foi embora, como eu pensei que faria.
- O que faz aqui?
- Estou aguardando Johnny e Miranda – eu me sentia como uma criança sendo repreendida.
Respirei fundo segurando a minha raiva.
- Quer uma carona? – o quê?
Ele parava ali, me acusava de ser uma fofoqueira, falava comigo daquela forma absurda e me oferecia uma carona como se não tivesse feito nada de errado?
- Não, professor, obrigada! – Alex olhou para os lados conferindo o movimento, retirou os óculos, o que me fez ajeitar os meus, um hábito incontrolável, e me encarou.
- Entre no carro, Charlotte! – meu corpo inteiro eriçou.
- Eu...
- Entre – olhei para os lados e então como se minha vida dependesse disso, acelerei o passo e entrei, como uma criminosa, no carro do meu professor.
***
- Não é do jeito que você está pensando, Charlotte – ele continuava com as mãos no volante, encarando o mar mais adiante.
Estávamos parados na Urca, o carro ligado, o ar-condicionado no máximo e o meu professor, visivelmente nervoso, ou ansioso, tentando me convencer de que não queria voltar atrás, mas que também não achava certo continuarmos.
Vá entender!
- Hum! – entortei a boca sem saber como agir com alguém tão confuso. – Na verdade, professor, eu não estou pensando nada.
- E eu já te pedi para não me chamar de professor quando estivermos juntos – fez uma careta como se estivesse sofrendo.
- Mas não estamos juntos... pelo menos não agora... nesse momento – completei com todo o cuidado para não despertar a ira dele. Alex suspirou pesadamente e me encarou ainda de óculos de sol.
- Não... – balançou a cabeça em negação e depois riu sem muita vontade. – Tá legal, Charlotte!
Você entendeu que Miranda nunca poderá descobrir o que está acontecendo entre a gente, não é?
- Ela não vai saber – suspirei cruzando os braços na frente do peito.
Encarei a rua desejando sair do carro o quanto antes. Não aguentava mais sentir meu celular vibrar, eu sabia que era Miranda querendo saber onde eu estava. Ela nunca engoliria a mensagem que enviei dizendo que peguei uma carona com o Henrique, o carinha do grupo de xadrez.
Sim, isso existe.
Sim, no século XXI.
- Se ela souber eu vou reprovar o seu projeto, esteja ele maravilhoso ou não – olhei para o meu professor sem acreditar naquela ameaça.
- Eu não acho que esteja em uma posição tão favorável assim, professor! – estreitei os olhos encarando-o.
Ele retirou os óculos escuros e de novo não consegui conter minha mão conferindo os meus.
Ele me encarou com um misto de sentimentos que me deixou insegura. Ok! O professor Frankli poderia anular o meu trabalho se quisesse e eu nada poderia fazer, a não ser acusá-lo, mas eu nunca faria algo assim.
Jamais.
Sem graça pela discussão que estávamos travando, desviei os olhos e encarei minhas mãos sobre as coxas. Senti meu rosto corar e depois corar tanto que o calor das minhas bochechas desceu pelo meu pescoço e esquentou minhas orelhas.
Então o ouvi suspirar e depois vi sua mão sobre a minha. Seus dedos longos tocando os meus e roçando em minhas coxas nuas. Fiquei arrepiada. Bendita hora em que Miranda me convenceu a usar aquela saia xadrez. Mordi os lábios.
- Seus joelhos ficaram bem machucados – sua voz estava mais calma o que me tranquilizou. – Desculpe!
Levantei os olhos encarando-o. Ele sorriu, mas não foi um sorriso amplo, foi apenas um apaziguador, como se realmente não quisesse levar aquele desentendimento adiante.
- Eu realmente estou nervoso com a nossa situação.
- Eu sei – minha voz saiu meiga e doce. Não entendi porque, mas como ele abriu mais seu sorriso deixei passar.
- Não estava falando sério sobre anular o seu projeto – foi a minha vez de sorrir. O meu foi enorme, repleto de felicidade e alívio.
- Nem vai pular fora por não conseguir se livrar do seu sentimento de culpa? – ele fez uma careta e deixou de me olhar, recolhendo a mão.
- Eu acho que vou carregar essa culpa comigo pelo resto da vida, Charlotte – fui mais ousada e segurei a mão dele. Meu professor me olhou um pouco surpreso, mas não tirou a mão da minha.
- Alex, está tudo bem. Você não precisa fazer isso. Já fez o suficiente, por mim – afirmei não muito certa se era realmente o que queria dizer.
Ele sorriu e enroscou os dedos nos meus.
- E o que você vai fazer? – dei de ombros.
Não ia ameaçá-lo dizendo que procuraria outra pessoa e tal. Não dava para ser mimada e infantil o tempo todo. Mesmo assim, meus olhos ficaram marejados. Era o que sempre acontecia quando eu não conseguia algo que desejava. E eu o queria, e muito.
- Não dá para voltar atrás, Charlotte – disse meio como se fosse uma confissão. As palavras sussurradas e sérias. Sorri largamente. – Seu trabalho está ficando muito bom. De verdade. Eu já gostava da sua escrita, da lógica e dos detalhes, assim como da sua linha temporal. Sempre achei que você era bastante madura nesta parte, só faltava mesmo... – e parou apertando os lábios um no outro.
- O sexo – completei ainda sorrindo.
- Isso.
- Então agora não falta mais nada – eu disse olhando-o para avaliar sua reação. Alex me encarou, hipnotizando-me com seus olhos incríveis e aquele sorriso preguiçoso brincou em seus lábios.
- Você ainda não tem nem ideia do que é sexo, menina.
Puta que pariu!
Como ele conseguia me dizer uma pequena frase e com ela fazer o meu corpo inteiro incendiar? Mordi o lábio inferior sem muita consciência de que fazia.
Alex alisou meu rosto, levantando-o pelo queixo e forçando o azul sem graça dos meus olhos a se fundirem ao azul perfeito e profundo dos seus. Seu queixo estava mais rígido, mandíbula trincada, respiração pesada, fazendo suas narinas abrirem e fecharem. Típico de alguém com raiva. Só que não era o que estava acontecendo com o meu professor. Não, não era. Eu tinha plena e total certeza disso.
Ele me olhava com mais intensidade enquanto seus dedos lentamente traçavam voltas curtas e suaves em minha pele. Então seus olhos desviaram até encontrarem os meus lábios que se abriram em expectativa. Ele me beijaria. E eu queria ser beijada por ele.
Porra, eu queria muito mais com ele, no entanto ser beijada já estava de ótimo tamanho.
No momento em que eu quase fechava os meus olhos ansiando pelos milésimos de segundos que antecipavam o beijo tão esperado, meu professor balançou a cabeça e se afastou. Fiquei tonta.
Era intensidade demais para me manter estável.
- O que vai fazer hoje à noite?
Respirei profundamente tentando desanuviar meus pensamentos.
- Eu acho que... escrever? – Alex sorriu e concordou com a cabeça.
- O que acha de fazermos isso juntos? Em minha casa? – ele pareceu hesitante, mesmo assim fez o convite. E eu não sabia se sorria educadamente ou se dava piruetas adolescentes de felicidade.
Aquilo sim era evolução. Aquela era a conversa que eu queria ter desde o início, e, finalmente, Alex entrava no campo em que eu queria jogar.
- Você escreve e eu te oriento, assim vamos conseguir adiantar bastante o seu trabalho, já que temos pouco tempo – continuei sorrindo como uma boba sem conseguir dizer nada. – Esse sorriso genuinamente satisfeito é um sim? – e ele sorriu também. Tão lindo quanto os príncipes dos contos de fadas. Balancei a cabeça concordando. – Ótimo! – arrancou o carro, colocando-o em movimento. – E
será que você consegue uma boa desculpa para passar a noite fora outra vez?
O quê? Quase engasguei com aquela informação. Passar a noite fora. Então...
- Não – ele respondeu como se pudesse ler os meus pensamentos. – Nada de ficar imaginando bobagens, Charlotte Middleton.
- Ultimamente é só o que eu tenho feito, Alex – e continuei sorrindo como uma idiota.
Capítulo 9
“Você faz suas escolhas e suas escolhas fazem você”
William Shakespeare
Charlotte
Exatamente isso, Shakespeare. Exatamente. Eu estava escolhendo passar a noite ao lado daquele lindo homem, independentemente do tipo de problema que arranjaria com meus amigos e a minha família. Eu iria com ele.
- Você mora em um flat? – ele riu sem acreditar.
Não entendi.
- Moro. Porque não poderia morar?
- Não sei. Eu pensava que alguém como você tinha uma vida mais certinha, mais regrada.
Morar em um flat não corrobora muito esta ideia – ele continuou sorrindo com aquela cara de bobo alegre.
- Pois é em um flat que eu moro, professor Frankli e se não quiser que Miranda fique sabendo que cheguei com o senhor, é melhor me deixar aqui na esquina – ele deu sinal, jogou rapidamente o carro, parando em seguida.
- Você tem razão.
- Qual é o seu problema com a Miranda? – Alex desviou o olhar e seus dedos apertaram com força o volante.
- Nenhum, Charlotte. Miranda foi minha aluna, apenas isso – tentou manter a voz calma, falhando consideravelmente. – Se ficarmos conversando no carro nos arriscaremos ainda mais. Nos encontramos lá em casa daqui a duas horas, pode ser?
- Duas horas?
- Preciso resolver algumas coisas antes de dedicar o restante da minha noite a você... Digo, ao seu projeto – e me olhou de forma quente.
Puxei o ar prendendo-o nos pulmões e ajeitei meus óculos, concordando.
- Vai logo, Charlotte – disse brincalhão. – Você consegue deixar qualquer ambiente sufocante.
E eu não sabia o que ele queria dizer com aquilo. Como assim? Eu o estava sufocando? Estava incomodando? Porra! Por que Alex fazia aquelas coisas?
- Desce, Charlotte – e falou de forma séria. Tão séria que eu desci sem me despedir e ainda cheia de inseguranças.
Corri para casa. Precisava urgentemente das minhas calcinhas novas e também de uma boa desculpa para dar a Miranda. Ela não entenderia se eu dissesse que passaria a noite com meu professor que estava me ensinando tudo sobre sexo, ou quase tudo.
Principalmente pelo fato de o professor em questão ser uma vítima da obsessão da minha melhor amiga. Droga! Dava para acreditar que eu seria capaz de fazer aquilo mesmo? Não. Não dava. Indubitavelmente não. Há duas semanas, com certeza, eu estaria em uma biblioteca, escrevendo sem parar, anotando as minhas pesquisas e pensando em meu futuro brilhante como escritora.
Ok, para ser totalmente sincera, eu ainda pensava em como o meu futuro como escritora seria brilhante. Principalmente depois das aulas... Porra, as aulas! Que aulas! Suspirei ao subir os pequenos degraus que me levavam até o flat, rindo sozinha da cara de espanto do meu professor ao saber daquele detalhe.
- Oi, Vítor! – droga! O Vítor já havia chegado, o que me deixaria em maus lençóis.
- Boa tarde, Srta. Charlotte!
- Boa! Viu o Johnny por aí?
- Não desde que cheguei, mas vi a Srta. Miranda. Ela já esteve aqui duas vezes.
- Sério? – olhei para os lados me sentindo observada. Por que Miranda se daria ao trabalho de descer duas vezes?
- Sim, senhora.
- Obrigada!
Fui até o elevador já com o telefone na mão. Era importante arranjar uma desculpa convincente.
- O que aconteceu? – a voz de Johnny do outro lado da linha estava exaltada.
- Nada – olhei para os lados conferindo se não havia ninguém muito próximo para ouvir. – Peguei uma carona com o Henrique porque minha aula acabou mais cedo.
- Só que você não estava em casa. Miranda ligou três vezes – revirei os olhos. Ele sempre tentava ser o irmão mais velho mesmo sendo um ano mais novo.
- Fui dar um passeio na praia.
- Na praia? Conta outra, Charlotte! O que você estava fazendo com o Henrique?
- Johnny! – falei um pouco mais alto, o elevador chegou e entrei ficando mais protegida de curiosos. – Eu fui realmente à praia. Preciso de um favor seu.
- Não vem que não tem.
- Por favor! Por favor!
- Fala sério, quer mesmo sair com o Henrique?
- O quê? Não! Não é nada disso! – comecei a quicar dentro do elevador com medo de a porta abrir e Miranda entrar decidida a verificar mais uma vez se eu já tinha chegado.
- O que você quer exatamente, Charlotte?
- Que me ajude. Preciso que confirme para Miranda que eu vou passar a noite com você.
- Você tá maluca? – ele bradou do outro lado. – Não vou fazer merda nenhuma!
- Johnny, é importante! – implorei baixinho quando o elevador parou no andar. – Eu faço tudo o que você quiser.
- O Henrique é importante? Até ontem ele era um idiota que corria atrás de você e com quem, até onde eu sei, você não teve a menor intenção de ficar.
- Não é nada disso, me escuta. Eu não posso te contar, mas não vou fazer nada de errado, eu juro – consegui mentir descaradamente. No fundo eu esperava fazer tudo o que julgava ser errado.
Pecar sem medo.
- Não vou fazer isso, Lottie – e só o fato de ele me chamar pelo apelido que meus pais usavam, já deixava claro que meu amigo estava quase cedendo aos meus apelos.
- Eu só preciso de um tempo, Jonathan. Juro! Miranda está me deixando louca e eu preciso escrever.
- Conta outra. Eu vou fazer este favor apenas porque você sempre quebra os meus galhos.
Porém... – fez uma pausa proposital e eu tive vontade de socá-lo. Nada era de graça para Johnny. – Amanhã eu quero saber exatamente o que está acontecendo.
- Johnny! – gemi.
- Quero saber, ou será a sua primeira e última vez. Estamos entendidos?
- Tudo bem – olhei aflita para a porta enquanto procurava minha chave na bolsa.
- Amanhã. Não faça nenhuma besteira, Charlotte. O padrinho...
- Eu sei, eu sei. Droga! – ele riu. – Valeu, maninho!
- Vai nessa, morena papel.
- Idiota!
E desliguei abrindo a porta.
A sala estava escura, assim como a cozinha americana, a sala de jantar, a varanda e, pelo que percebi, todo o andar de baixo estava na maior escuridão. Apesar do silêncio eu sabia que a minha amiga estava lá, em algum lugar, esperando por mim.
Subi fazendo questão de fazer barulho, batendo as sapatilhas no chão. Ela não apareceu. Do último degrau eu pude ver a luz saindo do quarto dela, que ficava antes do meu e estava com a porta aberta. Respirei fundo tentando aparentar tranquilidade.
Assim que cheguei a avistei sentada na cama, os fones no ouvido, um sorriso imenso no rosto.
Pintava as unhas dos pés. Miranda amava esmaltes então fazer as unhas no sábado não a impedia de pintá-las outra vez na segunda-feira.
Ela conferiu o celular, respondeu uma mensagem com um sorriso apaixonado e olhou distraidamente em minha direção, me vendo parada lá. Minha amiga soltou um grito e depois, com a mão no peito, começou a rir.
- Droga, Charlotte! – falou alto demais levando a mão ao peito, com todo o cuidado, o que me fez entender que o esmalte ainda estava fresco, retirou os fones. – Onde você estava? – olhou para a janela conferindo que começava a anoitecer.
- Fui caminhar na praia. Preciso fazer umas coisas – comecei a sair do quarto, mas ela me seguiu rapidamente.
- Andar na praia? Você ficou com o Henrique? – riu com vontade. – Tá apelando, Charlotte!
- Eu não fiquei com ele. Foi apenas uma carona onde não rolou nada além de conversas sobre o mundo nerd.
- E você foi à praia para tentar se matar após este tempo todo ouvindo este papo chato? – continuou rindo. – Sério, Charlotte? – desisti de conversar e entrei em meu quarto. Ela continuava na minha cola. – E os joelhos?
- Nem lembro mais da queda.
- Só você mesmo para cair no meio do calçadão. O padrinho adoraria mais esta história sobre a sua falta de coordenação motora.
Fui ao closet e comecei a procurar por algumas peças. Deixei para pegar as calcinhas quando Miranda saísse. Chamaria demais a atenção dela.
- Se eu tivesse falta de coordenação motora não conseguiria tirar a carteira de habilitação – escolhi um short solto e uma camiseta justa.
- O que você está fazendo?
- Separando algumas roupas.
- Ah é? Hum!
- Você vai sair? – implorei mentalmente para que ela me dissesse que dormiria na casa do novo namorado, assim não deveria nada a Johnny.
- Não – olhou para mim e desviou os olhos para o chão. - Charlotte? – pela sua cara eu sabia exatamente o que me pediria. E confesso que adorei.
- Tudo bem, Miranda. Vou passar a noite com o Johnny. Pode aproveitar a casa só não ouse entrar em meu quarto.
- Jura! Você é uma fofa! A melhor de todas as amigas – ela me abraçou e me encheu de beijos.
– E o Johnny? Será que ele tem planos para esta noite?
- Tem. Vai ficar comigo, fazer gordices, falar besteiras até pegar no sono e vai ser nesta hora que eu vou sair de fininho e me trancar no quarto de visitas, porque ninguém merece o ronco do Johnny – ela riu.
Meu celular assoviou anunciando uma mensagem. Sem me importar com o que Miranda pensaria, conferi e imediatamente um sorriso quilométrico se alojou em meu rosto.
“Já estou em casa. Cadê você?”.
Bem menos do que as duas horas que ele disse precisar. Meu estômago parecia infestado por borboletas. Alex estava perguntando onde eu estava. Ele queria que eu chegasse logo e eu queria chegar logo.
- Que sorriso é esse? – Miranda não poderia deixar de perceber.
- Johnny, avisando que já chegou. Preciso me apressar antes que ele pense que desisti e combine alguma coisa com alguém.
- Eu vou ligar para...
Mas eu não ouvi mais nada. Peguei o celular e reli a mensagem.
“Já estou em casa. Cadê você?”.
Sorri sem acreditar que seria possível ampliar o meu sorriso. Quando saí do devaneio, minha amiga já tinha deixado o quarto. Aproveitei para escolher as calcinhas. Precisava de pelo menos três.
Em uma mochila coloquei tudo o que eu precisaria, inclusive uma camisola, mais duas camisetas, escova de dente, de cabelo, hidratante e protetor solar.
Conferi minha imagem. Se não fosse pelos machucados nos joelhos eu estaria ótima. Pensei em um banho, mas este poderia esperar até que eu chegasse na casa do meu apressado e ansioso professor. Quem sabe ele não me acompanharia? Quem sabe... Ai, Deus! Era melhor não demorar.
- Tchau, Mirandoca – ela colocou a mão no celular e jogou um beijo para mim.
Miranda, aparentemente, não estranhou a minha pressa para encontrar Johnny, pois estava tão ansiosa para ter a casa só para ela e o tal paquera que me esqueceu completamente.
Tentei me concentrar no caminho. Impossível! Meu corpo pinicava, pulsava, meu sangue corria nas veias a uma velocidade absurda. Aumentei a potência do ar-condicionado. Era melhor não transpirar demais. O pouco trânsito me ajudou a chegar rapidamente.
O porteiro do condomínio abriu o portão assim que encostei para me identificar e pedir para ser anunciada. Nem foi necessário. Ele simplesmente abriu e me deu passagem. Refiz o caminho já familiar.
Alex abriu a porta quando minha caminhonete estacionou. Ele sorria e ficava ainda mais lindo quando isso acontecia. Realmente lindo. Incrivelmente lindo.
Havia tomado banho. Os cabelos molhados denunciavam. Usava uma bermuda verde e uma camisa com gola “v”, branca, que demarcava o seu corpo sarado. O seu perfume me atingiu, fazendo-me salivar. Tive vontade de encostar a ponta da língua em seu pescoço. Que loucura, não?
- Como soube que eu estava chegando? – ele pegou a minha mochila e jogou sobre os ombros.
- Digamos que seu carro tem um jeito peculiar de se anunciar.
Ele riu e eu fechei a cara. Não gostava que falassem mal do meu carro. Pelo menos era meu.
Homens e sua incrível mania de cultuar carros.
- O que vamos fazer? – eu estava ansiosa.
- O que você quer fazer?
- Eu quero um monte de coisas, professor Frankli.
- Eu tinha me esquecido que você é uma aluna muito aplicada, com uma infinita sede de saber – ele estava num humor incrível. Fiquei cheia de esperança.
- E então?
- Digamos que não precisamos desta ansiedade. Li seu material. Não todo, mas uma boa parte.
- Já? – ele me deu passagem e fechou a porta assim que entrei. A casa estava toda iluminada e senti cheiro de queijo e algo gorduroso.
- Queria discutir alguns pontos com você. Imprimi o texto e fiz algumas anotações, está na bancada da cozinha. Vou colocar sua mochila em meu quarto e volto. Pode conferir o que já fiz.
Olhei meu professor caminhar e sumir após passar pela sala, só então fui até o balcão da cozinha encontrando uma taça com vinho, uma caixa de pizza e alguns papéis espalhados com uma caneta vermelha e outra azul ao lado.
Sentei em um dos bancos altos e comecei a conferir suas anotações. Sem perceber, peguei a taça e levei aos lábios. O vinho era bom. Muito bom. Continuei lendo e só então me dei conta de que Alex estava demorando demais. Levantei o rosto e o encontrei próximo ao balcão, as mãos nos bolsos, encostado na parede com um sorriso no rosto que me deixou desconcertada. Tomei mais um gole do vinho e desviei o olhar.
- Não sei se posso oferecer alguma coisa que contenha álcool a uma aluna – se aproximou daquele jeito que me fazia perder o ar.
- Você faz coisas piores com sua aluna – ele se deteve, o ar preso, estreitou os olhos, mas concordou.
- Preferi comprar uma pizza. Espero que goste. É melhor do que cozinhar tendo tanta coisa para fazer.
E o “tanta coisa para fazer” enfeitou meus pensamentos com imagens nada inocentes.
- Gosto de pizza.
- Como não sabia qual prefere optei por margherita.
- É. Eu gosto – respondi tentando parecer animada. No fundo eu não via nada de extraordinário nas margheritas servidas no Rio de Janeiro. Elas eram simplesmente óbvias demais.
- Mas esta – ele abriu a caixa revelando uma pizza diferente das que eu conhecia com aquele sabor. – É feita à moda napolitana. Já comeu? – ri baixinho. O cheiro era ótimo.
- Não.
Ele retirou um pedaço, o queijo esticando e o cheiro tomando conta da cozinha. Colocou em um prato e me entregou.
- Gosto dessa massa. Ela parece pão e eu amo pão – sorriu ao revelar. Eu achava realmente que pessoas com um corpo como o dele fugiam de carboidratos. Estava enganada. – E ela tem muito molho. Eu amo tomates.
- Pão e tomates. É uma ótima pedida – ele cortou um pedaço da pizza no meu prato e com o garfo o levou até a minha boca. Aceitei sentindo minhas bochechas ficarem rosadas.
- Não é ótima?
Era. Uma delícia! Saborosa no maior estilo “eu morri e estou no céu”. Não, este era o estilo escolhido para os orgasmos que eu tinha com o meu professor. A pizza era um degrau a menos. Quase no mesmo patamar.
- Muito boa – eu disse com a boca cheia.
- Já que vamos dividir a taça, podemos dividir o prato e os talheres – e colocou um pedaço na boca. Meus olhos se demoraram em seu maxilar. Nossa, que homem!
Desviei o olhar tentando me concentrar no texto. Ele usava vermelho para o que achava importante mudar e verde para o que sugeria. Eu apenas colocava um “ok” quando concordava com suas observações.
- Pensei que você tinha hábitos mais saudáveis – brinquei ao vê-lo devorar a pizza.
- Eu surfo, corro, jogo basquete nos finais de semana na quadra aqui perto, treino três vezes na semana, então... – cortou mais um pedaço levando-o a boca. – Preciso de calorias para queimar – sorri, mas minha mente só pensava nas partes do corpo dele que eu achava perfeita.
- Eu deveria fazer alguma atividade também. Quem sabe caminhar um pouco – e me senti mal por não me importar tanto com meu corpo, deixando com que ele fosse daquela forma tão sem graça.
- Seu corpo é lindo, Charlotte – ele me olhou com intensidade e eu engoli com um imenso esforço. – Mas exercícios servem para a saúde e não apenas para cultuar o corpo.
- É o que meu pai diz – voltei a prestar atenção no texto e em suas anotações, mas uma parte do meu cérebro me dizia que eu deveria acompanhar Miranda em suas caminhadas.
- Acha que vai ficar melhor assim? – ele disse enquanto colocava outro pedaço de pizza em minha boca. –Na minha opinião ficará muito bom, Charlotte.
- Hum, hum! – foi só o que consegui responder com a boca cheia.
Ele me passou a taça, mostrou mais uma anotação e, neste instante, nossos braços se encostaram. Minha pele ficou arrepiada e meu professor me olhou de forma diferente. Ele tomou um gole do vinho, avançou o corpo sobre o balcão, se virando para mim. A tentação em pessoa.
- Você acha que fazendo estas modificações o livro ficará da forma como deseja?
Minha voz estava tão fraca e baixa que me perguntei o motivo de ela estar assim. Alex continuava me olhando com intensidade, seus olhos, que sempre me consumiam além do imaginável, então encontrar a minha voz era definitivamente muito difícil.
Alex sorriu. Aquele sorriso que crescia bem devagar, se estendendo mais de um lado do que do outro, sem mostrar os dentes, que ressaltava a perfeição do seu rosto. Umedeci os lábios, sem controle dos meus atos e meu professor acompanhou o gesto.
- Não – falou ainda olhando para os meus lábios. - Eu posso te mostrar o caminho, apontar uma ou outra melhoria – voltou a me olhar com a mesma intensidade. Ele se aproximou. Um centímetro ou até menos, que fez toda a diferença. – Porém o texto é seu e as emoções precisam ser suas, Charlotte – passou os dedos pelos meus fios lisos, deslizando até a minha cintura. – Será você quem determinará onde precisa ser melhorado – sua mão permaneceu em minha cintura, mantendo-me presa a ele, no entanto, respeitando o espaço existente entre nossos bancos. - Quer mais pizza? – seus olhos me diziam outra coisa, me oferecendo algo muito mais quente do que um pedaço de pizza. Neguei com a cabeça. – E vinho?
- Melhor não – ele riu baixinho jogando ondas elétricas em todo o meu corpo.
- Para quem pediu tequila às oito horas da manhã, recusar uma taça de vinho é meio irônico.
Não consegui responder, pois seus dedos se fecharam ainda mais em minha cintura e meu ventre se contraiu. Tentei controlar a respiração, meus seios subiam e desciam chamando a atenção dele e eu comecei a transpirar. Imediatamente pensei naquele banho e como seria se meu professor aceitasse.
Alex se aproximou bem devagar, descendo do banco, ficando cada vez mais perto. Sem controle, levei a mãos ao rosto, arrumando meus óculos. Pisquei sentindo-me envergonhada. Ele segurou meu queixo com a outra mão, levantando o meu rosto. Ao mesmo tempo, seus dedos que estavam em minha cintura se enroscaram em uma mecha do meu cabelo, brincando com eles.
- Precisa de mais alguma coisa? – sussurrou com os lábios bem perto dos meus.
Eu queria reagir. Queria me aproximar e forçar aquele beijo. Queria dizer que precisava dele dentro de mim. Que aquela história de preliminares já tinha ido longe demais e que poderíamos pular aquela etapa. Eu queria tantas coisas... No entanto não fiz nada. Apenas aguardei.
- Menina! – gemeu com os lábios roçando nos meus. – Por que perde a coragem quando eu me aproximo?
- Eu... – engoli em seco. – Não perco a coragem, apenas...
- Apenas... – passou o polegar em meus lábios. Fechei os olhos para apreciar a carícia, rapidamente os abri novamente.
- Você me deixa ansiosa demais – confessei.
- Ansiosa? – concordei balançando a cabeça. – Ou excitada?
Fechei os olhos, engoli a saliva tentando me concentrar e evitar que meu rosto ficasse ainda mais rubro.
- Charlotte?
- Excitada. Muito excitada, Alex – e nossos olhos se perderam em uma profundidade que me tragava sem possibilidade de retorno.
- Que bom – ele disse e me beijou.
O beijo que inicialmente foi apenas um roçar de lábios e um experimentar de línguas, ganhou intensidade rapidamente. Alex exigiu a minha boca, devorando-me avidamente com uma fome que nunca teria fim. E em menos tempo do que eu esperava, estávamos agarrados, eu imprensada no balcão e ele colado em mim.
Uma delícia!
Suas mãos correram minhas costas, puxando-me para perto enquanto seu corpo me prensava contra a madeira do balcão. Eu o sentia, duro e firme, roçando meu ventre e enlouquecendo-me.
Enquanto sua língua me explorava e seus lábios devastavam os meus.
Era informação demais e, durante alguns segundos, eu não sabia o que fazer além de retribuir o beijo. Até que meu corpo ganhou vida e eu me vi tão agarrada a Alex quanto ele a mim, em uma fricção de corpos que me deixava cada vez mais excitada. Corri meus dedos em seus cabelos tão lisos quanto os meus e o prendi em meus lábios com mais paixão.
Alex apertou minha cintura e sua mão começou a subir em direção aos meus seios, então ele se deteve interrompendo o beijo justo quando eu acreditei que me daria mais do seu jogo de prazer incessante.
Ele deixou de beijar meus lábios, sem se afastar. Eu ainda o sentia quente, ansioso, excitado.
Completamente excitado. Então por que paramos? Eu queria continuar e se ele queria também não deveríamos perder mais tempo com conversas. Afundei meus dedos em seus cabelos tentando puxá-
lo de volta, mas Alex recuou e beijou meu rosto, respirando profundamente.
Ele se afastou me encarando e sorriu. Não aquele sorriso encantador, e sim um sorriso vaidoso, cheio de si, como se soubesse o que estava fazendo comigo. E ele sabia mesmo.
- Já tem estímulo suficiente para escrever mais?
Colocou as mãos nos bolsos, mantendo o sorriso presunçoso. Passei as mãos nos cabelos me controlando para não mandá-lo para a puta que o pariu. Mordi os lábios e me encostei no balcão.
- Acho que sim – voltou a se aproximar, com cautela, sua mão retornando a minha cintura e seu corpo tão quente quanto há alguns segundos.
- Preciso fazer algumas coisas antes de me ocupar com você, então... por que não sobe e escreve um pouco?
Concordei ainda com vontade de chutá-lo. Eu realmente queria dar um delicioso chute na canela do meu professor, como isso poderia fazê-lo desistir de passar a noite comigo, me detive.
Ele fechou a caixa da pizza, colocou na geladeira, guardou o vinho na adega elétrica, deixou os pratos na máquina e me ofereceu a mão, a qual peguei ciente de que nada aconteceria. Por hora.
Subimos até o seu quarto, onde ele apontou para a minha mochila, que estava sobre sua cama, e saiu dizendo que estaria no escritório. Fiquei sozinha ainda sentindo todo o calor do momento.
Porra, Alex sabe realmente como esquentar uma mulher!
Sentindo o corpo suado, achei que era melhor me preparar para o que poderia acontecer quando ele cansasse de ser tão imbecil. Corri para o banheiro e tomei um banho completo. Estava ansiosa, nervosa, receosa... O que mais com “osa”? Sei lá! Eu devia estar como qualquer mulher nos momentos que antecediam sua primeira vez.
Se é que aconteceria realmente.
Bom, pelo menos eu tentaria.
Usei um perfume suave, escolhi minha calcinha preta de renda transparente e duas tirinhas do lado, um sutiã meia taça que a vendedora me convenceu a levar, dispensei a camisola, já tinha roupa demais no meu caminho. Coloquei um robe preto meio transparente que descia insinuando minhas formas e era preso na cintura por um cinto largo. Bem estilo virgem sexy fatal.
Sentei na cama em uma pose sensual, sonhando que ele subiria, me veria e se renderia a mim.
Com o computador no colo eu não conseguia me concentrar. Minha mente estava nos movimentos no andar de baixo, na porta, com a esperança de que ele retornasse e continuasse o que havia interrompido.
Fiquei parada olhando a tela. Não conseguia pensar em nada interessante para escrever e sabia exatamente o porquê. Aguardei. Aguardei, aguardei, aguardei... Uma hora depois Alex ainda não havia me chamado nem subido.
Andei pelo quarto e mexi em tudo o que ele guardava. Descobri em seu closet uma gaveta cheia de coisinhas engraçadas. Alguns potes com gel, uns anéis coloridos e brilhantes que piscavam quando eu apertava. Havia também algumas canetas, com seus sabores, escritos na frente. Cada uma de uma cor. Fiquei curiosa.
Alex
Charlotte com certeza me deixaria louco. Aquela mistura de inocência, ansiedade e ousadia estava literalmente destruindo toda a minha capacidade de raciocínio quando estávamos juntos.
Como por exemplo, a minha culpa. Era incrível como ela desaparecia quando minha aluna me olhava daquele jeito, com os lábios entreabertos, a respiração entrecortada, os olhos brilhantes, tão claros que pareciam prata. Ela me enlouquecia.
Só que eu não podia enlouquecer.
Eu era treze anos mais velho do que a garota. Não que isso fosse tão importante, até porque Charlotte era maior de idade, mesmo assim, algumas vezes ela conseguia ser mais inocente do que uma menina de quinze anos, e tão infantil quanto, o que me deixava arrasado de culpa. Somado a tudo isso existia o fato de ela ser minha aluna.
Eu sabia que em pleno século XXI este cuidado era desnecessário. Desde que não houvesse nada de absurdo, estava tudo dentro dos parâmetros. Acontece que em minha mente e em minha noção de moral, envolvimento com alunas era algo inadmissível. Mesmo que esta aluna fosse alguém tão tentadora quanto Charlotte Middleton.
Apesar de saber que eu poderia pular fora, e estranhamente confiando nela para tomar esta decisão sem medo, eu não conseguia conceber a ideia de deixá-la procurar um novo parceiro. Não sei explicar. Charlotte era tão doce, tão linda em sua simplicidade, tão inocente, que eu não conseguia aceitar que qualquer outra pessoa se aproveitasse dela.
Ela não poderia me substituir assim tão facilmente. O que garotos da idade dela poderiam lhe oferecer? Não. Definitivamente eu não poderia permitir que encontrasse outra pessoa.
Não que eu estivesse me aproveitando. Não mesmo! E talvez por este motivo, eu achasse justo continuarmos, já que minha intenção era realmente ajudá-la, além disso a culpa por ela estar com aquelas ideias todas era inteiramente minha.
Então era isso. Já havíamos iniciado aquele processo e não dava para voltar atrás. Para falar a verdade, eu não queria voltar atrás. E também não queria avançar muito.
Só que eu estava gostando, além do que poderia gostar, de tudo o que estávamos fazendo. Na verdade estava amando. Muito! Porra, eu estava adorando! Ela me excitava demais. Provavelmente por ser algo proibido. Não dizem que o fruto proibido é o mais gostoso? Não era eu que na adolescência ia atrás das garotas que todo mundo alardeava que não conseguiria?
Só não poderíamos passar daquilo. Seriam alguns beijos, amassos, orientações e textos magníficos. Provavelmente renderiam algumas punhetas também, já que eu não era de ferro e...
Charlotte conseguia realmente me enlouquecer.
E o que foi aquela conversa sobre masturbação? Quase surtei quando ela me contou que tinha feito como eu tinha sugerido, e que mais... tinha introduzido um dedo. Puta que pariu! Um dedo mesmo sendo virgem, intocada e inocente.
Era melhor mudar o rumo dos meus pensamentos ou então eu logo perderia o controle.
Principalmente após aquele beijo, nossos corpos colados no balcão da cozinha. Porra, eu me senti de volta à adolescência, quando os amassos eram tudo o que eu conseguia de uma garota.
Poderia ser diferente, bastava que eu quisesse.
Eu não podia querer.
Mas queria.
Porra!
Deixei Charlotte no quarto e me enfiei no escritório. Precisava colocar minha cabeça no lugar e eliminar dela qualquer possibilidade de aceitar ser o primeiro homem da minha aluna. Isso teria que permanecer fora de cogitação.
Liguei o computador, acendi apenas o abajur sobre a minha mesa e abri o arquivo. Era melhor finalizar aquela revisão o quanto antes, já que Charlotte provavelmente escreveria freneticamente após o pequeno incentivo que havia lhe dado na cozinha.
Ela ficou tão corada e arfante. Seus olhos brilhavam e suplicavam por mais e eu tinha a certeza de que a sua calcinha estava deliciosamente molhada, sem contar que o seu sexo, com certeza, estava quente e pulsante. Eu me perderia nele se pudesse.
- Mas não pode, Alex! – afundei os dedos no cabelo e levantei os olhos para o teto. – Expulse esses pensamentos eróticos com a menina ou isso não vai dar certo.
Porém minha mente não colaborava comigo. É óbvio que não. O que Charlotte estaria fazendo em minha cama naquele momento? O tesão que a fiz sentir foi o suficiente para impulsioná-la a escrever? Ela precisava de mais um pouco ou eu fui além do que deveria e, para não perder a oportunidade, ela estava praticando o dever de casa?
Puta que pariu!
Nunca havia visto algo mais prazeroso do que Charlotte se tocando. Ela era tão pura e ousada!
Havia uma entrega apaixonante, que me prendeu não me deixando partir até que ela estivesse em êxtase. Por mim.
Caralho, eu dei esse orgasmo a menina!
Uma delícia!
Balancei a cabeça para clarear os pensamentos, mas meu pau estava tão duro que não consegui me sentir confortável. Quanto mais eu lia o seu texto, mais minha mente se enchia de imagens dela, nua no espelho, ou se tocando, ou corada e arfante enquanto era tocada por mim.
- Seria sensato não se envolver tanto, Alex – me repreendi novamente ciente de que estava dando um passo além do que a minha perna permitia. Então forcei minha mente a se concentrar no trabalho.
Um pouco mais de uma hora depois, ouvi seus passos leves pela escada. O que ela estava aprontando? Logo em seguida uma batida na porta e então Charlotte estava lá. Tão pequena, contudo conseguia preencher cada espaço do meu escritório.
- Alex? – ela entrou alcançando a luz do abajur.
Puta que pariu! O que era aquilo que minha aluna usava? A seda transparente do robe em contato com a luz parca do ambiente, permitia a visualização de sua lingerie minúscula. Caralho! O
que ela pretendia?
- Oi – tive dificuldade para falar. Minhas mãos transpiravam abundantemente.
- Achei isso em uma gaveta cheia de coisas engraçadas.
Gaveta engraçada? Ela andou até chegar bem perto da mesa e abriu a mão para me mostrar várias canetas. Oh, Merda! Ela achou os brinquedinhos.
- Parece uma caneta. É uma caneta?
Avaliei a nossa situação. Seria muito errado mostrar a ela como usar aquele acessório?
- Venha cá – ela caminhou em minha direção parando entre a cadeira e a mesa.
Afastei o material que estava analisando, acomodei Charlotte sobre a mesa, peguei uma das canetas e levantei a mão dela. Escrevi “oi” em sua pele. Ela me olhou como se não entendesse o significado daquilo.
Achei a sua ingenuidade linda. Sorri, e depois limpei o que escrevi em sua mão, com a boca e a língua. Minha aluna arfou. Eu já devia esperar por aquilo. Charlotte possuía um fogo inacreditável.
Virei seu braço e escrevi no antebraço, na parte interna, “linda”. Ela sorriu timidamente. Mais uma vez passei a língua recolhendo o conteúdo com gosto de menta. Charlotte gemeu baixinho e eu senti meu pau endurecer ainda mais.
Escolhi outra caneta, morango. Deitei Charlotte sobre a mesa, abri o seu robe, a pequena peça desenhando o seu corpo de uma maneira excitante, com transparência nos lugares mais instigantes, ativando diretamente a minha imaginação. Acariciando a pele do seu abdômen, escrevi “gostosa”.
Desta vez ela não conseguiu ler o que havia escrito. Seus olhos estavam fechados e o rosto ligeiramente inclinado para trás.
Lentamente corri a língua pela região sentindo o gosto de morango misturado à sua pele. Era muito saborosa. Charlotte passou os dedos pelos meus cabelos quando meus lábios tocaram um pouco acima da sua calcinha, e arqueou o corpo, colocando uma das pernas sobre a mesa.
Instintivamente corri minhas mãos para os seus quadris permitindo que meus dedos acariciassem sua bunda.
Puta merda! Eu queria continuar com aquilo. Meu pau latejava implorando. Fechei os olhos e respirei profundamente procurando forças para me afastar. No entanto, seu cheiro, junto com o doce das canetas e misturado a sua excitação que já sobressaía na fina calcinha, impregnaram minha mente.
- Acho que devemos parar por aqui – me forcei a recuar. Estava além do que eu poderia suportar.
- O quê?
Ela levantou o corpo um pouco, me encarando. Seus olhos não acreditavam naquela possibilidade e seu corpo deixava claro que não concordaria. Entretanto eu precisava recuar agora ou não teria mais volta.
- Me dê um tempo, Charlotte! – falei meio ríspido demais.
Era excruciante suportar tanto desejo, sentindo meu pau tão rígido, suplicando por alívio e ainda conseguir ser atencioso com a minha aluna quando a minha vontade era arrancar aquelas peças frágeis e possuir o seu corpo seguidamente, até que estivesse totalmente satisfeito e saciado.
Soltei o ar arrependido de ter deixado a frustração extravasar. Não era para ser assim com Charlotte. Para minha surpresa, ela pegou uma das canetas, acho que sabor caipirinha e começou a desenhar setas no corpo.
Desenhou na região dos seios, no abdômen, as setas descendo até o limite da sua calcinha, determinando os locais onde queria ser tocada pelos meus lábios. Na parte interna de suas coxas elas subiam indicando o seu sexo.
Um milhão de vezes: puta que pariu!
Capítulo 10
“O meu corpo é um jardim, a minha vontade o seu jardineiro.”
William Shakespeare
Charlotte
E a minha vontade, querido Shakespeare, era continuar com aquela aula.
Puta que pariu!
Meu professor queria destruir a minha capacidade de raciocínio. Como ele podia acreditar que somente passar sua língua por partes tão sensíveis do meu corpo seria o suficiente? Só podia ser uma brincadeira, parar justo ali? Não! Eu não suportaria mais nem um segundo. Se ele havia despertado todos aqueles sentimentos em mim que aguentasse o rojão.
Principalmente depois de me deixar tão quente, excitada e entregue as suas vontades, como me deixou na cozinha para depois me mandar subir e escrever. Chega! Estava na hora de ele levar aquelas aulas um pouco mais a sério.
Peguei a caneta e, sem esperar por mais nada tracei setas em meu corpo sinalizando onde gostaria que sua língua percorresse. Só não imaginei que minha atitude fosse deixá-lo daquele jeito.
Alex olhou para mim e depois para as setas que eu tinha distribuído pelo meu corpo. Quando seus olhos voltaram para os meus, tudo que havia neles era desejo. O homem prudente e cauteloso desapareceu dando lugar ao ser selvagem que me encarava. Lentamente ele passou a língua pelos lábios. Perguntei-me se meu professor tinha consciência dos seus atos ou se até isso tinha sumido.
Rapidamente me dei conta de que se eu podia vê-lo de forma tão crua, como será que ele me via? Senti minha respiração pesar. Eu respirava com dificuldade. Todo o meu corpo, cada órgão, cada tecido, cada célula, trabalhava com uma única finalidade: Prazer. Deus! Em que eu havia me transformado? Por outro lado era humanamente impossível não me sentir assim tendo um professor tão competente quanto Alex Frankli. Competente até demais.
- O que você pretende com isso, Charlotte?
Era impressão minha ou a voz dele tinha assumido um tom mais... Duro? Rouco? Forte?
Sensual? Eu poderia ter um orgasmo apenas com aquela voz em meu ouvido. Ah se eu podia!
Eram tantas sensações novas que eu mal conseguia administrá-las. Era possível gozar sem ser tocada? Comecei a acreditar que sim. Pelo menos com Alex esta era uma afirmativa correta.
- Quero tudo o que você puder me dar, Alex.
Nem conseguia acreditar nas palavras que saíam de minha boca, se bem que eu tinha consciência de que coisas mais absurdas e muito mais pornográficas poderiam sair dela naquele momento.
Meu professor puxou o ar com força e passou as mãos pelo cabelo. Aqueles dedos longos me fizeram imaginar coisas até então inimagináveis. Fechei os olhos sem saber como administrar minhas reações. Tive medo de parecer ridícula demais para ele.
- Abra os olhos – mais uma vez aquela voz carregada fez a minha pele se arrepiar. Obedeci sem pestanejar. Ele estava mais feroz do que nunca. - Eu não posso dar a você tudo o que eu gostaria, Charlotte.
Ele me recusou, mas não se afastou nem um centímetro. Não desanimei. Era sempre assim: uma tortura. Alex avançava e recuava. Ia até o seu limite, ou me deixava no meu, e então, arrancando forças não sei de onde, parava quando eu pensava que não conseguiria.
Por isso apenas o fato de deixar claro que ele gostaria de me dar o que eu tanto desejava, mas não podia, me excitou ainda mais. Eu gostava da ideia de tentá-lo. De fazê-lo desejar ir além. De enxergar em seus olhos a sua vontade de ultrapassar qualquer limite, qualquer barreira existente entre nós dois.
- Alex... – aproximei-me de seus lábios. Ele não recuou. – Eu quero você – sussurrei envergonhada por admitir minha obsessão.
- Puta que pariu, Charlotte!
Antes que eu pudesse reagir ele cobriu minha boca com a dele. Um beijo selvagem, cheio de fome e desejo. Alex me segurou pelos quadris puxando-me com força de encontro a seu corpo.
Imediatamente senti sua ereção no meio das minhas pernas. Mesmo através das roupas eu podia senti-lo com bastante intensidade.
Ele voltou a me deitar sobre a mesa, seu corpo me acompanhando sem deixar que o peso fosse um incômodo. Quando minha cabeça encostou na superfície, ele abandonou meus lábios e desceu com a língua em direção às setas. Respirei fundo infiltrando meus dedos em seus cabelos. Deliciei-me com a sensação dos fios sedosos no momento em que sua língua recolheu a primeira seta por cima do volume dos meus seios.
Gemi desavergonhadamente.
Meu corpo queimava e o meio das minhas pernas latejava em contato com seu sexo rígido se movimentando lentamente causando uma fricção deliciosa. Ele também gemia baixinho, cada gemido fazia meu sangue circular com mais velocidade, queimando minhas veias.
Quando Alex conseguiu eliminar as setas que envolviam meu seio direito, sua mão substituiu a língua, em carícias, ora fortes e possessivas, ora gentis e suaves, enquanto recomeçava todo o processo em meu seio esquerdo.
Arfei levantando-me de encontro a seus lábios. Ah, Deus! Eu estava sedenta, o prazer borbulhando por todos os lados, e ainda queria mais, muito mais. Queria ir muito além, queria muito mais daquela sensação.
Alex
Perdi o restante da minha capacidade de conter o efeito de Charlotte sobre mim. Não dava para ser tão certinho, tão fiel aos meus princípios, quando ela me falava daquele jeito. Merda! Eu era seu professor, era mais velho e ainda por cima o responsável pelo seu projeto final. Onde estava com a cabeça?
Bem... No momento minha cabeça, assim como o resto do meu corpo, se concentrava em um único ponto: Charlotte.
Enquanto ela gemia sob o efeito da minha língua em seus seios, isso sem que eu nem mesmo os tivesse tomado para mim do jeito que tanto desejava fazer, permiti que meu corpo sentisse um pouco mais do dela. Eu podia sentir todo aquele fogo no meio das suas pernas queimando nossas roupas e implorando por mais. Fiquei louco!
Sem pensar duas vezes minha mão ultrapassou a barreira do sutiã que minha aluna escolheu a dedo para me tentar, e toquei o bico do seu seio. Estava intumescido. Caralho! Charlotte me deixava fora de controle com suas reações.
Foi mais forte do que eu. Segurei com força e depois aliviei a pressão com medo de machucá-
la, deixei que meus dedos brincassem naquela região almejando que minha língua pudesse fazer o mesmo. Ela gemeu dengosa.
Puta que pariu! Eu queria comê-la de todas as formas possíveis. Eu podia? Merda! Mas eu queria tanto!
Desci meus lábios pelo seu corpo. O sabor da sua pele misturado ao da caneta mágica era inebriante. Charlotte gemia agarrada aos meus cabelos. Sabia exatamente o que ela queria e posso garantir que eu também queria o mesmo.
Quando minha língua tocou a região interna da sua coxa, me deixando próximo do local mais desejado por mim no momento, pensei que não seria capaz de me segurar por muito mais tempo.
Minha aluna estava pronta para mim e eu desesperado para dar mais aquele passo com ela.
João Pedro estava com a razão.
Meu corpo assumiu as rédeas da situação, antes que pudesse processar a informação, ele agiu sem que eu pudesse evitar. Eu não tinha mais controle de nada. Meus dedos invadiram o limite de sua calcinha tocando-a intimamente.
Puta que pariu!
Charlotte arqueou o corpo, enlouquecida de prazer. Ela estava tão molhada que me deixou com água na boca. E tão quente que meu pau quase explodiu dentro da bermuda.
- Alex! – gemeu expressando a mais pura luxúria. Seus dedos de fecharam com mais força em meus cabelos.
Subi pela sua barriga mordiscando e lambendo toda a região. Ela se agitou fazendo com que seus quadris forçassem o movimento de meus dedos em seu sexo. Passei o polegar levemente pelo ponto frágil e ela gemeu mais alto.
- Oh Deus! Alex... – puxou o ar com força tirando toda a minha capacidade de resistência.
Afastei o seu sutiã e abocanhei seus seios. Charlotte apertou ainda mais seus dedos em meus cabelos me puxando firme, como se tivesse medo de que eu desistisse de tomá-la. Como se eu fosse capaz de desistir de qualquer coisa naquele momento.
Eu estava tão sedento que se ela me pedisse para latir eu latiria sem a menor vergonha.
Meu polegar brincava com seu clitóris sem fazer muita pressão. Ela explodiria a qualquer momento. Eu explodiria a qualquer momento. Meu pau estava tão inchado e latejava de maneira tão absurda que não me permitia pensar em nada que não fosse “alívio”.
Suguei seus seios, ora um, ora outro, passando minha língua no bico rosado. Era uma linda imagem. Extremamente excitante. Charlotte era linda e sexy, de uma maneira tão perfeita! Existia nela uma mistura totalmente equilibrada que me fazia desejá-la cada vez mais.
Aquilo jamais aconteceu antes. Não que eu nunca tenha ficado com mulheres lindas e sensuais.
É claro que já fiquei, mas a forma como estes dois adjetivos se apresentavam em minha aluna era diferente. Eu não havia encontrado em mais ninguém.
Ela se remexia em meus dedos. Puta merda, menina! Não me obrigue a fazer isso. Não me tente. Eu...
- Alex! – gemeu com mais força. – Por favor! Eu...
- Não fale assim, Charlotte – adverti ciente do meu desespero, do meu pavor de ceder.
- Por quê? – seus olhos, que pareciam o céu no verão, a mistura exata de azul e fogo, se abriram me encarando. Céus! Ela era pura luxúria.
- Porque se você continuar gemendo desta forma... Eu vou comer você, menina!
Puta que pariu um milhão de vezes.
Bastou eu dizer estas palavras, olhando em seus olhos suplicantes, para assisti-la se contorcer em meus dedos se entregando a um orgasmo absurdamente delicioso.
Oh, merda!
Ela fechou os olhos, entregue ao prazer enquanto seu corpo convulsionava diante de mim. Se Charlotte tivesse esperado mais dois segundos... Não. Eu já tinha ido longe demais. Já havia dado a ela o que tanto necessitava.
Mas era o bastante. Mesmo que meu pau não concordasse comigo, que minha boca continuasse sedenta pelos seios dela e meus dedos continuassem acariciando o meio de suas pernas. Merda, mil vezes merda!
Fui forçando meu corpo a voltar à consciência enquanto Charlotte se recuperava, deitada sobre a minha mesa com a respiração acelerada e ainda se mexendo levemente.
Quando ela abriu os olhos e me encarou, vi nitidamente neles que aquilo não seria o suficiente para a minha aluna e muito menos para mim. O fogo continuava lá. Encaramo-nos por um tempo que me pareceu uma eternidade até que não resistimos mais.
Charlotte levantou-se a uma velocidade improvável para um ser humano, e eu acredito que também me movimentei ao seu encontro. Quando, finalmente nos encontramos, o mundo parecia ter desaparecido. Ela se agarrou a mim, se esfregando ensandecidamente, enquanto eu a recebia com a mesma intensidade. Minhas mãos famintas passearam pelo seu corpo sem deixar qualquer parte livre delas. Nossos lábios se devoravam.
E então... a campainha tocou.
Charlotte não cedeu nem um centímetro. Ela parecia não ter percebido nada. Sem separar nossas bocas e, principalmente, sem tirar minhas mãos dos seus quadris forçando meu sexo contra o dela, resolvi ignorar quem quer que fosse. Eu precisava da minha aluna e nada mais me importava naquele momento.
Infelizmente, quem estava lá fora não desistiu e a campainha tocou mais uma, duas, três vezes, até que a pessoa começou a bater na porta. Travei completamente.
Afastando Charlotte e me forçando a ignorar seu gemido de protesto, decidi descobrir quem era o desesperado que estava lá fora. Só então ela se deu conta do que acontecia e me olhou sem saber o que fazer.
- Vá para o meu quarto. Eu a encontrarei lá em alguns minutos – beijei seus lábios doces e quentes para deixar claro que continuaríamos de onde havíamos parado.
Charlotte
Alex me mandou subir e aguardá-lo. Foi difícil dar o comando certo para que minhas pernas entendessem que precisávamos andar e meus lábios aceitassem que não poderiam ter os dele, por hora.
Meu corpo pegava fogo mesmo depois do orgasmo maravilhoso que ele tinha me proporcionado. E o que foi aquilo? Eu me parti em vários pedaços sem me causar dor e tudo porque ele disse abertamente que queria transar comigo. Não. Ele disse que queria me “comer”. E foi o suficiente.
Subi as escadas enquanto ele ia em direção à porta, quando cheguei ao último degrau ouvi a voz de uma mulher. Fiquei curiosa. Quem seria? Parei e sentei para ouvir melhor o que diziam. Alex não deixaria que ninguém se aproximasse da escada, então me senti segura. Apurei os ouvidos e fiquei bem quietinha.
- Você parece nervoso – eu conhecia aquela voz de algum lugar. Ouvi a risada rouca de Alex.
Ele estava mesmo nervoso. Dava para perceber.
- Estou um pouco cansado. Apenas isso.
Eu podia imaginá-lo passando as mãos nos cabelos nervosamente. Dando aquele sorriso falso que ele acreditava que convencia as pessoas.
- E suado. Estava se exercitando? – puta merda! Outra risada rouca e nervosa.
- Um pouco – ok! Eu tinha feito ele se exercitar... Em mim.
- Trouxe um vinho. Já é hora de descansar um pouco, cowboy – cowboy? Segurei o riso.
- Não acho que seja uma boa ideia, Anita.
Anita? Claro! Anita Bezerra. Professora da faculdade. Droga! Eles tinham um caso?
- E o que você quer fazer, Alex? Existem várias formas de relaxar – silêncio. Ah merda! O que eles estavam fazendo? Droga! Droga! Droga!
- Tenho muito trabalho hoje. Talvez outro dia – mais silêncio. Tentei ouvir se havia barulho de lábios se tocando.
- E esse momento vai demorar a acontecer? – ela falava de maneira melosa. Desisti de ouvir e levantei. Queria sumir dali.
Alex
Fui abrir a porta tentando me acomodar dentro das roupas. Meu pau latejava desesperadamente tentando ultrapassar a barreira da bermuda. Apesar do susto ele não cedera nem um pouco. Charlotte conseguia me enlouquecer de tesão.
Assim que abri a porta dei de cara com Anita. Oh, droga! O que ela está fazendo?
Instintivamente puxei um pouco a camisa para a frente e encurvei os ombros.
- Oi! – sua voz melosa pela primeira vez me pareceu enjoativa. Anita passou por mim entrando sem ser convidada. – Vi seu carro na garagem. Estava dormindo?
Ela percorreu meu corpo com os olhos e sorriu de maneira safada. Em outro momento eu aproveitaria a noite levando-a para a cama e satisfazendo os seus desejos, porém naquele instante...
- Não - nenhuma chance.
Fechei a porta imaginando o que Charlotte pensaria se soubesse que Anita estava ali. E o que Anita pensaria se descobrisse Charlotte em minha casa? Se a visse com aquela calcinha mínima e aquele sutiã que deixava seus seios incrivelmente deliciosos. Caralho! Meu pau pulsou com as lembranças.
- Você parece nervoso – excitado. Mais precisamente. Só não poderia dizer isso a ela.
- Apenas um pouco cansado – passei as mãos pelos cabelos. Queria que Anita fosse embora logo, mas, para minha tristeza, nunca poderia verbalizar meus pensamentos.
Anita não podia descobrir que Charlotte estava em minha casa. O que ela faria com esta informação? Com certeza eu seria desacreditado e o projeto de Charlotte reprovado. Não. Isso nunca poderia acontecer. Imediatamente senti meu tesão se esvair. Ela levaria o caso ao conselho, eu seria demitido, Charlotte não se formaria com louvor e minha editora passaria por uma crise.
Puta merda!
- E suado. Estava se exercitando? – ri um pouco indeciso sobre o que deveria responder.
Anita me olhava com olhos gulosos. Minha única vontade era acabar logo com aquilo tudo. Eu devia estar maluco. Como pude pensar em transar com minha aluna? Como pude permitir que chegássemos àquele ponto? Deus! Eu estava acabando com a vida dela. Que egoísta eu era.
- Um pouco.
Não pude evitar que as lembranças do meu “exercício” invadissem minha mente. Eu ainda sentia o sabor da sua pele em minha língua e a deliciosa sensação de tocá-la na ponta dos meus dedos.
- Trouxe um vinho. É hora de descansar um pouco, cowboy!
Que mania horrível de colocar apelidos ridículos! Respirei fundo tentando focar em nossa conversa e não em Charlotte em meu quarto... Em minha cama... Esperando por mim...
- Não acho que seja uma boa ideia, Anita – ela sentiu o impacto da minha recusa.
Nunca tivemos nada, mas eu a mantinha em banho-maria. Não sabia muito bem o motivo, já que meu interesse nela era próximo de zero. Fazia apenas para tê-la ao alcance das mãos. Talvez João Pedro não estivesse com tanta razão assim. Anita podia servir para aliviar a minha tensão e quem sabe, me ajudar a tirar da cabeça a ideia absurda de ter Charlotte.
- E o que você quer fazer, Alex? Existem várias maneiras de relaxar.
Ela se aproximou lentamente e acariciou o meu rosto. Fiquei tenso. O que poderia fazer? Não podia, e nem queria, nada com ela. Não naquele momento.
- Tenho muito trabalho ainda. Talvez em outra hora.
Ela me olhou por alguns segundos, a princípio, ultrajada, depois seus olhos brilharam com a promessa. O que eu podia fazer?
- E esse momento vai demorar a acontecer? – puta que pariu!
- Não. Eu ligo – ela sorriu sedutora. Achei estranho meu corpo não reagir àquele sorriso.
- Vou aguardar. Vejo você amanhã? – fiquei sem entender o que ela dizia. – Na faculdade.
- Ah, claro! Tenho aula amanhã cedo.
- Então... Até lá – Anita se aproximou e me deu um beijo leve nos lábios. Aguardei alguma reação e nada aconteceu. Afastei-me.
- Até lá – droga! Eu queria que ela sumisse da minha frente.
Anita saiu para a rua, segurei a porta e a acompanhei, até que ela parou encarando algo no estacionamento de visitantes.
- Aquele trambolho não é o carro da Charlotte? – quase enfartei. Olhei para ela tendo consciência de que meus olhos estavam arregalados.
- Ah, não sei... Charlotte? – ela sorriu despreocupada.
- Sua aluna, Charlotte Middleton, Alex – riu. – Ela mora por aqui?
- Não sei – tentei parecer natural. – Nunca vi ninguém da faculdade por aqui. Acho pouco provável.
- Eu não. Ela é rica. É muito provável que o pai dela lhe proporcione uma vida espetacular – opa! Uma novidade. Charlotte era rica? Como assim? Mas ela morava em um flat!
- Ah é? – fiz um esforço enorme para não parecer interessado.
- Sim. O pai dela é dono de uma rede de hospitais super conceituados na Europa, com algumas filiais espalhadas pelo mundo, inclusive aqui no Brasil – ela olhou para o carro com cara de nojo. – Não sei por que a menina insiste em andar tão desarrumada, com aquela carinha de freira e este carro horroroso. Isso é uma ameaça ao meio ambiente – sorri sem muita vontade.
- É – fiquei preso aos meus pensamentos. Como assim Charlotte ser tão rica?
- Então... Vejo você amanhã.
Ela tentou me beijar de novo, fui mais rápido e me esquivei. Tinha ficado incomodado com o que Anita falou sobre Charlotte... Rica? Absurdamente rica?
Fechei a porta sem saber o que fazer. Charlotte continuava me esperando, mas eu não tinha mais tanta certeza se deveria mesmo levar meu plano adiante. Subi as escadas sem saber o que dizer a minha aluna.
Charlotte
Entrei no quarto, louca para fugir, infelizmente não poderia descer antes de a minha professora ir embora. Meu projeto também corria risco se fossemos flagrados. Entrei no banheiro e me joguei no chuveiro querendo eliminar a raiva que me dominava. Assim que tivesse oportunidade iria embora.
Eu podia até aceitar o fato de Alex não querer tirar a minha virgindade por achar errado o que estávamos fazendo, mas não que fosse por ter outra pessoa.
Isso nunca.
Jamais.
Nunca me prestaria a este papel. Nunca seria a amante e não importava se ele fazia meu corpo entrar em erupção, se ele dominava todos os meus pensamentos e sentidos... se conseguia me proporcionar os melhores orgasmos. Não importava mais nada. Eu não o queria se tivesse que dividi-lo com mais alguém.
- Charlotte? – estremeci ao ouvi-lo me chamando. Ah droga! – Charlotte? Está no banho? – será que ele não conseguia ouvir o barulho do chuveiro? O ignorei completamente.
Quando sai do banheiro, usando apenas o roupão que encontrei pendurado, dei de cara com Alex. Ele andava pelo quarto apreensivo. Fingi não notar o seu estado e fui direto para closet, onde havia deixado as minhas coisas. Ele me seguiu.
- Posso trocar de roupa? – meu professor ficou um pouco surpreso com a minha reação. Depois pareceu envergonhado.
- Qual o motivo de todo esse mau humor?
Seus dedos correram os cabelos. Minha lembrança imediatamente me levou para o momento em que aqueles dedos me tocaram. Sacudi a cabeça para expulsá-las.
- Vou para casa.
- O quê? – não quis olhá-lo. As lágrimas já ameaçavam cair. Por qu eu sempre era tão idiota e chorava?
- Você ouviu, Alex! – cerrei os dentes empurrando as lágrimas de volta.
- Ouvi. Só não estou entendendo. Qual é o problema?
Retirei o roupão, ficando mais uma vez nua diante dele e comecei a vestir as minhas roupas.
Ele respirou profundamente e desviou o olhar virando-se para me dar mais privacidade.
- Pensei que passaríamos a noite juntos. Você nem escreveu nada ainda – fiquei enfurecida.
Peguei o roupão e atirei nele.
- Por que não convida a professora Bezerra? – Alex segurou a peça molhada, me encarando, surpreso com a minha reação.
- Charlotte!
- Não fale meu nome deste jeito, seu... Seu... Ah, vá à merda, Alex! – tentei passar por ele, vestindo apenas lingerie. Ele me segurou pelo braço.
- Pare com isso, Charlotte!
- Pare você – afastei suas mãos de mim e passei para o quarto.
- Anita é só uma amiga.
- Ah tá!
- Não estou entendendo. Não somos namorados. Nós...
- Não somos namorados, porém você quer exclusividade, não é? Não posso sair para paquerar, nem encontrar alguém para transar, já que nem isso você faz comigo.
Ele me olhou sem acreditar no que eu dizia. Alex andou pelo quarto sem saber o que responder.
Aproveitei e voltei para o closet à procura de roupas. Meu professor me alcançou sem que eu esperasse. Seus braços me envolveram, me prendendo a ele.
- Não quero brigar com você. Anita é apenas uma amiga.
- Isso não muda nada.
- Muda tudo, Charlotte. Você está criando uma confusão desnecessária.
- Não muda o fato de ela poder aparecer aqui com um vinho para fazer você relaxar, enquanto eu estou me desdobrando para conseguir convencê-lo a transar comigo – novamente ficou espantado com a minha sinceridade.
- O que mais preciso fazer para que você entenda que se as circunstâncias fossem outras eu já teria feito isso com muito prazer? – ele passou a mão em meus cabelos tirando-os do rosto. – Charlotte, não invente problemas para nós dois. Estávamos bem. Vamos passar a noite juntos. Por favor!
Meu coração começou a se tranquilizar. Alex sabia como me convencer a fazer tudo o que ele queria e eu desejava loucamente ceder aos seus encantos. Principalmente com ele me segurando daquele jeito, me prendendo com seus olhos azuis como o céu da noite, profundos como uma lagoa, suplicando como se não suportasse a ideia de ficar longe de mim.
- Não quero ficar entre você e outra pessoa, Alex. Não quero que você me faça sua amante – ele riu carinhosamente.
- Você me colocou nesta história!
- Mesmo assim.
- Não tenho nada com ninguém, Charlotte.
Foi impossível não relaxar instantaneamente. Meus ombros cederam e meus olhos ficaram menos raivosos. Eu até precisei segurar o sorriso que insistia em se abrir em meus lábios.
- Ok – ele me soltou e também ficou mais relaxado.
- Ótimo!
- Mas, se você beijar outra mulher, vai me dar o mesmo direito – Alex fechou os olhos com força, juntando as duas mãos, as levou até o rosto, segurando na ponta do nariz.
- Charlotte, nós não somos namorados.
- Exatamente – consegui me manter firme, apesar de suas palavras terem me atingido de uma forma esquisita. Como se estivesse dizendo que eu não podia ser porque não era boa o suficiente para ser. – Eu não sou sua namorada, Alex. Então, se você pode se divertir por aí, eu também posso.
- Droga!
- E se transar com alguma mulher, eu também...
- Eu já entendi – rebateu entre os dentes demonstrando toda a sua frustração.
- Ótimo! A escolha agora é sua.
- Já. Entendi – e me encarou decidido a encerrar o assunto.
- Se você acha tão necessário assim transar por que...
- Não!
- Mas... – levantei a mão para tocá-lo.
- Não, Charlotte – e ele se afastou como se um mínimo toque pudesse fazê-lo mudar de ideia.
Merda! Maldita Anita que chegou para atrapalhar os meus planos.
- Você queria – provoquei.
- Eu quero. Sempre quero. Sou homem, você é linda, nós temos uma química boa, mas é errado.
- Alex! – quase implorei. Por que ele tinha que ser tão idiota?
- Nós temos um acordo e até agora você não escreveu nada – foi até a cama, onde tinha deixado o meu computador e sentou. – Venha. Vamos trabalhar.
- Não – respondi desanimada. - Pensei que passaríamos a noite juntos. Não consigo escrever com alguém lendo ao mesmo tempo – fui até ele na cama e puxei os lençóis me deitando. Alex suspirou, depois de alguma hesitação, deitou ao meu lado.
- Vamos assistir a um filme? – neguei com a cabeça sem vontade de olhá-lo.
- Vamos conversar um pouco. Podemos tomar um vinho?
- Tá. Vou providenciar.
- Não agora. Quero conversar – ele se ajeitou na cama. Estava cauteloso. Seus olhos buscavam por alguma coisa em meu rosto.
Em seguida ele assumiu a postura natural de quem estava sempre no comando. Sua segurança voltou. Seus olhos brilharam e ele se aproximou mais de mim.
- Seu cheiro é bom – sem pedir permissão se aproximou mais e cheirou meu pescoço.
Imediatamente minha pele correspondeu. – Que perfume é esse? – seus lábios roçaram da minha orelha ao meu queixo, onde depositou um beijo meigo.
- É água de banho – quase não consegui falar.
- Gostei. Combina perfeitamente bem com você. Doce, suave, gostoso.
Seus lábios se arrastaram até os meus. O toque foi leve e carinhoso. Tentei encontrar meus pensamentos e não consegui pensar em nada que não fosse ele. Seus beijos, seus toques...
- Alex... – sussurrei.
- Sim?
Seus lábios ainda estavam nos meus, brincando com movimentos suaves e sedutores. Sua língua apenas roçou a entrada da minha boca me fazendo desejar muito mais.
Deus! Como eu queria mais. Não apenas o encontro dos nossos sexos, eu queria conhecê-lo completamente. Queria poder tocá-lo e sentir seus músculos bem definidos. Queria descobrir se eu o enlouquecia assim como ele conseguia me enlouquecer. Queria... Fazê-lo gozar e me deleitar com seu gozo, como ele estava fazendo comigo.
- Vamos conversar – só pensar em tocá-lo e senti-lo de maneira tão íntima já tinha me deixado mais do que excitada.
- Sobre o que quer conversar, Charlotte? – seus dedos tocaram em meus cabelos e desceram pelos braços causando arrepios em meu corpo. – O que a está deixando tão aflita?
- Você – fui direta.
- Eu?
- Sim – ele sorriu largamente. Quase me esqueci do que queria conversar.
- E o que eu fiz de tão errado para fazer com que você quase fosse embora? Tirando o episódio da Anita, é claro.
Olhei em seus olhos incrivelmente azuis, quase negros. Ele era lindo! E eu o queria inteiramente para mim. De todas as formas possíveis.
- Preciso conhecer mais do que você está me mostrando – ele fez uma careta e desviou o olhar.
– Não é justo, Alex!
- Charlotte... Charlotte – ele segurou em meu rosto com as duas mãos – Eu não posso.
- Mas você...
- Eu sei. Passei dos limites. Você me provoca demais.
- Provoco?
- Claro – um formigamento percorreu meu ventre. Ele me desejava e este simples fato me alucinava.
- Então... – Alex me calou com um dedo em meus lábios.
- Não posso. Já imaginou se alguém descobrir que estamos dormindo juntos? Eu destruiria a credibilidade da minha editora, não apenas por fazer sexo com uma autora, mas também pelo fato de esta autora ser uma aluna orientada por mim. Entende que posso destruí-la? Você também será desacreditada, Charlotte. Todos vão pensar que aprovei seu projeto porque transei com você. Será terrível para sua carreira. Em qualquer outra situação eu não resistiria tanto. Você é incrível e me tira do sério. Não consigo pensar em outra coisa nos últimos dias que não seja fazê-la mulher, mas eu não posso. Facilite as coisas. Não tem noção do quanto está sendo difícil.
- Por que difícil?
Ele tinha razão em tudo, apesar disso eu sentia um desejo muito forte de jogar os problemas para o alto. Pela primeira vez em minha vida, outra coisa, que não o meu livro, ocupava os meus pensamentos. Eu o queria tanto que doía.
- Porque não é fácil sentir tanto tesão e não poder... – ele me olhou hesitando.
- Não poder? – Alex riu sem graça - Não poder gozar, Charlotte. Depois de um tempo causa dor. É... complicado.
- E injusto.
- Não é injusto. É o preço por aceitar ajudá-la.
- Não quero desse jeito – Alex acariciou meu rosto sem desviar o olhar.
- Não temos outra opção. Pelo menos por hora.
- Alex...
- Não, Charlotte! – suspirei derrotada. Então uma ideia invadiu meus pensamentos com tamanha força que foi impossível não colocá-la para fora.
- Preciso que me ensine mais, Alex.
- Estou ensinando muitas coisas.
- Quero conhecer você.
- Pergunte. O que quer saber da minha vida? – mordi os lábios sem conseguir uma maneira mais suave de dizer o que queria.
- Não exatamente sobre a sua vida...
- Então o quê?
- Você me beija, me toca, conhece o meu corpo, já me viu sem roupa... – ele entendeu aonde eu queria chegar, seu rosto ficou vermelho pela primeira vez. E foi espetacular!
- Você... Você quer...
- Quero – fui incisiva.
- Charlotte...
- Eu preciso, Alex. Preciso saber como é para você. Preciso senti-lo. Preciso que você se entregue um pouco para que eu possa aperfeiçoar meu conhecimento sobre o que devo escrever – ele fechou os olhos e engoliu com dificuldade.
- Porra, Charlotte! – sussurrou me aquecendo ainda mais.
- Deixe-me tocá-lo. Ensine-me a lhe dar prazer – minhas mãos já estavam em seus braços, acariciando toda a sua extensão. – Será mais fácil se for bom para nós dois – avancei um pouco mais e meus dedos se aventuraram por dentro da sua camisa.
- Charlotte... – com os olhos fechados ele sussurrou meu nome. Foi a minha deixa.
De joelhos sobre o colchão me aproximei dele colando meu corpo ao seu. Alex não reagiu.
Busquei seus lábios e ele permitiu o beijo, no entanto sua mandíbula estava rígida, tensa. Corri uma mão para dentro da sua camisa tocando seu abdômen perfeitamente definido. Ele tremeu com o meu toque e se entregou um pouco mais ao beijo. Minha outra mão acariciou seu pescoço brincando com os cabelos.
- Tem certeza de que quer fazer isso?
Ele continuava hesitante, mas eu queria muito poder senti-lo de maneira mais íntima. Queria tê-
lo em minha mão. Saber como era.
- Eu quero você, Alex – com um gemido ele me abraçou colando nossos corpos com fúria.
Enquanto passava suas mãos em mim, acariciando minhas costas, braços, coxas e bunda, eu também explorava o seu corpo maravilhoso. Alex tinha costas largas e músculos definidos que se retesavam e relaxavam com o meu toque. Levantei sua camisa para senti-lo melhor.
- Tire a camisa – pedi e ele prontamente obedeceu. Parei para encará-lo sem me sentir envergonhada. Passei minha mão pelo seu peitoral enquanto ele assistia. – O que devo fazer?
- O que quer fazer? – sua voz estava rouca.
- Quero tocá-lo – ele sorriu me incentivando a continuar. – E... Quero beijá-lo... aqui – passei meus dedos pelo peito do meu professor, depois desci pela sua barriga. – E aqui... – ele fechou os olhos e novamente, sua mandíbula enrijeceu. Como não disse nada, deduzi que era um sim.
Passei meus lábios no peito dele e meu professor gemeu baixinho. Fiquei emocionada com a minha capacidade de dar prazer a alguém tão experiente. Então beijei seu peitoral e deixei que minha língua brincasse em algumas partes. Alex segurou com delicadeza os meus cabelos me conduzindo conforme a sua vontade. Beijei sua barriga seguindo o caminho de cabelos negros e ralos que desciam até o limite da sua bermuda.
Alex me levantou e tomou meus lábios num beijo selvagem. Nossos corpos se espremeram sobre a cama. Ele se posicionou sobre mim. Todo o seu peso era contido pelo seu braço esquerdo enquanto a mão direita me apertava ao seu encontro.
A fricção do seu sexo no meu me acendeu completamente. Alex estava duro e roçava sua ereção em mim com delicadeza. Seus beijos acompanhavam nossos movimentos. Meu professor afastou meu sutiã e seus lábios se apossarem do meu seio engolindo-o por completo. Sua língua fazia estragos em minha pele já sensível.
Eu gemia despudoradamente.
Quando senti sua mão descendo entre minhas pernas segurei seu pulso com força e o encarei.
- Não, Alex. É a minha vez. Quero fazer com você – ele me olhou por alguns segundos avaliando o meu pedido.
- Certo. – e sorriu daquela forma preguiçosa. Tão linda e safada que me fazia perder o compasso. - Mas primeiro as damas.
E no mesmo segundo seus dedos invadiram minha calcinha me tocando de maneira absurdamente prazerosa. Seus lábios estavam em todos os lugares. Meu desejo era tamanho que arqueei as costas forçando maior contato dos seus dedos com meu sexo. Eu o queria dentro de mim.
- Ei, assim não, meu bem – censurou-me ao perceber que eu me movimentava forçando a penetração. – Devagar ou posso machucá-la.
- Não vai me machucar, Alex.
Ele acariciou meu centro com o polegar me arrancando um gemido felino que sequer imaginava ser capaz de emitir e deixou seu dedo indicador entrar um pouco. Apenas um pouquinho, porém foi o suficiente para me fazer esquecer o mundo.
- Assim está melhor? – ele circulava a língua em meu mamilo. Eu quase não conseguia falar.
- Ah, Alex!
- Charlotte, você vai me fazer perder a cabeça com estes gemidos – seus dedos me atingiram com mais pressão ao mesmo tempo em que ele sugou meu seio com avidez.
- Puta que pariu! – fui incapaz de controlar o palavrão. Alex riu e mordeu o bico do meu seio que estava em sua boca. – Ai! Desculpe, foi mais forte do que eu.
- Tudo bem. Esta é uma boa hora para xingar – seus dedos trabalharam mais afoitos e eu gemi mais alto me contorcendo. – Meu Deus, Charlotte! Como eu queria estar dentro de você agora – enterrou o rosto em meu pescoço avançando o dedo um pouco mais.
- Alex... Alex... Eu...
- Sim, Charlotte...
E eu gozei sentindo meu corpo afundar em uma banheira de água quente e prazerosa. A sensação do orgasmo era sensacional. Eu podia sentir meu corpo boiando nas águas doces enquanto ao mesmo tempo centenas de pequenos choques me atingiam.
- Assim, Charlotte – ainda ofegante abri os olhos e o encontrei sedento de desejo. Não tive tempo para me recuperar.
- Agora é a minha vez – avancei sobre o meu professor. Alex não me impediu de empurrá-lo de costas no colchão e montá-lo. Ele riu deliciado.
- O que quer fazer?
- Tocar em você – ele fechou os olhos e engoliu em seco. Rebolei descaradamente em sua ereção. Alex gemeu.
- Você já me tocou, Charlotte.
- Não. Quero fazer como você faz comigo. Quero senti-lo em minhas mãos – meu professor abriu os olhos e concordou. – Preciso que me ensine.
- Certo. Venha aqui – ele me puxou para o seu lado. – Quero que você comece. Mostre-me como acha que deveria ser.
- Primeiro você tem que tirar a bermuda.
Ele sorriu de maneira sacana e arrancou a roupa com um puxão. Fiquei um pouco assustada com a sua ereção sobressaindo da cueca. Meu Deus! Aquilo era... Tão Alex!
- Agora venha – segurando em minha mão, voltou a deitar me deixando sobre ele. – Toque-me.
Timidamente deixei que meus dedos acariciassem de leve a sua ereção por cima da cueca.
Testei um pouco mais e passei minha mão inteira. Desta vez Alex gemeu. Abaixei a cabeça e beijei a sua barriga. Ele acariciou meus cabelos.
Sem esperar pela sua permissão, minha mão entrou pela cueca e o toquei de verdade. Meu professor fechou os olhos e abafou um gemido mordendo os lábios.
Aproveitei seus olhos fechados para avaliar mais de perto o que eu tinha em mãos. Não era a primeira vez que eu via um pênis. A internet estava cheia de fotos que alimentavam muito bem a imaginação das pessoas, mas tê-lo ali, em minhas mãos, tão perto de mim, me causou um frenesi que quase não consegui conter.
Era longo e grosso. Um pouco rosado e cercado por veias grossas. Latejou quando o apertei em meus dedos. Olhei para Alex e constatei que me observava com olhos atentos. Fiquei visivelmente envergonhada.
- Não sei como fazer – admiti sem receio. Alex segurou em minha mão e gentilmente a conduziu pelo seu membro.
- Assim.
Com sua mão firme na minha ele me fez acompanhá-lo. Repeti o percurso da forma como ele me ensinou. Meu professor gemeu e se movimentou em minha mão. Me deliciei com seu gesto.
- Você gosta? – ele mordeu os lábios.
- Sim.
- É só isso? – Alex sorriu largamente.
- Não. Você pode variar a velocidade e a pressão, conforme a situação.
- Ah! – olhei para o seu membro tão duro em minha mão. Eu queria que ele estivesse em mim.
Em minha boca. Constatei chocada com o meu desejo, meu centro começou a se manifestar. – Assim?
– aumentei a velocidade e meu professor arqueou o corpo mordendo os lábios. - Como você gosta, Alex? – ele gemeu alto e se conteve fazendo um esforço enorme.
- Assim – guiando minha mão me fez segurá-lo com menos força e mais velocidade. Tentei repetir da forma exata como ele tinha me ensinado. - Puta merda, Charlotte! – gemeu jogando o rosto para trás.
Avancei sobre o seu corpo e lambi seu pescoço percorrendo o caminho até sua boca. Mantive o movimento de minhas mãos. Alex era lindo surfando. Era lindo ensinando. Era lindo dirigindo. Era lindo até mesmo lavando os pratos, mas nada se comparava a Alex sentindo prazer. Era espetacular!
Alcancei seus lábios e ele me beijou com urgência enquanto se movia na direção da minha mão. Segurou com força um dos meus seios e o apertou gemendo em meus lábios. Intensifiquei os movimentos pressionando um pouco mais a mão em seu membro.
- Assim, Charlotte. Assim.
- Goze para mim, Alex.
Não sabia de onde tirava coragem para dizer aquelas coisas, apenas sentia o impulso, falava e quando percebia já tinha causado aquele efeito em nós dois.
- Puta que pariu!
Ele articulou as palavras por entre os dentes e minha mão foi invadida por um líquido grosso e viscoso. Alex segurou minha mão com força impedindo que eu continuasse com os movimentos e gemeu da maneira mais gostosa que eu já tinha visto. Todo o seu corpo enrijeceu enquanto ele gemia e gozava.
Eu assistia a tudo hipnotizada. Era lindo demais. Perfeito demais. Gostoso demais. Era Alex.
Puro, simples e entregue a mim como eu nunca imaginei.
Capítulo 11
“Uma coisa bela persuade por si mesma, sem necessidade de um orador”.
William Shakespeare
Alex
Acordei meio confuso. Tinha adormecido em minha cama com Charlotte em meus braços logo após ter alcançado o orgasmo tão almejado. Porra, Charlotte simplesmente conseguiu! Ela tanto fez que quebrou as barreiras. Argumentou e acabou me convencendo a dar mais aquele passo. E eu cedi, me tornando o maior filho da puta existente sobre a terra.
Não posso negar que adorei cada minuto. Sua pele quente, sua mão macia, seus olhos atentos e ansiosos pedindo por mais, sempre mais. A forma como ela umedecia os lábios enquanto me observava, como se quisesse... Droga! E eu queria também.
Era preciso pelo menos tentar arrumar a bagunça que tinha se instalado em minha vida. O que eu estava permitindo que acontecesse era arriscado demais. Mas como fugir? Não dava para fugir quando eu me via cada vez mais preso a suas súplicas.
É, Alex Frankli, você está fodido! Uma garotinha. Uma menininha inexperiente, simplesmente entra sem bater e bagunça a sua vida toda. E você está aí agora, deitado na cama macia, ainda envolvido pelas lembranças e em estado de graça pelo prazer sentido.
Shakespeare tinha razão.
Ele sempre tinha.
Charlotte não era linda apenas por causa do seu porte físico. Nem pelos seus olhos perfeitos de um azul sem igual. Muito menos pelo seu corpo entregue à luxúria que ela se permitia quando estava comigo. Ela era linda de uma maneira única. Linda em sua inocência, em seu rosto corado, em sua forma peculiar de dizer o que queria, na sua persistência para lutar bravamente até alcançar seu objetivo. Ela insinuava, persuadia e conseguia.
Uma diaba!
Ainda era madrugada, eu estava com sono, o corpo dolorido pelo ritmo do dia, mas não pude deixar de notar o espaço vazio ao meu lado. Em que momento eu me desgrudei dela? Quando meu corpo deixou de se maravilhar com o dela tão próximo, com a serenidade do seu sono próprio das crianças e se entregou ao ponto de deixar de senti-la? Onde estava Charlotte?
Mal comecei a me movimentar na cama e pude avistar a luz fraca do computador do outro lado do quarto. Ela estava escrevendo. Tão absorta em seus pensamentos que nem percebeu que eu havia despertado. Fiquei observando-a enquanto digitava. As vezes ajustava os óculos, arrumava o cabelo atrás da orelha. Não sei quanto tempo ficamos assim, eu não conseguia deixar de olhá-la nem por um segundo.
Seu rosto, iluminado pela pouca luz, tinha um ar de maturidade que até então eu não havia percebido. Quando terminou, levantou com o computador ainda aberto e olhou em minha direção.
Nossos olhos se encontraram. Charlotte usava apenas calcinha e sutiã seu corpo era simplesmente perfeito. E o meu, claro, correspondeu.
- Acordei você? – sua voz era um murmúrio.
- Não.
Minha cabeça era um turbilhão de sensações, dentre elas a culpa, a insegurança e a incerteza...
O desejo que doía clamando por sua libertação, a vontade que ultrapassava todos os limites, a admiração por uma pessoa tão intrigante, que me confundia e atordoava. Charlotte era apenas uma criança, e embora fosse uma linda mulher, continuava sendo uma menina para mim. Mas o que eu poderia fazer? Nada.
- Estava escrevendo?
- Sim. Consegui revisar mais dois capítulos – ela não vinha para a cama e aquilo era tudo o que eu desejava naquele momento.
- Posso ver?
- Agora?
- Sim – ela ajustou os óculos, piscando como se meu pedido a tivesse surpreendido.
- É madrugada e você precisa acordar cedo. Não é melhor fazer isso depois?
Eu ia insistir, até porque àquela altura meu sono tinha ido dar um passeio na praça do outro lado do bairro. Saber como Charlotte viveu o que tínhamos feito era muito mais interessante do que dormir, e eu estava louco para saber como ela descreveu me ter em suas mãos, me fazendo gemer e gozar como um adolescente. Mordi os lábios e acabei concordando.
Ela não gostava que lessem o que estava escrevendo na sua presença. Sentia-se constrangida sendo avaliada diretamente, sem rodeios. E eu entendia aquele sentimento. Odiava quando a professora lia minhas redações na frente da classe inteira. Era embaraçoso, além de humilhante em muitos casos, como quando eu escrevi “tentarão”, ao invés de “tentaram”.
Se bem que serviu para me estimular a estudar mais e ajudou muito quando descobri o que gostaria de fazer da minha vida.
- Tudo bem. Perdeu o sono?
- Fiquei ansiosa para escrever. É sempre assim. Quando a ideia surge em minha cabeça não consigo parar até colocar tudo para fora – sorri. Aparentemente todos escritores sentem esta compulsão quando surge uma ideia nova.
- Venha deitar. Você também precisa acordar cedo – ela hesitou, mordendo os lábios, mas caminhou em direção à cama.
Colocou o computador sobre a poltrona, retirou os óculos deixando-o no mesmo lugar, aproximou-se lentamente e passou por cima de mim, para ocupar o espaço ao meu lado. A sua mínima aproximação expulsou de vez todas as minhas dúvidas. Sua coxa roçou minha pele. Meu corpo respondeu instantaneamente. Puta que pariu! Nunca tinha me comportado daquele jeito com nenhuma outra mulher.
Estranhamente ela se afastou deixando um espaço entre nós dois. Fiquei um pouco perdido. Por que estava me evitando?
Na escuridão do quarto consegui captar seu olhar. Ela parecia recear algo. Eu queria me aproximar, mas não conseguia. Tive medo de dar um passo grande demais e não ter como voltar. Se é que eu já não tinha dado este passo.
Porra, Alex, admita! Você já deu a porra do passo!
Ok! Apesar de estar com muito medo de tudo o que poderia acontecer, não voltaria atrás.
Agora era só uma questão de como e quando.
- Boa noite, Alex!
Sussurrou. Tive a impressão de que um sorriso um tanto quanto sacana brincava em seus lábios. Ela estava brincando comigo?
Ah, Charlotte, não brinque com fogo!
Virando de costas para mim, deitou-se de bruços, empinou a bunda e flexionou uma perna, abraçando um travesseiro. Olhei seu corpo banhado pela fraca claridade da noite e me demorei em sua pequena calcinha que permitia uma visão absurdamente deliciosa de seu traseiro.
Alex! Coloque sua cabeça no lugar. Freie seus instintos, pelo amor de Deus!
Antes mesmo que a mensagem surtisse o efeito desejado, minha mão se acercou da cintura dela, puxando-a para mim. Nossos corpos ficaram colados, meus lábios alcançaram seu pescoço e eu me vi novamente perdido em seus encantos. Ela sorriu exultante.
- Você é uma safada, Charlotte!
Mordi seu pescoço deleitado pela sua malícia conseguindo me envolver totalmente em seu joguinho de sedução. Devo me corrigir: Charlotte não é uma menina, é uma mulher extremamente sexy e excitante.
- Estou sentindo, com muita propriedade, onde se encontra a safadeza neste momento, professor Frankli – manhosamente, e por que não maliciosamente, roçou a bunda em minha ereção. Oh, droga!
Estávamos brincando não com fogo, mas com um incêndio. – Você precisa dormir, professor.
- E você, aluna, precisa parar de me provocar. Eu não sou de ferro! – minha mão acariciava sua barriga. – Quer brincar um pouquinho?
Mordisquei seu ombro sentindo Charlotte se encolher e empinar ainda mais a bunda para roçar em meu pau já totalmente envolvido na brincadeira.
Eu merecia o inferno por fazer aquela proposta, mas, por Deus, era muito difícil resistir a Charlotte Middleton!
Eu estava até sendo forte demais me recusando a consumar o nosso desejo. Tentar me manter indiferente a seu corpo, a seu charme e sedução, era uma batalha perdida há muito tempo.
Então era isso. Eu perdi e Charlotte ganhou. Não adiantava chorar, buscar justificativas, tentar reverter a situação. Ela era um exército inteiro atirando em minha direção.
- Estou ficando cansada destas brincadeiras, Alex – ri debochadamente. Charlotte Middleton cansada de sexo ou de brincadeiras sexuais? Impossível! – Sei que existe muito mais do que você está me mostrando. Quero ir além.
- Novamente fui estimulado a continuar com seu jogo, pois sua bunda pressionava a minha ereção numa fricção deliciosa.
- Não faça isso, Charlotte – movi minhas mãos em suas coxas e passei meu outro braço por baixo puxando-a mais. Imitei seus movimentos roçando minha ereção nela. – Adoro seu corpo. Você é linda!
- E você um grande mentiroso.
Ela se afastou e virou de frente me encarando. Nossos olhos já perfeitamente adaptados à escuridão do quarto, permitindo-nos ver qualquer movimento. E qualquer detalhe também, como seus seios apontando em minha direção, os bicos rijos de desejo, ansiosos para serem tocados.
- Por que sou mentiroso?
- Anita é linda! Aposto que muitas outras mulheres espetaculares já passaram por sua cama – suspirei.
Aquele era um campo minado, principalmente quando precisava passar por ele com uma criatura como a minha aluna, que ao invés de andar cautelosamente desviando-se das bombas, saltitava nelas fazendo questão de explodir tudo. Com Charlotte era assim: num segundo ela é louca, ciumenta, birrenta, cheia de vontade, mimada e infantil e no outro é simplesmente madura, decidida, tranquila, envolvente e sexy pra cacete... Era melhor não arriscar.
- Vem cá – sussurrei com a voz rouca, entregando o meu estado. Como ela não se aproximou a puxei rindo da sua reação. – Deixe de ser boba. Você é linda e muito gostosa. Eu adoro seu corpo, de verdade. Não vê como eu fico todas as vezes que se aproxima?
Ela continuava resistindo. Curiosamente, eu estava gostando daquele joguinho. Puxei sua mão e coloquei sobre minha ereção. Tive certeza de que Charlotte corava.
- Sinta.
- Alex...
- Vem cá, Charlotte.
Eu estava louco para tocá-la com mais vigor, mais liberdade. Não poderia negar que após permitir que minha aluna me masturbasse, eu simplesmente me imaginava indo cada vez mais longe e isso me remetia ao homem desesperado que eu estava sendo naquele momento.
Alcancei seus lábios e beijei com volúpia. Queria repetir a nossa brincadeira de mais cedo, queria fazer com ela o que a minha vontade ditasse, fazer Charlotte entender que não devia brincar com um homem e definitivamente inverter aquela situação.
Sem deixar de beijá-la, invadindo sua boca com a minha língua, exigindo que me seguisse, que me atendesse, que me satisfizesse, virei nossos corpos me posicionando sobre o dela. Charlotte abriu as pernas para me acomodar e com isso nossos sexos ficaram separados apenas pelo tecido das roupas íntimas. Charlotte gemeu manhosa, se contorcendo embaixo de mim.
Ela era incrível! Tão sedutora, ousada e corajosa.
Corri minhas mãos por seu corpo, ora em suas coxas, ora nos seios, sem nunca, em nenhum instante deixarmos de roçar um no outro. A fricção nos levaria ao êxtase. Deixei que meus dentes arranhassem a pele do seu pescoço e ela se entregou ao prazer sem nenhuma reserva. Eu adorava aquilo em minha aluna. Adorava senti-la tão quente e sedenta.
Eu adorava Charlotte Middleton. Era a minha sofrida e ao mesmo tempo, deliciosa realidade.
Charlotte fechou os olhos e se movimentou embaixo de mim. O ritmo era suave e cadenciado.
Cada vez que ela rebolava os quadris, nossos corpos se juntavam e milhares de faíscas percorriam minhas veias. Seria extremamente difícil e doloroso parar. Eu não queria parar, nem que ela desejasse. Eu queria mais. Muito mais do que poderia me permitir.
Eu queria possuir Charlotte, fazê-la minha. Sabia que este era o seu desejo também. Minha aluna já estava completamente perdida de desejo por mim. Era só atravessarmos uma pequena linha e Charlotte nunca mais deixaria de ser minha. Droga eu não poderia ir tão longe.
Merda!
- Alex... – gemeu um apelo como se pudesse ler meus pensamentos. – Por favor!
- Ah, Charlotte! – tomei seus lábios violentamente.
Queria silenciá-la. Impedi-la de continuar me pedindo o que eu mais ansiava por lhe dar. Eu não podia. Se ela continuasse suplicando daquele jeito, eu perderia o controle dos meus atos. Mas eu não podia. Não ali. Não naquele momento. E, principalmente, não enquanto ela fosse minha aluna.
Rocei meu pau, já absurdamente duro em seu ponto de prazer, ao mesmo tempo, meus dedos invadiram seu sutiã, afastando-o e tomando o bico intumescido do seu seio. Apertei-o com ardor.
Charlotte gemeu deliciada em meus lábios. Esfreguei o bico entre meus dedos forçando um pouco para cima. Eu sabia que ela poderia gozar a qualquer momento. Eu seguiria o mesmo caminho.
Segurei em sua coxa e puxei-a para cima, prendendo sua perna em minha cintura. Afastei um pouco a calcinha que nos separava e toquei em seu sexo. Oh, céus! Ela estava deliciosamente molhada.
Charlotte choramingou, rebolando em meu dedo. Ela me queria ali, e eu a queria desesperadamente. Mas não podia. Mesmo assim deixei que meu membro roçasse nela espalhando sua umidade. Deus! Se eu descesse só mais um pouco, poderíamos concretizar o ato.
Não. Eu não podia.
Mordi os lábios dela sentindo todas as minhas forças se esvaindo enquanto Charlotte rebolava permitindo que a cabeça do meu pau roçasse a sua entrada e escorregasse para cima acariciando seu clitóris. Segurei-o forçando o contato. Ela jogou a cabeça para trás gemendo descontroladamente.
Era extremamente prazeroso vê-la.
- Goze, Charlotte – implorei ciente de que não conseguiria me segurar por mais tempo. – Goze para mim.
Ela soltou um gritinho carregado de prazer e gozou gritando meu nome. Puta que pariu! A garota era muito gostosa e safada e... Puta que pariu!
Levantei-me ficando acima dela, tomei meu pau com a mão e manipulei-o deixando o prazer me dominar. Eu gozei no corpo de Charlotte, marcando-o com meu gozo. Nossos olhos em contato o tempo todo, e... Puta que pariu! Charlotte adorou me ver. Seus olhos brilhavam de satisfação, ela mordeu os lábios sedutoramente.
Oh, merda! Essa menina será minha morte.
Charlotte
Quando vi Alex segurar seu pênis e se masturbar fiquei vidrada em seus movimentos esquecendo-me totalmente de mim e de tudo o que acabara de acontecer. Apesar de eu ter feito a mesma coisa nele horas antes, assisti-lo era muito mais excitante, principalmente sabendo que estava se masturbando por mim.
Por minha causa!
Dava para acreditar? Aquele senhor da beleza, deus do prazer, mestre da safadeza, estava diante de mim, totalmente entregue, gemendo, me encarando e se masturbando. Eu não poderia pedir mais nada a Deus. Não, eu até podia, mas aceitava de bom grado o que ele me dava naquele momento.
Instintivamente umedeci os lábios. Alex era lindo, isso era um fato, mas seu pênis era fantástico. Fantástico do tipo que você olha e pensa como seria degustá-lo.
Ok, eu não sei se existe alguém que pensa como eu. Na verdade, fiquei vermelha só de pensar, mas, mesmo assim, pensei. A vontade insana de tê-lo estava me deixando descontrolada. Imaginei minha língua percorrendo a cabeça brilhante e depois toda a sua extensão, passando pelos meus lábios e se alojando em minha boca.
Será que um dia chegaríamos a este patamar? Alex permitiria?
Ele gozou em meio à confusão que se formava em minha cabeça. Seu rosto se contraiu de prazer, deixando-o ainda mais desfrutável. Meu ventre, inacreditavelmente, formigou, desejando um pouco mais dele. Eu estava virando um monstro incontrolável e insaciável.
Tá certo. Essa do monstro é meio clichê, embora eu adorasse a ideia.
Alex mordeu os lábios perdido no seu prazer. Repeti o seu gesto, sentindo o mesmo. Seu jato quente escorreu em meu ventre, capturando minha atenção. Eu sempre imaginava que teria nojo de uma coisa como aquela, mas era o gozo de Alex. Era o resultado do seu prazer por estar comigo.
Quase tive um orgasmo ao senti-lo. Foi como ser marcada por ele. Como se Alex tivesse colado em mim um selo de propriedade. Como se estivesse demarcando seu território. E eu era realmente dele. Não tinha mais como impedir este sentimento.
Ele respirou profundamente controlando-se e, aos poucos, fomos voltando à nossa realidade.
Meu professor ficou visivelmente constrangido. Eu não entendia o porquê.
- Desculpe! Vou limpar esta bagunça – se inclinou e me beijou nos lábios com delicadeza.
Agarrei seus cabelos com minhas mãos e o mantive ali aprofundando o beijo, sendo mais devassa do que acreditava ser capaz.
- Faz outra vez – implorei. Ele me olhou por um tempo tentando entender o meu apelo. – Goze em mim outra vez. Marque meu corpo com seu prazer – meu professor balançou a cabeça meio atordoado.
- Charlotte... – mordeu os lábios. – Adoro você, menina! – e me beijou sofregamente.
Nossas línguas avançavam sem travar uma luta, mas sim se experimentando. Suas mãos estavam uma em minha nuca mantendo seu corpo acima do meu, sem nos tocarmos e a outra em minha perna, explorando-a.
- Você vai acabar comigo – protestou enquanto descia os lábios em meu pescoço. – Não consigo deixar de desejá-la. Cada apelo seu é uma tortura para mim.
- Não se torture mais, Alex. Acabe logo com isso.
- Ainda não. Em pouco tempo você estará formada. Nada nem ninguém poderá nos impedir.
Tenha um pouco mais de paciência e se comporte.
A promessa feita, ao invés de me acalmar, fez o meu corpo queimar ainda mais em expectativa.
Ele havia concordado? Era isso mesmo? Alex estava concordando em tirar a minha virgindade? Puta merda, eu queria gritar, pular no colchão, fazer a dancinha da chuva... mas me contentei em sorrir amplamente.
- Você parece uma criança que acabou de ganhar o presente mais sonhado.
- Eu sou exatamente esta criança. Ganhei não só um presente, mas o natal de uma vida – ele riu e acariciou meu rosto, mantendo o dele bem perto.
- Você é uma menina, Charlotte. E eu devo ter enlouquecido – apesar de suas palavras não havia arrependimento em sua voz. Pelo contrário, era uma mistura de vários sentimentos, mas o que me atingiu mais profundamente foi a devoção.
- É só me fazer mulher. Ensine-me a ser esta mulher – ele suspirou e baixou o olhar pelo meu corpo.
- É melhor eu limpar isso aqui. Pode ser perigoso para você – levantou.
- Por que perigoso? – Alex riu como se eu tivesse falado um absurdo.
- Desculpe. Esqueço o quanto você é inexperiente.
- Não sou inex... – ele colou seus lábios aos meus em um beijo rápido.
- Não quero que você estrague sua vida com uma gravidez inesperada e indesejada. Estas brincadeiras podem ser perigosas se não forem feitas com segurança. Eu gozei muito próximo a sua...
Bom, você sabe – riu me fazendo corar. – Sem contar que tivemos contato e eu já estava... – Alex passou a mão nos cabelos e sorriu. – Precisamos começar a pensar em algumas coisas, mas antes vou limpar essa bagunça e depois te dar um banho.
Um banho? Caralho! Ele ia mesmo me dar um banho? Eu estava perdida.
Alex levantou de vez, seguindo em direção ao banheiro. Voltou com uma toalha na mão. Sentou ao meu lado na cama e gentilmente limpou todo o seu gozo que já secava grudando em mim. Deixou a toalha de lado e voltou a me beijar. Foi um beijo gostoso, suave e sensual. Calma e cuidadosamente acariciou meu rosto, braços e costas até seus dedos alcançarem o fecho do meu sutiã.
Senti as alças descendo pelos meus braços. Fiquei envergonhada. Lógico que Alex já tinha visto meus seios e ido até mais adiante, mas daí a tirar meu sutiã... Era mesmo constrangedor. Ele me olhou analisando meu corpo. Tocou em mim com cuidado e voltou a beijar meu pescoço.
- Venha, vamos tomar um banho – não tive coragem de dizer nada e me deixei conduzir.
Sob a luz do banheiro, ele pôde conferir todo o meu rubor. Meu professor sorriu e me puxou para ele buscando meus lábios.
- Doida para transar comigo, mas na hora H fica envergonhada?
- Na hora... Então...
- Não, Charlotte – ele riu. – Vamos tomar banho e eu vou atender ao seu pedido.
Beijou meu pescoço. Suas mãos quentes me exploraram. Apertaram meus seios e tomaram posse da minha bunda. Eu já estava fervendo por dentro. Aquilo nunca teria fim? Alex conseguiria sempre renovar o meu desejo por ele?
Passei minhas mãos em suas costas, prendendo-me a ele. Sua pele era lisa, seus músculos, perfeitos enrijeciam sob meu toque. Alex estava excitado de novo, mas seu membro estava escondido em sua cueca, impedindo-me de vê-lo. Seus beijos desceram e suas mãos acompanharam os lábios.
Beijou o espaço entre meus seios, desceu a língua por minha barriga e depositou vários beijos no limite da minha calcinha. Estremeci. O que ele faria?
Fechei os olhos e senti a pequena peça sendo retirada. Puta que pariu! Ele estava realmente tirando a minha calcinha? Estava mesmo abaixado de frente a... Ele estava lá mesmo? Merda! Eu queria? Queria. Definitivamente queria senti-lo naquele ponto. Mas... Ah! Que se dane! Eu o queria de todas as formas possíveis.
Suspirei e passei meus dedos em seus cabelos. Ele ainda estava abaixado a minha frente, beijando minha cintura, descendo até minhas coxas, tocando meus quadris, e... apenas isso. Minha calcinha não estava mais em seu lugar e Alex já estava de pé retirando a sua cueca. Aproveitei para admirá-lo. Ele era muito lindo.
- Venha – me conduziu ao chuveiro e deixou a água quente cair em nossa pele. Alex estava atrás de mim, mais precisamente, colado em minhas costas. – Você é linda, Charlotte! Nunca vou me cansar de dizer, nem de admirá-la.
- Você é muito gentil, Alex.
- Apenas sou sincero – suas mãos massagearam meus ombros.
Eu estava tensa. Tudo bem que tomar banho com o meu professor foi um desejo que me perseguiu no nosso primeiro dia. Eu podia lembrar com precisão de como o imaginei embaixo de um chuveiro e como me deixei levar pelos pensamentos de como seria se eu estivesse ali com ele. No entanto, pensar é uma coisa e fazer era outra completamente diferente.
Primeiro: Alex já tinha me visto nua, mas eu estava envolvida pela névoa da luxúria, então qualquer coisa que ele fizesse ganharia disparado a minha atenção, deixando a nudez para outro momento. Mas vê-lo retirar a minha calcinha depois de me dar um orgasmo fabuloso, e em seguida se abaixar e me presentear com beijos cheios de promessas era algo impossível de ser ignorado.
Segundo: eu já tinha visto meu professor sem roupas. Não foi bem ver o meu professor sem roupas. Ele tirou a bermuda e a cueca e toda a minha atenção se prendeu naquela parte do seu corpo.
E que parte! Mas ali, ele simplesmente se despiu e desfilou aquele corpo delicioso pelo banheiro sem demonstrar nenhuma insegurança.
Terceiro: meu nome do meio é insegurança. Eu não me sentia a garota da capa de revista para passear nua diante do homem que eu queria que tirasse a minha virgindade, como se eu tivesse realmente algo interessante para mostrar. Mesmo com ele afirmando o tempo todo o quanto me achava linda, atraente e desejável.
- Por que está tão nervosa? – desceu as mãos dos meus ombros até meus braços, sussurrando em meu ouvido e todos os meus pensamentos desceram pelo ralo junto com a água.
- Não estou nervosa.
- Ah, não?
Riu e se afastou ligeiramente. Virei-me para ver o que fazia. Ele pegou um frasco sobre a prateleira e jogou um pouco do conteúdo em uma esponja branca que estava no mesmo lugar.
- Gosta de morango?
- Gosto – respondi rápido demais. No mesmo instante o pensamento me cercou e eu inclinei a cabeça para o lado pensando nos fatos. - Mas não acredito que você use sabonete desta fragrância – ele riu.
- Não. Eu não. Mantenho aqui para eventuais visitas.
- Em seu quarto? – quase gritei.
Puta merda! Como Alex conseguia estragar tudo com apenas algumas palavras?
- Você não é a primeira mulher a se hospedar em minha casa, Charlotte. Por favor, não faça disso em um drama, já temos idade suficiente para superarmos situações como esta.
- Deu banho em todas elas? – eu estava realmente muito aborrecida.
- Charlotte...
- Esqueça, Alex. Posso tomar banho sozinha. Já tenho idade para isso – ele suspirou e me entregou a esponja.
- Pretende transformar qualquer coisa em um grande problema? – não respondi. Comecei a me ensaboar desejando acabar logo. – Charlotte... eu tinha uma vida antes de você. Não pode apagar...
- E continuará tendo depois de mim também – ele parou surpreso com a minha reação.
- Essa irritação toda é porque tenho sabonete com fragrância de morango em meu banheiro?
- Não. Essa irritação é porque você as hospedou em seu quarto, deu banho, alimentou e transou com elas. Com todas elas.
- Charlotte?!
- Quer saber, Alex? Acabou. Fique com suas mulheres, com sua arrogância, prepotência e com sua merda de sabonete fragrância morangos – atirei a esponja nele que me encarava aturdido. Passei por ele tentando sair do banheiro, mas suas mãos me agarraram impedindo a minha saída.
- Pare, Charlotte! Você está fazendo um dramalhão por nada!
Tentei me desprender, como estava ensaboada, acabei escorregando em seus braços. Caímos juntos no chão do banheiro. Não uma queda dramática, foi mais um escorregão onde ele acabou por cima de mim. Alex ria, o que me irritou ainda mais.
- Saia de cima de mim, seu idiota – mas ele gargalhava me mantendo presa.
- Que coisa feia, Charlotte Middleton. Além de boca-suja é uma ciumenta descontrolada.
- Saia de cima de mim, Alex, ou então...
- Ou então o que, Charlotte? Vai gritar? Vai me bater? Ou o quê? Vai subjugar-me ainda mais a seus encantos?
E eu já estava rendida. Que droga! Como ele conseguia?
Alex segurou meu rosto e prendendo o meu maxilar, beijou minha boca com maestria. O chão do banheiro se tornou um lugar agradável e confortável e a água, que respingava em nossos corpos, agora parecia estar fervendo.
- Eu só tenho você, Charlotte. Sua diabinha, louca e ciumenta, que ocupou meus pensamentos e dominou a minha vida por completo.
- Prove.
- Provar? Outra vez? Já não faço isso o tempo todo?
Ele continuava alisando o meu corpo e beijando meu rosto, pescoço... Ah, Deus! Como Alex era maravilhoso quando me tocava daquela maneira. Eu sentia sua ereção tão próxima! Ele se movimentava lentamente tirando todas as minhas forças.
- Faça amor comigo.
Alex parou e me olhou nos olhos com intensidade. Pude perceber seu esforço descomunal para resistir.
- Vou fazer. Não agora, nem hoje.
- Alex...
- Já conversamos a esse respeito, Charlotte. Por favor, chega de problemas por hoje. O dia está amanhecendo, logo teremos que sair. Eu preciso trabalhar e você precisa escrever... Por favor, vamos aproveitar o momento!
Suspirei. Alex era a maior de todas as loucuras que eu já tinha vivido. Ele disse que eu ocupava os seus pensamentos, mas não tinha nem ideia do que fazia comigo. Eu não conseguia sequer imaginar o que seria da minha vida quando aquilo chegasse ao fim. Estremeci. Ao menos ele tinha dito que transaríamos... Um dia.
- Mais calma? – sorri. – Posso te dar banho agora?
- Não preciso de ajuda para tomar banho.
- Mas o “meu” banho é especial – ele me olhava de maneira diferente, depois seus olhos passearam por meu corpo e Alex suspirou. – Fique bem quietinha – levantou, voltando com o sabonete líquido. – Agora Srta. Middleton, nada de protestos, argumentos ou qualquer tipo de ataque de fúria ou ciúmes – ajoelhou-se na diante de mim, seu joelho entre as minhas pernas.
Despejou o líquido em meu corpo. O cheiro delicioso de morangos subiu junto com o vapor da água. Espalhou o sabonete, suas mãos se demorando em cada parte do meu corpo, esfregando e massageando como se eu fosse uma peça de raríssimo valor. Não demorou muito para que eu ficasse completamente excitada.
Com as duas mãos, ele massageou meus seios, ora subindo ao meu pescoço, ora descendo até meu umbigo. Arqueei o corpo, ansiosa por mais. Alex desceu as mãos até meus quadris e me forçou para baixo ligeiramente. Seus dedos longos tocavam e pressionavam minhas coxas e seus polegares, um de cada lado, se projetaram tocando suavemente meu sexo. Gemi incapaz de me conter.
- Tem certeza de que quer cancelar o nosso acordo? – seus polegares avançaram massageando a região.
- Oh, Deus! Alex... – ele subiu as mãos até meus seios, pressionou cada bico entre os dedos e os esticou.
- Vai ficar ameaçando acabar com tudo, todas as vezes que se sentir insegura?
Puta que pariu! Desceu as mãos, deslizando por minha barriga fazendo pressão bem em cima do meu clitóris.
- Caralho!
Não consegui conter meus quadris, que rebolaram aumentando o contato com seus dedos. Ele riu baixinho e, sem que eu esperasse, deu um tapa em minha bunda, bem na junção com a coxa. Arfei com o estalo e meu corpo incendiou.
- Boca suja – me repreendeu, mas sua voz estava carregada de tesão.
- Imunda – completei me contorcendo de desejo enquanto ele brincava outra vez com a mão bem no meio das minhas pernas.
- Você gosta de ser tocada assim, não é gostosa? – intensificou os movimentos. Gemi extasiada rebolando mais.
O prazer me fazia fechar os olhos e morder o lábio. Tive vontade de me tocar. Levei a mão ao rosto, passando os dedos pelo cabelo molhado e descendo até alcançar meus lábios. Estes estavam quentes. Com a outra mão toquei a região entre meus seios, acariciando a pele. Quando abri os olhos Alex me olhava atentamente. Seu rosto era puro desejo e seus olhos felinos. Sorri um pouco, sentindo-me exposta demais e tenho certeza de que corei.
- Você é muito safada, Charlotte!
A voz rouca indicava seu nível de excitação. Ele passou as mãos pela minha barriga, segurando a minha e levando-a acima da minha cabeça.
- Agora fique paradinha.
Levantou, pegou um pequeno frasco que estava escondido atrás do shampoo e voltou a se ajoelhar.
- Vamos esquentar um pouco as coisas – ele abriu o frasco deixando algumas gotas caírem em meu sexo úmido – Vai ficar quente, Charlotte, não se assuste. Você vai gostar deste brinquedinho.
Recomeçou a massagear o meu sexo, indo dos lábios ao clitóris e voltando. Em segundos tudo começou a esquentar. Um calor delicioso que ardia, queimava e aumentava minha excitação.
Comecei a gemer sem nenhum pudor.
- Quente? – mal consegui abrir os olhos para encarar aquele sorriso sacana em seus lábios. Ele se deleitava e divertia em me torturar.
- Sim. Muito.
- Gosta? - intensificou as carícias e o fogo entre as minhas pernas aumentou de maneira inacreditável. Como podia?
- Ah, Alex! – me contorci em seus dedos.
- Isso, Charlotte! Eu adoro ouvir você gemendo assim, chamando por mim falando o meu nome – introduziu a ponta do dedo indicador em minha abertura.
- Alex, Alex, Alex... Oh, Deus!
- Você vai me matar de tanto tesão, menina.
- E você vai me matar de tanta ansiedade. Preciso de você, Alex. Por... Por favor... – não conseguia mais me controlar.
- Eu vou dar o que você quer, Charlotte. Vou apagar este fogo – desceu o corpo se posicionando entre minhas pernas completamente abertas, me fazendo ansiar por mais contato.
Com os dedos pressionando meu clitóris, projetou seu quadril em direção ao meu deixando que a cabeça de seu membro tocasse minha entrada. Ofeguei com a expectativa. Uma pequena investida e seus dedos apertaram meu centro de prazer com mais força. Gemi alto sentindo as famosas borboletas começarem a se espalhar pelo meu corpo.
Mais uma investida leve, suave e sacana, como só ele poderia fazer. Eu pude senti-lo, duro, rijo e delicioso, forçando um pouco, então Alex recuou e seus dedos desceram, pressionando meu pequeno botão, me tocaram bem no meio, esfregando aquela região.
Outra vez ele se aproximou, seu membro forçando um pouco mais, levantei os quadris procurando maior contato, porém meu professor recuou novamente.
- Alex, por favor!
- O quê? – dois dedos pressionaram meu clitóris friccionando-o. Ele mordeu o bico do meu seio e passou a língua estimulando-o.
- Mais um pouco, por favor!
- Você quer mais? – no mesmo instante seu pênis estava em minha entrada, penetrando um pouco mais.
- Oh, Deus! Por favor!
Alex rodou o polegar em meu centro e eu explodi num orgasmo avassalador. Gritei e me contorci ciente de que ele ainda estava lá, entre minhas pernas, insinuando que me tomaria a qualquer momento.
- Linda! Assim, linda! – Alex não estava mais com seu pau em minha entrada. – Olhe para mim, Charlotte – abri os olhos e vi que ele aguardava por mim. Sua mão subia e descia em seu membro, em movimentos suaves.
- Faça! –ordenei extasiada. Era algo que nunca imaginei que poderia me deslumbrar.
Ele intensificou os movimentos no mesmo instante, eu nunca conseguiria fazer igual ao meu professor. Era tão elegante, além da familiaridade e desenvoltura perfeita. Sua mão subia e descia em seu pênis, enquanto a outra me tocava, buscando pontos de excitação.
Levantei o corpo um pouco e o toquei com minhas mãos. Deixei que minhas unhas corressem a pele das suas pernas, coxas e peitoral. Alex passou por cima da minha perna, se posicionando quase em minha barriga e recomeçou os movimentos. Algumas vezes fechava os olhos e se entregava ao prazer, outras, abria-os buscando os meus.
Deslizei as mãos pelas suas coxas, na parte interna e toquei levemente em suas bolas. Ele gemeu de prazer. Arrisquei tocar um pouco mais e com mais vontade. Fui muito bem recebida.
- Ah, Charlotte! Você é muito gostosa, menina – ele gemia sem parar.
Trabalhava ativamente em seu membro e eu não conseguia parar de admirá-lo. Era um espetáculo grandioso assisti-lo, voltei a sentir a necessidade premente de tê-lo em minha boca.
Queria conhecer a sua textura, a maciez em contraste com a rigidez, queria saber o seu sabor e a sensação de tê-lo roçando meus lábios.
Puta que pariu! Eu estava louca por isso.
- Vou gozar em você, Charlotte. Vou gozar em seus seios deliciosos. Você quer? – puta merda!
Eu queria chupá-lo até ouvi-lo dizer que gozaria em minha boca.
- Não – Alex me olhou espantado, sem parar seus movimentos. Ele estava prestes a gozar.
- Não? – sorriu descaradamente. – E onde quer que eu goze?
- Em minha boca. Quero você em minha boca, Alex.
- Puta que pariu, Charlotte!
Ele gozou neste instante.
Com certeza as minhas palavras foram fortes demais, ao menos naquele momento. Ele não esperava pela minha resposta. E eu adorei saber que era capaz de desestabilizá-lo.
Capítulo 12
“Com o engodo de uma mentira, pesca-se uma carpa de verdade.”
William Shakespeare
Charlotte
E até aquele dia eu não acreditava que qualquer frase de Shakespeare sobre as mentiras caberia tão bem em mim. Até então eu podia até esconder algumas verdades, utilizar meias-verdades, sem nunca mentir propriamente ou me envolver diretamente em algo que me obrigasse a utilizar tal artifício.
Eu era uma garota serena, de vida pacata, que frequentava a igreja todos os domingos, se confessava e voltava para casa, para os livros, ou para alguns momentos com os meus amigos.
Nunca participava de farras, bebia exageradamente, namorava desenfreadamente, perdia noite de sono ou dormia fora de casa, salvo quando dormia com o Jonathan na casa dele, mas isso não contava. Eu nunca fazia nada que manchasse minha imagem de boa moça.
Até que Alex ameaçou o meu projeto e eu enlouqueci.
Só podia se tratar de um surto tudo o que eu fazia, dizia e vivia. Não era nada normal nem condizia com a minha natureza. E o pior, ou melhor, e que Deus me perdoe, era que eu não estava arrependida, nem fazia nenhuma questão de me livrar daquela loucura repentina.
Entrei em casa acompanhada da minha, agora constante, alegria. O silêncio era agradável eu ainda sentia na pele os efeitos da noite maravilhosa ao lado do meu professor. Caramba! Alex estava mesmo me enlouquecendo. Se só as brincadeiras já me deixavam em chamas imagina como seria quando fizéssemos tudo que tínhamos direito? Eu entraria em combustão, com certeza. Como aquele personagem do Quarteto Fantástico, o que pegava fogo, literalmente. Aconteceria o mesmo comigo.
Não tinha a menor dúvida.
Da casa do meu professor eu fui direto para a faculdade, onde passei o dia, infelizmente não com ele, nem com os meus amigos. Miranda mandou uma mensagem logo cedo avisando que não apareceria e me pediu para anotar o que fosse importante. Johnny teria trabalho em equipe e precisaria passar o dia fora fazendo pesquisa e visitando uma empresa de aterro sanitário.
- Lottie? – ouvi o Henrique me chamando e me controlei para não suspirar de tédio na frente dele.
- Oi, Henrique! – joguei a bolsa em meu ombro e continuei andando. Ele me acompanhou.
- Como vai o projeto? – estremeci. Por que a pergunta?
- Bem, eu acho. Por quê? – ele sorriu enquanto eu arrumava meus óculos nervosamente.
- O professor Frankli é um dos mais exigentes daqui. Imaginei que ele estivesse tirando o seu couro, com cada vez mais exigências – soltei o ar que estava preso nos pulmões, relaxando completamente.
Henrique era loiro, alto, magro, desajeitado, era até bonitinho com aqueles olhos verdes. Nada que se comparasse ao meu professor. Ele era legal. Quer dizer... não legal como um pretendente, sabe? Legal como...
Ah, droga! Por que estou tão preocupada em me explicar?
- Ele é realmente exigente, mas não da maneira como as pessoas falam. Na verdade eu acho que o professor Frankli ajuda mais do que atrapalha.
E como ajuda!
Corei imediatamente.
- Vai para casa ou tem segundo turno?
- Segundo turno – atravessamos a rua. – Até o meio da tarde.
- Legal! – e me lançou aquele olhar apaixonado. Uma tortura.
- Eu vou indo. Vejo você depois.
Segui em frente enquanto ele descia para buscar o carro. Acelerei o passo pensando em comer um sanduíche ou qualquer coisa mais rápida. Não tinha graça almoçar sozinha. Sem contar que sem ter com quem conversar meus pensamentos ficavam todos ocupados com o meu professor e as coisas que fazíamos.
A forma como Alex reagiu quando eu disse que o queria em minha boca. Porra! Foi fantástico ver aquele homem tão cheio de si se partir em vários pedaços sem conseguir se conter, apenas porque eu sugeri um boquete. Depois eu que era a inocente.
Ri sozinha.
Nós só nos encontramos no final da minha aula, quando cruzamos no corredor em lados opostos, ele acompanhado da professora Anita Bezerra e eu seguindo apressadamente na direção do meu carro, louca para chegar em casa.
Ambos sorriam, entretidos em uma conversa cheia de intimidade.
Fiquei furiosa, mas decidi não dar importância. A promessa dele ainda fazia eco em meus ouvidos impedindo-me de deixar que aquela imagem me desviasse dos meus objetivos: um livro maravilhoso e a perda da minha virgindade com Alex. Nada poderia ser mais perfeito.
Ele pareceu meio constrangido quando me encontrou e apenas me cumprimentou cordialmente, como deveria ser entre professor e aluna.
Dirigi bem rápido para a minha casa aproveitando o trânsito livre. Parei em frente ao flat entregando a chave ao manobrista. Normalmente eu mesma estacionava o carro, já que seria até absurdo utilizar o serviço todos os dias, mas naquele dia eu estava louca para chegar, tomar um banho e escrever.
- Boa tarde. Srta. Middleton! – Vítor me cumprimentou abrindo a porta de vidro.
- Como vai, Vítor?
- Bem, obrigada!
- E a sua mãe, melhorou?
A mãe do Vítor tinha diabetes e de tempos em tempos precisava de cuidados especiais, por ser muito teimosa e não levar a doença a sério.
- Foi apenas mais um susto. Obrigado por perguntar.
- Disponha. Se precisar de algo...
- Obrigado. O Sr. Middleton já faz mais do que o necessário por todos nós.
Sorri andando pela recepção. Meu pai era um grande homem, apesar de tudo, e esse tudo ao qual me refiro era, na verdade, uma pequena parte, quase imperceptível, em relação ao que ele tinha de bom. Como cuidar dos seus funcionários, por exemplo.
Entrei no elevador me sentindo desanimada. Não sabia explicar, apenas não conseguia me sentir em casa, apesar de ser a minha casa há quase cinco anos. Meu coração estava estranho, como se faltasse algo. Será que já sentia a falta da cama dele? Aquilo era bem esquisito!
Abri a porta e respirei profundamente, me deparando com as cortinas abertas e a imagem do oceano do outro lado das portas da varanda imensa que circundava quase todo o primeiro andar do imóvel, e me vi perguntando se Alex estaria lá, surfando. Contive a duras penas a vontade absurda de ir à praia para conferir.
O silêncio colaborou para que meus pensamentos extrapolassem todas as barreiras. Eu me sentia leve, cada passo dado era mais suave do que o normal. Alex estava abrindo os meus horizontes, me apresentando a um mundo tão perfeito e maravilhoso e eu me questionava se seria capaz de sair dele algum dia.
E já conhecia a resposta.
Subi as escadas, conferi todas as portas trancadas e fui direto para o meu quarto. Para minha surpresa, e espanto também, eu não estava só, como havia imaginado. O silêncio era porque Miranda aguardava por mim, em meu quarto, e com uma cara horrível.
No início pensei que alguma coisa errada havia acontecido entre ela e o novo namorado. Como era mesmo o nome dele? Hum! Ela nunca tinha me dito. Acho que fui negligente com minha amiga nos últimos dias. Na verdade, eu estava dedicando todo o meu tempo ao... as... minhas aulas incríveis.
Ai, ai!
Miranda continuava lá. Com uma cara de dar medo e parecendo querer me matar.
Caramba! O que eu fiz desta vez?
- Oi! – mantive a bolsa nos ombros, pronta para correr se ela resolvesse me atacar.
- Oi? É só isso que tem para me dizer?
- Hum! Como vai? – arrisquei e ela ficou boquiaberta com a minha tentativa de amenizar o clima. – Copiei as duas matérias que fazemos juntas, se quiser copiar...
- Charlotte Middleton, você é absurda! Não acredito que teve a cara de pau de mentir para mim – puta merda! – Onde passou a noite? – puta merda duas vezes!
- Miranda... eu... como... Puta que pariu! – sentia todo o meu corpo tremendo.
- A sua mãe ligou avisando que chegará amanhã pela manhã, aí inventei uma desculpa para não ter que contar a ela que você tinha ido dormir na casa do Johnny. Você sabe como o seu pai é com essa história de virgindade, garotos, sexo...
Ela estava bastante nervosa e eu prontinha para desabar. Eu sabia que Mirada estava no limite quando ela usava o termo “a sua mãe” e “o seu pai”, ao invés de “a madrinha” e “o padrinho”.
Quando isso acontecia eu me desesperava porque sabia que o bicho estava mesmo pegando.
- Liguei para o Jonathan e ele inventou uma desculpa esfarrapada. Claro que não acreditei, e fiquei com a pulga atrás da orelha. Você não confiou em mim? Não consigo acreditar. Sou sua amiga.
Eu...
- Miranda, não foi bem assim. É que... Caramba, Miranda! Não sei nem por onde começar.
- Eu fui lá. Chamei o Patrício e fomos juntos procurá-la. Johnny teve que confessar que você não estava na casa dele, mas se negou a contar qualquer coisa.
- Patrício? Quem é Patrício? – deu certo. Ela sorriu apesar da raiva, seus pensamentos desviaram de mim por um segundo.
- Meu namorado. Eu te falei dele. Nós nos conhecemos naquele dia que você tomou um porre e o Professor Frankli... – ah, não! Não deu certo. - Não tente me distrair, Charlotte! Quero saber direitinho tudo o que você anda me escondendo.
- Miranda – respirei fundo. Não tinha mais como escapar. – Acho melhor nos sentarmos.
Alex
Vi quando Charlotte saiu da faculdade em seu monstro que ela insistia em chamar de carro. A informação de que ela era rica e que poderia ostentar muito mais não saía da minha cabeça. Por que levava uma vida tão simples se podia ter o melhor? Se bem que morar em um flat não demonstrava tanta simplicidade assim, por outro lado, aquele carro...
Ela não me viu parado no estacionamento observando tudo o que fazia. Com certeza se tivesse me notado teria corado, como fez quando nos encontramos no corredor. Eu adorava aquilo nela. Seu jeito ousado e ao mesmo tempo tímido me seduzia completamente.
A forma simples e ao mesmo tempo tão sedutora como me falou que me queria em sua boca quase me fez perder as estribeiras. Porra! Ela disse como se estivesse me pedindo algo trivial. E eu adorei! Tanta inocência não lhe permitia saber que o boquete fazia parte de todas as fantasias de um homem. Tudo incluía uma boa chupada.
Ver Charlotte nua, deitada no chão do meu banheiro, observando atentamente eu me masturbar já era extremamente excitante, ouvi-la dizer que queria que eu gozasse em sua boca foi como me tirar o chão, arrancar o resto de minhas forças e provocar um orgasmo instantâneo. Tipo infarto fulminante, bateu e pronto, eu gozei sem controle.
O texto que havia me enviado estava excelente. Muito bom mesmo! Precisava entregar o material que eu tinha em mãos para Lana. Quem sabe ela... eu não tinha tanta certeza ainda, mas poderia ser. Entrei no carro e meu celular tocou. Lamara. Que coincidência.
- Fala logo que vou começar a dirigir.
- Nossa, Alex! Como você é gentil, educado, carinhoso... – revirei os olhos e cocei a testa.
- Fala logo, Lamara!
- É Lana. Você sabe que eu detesto o meu nome.
- E você sabe o quanto esta família me confunde. Você detesta o seu nome e prefere o apelido, o Paty odeia o apelido e ama o nome.
- Quer deixar de ser chato?
- Vou começar a dirigir, então você tem um minuto.
- E você é insuportável! – ela rebateu como uma perfeita irmã caçula. - Reunião hoje à noite.
- Você só pode estar brincando!
- Alex, você não tem nada para fazer à noite, ou tem?
Imediatamente meus pensamentos se voltaram para Charlotte. Sua pele clara e cheia de manchinhas perfeitas, seu cheiro impecável, seu risinho encantador, seus suspiros, gemidos, quando corava... Puta que pariu! Estava no estacionamento da faculdade, falando ao telefone com a minha irmã caçula e com uma ereção enorme e latejante. Porra!
- Qual a pauta da reunião?
- Tiffany. Ela estará na cidade. A levaremos para jantar assim poderemos conversar melhor sobre o novo contrato.
- Merda!
- Alex, Tiffany é a nossa melhor autora. Seus livros são um sucesso. Precisamos mantê-la fiel à editora – respirei fundo. Era minha obrigação como editor-chefe, fazer de tudo para manter Tiffany satisfeita.
- Ok, Lamara! – e com isso deixei claro o quanto não tinha gostado do assunto - Mande uma mensagem para o meu celular com a programação. Preciso desligar agora.
- Até mais tarde, seu mala!
Desliguei sem controlar minha contrariedade. Eu tinha planos para a noite. Planos especiais porque a minha aluna me deixou cheio de ideias. E vontades. Mas Lana fez questão de estragar tudo.
Não Lana. Minha irmã não tinha culpa da Tiffany ser o que ela era: um problema.
Como não me restava mais nada a fazer, a reunião estava marcada e eu precisaria estar presente, mais por obrigação do que por opção, bastava reformular meus planos e cuidar de outro problema, muito maior do que Tiffany naquele momento: Charlotte e o tesão insaciável que ela despertava em mim.
- É, Charlotte Middleton, parece que teremos aula extra – liguei o carro e saí em busca do meu objetivo.
Charlotte
- Você o quê? – ela gritou me assustando.
- Miranda...
- Charlotte Marie Middleton, no que você se meteu, porra!
- Miranda...
- Como aquele cretino, filho de uma puta, tarado, conseguiu te envolver nisso, hein?
- Puta merda, Miranda!
- Nem tente Charlotte. Não tente me convencer do contrário, ok? Aquele... Aquele...
depravado, tarado, filho de uma...
- MIRANDA! – gritei. – Pelo amor de Deus!
Minha amiga se assustou e com isso eu consegui ganhar mais espaço dentro do meu próprio quarto. Ela estava de pé, andando e me acusando sem que eu pudesse contestar, ou proteger o meu professor.
- Charlotte?
- Dá para parar um minuto? Não é o que você está pensando, certo? Eu praticamente forcei Alex a participar desta loucura.
- Ah, pelo amor de Deus, digo eu! Ele se aproveitou da sua inocência. Usou esse joguinho de que você precisa trabalhar melhor os sentimentos para que concordasse com essa loucura depravada.
Francamente!
Olhei minha amiga sem conseguir rebater. Durante todos os dias em que estive com Alex eu tive muitos tipos de medos. Medo de perder o meu projeto, medo de me envolver naquela loucura toda, medo que alguém descobrisse, medo que meu pai descobrisse, e isso era mesmo aterrorizante, mas tive um medo em especial: de Miranda e da sua obsessão pelo meu professor.
Mas naquele momento, enquanto ela gritava e me acusava, ou melhor, acusava Alex, eu não via um traço de inveja, rancor ou ciúmes. Nada. Ela apenas demonstrava o que uma amiga verdadeira demonstraria ao saber de algo tão absurdamente impossível que era extremamente difícil assimilar.
Ela não seria minha amiga de toda uma vida se não ficasse furiosa comigo. Por isso sorri relaxando.
- Pelo menos você não está chateada por eu estar com ele, né? Digo... por causa deste lance de aulas particulares... porque você queria ter uma chance – suspirei aliviada.
- Rá! Até parece que eu trocaria meu príncipe encantado por aquele depravado.
Tive que rir. Alex não era um depravado. Ele era lindo, educado, galante, encantador, perfeito!
E eu suspirava por ele.
- Que bom – admiti.
- Não pense que vou engolir esta história, já imaginou se...
Meu telefone tocou e corri para atendê-lo sem me importar com o que minha amiga diria. Já sabia que Miranda não criaria mais problemas. Era só deixar que ela se acostumasse à ideia.
Olhei o visor e vi que era Alex. Sorri encantada. Olhei sugestivamente para Miranda que imediatamente se calou e cruzou os braços, mas desistiu quando me viu quase quicando dentro do quarto.
- Ah, eu não vou ficar aqui vendo você adorar ser ludibriada por este tarado aliciador de garotas inocente – sorri para a minha amiga que saiu do quarto sem olhar para trás.
- Oi! – atendi tentando parecer tranquila, no entanto não foi o que aconteceu.
- Oi! – sua voz suave fez minha pele formigar. – Tudo bem com você?
- Hum... Sim.
Achei melhor não contar sobre a minha conversa com Miranda. Alex podia não gostar e desistir do nosso acordo. Faltava tão pouco, era melhor não arriscar.
- Está livre agora? – uau! Eram apenas quatro da tarde.
- O que tem em mente?
- Não vou poder te ver esta noite e seu tempo é bem curto, então pensei que poderíamos ter uma aula extra agora à tarde.
- Ah, tá! Muito perspicaz, professor Frankli. A aula extra será uma ótima opção, já que o senhor tem planos para hoje à noite.
Respirei fundo para não acabar com o encanto do momento. Era certo ele me fazer arder durante a tarde e à noite sair para um encontro, ou um possível encontro? Claro que não era! E nós tínhamos um acordo.
- Por que a ironia, Charlotte?
- Nada.
- Tenho um jantar de negócios. Com a minha irmã caçula e, muito provavelmente, meu irmão do meio, além de nossa maior escritora.
- Ok.
- Estou passando para te pegar. Você tem cinco minutos – oi? Ele vinha me pagar? Nossa!
- Em cinco minutos, professor.
- Não se atrase, aluna – ele começava a gostar daquela brincadeirinha de professor e aluna.
Dava para perceber.
- Quanta ansiedade!
- Você nem pode imaginar.
As borboletas já davam saltos panorâmicos em meu ventre. “Você nem pode imaginar”. Alex era uma loucura! Entrei correndo no banheiro, tomei um banho bem rápido sem lavar os cabelos, coloquei um vestido leve, uma sandália baixa, um perfume discreto e saí apressada.
- Vai sair? – Miranda estava na sala com um livro no colo e o caderno ao lado.
- Vou – tentei não olhá-la diretamente. Não estava pronta para mais um sermão.
- Com “ele” – desdenhou o “ele”.
- Sim. Com o professor Frankli, Miranda – passei apressadamente por ela.
- Para mais uma aula de putaria? – ela provocou.
Parei virando de volta para a minha amiga. Ela colocou as mãos na cintura e me encarou.
Estreitei os olhos sem deixar de olhá-la.
- É o que eu espero, Miranda.
E ficamos nos encarando por tempo suficiente para que ela caísse em uma gargalhada gostosa.
Rapidamente a acompanhei sem conseguir me conter.
- Charlotte, você não existe – disse limpando as lágrimas que facilmente escorriam de seus olhos quando ela ria muito. – Onde já se viu fazer aula de sexo?
- Tem sido incrível! – ela deixou a risada morrer aos poucos e voltou a me olhar.
- Imagino – e me avaliou. – Tome cuidado. Eu já tive o meu coração partido. Tenho certeza que não é algo que você gostaria de colocar em seus livros – e eu pude sentir a verdade em suas palavras e o quanto ela realmente estava preocupada comigo.
- Fique tranquila, eu tenho tudo sob controle – ela andou até mim, tomando-me em seus braços.
- Amo você, Charlotte! – abracei minha amiga agradecendo por toda a sua dedicação.
- Eu também amo você.
E desci para encontrar o meu professor. À medida que o elevador se aproximava do meu objetivo meu coração martelava no peito. Será que eu sofreria? Será que me envolveria a ponto de ter um coração partido? As portas se abriram e eu saí para o saguão, sendo cumprimentada por todos, menos por Vítor que, graças a Deus, não estava na recepção.
Alex já me esperava.
Ele parecia tranquilo e estava incrivelmente lindo. O sorriso que me deu quando entrei no carro foi avassalador e imediatamente senti meu sexo se manifestar. Puta que pariu! Aquele homem mexia demais comigo. Meus hormônios estavam numa desordem inacreditável. Tenho certeza que corei e ele sorriu mais largamente afagando meu rosto com carinho.
- Cheiro bom! – deu partida no carro e seguimos em direção a casa dele.
- Chama-se banho, professor Frankli – ele riu. Estava de ótimo humor. Graças a Deus!
Meu celular tocou. Era Johnny. Olhei para Alex em dúvida se deveria atender, mas preferi não ignorar o meu amigo - Oi!
- Oi, gostosinha. Como foi a sua noite?
- Não me chame assim – o repreendi, apesar de achar graça quando ele brincava daquele jeito comigo. – Foi ótima, e a sua?
- Ótima, com certeza. Então você não é mais virgem?
- Johnny! – revirei os olhos e percebi que Alex ouvia atentamente a minha conversa. – Meus pais chegam amanhã – desviei o assunto. Johnny riu.
- Vou dizer para o padrinho que te comi a semana toda – voltou a rir. – Aí, quando ele te forçar a ir para uma ginecologista e comprovar que já foi “deflorada” vai acreditar em minha história, e te forçar a casar comido. Herança garantida!
- Você vai levar um tiro e meu pai vai ter um ataque cardíaco. Não sei se aguento perder meu melhor amigo e meu pai ao mesmo tempo – ressaltei o melhor amigo. Pela cara de Alex, ele não estava gostando muito da minha intimidade com Johnny. – Falo com você a noite, ok?
- Vai trepar agora? Safadinha você, hein, Charlotte Middleton? – fiquei mais do que vermelha.
- Você é um idiota, Johnny Middleton – dei risada e ele também. – E a resposta para a sua pergunta é, não. E antes que me pergunte qual das duas perguntas, eu respondo: as duas. Bom para você? Agora tenho que desligar. Tchau!
- Johnny Middleton? – perguntou tão logo desliguei. Não gostei muito do tom de voz dele. – Vocês são primos?
- Não. A história é meio complicada. Meus pais são padrinhos dele e o adotaram quando ainda era muito pequeno. Somos meio que irmãos, mas gostamos de nos tratar como amigos inseparáveis.
- Ah, é! Vocês são amigos.
- Muito amigos – ressaltei. – Inseparáveis.
- Inseparáveis – repetiu a contragosto.
- É. Por quê? – ele suspirou pesadamente depois balançou a cabeça.
- Nada. Jonathan, ou Johnny, como você o chama. Só agora eu entendi o apelido estrangeiro.
Ele está sempre ao seu lado, só que a pele morena deixa claro que vocês não são irmãos. Levando-se em consideração que seus pais são como você, é claro. Pele muito branca... Essas coisas.
- Sim, são – respondi incomodada e ele concordou com a cabeça.
- Eu imaginei – disse docemente. Putz! Alex era uma caixinha de surpresas.
- Então você tem um jantar de negócios? – usei minha estratégia infalível de mudar de assunto para amenizar o clima.
- E você vai passar a noite com o seu “amigo”? – Oh, droga! Por que Alex não podia ser fácil como as outras pessoas? – Aliás, “muito amigo”, “inseparáveis”.
- Preferia passar a noite com o meu professor depravado, que se recusa a transar comigo, mas, mesmo assim, faz o diabo com o meu corpo... – dei de ombros enquanto ele me olhava chocado com as minhas palavras. – Você tem compromisso, Alex. Só me resta comer besteiras com os amigos, assistindo a filmes antigos e repetitivos – sorri inocentemente.
- Você é inacreditável! – balançou a cabeça sorrindo. – E não estou me recusando a transar com você, Charlotte. Não mais. Eu vou te comer, muitas e muitas vezes, não agora e definitivamente, não enquanto você for minha aluna – seu tom de voz autoritário e decidido me surpreendeu e meu corpo inteiro respondeu a suas palavras.
Puta merda! Ele disse que ia “me comer”. Não “fazer amor”, “transar”, ou até mesmo “tirar a sua virgindade”. Ele disse “vou te comer” e essas três simples palavrinhas vibraram com tanta intensidade no centro entre minhas pernas que quase tive um orgasmo.
- Estou considerando a ideia de comprar um vibrador e perder a virgindade com ele. Aí ficaria mais fácil e você não teria mais desculpas – cruzei os braços tentando controlar meus hormônios. – Ainda vai demorar para eu deixar de ser sua aluna, Alex, logo, vai demorar para perder a minha virgindade.
- Não. Falta menos de um mês – sorriu escandalosamente. Fiquei boquiaberta e quase não consegui manter a minha respiração regular.
- Vai... – engoli em seco. – Me comer na minha noite de formatura? – seu sorriso foi revelador.
- Exatamente. Seu presente de formatura, por se formar com honras. Um final perfeito para quem conseguiu fazer um trabalho perfeito.
Porra! Meu corpo começou a queimar de dentro para fora. Puta que pariu! Que homem!
- Que foi? – riu. – Adoro isso em você, Charlotte. Passa um bom tempo forçando a barra para transarmos e quando digo que vou fazer isso você cora e fica parecendo uma criança assustada.
- Não estou assustada – desviei o olhar.
- Ótimo! Depois de me jogar no inferno, acho bom estar mesmo com coragem e disposição, Srta. Middleton, porque eu não abro mão – oh, Deus! Podia ser mais perfeito? – Chegamos.
Olhei pela janela e vi que estávamos parados quase em frente à casa dele. Merda! Eu já estava extremamente excitada.
Desci do carro, seguindo meu professor que caminhava despreocupadamente. Entramos e imediatamente fui agarrada e imprensada na parede. A porta bateu com um baque surdo no mesmo instante em que Alex passava uma das mãos por baixo do meu vestido, apertando e explorando todo o caminho até chegar a minha bunda. Gemi em seus lábios.
Sua língua buscou a minha. Correspondi, completamente extasiada. A surpresa não me deixava agir e quem era eu para fazer qualquer coisa? Alex se esfregava em mim, deixando que eu sentisse sua ereção já proeminente. Quando seus dedos invadiram minha calcinha, escorrendo pela minha bunda até encontrar meu sexo molhado, eu gemi descaradamente.
- Oh, Alex!
Então ele se apossou de meu pescoço acariciando-o, passando seus dedos na região entre minhas coxas que já estava muito sensível.
Em uma atitude ousada rebolei lentamente. Caralho! Era bom demais. Alex me acompanhou rebolando no mesmo ritmo, seus dedos se aprofundando mais em alguns momentos. Ai, droga! Eu o queria ali. Queria desesperadamente.
- Você confia em mim?
Que pergunta! Eu estava quase gozando e ele me perguntava se confiava nele.
- Claro que confio! – continuei rebolando e sentindo seus dedos me acariciando. Aquilo era o céu e o inferno ao mesmo tempo.
- Quero fazer uma coisa com você. Mas preciso que confie em mim – ele parou de repente me deixando arfante e frustrada. Merda!
- Todos os dias eu imploro para que você tire a minha virgindade. Tem maneira melhor de demonstrar confiança em alguém?
Revirei os olhos e arqueei uma sobrancelha desafiando-o. Ele me olhou analisando a minha resposta e depois sorriu.
- Tem razão, Srta. língua afiada. Vamos ver o que esta boquinha deliciosa é capaz de fazer além de dar respostas rápidas.
Puta merda!
Alex me pegou pela mão e subimos em direção ao quarto. A cama estava desarrumada do mesmo jeito que deixamos quando saímos pela manhã. Ele me levou até ela e depois ficou de frente para mim. Sondou meu rosto. Tentei não parecer assustada, mas não consegui esconder minha ansiedade.
- Quero prendê-la à cama – Oh, Deus! – Vou usar uma algema. Fique tranquila. É de pelúcia.
Não vai machucá-la.
- Por que você quer me prender? – ok! Eu estava assustada e ao mesmo tempo bastante ansiosa.
- Porque quero que fique quietinha. Não vou prender suas pernas, só suas mãos. Confie em mim! – certo. Eu podia fazer aquilo. Fiz que sim com a cabeça. – Quero vendá-la também, tudo bem para você?
- Alex...
- Não quero que você fique olhando. Não se preocupe, vou dizer tudo o que pretendo fazer para que você permita ou não. Quero que apenas sinta sem raciocinar muito – fiquei insegura, mas...
Puta merda! Era uma ideia deliciosa.
- Ok! – ele sorriu lindamente e me deu um beijo rápido nos lábios.
- Ótimo! Agora tire o vestido – o quê? Fiquei envergonhada de imediato. – Já te vi nua, Charlotte. Já toquei em todo o seu corpo – aquele sorriso diabólico estava presente. – E agora quero beijá-lo por inteiro.
Oh, merda! Oh, merda! Como ele me dizia aquilo assim, sem nenhum aviso prévio? Eu estava entrando em combustão.
- Controle sua ansiedade, Srta. Middleton. Tire o vestido e deite-se na cama.
Obedeci.
Alex subiu na cama me mantendo entre as suas pernas, deu um olhar de cobiça em meu corpo e gentilmente segurou meus pulsos, levantando-os e prendendo minhas mãos na cabeceira da cama com as algemas.
- Ficou ótimo! – avaliou e depois me encarou com olhos famintos. Puxei o ar com força. – Vou vendá-la agora. Tudo bem para você? – fiz que sim. Minha boca estava seca e minha garganta fechada. E em seguida. Eu não podia ver mais nada.
Alex
Vendei Charlotte e fiquei um tempo pensando se deveria ou não fazer o que pretendia. Se bem que, eu já tinha aceitado a ideia de que iríamos transar, a data estava definida, além disso a hipótese de termos um relacionamento depois não era mais algo tão improvável e impossível, então por que não?
Quando tomamos banho juntos, Charlotte tinha me pedido uma coisa. Um simples pedido que me levou à loucura. Ela queria que eu gozasse em sua boca. Puta que pariu! A menina era uma delícia e tinha uma capacidade absurda de me fazer perder o controle. Eu a queira como jamais quis qualquer mulher.
Por outro lado, Charlotte bem merecia umas palmadas pela conversa indecorosa que teve com o “amigo” ao telefone. Tenho certeza que ela sabia que o volume estava no máximo e que eu podia ouvir perfeitamente a conversa deles e mesmo assim permitiu que ele dissesse cada palavra. Este era um assunto a ser resolvido.
Levantei da cama e fui em direção ao closet. Abri a gaveta dos “brinquedos”, escolhi um óleo comestível sabor chiclete e voltei ao quarto. Ela se movimentava meio insegura, contorcendo as pernas em movimentos suaves que para mim eram muito excitantes. Parei para apreciar a imagem.
Linda e só de calcinha.
Ah, Charlotte Middleton, todas as coisas que eu quero fazer com você!
- Charlotte? Tudo bem até agora?
- Sim. Onde você está?
- Bem pertinho de você. Estou te olhando e adorando o que estou vendo – instintivamente ela fechou as pernas e seu rosto corou. Sorri enlevado.
Tirei toda a roupa, ficando apenas de cueca e subi na cama, mantendo-a entre as minhas pernas.
- Vou fazer uma massagem em seu corpo e vou usar um óleo. Você vai gostar – ela respirou fundo e assentiu.
Joguei um pouco do líquido na mão e esfreguei uma na outra. Eu sabia que esquentaria quando tocasse a sua pele. Era uma sensação gostosa. Passei as mãos em seus ombros, apertando-os para que relaxasse. Subi pelos braços e desci rapidamente, indo em direção aos seios, mas antes de tocá-los despejei mais óleo e voltei a aquecê-los.
Quando minhas mãos tocaram seus seios, ela arqueou o corpo, gemendo manhosamente. Ah! Eu adorava sua reação. Gentilmente massageei o local e estendi a carícia à sua barriga, indo e voltando com a pressão correta. Brinquei um pouco com o bico prendendo-os em meus dedos e puxando-os.
Sem aviso, desci lentamente e assoprei um dos seios que eu estava acariciando. A região já sensível ficou ainda mais com o contato do meu hálito que esquentava o óleo. Charlotte gemeu mais abertamente me instigando a continuar. Fiz o mesmo no outro e ela adorou a sensação.
- Quero te beijar, aqui – passei as mãos em seus seios, esfregando os bicos por entre os dedos.
Ela arqueou outra vez gemendo.
- Beije! – suplicou com um sussurro rouco.
Sem esperar por mais um pedido, deixei que meus lábios fossem até um dos seios, enquanto a mão estimulava o outro. Beijei e chupei sentindo o sabor adocicado do óleo que se misturava ao sabor delicioso de Charlotte. Suguei e mordi o bico.
- Oh, Deus! Alex...
Isso Charlotte! Eu me sentia poderoso quando ela gemia meu nome ou se desmanchava em prazer quando meus lábios a tocavam.
Após fazer o mesmo no outro seio e deixar Charlotte arfante, desci os lábios, assoprando, mordendo e lambendo sua barriga até alcançar o umbigo. Ali despejei mais um pouco do óleo e voltei a beijá-la com mais intensidade.
Era delicioso!
Estava determinado a ir até o final, então desci mais, passando a língua pela barra da sua calcinha. Charlotte instantaneamente parou um pouco alarmada, porém não disse nada.
- Vou tirar a sua calcinha – avisei e aguardei pela sua permissão. Charlotte hesitou ligeiramente e concordou.
Charlotte
Oh, merda! Eu queria muito aquilo. Desejei aquele contato desde quando me dei conta do quanto precisava dele em mim. No entanto, eu estava confusa, com medo e tensa, sem falar da enorme vergonha que estava sentindo.
Ainda bem que não podia vê-lo. Alex era ótimo em me ler. Ele sabia que eu não conseguiria se tivesse que olhar em seus olhos, por isso tinha me vendado.
Mesmo envergonhada eu ansiava por senti-lo. Eu queria seus lábios... ali. Queria sua língua me provando. Oh, Deus! Eu queria tanto. Então concordei.
Aos poucos fui sentindo a minha calcinha sendo retirada. Não poder enxergar aguçava todos os outros sentidos. O roçar dos dedos dele em minhas coxas me deixou arrepiada, além de quente. Eu estava incrivelmente molhada, será que era normal fazermos aquilo enquanto eu estava assim? Oh, merda! Aquilo me deixava terrivelmente embaraçada.
Alex disse, na nossa primeira aula, que esta reação era boa e correta. Será que era para sexo oral também? Ai, meu Deus! Eu deveria alertá-lo? Não. Nunca teria coragem de fazer isso. Meu professor era experiente e deveria saber no que estava se metendo... Quer dizer... Não propriamente se metendo, já que não teríamos penetração...
“Oh, droga! Por que estou pensando neste tanto de bobagens enquanto sei que estou nua, algemada e vendada, molhada, aguardando pelos seus lábios em meu sexo? Droga!”
Seus dedos hábeis me tocaram. Estremeci com o contato. O toque foi leve, um tanto quanto carinhoso e íntimo, muito íntimo. Seus dedos, três, me acariciavam. Ouvi seu gemido. Era delicioso saber que ele gostava de me tocar.
- Ah, Charlotte! Sempre tão deliciosamente molhada. Gosto muito disso em você – continuou com a carícia e eu me sentia escorregando na beira de um precipício. – Vou usar o óleo aqui também.
Não se assuste. Esquenta como o que usamos no banheiro.
Não consegui responder. Todas as palavras tinham fugido e aguardavam ansiosamente pelo que aconteceria.
Quando estamos ansiosos um segundo parece uma eternidade. Alex demorou muito, em compensação, quando senti sua mão se fechar em meu sexo, fazendo com que o líquido aquecido se misturasse à minha excitação, soltei o gemido mais alto e extasiado de todos os que eu emitira anteriormente.
Seus dedos se demoraram um pouco mais ali, acariciando e excitando. Deixando que o líquido se espalhasse e aquecesse antecipando o que viria em seguida. Ele parou e eu prendi a respiração.
Seus lábios tocaram minhas coxas me fazendo tremer com o contato. Ele estava muito próximo, quase lá e eu me segurava para não me contorcer de tanta ansiedade. Ele brincou comigo. Sabia que eu estava no último estágio, que em breve explodiria, mesmo assim, sua língua passou pela minha pele, em minha coxa e seus dentes arranharam o local. Puta merda!
E então... Ah, Deus! Ele assoprou levemente e todo o meu corpo ficou quente. Gemi quase chorando e no mesmo instante ele me beijou... lá. Céus!
Alex fechou os lábios e os movimentou como se estivesse beijando a minha boca, mas ele beijava bem lá, no meio das minhas pernas, eu estava arfando e me contorcendo enlouquecida de tanto prazer.
Seus lábios passearam por toda a região, em seguida dedicou sua atenção ao pequeno ponto de prazer, meu clitóris. Ele passava a língua em movimentos circulares, depois fechou os dentes pressionando levemente. Pensei que gozaria naquele momento, então Alex me abandonou.
Tentei controlar a respiração. Aí ele voltou chupando com mais intensidade, e eu praticamente gritei. Por duas vezes Alex repetiu o movimento, passou a língua, mordeu e chupou, quando partiu para a terceira, meu corpo inteiro se desfez.
Gritei sentindo todas as minhas células expandirem e se espalharem pelo universo. Tenho consciência de que o prazer percorreu meu corpo em segundos, aquecendo a pele, queimando da maneira mais gostosa possível e que, durante todo o tempo, eu gritei por ele, me dissolvendo em seus lábios poderosos.
Aos poucos fui voltando ao planeta terra, me situando no Brasil, localizando-me no Rio de Janeiro e centrando-me na casa de Alex, em seu quarto, sua cama.
Putz! Eu tinha gozado na boca do meu professor.
Putz duas vezes! Eu tinha adorado!
Alex subiu pelo meu corpo com beijos carinhosos, chegando ao pescoço e depois nos lábios.
Um doce e suave sabor, provavelmente do óleo, se misturava ao salgado, provavelmente do meu gozo.
Ele tirou minha venda e eu encontrei seus olhos, ainda brilhando de excitação. Pisquei algumas vezes para me adaptar à luz que banhava o quarto. Meu professor sorria. Era perturbador e sexy ao mesmo tempo. Soltou minhas mãos, acariciou meus pulsos, tudo sem sair de cima de mim e sem deixar de salpicar beijos leves em meu rosto, lábios, seios e pescoço.
- Agora, aluna aplicada, é a sua vez.
Puta que pariu! Meu sangue recomeçou a borbulhar .
Capítulo 13
“A vida tem cada vez mais obstáculos, principalmente quando e/se está apaixonado...”
William Shakespeare
Charlotte
- Agora, aluna aplicada, é a sua vez.
Puta que pariu! Meu sangue recomeçou a ferver. Alex me olhava com olhos ferozes e famintos, como se fosse me atacar. Meu único desejo e pensamento era que ele realmente o fizesse.
Estar com o meu professor me colocava em um mundo particular. Uma atmosfera apenas nossa, onde poderíamos ser e fazer o que quiséssemos. Quando estávamos na cama, mesmo que ainda não fosse da maneira que desejávamos, esquecíamos que existiam obstáculos que precisaríamos enfrentar, problemas sérios e que as consequências daquela brincadeira poderiam ser irreversíveis.
Mas, como eu disse, quando estávamos nos braços um do outro, este pensamento não existia, e eu não entendia o porquê. Por que tudo do lado de fora não tinha relevância quando ele me beijava?
Por que até mesmo o meu projeto perdia a importância quando meu professor me tocava?
Eu não entendia, só sabia, dentro de mim, que mesmo sem ter certeza de nada, Shakespeare sempre tinha razão. Nenhum caminho era fácil quando havia envolvimento emocional, no entanto, estranhamente, os casais pareciam não se importar. Eles simplesmente seguiam.
E era o que eu estava fazendo ali, com o meu professor me encarando em expectativa. Naquele momento, nada em minha vida era mais importante do que ter Alex em minha boca. Tudo que eu queria era sentir seu gosto, a textura de seu membro e saber até onde poderíamos chegar. Eu o queria e este era o meu objetivo. Tê-lo para mim e em mim.
- Charlotte, seu rosto corado deveria ser um motivo para me obrigar a parar, no entanto, todas as vezes que a vejo desse jeito tenho vontade de ultrapassar todas as barreiras. É um estímulo muito forte.
Seus dedos acariciavam meu rosto e cabelos, colocando-os atrás da orelha, como se eu fosse uma menina inocente a um passo da perdição. Bom... Esta era mesmo a minha realidade. Meus olhos não deixavam os dele, tentando descobrir como iniciar o que tanto desejávamos.
- Uma moeda de ouro pelos seus pensamentos – sussurrou e sorriu gentilmente.
O vermelho de meu rosto se espalhou pelas orelhas e desceu pelo pescoço. Engoli em seco.
Alex sorriu mais largamente e beijou meus lábios com doçura.
- Diga. Precisamos fazer isso juntos.
Sua voz calma e quente entrava pelos meus ouvidos e acionava os botões em meu ventre que me envolviam ainda mais naquela deliciosa necessidade que eu sentia dele.
- Eu quero...
Fechei os olhos bastante constrangida, era algo inacreditavelmente íntimo, mas eu precisava dizer. Estávamos juntos em toda aquela loucura. Abri os olhos encarando seu rosto e me enchi de coragem.
- Quero fazer isso... sentir o seu gosto... em minha boca.
Alex fechou os olhos como se minhas palavras fossem fortes demais para ele. Mordendo o lábio inferior puxou o ar com força e, quando abriu os olhos novamente, eles estavam negros, luxuriosos e penetrantes, alcançando não somente a minha alma, também me tocavam e estimulavam bem... lá. No centro entre as minhas pernas. No mesmo lugar onde seus lábios brincaram.
Ele baixou o olhar e seus olhos quentes como brasas percorreram meu corpo nu. Uma de suas mãos desceu pela minha cintura, alcançando minha perna e acariciando minha coxa. Depois refez o caminho utilizando a mesma intensidade que me incendiava de dentro para fora.
- Eu também – disse por fim. – Venha – me puxou e rolamos no colchão. Rapidamente eu estava sobre ele.
Meu professor se acomodou no travesseiro e me aguardou. Seus olhos atentos me paralisaram impedindo-me de iniciar.
“Oh, droga! Como devo fazer? Merda!”
Ele continuava me olhando, aguardando ansioso me deixando cada vez mais envergonhada.
Deveria haver um “manual de práticas pré-sexuais para virgens” ou qualquer coisa parecida. Seria bastante útil naquele momento. Meu professor sorriu. Droga! Ele se divertia com minha falta de experiência.
- Por que não começa com o gel? Faça como eu fiz em você.
Mordi os lábios adorando a ideia de poder tocá-lo completamente sem nenhum empecilho.
Será que eu saberia como fazer? Sim, eu saberia. Seria como da primeira vez, tocar como ele já havia me ensinado.
- Tome – ele me entregou o pequeno frasco. – Passe um pouco nas mãos e esfregue uma na outra para aquecer.
Obedeci ciente de que seus olhos me acompanhavam como um bom mestre faz com seu aluno.
Com o óleo aquecido nas palmas das mãos me preparei para iniciar meu trabalho, mas parei antes de alcançar seu peitoral.
- Devo usar as algemas e vendá-lo também? – Alex riu e umedeceu os lábios.
- Não. Como seu professor devo guiá-la, Charlotte – estreitou os olhos e sorriu de alguma piada interna o que me deixou intrigada e ao mesmo tempo irritada. – Calma! Estava apenas pensando no que você seria capaz de fazer, caso eu permitisse que me algemasse. – ah!... Ahhhhhh!
Sorri maliciosa. Eu realmente faria. – Foco, Charlotte! O óleo – sugeriu.
Imediatamente coloquei minhas mãos sobre seu peito e comecei a massagem. Alex me observava. Suas pupilas dilatadas, a respiração ficando instável e acelerada.
- Pode espalhar o óleo por onde desejar.
Ok! Corri as mãos pelos seus ombros e bíceps bem trabalhados e adorei a sensação dos seus músculos retesando ao meu toque. Voltei ao peitoral e desci pela barriga. Ele se mexeu um pouco e eu parei instantaneamente buscando seus olhos.
- Continue – a voz rouca foi um excelente incentivo.
Meu professor estava deitado com as pernas entre as minhas, eu sentada sobre ele com as mãos massageando eroticamente o pé da sua barriga. Alex mordeu levemente os lábios e fechou os olhos quando deixei meu indicador correr pela borda da sua cueca.
- Quero que você tire – pedi ainda com a voz baixa.
Eu podia ver sua ereção quase saltando de dentro do tecido e só esta ideia já me deixava com a mente inundada de imagens e sensações.
Alex se movimentou embaixo de mim e, com a minha tímida ajuda, retirou a cueca sem demonstrar embaraço. Ele estava muito confortável o que me fazia desviar o foco e me perder em pensamentos pecaminosos.
- E agora?
Perguntou observando atentamente minhas reações. Meus olhos estavam fixos em seu membro completamente rígido. Involuntariamente umedeci os lábios.
- Puta que pariu, Charlotte, não faça isso! – rosnou.
- O que eu fiz? – murmurei sem saber ao certo o que tinha feito de errado para causar aquela reação.
- O que você fez? O que você sempre faz, menina.
- Alex, eu... – mordi o lábio inferior.
- Continue, Charlotte... – fiquei sem saber o que dizer. – A massagem... o óleo – revirou os olhos me deixando completamente sem graça.
- Ok!
Peguei mais um pouco do óleo e esfreguei as mãos aquecendo o líquido. Sem mais conversa peguei seu membro sentindo o tecido escorregar com facilidade devido à lubrificação extra. Meu professor arqueou o corpo e soltou um gemido que me acendeu totalmente. Meu íntimo estava em festa, porque eu adorava ver Alex daquela maneira. Tão entregue.
- Assim, Charlotte! – movimentou seus quadris na direção das minhas mãos. Aumentei a pressão e ele gemeu mais me deixando quase em êxtase.
Corri minha mão em seu pau mantendo-o preso entre meus dedos e comecei a masturbá-lo.
Subindo e descendo. Eu sentia que o produto esquentava ainda mais em meus dedos, eu acelerava e parava para potencializar os efeitos.
Quando estava no meio destes movimentos subindo e descendo, vagarosamente, me armei de coragem para fazer o que almejava.
Ele estava de olhos fechados se deleitando com o calor do óleo e os movimentos implacáveis da minha mão. Eu muito excitada e louca de vontade de colocá-lo em minha boca. Sem que ele percebesse, inclinei minha cabeça em sua direção e, quando terminava o subir de minha mão, reiniciei o movimento de descida, só que com os lábios.
- Ah! Charlotte!
Gemeu como nunca havia feito antes. O som foi extasiante. Totalmente “orgástico” e me deixou completamente molhada.
Desci os lábios sentindo-o entrar em minha boca. Céus! Não cabia totalmente. Quando chegou ao ponto em que eu sabia que não daria mais, apertei os lábios e o suguei. Achei que a seria uma ótima maneira de fazer, uma vez que, o termo utilizado pelas pessoas era “chupar”, então este deveria ser o movimento correto. Ou não?
Bastou sugar seu membro, comprimindo-o em minha boca para que Alex soltasse outro gemido daqueles de derreter qualquer calcinha. Ainda bem que eu não estava com a minha. Suas mãos agarraram meus cabelos, segurando com delicadeza as laterais do meu rosto acariciando-o. Subi os lábios imitando o movimento que minha mão fazia, deixando minha língua roçar toda a sua extensão.
Queria sentir o seu sabor, a sua textura.
- Oh, céus!
Seus quadris levantaram em direção à minha boca e ele se enterrou um pouco mais fundo. Hum!
Assim era gostoso. Era como se minha boca estivesse sendo fodida. Pensar nisso fez com que todas as borboletas que voavam alegremente pelo meu estômago começassem a dar rasantes.
Era extremamente excitante.
O gosto de chiclete do óleo era bom, tornando tudo mais doce. O sabor de Alex era magnífico e o cheiro então... porque sim, eu sentia o seu cheiro com mais potência, estando tão perto, e era...
era inebriante. Sabonete, óleo e Alex, nu e cru, e todinho em minha boca. Ah, Deus! Era bom demais para ser verdade.
Agradeci mentalmente por todos os filmes pornográficos que forcei Johnny a me mostrar.
Guiada por seus gemidos e os movimentos dos seus quadris, estabeleci um padrão para satisfazer nossas necessidades. Eu segurava a sua base com a mão e, aos poucos, o enterrava na boca aprofundando mais até senti-lo em minha garganta. Era um pouco angustiante. Eu tinha medo de forçar vômito, mas para minha satisfação Alex parecia se encaixar em mim com perfeição, acomodando-se como podia.
Quando estava descendo, o acariciava com os lábios e a língua, fazendo movimentos circulares e quando levantava o sugava com força até chegar na cabeça onde passava a língua e sugava mais sofregamente, para depois recomeçar.
Ok! Alex com a cabeça entre minhas pernas foi algo maravilhoso. Digno de um troféu. Eu poderia passar horas aplaudindo o seu desempenho de mestre, mas cá entre nós, eu estava arrancando dele os mais deliciosos gemidos, sem contar com as palavras impróprias que ele dizia todas as vezes que meus lábios sugavam a cabeça do seu pau. Acho que eu merecia uma medalha de ouro.
- Assim, Charlotte. Isso... Ah! Deus...
Ele continuava gemendo e forçando seu pau extremamente duro e inchado em minha boca e garganta... eu o sugava, lambia e chupava sem me fazer de rogada. Era exatamente o que eu queria. E
estava adorando.
- Vamos parar agora, Charlotte. – a quê? Por quê? Não o deixei sair. Segurei com mais força e o suguei avidamente. – Ah. Meu. Deus! – Aproveitei sua reação e o enterrei ainda mais profundamente. Aumentei o ritmo. – Charlotte! – rosnou levantando os quadris e estocando com força. – Eu vou... Charlotte...
Ah vai sim, Alex! É exatamente o que eu quero.
- Charlotte... Por favor!
Fui até a ponta do seu membro enquanto descia a pele com minhas mãos, como se o masturbasse. Fechei os lábios na cabeça do seu pênis e o suguei forçando-o em minha boca. Os lábios impediam que ele entrasse todo de uma vez. Como se estivesse tirando a minha virgindade.
- Puta que pariu! – ele forçou a entrada e eu o recebi chupando-o e masturbando-o. – Você vai me fazer gozar, menina – rosnou. Foi como se as palavras estivessem presas em sua garganta.
Intensifiquei os movimentos em um pedido mudo para que ele realmente gozasse. Eu queria que o fizesse, naquele momento e completamente enterrado na minha boca.
- Ah, Charlotte, ahhhhhh!
O jato grosso, quente e viscoso atravessou minha boca escorrendo pela minha garganta. Suas mãos firmes seguraram meu rosto impedindo que eu continuasse me movimentando.
Alex levantava os quadris enterrando em minha boca seu membro úmido e pulsante, saindo com movimentos lentos. Saboreei cada gota do seu gozo, ciente de que cada pouquinho daquela inundação era o desejo de Alex se liquefazendo em mim.
E eu amava o seu desejo, por isso amava seu gozo. Nenhuma gota foi desperdiçada. Eu o recebi com orgulho e prazer.
Alex
Charlotte me olhou com o rosto ainda um pouco corado. Eu ofegava, resquícios de um orgasmo incomparável. Tudo porque um dia, aquela linda criatura achou que seu humilde professor deveria ajudá-la a descobrir o sexo.
Puta que pariu! Como eu pude acreditar que não me envolveria? Desde o primeiro dia, quando a beijei pela primeira vez soube que estava perdido. Charlotte me seduzia com apenas um olhar.
E agora, vendo-a sorrir timidamente, com os lábios ainda brilhando, lambuzados com o que tinha escapado do meu gozo e vendo o quanto estava satisfeita com o próprio desempenho me deixava... orgulhoso? Talvez, mas era mais. Muito mais. Eu estava encantado. Completamente deslumbrado.
Charlotte Middleton, virgem, minha aluna, que havia seguido todas as minhas instruções, me fascinava e seduzia, quando demonstrava sua enorme satisfação em aprender. Porra, Charlotte! Eu queria jogá-la naquele colchão e possuí-la. Mas esse era um passo muito grande.
“Calma, Alex! Falta muito pouco”.
- E então?
Ela me questionou com um misto de ansiedade e insegurança. Sorri e umedeci os lábios. Eu estava atordoado com o orgasmo que ela havia me proporcionado. E eu que acreditei que poderia me abster desta sensação enquanto estivéssemos juntos. Deixei que um risinho escapasse.
- O que foi? – questionou apreensiva.
- Você me surpreende, aluna.
Puxei Charlotte para junto de mim e beijei o alto da sua cabeça para depois jogá-la para o lado e me posicionar ao seu lado, virando-me para olhá-la nos olhos. Ela soltou um risinho infantil.
- Surpreendo?
- Sim. Seu desempenho foi... impecável – ela sorriu lindamente.
- Impecável – repetiu e o vermelho de seu rosto começou a se espalhar queimando a minha pele. Era uma delícia assisti-la corando.
- O que me faz pensar se... – arqueei uma sobrancelha.
O pensamento chegou a ser incômodo. Não gostava nem de imaginar Charlotte com outro homem, mesmo sendo uma experiência do seu passado.
- O quê? – ela me encarou curiosa, mas rapidamente entendeu o que eu estava tentando dizer. – Alex! – ficou indignada.
- Tá, tudo bem! Fiquei apenas curioso – ela continuava contrariada. – Ei! Não fique irritada.
Eu só pensei se já não teve esta experiência antes. Você foi incrível, Charlotte. Deve concordar comigo que para uma garota que nunca sequer tinha beijado outro cara fazer um boquete tão perfeito não era o esperado, não é?
Ela fez cara de inconformada com o que eu acabara de dizer e forçou o corpo para se levantar da cama.
- Para, Charlotte! – comecei a rir. – Como você é estressada, garota.
- Eu? Estressada? Porra, se você acha mesmo que já tive outras experiências como esta então por que não me come logo de uma vez? Fica todo cheio de frescura porque eu sou virgem, porque sou sua aluna, o diabo a quatro e não me come. Nem mesmo quando acha que outro homem já enfiou o pau na minha boca. Fala sério, Alex!
Puta que pariu! Aquela boca suja nunca mudaria.
- Ok. Chega! Você conseguiu – deitei de lado deixando-a livre para levantar. Mas Charlotte não levantou. Ficou deitada encarando o teto, assim como eu.
- Você começou – ela falou, após vários minutos em silêncio.
- Não sou mais um adolescente, Charlotte. Não fico nesta disputa de quem começou e quem não começou. Eu apenas explanei uma ideia e você nem precisava ficar toda ofendida, muito menos deixar que sua boca suja se apresentasse.
- Ah é! Sou uma boca suja. Agora estou mesmo com a boca completamente suja de porra.
Acabei de chupar o meu professor.
Levantei, sentando na cama para encará-la. Não conseguia acreditar no que ela tinha acabado de dizer. Charlotte me encarou com os braços cruzados no peito nu, o rosto vermelho e os olhos brilhantes. Ficamos nos encarando até que ela riu. Foi impossível não acompanhá-la.
- Puta merda! Você é muito sacana, Charlotte – e demos risada até não aguentarmos mais.
Parei sobre ela e beijei rapidamente seus lábios.
- Ah não, Professor Frankli, você me disse coisas muito ruins – ela desviou os lábios dos meus ainda rindo.
- Eu não fiz nada. Esqueça – beijei seu pescoço e acariciei seu corpo. A pele de Charlotte era deliciosa.
Ela se movimentou na direção da minha mão, completamente à vontade comigo e nossas carícias. Graças aos nossos encontros, Charlotte se conhecia muito bem, sabia o que queria e o que gostava, o que era maravilhoso. Desci meu rosto em busca de seus seios e quando os encontrei brinquei com eles, lambendo, mordendo e chupando. Minha aluna gemia sem pudor, acariciando meus cabelos e mantendo meu rosto preso nas carícias que eu deixava em seu corpo.
- Minha nossa, Alex. Você é insaciável – ela gemeu ao sentir minha ereção roçando sua pele.
- E você é uma diabinha muito gostosa, Charlotte Middleton. – Olhei para cima encontrando seus olhos. Ela sorriu e me chamou de volta para seus lábios. Obedeci.
Beijamo-nos apaixonadamente. Eu a sentia inteira, sem nenhuma barreira ou empecilho. Como eu a queria! Charlotte abriu as pernas mantendo-me entre elas, nossos sexos em contato, desfrutando um do outro, se experimentando, encontrando o caminho para que pudéssemos nos completar. Eu queria, infelizmente ainda não podia.
- Faça amor comigo, Alex– ela pediu entre meus lábios. – Eu quero você, apenas você. Não me faça esperar mais.
Aquelas palavras... Porra, como ela conseguia?
Droga! Eu estava tão perto. Apenas um movimento e estaríamos entregues. Merda! Eu não podia. Não sem ter a certeza de que Charlotte não seria prejudicada.
Porra! Por mais que a desejasse eu era o seu professor e, para piorar a nossa situação, também o responsável pelo seu trabalho de conclusão de curso, não podia simplesmente achar que as pessoas entenderiam. Ela poderia ser desacreditada e eu também. Não podíamos nos arriscar.
Por outro lado, como dizer não? Puta merda! Gemi em seu pescoço ainda muito tentado. Era só um movimento. Um só, não haveria mais volta.
- Espere por mim, Charlotte – parei tudo o que estávamos fazendo e procurei seus olhos. – Eu quero você como nunca quis mulher alguma. Acredite! Mas nós teremos que esperar.
- Eu não quero esperar – disse manhosa. – Não quero esperar. Por favor! – Se agarrou ainda mais a mim buscando meus lábios.
- Charlotte... – gemi quase cedendo a seus apelos. – Não faça...
- Por favor, Alex! – Se movimentou aumentando o atrito entre nossos sexos. – Agora, por favor! – Charlotte me beijava com cuidado enquanto seu corpo se esfregava no meu. Suas mãos acariciavam meus cabelos e costas e suas pernas estavam agarradas em minha cintura.
“Ah, droga! Para que esperar? Agora ou daqui a duas semanas não faria muita diferença”.
Levantei o corpo pronto para penetrá-la quando a campainha tocou. Imediatamente fui levado de volta à realidade.
Puta que pariu! O que eu estava fazendo?
Charlotte
Droga! Nem consigo acreditar que justamente quando Alex estava quase cedendo, algum idiota apareceu para atrapalhar. Quem seria? Merda! Eu ainda estava queimando por dentro.
Alex levantou meio atordoado. Ele me encarava confuso, depois olhou para a janela do quarto.
Forcei meu corpo a aceitar que precisávamos parar, pelo menos por enquanto.
- Deixe-me ver quem é – a campainha tocou de novo. Puxei o cobertor e me cobri. Ele foi até a janela e cautelosamente olhou para fora. – Merda! – O som da campainha voltou a preencher o ambiente. Quem estava do lado de fora parecia com pressa. – Acho que você vai conhecer minha irmã – olhou para mim e sorriu timidamente.
- Eu? Por quê? – entrei em pânico. – Alex...
- Ninguém consegue enrolar Lana, então é melhor você se vestir e descer comigo – pegou suas roupas do chão se vestindo em tempo recorde. – Vamos, Charlotte! É melhor fingirmos que estávamos estudando e rolou uns amassos do que deixá-la descobrir o que estava acontecendo de verdade.
Pulei da cama e peguei meu vestido só não encontrei minha calcinha. Alex sorria cinicamente.
A campainha tocou outra vez e ele olhou para a janela contrariado.
- Ela não vai desistir. Vamos, acho que você vai precisar disso – tirou minha calcinha do bolso e me entregou. Olhei-o incrédula. – Vista logo ou vou te arrastar lá para baixo sem ela – caminhou em direção à porta. - Pegue o notebook.
Peguei tudo, vesti minha calcinha e corri atrás dele pelas escadas enquanto a campainha tocava de novo. Alex apontou para a bancada da cozinha e eu corri para lá abrindo o computador procurando desesperadamente pelo meu texto.
- Por que a demora?
Uma voz feminina invadiu a sala. Não era a voz de uma mulher mais velha, era até um tanto infantil, apesar de possuir a segurança típica de mulheres experientes e vividas, ou que sabiam exatamente o que queriam.
- Estava... – meu professor fez uma pausa rápida, passando as mãos nos cabelos. – Estou trabalhando. Ia ignorar porque não sabia que era você, mas como insistiu demais...
- Trabalhando?
Levantei o rosto na direção da porta que Alex segurava e vi uma mulher baixinha, com cabelos negros curtos num corte incrivelmente moderno, maquiada como uma modelo, usando um vestido vinho lindo e saltos altos, não consegui imaginar mais ninguém além de Lana. No mesmo instante nossos olhos se encontraram. Sorri sem graça e ela retribuiu curiosa.
- Ah! – disse por fim com uma cara de quem diz “entendi tudo”, e deu um beijo no rosto do irmão fazendo uma careta. – Que cheiro é este de chiclete?
Puta merda! Meu rosto pegou fogo. Claro que ela sentiria o cheiro. Trabalhamos com a boca e com as mãos, em alguns lugares dos nossos corpos aos quais ela teria acesso. Tive vontade de simular um ataque cardíaco.
Logo em seguida o professor Prado, João, como ele mesmo pedia para ser chamado, entrou se posicionando atrás da mulher. Os três juntos eram o retrato da perfeição. Sim, porque Lana era tão linda quanto o irmão, apesar dos olhos escuros, e o professor Prado era o típico garoto carioca, apesar de não ser mais um garoto.
Ele era loiro, alto, cabelos aparados dos lados e um pouco maior em cima. Tinha a pele bronzeada, um molejo estilo surfista, olhos verdes que pareciam uma azeitona e um sorriso que revelava uma fileira de dentes brancos e perfeitos, que faziam as garotas da faculdade suspirarem.
No momento em que me viu um sorriso debochado surgiu em seus lábios. Puta que pariu! Alex tinha contado a ele. Não havia como duvidar. Meu rosto não podia ficar mais vermelho e quente.
- Cheiro de chiclete? – olhou para Alex e evitou apertar a sua mão. Meu professor estreitou os olhos e ele sorriu largamente. - Vejo que acabamos de interromper uma aula extra – João falou ainda ostentando seu sorriso debochado. Alex pigarreou desconcertado. Voltei a olhar a tela do computador.
- Charlotte trouxe sorvete, mas já acabou – disse com aquela cara de garoto flagrado aprontando. Tive vontade de atirar o computador nele. Era melhor ignorar do que inventar desculpas esfarrapadas.
- Sorvete de chiclete? E vocês se lambuzaram? Porque você está cheirando a tutti frutti, Alex – Lana rebateu encarando o irmão.
- Sorvete de tutti frutti – João disse com aquele sorriso sacana e eu vi quando Alex desviou os olhos e colocou as mãos nos bolsos da bermuda. – Não conheço este sabor. É novo?
Filho da puta!
- Pois é. Eu também não – Lana colaborava sem saber o que fazia. Ela parecia apenas curiosa, enquanto João...
- É importado. Charlotte é inglesa, sabia?
Apontou para mim que sorri sem graça por estar prestando atenção a eles. Lana sorriu de volta e andou em minha direção deixando os dois sozinhos. Ainda vi Alex negar com a cabeça para o amigo que riu baixinho. Merda!
- Inglesa? Que interessante – e continuou sorrindo enquanto me avaliava.
- Naturalizada brasileira. Moro aqui desde que me conheço por gente – eu disse timidamente.
- Legal! – sorriu ainda mais. – Adoro a Inglaterra! Alex te contou que nossos antepassados vieram de lá? Eu vou pelo menos uma vez por ano a Londres. De que lugar você é?
- Londres – admiti ainda desconfortável. Principalmente com o professor João me encarando com aquele sorriso bobo que dizia “eu sei o que vocês estavam fazendo”. – Não. O professor Frankli não me contou sobre o seu sangue inglês.
- Você tem algum parentesco com a família real?
João se aproximou demonstrando interesse na conversa. Aquela era a pergunta mais idiota que as pessoas costumavam me fazer sempre que descobriam de onde eu vinha. Eu ri baixinho, enquanto eles me encaravam aguardando pela resposta.
- Não. Eu nunca sequer os conheci. Eles são meio que como os artistas dos filmes americanos.
Celebridades – sorri sem graça. – Então Frankli é um sobrenome inglês? – mudei o rumo da conversa.
- Sim. Mas não temos mais parentes por lá – Lana respondeu sem perder a sua animação. – Nós atrapalhamos vocês dois, não foi? – olhou diretamente para o meu computador. Tive ímpeto de fechá-
lo, mas me contive rapidamente.
- Tudo bem. Eu e Charlotte estávamos repassando um dos seus textos. Ah... Charlotte esta é minha irmã, Lamara. Lamara, esta é minha aluna, Charlotte. Sou o orientador dela e estamos trabalhando em seu livro de conclusão de curso – Alex sorriu sem graça e passou a mão na testa.
- Prazer, Charlotte! – e se aproximou beijando o meu rosto. – Vocês realmente se lambuzaram de sorvete. Charlotte também está cheirando a chiclete – e eu pensei que meu rosto explodiria com a vermelhidão que se espalhava pelo meu pescoço e orelhas queimando tudo. – Ainda quero provar este sorvete. Dá próxima vez me convidem. - só então percebi que eu prendia a respiração. Soltei o ar me sentindo meio tonta.
- Lamara? Lana... – tentei sair do assunto. Ela fez uma careta engraçada e Alex riu disfarçadamente enquanto João Pedro tentava esconder sua vontade de rir.
- O idiota do meu irmão não sabia falar o meu nome quando eu nasci e me chamava de Lama, adaptou para Lana, aí o apelido pegou. Para ser sincera Lamara foi uma forma do mesmo idiota se vingar por eu ter atrapalhado vocês. Use sempre o Lana, por favor! – olhei para Alex e sorri. Ele era inacreditável. Retribuiu o sorriso e a irmã notou que havia algo mais entre nós do que simples professor e aluna. Fiquei sem graça.
- Tudo bem. Acho que já conseguimos adiantar o suficiente – meu rosto continuava corado. Vou para casa agora - e comecei a fechar o computador pronta para me mandar dali.
- Não! – Alex falou. No mesmo instante se deu conta da sua reação exagerada. – Existem algumas partes que ainda gostaria de rever com você. Lana e João com certeza não vão demorar. Por que não aproveita para escrever enquanto conversamos na sala?
Fiquei sem saber o que responder. Como Alex parecia empolgado para continuarmos, meu ventre se contorceu. Resolvi que poderia ficar por ali, escrevendo, enquanto ele não voltava para mim e nós voltávamos para a sua cama.
Eles caminharam para a sala enquanto eu dedilhava algumas palavras. No entanto meus ouvidos estavam atentos à conversa.
- E então? – Alex começou.
- Com pressa? - João provocou.
Tive vontade de levantar os olhos e verificar a reação de Alex, porém mantive minhas vistas fixas na tela e continuei escrevendo palavras que eu tinha certeza não fariam o menor sentido.
- Só não sei o que vocês podem querer comigo agora, já que estaremos juntos mais tarde – uau!
Ele estava ansioso para voltar para os meus braços. Como eu queria sentir os seus naquele momento.
- Temos um problema e precisamos combinar algumas coisas antes de nos encontrarmos com Tiffany – Lana começou a falar ganhando a atenção do irmão e despertando completamente a minha. – Ela está um pouco relutante em assinar um novo contrato com a gente. Não sei o motivo. Somos a sua melhor opção, também sabemos que se ela for para qualquer outra editora, esta começará a crescer devido ao sucesso dos seus livros.
- Ela recebeu alguma proposta? – Alex assumiu um tom mais sério e interessado.
- Minhas fontes informaram que a agente de Tiffany almoçou com o pessoal da Pégaso. O que não quer dizer muita coisa. Todas as editoras sondam nossa melhor autora. Seus livros são sucesso garantido.
Lana parecia andar de um lado para o outro enquanto falava. Contive a minha curiosidade e me forcei a continuar olhando para a tela do computador e a digitar palavras desconexas.
- Vamos fazer uma proposta melhor e um contrato de exclusividade com um prazo maior – Alex parecia outra pessoa quando tratava de negócios.
- Já pensei nisso, mas seria muito melhor se tivéssemos um incentivo a mais – silêncio na sala.
Merda! Eu devia ter olhado para eles, assim poderia saber o que estavam planejando.
- Você sabe muito bem o que fazer – João quebrou o silêncio falando baixo e de maneira sinistra, me deixando ainda mais curiosa. Do que ele estava falando?
- Sem chance, João. – Alex falou um pouco mais baixo e com raiva.
- Alex, é só... – a irmã tentou falar em tom confidente. Como se quisessem evitar que eu soubesse do que se tratava.
- Não! – Alex foi incisivo.
Mais silêncio.
- Não seria a primeira vez que você usa deste artifício – Lana sibilou. – Droga!
- Lana... – Alex estava nervoso. – Este não é o melhor momento – oh, droga! Do que eles estavam falando?
- Lana, vamos deixar Alex terminar o trabalho dele e, sinceramente, concordo que este não é o melhor momento. – João se posicionou. – Alex sabe o que pode fazer e tenho certeza que não perderá um contrato como o da Tiffany. Ele vai encontrar uma maneira de reverter a situação.
- Se perdermos este contrato... – Lana parecia preocupada.
- Tenho um trabalho novo para você, mas não agora e definitivamente não aqui – Alex a cortou.
- Tudo bem. Vamos embora. Eu preciso me aprontar e Alex tem o que fazer.
Ouvi o barulho deles se levantando e os saltos de Lana batendo no chão apressadamente.
Fiquei mais à vontade para levantar os olhos e encará-los. Sorri gentilmente.
- Charlotte, foi um grande prazer – ela estendeu a mão. – Boa sorte com o trabalho.
- Obrigada!
Apertei a mão da irmã do meu professor e acenei para João que sorriu maliciosamente. Alex abriu os olhos e fez uma careta, repreendendo o cunhado.
Eles saíram e logo depois Alex voltou. Continuei encarando a tela do computador. Ele se aproximou e me abraçou por trás, beijando meus cabelos.
- Conseguiu escrever alguma coisa? – ri sem graça.
- Não. Fiquei muito tensa. Vou escrever mais tarde e mando para você. Falta bem pouco agora.
- Ficou com a cabecinha cheia de ideias, foi?
- Transbordando de ideias. Obrigada pela aula extra, professor Frankli – virei em sua direção e enlacei minhas pernas em sua cintura.
- Por nada, Srta. Middleton. Disponha! Estarei sempre às suas ordens – ele capturou meus lábios me beijando com carinho. – Tenho que trabalhar um pouco e gostaria que você trabalhasse mais em seu projeto. Quer passar a noite aqui?
Outra noite juntos? Aquilo estava ficando bom.
- Você não disse que vai sair?
- Sim. Vou a este jantar – fez uma careta de desagrado. – Mas você pode ficar e esperar por mim. O que acha? – eu queria tanto poder.
- Não posso. Eu ia conversar com você. Meus pais chegam amanhã e pelo que conheço do meu pai, eles chegarão junto com o nascer do sol. É melhor que eu esteja em casa.
- Seus pais?
- Sim. Vão ficar por uma semana ou mais. Vamos ter alguns probleminhas para agendar nossas “aulas”, meu pai é do século XVIII – ele riu tirando a nuvenzinha cinza de cima de sua cabeça.
- Vou ficar sem você por uma semana? Como conseguirá conter este fogo, Srta. Middleton? – fingi aborrecimento com o seu comentário, ele riu e enterrou o rosto em meus cabelos.
- Se sua irmã não tivesse nos atrapalhado eu estaria um pouco mais satisfeita – sugeri.
- Duvido muito. Sexo é como uma droga, você fica dependente. E quanto mais tem, mais quer – ele me encarou. Fiquei um pouco assustada.
- Alex, como está sendo para você? Nós não transamos e sua vida sexual, com certeza, não era nada parada. Como está sendo a abstinência? – ele passou as mãos pelos cabelos e sorriu.
- Primeiro: não estou em abstinência. Sexo envolve também este tipo de brincadeiras que temos feito, então estou me satisfazendo – encostou na bancada da cozinha e cruzou os braços. – Segundo: minha vida sexual não era tão agitada quanto você imagina, também não era parada nem tranquila. Acontece que após te conhecer e isso antes mesmo de começar a te acompanhar em seus orgasmos, eu já não conseguia pensar em mais ninguém para agitá-la. Aliás, você agitou a minha vida como um todo, depois que me convenceu a participar desta loucura deliciosa que vivemos – sorriu esplendorosamente. – Porém hoje quase fizemos uma bobagem – pronto ele conseguiu estragar tudo.
Revirei os olhos. – Pare de agir como uma criança!
- Você faz com que eu me sinta uma criança – fiz birra.
- Crianças não fazem sexo – arqueou uma sobrancelha.
- Ok! Não sou criança. Pode me comer agora – cruzei os braços e arqueei uma sobrancelha, imitando-o. Alex abriu a boca meio que espantado e debochado ao mesmo tempo.
- Vou te comer, Charlotte. Poderia parar de me pressionar? – ri da nossa situação. – Voltando a nossa conversa... Eu quase, quase mesmo, comi você hoje – sorriu com malícia e tudo em mim esquentou. Minha calcinha já estava molhada. – Mas não podemos ser irresponsáveis.
- Por que seríamos?
- Porque eu ia me enfiar em você sem camisinha e até onde eu sei, a senhorita não usa anticoncepcional.
- Não. Não uso – comecei a sentir que meu rosto ficava vermelho.
- Seria ótimo se começasse a usar. Falta pouco para a sua formatura e eu não gostaria de usar camisinha com você. Quando ficará menstruada?
- Hum! Só no próximo mês – fiz uma careta de desagrado e ele riu.
- Certo. Vamos usar camisinha e que seja por pouco tempo.
Jesus! Que conversa era aquela? Fiquei vermelha, depois mais vermelha ainda e logo em seguida achei que minha pele iria pegar fogo.
- Ok! – foi só o que consegui falar. Alex puxou o ar com força e passou as mãos nos cabelos.
- Você fica vermelha desta forma apenas porque estamos conversando sobre sexo, porém não se intimidou quando estávamos na cama.
Puta merda! Ploft! Minha calcinha deixou de existir. Tinha sido abduzida pelo desejo que quase escorria pelas minhas pernas.
- Vou levá-la para casa.
O quê? Como... Por quê... droga! Alex era frustrante.
- Preciso trabalhar. Não posso te comer e estou com uma puta de uma ereção me impelindo a voltarmos para a cama. Você precisa escrever. Quanto antes terminar, mais rápido poderemos ficar juntos.
- Você é inacreditável! – balancei a cabeça sem disfarçar a minha frustração.
- Quando vou te ver novamente? - fui pega de surpresa pela pergunta.
- Não sei. Vamos tentar agendar alguma coisa para depois de amanhã. Pode ser?
- Pode. Vou adorar! – seus olhos brilharam.
Capítulo 14
“Ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa”.
William Shakespeare
Charlotte
Suspirei pesadamente e olhei para minha amiga, Miranda, e meu amigo, Johnny, que me encaravam boquiabertos.
Eu tinha aberto o jogo com os dois. Miranda já sabia a base da história, eu não tinha me aprofundado muito nos problemas existentes no meu relacionamento com meu professor, nem nos detalhes. E Johnny, apesar de acreditar piamente que Henrique era o “cara da parada”, não tinha me pressionado para saber a verdade, como havia prometido fazer.
Johnny sorria com aquela cara de “bem que eu imaginei que você enlouqueceria por falta de sexo” e Miranda me encarava com seu melhor estilo “isso não vai prestar”, acrescentando todos os adjetivos que ela tinha atribuído a Alex, como tarado, canalha, aproveitador de alunas virgens e muitos mais.
Eu realmente não estava preocupada com o que eles achavam daquela história. Ela já existia e eu não tinha a menor intenção de por um ponto final, principalmente depois da nossa tarde. Suspirei outra vez tentando conter a vontade de tocar os lábios ao lembrar do meu professor. Tirei os óculos, limpei na camisa e recoloquei.
- Vocês agora sabem de tudo e precisam me ajudar, porque não posso ficar sem vê-lo até meus pais irem embora. Preciso de desculpas para sair e me encontrar com Alex.
Naquele momento minha prioridade era conseguir escapar do papai e, principalmente, voltar aos braços do meu professor. Também sabia que seria necessário um plano perfeito, digno dos filmes de ação.
- Para que você quer encontrá-lo? Para bater punheta no cara? – Johnny riu debochando da minha situação. Miranda tentou segurar o riso, mas falhou descaradamente – Espere até que ele decida partir para a parte boa do sexo.
- Até agora, tudo o que ele me apresentou entrou para a minha lista de “partes boas do sexo” – cruzei os braços encarando o meu amigo. E ele nem sabia que bater punheta para Alex era algo realmente digno de aplausos. - É sério, Johnny, você sabe que meu pai vai me matar se descobrir esta loucura.
- Está com medo do seu pai ou do que o professor Frankli poderá aprontar ficando tantos dias longe da sua perseguição? – Miranda não tinha concordado nem um pouco com a minha escolha, apesar de afirmar que não se meteria no assunto.
- Miranda, por favor! Você...
- Eu sei, eu sei! Só não acho que você esteja fazendo a escolha certa. Ele, além de seu professor, é mais velho, sem contar que não quer nada com você além de sexo, Charlotte. Ou essas safadezas que ele está te ensinando.
- Como se você não fizesse nada do que ela está aprendendo – Johnny provocou. Tive que rir.
- É diferente, Jonathan! Charlotte é uma boba, romântica, louca para conhecer o que sempre escreveu. Ele vai esmagar o coração dela – Johnny arqueou uma sobrancelha e fez uma careta debochada.
- E você sabe alguma coisa sobre como não ter o coração esmagado? – ele continuou provocando. Miranda levantou e andou pelo quarto, visivelmente incomodada.
- Justamente por isso não quero que aconteça com ela. Mas acredito que será inevitável – e me lançou um olhar que fez meu sangue gelar. Respirei fundo tentando não enveredar por aquele caminho.
- Pode deixar que cuidarei desta parte, concentre-se apenas em me tirar das vistas dos meus pais algumas vezes durante a semana, pode ser? – ela desistiu de tentar me fazer desistir e voltou a sentar em minha cama.
- Ele vai ou não te comer? – Johnny pegou uma almofada e abraçou, me encarando.
- Johnny! Isso é sério? – choraminguei.
- Ele não vai tirar a virgindade dela, mas vai fazer tudo o que não o incrimine, quer apostar? – Miranda levantou uma mão para meu amigo.
- Pois eu aposto que ele vai. Charlotte não é mais nenhuma menina. E o professor Frankli não conhece o padrinho, logo não tem nada a temer – eles riram e apertaram as mãos.
- Vocês poderiam se concentrar no meu problema?
- Ele vai ou não tirar a sua virgindade? – Johnny continuou tentando tirar de mim mais do que eu pretendia contar.
- Eu não sei, satisfeito? Por enquanto sei apenas o que contei para vocês – menti aproveitando o rubor que esquentava a minha face pelo inconveniente do assunto.
- O cara é um idiota – ele disse jogando a almofada longe.
- Um completo idiota – Miranda acrescentou e eles riram novamente.
- Eu já teria dado um jeito nisso há muito tempo – meu amigo salientou e Miranda concordou com um aceno de cabeça.
- Gente, eu estou aqui – eles me olharam e balançaram a cabeça em negativa. – Se dependesse apenas de mim a situação já estaria resolvida, infelizmente eu dependo da boa vontade da consciência do meu professor – e olhei diretamente para Miranda, para que ela entendesse que Alex não agia de má fé.
- Charlotte, por que você não usa a psicologia reversa com “seu professor”? – Miranda perguntou ironicamente. Johnny riu colocando a mão na barriga e jogando o corpo para trás.
- Como assim? – acompanhei Johnny na risada.
- Diga a ele que desistiu de perder a virgindade. Fale que quer aprender, só que pensou melhor e vai esperar pela pessoa certa. Ele se sentirá encurralado e vai acabar aceitando que já passou da hora de te comer e, quando se sentir ameaçado, vai perceber o que realmente quer, tudo resolvido.
- Não seja boba, Miranda. Alex não é um garoto. Ele é um homem, maduro e seguro de si.
Além do mais, ele vem me dando provas de que tem algum sentimento por mim – me encolhi com as minhas próprias palavras. Nem eu acreditava no que dizia. Alex gostava do que fazíamos, não de mim. Pelo menos não como namorada.
- Duvido muito – provocou fazendo com que eu me sentisse pior.
- Miranda...
- Meninas, vamos dar um tempo nesta conversa? Estou ficando um pouco zonzo só de pensar na virgindade da Charlotte. O que acham de curtirmos a noite? Poderíamos comer no Japonês que vocês adoram e depois pegar uma balada daquelas de ficar dois dias de cama. O que acham? – Johnny sabia como evitar uma briga entre Miranda e eu.
Em meia hora estávamos prontos e a caminho do melhor restaurante japonês do Rio de Janeiro, para curtir uma noite tranquila e gostosa entre amigos.
Mal sabia eu o que me esperava.
Alex
Eu já estava cansado de ouvir Lana tentando puxar o saco de Tiffany. Ela estava mesmo disposta a manter aquele contrato e eu apenas louco para voltar para a minha casa.
Pensei em minha aluna e no quanto gostaria de poder continuar a nossa aula de mais cedo.
Conferi o celular tantas vezes que Lana começou a fazer sinal. Mas eu não conseguia evitar que meus olhos buscassem por alguma mensagem dela. De preferência uma que dissesse que havia mudado de ideia e que me encontraria para mais uma noite juntos.
E então Lana pisou em meu pé. Olhei feio para a minha irmã, que inclinou a cabeça em direção a nossa autora, pedindo por alguma ação. Puxei o ar com força. Não era a noite que eu desejava.
Tiffany estava mais bonita do que quando nos encontramos a última vez. Continuava doce e delicada, sempre com muita classe e elegância, no entanto, estas qualidades, que antes tanto me atraíam, não serviam para nada naquele momento. Charlotte era dona dos meus pensamentos e também do meu desejo.
“Ah, Charlotte! O que faço com você?”
Era tão complicado que eu não conseguia encontrar uma saída e nem via outra opção para mim.
Por que ela mexia tanto comigo? O que havia de tão especial em Charlotte Middleton, além da sua coragem, doçura, delicadeza... Porra, Charlotte era especial! Por isso mesmo eu precisava tomar cuidado.
“É Alex, aos trinta e quatro anos, você se deixou fisgar por uma fedelha de vinte e um, virgem e maluca, sem contar que ela tem a boca mais suja que já vi em toda a minha vida”.
Ri das minhas lembranças.
- Alguma piada em especial? – Tiffany estava atenta. Olhei para ela e mantive o sorriso.
- Não. Apenas me lembrando dos meus alunos.
- Alunos? – João Pedro levou a taça a boca, escondendo o sorriso debochado. Tinha horas que me arrependia de confiar tanto nele.
- Sinceramente não sei por que ainda dá aulas, Alex. Você não precisa fazer isso. Seu trabalho como editor-chefe é incrível! Sua editora é a melhor do Brasil. Vocês comercializam com o mundo inteiro. Já não é trabalho demais?
- Eu gosto de dar aulas – sorri educadamente. Tiffany nunca me entendeu. E não era apenas neste quesito.
- Alex sabe o que faz – João me socorreu como sempre fazia quando Tiffany resolvia atacar.
Pelo menos isso ele estava disposto a fazer.
Lana voltou a dominar a conversa. Patrício se mantinha distante, falando apenas quando solicitado e conferia o celular o tempo todo também. Meu irmão estava estranho. De minuto em minuto olhava para o relógio. Com certeza tinha algum encontro depois do jantar. Paty nunca se corrigiria. Era um perfeito galinha. Jamais mudaria.
- Então, Tiffany. Alex e eu decidimos que, como seus livros são incríveis e temos interesse em continuar trabalhando com você, vamos renovar o contrato de exclusividade aumentando o prazo de cinco para sete anos. O que acha?
Tiffany olhou para mim e sorriu. Ela esperava mais. Puta merda!
Os pratos chegaram e não voltamos a falar sobre o assunto. Duas garrafas de vinho já tinham sido servidas e eu começava a me preocupar com o que Lana seria capaz de fazer para segurar Tiffany. Após o jantar e enquanto terminávamos a nossa terceira garrafa minha irmã voltou ao assunto. Olhei para Patrício e ele estava bastante agitado.
- Eu adoraria, Lana! Mas você sabe, não sou eu que resolvo esta parte da minha carreira. Tenho que conversar com meus agentes e saber o que eles pensam da sua proposta.
- Claro! Converse com eles e nos mantenha informados. Este ano temos muitos originais para lançar. Claro que estamos reservando tempo para os seus livros. Eu já te contei que fechamos contrato com uma distribuidora no Japão? O mercado literário de lá é bastante lucrativo. Estamos estudando as vantagens de montarmos uma filial na Ásia, trabalhando junto com a da Europa, mas não existe nada de concreto ainda.
- Isso é maravilhoso! – ela voltou a me olhar. Era um olhar doce, quase tímido que eu sabia muito bem aonde chegaria. – O que acham de estender nossa conversa? Podemos sair para dançar.
Faz tempo que não nos encontramos – piscou diversas vezes de uma maneira encantadora.
Tiffany parecia uma boneca com seus cabelos sedosos, loiros e extremamente lisos, olhos verdes e lábios grossos. Qualquer homem mataria por ela. Menos eu. No momento eu estava mais encantado por uma morena de olhos azuis, que ocupava todos os meus pensamentos. Adoraria chegar em casa e encontrá-la me aguardando nua na minha cama.
Voltei a conferir o celular. Não havia nenhuma mensagem dela. O que não me impediria de mandar uma quando aquele jantar entediante terminasse. Eu poderia dizer que estava passando para pegá-la e que não aceitaria recusa.
- Desculpem, eu tenho compromisso e não poderei estender a nossa noite – Patrício tratou de cair fora. Puta que pariu! Pela troca de olhares entre Lana e João, aquela merda só poderia cair em meu colo.
- Eu e João também não podemos. Mas tenho certeza de que Alex vai adorar acompanhá-la – merda! Que porra era aquela?
- Lana... – tentei protestar, minha irmã me paralisou com um olhar mortal.
Eu era o mais velho, no entanto Lamara era intimidadora e quando me olhava daquele jeito era melhor concordar. Fiquei puto pensando que os meus planos teriam que ser adiados.
Tudo bem. Eu passaria mais uma hora com Tiffany, depois arrumaria uma boa desculpa para voltar para casa e então quem sabe Charlotte... Tiffany sorriu, desviando os olhos, demonstrando timidez e satisfação.
Quando ainda mantínhamos um caso, eu sabia que ela queria mais do que estávamos vivendo.
Eu gostava de estar com ela, era divertida, educada, gentil e meiga, sem contar que era muito boa de cama, só que eu não queria entrar num relacionamento onde o maior sentimento era o tesão, tirando isso não tínhamos nada em comum.
Eu adoro beber com os amigos e surfar. Tiffany detesta areia e sol. Eu curtia passar a tarde de sábado na cama transando, lendo, assistindo a um bom filme ou até mesmo conversando. Já Tiffany, adorava passar o tempo dela fazendo compras ou em salões de beleza. Eu não fazia distinção entre quem era rico ou pobre o que mais me importava numa pessoa era a integridade. Tiffany achava que a posição social era o ponto mais importante da nossa relação.
Éramos incompatíveis. Completamente incompatíveis.
Sempre deixei claro que nossa relação não passava e nem passaria de encontros esporádicos.
Tiffany não estava muito satisfeita com isso, entretanto sua classe não permitia que chorasse ou implorasse. Ela tentou reverter a situação utilizando diversas armas. A sedução foi uma delas, mas como eu disse; fora o fato de ela ser ótima na cama éramos incompatíveis.
Então ela resolveu utilizar a psicologia reversa, como se eu fosse uma criança. Foi o seu tiro no pé. Este tipo de pressão não funciona comigo. Eu já não tinha interesse em continuar e, quando ela resolveu dizer que também não, foi a minha deixa.
Aos poucos fomos nos afastando e eu consegui excluí-la de minha vida. Pelo menos da vida pessoal. Profissionalmente nós não tínhamos muito contato. Lana resolvia a maior parte dos problemas da editora, eu apenas conversava, uma vez ou outra, com ela por telefone.
Na saída do restaurante combinamos o local onde nos encontraríamos, já que estávamos em carros separados. Antes de sair fiz questão de olhar para a minha irmã demonstrando o quanto aquela situação me irritava. João Pedro deu risada e bateu em meu ombro me desejando sorte, já Lana, antes de ir embora, deixou o seu recado.
- Não ouse perder este contrato – e saiu sem se importar com a minha fúria.
Dentro do carro conferi o celular. Nada. Se bem que Charlotte nunca foi de mandar mensagens, então eu poderia... não. Era melhor não fazer promessas quando nem eu sabia como terminaria aquela noite. Então era chegar, conversar, convencer Tiffany a assinar e partir em busca da minha aluna.
Chegamos à boate, que era muito próxima ao restaurante em que estávamos, e ela imediatamente envolveu meu braço com o dela, como se fôssemos outra vez um casal. Tiffany parecia uma criança que tinha acabado de ganhar um presente. Completamente feliz e eufórica.
- Como nos velhos tempos, Alex – falou sussurrando em meu ouvido. A música alta não permitia conversas menos íntimas.
Sorri sem graça. Eu não queria os velhos tempos de volta, queria apenas terminar aquela noite com um saldo positivo para a minha editora sem que precisasse fazer grandes sacrifícios. Não que transar com Tiffany fosse um sacrifício. Ela era linda e muito gostosa, eu só não estava a fim.
Minha mente era invadida o tempo todo pelo rosto de Charlotte, a forma como ela corava, seu sorriso tímido, seu jeito ousado quando queria algo, a forma gostosa como beijava. Porra! A forma gostosa como rebolava.
“Deus! Eu quero aquela menina”.
Peguei a mão de Tiffany e passei pelo meio da multidão indo para uma parte que eu conhecia muito bem. Era o local que alguns casais procuravam quando queriam ficar fora do tumulto da pista.
Encontramos uma mesa afastada com um sofá duplo confortável e uma mesinha na frente.
Sentamo-nos e um garçom rapidamente foi nos atender. Preferi continuar no vinho, era bom não misturar, ele anotou o pedido e passou meu cartão de acesso na maquineta registrando na minha conta.
- E então? – ela sorriu educadamente, sem procurar esconder o seu interesse. Virei em sua direção, deixando nossas pernas juntas.
- É verdade que você está pensando em nos deixar? – fui direto ao ponto. Ela piscou várias vezes, como sempre fazia, tentando parecer inocente.
- Bom... Na verdade... – olhou para as mãos, que estavam cuidadosamente sobre o seu colo e pareceu bastante embaraçada.
- Pode falar, Tiffany. Sem Lana por perto não precisamos de tanta formalidade, não é mesmo? – segurei sua mão e Tiffany pareceu estremecer com o contato.
Merda! Eu estava sendo gentil e íntimo demais. Aquela não era a postura correta. Mas Lana precisava de respostas, e seria insuportável aguentar a minha irmã no dia seguinte se eu não tivesse nada de positivo para lhe contar.
- Bem... não acho que seja saudável continuar tão perto – ela parecia insegura e sem jeito. – Você sabe... nós dois nos distanciamos e eu...
Eu sou um canalha!
Não podia simplesmente dizer a Tiffany que ela poderia ir embora porque não reataríamos o nosso romance. Lana me mataria, minha editora perderia e eu me sentiria culpado pelo resto da minha vida. Respirei fundo e apertei meus dedos aos dela. Precisava fazer com que a conversa seguisse outro rumo e deveria convencê-la a ficar.
- Tiffany... – encarei minha ex-amante tentando fazer com que ela entendesse. - Você é uma escritora incrível e está no seu auge. Tente pensar em sua carreira. Nós somos a sua melhor opção no momento e adoramos trabalhar com você. Pense com carinho.
- Só penso em vocês com carinho, Alex – eu sabia muito bem o que estava implícito em suas palavras.
- Você é uma mulher linda, Tiffany! Tem um futuro incrível pela frente. Sua vida pessoal não vai ser menos do que a sua vida profissional, pode acreditar.
- Do que adianta ser linda, ser brilhante, incrível se quem eu quero não está ao meu lado?
Puta que pariu!
- Tiffany... – desviei o olhar e foi neste momento que a vi. Charlotte Middleton estava parada, um pouco distante, com os olhos petrificados em minhas mãos presas às de Tiffany.
Puta que pariu, um milhão de vezes.
Charlotte
Estávamos já há uma hora dançando sem parar. Curtindo a batida frenética do DJ e aproveitando a noite. Miranda deu uma desculpa e saiu para atender o celular. Eu sabia que minha amiga não voltaria. Com certeza seu paquera oficial apareceria para roubá-la da gente. Tudo bem! Eu já compreendia todo aquele frenesi ao redor do sexo.
Tive que rir sozinha dos meus pensamentos.
- Vamos dar uma parada. Preciso beber alguma coisa. Minha garganta está seca – Johnny gritou, me segurando pela cintura como se fôssemos um casal.
- Certo. Vou achar uma mesa enquanto você providencia as bebidas. Vou lá pra cima, pode ser?
- Ok! – ele gritou e gesticulou ao mesmo tempo, me levando para fora da pista e seguindo em direção ao bar.
Subi as escadas e procurei uma mesa. Sentar seria ótimo. Meus pés já reclamavam. Não sei como deixei Miranda me convencer a usar saltos tão altos. Fiz uma careta e parei para massagear minha panturrilha esquerda. Achei uma um pouco afastada e me dirigi a ela, apressando os passos.
Foi quando o vi.
Alex estava sentado ao lado de uma loira incrivelmente linda. Ela sorria para ele e desviava o olhar com timidez. Ele segurava em suas mãos e estavam muito próximos.
“Oh, merda! Como ele podia ser tão canalha? Então foi por isso que cancelou nossa noite?”
Merda!
Fiquei colada ao chão incapaz de desviar meus olhos deles, e então Alex, como se tivesse sido atraído pelo meu olhar, me encarou. Pude ver o espanto em seus olhos e foi só o que me permiti.
Virei e corri que nem uma louca para fora da boate.
Eu queria simplesmente desaparecer.
Me sentia tão ridícula por surpreendê-lo em uma situação comprometedora! Tão infantil, sendo a menininha inocente e ingênua que brincava de sexo com ele e que fugia de raiva, medo e insegurança porque não tinha o que cobrar do professor.
- Ei! Para onde está indo? – Johnny conseguiu me alcançar antes que eu sumisse.
- Vou para casa. Por favor, não faça perguntas nem me segure.
- Mas, Charlotte...
- Charlotte! – Alex estava próximo e chamava por mim.
Que droga!
Eu só queria sumir. Não queria conversar, nem cobrar explicações, muito menos me explicar.
Eu só queria chegar em casa e chorar sem precisar me justificar para ninguém. Depois pensaria em como agir.
- Ah tá! Entendi tudo. Quer que eu faça alguma coisa? – Johnny se posicionou à minha frente como um cão de guarda. Gelei. Meu amigo era forte.
- Não. Não é necessário. Vou para casa – Alex tinha me alcançado e encarava Johnny como se fossem rivais.
- Saia da minha frente – praticamente rosnou para ele.
- Não sem a permissão dela, professor.
Johnny usou o termo “professor” como uma forma de intimidá-lo. Alex sabia que como professor, nada poderia fazer contra mim e Johnny naquele momento.
- Charlotte, me dê um minuto. Não é o que você está pensando – ri sem vontade!
- Me deixe em paz, Alex! Volte para sua “reunião de negócios”.
- Droga! É uma reunião de negócios, ou era... – ele parecia confuso. – Charlotte, vamos conversar civilizadamente. – Johnny continuava impedindo-o de me alcançar.
- Não!
Dei as costas e, forçando minha passagem, consegui chegar até um dos garçons que ficavam com a maquineta de cobrança. Não constava nada em meu cartão de acesso, como eu havia imaginado, então consegui sair rapidamente do local, entreguei meu cartão de estacionamento ao manobrista e aguardei rezando para que Johnny conseguisse manter Alex longe por tempo suficiente para que eu conseguisse pegar o carro.
- Charlotte, espere – Alex gritou ainda da porta.
Merda! Merda! Merda!
Olhei para o lado e vi meu carro se aproximando. Sem pensar em mais nada corri em sua direção, assustando o manobrista que saiu do carro me dando passagem.
- Droga, Charlotte! Pare com isso! – Alex conseguiu dizer, mas eu bati a porta ignorando-o completamente.
Dei partida e saí para a rua, cantando pneus e implorando para que o carro não quebrasse outra vez. Senti medo de fazer alguma bobagem devido à raiva que sentia. Bastou ganhar a pista para avistá-lo. Alex dirigia logo atrás e parecia transtornado. Corri o máximo que pude, mas não consegui despistá-lo.
Parei o carro em frente ao flat, chamando a atenção de Vítor que rapidamente procurou pelo manobrista para me ajudar. Como ninguém apareceu ele desceu para fazer o serviço, pegando a chave na minha mão. Corri em direção à porta de entrada, que ele deixou aberta, ouvindo o barulho de outro carro se aproximando.
Pensei duas vezes no que deveria fazer. Vítor tinha levado o meu carro, mas ainda havia o funcionário da recepção que eu nem sabia quem seria naquela noite. Eu sabia que se fizesse um espetáculo, no dia seguinte meu pai saberia de tudo, o que seria uma grande droga.
- Pare com isso, Charlotte!
Ele se aproximou rápido demais. Olhei para dentro do flat e para o meu professor que já subia as escadas.
- Sem escândalo, Alex. Pelo amor de Deus!
Falei o mais baixo possível com as mãos estendidas como se para evitar que se aproximasse.
Ele olhou para a recepção e soltando o ar dos pulmões concordou com a cabeça.
- Converse comigo como uma pessoa adulta – falou ofegante. Ri com ironia.
- Quem é você para falar de maturidade?
- Charlotte... – levantei outra vez a mão para impedi-lo. Nós dois estávamos arfantes.
- Apenas tente não ser visto.
E foi o que ele fez. Eu caminhei em direção à recepção, chamando a atenção do funcionário.
Luís, graças a Deus!
- Boa noite, Srta. Middleton! – ele se assustou ao ser pego assistindo tv.
- Boa noite, Luís. Preciso saber se chegou a fatura do meu cartão – ele fez uma cara estranha, mas eu continuei firme, aguardando.
- Tenho que verificar.
- Faça isso. Eu fico aguardando – ele se virou para procurar pelas correspondências.
Aproveitei e fiz sinal para que Alex fosse até o elevador, que por milagre abriu as portas.
- Ah, Luís, que cabeça a minha! Esqueci que cancelei a entrega das faturas. Tá tudo no débito – e comecei a me afastar rapidamente. – Avise ao Vítor que pego a chave amanhã. Boa noite!
Corri até o elevador, onde meu professor já me aguardava e coloquei a senha para a cobertura.
- Não temos nada a conversar, Alex.
- Claro que temos! – ele tentou me segurar e eu me afastei.
- Não, não temos. Eu só aceitei que você subisse comigo porque não queria protagonizar uma cena, mas agora você pode descer e ir embora.
- Eu não vou a lugar nenhum. Dá para parar com isso? – ele falou um pouco mais alto. - Pelo amor de Deus! Você tem ideia de como estou estressado? Você saiu naquele monstro ruidoso, como uma louca, ameaçando tudo que estava no seu caminho. Nem posso imaginar o que aconteceria se aquela lata velha resolvesse bater as botas enquanto você dirigia de maneira suicida...
- Cale a boca, Alex!
Explodi quando a porta abriu dando passagem para a minha casa. Entrei sem me preocupar com ele e fui para o meu quarto. Eu queria matá-lo por falar assim do meu carro.
- Charlotte! Volte aqui – ele sussurrou estando inseguro em um local estranho, mesmo assim subiu atrás de mim. – Que droga, Charlotte! Eu não estava fazendo nada demais. Se você parar um minuto e me ouvir...
- Um minuto. Estou marcando – fingi olhar para o relógio e segui em frente até entrar em meu quarto. – Pode começar, depois, rua – ele abriu a boca assustado então começou a falar rapidamente.
- Aquela era Tiffany, minha melhor autora. Estávamos em uma reunião, porque ela foi procurada por outras editoras e como os livros dela são os mais importantes da minha editora, resolvemos abordá-la diretamente para saber a melhor maneira de reverter a situação.
- Ah, claro! Você transaria com ela para facilitar as coisas para o seu lado.
Porra! Aquela era a Tiffany MF, a autora do momento. Que droga!
- Não! Qual é o seu problema? Por que acha que eu faria uma coisa dessas?
- Por que será, Alex? – ele me encarou irritado.
- Seu caso é muito diferente e você bem sabe o quanto relutei antes de me envolver.
- Relutou? Você quase transou comigo hoje. E mesmo assim estava lá, todo cheio de carinhos com aquela... aquela... nem sei o que ela é – ele sorriu de leve ficando repentinamente relaxado.
Lindamente relaxado.
- Está com ciúmes, Charlotte?
Que ódio! Eu não poderia dar a ele aquele gostinho.
- Eu? Rá, rá. Estou apenas irritada, pois você deveria estar trabalhando com mais afinco em nossas aulas. Além do mais, nós tínhamos um acordo e você o quebrou, logo eu também posso fazer o mesmo – cruzei os braços encarando-o. – Quem sabe assim eu resolva a minha situação mais rapidamente?
- Você não é louca! – ele me olhou de maneira ameaçadora.
- Não? Olha, Alex, eu não tenho tempo a perder. Preciso adiantar o meu lado. Você está o tempo todo me enrolando. Não resolve nada e, para piorar a situação, me dispensou para procurar sexo com a primeira vadia que encontrou pela rua.
E eu me senti péssima por falar daquela forma de uma autora tão conceituada.
- Ela não é uma vadia! – falou impaciente. – Cuidado, Charlotte! Você está falando como uma mulher sem classe, e eu sei que você não é assim, então maneire seu linguajar – encarei meu professor sem acreditar no que ele dizia.
- Eu sou uma mulher baixa, mas pelo menos não estou levando ninguém para cama para conseguir um contrato.
- Eu não disse que você era... – ele fechou os olhos travando o maxilar com força, depois soltou o ar dos pulmões. – Não me acuse de tentar conseguir o contrato quando você mesma bateu a minha porta me fazendo uma proposta tão indecorosa quanto qualquer atitude que esteja imaginando que tomei com a Tiffany – recuei sentindo-me ferida com as suas palavras.
- Eu poderia resolver sem você – tentei me manter no mesmo nível de irritação, mas já estava machucada e arrependida de ter aquela conversa.
- Claro que poderia, mas eu não quero que seja assim – ele rebateu rosnando as palavras.
Nós escaramos sem nada acrescentar. O quarto que a vida toda me pareceu imenso, naquele momento tornou-se minúsculo. Alex sustentou o meu olhar por uma infinidade de minutos e acabou desistindo. Ele passou a mão na testa e respirou fundo.
- Eu já expliquei: Tiffany é uma amiga de muitos anos, uma pessoa querida e é a nossa principal escritora. Saímos para jantar e depois fomos à boate para continuar nossa conversa. Eu estava tentando ser mais compreensivo para entender o lado dela. Não posso perder este contrato.
Seja sensata.
- Você nunca transou com ela?
Eu me sentia uma palhaça interrogando-o. Não havia nada entre nós além de um acordo que previa algumas aulas de sexo.
- Eu não disse isso!
Alex me encarava sem saber ao certo como conduzir a conversa. Que bela merda! Ele já tinha transado com a sua principal escritora e queria me enrolar dizendo que estava apenas arrumando as coisas para a empresa. Engoli em seco sentindo o meu estômago embrulhar. O choro já ameaçava cair e minha garganta ardia.
- Acabou seu tempo, Alex. Fora!
- O quê?
- Fora! Vá atrás da Tiffany. Quem sabe não consegue convencê-la a ficar na sua editora levando de brinde o editor-chefe – ele riu irritado.
- Não seja absurda, Charlotte! Eu pensei em você a noite toda.
Paralisei incapaz de reagir. Oh, merda! Merda! Merda! Por que ele me dizia aquelas coisas?
- Por favor, deixe de ser tão infantil - assumiu uma postura cansada se encostando à porta e cruzando os braços. – Estamos aqui. Podemos passar o restante da noite juntos como eu tanto queria, não estrague as coisas!
Puta merda! Ele era um perfeito canalha. Sabia a forma correta de me enganar, me iludir e me convencer a fazer o que queria. Seus olhos estavam fixos nos meus e meu corpo não correspondia às ordens que meu cérebro enviava para expulsá-lo do meu quarto.
- Charlotte... – andou em minha direção me alcançando rapidamente. Logo estava com as mãos em meu rosto e os lábios muito próximos dos meus. – Senti sua falta!
Que droga! Eu já estava beijando aquela boca tentadora e sua língua abria passagem me dominando completamente. Minha calcinha já estava incrivelmente molhada com apenas um beijo. E
meu coração martelava com uma dor que eu não conseguia identificar.
Como a fraca que era, o agarrei colando-me mais a ele. Alisei suas costas seus cabelos enquanto sentia suas mãos percorrendo minhas pernas levantando meu vestido. Quando dei por mim já estávamos arrancando nossas roupas. Minhas unhas arranhavam seu peito nu e minhas mãos desciam do seu pescoço até o cós da sua calça e de lá voltavam tocando-o por todo o caminho.
Aconteceu tudo rápido demais.
Alex puxou meu vestido me deixando apenas de meias e calcinha. Gemeu enlevado quando viu as meias que eu usava e nem sei por que me deixei convencer a usá-las, mas naquele momento agradecia a Miranda por ter insistido tanto.
- Ah, Charlotte! Você vai me matar com estas meias!
Jogou-me na cama e levou alguns segundo me devorando com os olhos. Eu não conseguia reagir, apenas sentia meu corpo quente e meu sangue pulsando.
Ele arrancou a calça juntamente com a cueca, revelando uma ereção monumental. Minha boca ficou cheia d’água para senti-lo de novo do jeito que ficamos à tarde.
Alex segurou minha coxa e beijou a junção delas com meu sexo, causando-me arrepios. Seus dedos longos seguraram as laterais da minha calcinha e a arrastou para fora de mim conservando as meias. Gemi manhosa e sedenta.
Mas que merda! Ele estava usando o sexo para me distrair.
Deitou-se sobre mim, deixando que seu sexo roçasse a minha entrada, já completamente úmida e sugou meus seios, um de cada vez com tanto desejo e voracidade que pensei que teria um orgasmo.
Mesmo delirante de prazer e louca de desejo, minha mente me traía mandando imagens das mãos dele nas da outra mulher, a Tiffany, e a conversa dele com Lana, mais cedo, em sua casa. Oh, droga! O que eu poderia fazer?
Alex se posicionou, apoiando-se sobre os cotovelos e eu sabia que naquele momento ele ria me penetrar. Eu queria? Queria muito? E podia. Afinal de contas, há quanto tempo eu vinha pedindo por aquilo? Mas não poderia deixar que ele me submetesse com sexo. Ele tinha razão. Eu estava completamente envolvida.
- Não – falei baixinho quando o senti forçando levemente entre as minhas pernas.
- Tudo bem, Charlotte. Não precisamos mais esperar – voltou a beijar meu pescoço e a apertar meu seio entre os dedos. Ah! Eu adorava quando ele fazia aquilo.
- Eu não quero, Alex– tentei lutar.
Psicologia reversa. Miranda tinha dito que esta era uma boa opção. Eu arriscaria. Mas arriscar o quê? Ele já estava praticamente transando comigo, não estava?
- Claro que quer. É só o que vem me pedindo. E eu quero também. Nunca quis tanto – levantou o rosto e beijou meus lábios.
Seu beijo era doce, carinhoso, apaixonado. O que eu queria? Por que não conseguia dar aquele passo. Por que a ideia absurda de psicologia reversa martelava em minha cabeça?
- Não mais – empurrei seu peito e ele se afastou surpreso.
Caralho! Ele já estava quase dentro de mim, prestes a me penetrar e meu sexo pulsava ansiosamente implorando que o fizesse. Fechei os olhos e respirei fundo.
- Não quero mais.
- Charlotte, o que foi?
Ele ergueu seu corpo sem sair do meio das minhas pernas. Estava gentil e carinhoso. Olhei em seus olhos e vi o motivo da minha apreensão. Eu não queria convencê-lo a transar comigo, eu queria que ele ficasse comigo. Não o queria somente naquele momento ou que apenas tirasse a minha virgindade.
Eu queria Alex para uma vida inteira.
E não poderia tê-lo.
Fechei os olhos e respirei profundamente sentindo as lágrimas queimarem minha face.
- Você tinha razão. Não posso perder a virgindade com uma pessoa qualquer. Precisa existir um sentimento, uma história...
- Nós temos uma história. Não uma convencional, mas temos – sorriu com carinho. – Está com medo? – ficou sério e cauteloso.
- Não.
- Então? – meus olhos transbordaram. Mordi os lábios para impedi-las. – Charlotte?
- Não quero que seja com você. Podemos continuar as aulas. Você me ajuda muito, Alex. E
falta tão pouco agora... – tentei reprimir um soluço. - Mas não quero mais chegar a esse ponto.
- Fique calma! – ele parecia confuso com a minha reação. Com a mão acariciou meus cabelos e limpou a lágrima que escapou. – Você ainda está abalada com o que viu. Eu te garanto que não está acontecendo nada entre Tiffany e eu. Nem com qualquer outra mulher. Eu disse: só existe você. Não chore! – limpou as lágrimas que escorriam sem que eu conseguisse impedir. – Venha. Não quero te forçar a nada – deitou ao meu lado e me tomou em seus braços puxando-me para seu peito. – Acalme-se! – Acariciou meus cabelos.
- Desculpe. Eu... – solucei.
Constatar que estava apaixonada por ele me deixava apavorada. No que eu fui me meter? Alex era um homem incrível! Como eu pude acreditar que viveria aquela situação sem me apaixonar?
- Não. Não se desculpe – a voz doce e calma era como uma carícia. – Você não fez nada e eu entendo seus receios. Fique calma. Conversaremos sobre isso depois.
Ficamos deitados, seus dedos em meus cabelos enquanto eu chorava sem conseguir me conter.
Nada dizíamos e ele apenas aguardava que minha emoção passasse e eu me acalmasse, mas não passou. Eu chorei por boa parte da noite em silêncio e adormeci sem perceber.
Capítulo 15
“A paixão aumenta em função dos obstáculos que se lhe opõe”.
William Shakespeare
Alex
Shakespeare nunca havia me alertado, apesar disso eu não o julgava. Aos trinta e quatro anos eu entendi o que sempre desconfiei fazer parte da minha personalidade: o mais complicado é também o mais saboroso.
Eu sabia que Charlotte mexia comigo de uma maneira que nem eu mesmo conseguia descrever.
Sabia que estava envolvido mais do que deveria, ou gostaria. Sabia que estava em um caminho sem volta, que aceitar a proposta daquela menina seria a minha ruína, mas o que eu não fazia ideia era de que estar com ela passaria a ser uma necessidade.
E então me dei conta do quanto estava fodido.
Porque eu teria tirado a virgindade de Charlotte sem pestanejar. Eu precisava daquilo e ela também. Nós dois precisávamos dar aquele passo, estabelecer novos limites, levantar as bandeiras daquele relacionamento e definir o que seria. Mesmo tendo conhecimento de todos os riscos que correríamos.
Valeria a pena?
Então ela voltou atrás. Porra, ela desistiu! Charlotte Middleton estava realmente esmagando o meu juízo, sambando em meus neurônios e me deixando a um passo de perder a sanidade mental.
Ela simplesmente disse não. Assim, como se ainda houvesse alguma saída. Não havia e Charlotte sabia muito bem. Ou não sabia?
Encarei o teto do seu quarto sem saber como proceder. Ela estava com raiva e não era para menos. Eu fui um idiota, canalha... certo que não chegaria nem perto de fazer tudo o que minha aluna imaginou que rolaria naquela noite com Tiffany. Eu não arriscaria tanto. É fácil imaginar a confusão na cabeça de uma menina como Charlotte ao se deparar com aquela cena.
E posso também assumir o meu desespero ao pensar que poderia perdê-la. Nossa conversa ainda estava muito fresca em minha mente, ela deixou bem claro que não poderia haver ninguém, pois se eu podia, ela também, e eu não queria que ela pudesse.
Levando-se em conta o histórico de Charlotte era certo que ela arriscaria encontrar outra pessoa. Não mais pela necessidade de aprender, afinal de contas ela já tinha conseguido todo o avanço necessário para prosseguir, ou quase todo, mas tenho convicção de que aquela menina faria esta merda apenas para me enlouquecer.
O pior de tudo é que eu realmente enlouqueceria. Não suportava a ideia de vê-la com outro cara, qualquer menino idiota disposto apenas a usá-la, nem mesmo Jonathan, seu amiguinho inseparável, eu conseguia admitir. Aquela atitude de posse, de quem podia mais do que eu, me deixou absurdamente irritado.
Ela suspirou ao meu lado, ganhando a minha atenção. Era tão linda! Dormindo ficava ainda mais encantadora. Charlotte se moveu, levantando ligeiramente uma perna para abraçar o travesseiro, mas acabou me encontrando e se aconchegando em meus braços. Estava quente. Deliciosamente quente. E vestia ainda apenas as meias maravilhosas e sensuais, que eu havia deixado estrategicamente, apenas para o meu prazer.
- Alex! – ela sussurrou, virando-se para o lado, de costas para mim.
Fiquei em alerta apenas observando. Charlotte continuava dormindo. Não deu para conter o sorriso presunçoso em meu rosto ao me dar conta de que ela me chamava em sonho. Era mais do que eu poderia desejar. Senti meu corpo reagir imediatamente.
“Porra, Alex! A menina disse não.”
Era impossível não me censurar pelo desejo desenfreado que eu sentia pela garota. Mas nesse momento minha consciência chamava a minha atenção para uma coisa certa. Ela disse não. E deveria ser o suficiente.
“Mas ela disse que poderíamos continuar com as brincadeiras.”
Sorri para a minha tentativa de burlar minhas próprias regras. Eu não conseguia acreditar que Charlotte tivesse mesmo desistido de transar comigo. Não dava para acreditar depois de tudo o que fizemos. Então apenas me convenci de que ela estava com medo, assustada e insegura em relação ao que poderia acontecer... sei lá. Qualquer coisa que fosse, exceto desistir de estar comigo.
Tinha que ser eu.
Seria eu.
Abracei-a puxando-a para mim. Eu mostraria a Charlote que não havia motivo para temer.
Charlotte
Eu estava quentinha, cercada por braços fortes e seguros. Vagava entre a realidade e o sonho sentindo os lábios de Alex traçando beijos em minhas costas e suas mãos macias acariciando minha barriga. Ele estava atrás de mim, os braços ao meu redor e seu corpo colado ao meu.
Era tão gostoso e aconchegante acordar ao seu lado. Parecia a coisa mais certa do mundo.
Como se ali fosse realmente o meu lugar, como se não existissem diferenças, empecilhos, nada que pudesse nos impedir. Aconcheguei-me mais a ele e me permiti desfrutar do prazer da sua presença.
Alex lentamente me virou de frente para ele. Como ainda não tinha voltado completamente do mundo dos sonhos, não protestei apenas me dediquei a aproveitar o momento.
Ele beijou meu pescoço, desceu para meus seios e os beijou com carinho. Foi incrivelmente bom. Gemi e me movimentei embaixo dele recebendo suas carícias. Após brincar com meu corpo tornando-o ainda mais sensível, desceu os lábios pela minha barriga, roçando seus dentes ao mesmo tempo em que massageava minha cintura com seus dedos hábeis. Eu já estava em chamas.
Seus beijos molhados desceram mais e sua barba por fazer eletrizava todo o caminho. Seus lábios eram macios e gentis, mas também fortes e exigentes. Ele sabia o poder que exercia sobre mim, sem hesitar em utilizá-lo. Meus gemidos baixos e dengosos preenchiam o silêncio do quarto.
Quando sua língua alcançou o meio das minhas pernas eu fui jogada abruptamente de volta à realidade. Abri os olhos sentindo Alex me explorar com volúpia, seus lábios se fechando em meu sexo e seus dentes espalhando mordidas deliciosas por toda a minha feminilidade. Gemi mais alto e alcancei seus cabelos sentindo-o se aprofundar ainda mais em sua exploração. Céus!
Esta, definitivamente, é a melhor forma de se começar o dia.
- Ah! Alex... – me perdi nas carícias espalhadas pelo meu sexo, que tiravam de mim a energia necessária para recusá-las ou impedi-las.
Ele sugou meu clitóris me fazendo quase gritar e em seguida fechou seus dentes nele puxando-o para cima. Arqueei o corpo em sua direção sentindo minhas pernas tremerem e meu ventre entrar em combustão. Eu estava prestes a gozar.
Instintivamente rebolei em sua boca. Alex gemeu e introduziu sua língua em mim.
- Puta merda!
Segurei seus cabelos completamente entregue à sensação mais deliciosa que já havia experimentado em toda a minha existência. Alex usava sua língua com habilidade até que não havia mais um caminho de volta e eu gritei seu nome em êxtase.
Fiquei fora do ar por alguns instantes, deixando que o calor do prazer se espalhasse pelo meu corpo, como chamas lambendo cada pedacinho meu e depois as senti recolhendo-se como numa grande explosão, onde sobem queimando tudo que encontram pela frente e, segundos depois, são puxadas de volta até nada mais existir. Relaxei completamente.
Alex estava de volta ao meu pescoço. Beijando e acariciando minha pele. Sua ereção cutucava meu ventre sem pedir passagem entre as minhas pernas, apenas se posicionava esperando que eu lhe permitisse agir. Abri os olhos lutando contra a claridade e encontrei aquele par de olhos azuis, profundos e escuros me encarando cheios de promessas.
- Bom dia! – sorriu lindamente, com aquele sorriso torto e preguiçoso, crescendo lentamente, mas que me prendia a ele de uma forma absurda. Tive que sorrir de volta.
- Bom dia! – me espreguicei embaixo dele e sua ereção acompanhou meu movimento. Alex beijou meus lábios, pude sentir o meu próprio gosto neles.
Aquilo era erótico demais para o café da manhã.
Ele continuou me beijando e aos poucos fui cedendo ao desejo de tê-lo, nem que fosse uma única vez. Nem que fosse para ignorar o diabinho que gritava em meu ouvido que não poderia deixar acontecer. Mesmo que tivesse de juntar os pedaços do meu coração depois que ele fosse esmagado.
Abri minhas pernas, recepcionando-o, permitindo-nos avançar um pouco mais. Virei o rosto para o lado para que Alex se apossasse do meu pescoço. Foi quando vi o relógio.
- Puta merda! – gritei.
- O que foi? – ele se assustou.
- Merda, Alex! Meus pais. Você precisa ir embora – empurrei-o para que saísse de cima de mim. Ele me segurou na cama.
- Charlotte! É muito cedo. Ainda temos tempo.
- Meu pai acorda com o nascer do sol. Você precisa ir agora – empurrei-o novamente, desta vez ele saiu permitindo que eu levantasse.
Olhei para a minha perna e percebi que ainda estava com as meias. Apenas com elas. Oh, droga! Meias sete oitavos eram uma maravilha quando a intenção era seduzir, mas definitivamente não para acordar e expulsar o... professor? Bom, não sei. Só sei que expulsar Alex da minha cama, não era nada legal.
Olhei para ele que me encarava tranquilamente com um sorriso safado nos lábios, deitado em minha cama, completamente nu, as mãos atrás da cabeça e uma ereção magnífica como se tivesse todo o tempo do mundo.
- Levanta, Alex! Estou falando sério! Meu pai vai me matar se o encontrar aqui. Aliás ele vai te matar também. Vamos, fora! – peguei suas roupas e atirei para ele.
- Você está incrivelmente gostosa. Eu arriscaria minha vida para comê-la agora – o sorrisinho sacana continuava lá.
- Exatamente. É a sua vida que está em jogo.
Fui ao meu closet e peguei uma camisa longa e folgada que pertencia a Johnny vestindo-a rapidamente. Cobriu até quase meus joelhos. Quando passei por Alex ele me puxou de volta para cama deitando-se sobre mim.
- Alex, por favor! É sério. Meu pai...
- Não posso conhecê-lo? Você poderia me apresentar...
- Só se eu quisesse ir ao seu enterro. Você não tem ideia da minha situação, vou fazer um breve resumo enquanto se veste. E seja rápido – ele riu e saiu de cima de mim. Pegou sua calça e começou a vesti-la.
Olhei-o enquanto se cobria com aquelas roupas formais. Caramba! Alex era uma delícia de homem. Que corpo mais lindo! E que ereção! Acho que este ponto deve contar muito na hora “h”.
Bem definida, completamente ereta e... grande. Muito grande. Nossa! Como eu estava ficando pervertida.
- Tem certeza que devo vestir a calça? – ele estava me observando. Claro! O que Alex perdia?
- Infelizmente, sim. E rápido – ele riu. – Meu pai foi médico do exército. E, bem... O que importa é que ele acha que pode andar armado. Não que seja violento, nem nada parecido, mas como eu disse, ele é do século XVIII, ou talvez antes.
- Ele não quer que você namore? – parecia um pouco espantado. Normal. Eu tinha vinte e um anos estava me formando e tudo mais.
- Pior. Ele não implica com namorados, desde que seja alguém confiável, que ele conheça e possa ter ao alcance das vistas, ou seja, ninguém. E esta não é a pior parte.
Fiquei sem jeito, porém era melhor colocar toda a merda para fora de uma vez. Quem sabe assim ele desistia da ideia de tirar a minha virgindade e eu estaria protegida contra a dor que viria depois. Não da dor da primeira vez, e sim a do meu coração se partindo em mil pedaços após a formatura.
- Fala de uma vez, Charlotte – pegou a camisa e passou pelos braços.
- Ele quer que eu case virgem. – Alex parou, antes de passar a camisa pela cabeça. – Na verdade... Ele exige – desviei o meu olhar.
- Seu pai anda armado e defende a sua virgindade? É isso? – fiz que sim com a cabeça sem coragem de encará-lo. – Puta merda, Charlotte! E você toda ansiosa para que eu faça isso – mordi os lábios.
- Ok! Hora de ir embora – fui em direção à porta e Alex me interceptou no caminho.
- Ei! Nós precisamos conversar. Você não pode simplesmente me atirar uma bomba dessas e me expulsar de sua casa.
- Alex, acredite em mim. É o melhor a fazer. Meu pai vai atirar primeiro e perguntar depois.
Entendeu? Por favor! Vá embora! – saltitei como uma criança e ele riu.
- Isso é o pior que pode me acontecer? Talvez eu prefira te levar de volta para a cama e te comer logo.
- Bom... Ele pode te forçar a casar comigo. Acho que seria muito pior – meu professor ficou sério. Seus olhos inquisitivos me avaliavam – Vá por mim. Ele seria capaz. Agora, rua. De verdade.
Rua, Alex.
Ele obedeceu sem protestar. A história do casamento deve ter sido demais. Voltamos para a sala. Eu com cuidado, pois as meias escorregavam e ele perdido em pensamentos. Quando alcançamos a porta, Alex virou para mim.
- Quando vou te ver novamente? – continuava sério.
Ok! Forcei a barra, talvez fosse melhor assim. Era a deixa para que terminássemos esta etapa da nossa experiência. Eu tremia, como se um vento gelado circulasse ao meu redor, meu coração batia acelerado, dolorido pelo adeus.
- Vou tentar escrever e ver se consigo fugir deles. Eu te aviso. Agora vá, pelo amor de Deus!
- Tá certo, Charlotte. Já estou indo. Pode ficar tranquila – abriu a porta e saiu. Eu apenas olhei para fora com receio de ser pega em flagrante. – Tchau! – sua voz parecia fria e triste. Atingiu-me em cheio.
- Adeus, Alex! – sussurrei mais para mim do que para ele. Um nó se formou em minha garganta.
Fechei a porta e me encostei na parede.
Minha garganta ardia, meus olhos estavam úmidos. Meu coração maltratava meu peito batendo desesperadamente, implorando para não deixar Alex sair da minha vida. O desespero quase me dominou. Eu precisava fazer alguma coisa, mas o quê?
Merda! Alex não era meu namorado, ficou provado quando o vi na boate, com aquela mulher tão bonita que doía. Tão mais adequada para ele que me entristecia. Com certeza com ela, ele não precisava exercer sempre a paciência. Sem contar que ela era Tiffany MF. “A” autora! Não qualquer uma, mas a do momento.
Não. Eu não era para Alex e tinha que começar a me acostumar com a ideia, já que eu mesma havia me enfiado naquela loucura. Ele não tinha culpa. Nunca teve.
- Charlotte? – droga! – O que aconteceu?
Abri os olhos e a vi andando em minha direção, logo atrás um rapaz me olhava atentamente, parecendo preocupado. Era muito bonito, alto, forte de verdade, cabelos castanhos, cacheados e olhos de um marrom tipo avelã. Ele me encarava com bastante atenção.
- Miranda, eu... – puxei o ar com força. - Nada. Estou preocupada, só isso – passei as mãos pelos cabelos tentando arrumar a bagunça.
- O que faz vestida desse jeito encostada próxima à porta? – seu tom de voz subiu um pouco.
Só então me dei conta de que vestia apenas as meias sete oitavos e uma camisa comprida e folgada. Nada mais. Puta que pariu! Nem de calcinha eu estava. Fiquei muito enverginhada.
- Pensei ter ouvido alguém bater e vim verificar. Eu... – Puxei a camisa para baixo. – Vou voltar para o meu quarto e me preparar para receber meus pais.
- Ai, meu Deus! Patrício você precisa ir. – Olhamos para o rapaz que apenas nos assistia e ele sorriu. Um sorriso que me lembrou alguém. Quem seria? Era encantador. – Não temos tempo para as devidas apresentações, então esta é Charlotte e este é Patrício, agora vá embora, por favor!
Pelo visto todas as camas da casa foram aquecidas naquela manhã. Quase sorri, instantaneamente a lembrança me levou Alex e com ele todas as minhas angustias.
- Vou subir. Eles devem chegar a qualquer momento. Tchau, Patrício, foi um prazer.
- Tchau, diabinha – ele disse com um tom irônico e cheio de intimidade.
Estreitei os olhos, mas não respondi nada, apenas corri escada acima e me tranquei no quarto.
Todo o ambiente cheirava a sexo e a Alex. Puta merda!
***
Quando a porta do apartamento abriu, eu e Miranda já estávamos de banho tomado, arrumadas, como duas bonecas, diga-se de passagem, uma forma de agradar a minha mãe, e comportadas no sofá com livros no colo, para agradar o meu pai.
Eu passava muitos dias do ano criticando o posicionamento dos meus pais em relação a meu comportamento e o de meus amigos. Podia até mesmo murmurar e praguejar todas as vezes que me via presa a qualquer regra estabelecida pelo meu pai, como a da minha virgindade, e a de manter os garotos afastados, por exemplo, mas quando eles finalmente voltavam meu coração ficava repleto de alegria e então eu entendia o quanto sentia a falta deles.
- Ah, já estão acordadas – meu pai disse ao entrar, como se não soubesse que estaríamos aguardando.
Ele sorriu. Seus olhos levemente puxados e marcados por rugas discretas, em um tom de azul tão claro quanto os meus, brilharam fazendo coro ao sorriso imenso, decorado por dentes perfeitos e alinhados. Meu pai era um homem bonito, apesar do cabelo ralo e já grisalho.
- Estávamos ansiosas – Miranda respondeu levantando-se para abraçá-lo.
- E estão lindas!
Minha mãe colaborou, aprovando o vestido rosa, um pouco soltinho que minha amiga usava, e o meu de rendas brancas, que me deixava comportada e alinhada, como ela mesmo dizia.
- Charlote está mais corada – ela percebeu e eu me senti realmente sem graça.
- Ela tem ido mais à praia – minha amiga falou por mim e me lançou um olhar cheio de intrigas.
- Para relaxar – abracei minha mãe tentando evitar que Miranda continuasse brincando comigo.
– O fim do semestre está me deixando louca – soltei minha mãe e abracei meu pai, que me admirou com um carinho genuíno.
- Por que está te deixando louca? – ele me segurou pelos ombros me avaliando. Pensei no que poderia dizer ao meu pai.
- Porque ela teve algumas dificuldades com o projeto final – Miranda se intrometeu outra vez.
Tive vontade de matá-la.
- Que tipo de dificuldade? – minha mãe quis saber. Respirei fundo e encarei minha amiga deixando claro que ela me pagaria.
- Nada demais, só alguns ajustes que o meu orientador achou melhor fazer. Como temos pouco tempo eu estou trabalhando muito para que o livro fique perfeito.
- Vai ficar – minha mãe me enlaçou com seu braço levando-me em direção ao sofá. – E como estão as coisas por aqui?
Revirei os olhos. Até parecia que ela não ligava todos os dias para saber. Mães!
- Tudo tranquilo, mãe! Eu estou muito envolvida com o meu projeto e Miranda com a festa de formatura – elas se olharam e sorriram. Minha mãe também adorava festas. – E vocês? Não vão cansar nunca de viajar pelo mundo?
Meus pais trocaram um olhar cúmplice que me deixou confusa. Não era aquele olhar apaixonado, como sempre faziam. Pareciam esconder alguma coisa. Senti meu sangue gelar.
Ok! Eu sou egoísta, e quem não é? Naquele instante eu senti medo do que eles poderiam me dizer e confesso que meu primeiro pensamento foi a possibilidade de eles resolverem voltar a morar no Rio e decidirem dar um tempo nas viagens. Não que eu não quisesse, eu sentia falta deles, e os amava, mas aquilo definitivamente estragaria todos os meus planos com Alex.
- Como está a minha garotinha? – meu pai mudou de assunto e sorriu outra vez, deixando tudo como antes. Respirei profundamente e estreitei os olhos.
- Sua garotinha já tem vinte e um anos. Ela cresceu – joguei-me no sofá deixando toda a postura educada de lado.
- Charlotte, tenha modos! – minha mãe me repreendeu. – Onde já se viu uma mocinha sentar deste jeito? Veja como Miranda se comporta.
- Oh, Deus! – resmunguei me sentando como ela exigia. – Você tem consciência de que isso é coisa de louco, não é?
- Não. Isso é coisa de gente educada – ela falou com aquela voz doce e mansa. Uma voz que nunca se alterava, mas que dizia tudo o que realmente queria. - Quando o príncipe encantado chegar, com certeza não vai se interessar por uma garota que se veste e xinga como um menino, além de não ter modos.
- Mãe, eu tenho vinte e um anos! – esbravejei e ela sorriu daquela sua maneira única. – Já tenho idade suficiente para não acreditar em príncipes encantados. No máximo um sapo que pode virar príncipe – ela riu e meu pai ficou sério.
- Nós viemos de um lugar onde...
- Príncipes e princesas são uma realidade – o cortei conhecendo muito bem aquela história. – Eu sei disso, só que eles não são encantados. Aliás, estão muito longe disso.
- Mais respeito, Charlotte – Peter me recriminou e eu preferi calar a discutir aquele assunto outra vez.
Meu pai era do século XVIII, como já disse. Ou até antes disso. Por este motivo nutria o amor eterno à realeza.
- E Johnny? Onde ele está? – ele perguntou olhando para os lados.
- No alojamento dos garotos – respondi de má vontade. – Esqueceu que meninos são proibidos nesta casa? – cruzei os braços e arqueei uma sobrancelha.
- Bom... Não foi o que eu fiquei sabendo – ele deu uma geral na sala e depois me encarou.
Sabe quando o seu pai te lança aquele olhar que é capaz de dizer tudo ao mesmo tempo?
Aquele que deixa claro que você não precisa tentar mentir porque ele já sabe a verdade? Pois é. O
meu pai tinha este dom. E foi exatamente por isso que meu sangue gelou, minha boca secou e eu comecei a tremer.
- Co... Como assim? – ele tirou alguma coisa do bolso e a estendeu para mim.
- Sua chave. O rapaz da recepção me entregou hoje cedo – porra!
Então ele sabia que Alex dormiu comigo.
Oh, merda!
- E me contou que Miranda tem recebido visitas – olhou para a minha amiga, que se encolheu no sofá.
Tudo bem que meu pai não exigia dela o mesmo que exigia de mim. Mesmo assim, minha amiga sabia o que era enfrentar o meu pai e não estava nem um pouco disposta a ficar sem a sua mesada.
- São colegas da comissão de formatura, padrinho – ela falou com a voz baixa e cheia de respeito.
Tive vontade de gargalhar, mas eu não era tão má quanto ela era comigo, por isso endireitei minha coluna e fiquei o mais séria possível, enquanto meu pai avaliava nossas fisionomias. Depois assentiu sem acrescentar nada.
- As malas, querido – minha mãe alertou. – Preciso separar um vestido para mandar passar.
Meninas, hoje nós vamos a um coquetel muito importante.
Eu e Miranda nos olhamos e esmaecemos. Era um saco.
Capítulo 16
“O tempo é muito lento para os que esperam, muito rápido para os que têm medo, muito
longo para os que lamentam, muito curto para os que festejam. Mas, para os que amam, o
tempo é eternidade”.
William Shakespeare
Alex
Eu estava com o projeto dela em mãos, relendo o último capítulo que havia me enviado e preso a aquela frase que eu já conhecia. Uma citação de Shakespeare que dizia muito naquele momento. O
tempo era uma armadilha.
Dois dias se passaram. Dois dias sem falar com Charlotte. Ela não me atendeu, não respondeu às minhas mensagens e não compareceu à minha aula. Droga!
Eu repassava os momentos e toda nossa conversa em minha mente, tentando descobrir onde estava o erro. Claro que não tinha sido o fato de ela ter me visto com Tiffany. Eu havia me explicado e Charlotte parecia ter compreendido, então o quê? Não conseguia entender. Não mais.
Quando eu saí da sua casa me sentia seguro de que estávamos mais do que envolvidos e que a reação exagerada de minha aluna uma noite antes, fora apenas o reflexo do seu medo, o que eu estava convencido de que conseguiria reverter. Então, com tudo resolvido, eu acreditava que ela logo estaria comigo.
Mas não foi o que aconteceu.
Faltavam apenas poucos dias para o encerramento de nossas atividades então viriam as provas finais e pronto. Terminado. Charlotte estaria formada e nós dois finalmente livres para ficarmos juntos. Isto se ela já não tivesse desistido de mim. De nós dois.
Não conseguia me conformar.
A verdade era que eu sentia uma falta absurda daquela menina e de nossas aventuras. Deus!
Como eu sentia falta dela. Charlotte Middleton havia conseguido me dobrar, reconheço. Mas... Puta que pariu! Por que diabos ela resolveu desaparecer?
“Não vamos mais conversar sobre o seu livro? Sou seu orientador e preciso de material.
Entre em contato”.
Enviei a décima mensagem do dia. Apenas mais uma que não seria respondida. Liguei o carro e fui me encontrar com Lana. Minha irmã estava furiosa por eu ter saído correndo na noite em que eu e Charlotte quase... Eu tinha deixado Tiffany sozinha na boate e isso agravou bastante a situação.
Assim que cheguei à editora fui cercado pelas secretárias que normalmente conseguiam encher meu dia de atividades. Pedi que chamassem Lana e sentei em minha cadeira me sentindo desconfortável. Liguei o computador no mesmo instante em que meu IPhone apitou indicando uma nova mensagem de e-mail.
Acessei minha conta e fiquei surpreso com a mensagem de Charlotte. Ela foi fria e rápida.
“Professor, envio em anexo meu trabalho, faltando somente o último capítulo. Todo restante já está pronto e modificado. Marquei as partes alteradas para facilitar. Assim que terminar enviarei o material completo. Obrigada pela paciência. Charlotte Middleton”.
Puta que pariu!
Charlotte não falou nada sobre nós dois e nem marcou um encontro. O que ela queria? Droga!
Eu tinha feito tudo o que me pediu. Aceitei as suas condições. Entrei de cabeça naquela loucura, o que mais ela queria que eu fizesse?
Digitei uma mensagem rápida: “Não vou avaliar nada sem te encontrar. Você sabe que precisa discutir os detalhes comigo pessoalmente. Se ainda tiver interesse em ser escritora me encontre amanhã no final da tarde.
Estarei na praia, você sabe onde. Atenciosamente, Alex Frankli”.
Lana entrou em minha sala no momento em que cliquei para enviar a mensagem. Ela estava agitada, mas parou imediatamente quando percebeu que eu não estava para brincadeira.
- Algum problema? – perguntou diminuindo seus passos, me analisando com atenção.
- Alguns. Podemos começar? – ela hesitou, mas sentou na cadeira diante da minha colocando alguns originais sobre a mesa.
- Tiffany está impossível – começou com a voz baixa. – Fui procurada pelos seus agentes, eles recusaram nossa proposta. Disseram que os livros dela são bastante rentáveis e que, pela forma como ela vem crescendo, deveríamos valorizá-la mais.
- Não posso dar o que Tiffany quer. Deixe que ela saia. Duvido muito que consiga um contrato melhor do que o nosso – Lana me encarou sem acreditar, a boca aberta com se precisasse de ar.
- Não podemos perdê-la, Alex! Há muito mais em jogo do que dinheiro, se perdermos os livros dela. Existe a nossa reputação e uma série de consequências.
- Lana, você quer assumir o meu lugar? – minha irmã me encarou espantada com a minha reação. – Tiffany não vai tirar os livros dela da editora. Duvido muito que queira fazer isso. Está apenas usando este argumento para me forçar a ficar com ela. O que não vai acontecer. Entendeu?
Ela piscou várias vezes como se precisasse de um tempo para assimilar a minha reação.
Endireitou os ombros, sentando-se mais ereta na cadeira. Arrumou alguns papéis que já estavam perfeitamente arrumados e depois falou cuidadosamente: - Entendi, Alex! – movimentou a cabeça concordando. - Meu pai do céu! Que bicho te mordeu?
- Um bicho chamado Tiffany. Estou de saco cheio! – levantei as mãos bastante irritado e joguei meu corpo no encosto da cadeira.
- Ok! Vamos deixar este assunto para outra hora.
- Ótimo!
Passei as mãos pelos cabelos querendo arrancar aquela garota dos meus pensamentos.
Charlotte não me deixava trabalhar. E ainda tinha Tiffany pressionando cada vez mais. Eu sabia dos riscos, assim como também sabia que ela não conseguiria nada melhor. Seria muita burrice bater de frente conosco. Apesar disso, não dava para relaxar sabendo que ela poderia fazer uma birra e simplesmente partir. Ela tinha conhecimento da sua importância. Porra!
Eu precisava de uma cartada. Qualquer coisa que fizesse Tiffany recuar e temer. Alguém que tivesse tanto potencial quanto, que fosse uma promessa de sucesso garantido, algo que ela sabia que estouraria no mercado literário, como um romance erótico, por exemplo.
Isso! Alguém como Charlotte Middleton, com um livro cheio de potencial, capaz de fazer com que todas as lentes se virassem em sua direção. E com a minha ajuda o seu projeto ficou realmente incrível. Olhei outra vez para o meu e-mail e me lembrei que havia dito a Lana algo sobre um material novo.
Seria demais? Envolver Charlotte em minha vida profissional, estando nós dois em um momento tão delicado, com a incerteza a respeito do nosso futuro, não seria muito arriscado?
- Lana, você poderia dar uma olhada no livro daquela minha aluna? Eu estou gostando muito da maneira como ela escreve e, mesmo que ela ainda não tenha terminado, acho que merece sua avaliação.
Minha irmã me olhou como se quisesse dizer alguma coisa que ultrapassaria a sua postura profissional. Claro que ela sabia que eu não arriscaria tanto com uma pessoa que estava dando os seus primeiros passos. Mesmo assim, Lamara sorriu educadamente, entrelaçando os dedos e respondeu: - Claro, Alex. Charlotte, não é? Aquela aluna para quem você dá aulas particulares – ela sorriu e eu revirei os olhos. Tudo o que eu não precisava no momento era de mais lembranças. – A inglesa que costuma levar sorvete de chiclete para sobremesa.
- Exatamente. Vou enviar para o seu e-mail o material que tenho. Tente me dar um retorno o mais rápido possível, pode ser?
Tentei desviar a sua atenção, no entanto seria muita ingenuidade acreditar que minha irmã não seria capaz de ler nas entrelinhas.
- Com certeza! Vou dar prioridade.
Minha irmã voltou a organizar os papéis sobre a mesa, fazendo-me estremecer. Eu sabia que a conversa não terminaria ali e que ela não sossegaria até obter todas as respostas.
- Faça isso. Acredito realmente no potencial de Charlotte e gostaria de uma resposta antes do final do semestre, o que nos mostra o quanto nosso tempo é curto, então tem que ser para já.
- Nossa quanta preocupação! É por causa dela que está fugindo de Tiffany?
Suspirei pesadamente. Se Lana soubesse...
- Lana, você poderia se concentrar no seu trabalho e esquecer a minha vida pessoal?
- Você está mesmo insuportável – ela me mostrou a língua. Nem acreditei no que estava vendo.
- Quantos anos você tem? Doze?
- Vinte e cinco. E você? Setenta?
- É. Às vezes acho que sim – Ela riu e eu não tive como continuar irritado com a minha irmãzinha. Eu a amava.
- Por que não volta a escrever? Seu livro é tão lindo! Perfeito.
- Você consegue realmente acreditar que existe espaço para mais trabalho em minha vida?
- Pare de dar aulas.
- Talvez, quem sabe, não quero pensar sobre esse assunto agora.
Até porque, se tudo acontecesse como eu imaginava, escrever voltaria a ser uma necessidade e o tempo um prazer.
- Tudo bem. Vamos resolver logo o problema destes originais – respirei aliviado.
Ótimo! Trabalhar seria muito bom para a minha cabeça.
Charlotte
Alex ligou várias vezes durante os dois últimos dias, infelizmente não pude atendê-lo. O que eu diria ao meu pai? Ele não aceitaria com facilidade o fato de meu professor ficar me ligando. O único homem que se aproximava de mim sem deixá-lo muito irritado era Johnny e isso porque éramos praticamente irmãos.
Dobrei minhas roupas e as levei para o closet. Arrumá-las era uma ótima distração. Pelo menos não precisaria ficar respondendo aos questionamentos de Miranda e sofrendo a perseguição acirrada do meu pai. Droga! Eu estava sufocando.
Ele mandou muitas mensagens. Não tive vontade de respondê-las. Era melhor evitar ao máximo um encontro. Eu ainda não estava recuperada do nosso adeus. Doeria olhar em seus olhos e não encontrar neles os mesmos sentimentos.
Ser uma pessoa cuja covardia era um dos pontos mais fortes da sua personalidade também não ajudava muito.
Foram os dois dias mais longos de toda a minha vida. Acompanhei meus pais em diversos eventos sociais. Fomos à missa, conversei com o padre sem a mesma coragem de antes, afinal de contas eu faria o pobre velhinho enfartar se contasse todas as coisas que aprendi em tão pouco tempo. E pensar assim fazia com que o meu coração doesse ainda mais, pois me levava a Alex e ao que eu sentia.
Era uma merda estar apaixonada!
Era uma merda maior ainda estar apaixonada pelo meu professor. Um homem lindo, perfeito, inteligente e que, com certeza, não se interessaria por uma garota sem nenhum tipo de atrativo. Sem contar que para Alex eu era uma menina brincando com o sexo, enquanto ele era um homem experiente que gostava das nossas brincadeiras, apenas isso.
Respirei fundo e me forcei a engolir o choro. Para que chorar? Eu provoquei aquela situação, forcei a barra, enlouqueci Alex de todas as formas possíveis, e no meio de tudo isso me apaixonei. A responsabilidade era totalmente minha. Ele nunca me prometeu nada além de sexo e uma forma de finalizar o meu projeto com conhecimento de causa.
Eu nada poderia cobrar do meu professor.
Pelo menos consegui escrever. Minhas novas experiências e sentimentos serviram para alguma coisa. E confesso que a falta que eu sentia dele fez com que eu me dedicasse muito ao projeto, como se escrever fosse a única maneira de me sentir melhor, como se transformar minha dor em palavras pudesse aliviar o meu coração.
Minha mãe não se importava em me ver diante de um computador por horas, já meu pai detestava. Dizia que era pura bobagem e que eu deveria ser médica, como ele, ou administradora, ou qualquer outra coisa que me permitisse administrar a sua rede de hospitais. Como se eu quisesse fazer aquilo! Por isso tentava me tirar de casa sempre que podia.
- Quero só ver a cara dele quando descobrir sobre o tipo de literatura que eu escrevo.
Ri sozinha do meu monologo. Meu pai enfartaria. E claro! Eu seria deserdada. Pelo menos não teria que assumir porcaria de rede de hospitais nenhuma. Fiz muxoxo me sentindo rebelde. Um pouco de liberdade mesmo que fosse por poucos segundos.
- Charlotte! – Miranda gritou do quarto dela. – Vem cá. – Deixei tudo em meu closet, corri para ao seu encontro e a encontrei elétrica. – Charlotte preciso da sua ajuda. Tenho que ver o Patrício hoje ou então vou ficar doida! Ajude-me, por favor!
Dei risada. Minha amiga estava mais do que apaixonada. E quem era eu para julgar? Se pudesse ou tivesse a certeza de que o meu pai não colocaria alguém atrás de mim para se certificar de que eu não estava mentindo, já estaria com meu professor.
- E o que posso fazer? Miranda, meu pai não é o seu pai e ele não tem nenhuma autoridade sobre você, pelo amor de Deus!
- Eu sei, mas não quero decepcioná-lo. O padrinho é um superpai e me ajudou muito. Não posso simplesmente dizer a ele que preciso sair para transar – rimos juntas.
- Diga que vai estudar para as provas finais com uma amiga e que eu não posso porque preciso me dedicar ao livro. Ele vai entender. Então você passa a noite com seu “Patrício” – fiz voz doce e ela riu me batendo no braço.
- Patrício mora com os pais. O máximo que vou conseguir são algumas horas num motel.
- Pelo menos você vai conseguir alguma coisa – encostei-me à parede cruzando os braços, sentindo todos os meus pensamentos se voltarem para Alex.
- Vocês não se falaram mais? Nenhuma aula extra – ela ficou séria, passando a mão em meu braço. Sorri sem graça.
- Não dá para tapear o meu pai, você sabe disso. Ele pensa que para escrever basta um computador e muita criatividade.
- E deveria ser somente isso realmente. O restante fica por conta de um certo professor depravado e aproveitador de amigas virgens inocentes – suspirei colocando as mãos nos bolsos.
- Não é apenas isso. É importante ter uma leitura crítica e Alex está exercendo muito bem esta função.
- Eu imagino a forma como ele está desempenhando sua função – ela resmungou sorrindo. – Você está gamadinha nele, não é? – e fez aquela cara de pena que eu tanto odiava. Eu não precisava de pena.
- Não! – rebati irritada. – Eu sei muito bem como funciona o meu relacionamento com Alex.
Não sou nenhuma tola.
Para meu desgosto era exatamente o que eu era. Uma tola que não conseguiu conter os sentimentos e se apaixonou pelo único cara por quem não deveria se apaixonar na face da terra. O
Henrique seria muito mais adequado, sem contar que também seria mais fácil de o meu pai aceitar.
Suspirei e retirei os óculos para limpá-los na camisa. Só que não era o Henrique que eu queria.
- Sei... – Miranda entortou a boca e me deu uma olhada de esguelha deixando claro que não acreditava em mim.
Bom, eu não poderia repreendê-la. Nem eu acreditava em mim.
- Meninas – minha mãe entrou no quarto, sem bater. Mães! – Vamos sair para fazer compras?
Aproveitem que Peter está com a “mão aberta”. Ele quer que eu encha vocês de presentes. Disse que as meninas dele merecem sempre o que há de melhor. – Miranda bateu palmas e deu um gritinho.
- Mary, você é incrível. Se tivesse um filho ao invés de Charlotte, eu me casaria com ele.
- Deus me livre! – reclamei.
Minha amiga adorava a facilidade de vida que meu pai nos proporcionava, e quando se tratava de compras ela simplesmente ganhava o dia. Minha mãe adorava, afinal de contas esta era uma das poucas coisas que ela fazia sem o meu pai. Não que fosse algo que ela desejasse muito. Eles eram ligados. Absurdamente conectados. Mas quando ela podia sair e comprar sem que ele estivesse do lado palpitando, ela extravasava.
Miranda era mesmo a sua melhor companhia, não eu. Éramos tão diferentes que muitas vezes me perguntava por que eu era a filha legítima. Johnny era o filho que meu pai sempre sonhou e minha amiga era sem sombra de dúvidas o mais perto do que minha mãe sonhava que eu fosse. Então o fato era que eu não me enquadrava naquela família.
Quando eu afirmava que não me enquadrava, não significava que não gostava de ter uma vida facilitada, mas existia dentro de mim um senso social absurdo, o mesmo que me impedia de ser uma voraz consumidora, como Miranda e minha mãe, ou que me impossibilitava de curtir a vida sem limites simplesmente porque eu podia, como Johnny fazia quando não estava sob a supervisão do meu pai.
Eu simplesmente vivia com o que era importante ou necessário. Gostava de ter segurança, afinal de contas viver não Brasil não era nada fácil, mas gostava de ter um carro velho, como o meu, por exemplo, que comprei trabalhando como monitora em um curso de inglês durante as férias. Uma grande vitória, da qual eu me orgulhava muito. Gostava de roupas, não de um closet tão cheio a ponto de nunca saber o que usar. Só não poupava quando o assunto era livros.
Acontece que por conta do trabalho do meu pai, eu pouco convivia com a minha mãe, pelo menos desde que precisei realmente me estabelecer em apenas um lugar, então fazer compras com ela, mesmo que isso me rendesse um guarda-roupas repleto de coisas que eu jamais usaria, pelo menos não fora da presença dela, era desfrutar mais um pouco do tempo que tínhamos juntas. Por isso não me recusava. Eu amava a minha mãe.
Por este motivo e, apenas por este, aceitei o convite e sem paciência para uma discussão sobre o que eu estava vestindo, simplesmente aceitei que o melhor a fazer era me trocar. Despir o meu velho e familiar jeans com tênis e colocar um vestido, no mínimo aceitável pela minha mãe, sem contar os sapatos desconfortáveis e a maquiagem, que jamais poderia ser apenas rímel e batom.
Mães!
Parei em frente ao computador e fiquei muito tentada a escrever para Alex. Mas o que eu diria?
Que queria vê-lo? Não. Não podia. Eu não era como Miranda e apesar de tanto ela quanto Johnny serem considerados filhos, era no meu pé que meus pais pegavam, como se eu fosse um tesouro que todas as pessoas do mundo estivessem interessadas em roubar. Foi impossível não revirar os olhos diante de tal pensamento.
Salvei meu arquivo e chequei meu celular. Mais uma mensagem do meu professor.
“Não vamos mais conversar sobre o seu livro? Sou seu orientador e preciso do material.
Entre em contato”.
Sorri largamente. Sim, eu queria conversar sobre o meu livro, porém era covarde demais para me deixar machucar. Respirei fundo tentando colocar meus pensamentos em ordem. Sabia que teria de finalizar aquela etapa, afinal de contas ele era o meu orientador e eu precisava da sua aprovação.
Quem sabe se recomeçássemos?
“Professor, envio em anexo meu trabalho faltando somente o último capítulo. Todo restante já está pronto e modificado. Marquei as partes alteradas para facilitar. Assim que terminar enviarei o material completo. Obrigada pela paciência. Charlotte Middleton”.
Bom, foi uma mensagem tranquila, sem cobranças ou qualquer das nossas loucuras. Se ele respondesse que avaliaria e entraria em contato era porque realmente o melhor a ser feito era nos afastarmos.
Droga! Pensar nisso fazia meu peito sangrar. Como pude me apaixonar? No que eu estava pensando? Alex era um homem, maduro e experiente. Muito mais velho. O que ele poderia querer com alguém como eu?
A resposta chegou rápido demais. Eu não estava preparada.
“Não vou avaliar nada sem te encontrar. Você sabe que precisa discutir os detalhes pessoalmente comigo. Se ainda tiver interesse em ser escritora me encontre amanhã no final da tarde. Estarei na praia, você sabe onde. Atenciosamente, Alex Frankli”
Uau! Esta foi rápida e certeira. Meu professor estava furioso. O que será que eu fiz desta vez?
- Charlotte, vamos! – minha mãe gritou não sei de onde.
Desliguei o computador e parti para o meu dia de compras, como se estivesse sendo levada para um campo de batalha. À noite teríamos um jantar com alguns médicos, ou seja, meu dia estava perdido.
Sentia falta de Alex.
Alex
Peguei minha prancha e fui para a praia. Não sabia se minha aluna iria me encontrar. Tinha bons motivos para acreditar que ela não daria as caras. Não sei se sentia raiva ou frustração. Eu pensei que estávamos no caminho certo. Charlotte era mesmo uma caixinha de surpresas.
Assim que cheguei encontrei João Pedro. Ele sempre me acompanhava. Daquela vez pedi para que me encontrasse lá e rezei para que Lana não tentasse impedi-lo. Pelo menos eu teria uma distração.
- Que demora do cacete! – João reclamou antes mesmo que eu o cumprimentasse.
- Anita me deu uma canseira hoje. Achei que nunca conseguiria tirá-la do meu pé. Você nem vai acreditar na coincidência – coloquei a prancha na areia e comecei a me aquecer.
- Anita te deu uma canseira, é? Eu sabia que você não resistiria. Esta coisa de ficar de brincadeirinha com aquela garota não podia dar certo. Bater punheta é para adolescente, meu caro.
Você é um homem feito, tem suas necessidades. Precisa estar lá dentro, se sentir em casa, brocar, entendeu?
Puta que pariu! João Pedro era absurdo! De onde ele tirava aquelas maluquices? E que conversa era aquela de que eu precisava estar dentro? Só rindo.
- Eu não transei com Anita, João. Você não tem jeito mesmo – comecei a rir.
- Tá gamado na garota. Tenho certeza! É sempre assim. Bocetinha nova, cheia de fogo, esfregando na sua cara...
- João! – fiquei exasperado. Não precisava de mais lembranças. – Posso contar o que descobri ou você vai continuar com esta conversa de malandro? Meu Deus, gostaria de saber o que Lana está fazendo com você.
- Ok! – ele me olhou com cara de poucos amigos. - Sua irmã está acabando comigo, mas vamos ao que interessa. O que descobriu? – ri.
- Voltando a minha descoberta... Anita me abordou hoje na faculdade e quase perdi uma aula inteira porque ela fez questão de me contar que é prima da Tiffany. Dá para acreditar? Como se não bastasse a Tiffany querendo voltar para a minha cama, tenho a prima dela, também querendo a mesma coisa.
- Primas? Hum! As duas querendo você? Nossa!
Os olhos de João se perderam no mar diante de nós. Eu sabia exatamente aonde ele queria chegar. Depois ficava reclamando de Lana. Meu cunhado era um depravado.
- Que absurdo! Não sei por que ainda perco o meu tempo conversando com você. Dá para pensar em outra coisa que não seja sexo? Você vive reclamando que Lana não te dá uma folga, porém não perde oportunidade de pensar besteiras.
- Vai dizer que você nunca sonhou em ir para a cama com duas mulheres? Ainda mais duas mulheres como Anita e Tiffany. Puta que pariu! Que Lana nunca saiba. Pelo amor de Deus! E não daria nem trabalho para convencê-las a aceitar. Bastaria você fazer a proposta que...
- João! Foco cara! Eu já fui para a cama com duas mulheres, não apenas uma vez, ok? – ele me olhou com um misto de descrédito e deslumbramento. Depois riu como sempre fazia.
- É por isso que eu sou seu fã – e me empurrou pelo ombro.
- Lana vai saber disso.
- Nem pensar. Você conhece a sua irmã, ou ela ama demais ou odeia demais. E cara, eu realmente prefiro ficar com a parte do amor – suspirou e passou as mãos pelos cabelos arrepiados.
Dei risada. João Pedro morria de medo de Lamara. – E não é porque já fez demais que vai dispensar mais uma rodada.
- Eu não quero levar nenhuma das duas para a cama, muito menos as duas ao mesmo tempo.
- É a Charlotte, não é? Caralho, Alex! Você está caidinho pela garota.
- Olha só, vamos surfar porque conversar já vi que será impossível.
- Tudo bem. Não vou falar mais besteiras. Qual é o problema no fato da Anita ser prima da Tiffany?
- Nenhum, desde que Anita nunca nem desconfie de que estou... estava... nem sei mais, enfim, ela não pode nem imaginar o que aconteceu entre mim e Charlotte, entendeu?
- Entendi. Mas o que o fato de elas serem primas tem a ver com Anita não poder descobrir?
Acho que seria ruim para você como professor, também concordo que o trabalho de Charlotte ficaria desmoralizado, desacreditado, ou até mesmo poderia ser cancelado, o que com certeza prejudicaria a carreira dela e...
- Ai, meu Deus! Não preciso de mais desespero, tá bom? Eu já sei de todos os riscos. Me torturo com isso todos os dias, tenho outro problema tão grande quanto a necessidade de preservar a integridade de Charlotte...
- Charlotte, é? – ele riu debochado.
- Ah, vá se foder, João!
- Agora sim. Este é o meu amigo Alex, e não o dissimulado certinho e correto que está tentando parecer. O caralho para essa sua moralidade toda, seu fingido de merda! Louco para comer a aluna e fica aqui, me torturando e se torturando com esse papinho de anjo. Vá se foder, Alex!
- Você está impossível, cara! Já pensou em procurar um psicólogo? – meu amigo não se ofendeu apenas riu. – O problema é que se Anita descobrir e contar a Tiffany, aí é que ela tira mesmo o contrato da editora. Lana me mata.
- Mata mesmo. Pode acreditar.
- É...
Olhei para o mar e voltei a pensar em Charlotte. Sua risada infantil, seu jeito inocente de aprender, sua pele macia, seus gemidos, a forma como ela... sentia tanta falta dela.
- Vamos entrar? Tenho pouco tempo – João me trouxe de volta para a realidade.
- Vamos. É o melhor a fazer.
O mar era a minha terapia. Nele eu conseguia esquecer todos os problemas e até mesmo encontrar respostas para algumas dúvidas, no entanto, naquele momento eu não consegui encontrar a paz tão familiar.
A concentração era praticamente impossível. O tempo todo me via tentando verificar se Charlotte estava na praia me aguardando. Por causa disso caí várias vezes e quase perdi a minha prancha. Depois de uma hora desisti. Sinalizei para João avisando que sairia.
- O que houve? – ele gritou sentado na prancha. Balancei a cabeça tirando o excesso de água do rosto e cabelo.
- Tenho uma coisa importante para fazer. Eu disse que tinha pouco tempo e você também.
- Porra, cara! Eu ainda podia ficar mais. O mar está muito bom!
- Então fique! – respondi de má vontade e ele notou a minha impaciência.
- Tudo bem, Alex! Vamos sair.
Quando estava caminhando pela areia, ao lado do meu amigo, vi o que já considerava impossível. Charlotte estava lá me esperando. Parecia tão ansiosa quanto eu. Foram três dias de tortura e ela finalmente apareceu.
João riu baixinho e balançou a cabeça. Talvez por ver em meu rosto uma expressão idiota. E eu estava realmente me sentindo assim. Ver Charlotte à minha espera me deixou igual a um adolescente, eufórico e contido ao mesmo tempo. Pela primeira vez em muitos anos eu não sabia o que dizer a uma mulher.
- Hum! Uma coisa importante para fazer? – ele disse com ironia. – Não sei porque não desconfiei que você daria aula – brincou antes de encontrarmos com minha aluna.
- Não. Não é o que você imagina. Conversaremos sobre isso outra hora.
- Tudo certo! Preciso ir para casa porque a bruxinha da sua irmã deve chegar a qualquer momento. Falo com você depois - adiantou o passo. - Oi, Charlotte! Tchau, Charlotte! – ela sorriu timidamente. Eu não conseguia tirar meus olhos dos dela. Buscava por algum sinal em seu rosto, ela se mantinha impassível.
- Oi – falei sem jeito. Não sabia como tratá-la e nem como estávamos, já que ela havia sumido por três dias além de ter se recusado a transar comigo.
- Oi, professor! – sorriu ainda tímida. Ficava tão linda daquele jeito!
- Vamos conversar? – comecei.
Merda! Eu estava muito nervoso sem saber o que dizer. Não sabia se tinha o direito de cobrar alguma coisa ou se deveria falar somente sobre seu livro. Eu não sabia nem se podia ou deveria tocá-
la. Charlotte estava doce, mesmo assim, distante, como se uma barreira tivesse se erguido entre nós dois.
- Vamos ao quiosque, lá poderemos conversar melhor – Ela disse já se direcionando ao calçadão. Concordei meio decepcionado. Esperava que ela concordasse em ir até a minha casa.
- Vou colocar a prancha no carro e te encontro lá.
Capítulo 17
“O curso do amor verdadeiro nunca fluiu suavemente”
William Shakespeare
Charlotte
Respirei fundo me sentindo afundar naquele oceano que, com certeza, não seguia suavemente o seu curso. Pelo menos não dentro de mim. Definitivamente suavidade passava longe da minha realidade.
Ele estava tão lindo e sexy caminhando lentamente, a prancha em sua mão, um sorriso doce e despreocupado. Aquele era o Alex por quem eu tinha me apaixonado e não parecia nem um pouco aborrecido, o que verdadeiramente me deixou decepcionada.
Eu esperava algo mais, afinal de contas ele havia me procurado por três dias parecendo ansioso, até irritado pelo meu sumiço, o que, de certa forma, me deixou um pouco mais esperançosa no quesito “paixonite aguda pelo meu professor”, mas não foi o que aconteceu.
Alex agiu como se não tivesse sentido a minha falta, como se os três dias afastados não o tivessem abalado em nada. E tudo isso porque eu era mesmo uma idiota que acreditava que o meu príncipe encantado chegaria em uma prancha de surf e me salvaria da minha vidinha monótona.
Involuntariamente ajeitei meus óculos e me senti sem graça. Então seria assim, ele se afastaria e eu aceitaria sem ter como reivindicar nada diferente? Eu sabia como seria, só precisava fazer meu coração aceitar isso.
- Oi.
Ele disse calmamente, os olhos fixos em mim. Um azul tão perfeito e profundo que eu quase não consegui responder. Pisquei algumas vezes e ajeitei os óculos no nariz, sem conseguir me desprender daqueles olhos incríveis.
- Oi, professor! – não sabia como deveria agir, então decidi que a distância era o melhor caminho e o menos doloroso.
- Vamos conversar? – olhei para os lados imaginando se ele sugeriria a sua casa, mas o seu silêncio foi o suficiente.
- Vamos ao quiosque, lá poderemos conversar melhor.
Indiquei com a mão o caminho e sem conseguir me conter virei na direção que havia indicado.
Meus olhos marejados me denunciavam e eu não queria que ele sentisse pena, ou culpa.
- Vou colocar a prancha no carro e te encontro lá.
Andei até o quiosque, o mesmo em que nos encontramos pela primeira vez fora da faculdade. O
mesmo que tinha dado início a toda aquela loucura. Era como assistir ao nosso passado sem chance para mudá-lo. E eu o mudaria se tivesse a chance?
Não. Nunca mudaria uma vírgula de tudo o que vivi com Alex. Aliás, mudaria sim. Voltaria a aquela última noite e permitiria que acontecesse. Eu me entregaria a ele mesmo sabendo que no dia seguinte estaríamos de volta ao mesmo ponto.
Mesmo entendendo e aceitando que não existia comparação entre eu e aquela mulher, e eu sabia que foi exatamente por este fato que Alex não sentiu a minha falta. Ele esteve com aquela Tiffany, linda, loira, educada, mais velha e famosa. Muito, mas muito, mais experiente, não aquela brincadeira gostosa, no entanto que para um homem como Alex era sem graça, que ele tinha comigo.
Era ela. A mulher sexy cuja mão ele segurava. Ela era a escolha dele. Não eu. Eu era apenas um projeto que terminaria com o fim do semestre. Um problema resolvido e solucionado. Suspirei.
Não era o que eu desejava. Não foi como imaginei que poderia ser, mas era o que eu teria e não havia como voltar atrás. Por isso escolhi uma mesa distante, engoli o choro e levantei a cabeça.
Se era para ser daquela forma, eu aceitaria, só que deixaria bem claro para Alex o que ele estava perdendo.