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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


OS SOMBRAS / J. R. Ward
OS SOMBRAS / J. R. Ward

 

 

 

                                                            Irmandade da "Adaga Negra"                                                                 

 

 

 

 

Trez "Latimer" realmente não existe. E não apenas porque esta identidade foi criada para que o Sombra pudesse trabalhar no submundo do mundo humano. Vendido por seus pais para a Rainha do Território s'Hisbe quando criança, Trez escapou do Território e tem sido um cafetão e um executor em Caldwell, NY, por anos, o tempo todo fugindo de um destino de servidão sexual. Ele nunca teve ninguém em quem pudesse confiar totalmente... Exceto por seu irmão, iAm.
O único objetivo de iAm sempre foi impedir que seu irmão se autodestruísse, e ele sabe que falhou. Apenas quando a Escolhida Selena entra na vida de Trez que o macho começa a mudar as coisas... Mas aí já é tarde demais. O compromisso de se emparelhar com a filha da Rainha chega e não existe lugar para onde correr, onde se esconder e não se pode negociar.
Preso entre seu coração e um destino para o qual nunca se ofereceu, Trez deve decidir se vai colocar em perigo a si mesmo e aos outros, ou deixar para trás, e para sempre, a fêmea por quem ele está apaixonado. Mas, então, uma tragédia inimaginável o golpeia e muda tudo. Encarando um abismo emocional, Trez deve encontrar uma razão para continuar ou o risco de perder a si mesmo e sua alma para sempre. E iam, em nome do amor fraterno, aceita fazer o último sacrifício...

 

 

 

 

 

 

TERRITÓRIO s'HISBE, PALÁCIO PRINCIPAL
As pegadas que ele deixou sobre o mármore branco eram vermelhas. Vermelhas como um rubi birmanês. Vermelhas como o núcleo de um incêndio. Vermelhas como a raiva
em sua medula.
O sangue era do próprio TrezLath, mas ele não sentia nenhuma dor.
A arma do crime que ele acabou de usar, uma afiada faca de prata esterlina quase tão longa quanto sua mão e tão estreita quanto seu dedo indicador, ainda estava
na palma de sua mão. Estava pingando, mas aquilo não era a fonte da mancha que estava deixando para trás. Ele foi ferido na luta. Seu quadril. Sua coxa. Talvez seu
ombro, não tinha certeza.
O corredor tinha um quilômetro e meio de comprimento e era muito alto, e ele não sabia o que lhe aguardava em seu término. Uma porta, ele orou. Tinha de haver
uma porta de algum tipo, este era o caminho para fora do palácio, então tinha de ter... Uma saída. E como ele chegaria a ela? Não tinha ideia de como ia sair. Mas,
ele também não tinha ideia de como matar outro macho vivo, e tinha feito aquilo minutos atrás.
Além disso, ele não tinha nenhum plano para o que estava do outro lado do recinto do palácio ou de como ia passar pelos muros de contenção do Território. Não
fazia ideia para onde ir, o que fazer. Tudo o que sabia era que não podia ficar mais naquela cela. Era suficientemente luxuosa, com lençóis de seda em um colchão
de penas, um banheiro que tinha a sua própria piscina e um chef particular para alimentá-lo. Ele tinha livros escritos pelos Mestres Sombras à sua disposição e uma
equipe completa de cuidadores especialistas, curandeiros, salva-vidas, treinadores. Quanto à sua roupa? Suas vestimentas agora-rasgadas eram cravejadas com pedras
preciosas do tesouro: diamantes, esmeraldas e safiras caíam em forma de cascata pelas suas vestes.
E, no entanto, seu corpo era considerado muito mais valioso do que a generosidade que possuía.
Trez era o sagrado novilho cevado, o valioso garanhão de procriação, o macho cujo mapa de nascimento proclamou que ele iria procriar a próxima geração de Rainhas.
Ele ainda não tinha sido chamado para o serviço sexual. O que viria com o tempo, quando a princesa com a qual ele iria emparelhar alcançasse sua maturidade astrológica.
Trez olhou por cima do ombro. Ninguém estava vindo atrás dele, mas isso mudaria assim que o corpo abatido daquele guarda que ele dominou fosse achado, e isso
não ia demorar. Sempre havia alguém observando.
Se ele pelo menos pudesse...
Justamente à sua frente, uma porta que estava alinhada à parede deslizou de volta, e uma enorme figura vestida de preto entrou diretamente em seu caminho.
s'Ex, carrasco da Rainha, tinha o capuz de sua cota de malha no lugar, suas feições cobertas pelo trançado do metal. Mas, a visão de seu rosto era desnecessária.
Sua voz, profunda e cruel, era pura ameaça. - Você matou um de meus machos.
Trez parou em um impasse, as vestes arrastando em silêncio no chão. Olhando para baixo para a faca na mão, ele sabia que a frágil "arma" não iria levá-lo a lugar
nenhum contra o Sombra que ele agora encarava. A lâmina de prata foi projetada para cortar peras e maçãs, nem mesmo filé mignon.
E o carrasco não era como aquele guarda.
- Você está tentando partir. - s'Ex não deu um passo a frente, mas parecia mais perto de qualquer maneira. - O que não é apenas inaceitável, do meu ponto de
vista, mas contra a lei.
- Então me mate como punição, - Trez disse com uma voz cansada. - Corte meu corpo em pedaços e enterre os pedaços fora do Território como o traidor que sou.
- Eu faria exatamente isso. Em retribuição por tirar a vida do meu guarda. - s'Ex cruzou seus pesados braços sobre seu tórax largo. - Mas a simples batida do
seu coração e respiração dentro de seus pulmões é divina. Então, esse caminho não está aberto para mim, ou para você.
Trez fechou os olhos brevemente. Seus pais tinham ficado emocionados com a notícia de que um de seus dois filhos fraternos nasceram no momento perfeito no tempo,
um predestinado, estrelas-alinhadas em uma fração de segundos que transformaria a família, uma bênção para eles, acompanhada com riqueza e posição social; para ele
uma maldição que tinha roubado sua vida enquanto ainda vivia.
- Nem sequer pense sobre isso, - o carrasco disse.
Quando Trez ergueu suas pálpebras, ele descobriu que colocou a faca em sua própria garganta. Sua mão estava tremendo muito, mas ele estava empurrando a lâmina
o suficiente para cortar a pele sobre sua artéria.
Seu sangue, quente e suave, acariciando sobre seu punho fechado.
A risada de Trez parecia louca para seus próprios ouvidos. - Eu não tenho nada a perder, exceto uma sentença de prisão perpétua pelo crime de ter nascido.
- Oh, eu acho que você tem. Não, não desvie o olhar, você vai querer ver isso.
O carrasco acenou para a porta aberta e algo foi empurrado para fora...
- Não! - Trez gritou, sua voz ecoando acima e abaixo pelo corredor. - Não!
- Então você o reconhece. - s'Ex desenrolou os braços e puxou as mangas, deliberadamente exibindo as juntas sangrentas. - Apesar do meu trabalho. Então novamente,
os dois estão juntos há quanto tempo?
A visão de Trez entrou e saiu de foco enquanto ele procurava os olhos do seu irmão. Não havia olhar para manter. iAm não estava consciente, com a cabeça pendendo
para um lado, com o rosto espancado até que estivesse muito inchado, as feições estavam distorcidas. Seu corpo estava amarrado em uma roupa de couro surrado que
ia desde abaixo de seus joelhos por todo o caminho até os ombros e estava presa por um conjunto de fivelas de metal. Manchas, novas e velhas, escureciam o marrom
das correias e embaçavam o brilho das peças de metal.
- Me dê, - ordenou a s'Ex.
Quando o carrasco agarrou a parte de trás da alça, ergueu o corpo inerte de iAm do chão sem mais esforço do que ele poderia colocar em levantar uma garrafa de
vinho.
- Por favor... - Trez implorou. - Ele não está nisso... Deixe-o ir...
Por alguma razão, as pernas do seu irmão balançando ficaram registradas com clareza nauseante. Apenas um dos sapatos de iAm ainda permanecia, o outro foi perdido
onde quer que o rapto e a tortura aconteceu. E os dois pés estavam apontando para dentro, os dedões dos pés se tocando, um balançando estranhamente de um tornozelo
quebrado.
- Agora, Trez, - s'Ex disse, - você achou que sua decisão não iria afetá-lo? Estou te dizendo para abaixar a faca. Se você não fizer, eu vou fazer isso, - o
carrasco movimentou o corpo inerte de iAm para cima e para baixo, - e vou acordá-lo. Você sabe como vou fazer isso? Vou fazer assim, - em sua mão livre, ele exibiu
uma faca serrilhada, - e colocá-la em seu ombro. Então vou torcer até que ele comece a gritar.
Trez começou a piscar as lágrimas. - Deixe-o ir. Isso não tem nada a ver com ele.
- Abaixe a faca.
- Deixe-o...
- Devo demonstrar?
- Não! Deixe-o...
s'Ex esfaqueou o ombro de iAm com tanta força, a lâmina cortou pelo couro e entrou na carne.
- Torção? - s'Ex vociferou sobre o grito. - Sim? Ou você está soltando essa faca de manteiga?
O ruído da prata batendo no chão de mármore foi abafado pelas ásperas respirações arrastadas de iAm.
- Foi isso o que pensei. - s'Ex puxou a faca e iAm começou a gemer e tossir, sangue salpicando o chão. - Vamos voltar para os seus aposentos.
- Deixe-o ir primeiro.
- Você não está em posição de fazer exigências.
Guardas saíram daquela porta escondida em um enxame, todas as figuras com túnicas pretas e máscaras de cota de malha. Eles não o tocaram. Eles não tinham permissão.
Eles o cercaram e começaram a caminhar, empurrando-o junto com seus corpos. Forçando-o a voltar para o lugar de onde escapou.
Trez lutou contra a maré, elevando-se nas pontas dos pés, tentando ver seu irmão.
- Não o mate! - Ele gritou. - Eu vou! Eu vou... Só não o machuque!
s'Ex ficou onde estava, aquela lâmina entalhada, ensanguentada capturando a luz, enquanto ele a segurava no alto. Como se estivesse considerando os principais
órgãos para a próxima facada.
- Depende de você, Trez. Tudo...
Algo estalou.
Mais tarde, quando a luz branca se desvaneceu da visão de Trez e a onda atingiu o auge, quando o rugido foi silenciado e uma dor estranha nas mãos dele começou
a subir pelos antebraços, quando ele já não estava em pé, mas de joelhos, ele ia perceber que o primeiro guarda que ele tinha matado aquela noite estava longe de
ser seu último.
Ele iria perceber que de alguma forma ele assassinou com as próprias mãos todos os que o haviam cercado...
... E s'Ex ainda estava lá com seu irmão.
Mais do que as mortes que causou, e o horror pela prisão de iAm com ele, mais do que o sangue com aroma de cobre que era tão vermelho e agora não só marcava
suas pegadas, ele se lembraria da risada suave que se filtrava pelas correntes de malha cobrindo o rosto do carrasco.
Uma risada suave.
Como se o carrasco aprovasse a carnificina.
Trez não riu. Ele começou a soluçar, erguendo as mãos sangrentas, até as lagrimas em seu rosto.
- Os mapas astrológicos não mentiram, - s'Ex disse. - Você é uma força nesse mundo, bem adequada para a procriação.
Trez caiu a um lado, aterrissando no sangue, as jóias incorporadas no seu manto cravando em sua carne. - Por favor... Deixe-o ir...
- Volte para os seus aposentos. Voluntariamente e sem ferir ninguém.
- E você vai deixá-lo ir?
- Você não é o único que pode matar. E diferentemente de você mesmo, eu fui treinado na arte de fazer coisas vivas sofrerem. Volte para os seus aposentos e não
vou fazer o seu irmão desejar, como você faz, que ele nunca tivesse nascido.
Trez olhou para suas mãos. - Eu não pedi por isso.
- Ninguém pede a vida. - O carrasco ergueu o corpo de iAm mais alto. - E, às vezes, eles não pedem a morte. Você, porém, está na posição de controlar este último
quando se trata deste macho. Então o que você vai fazer? Lutar contra um destino que você não pode mudar e condenar este inocente a um sofrimento miserável, prolongado?
Ou cumprir um dever sagrado, muito antes de você ter encontrado grande honra no provimento de nosso povo?
- Nos deixe ir. Nos deixe ir.
- Não cabe a mim. Seu mapa é o que seu mapa é. Seu destino foi determinado pelas contrações de sua mãe. Você não pode lutar contra isso mais do que poderia lutar
contra eles.
Quando Trez finalmente tentou se levantar, ele encontrou o chão escorregadio. O sangue. O sangue que ele tinha derramado. E quando ficou em pé, teve de lutar
através do emaranhado horrível de corpos, passando por cima de vidas que ele sabia que não eram suas para tomar.
Os passos que ele deixou sobre o mármore eram vermelhos. Vermelhos como um rubi birmanês. Vermelhos como o núcleo de um incêndio. E os que ele deixou agora estavam
paralelos ao seu primeiro conjunto de pegadas, afastando-o da fuga que ele tinha buscado desesperadamente.
Teria ficado animado em saber que em uns vinte anos, três meses, uma semana, e seis dias a partir deste momento, ele ficaria livre e por algum tempo. E ia chocá-lo
até o núcleo dormente da sua alma que ele, algum tempo depois disso, voluntariamente retornaria ao palácio.
O carrasco falou a verdade naquela noite.
O destino era tão indiferente e influente quanto o vento em uma bandeira, levando o tecido de uma existência individual, aqui e ali, sujeitando aquilo que balançava
ao seu capricho sem uma pergunta sobre o que a bandeira poderia ter desejado.
Ou pelo que ela poderia ter rezado.
Capítulo UM
BOATE SHADOWS, CALDWELL, NOVA IORQUE
Não houve nenhuma batida. A porta do escritório apenas se escancarou como se alguém tivesse atingido ela com explosivos. Ou um Chevy. Ou uma...
Trez "Latimer" olhou diante da papelada em sua escrivaninha. - Big Rob?
... Bala de canhão.
Enquanto o seu segundo segurança em comando gaguejada e entrava com todos os tipos de apertos de mão, Trez olhou sobre seu ombro no seu espelho falso de seis
por três metros atrás de toda a sua central de comando Capitão Kirk. No piso abaixo, seu novo clube estava bombando, humanos se moendo em torno do espaço aberto
do armazém convertido, cada um dos pobres bastardos doentes representando um par de cem dólares de lucro, dependendo de qual seu vício fosse e do quanto disso eles
precisavam para energizar o suco.
Era noite de abertura na shAdoWs, e ele esperava problemas.
Só não o tipo que faria um segurança veterano vir todo menininha de doze-anos-de-idade até ele.
- Que porra está acontecendo? - Ele exigiu enquanto levantava e dava a volta.
- Eu... Você... Eu... O sujeito... Ele...
Ache sua voz rápido, Trez pensou. Ou eu vou bater a porra de algumas palavras em você, meu rapaz.
Finalmente, o segurança desembuchou, - Precisa ver isto por você mesmo.
Trez seguiu Big Rob para fora e correu escada abaixo. Seu escritório tinha bloqueio automático, não que ele tivesse quaisquer segredos encerrados lá. Ele, no
entanto, tinha um bom par de sofás de couro, e alguns equipamentos de monitoração de vídeo que poderiam ir para o eBay, além do mais, ele não gostava de pessoas
em seus espaços.
- Silent Tom está contendo o problema, - Big Rob gritou por cima do barulho enquanto eles alcançavam o andar térreo.
- Como isso pode ser um derramamento químico?
- Eu não sei o que é.
"About the Money", do rapper T.I., estava bombando tanto que formou uma presença física no ar, se tornando algo que Trez teve de lutar para passar através, enquanto
eles faziam o caminho passando o rapaz da segurança que guardava a entrada para o corredor de salões privados.
Assim como em seu outro clube, o Iron Mask, esse tinha de ter sua pequena fatia de Ninguém-Pode-Ver para seus clientes. Era suficientemente enganador correndo
o anel da prostituição em Caldwell, Nova Iorque, sem ter pessoas reluzindo suas partes corporais livres a céu aberto.
- Aqui atrás, - Big Rob disse.
Silent Tom era como uma parede humana em frente à porta fechada do terceiro quarto privado abaixo. Mas, Trez não precisou ter qualquer revelação para somar dois
mais dois: Seu nariz adicionou muito bem àquela matemática.
O doentio fedor adocicado do lesser penetrou o corredor, prevalecendo acima do suor e sexo dos humanos que estavam ao redor.
- Lemme está olhando, - ele disse severamente.
Silent Tom andou de lado. - Ainda se movendo. Qualquer inferno que isso seja.
Sim, o assassino provavelmente estava. Aqueles fodidos precisariam ser mortos de uma maneira específica ou eles apenas continuariam se movendo... Mesmo que estivessem
em pedaços.
- Nós vamos ter que chamar uma ambulância, - Big Rob disse. - Eu fiz isto. Não quis dizer para...
Trez levantou sua mão. - Você é bom. E afaste o 911.
Abrindo a porta, ele fez uma careta quando o fedor se formou, e então pisou no interior do quarto de nove metros quadrados. As paredes e o chão eram pintados
de preto, o teto espelhado, uma única inserção de luz brilhando suavemente no alto de suas cabeças. O assassino estava enrolado em um canto distante sob o fodido
banco embutido, gemendo e sangrando uma mancha de óleo que cheirava como um morto atropelado misturado com biscoitos de aveia recém-assados e talco de bebê da Johnson
& Johnson.
Repugnante. E mais uma vez, isso apagou dele o Mrs. Fields1, que ele não apreciava... E crianças, com as quais ele não se importava.
Ele verificou seu relógio. Meia noite. Xhex, sua chefe de segurança, estava apreciando uma rara noite fora com seu companheiro, John Matthew... E Trez teve de
forçar a fêmea a tirar uma folga, porque era o único tempo da semana que seu hellren tinha além da sua rotina com a Irmandade da Adaga Negra.
Ele iria ter de lidar com isto ele mesmo.
Trez pisou de volta corredor afora. - Certo, então o que aconteceu?
Big Rob discretamente ostentou um punhado de pacotes pequenos de celofane com pó dentro deles assim como um chumaço de notas. - Nós o achamos empurrando isto.
Ele conseguiu entrar. Eu o estalei e então ele lutou de volta... Ele era um fodido demônio, e quando ele puxou a faca, percebi que eu estava em apuros. Fiz o que
tinha de fazer.
Trez amaldiçoou quando reconheceu o símbolo estampado na heroína ensacada. Não era nada humano... E era a segunda vez que ele via isto.
Isto era o Idioma Antigo vampírico... E a merda estava com um lesser novamente? Desta vez com um negociante?
Ele pegou as drogas e colocou em seu bolso. Deixou sua segurança manter o dinheiro. - Você teve sorte que não foi morto.
- Eu conversarei com a polícia. Tudo está filmado.
Trez agitou sua cabeça. - Nós não estamos envolvendo o Departamento de Polícia.
- Nós não podemos apenas deixá-lo lá. - Big Rob relanceou em seu companheiro mudo. - Ele vai morrer.
Era o trabalho de um instante dominar as mentes dos humanos. De ambos. Como um Sombra, Trez era como qualquer outro vampiro, capaz de se intrometer em um cerebelo
e reorganizar pensamentos e memórias como se eles fossem poltronas e sofás em uma sala de estar.
Ou talvez removê-los da casa completamente.
O corpo do Big Rob relaxou imediatamente e ele assentiu. - Oh, claro. Nós podemos segurar aqui. Nenhum problema, chefe... E não se preocupe, você não quer ninguém
lá? Você conseguiu isto.
Trez estapeou o homem nas costas. - Eu sempre posso contar com você.
Voltando para seu escritório, ele continuou amaldiçoando. Ele foi para os Irmãos meses atrás, quando tinha encontrado o primeiro assassino com esta merda nele.
E ele até tentou acompanhar isso adiante com eles. Mas, a vida seguiu o seu curso, e coisas como o s'Hisbe vieram depois dele, e Selena e ele...
O mero pensamento da fêmea Escolhida o fez fechar os olhos e hesitar seus pés nos degraus.
Entretanto ele se livrou da dor aguda. Porque era isso ou entrar em um rodopiante buraco negro. As boas notícias? Ele gastou bastante tempo ao longo dos últimos
nove meses tentando puxar sua mente, suas emoções, sua alma, fora do tópico Selena.
Então ele estava acostumado a este tipo de levantamento de peso.
Infelizmente, ela se mantinha como uma preocupação constante, como se ele estivesse com uma febre de baixo nível que o obstinava não importasse o quanto ele
dormisse e tentasse comer direito.
E em algumas noites, era muito mais que preocupação... Que foi o porquê de ele ter deixado a mansão da Irmandade, por vezes, e trombar de volta ao seu apartamento
no Commodore.
Afinal, machos vinculados poderiam ser perigosos, e o fato de que ele não estava com ela... E não deveria estar... Significava absolutamente nada para aquele
lado dele. Especialmente quando ela estava alimentando lutadores que não podiam, por qualquer razão, tomar as veias de suas companheiras.
Isso estava deixando-o louco.
Ela era uma serva virtuosa da Virgem Escriba, e ele era um reformado viciado em sexo com um condenado padrão enclausurado de vida pairando sobre sua cabeça...
E, no entanto, de acordo com seu pau e bolas, isto era uma receita para amor verdadeiro.
Sim. Existia alguma matemática justa para você.
Deus, ele estava quase aliviado que tinha um assassino vazando por toda parte em um de seus quartos de sexo. Pelo menos deu a ele uma bomba para desmantelar...
O que era melhor do que olhar para aquela multidão anônima de estranhos que estavam alimentando seus próprios vícios graças às mulheres e bebidas que ele lhes fornecia.
Enquanto ele esperava pelo outro par para cair de volta para casa.
No s'Hisbe.
Capítulo DOIS
O PIT, MANSÃO DA IRMANDADE
Rhage olhou por cima do Caldwell Courier Journal. Do seu ponto de vista do sofá de couro de V e Butch, ele tinha mais visão, do que de fato queria, de um Lassiter
sem camisa jogando consigo mesmo.
Pebolim, era aquilo.
O anjo caído estava trabalhando na mesa de V como um profissional, replicando para trás e para frente entre os dois lados... E atirando insultos a si mesmo.
- Pergunta, - Rhage murmurou, enquanto ele reorganizava a perna ferida. - Alguma de suas personalidades está ciente de que você é esquizo-aberra-frênico?
- Sua mãe é tão estúpida, - Lassiter desmaterializou e reestruturou no lado mais distante, girando os manetes... - ela acha que uma moeda de dez Californianas2
é algo que você usa em um orelhão.
V chegou e tirou fora uma carga. - Isso é distúrbio de personalidade múltipla, Hollywood. Não esquizofrenia.
O irmão colocou um malote de couro com tabaco e um maço de papéis para enrolar sobre a pilha de revistas Sports Illustrated... Exatamente quando Lassiter disparou
um grito de triunfo.
- Oh, olha, - V disse em voz baixa. - O idiota está finalmente vencendo.
Rhage resmungou enquanto tentava encontrar uma posição melhor para sua perna. Ele e V deveriam estar fora combatendo... Exceto por um lesser ter ido todo chef
Gordon Ramsay para cima dele com uma faca enferrujada e V tinha uma ferida de bala atravessada no ombro esquerdo.
Pelo menos eles dois estariam imediatamente de volta em mais 24 horas, em grande parte graças à Selena. Sem ela sendo tão generosa com a sua veia, eles não seriam
capazes de curar tão rapidamente... Especialmente considerando que nenhuma de suas companheiras era capaz de satisfazer suas necessidades nutricionais dessa forma.
Mas, cara, isso desgastava, sentar-se ao redor como um par de aleijados.
E depois havia o fator Lassiter.
O Pit estava, sobretudo, como sempre foi: cheio de sacos de ginástica, equipamentos de som e computação, essa mesa de Pebolim, e uma TV do tamanho de um parque
metropolitano. O SportsCenter estava ligado, falando do futebol universitário ao longo da NFL; havia garrafas mortas-em-ação de vodka Grey Goose em todos os lugares;
e o guarda-roupa de Butch estava agora se derramando no corredor. Ah, e sim, "Hell of a Night", do rapper Schoolboy Q, estava estrondando nos alto-falantes.
Mas, não era mais e exclusivamente um apartamento de solteiro. Prolongava no ar a impressão do perfume de Marissa... Alguma coisa Chanel?... E a maleta médica
da Dra. Jane estava na mesa de café. Aquelas vodkas sem vida? Apenas desta tarde e noite, e V estava manejando repô-las antes que falisse. E depois havia a Revista
científica de medicina Journal of the American Medical Association, e as revistas People.
Oh, e a cozinha estava limpa, com frutas frescas em uma tigela e uma geladeira cheia de outras coisas como sobras de sanduíches do Arby's e pacotes de molho
de soja.
Rhage tinha mergulhado o dedo do pé em uma bacia com gelo, tão logo ele tinha entrado, agarrando meio galão de sorvete de hortelã com gotas de chocolate. Isso
foi cerca de meia hora atrás, e ele estava se sentindo faminto novamente. Talvez fosse a hora de retornar à casa principal...
Enquanto o "Holy Ghost", do rapper Jeezy, interrompia, Lassiter começou a cantar rap.
Rap.
- Por que você o convidou? - Perguntou Rhage... Exatamente quando V estendeu sua língua para lamber e fechar um de seus cigarros enrolados à mão. - E Jesus,
quando no inferno você perfurou isso?
- Eu não fiz. Ele nos seguiu através do pátio. E há um mês.
- Por que você faria isso a si mesmo?
V lançou um sorriso maligno do sofá, suas pálpebras caindo sobre os olhos de diamante. - Jane gosta.
Rhage voltou para o seu jornal. - Muita informação, meu irmão.
- Como se você não fosse fazer o mesmo se Mary quisesse.
- Dra. Jane pediu isso? Como se esse seu cavanhaque já não fosse merda o suficiente enfeitando esse esconderijo de torta? Vamos!
Tudo o que ele conseguiu foi mais um daqueles sorrisos.
- Continuando... - Ele se focou no horóscopo. - Ok, de qual signo você é, Lassiter?
- Eu sou fabuloso, - o anjo caído cintilou do outro lado... - com o sol nascendo no meu quadrante Beije-Minha-Bunda. E antes que você continue perguntando, eu
fui feito, não nascido, então não tenho um aniversário.
- Eu vou te dar uma data de sepultamento, - V interveio.
- Que tal uma camisa? - Rhage virou para a próxima página. - Apenas uma camisa. Será que te mataria se você se cobrisse, anjo? Ninguém precisa ver isso.
Lassiter deu às ações uma pausa... E, em seguida, começou a imitar um Channing Tatum contra a mesa, indo todo Magic Mike por cima do gol, enquanto ele gemia
como se estivesse tendo um orgasmo.
V cobriu os olhos. - Nunca pensei que iria orar por cegueira.
Rhage amassou o papel e jogou no Lassiter. - Oh, vamos lá, imbecil! Eu quero usar essa coisa algum dia...
O telefone de Rhage manifestou uma convulsão, vibrando contra sua bunda até que ele se inclinou para o lado e escavou para fora do bolso de trás da calça de
couro. - Sim, - ele disse, sem olhar para o número.
A voz de Trez foi baixa. - Eu tenho um problema.
- O que está fazendo?
- Incapacitei um lesser no meu clube. Fiz um trabalho de limpeza em meus seguranças... Especialmente no que lutou com ele... Mas isso não se manterá.
Rhage fincou em seus pés. - Estarei lá em cinco minutos.
- Valeu cara.
Terminada a chamada, Rhage acenou para V. - Vamos lá, eu sei que estamos de camisa vermelha3, mas esta não é uma situação de combate.
- Não precisa me pedir duas vezes. Aonde nós vamos?
Lassiter esclareceu de seu encargo. - Viagem de campo!
- Não...
- Não...
- Eu posso ser tão útil quanto decorativo, você sabe.
V começou a armar-se, fazendo uma careta enquanto prendia e deslizava em seu coldre um par de afiadas e brilhantes adagas, alçando-as para baixo. - A dúvida
é se vamos precisar de um aríete.
- Talvez nós tenhamos sorte. - Rhage dirigiu-se à porta. - Mas eu não apostaria nisso.
- Eu não quero ficar aqui sozinho...
- E você não é tão decorativo, anjo.
Lá fora, a noite era toda sobre o outono, o frio, e o ar fresco de Setembro, fazendo as narinas de Rhage zumbirem e sua besta ondular sob sua pele enquanto ele
caminhava em frente ao pátio de entrada da grande mansão de pedra.
Cara, ele não podia esperar por sua Mary chegar em casa de seu trabalho no Lugar Seguro.
Toda aquela conversa sobre línguas e fêmeas os preferindo em certos lugares... Ok, tinha sido mais ou menos três frases, mas que tinha sido mais do que suficiente...
Tinha pegado ele com força.
Dez minutos, duas calibre quarenta, um par de adagas e uns 90 cm de comprimento de correntes depois, ele se desmaterializou até o Meatpacking District de Caldwell
com V, ambos materializando em frente à nova aquisição de Trez. A shAdoWs estava localizada em um armazém reformado e, como de costume com qualquer um dos lugares
dos Sombra, havia uma fila serpenteando pelo bloco, humanos em pé, como vacas prestes a entrar em um galpão de alimentação. Enquanto isso a música colidia, as luzes
piscavam e feixes de laser atravessavam os milhares de painéis de vidro, fazendo com que o local parecesse com uma viagem psicodélica de três andares de altura preso
sob um telhado de zinco.
Enquanto eles andavam, passando ao redor, havia todos os tipos de cabeças virando, mas que seja. Mulheres humanas tinham uma maneira de perceber vampiros...
Talvez fosse uma coisa hormonal; talvez fosse o couro preto.
Certamente não foi esse cavanhaque. Vamos lá, porra.
E sim, pode ter havido um tempo no passado, quando ele teria sido obrigado a tirar proveito das mercadorias duvidosas, mas não mais. Ele tinha sua Mary, que
era mais do que suficiente para ele. V tinha o mesmo com Jane.
Bem, Jane adicionando uma dose "saudável" de chicotes e correntes.
Insano.
A entrada dos fundos do clube tinha um duplo acesso, um trecho de bloqueio triplo de Somente Autorizados, e obviamente uma câmera de segurança em algum lugar,
porque no momento em que se aproximaram, um segurança abriu as coisas.
- Você está...?
- Sim. - V invadiu o local. - Onde está Trez?
- Por aqui.
Salões escuros. Estúpidos, humanos bêbados. Doentes e drogados e meninas trabalhando. E então havia Trez, do lado de fora de uma porta preta sob uma luz negra.
O Sombra causava uma impressão, mesmo adiante, com dez metros de distância. Ele era alto e tinha um triângulo invertido como torso, ombros pesados grandes descarregando
em uma cintura firme, com coxas grossas e pernas longas fixando a apresentação de fundo. Sua pele era da cor da mesa da sala de jantar de mogno da mansão, seus olhos
negros como a noite, com o cabelo cortado baixo a quase nada, porém havia um padrão em seu crânio. Tudo isso era apenas bela visão da fachada, no entanto.
A verdade é que ele era mais perigoso por conveniência do que por qualquer coisa que você pudesse comprar em uma mostra de arma.
Sombras eram mortais, capazes de truques dos quais até os membros da Irmandade ficavam impressionados... E sua espécie geralmente se protegia, aderindo às maneiras
territoriais do s'Hisbe fora da cidade. Trez e seu irmão, iAm, eram exceções à essa regra.
Alguma relação com Rehvenge. Não que Rhage já tenha perguntado.
- Onde ele está? - V perguntou enquanto batia as mãos com o Sombra.
- Aqui.
Rhage fez o mesmo, cumprimentando o Sombra com um forte abraço. - Como vai você?
- Temos nós mesmos uma complicação. - Trez recuou e abriu a porta. - E não do tipo que vocês estão pensando.
O "morto" estava se movendo no chão, contorcendo seus braços e pernas lentamente. As coisas estavam quebradas em vários lugares, um pé apontando na direção errada,
um cotovelo inclinado em um ângulo entortado para cima, e havia uma boa quantidade de vazamento acontecendo, o piso empoçado do óleo negro ensanguentado do Ômega.
- Bom trabalho, - disse Rhage, tirando fora um pirulito Tootsie Pop de uva de sua jaqueta e arrebentando o invólucro. - Bouncer fez isso?
- Big Rob. - Trez colocou a mão para fora. - E aqui está a complicação.
No centro de sua palma havia um punhado nada especial de pacotes de drogas...
Espere um pouco.
V pegou as coisas com a mão enluvada. - Exatamente como os quais você deu para Butch, certo?
- Exatamente.
- Sim, isto é um negócio.
- Alguma coisa resultou dessa merda anteriormente?
- Butch falou com Assail, que desmentiu, negou que ele estivesse fazendo negócios com eles. E foi isso. Sem mais nada para continuar, tínhamos outras prioridades,
entendeu?
Rhage mastigou o centro de chocolate enquanto se inclinava e fazia algumas mas-que-porra sondagens de sua autoria. As drogas foram marcadas com um selo vermelho...
Com o símbolo do Antigo Idioma para morte.
O chrih.
Assail iria estar em algumas merdas sérias, se estivesse usando o inimigo para ter o seu produto nas ruas.
V arrastou a mão livre pelo seu cabelo preto. - Agora eu sei por que você apenas não apunhalou essa coisa de volta para o Ômega.
- Meu segurança disse que o assassino entrou com a multidão e teve seu caminho ao redor, fazendo pequenas negociações. Ele foi convidado a sair, argumentou,
atacou, e em seguida foi o momento de alguns apagar de luzes no tempo em que Big Rob tomava conta dos negócios. É a primeira vez que este lesser em particular tem
estado em torno, mas isso não quer dizer muito, porque é a noite de inauguração. O ponto de partida, no entanto, é que eu não deixo as pessoas negociarem em minhas
articulações, humanos ou o que quer que seja. Não quero estar na lista de tarefas do Departamento de Polícia mais do que já estamos...
Enquanto continuava falando, Rhage chupou o palito branco limpo e encontrou-se avaliando o Sombra.
Cortando a conversa, ele exigiu: - Por que você não vem mais para a Última Refeição?
O olhar de diamante sólido de V virou. - Meu irmão, foco.
- Não, estou falando sério. - Ele apoiou o quadril na parede preta. - O que há, Trez? Quer dizer, a nossa comida não é boa o suficiente para você?
Deixando a garganta aclarar do lado do Sombra. - Oh, não, sim, eu estou apenas... Ocupado, você sabe. Abrindo este...
- E quando foi a última vez que você se alimentou? Você parece uma merda.
Vishous levantou as mãos. - Hollywood, você precisa ficar no jogo...
- Você sabe, usei Selena esta noite e seu sangue é impressionante...
Tudo aconteceu tão rápido. Em um minuto V estava tagarelando para ele enquanto trazia o ponto muito saliente que o Sombra precisava tomar uma veia.
No seguinte, a palma do tamanho de uma raquete de Trez estava trancada em seu pescoço, cortando todo o seu suprimento de ar.
Enquanto o cara mostrava os dentes e rosnava como se Rhage fosse o inimigo.
Em um piscar de olhos, e apesar do ferimento desagradável no ombro, Vishous contra-atacou o Sombra, abordando-o em uma total batida de corpos, enquanto Rhage
agarrava naquele pulso grosso para puxar o aperto livre. Incrivelmente, não deu em nada. Mesmo com o fechamento de V, contra os trezentos quilos tentando erguer
Trez fora, e toda a força de tração de Rhage se jogando na mistura, o Sombra era uma parede de tijolos indo a lugar nenhum, mal se movendo.
E, em seguida, os três tinham algo com que realmente se preocupar.
Rhage piscou, e quando ele abriu os olhos, uma luz brilhante inundou o espaço preto apertado.
- Foda-se, - V trincou. - Deixe-o ir Trez, porra! Temos problemas!
Sob a pele de Rhage, sua besta subiu para a vida, acordado pela ameaça mortal.
- Trez! Solte!
Algo conseguiu parar o Sombra... Não sabia se era toda aquela luz, ou o fato de que as feições de Rhage já estavam começando a se transformar... E ele afrouxou
o agarre um pouco.
V tirou-o de lá, jogando o Sombra no chão liso e saltou sobre ele, com uma adaga negra reluzindo para fora e sendo colocada diretamente na jugular.
Em uma vergada maldição, Rhage tossiu e respirou fundo algumas vezes. Merda. Sua besta teve o gatilho ativado em uma noite boa, quando ele estava bem alimentado,
bem fodido, e devidamente exercitado. Mas quando alguém tentou matá-lo?
Mesmo que não pudesse ter tido uma boa maldita razão para isso?
Claramente, o Sombra tinha vinculado com a Escolhida. Porque essa reação tinha muitos hormônios masculinos sobre tudo isso.
- Eu sinto muito, - Trez murmurou. - Eu não sei o que deu em mim. Juro pela vida do meu irmão.
- Por que não, - Rhage tropeçou em suas próprias palavras, - nos conta, você se vinculou com ela?
Houve uma pausa. Então Trez disse: - Eu... Merda.
V acrescentou uma série de palavrões. - Você vai ficar parado, Sombra, ou estou fatiando a frente de sua garganta?
- Estou bem. Juro.
Um momento depois, V se aproximou. - Rhage...? Meu irmão?
Rhage colocou as mãos no rosto e se deixou deslizar verticalmente até que estava todo bunda sobre o chão. Inspire. Expire. Inspire. Expire.
Eles já tinham um lesser no clube.
Sua besta seria a última espécie de benfeitoria que eles precisavam.
Inspire.
Expire...
- O que está acontecendo com ele? - Perguntou Trez.
- Nunca agrida aquele filho da puta, - foi a última coisa que Rhage ouviu antes que o mundo retrocedesse como fumaça em um rascunho.
Capítulo TRÊS
No hall mais sagrado do Grande Palácio s'Hisbe, s'Ex estava do outro lado de uma porta que não tinha maçaneta, nem puxador, e dificilmente qualquer junta para
distinguir o painel da parede em que estava assentado.
Do outro lado, ele podia ouvir o choro da criança, e o som, que suplicava melancolicamente por ajuda, auxílio, socorro, entravando em seus ouvidos e através
de sua alma. Sua mão tremia enquanto ele tocava na extensão fria. Sua filha. Sua prole. A única que ele provavelmente jamais teria.
A criança não estava sozinha na sala cerimonial. Estavam o Sumo Sacerdote, AnsLai; o Astrólogo Chefe; e o Tretary, uma posição encarregada de testemunhar e registrar
eventos como este.
A bebê tinha sido envolvida em um genuíno cobertor de lã branca tecido pela babá antes de ter sido acolhida lá e deixada para trás, com esses três machos.
Para chorar por um pai que não viria para salvá-la.
O coração de s'Ex bateu tão violentamente que o branco de seus olhos registrou a pressão rítmica. Ele não esperava essa reação, mas talvez este preciso fervor
fosse o porquê de ele não ter sido autorizado a tocar a criança... Ou ficar à sós com ela. Depois que a Rainha tinha dado à luz a ela aproximadamente seis horas
atrás, ele tinha sido autorizado a vê-la duas vezes: uma vez depois que ela tinha sido limpa, e só agora, enquanto ela havia sido trazida para o interior do quarto
branco de mármore que não tinha janelas e só uma porta... Que estava trancada por dentro.
O segundo de seu nascimento havia determinado isso, demandado isso. Era o que ditava a tradição. As estrelas tinham alinhado de tal forma que a sua filha não
pudesse ser a herdeira do trono, e assim ela tinha de estar...
Entre lá! Seu coração gritava. Pare com isso, pare com isso antes...
Silêncio.
De repente, houve um silêncio.
Um som como o de um animal ferido vibrou ao longo de sua garganta e fora de sua boca, e s'Ex enrolou um punho, batendo-o naquela porta com tanta força, que fissuras
formavam um padrão de estrela, que irradiava na parte externa do ponto de impacto.
Atormentado e mortal, ele sabia que precisava se retirar antes que fizesse algo tão impensável quanto o que tinha acabado de ser feito. Tropeçando em sua túnica
negra, ele se virou e cambaleou pelo corredor. Ele estava vagamente consciente de bater nas paredes, seu impulso fazendo-o ressaltar para esquerda e direita, os
ombros batendo no mais liso mármore branco.
Por alguma razão, ele pensou em uma noite, muitos anos antes, pelo menos duas décadas atrás, quando ele tinha esperado por uma saída para TrezLath, O Consagrado,
descer e tentar escapar. Agora, ele estava fazendo o que aquele macho tinha então feito.
Escapando.
Embora, na verdade, não se libertando de todo.
Ao contrário de Trez, que não tinha sido autorizado a deixar o palácio, s'Ex, como executor da Rainha, foi permitido. Ele também foi o único responsável pelo
acompanhamento de todas as idas e vindas.
Não haveria nenhum impedimento para ele.
E isso poderia salvar vidas esta noite.
Esse silêncio, esse horrível silêncio ressonante, canibalizou a sua mente conforme ele percorria o labirinto de corredores, chegando à própria saída que Trez
tinha buscado. Esse macho, também, tinha sido condenado à posição das estrelas no momento em que tinha nascido mais dispositivo do que a natureza ou a criação.
Essas constelações, tão distantes, tão desconhecidas no momento do nascimento, e incognoscível na maturidade, determinavam tudo. Seu status. Seu trabalho. Seu
patrimônio.
E sua filha, como Trez, tinha nascido por um presságio que tinha sido uma sentença de morte.
Por nove meses que eles tinham aguardado o seu nascimento, a sociedade chegou a uma espécie de impasse com a Rainha grávida. Tal alarde era por ter havido apenas
outra gravidez nos dois séculos do atual domínio monarca... E que tinha resultado a Princesa. É claro, o fato de que a concepção atual tinha sido feita pelo executor
da Rainha tinha sido muito menos importante, e nunca reconhecida publicamente. Apostaram que tivesse sido um aristocrata. Um primo de segundo grau de sangue real.
Um macho marcado como importante por seus quadros gestacionais.
Ou, ainda melhor, algum tipo de milagre imaculado.
Infelizmente, não. O pai tinha sido ele, que tinha começado como um servo e adquiriu a confiança, o acesso e, muito mais tarde, o ato sagrado do sexo. Mas isso
era tudo em grande parte insignificante na sua tradição matriarcal; o macho era sempre um adendo secundário. O resultado... A recém-nascida... E a mãe eram os mais
importantes.
Havia uma chance, quando a criança vinha à tona, aquela como mulher, ela poderia superar o atual herdeiro ao trono, dependendo das estrelas.
Apesar de que poderia resultar em outra morte, visto que só poderia existir apenas um herdeiro do trono... A Princesa assentada teria de ser ritualmente morta.
Todos esperavam por notícias. Com o tempo e data devidamente registrados, o Astrólogo Chefe havia recuado para seu observatório e completou sua medição do céu
noturno...
s'Ex tinha aprendido o destino de seu bebê antes da população em geral, porém depois dos cortesãos: O nascimento não seria anunciado. A Rainha reafirmaria sua
filha atual. Tudo continuaria como tinha sido.
E foi isso, a tragédia pessoal para ele, enterrada sob o protocolo da corte e reverenciada pela realeza e as duradouras tradições astrológicas.
Ele soube, desde o princípio, que esta era uma possibilidade. Mas, quer por arrogância ou ignorância, ele tinha evitado a terrível realidade.
Esta terrível realidade.
Quando ele finalmente irrompeu na noite, desenhou respirações que lançou em puffs. Ele nunca esperou uma intersecção entre sua história pessoal e este sistema
de determinação estelar que governava tudo.
Muita estupidez dele, realmente.
Apoiando as mãos nos joelhos, ele se curvou e vomitou no semeado, arruinando a grama.
A expulsão pareceu clarear um pouco sua cabeça, até o ponto em que ele quase quis fazer isso novamente. Ele precisava fazer alguma coisa, qualquer coisa... Ele
não poderia voltar para o palácio... Ele corria o risco de matar o primeiro Sombra que viesse apenas para limpar a dor.
Sua salvação, tal qual como estava, veio do dever. Com este evento, havia negócios oficiais a serem conduzidos que, em seu papel de executor, ele era obrigado
a cumprir.
Levou um bom tempo antes que ele pudesse acalmar a mente e as emoções o suficiente para desmaterializar, e quando ele foi capaz de dispersar suas moléculas,
ele prosseguiu para fora das paredes do Território com uma estranha sensação de comiseração.
Ele estava bastante certo de que a Rainha não estava sentindo nada neste momento. Como resultado desse quadro de estrela, a vida inocente que tinha sido interrompida
tinha sido desvalorizada ao ponto da inutilidade, apesar do fato de que o que tinha nascido tinha saído do ventre real.
O alinhamento das estrelas foi mais significativo do que o alinhamento de DNA. Aquele foi o modo que sempre tinha sido. E que para sempre seria.
Apesar do fato de que fosse Setembro, enquanto viajava em direção ao centro Caldwell, esta foi a mais fria noite que ele tinha conhecido.
Capítulo QUATRO
A Escolhida Selena entrou no Centro de Treinamento pela parte traseira do armário de suprimentos do escritório, e conforme ela surgia, ela saltou diante à enorme
figura atrás da escrivaninha.
Tohrment, filho de Hharm, olhou para cima a partir do computador. - Oh, hey, Selena. Surpresa...
Conforme seu ritmo cardíaco regulava, ela colocou a mão no peito. - Eu não esperava ver ninguém aqui.
O irmão voltou o olhar para o brilho azul da tela. - Sim, estou de volta ao trabalho. Nós vamos abrir as coisas novamente.
- Abrir o que?
- O Centro de Treinamento. - Tohr recostou-se na mais feia cadeira de couro verde que ela já tinha visto. E enquanto falava, ele acariciava o braço como se fosse
uma preciosa obra de arte. - No passado, antes dos ataques, tivemos um bom programa criado aqui. Mas, logo em seguida, muitos membros da glymera foram mortos durante
os ataques, e aqueles que sobreviveram deixaram Caldwell. Agora, as pessoas estão voltando, e Deus sabe que precisamos de ajuda. A Sociedade Lessening está aumentando
como ratos em um depósito.
- Eu me perguntava para que seriam todos esses recursos.
- Você vai vê-los em primeira mão.
- Talvez, - disse ela. Mas só se eles se agissem rápido...
- Você está bem? - Perguntou o irmão, levantando-se.
Com um giro brusco, o mundo inclinou ao redor dela, girando sua cabeça em sua coluna... Ou foi o próprio quarto que girou? De qualquer forma, Tohrment a pegou
antes que ela batesse no chão, segurando-a em seus braços.
- Estou ok. Tudo bem... Eu estou bem, - disse ela.
Pelo menos, ela pensou que falou essas palavras em voz alta. Ela não tinha certeza, porque os lábios de Tohr estavam se movendo e seus olhos estavam presos nos
dela como se estivesse falando com ela, mas ela não podia ouvir a voz dele. Sua própria. Qualquer coisa.
A próxima coisa que ela sabia, é que estava em uma das salas de exame e a shellan de Vishous, Dra. Jane, estava olhando para ela, com amplos olhos verdes escuros,
cabelo loiro curto e rugindo preocupação.
O lustre acima de sua cabeça era muito brilhante, e Selena levantou sua palma para cobrir seu rosto. - Por favor... Isto é desnecessário...
De repente, ela percebeu que podia ouvir a si mesma, e o mundo, uma vez entorpecido e diluído, retornou em detalhes nítidos.
- Honestamente, estou bem.
Dra. Jane colocou as mãos nos quadris e ficou ali, como se ela fosse um barômetro, fazendo algum tipo de leitura.
Por um momento, Selena foi golpeada com o medo. Ela não queria que eles soubessem que...
- Você acabou de alimentar alguém? - Perguntou a médica da Irmandade.
- Aproximadamente uma hora atrás. E não quis comer. Me esqueci de comer. - O que não era uma mentira.
- Você tem algum problema de saúde que eu precise saber?
- Não. - O que era uma mentira. - Estou perfeitamente saudável.
- Aqui, - Tohr disse, pressionando algo frio em sua mão. - Beba isso.
Ela fez o que lhe foi dito e descobriu que era Coca-Cola, em uma lata vermelha que dizia "Compartilhe com um Amigo", na lateral.
E, na verdade, o material a reanimou. - Isso é bom.
- Sua coloração está cada vez melhor. - Dra. Jane cruzou os braços sobre o peito e recostou-se contra um dos armários de aço inoxidável. - Continue bebendo.
E talvez você deva considerar chamar alguém para...
- Não, - ela disse bruscamente. - Eu vou completar o meu dever.
A importância de vir aqui, e fazer sua veia disponível para os Irmãos e outros que não fossem capazes de se alimentar de suas companheiras, era a única coisa
que a mantinha indo. Era a conexão com a vida normal, o aterramento de um trabalho que era de importância, o metrônomo das noites e dias sem que ela pudesse consumir
a si mesma com um destino ruim sobre o qual ela não tinha controle.
A realidade era que seu tempo estava se esgotando... E ela nunca teve certeza sobre quando seu último momento iria chegar, quando a última vez que ela faria
qualquer coisa iria acontecer. E isso a fez estar aqui em atividade absolutamente crítica.
Enquanto ela continuava a bebericar o refrigerante, muitas coisas foram ditas, as perguntas feitas por parte do médico, as respostas dadas por ela. O vocabulário
não importava... Ela iria pronunciar qualquer coisa, qualquer mentira, verdade parcial, ou interpretação falsa para se libertar desta sala azulejada e continuar
a sua última visita da noite.
- Eu vou completar o meu dever. - Ela forçou um sorriso casual em seu rosto. - E então vou descansar. Prometo.
Depois de um momento, Dra. Jane acenou com a cabeça... E o conflito, enfim, foi ganho.
A guerra, no entanto, era um bicho completamente diferente.
- Estou bem, - disse Selena, pulando para fora da mesa. - Realmente e verdadeiramente.
- Venha me ver se isso acontecer novamente, ok?
- Absolutamente. - Ela sorriu para os dois. - Eu prometo.
Quando ela saiu da sala de exame, supôs que a mentira deveria tê-la incomodado. Mas ela não tinha mais o luxo da consciência.
Estava em uma corrida contra a morte, e nada, nem mesmo as pessoas que valorizava... Ou o homem que ela amava... Poderia entrar em seu caminho.
Para ela, a sobrevivência, tal como era, era um esforço solitário.
De volta à shAdoWs, Trez teve de tomar um momento para tossir sua laringe de volta ao lugar antes de sentar-se. Uma coisa que você pode dizer sobre Vishous?
O irmão fazia bem a coisa dominante.
Naturalmente.
Mas seja o que for, a merda estava ficando um pouco real demais ali no canto.
Do outro lado do espaço sombrio do quarto de sexo, Rhage estava enrolado em uma bola, de olhos fechados, a respiração entrando e saindo de sua boca aberta com
um ritmo tão medido que ou ele estava se hipnotizando, ou em uma porra de um coma.
- O que ele está fazendo? - Perguntou Trez.
- Tentando não se transformar em um monstro.
Trez estalou as sobrancelhas. - Literalmente.
- Godzilla. Só que roxo.
- Jesus... Eu pensei que fosse apenas fofoca.
- Não.
V espalmou uma adaga negra e levantou-a por cima do ombro. Com uma viciosa... Ha-ha... Facada, o Irmão eliminou os restos mortais do assassino cravando a coisa
no peito vazio, a segunda luz brilhante da noite cintilando azul-esbranquiçado, como um maçarico antes de desaparecer e apanhar a maioria dos restos fedorentos com
isso. O flash não cuidava da mancha de gordura, mas Trez tinha equipado estes quartos com um dreno no centro e uma conexão de mangueira discretamente montada sob
o banco.
Humanos poderiam ficar sujos também.
- Então, você está vinculado, hein.- V disse enquanto tomava uma carga fora e vigiava seu Irmão como uma alcateia que guarda um lobo caído.
- Me desculpe, o quê?
- Selena. Você está vinculado com ela.
Trez amaldiçoou e esfregou o rosto. - Ah, não. Não realmente.
- Uma pessoa muito sábia me disse uma vez... Minta para alguém que você quer, apenas nunca para si mesmo...
- Olha, não sei...
- Então é por isso que você se foi da casa tantas vezes?
Trez considerou deixar ir com a maré, mas qual seria a utilidade. Ele tinha acabado de atacar um homem que respeitava, um homem que estava total e completamente
apaixonado por sua própria mulher, só porque o cara tinha tomado a veia... E nada mais... De uma Escolhida treinada para prestar um serviço dessa forma.
Se isso não tinha fixado o carimbo de macho-vinculado em sua testa, ele não sabia o que poderia.
- Eu só... - Trez sacudiu a cabeça. - Porra. Eu. Tudo bem, estou vinculado... E não posso estar em torno dela alimentando todos vocês. Quer dizer, eu sei que
é um serviço necessário, e que isso se limita à veia, e blá blá blá. Mas é muito perigoso. Estou sujeito a fazer isso, - ele acenou para Rhage, - em qualquer momento.
- Ela não terá você? Eu sei que isso não pode ser por causa do Phury. Ele respeita toda a merda sobre você.
Sim, ele e o Primale, que era responsável por todas as Escolhidas, estavam bem. Pena que não era o ponto. - Isso só não vai dar certo.
- Por quê?
- Podemos voltar ao porquê de um lesser ter drogas de Assail junto a ele?
- Sem ofensa, mas eu simplesmente abreviei para você uma enorme indolência por não transformar a jugular dele em um ralo de pia. Acho que você pode me dar a
honra de ser honesto?
Trez olhou para suas mãos, e flexionou os dedos para fora em um leque. - Mesmo se eu tivesse dormido com mil mulheres humanas, não sou exatamente um homem livre.
- Rehv disse que sua dívida com ele está mais do que recompensada.
- A amarra que me restringe não é contra ele.
- Então, quem é dono de sua coleira?
- Minha Rainha.
Houve um longo assobio baixo. - De qual forma?
Engraçado que ele tinha passado tanto tempo com a Irmandade e nunca lhes disse nada sobre a bigorna acima de sua cabeça. Então, novamente, por tanto tempo, tudo
o que ele tinha feito era tentar fingir que não estava lá nele mesmo.
- Eu sou suposto a servir a herdeira do trono.
- Quando isso aconteceu?
- Nascimento. O meu, claro.
V franziu a testa. - A Rainha sabe onde você está?
- Sim.
- Você deveria ter divulgado isso para nós antes de se mudar. Não estou dizendo que não teríamos abrigado você, mas o seu povo pode ser muito particular sobre
com quem eles se associam. Nós arranjamos problemas suficientes sem uma questão diplomática com o s'Hisbe.
- Pode haver uma circunstância atenuante, no entanto. - Enquanto seu telefone começava a vibrar no bolso da camisa, ele alcançou-o e desligou sem olhar de quem
era a chamada. - Eu tenho estado em ponto morto. Com a possibilidade de qualquer colisão de frente com uma semi ou uma guinada que pudesse me salvar.
- Selena sabe algo disso?
- Ela sabe um pouco disso.
O irmão inclinou a cabeça. - Bem, é a sua história para contar... Pelo menos no que diz respeito à Escolhida. Como isso impacta o Wrath e nosso trono, entretanto?
Todas as apostas estão fora.
- Qualquer noite. Eu vou saber em qualquer noite... É esperado da Rainha dar à luz, literalmente, a qualquer momento.
- Eu não escondo nada do meu Rei.
Trez sentiu seu telefone estrondar novamente e ele o silenciou uma segunda vez. - Basta dizer que os dados ainda estão rolando. Nós não sabemos o que temos.
Talvez o mapa astrológico não corresponda ao meu... E então serei livre.
- Passarei isso adiante.
Houve um período de silêncio, e então Trez começou a se contorcer. - Por que você está me olhando desse jeito?
Quando não houve resposta, ele se levantou e limpou a bunda. E aqueles olhos de diamante ainda olhavam para ele. - Olá? V... Que porra.
- Você está correndo contra o tempo, - disse o irmão, em voz baixa. - Em duas frentes.
O telefone de Trez disparou novamente, mas ele não teria respondido a maldita coisa, mesmo que ele quisesse. - Sobre o que você esta falando?
- Há duas fêmeas. E em ambos os casos, você está correndo contra o tempo.
- Eu não sei que porra você está...
- Sim, você sabe. Você sabe exatamente do que eu estou falando.
Não, porque existia apenas uma bomba relógio limitando sua vida, graças a Deus. - Rhage irá acordar, ou ele precisa do impacto de um kart?
- Isto não é sobre ele.
- Bem, não é sobre mim. Sério, ele precisará de ajuda médica?
- Não. E não é sobre isso que nós estamos falando.
- Pronome errado, amigo. Eu não estou nessa conversa.
Além disso, quem sabe, talvez se a merda s'Hisbe seguir o seu caminho, ele poderia trabalhar essa situação com Selena. Afinal, se ele não fosse O Consagrado,
estaria livre para estar...
Merda, a menos que ele desistisse de seu trabalho aqui, ele ainda seria um cafetão. Em recuperação de seu vício em sexo. Quem iria precisar de terapia para superar
a má-destinada TEPT4.
Sim, wow. Solteirão do ano aqui.
E inferno, não era como se Selena parecesse sentir a falta dele... E ele não a culpava. Seu passado com todas aquelas mulheres humanas, mesmo que tivesse parado
com a prostituição tão logo a beijou, não era nada romântico. Era completamente asqueroso.
Os meses de celibato duramente compostos por seus esforços para manchar deliberadamente seu corpo-físico...
- Estou tendo uma visão de você. - V esfregou os olhos.
- Olha, a menos que você precise de mim, estou...
- Para você, a estátua valsará.
Enquanto o telefone de Trez disparava novamente, ele descobriu que as heebs tinham ultrapassado cada centímetro quadrado de seu corpo. - Com todo o respeito,
não tenho ideia de sobre o que você está falando. Cuide desse Irmão pelo tempo que precisar, ninguém vai incomodá-lo aqui.
- Esteja presente. Mesmo quando você achar que isso irá te matar.
- Sem ofensa, V, mas não estou ouvindo isso. Até mais.
Capítulo CINCO
Na suíte médica do Centro de Treinamento, Luchas, filho de Lohstrong, estava deitado de costas em uma cama de hospital com seu torso e cabeça apoiados em travesseiros.
Seu corpo quebrado estava estendido diante dele, parecendo um território bombardeado, cicatrizes e pedaços perdidos transformando o que anteriormente funcionava
normalmente em, bem, uma mistura de dor e disfunção debilitante.
Sua perna esquerda era o maior problema.
Desde que ele havia sido resgatado daquele tambor de óleo onde os lessers o encarceraram, ele estava em um período de "reabilitação".
Palavra estranha para o que realmente estava acontecendo com ele. A definição oficial, quando ele procurou por isto em um tablet, era restabelecer alguém ou
alguma coisa ao seu antigo estado de funcionamento normal.
Depois de tantos meses de fisioterapia e terapia ocupacional, no entanto, ele estava propenso a concluir que a rotina corporal e mental noturna de movimentos
torturantes, ambos, pequenos e grandes, não o estava aproximando de sua antiga forma mais do que conseguir fazer o tempo voltar atrás com sucesso. As únicas coisas
que ele sabia com certeza eram: Ele estava com dor; Ele ainda não podia andar; E as quatro paredes deste quarto de hospital, que eram tudo que ele conhecia desde
que havia sido trancado nesse estado de confinamento, estava deixando-o louco.
Não pela primeira vez, ele perguntou-se como sua vida chegara à isso.
E isso era uma estupidez. Ele conhecia os fatos oh, tão bem. A noite dos ataques, os assassinos se infiltrando na casa régia de sua família, como fizeram na
de tantos outros. Eles sacrificaram seu pai e sua mahmen, e fizeram o mesmo com sua irmã. E quando chegaram a ele, decidiram poupar sua vida para que pudesse ser
usado como cobaia, um teste para saber se um vampiro podia ser transformado em lesser. Incapacitando-o, eles o colocaram em um tambor de óleo em um algum lugar e
o conservaram com o sangue do Ômega.
No entanto, não houve nenhum experimento. Eles perderam o interesse nele, ou se esqueceram dele, ou chegaram a outra conclusão qualquer.
Incapaz de se libertar, ele padeceu no vazio negro e viscoso, sobrevivendo, mas quase morto, esperando sua destruição chegar pelo que parecia a eternidade.
Sem saber se ele havia sido, de alguma forma, transformado.
Antes, sua mente, uma coisa da qual ele se orgulhava por sua habilidade para os estudos e capacidade, se tornou tão quebrada quanto seu corpo, distorcendo-se,
uma vez que as vias claras de pensamento se enredavam em um pesadelo sombrio de paranóia e terror.
E então seu irmão, aquele a quem ele nunca dedicou tempo algum, aquele que ele olhava de cima, aquele pelo qual ele se sentia tão superior... Chegou e se tornou
seu salvador. Qhuinn, o anticonvencional, com um olho azul e outro verde, o embaraço da família com seu defeito crítico, aquele que havia sido expulso de casa e,
portanto, não estava lá quando o ataque ocorreu, tornou-se a única razão por ele estar livre.
Esse macho havia também se tornado o membro mais forte da linhagem de sangue, vivendo e trabalhando com a Irmandade da Adaga Negra, lutando com honra, defendendo
a Raça contra o inimigo, com distinção.
Enquanto Luchas, o ex-menino de ouro, o herdeiro do manto que não mais existia... Era agora o defeituoso.
Karma?
Ele ergueu sua mão, agora mutilada, olhando fixamente para os tocos que eram tudo que restou de quatro de seus cinco dedos.
Provavelmente.
A batida na porta foi suave, e quando ele inalou, sentiu os odores do outro lado. Apoiando-se, ele puxou o lençol mais acima de seu tórax magro.
A Escolhida Selena não estava só, como estava na noite anterior.
E ele sabia do que se tratava.
- Entre, - ele disse com uma voz que ainda não reconhecia. Desde seu calvário, seu discurso se tornou mais rouco, mais profundo.
Qhuinn entrou primeiro, e por um momento, Luchas recuou. Anteriormente, sempre que via seu irmão, o macho vestia trajes civis. Não esta noite. Ele claramente
acabava de chegar da zona de conflito, couro preto cobrindo seu corpo poderoso, armas amarradas em seus quadris, nas coxas... No peito.
Luchas franziu o cenho quando notou dois instrumentos de combate particulares: Seu irmão tinha um par de adagas negras em seu esterno, os cabos virados para
baixo.
Estranho, ele pensou. Pelo que sabia, tais armas eram reservadas apenas para os membros da Irmandade da Adaga Negra.
Será que agora eles permitiam que seus soldados as usassem também?
- Oi. - Qhuinn disse.
Atrás dele, a Escolhida Selena estava silenciosa como um fantasma, sua túnica branca flutuando ao redor de seu corpo esbelto, seu cabelo escuro preso no alto
da cabeça no estilo tradicional de sua ordem sagrada.
- Saudações, senhor. - Disse ela com um arquear elegante.
Olhando para baixo em direção à sua perna, Luchas quis desesperadamente sair da cama e reverenciá-la com o devido respeito que ela merecia. Não era uma opção.
O membro estava, como sempre, embrulhado fortemente em gaze branca do dedão do pé até o joelho, e por baixo daquela atadura estéril? A carne que não curaria, o calor
da infecção cozinhando como uma panela de água prestes a ferver.
- Bem, me disseram que você parou de se alimentar, - disse Qhuinn.
Luchas desviou o olhar, desejando que existisse uma janela para que ele pudesse fingir distração.
- Bem? - Qhuinn exigiu. - Isso é verdade?
- Escolhida, - Luchas murmurou. - Você gentilmente nos permitiria um momento a sós?
- Mas é claro. Vou aguardar seu chamado.
A porta se fechou silenciosamente. E Luchas descobriu que todo o oxigênio no quarto, aparentemente, saiu junto com a fêmea.
Qhuinn puxou uma cadeira que estava ao lado da cama e sentou-se, apoiando os cotovelos sobre os joelhos. Seus ombros eram tão largos, que a jaqueta de couro
que usava, rangeu em protesto.
- O que está acontecendo, Luchas? - Ele perguntou.
- Isso poderia esperar. Você não deveria ter vindo depois da luta.
- Não de acordo com os seus sinais vitais.
- Então a doutora falou com você, ela também?
- Ela conversou comigo, sim.
Luchas fechou os olhos.
- Eu tinha um... - Ele limpou a garganta. - Antes de tudo isso, eu tinha uma visão do que estaria fazendo, de como seria o meu futuro. Eu era...
- Você iria ser como o Pai.
- Sim. Eu queria todas as coisas que foram definidas como uma vida digna de ser vivida, - ele ergueu as pálpebras e olhou para o próprio corpo. - Não era isso.
Isso... Eu sou como qualquer jovem. As pessoas atendem todas as minhas necessidades, trazem comida, me lavam, me enxugam. Eu sou um cérebro preso em um vaso quebrado.
Eu não faço nada sozinho.
- Luchas...
- Não! - Ele agitou sua mão mutilada no ar. - Não me console com promessas de saúde futura. Faz nove meses, meu irmão. Precedidos por um cativeiro no inferno
que durou um século. Eu me sinto como um prisioneiro. Estou agindo como um.
- Você não pode se matar.
- Eu sei. Nesse caso, eu não poderia entrar no Fade. Mas se eu não comer, e não me alimentar, isso. - ele apontou um dedo para a própria perna, - conseguirá
o melhor para mim e me levará embora. Não é suicídio. Morte por septicemia, não é isso que preocupa tanto a Dra. Jane?
Com um movimento brusco, Qhuinn tirou sua jaqueta e deixou-a cair no chão.
- Eu não quero perder você.
Luchas colocou as mãos sobre o rosto.
- Como você pode dizer isso... Depois de toda a crueldade na nossa casa...
- Não de você. Foram os nossos pais.
- Eu participei.
- Você se desculpou.
Pelo menos, isso era uma coisa que ele fez direito.
- Qhuinn, me deixe ir. Por favor. Apenas... Me deixe ir.
O silêncio foi longo, Luchas começou a respirar mais facilmente, pensando que seu argumento havia sido aceito.
- Eu sei como é não ter esperança, - Qhuinn disse abruptamente, - mas o destino pode te surpreender.
Luchas deixou os braços caírem e riu amargamente.
- Não de forma positiva, receio. Não de forma positiva.
- Você está errado.
- Pare.
- Luchas. Estou dizendo a você...
- Eu sou uma porra de um aleijado!
- Eu também fui, - Qhuinn apontou para os olhos. - Toda a minha vida.
Luchas se virou, olhando fixamente para a parede clara.
- Não existe nada que você possa dizer, Qhuinn. Está decidido. Estou cansado de lutar por uma vida que não quero.
Outro silêncio prolongado. Em seguida, Qhuinn amaldiçoou em voz baixa.
- Você só precisa se alimentar e recuperar suas forças.
- Vou sempre recusar a veia dela. Você pode muito bem aceitar isto agora e não desperdiçar mais tempo com argumentos que acho pouco convincentes. Estou decidido.
Enquanto Selena esperava no corredor, a exaustão a envolvia em camadas pesadas que não eram menos reais por serem invisíveis.
E ainda assim, ela estava impaciente. Revolvendo sua túnica, seu cabelo, suas mãos.
Ela não gostava do tempo que não era consumido por seus deveres. Sem nada para se ocupar, seus pensamentos e medos se tornavam muito abrangentes para conter
dentro de seu crânio.
Ainda assim, ela achava que existia uma utilidade neste isolamento. Se ela pudesse tirar vantagem dele.
O que ela precisava fazer aqui para aproveitar, era praticar seu adeus. Ela deveria tentar compor as palavras que queria falar antes que ficasse sem tempo. Ela
deveria reunir a coragem que seria exigida para dizer em voz alta o que estava em seu coração.
Ela iria seguir o impulso de dizer adeus a Trez.
Das muitas pessoas que ela deixaria para trás, o Primale e suas irmãs Escolhidas, os Irmãos e suas shellans, Trez era o único que ela lamentava. Embora ela não
o visse a... Muitas, muitas noites.
Embora ela não estivesse sozinha com ele a... Muitos, Muitos meses.
Na verdade, depois que eles terminaram sua... Relação, ou o quer que fosse, ele havia feito de tudo para ficar fora da mansão. Sem importar a hora que ela chegasse
ou saísse, ela não o via cara a cara, e apenas em uma ocasião ela conseguiu um vislumbre de seus grandes ombros enquanto ele se dirigia em direção oposta à dela.
Que ele a estava evitando havia sido um alívio traiçoeiro a princípio. Seria mais difícil deixá-lo, e mais difícil ainda se eles continuassem com seus encontros
amorosos. Mas, ultimamente, quando seu tempo se tornou mais curto, ela estava decidida a dizer o que precisava para ele...
Querida Virgem Escriba, o que ela diria?
Selena olhou o corredor de cima a baixo, como se o pequeno monólogo perfeito pudesse marchar gentilmente por ele, em passo lento, para que ela pudesse memorizá-lo.
Pelo que ela sabia, ele havia esquecido o tempo que passaram juntos. Ele mesmo admitiu que era bem versado em encontrar diversão feminina na variedade humana.
Sem dúvida, ele havia apagado a lousa muito bem.
E ainda existia a realidade de que ele estava prometido à outra.
Ela segurou a cabeça com suas mãos. Por toda sua vida, ela havia encontrado conforto e propósito em seu dever sagrado, portanto, foi chocante descobrir que enquanto
se aproximava cada vez mais de sua morte, a única coisa que ela estava determinada a fazer direito era se despedir de um macho que não era realmente dela. Com quem
ela teve um caso de pouca duração.
Foram muitas noites perdidas em seu quarto no Grande Acampamento tentando se convencer de que o que aconteceu com Trez era pura loucura, mas, e agora, com o
tempo se esgotando? Uma estranha clareza estava centrada nela. O motivo pouco importava. Apenas queria alcançar seu objetivo de dizer a ele como se sentia antes
de morrer.
Entretanto, ela não queria se aproximar dele muito cedo, afinal, era bastante embaraçoso despejar sua alma para um receptor potencialmente indiferente e então
permanecer por noites, semanas, meses.
Se apenas seu prazo viesse com uma data, como se ela fosse uma caixa de leite.
Qhuinn saiu do quarto do hospital, e a expressão severa no rosto dele afastou seu emaranhado de preocupações.
- Eu sinto tanto, - ela murmurou. - Ele ainda está se recusando?
- Eu não posso convencê-lo.
- A vontade de viver pode ser complicada, - ela estendeu a mão e a colocou no ombro dele. - Saiba que estou aqui por vocês dois. Se a qualquer momento ele mudar
de ideia, eu virei.
- Você é uma fêmea de muito valor, realmente.
Ele lhe deu um abraço rápido e duro, e então caminhou pelo corredor como se estivesse deixando a instalação. No entanto, ele parou diante de uma porta fechada;
a principal sala de exames da Dra. Jane. Depois de um momento, ele empurrou.
Enquanto ela orava por uma solução para os dois irmãos, outro espasmo de exaustão, o irmão mais velho daquele que a desestabilizou diante de Tohrment, atravessou
seu corpo, fazendo-a levantar uma mão e apoiá-la na parede para que não caísse.
O pânico a invadiu, seu coração batia de modo selvagem em seu tórax, sua cabeça cheia de faça isso, faça aquilo, fuja. E se fosse um ataque? E se fosse seu fim...
- Oi, você está bem?
Treinando seus olhos selvagens em direção ao som, ela descobriu que Tohrment estava saindo da sala de exame.
- Eu...
Tudo de uma vez, a sensação atordoante recuou, como se ela tivesse sido abordada por um assaltante que, ao ser confrontado pelo Irmão, reconsiderou seu ataque.
Por baixo de sua túnica, ela ergueu uma perna e depois a outra, sem encontrar a resistência mortal que tanto a apavorava.
- Selena? - Ele disse enquanto caminhava em direção a ela.
Inclinada contra a parede, ela tocou seu coque, e descobriu que sua testa estava úmida de suor.
- Eu acredito que devo me dirigir ao Santuário, - ela soltou a respiração. - Eu devo me recompor lá. Isso é necessário.
- Ótima ideia. Mas você tem certeza que será capaz de...
- Eu estou bem.
Fechando seus olhos, Selena se concentrou e...
... Com uma rotação do mundo e um giro das moléculas em seu cérebro, em vez de algo em seu corpo, ela foi transportada até o sagrado lugar pacífico da Virgem
Escriba.
Imediatamente, certo como se ela tomasse uma veia, seu corpo estava aliviado e fortalecido, mas sua mente não se incomodou em seguir o exemplo, apesar do adorável
verde das folhas das árvores e os filamentos de grama, as cores pastel das tulipas que estavam perpetuamente em flor, o mármore branco resplandecente do dormitório,
a Sala dos Tesouros, o Templo dos Escribas Enclausuradas, a Piscina da Reflexão, ela se sentia perseguida embora estivesse em segurança discutível.
Então, ter uma doença mortal de duração indeterminada tornava mais difícil saber a diferença entre os sintomas que se enquadravam como "normais", daqueles que
tinham maiores perspectivas.
Ela permaneceu no lugar aonde chegou por algum tempo, temendo que, se ela se movesse, poderia ativar a manifestação de sua doença. Mas, eventualmente, ela decidiu
perambular. A temperatura do ar era perfeita; nem muito quente nem muito fria, e o céu acima de sua cabeça brilhava com uma cor azul violácea, e os banhos cintilavam
sob a luz ambiente peculiar... E ela se sentia como se estivesse sozinha em um beco escuro no centro de Caldwell.
Quanto tempo? Ela perguntou-se. Quantos passeios mais ela teria que abandonar?
Tremendo, ela puxou sua túnica mais perto do corpo quando uma sensação familiar de tristeza e impotência a invadiu, esmagando seu peito, dificultando sua respiração.
Mas ela não cedeu às lágrimas. Ela já havia derramado todas elas há muito tempo, os por que eu e os e se, e preciso de mais tempo já se acabaram, provando que qualquer
um podia se acostumar à água fervente se ficasse dentro dela por tempo suficiente.
Ela havia chegado a um acordo com a realidade, de que não foi agraciada com uma vida longa, bem como, realmente ela não viveu muito, e mesmo assim, sim, claro
que ela devia oferecer um adeus a Trez. Ele era o mais próximo que ela chegou de ter algo só dela, algo particular em vez de estabelecido, conquistado, mesmo que
brevemente, em vez de imputado.
Ao dizer adeus a ele, ela estaria reconhecendo aquela parte de sua vida que tinha sido apenas dela.
Ela iria abordá-lo no dia seguinte.
Para inferno com o orgulho...
Depois de algum tempo, ela descobriu que seus pés a levaram ao cemitério, e considerando a direção de seus pensamentos, ela não ficou surpresa.
As Escolhidas eram essencialmente imortais, trazidas à existência há muito tempo como parte do programa de procriação da Virgem Escriba, onde os machos mais
fortes eram emparelhados com as fêmeas mais inteligentes para garantir a sobrevivência da espécie. No início, as fêmeas reprodutoras eram isoladas, com o Primale
servindo como o macho exclusivo para a inseminação. Porém, com o passar dos milênios, o papel da Escolhida evoluiu de tal forma que elas passaram a servir a Virgem
Escriba espiritualmente também, registrando a história da Raça que se desenvolvia na Terra, adorando a Mãe da Espécie, e servindo como fonte de sangue para os membros
não emparelhados da Irmandade, por quem algumas quebraram regras, aceitando a mortalidade em troca de amor, liberdade e a possibilidade de carregar um jovem que
não seria condenado à propósitos rígidos.
E então o Primale atual chegou e relaxou ainda mais as regras.
Selena olhou através da treliça em arco do cemitério; as estátuas de mármore de suas irmãs conseguiam emergir até ela, apesar do fato de estarem a certa distância
e ocultas pela vegetação verdejante fronteiriça.
Apesar de todo o bem que o antigo programa de procriação fez, um resultado traiçoeiro foi gerado a partir disso, uma prisão que, apesar dos pensamentos modernos
do Primale, ele não podia isentar Selena e suas irmãs disso.
Nas profundezas das células das Escolhidas, uma debilidade específica permanecia, um defeito que surgiu justamente por causa das opções limitadas de reprodução
que deveriam fazer vampiros invencíveis.
Um sacrifício em benefício da força. A prova que a Mãe da Raça podia, e iria, ser abreviada pela Mãe Natureza.
As estátuas além a encheram de terror. As figuras elegantes dentro do perímetro cercado não eram realmente feitas de pedra, não no sentido de que foram esculpidas
a partir de blocos. Elas eram os corpos congelados daquelas que sofreram da mesma doença que ela.
Estes eram os corpos mortos de suas irmãs que andaram pelo caminho que ela mesma pisava, congeladas na pose que haviam escolhido; enclausuradas em um gesso mineral
fino que, combinados com as propriedades atmosféricas peculiares do Santuário, seriam preservadas por toda a eternidade.
Novamente, o tremor se abateu sobre ela como uma onda.
E uma vez mais, o tremor não durou muito.
Desta vez, porém, a interrupção não disponibilizou um retorno à normalidade.
Como se a visão das congeladas em fase final fosse algum tipo de inspiração para o que a afligia, as grandes articulações inferiores de seu corpo se tornaram
rígidas, e em seguida, o mesmo aconteceu com sua coluna vertebral, cotovelos, pescoço e pulsos. Ela ficou totalmente fixa no lugar, imóvel enquanto plenamente consciente,
seu coração ainda batendo, seus olhos turvos, sua mente em pânico, mas totalmente alerta.
Com um grito, ela tentou se libertar disso, procurou mover suas pernas, lutando para mexer seus pés, seus braços, qualquer coisa.
Existia apenas uma leve sensação no seu lado esquerdo, o que rendeu a ela um balançar. Após um giro, ela aterrissou de cara no chão, os pequenos filamentos de
grama entrando em seu nariz, boca e olhos.
Sabendo que estava em perigo de sufocar, ela concentrou toda a força que restava em girar a cabeça para um lado de forma que suas vias respiratórias ficassem
livres.
O que viria a ser seu último movimento.
De seu ponto de vista, ela era uma câmera virada, a visão de um ângulo estranho do Santuário como algo projetado sobre uma tela: filamentos em close up da grama
como se fossem grandes árvores, com o Templo e a Piscina da Reflexão ao longe, nada além da vista do telhado.
- Socorro... - ela gritou. - Socorro...
Lutando contra seus ossos, ela tentou se lembrar da última vez em que havia visto qualquer uma de suas irmãs aqui em cima. Havia sido...
Muitas noites antes. E ainda assim, ninguém vinha até este local, o cemitério era raramente visitado, exceto nas cerimônias rituais sagradas, o que não aconteceria
em meses.
- Socorro!
Com um colossal empurrão, ela lutou contra seu corpo. Mas, tudo que aconteceu foi uma contração de sua mão, os dedos se arrastando contra o gramado.
Era isso.
Lágrimas correram de seus olhos enquanto seu coração martelava e ela desejou absurdamente que nunca tivesse pedido uma data de validade...
Das profundezas de suas emoções uma imagem do rosto de Trez, seus olhos negros e amendoados, seu cabelo escuro e curto, sua pele escura, fluiu dentro de sua
mente.
Ela deveria ter dito adeus antes.
- Trez... - ela gemeu contra a grama.
Quando sua consciência se perdeu, foi como uma porta que se fecha suavemente, mas solidamente, bloqueando o mundo ao redor dela...
... De tal forma que ela não tomou conhecimento, algum tempo depois, quando uma pequena figura silenciosa se aproximou dela por trás, flutuando acima da grama,
uma brilhante luz que derramava por baixo de sua túnica negra.
Capítulo SEIS
RESTAURANTE SALVATORE, ARREDORES DE LITTLE ITALY, CALDWELL
Praguejando, iAm encerrou a ligação que acabara de receber no celular e apoiou o braço no balcão à sua frente. Após um momento de arritmia, pegou o casaco de
lã, aquele preto com a calibre 40 em um bolso oculto no lado esquerdo e uma faca de caça de vinte centímetros escondida no tecido à direita.
Talvez armas fossem necessárias.
- Chef? Está bem?
Seu olhar atravessou a cozinha industrial, fitando Antonio diSenza, seu chef executivo. - Desculpe. Sim. Tenho de ir... E eu já comecei a preparação, - pegou
de novo o celular, - você pode finalizá-la amanhã.
Antonio tirou o chapéu e apoiou o quadril no imenso fogão de doze queimadores. Todo a louça usada para o jantar estava lavada, restando ainda o vapor das lavadoras
que faziam a cozinha de doze metros por seis parecer saída de uma floresta tropical.
Quieto demais, iAm pensou. E o local fortemente iluminado cheirava água sanitária ao invés de manjericão.
- Obrigado, chef. Quer que eu pique os tomates antes de ir?
- Está tarde. Vá para casa. Fez um bom serviço esta noite.
Antonio limpou o rosto com um pano de prato azul e branco - Graças à você, chef.
- Tranca tudo para mim?
- Como quiser.
Com um aceno, iAm saiu da cozinha e atravessou a área azulejada de entregas, em direção à porta dos fundos. Do lado de fora, dois de seus garçons estavam parados
perto de seus carros, fumando, sem os paletós dos smokings, com as gravatas borboleta soltas e dependuradas de colarinhos abertos.
- Chef, - um deles disse, se endireitando.
O outro imediatamente voltou sua atenção - Chef.
Tecnicamente, ele era mais chefe do que chef ali no Sal's, mas ele próprio também cozinhava vários dos pratos do menu e a equipe o respeitava por isto. Não fora
sempre assim. Quando aparecera para assumir a instituição de Caldwell, não fora exatamente bem-vindo. Todo mundo, dos garçons aos chefes e aos cumins, assumiu que
ele era um afro-americano, e a profunda tradição e orgulho da cozinha e cultura italiana, teria ido contra qualquer um sem sangue siciliano nas veias.
Como um Sombra, entendia aquilo melhor do que imaginava. Seu povo não queria se relacionar de jeito nenhum com vampiros ou Symphaths... E certamente nunca com
aquele bando de ratos-sem-caudas, humanos. E o Sal's era um dos restaurantes mais famosos em Caldwell, não só uma homenagem ao Rat Pack5 dos anos 50, mas um lugar
que havia realmente recebido o Presidente do Conselho e seus garotos doentes. Com papel de parede flocado, capricho na recepção dos clientes e tudo dentro da mais
absoluta formalidade, ficava ao norte de Sardi... E sempre pertencera aos italianos.
Mas, após um ano na direção, tudo ficara bem. Ele provara a todos, dos clientes à equipe e fornecedores que não estava somente no lugar de Salvatore Guidette
III, mas substituindo-o bem. Agora? Era tratado com um respeito que beirava a idolatria.
Perguntava-se o que pensariam dele, se soubessem que não era da África, que não se identificava como americano... E mais do que isto, não era nem mesmo humano.
Um Sombra em meio a eles.
- Vejo vocês amanhã, - ele disse.
- Sim, chef.
- Boa noite, chef.
iAm acenou a eles e virou a esquina. Assim que saiu do campo de visão, fechou os olhos, se concentrou e se desmaterializou.
Quando retomou forma, estava no décimo-oitavo andar do Commodore, no terraço do apartamento que pertencia a ele e ao irmão. A porta deslizante de vidro estava
aberta, as cortinas longas esvoaçavam para cá e para lá no interior escuro, como fantasmas tentando escapar (e falhando na tentativa). Havia dois destinos possíveis
para ele: aqui ou a shAdoWs, e ele escolhera o covil de solteiro pelo que o esperava lá dentro.
Havia notícias do s'Hisbe, e considerando tudo? iAm preferiria ser ele a passar a mensagem a Trez, do que aquele macho que enviaram.
Colocando a mão no casaco, tateou o punho da arma e entrou, - Onde você está?
- Aqui, veio a resposta baixa e profunda.
iAm girou para a esquerda, em direção ao sofá de couro branco na parede oposta. Seus olhos aguçados se ajustaram em um piscar, e a forma escura enorme do carrasco
da Rainha entrou em foco.
iAm franziu o cenho - Qual o problema?
O som de cubos de gelo em um copo de vidro tilintou através do silêncio. - Onde está seu irmão?
- É noite de inauguração no clube. Ele está ocupado.
- Ele precisa começar a atender ao telefone. - s'Ex disse, rudemente.
- A Rainha já deu à luz?
- Sim, já.
Longo silêncio. Com nada além do som daqueles cubos de gelo para quebrá-lo.
iAm inalou e captou o aroma de uísque, além de uma tristeza pungente e tão grande, que tirou a mão da arma.
- s'Ex?
O carrasco levantou-se do sofá e caminhou até o bar, as vestes esvoaçando à sua passagem como sombras ao vento.
- Se importa de me acompanhar? - Perguntou o macho, ao servir mais uma dose em seu copo.
- Depende. Quais as suas notícias e como elas afetam meu gêmeo?
- Você vai precisar de uma bebida.
Certo. Ótimo. Sem mais comentários, iAm se aproximou e juntou-se a s'Ex no bar. Não se importava com o que havia em cada copo, se havia gelo, água tônica...
Bebeu o que descobriu ser vodka e serviu-se de um pouco mais.
- Então, não era a próxima Rainha, - disse ele, - o bebê que nasceu.
- Não. - s'Ex voltou ao sofá - Eles a mataram.
- O quê?
- Foi... Decretado. Pelas... - ele acenou o copo em volta de sua cabeça - ... Estrelas. Então mataram a criança. Minha... Filha.
iAm piscou. Bebeu mais um pouco. E então pensou: Jesus, se a Rainha podia fazer isto a um inocente recém-nascido de seu próprio sangue, a líder do s'Hisbe era
capaz de qualquer coisa.
- Então, - s'Ex disse, mais normalmente, - seu irmão volta novamente ao topo da lista de preocupações de Vossa Majestade. Há um período obrigatório de luto,
e devo partir para me juntar a ele. Mas, após a Cerimônia de Enclausuramento, e os rituais correspondentes, serei enviado para buscar O Consagrado.
A Cerimônia de Enclausuramento era o sepultamento formal do morto sagrado, um direito reservado somente aos membros da família real. E o luto duraria algumas
noites e dias. Depois disto... Aparentemente, a trégua deles acabaria.
- Merda. - iAm sussurrou.
- Eu deveria informar ao seu irmão, mas...
- Não, eu faço isto.
- Achei mesmo que iria querer.
iAm sentou-se na cadeira próxima ao carrasco. Fitando-o, perscrutou as feições do macho. s'Ex vinha de uma classe inferior; o macho nascera de pais servos mas,
através de força e inteligência, ascendera para seduzir a Rainha. Foi uma ascensão sem precedentes através dos níveis sociais.
- Sinto muito. - iAm sussurrou.
- Pelo que?
- Por sua perda.
- Foi decretado. Pelas estrelas
O casual gesto de dar de ombros do macho foi desmentido pelo modo como sua voz falhou.
Antes de iAm poder dizer qualquer coisa, s'Ex se inclinou. - Só para esclarecer, não hesitarei em fazer o que for necessário para trazer seu irmão para casa
e forçá-lo fisicamente a cumprir o propósito para o qual nasceu.
- Você já disse isto. - iAm igualmente sentou-se mais a frente e fixou o olhar nele - E, cai na real, você não acredita de verdade nesta baboseira astrológica,
acredita?
- É nossa tradição.
- E isto a torna real?
- Você é um herege. Assim como seu irmão.
- Deixe-me perguntar algo. Você ouviu a criança gritar? Quando mataram a sua filha, você...
O ataque não foi inesperado, mas o carrasco caiu sobre ele com tanta força que sua cadeira foi jogada para trás e os dois acabaram no chão, com s'Ex montado
nele enquanto tremia de fúria.
- Eu devia matá-lo. - O macho rosnou.
- Desconte em mim, se quiser. - iAm retrucou - Mas, seja honesto, pelo menos com você mesmo. Já não tem mais tanto orgulho de seu trabalho. Tem?
s'Ex recuou e caiu de traseiro no chão. Erguendo as mãos até a cabeça, respirou com dificuldade, como se tentando manter a compostura... Sem conseguir.
- Eu não vou mais ajudar os dois, - o carrasco disse rudemente. - Há um destino a ser cumprido.
iAm sentou-se e pensou que a constelação sob a qual seu irmão nascera era como uma doença, algo involuntário, incorporado na vida que vivia, uma bomba relógio
esperando para explodir.
A detonação de Trez estava sendo adiada há tanto tempo... Mas não poderia mais ser negada.
Não pela primeira vez, iAm desejou ter nascido antes de Trez. Preferia ser ele o amaldiçoado, o que carregava aquele fardo. Não que quisesse passar a vida toda
aprisionado, sem nada mais além de repetidas tentativas de emprenhar a herdeira do trono como passatempo, mas ele era diferente de Trez.
Ou talvez estivesse enganando a si mesmo.
O que tinha certeza? Faria qualquer coisa necessária para salvar o irmão.
E ele estava preparado para ser malditamente criativo.
No momento em que Trez voltou para verificar a sala privada, Rhage havia despertado de seu coma, transe, soneca, fosse o que fosse. E apesar da diarréia verbal
de V ter sido um verdadeiro pé no saco, como proprietário do clube e o cara que atacou primeiro, Trez sentiu como se precisasse certificar-se de que o Irmão estava
bem.
- Como estamos? - disse ele, ao tornar a entrar.
Enquanto Hollywood se sentava vagarosamente, ficou evidente que tentava voltar à realidade, retornando de algum destino mental que, com certeza, era bem longe
do clube.
- Ei, Bela Adormecida. - V murmurou ao pegar um cigarro enrolado à mão e um isqueiro - Está de volta?
- É proibido fumar aqui. - Trez disse.
Vishous ergueu uma sobrancelha - E o que vai fazer? Me expulsar?
- Não quero ser interditado logo na inauguração.
- Você tem problemas bem maiores do que o Departamento de Saúde Pública.
Foda-se V, Trez pensou.
- Precisa de alguma coisa? - Perguntou ele a Rhage. - Tenho todo o tipo de coisa sem álcool.
- Não, estou bem. - O Irmão esfregou o rosto e então desviou o olhar. - Então, você se vinculou àquela Escolhida, huh?
- Tenho até comida, se quiser...
- Vamos lá, cara, - Rhage negou com a cabeça. - Você acabou de tentar comer meu lanche.
Trez olhou para o relógio - Na verdade, acabou há mais de uma hora.
- Digo, que seja... Qual o problema? Porque não fica com ela?
- Você ainda está meio pálido.
- Está bem, certo. Quer bancar o mudo, problema seu.
Fez-se. Um. Silêncio. Desconfortável.
Oh, meu Deus, esta é a melhor das noites, Trez pensou. O que viria em seguida, um meteoro cairia sobre Caldwell?
Não, provavelmente somente sobre o clube.
- Entãããããão... Eu fico com as drogas. - V disse, embolsando os pacotes de celofane. - Se conseguir mais...
O terceiro maldito flash no cômodo teve brilho suficiente para cegar, e Trez ergueu um braço para cobrir o rosto ao cair de volta em posição defensiva.
- Oh, porra! - Um dos Irmãos rosnou.
Bomba? Retaliação tardia dos lessers?
Todo o cabeamento elétrico entrando em curto, em escala épica?
Ou talvez não devesse ter dado ao universo uma sugestão sobre aquela coisa de meteoro.
Ao piscar repetidamente para clarear a visão, Trez viu que era um caso de Nenhuma das Anteriores.
A figura estava em pé onde a grande explosão de luz havia acontecido... Uma figura quase tão impressionante quanto um anão de jardim gótico: Fosse o que fosse,
tinha um metro e vinte de altura, estava coberta da cabeça aos pés em vestes negras... E evidentemente, era fonte da luz: por baixo da barra das vestes, cintilava
uma luz brilhante. Como se talvez houvesse uma filial da loja de lingeries La Perla ali embaixo.
Subitamente, Trez parou de respirar ao fazer os cálculos, descobriu o impossível. Puta merda, era a...
- Olá, Mãe. - Vishous disse, secamente.
... Virgem Escriba.
- Estou aqui por uma razão, - a voz feminina era dura como cristal e tão clara quanto. - E devo ser atendida.
- Sério? - V tragou seu cigarro - Vai roubar o pirulito de um bebê? Ou é noite de chutar cachorrinhos?
A figura deu as costas ao Irmão. - Você.
Trez recuou, a cabeça batendo na parede - Desculpe?
- Você não deve questioná-la, - V rosnou - Só para constar.
- Eu? - Trez repetiu - O que quer comigo?
- Você está sendo convocado.
- Vai levá-lo à Disneylândia? - V murmurou. - Que sorte, Trez... Mas ela provavelmente só gosta da Malévola, o Homem das Sombras, Cruella de Vil...
- Como conhece tanta merda da Disney? - Rhage interrompeu.
- Venha comigo. - A Virgem Escriba disse, estendendo seu braço coberto.
- Eu? - Trez perguntou uma terceira vez.
- Você foi convocado.
- Selena...? - ele sussurrou.
Rhage meneou a cabeça - Posso ir buscar os marshmallows? Porque você está prestes a virar churrasco por fazer tantas perguntas, camarada.
Aquela foi a última coisa que Trez ouviu antes de um vórtex rodopiante de energia abater-se sobre ele e carregá-lo para onde só Deus sabia...
... Onde.
Quando a sensação de ser transportado desapareceu, apoiou-se nos pés com um grito, ambos os braços se afastados do torso, a cabeça girando tanto que achou que
ia derrubá-la ao chão.
Uma súbita consciência de suas cercanias parou tudo aquilo.
Parque. Ele havia sido realocado para algum tipo de parque perfeito, digno de um cartão-postal, gramados verdes ondulantes intercalados com árvores frondosas,
leitos de flores e à distância, construções de mármore que pareciam Greco-romanas. Só que o horizonte parecia-lhe errado. Uma fronteira de floresta oferecia uma
faixa verdejante de verde à distância, mas havia uma qualidade irreal nela, as mesmas árvores parecendo delimitar o terreno, como se a natureza fosse só um padrão
repetido. E acima deles, o céu também estava todo esquisito, seu brilho leitoso parecendo não ter fonte distinta, como se só houvesse uma enorme luz florescente
lá em cima.
- Onde estou?
Quando não houve resposta, girou em volta. A pequena figura de vestes negras havia sumido.
Ótimo. Agora o que ele fazia?
Mais tarde, ele se perguntaria o que, exatamente, o fez se virar e começar a andar... Então correr. Um barulho? Seu nome? Algum instinto...?
Encontrou o corpo no canto mais afastado de uma elevação do chão irregular. Quem quer que fosse, estava de rosto para baixo, nas vestes tradicionais das fêmeas
Escolhidas, as solas das sandálias...
- Selena! - Gritou ele - Selena...!
Parando subitamente, Trez caiu de joelhos - Selena?
Os cabelos negros estavam bagunçados, o penteado tradicional embaraçado e desfeito, caindo sobre o rosto. Quando o afastou, a pele estava branca como papel.
- Selena... - ele não tinha certeza se ela estava ferida ou havia caído, e sem conhecimentos médicos, não tinha ideia do que fazer.
- Respirando... Você está respirando? - Ele colocou o ouvido na parte baixa de suas costas. Então se inclinou para ela e pegou-lhe o braço para buscar uma...
- Oh, Deus.
- O membro estava enrijecido, como se o rigor mortis já tivesse se instalado. Só que... Quando ele colocou dois dedos no interior dos pulsos dela, sentiu uma
pulsação.
Selena gemeu e seu pé contorceu. Então sua cabeça sacudiu contra a grama.
- Selena? - O coração dele batia tão forte, que mal podia ouvir coisa alguma. - O que houve?
Não havia motivo para lhe perguntar se estava bem. A resposta era evidente.
- Está ferida?
Mais gemidos quando ela pareceu se esforçar para lutar contra alguma coisa.
- Eu vou virá-la.
Preparando-se, ele pegou o braço dela e começou a tentar movê-la... Mas teve de parar. A posição dela não mudou, seus membros contorcidos e torso tenso estavam
tão rígidos que era como se lidasse com uma estátua feita de pedra...
- Oh merda!
Ao som da voz de Rhage, Trez ergueu a cabeça. V e Rhage haviam se materializado vindos do nada, e mesmo que sempre tenha gostado deles, naquele momento, poderia
ter beijado o par de guerreiros.
- Você precisa me ajudar, - ele rosnou. - Não sei o que há de errado com ela.
Os Irmãos se ajoelharam e Vishous buscou o pulso, verificando a pulsação.
- Ela não parece conseguir se mover. Mas não sei o motivo.
- Tem pulsação, - V murmurou - Está respirando. Merda, preciso das minhas coisas.
- Podemos levá-la para... Onde caralho estamos? - Trez exigiu.
- Sim, posso transportá-la...
- Ninguém toca nela, além de mim, - ouviu-se grunhir.
Aquilo realmente não parecia muito racional, mas o macho vinculado nele, não dava a mínima.
Os Irmãos conversaram, mas maldito fosse se tivesse ouvido. Seu cérebro estava viajando, pedaços do passado de alguns meses atrás se filtrando através quando
tentou buscar por sinais do que havia de errado com ela.
Não houve nada que tenha visto ou ouvido em fofocas. Se ela só caíra, poderia ser resultado de esgotamento por oferecer demais sua veia, mas isto não explicaria
o fato de seu corpo estar convulsionado do jeito que estava. Ela parecia, literalmente ter se tornado pedra.
Alguém o cutucou no ombro. Rhage.
- Me dê sua mão.
Trez estendeu a mão e sentiu-se ser erguido. Antes que começassem a falar com ele, ele disse, - Eu a levo. Ela é minha...
- Nós sabemos. - Rhage anuiu. - Ninguém vai tocar nela sem sua permissão. Precisamos levantá-la... Então V os ajudará na volta, está bem? Vá agora, pegue sua
fêmea.
Os braços de Trez tremiam tanto que se perguntou se conseguiria levantá-la. Mas tão logo se abaixou, uma sensação profunda de propósito varreu todo o nervosismo
e tremores: o objetivo de levá-la à clínica do Centro de Treinamento lhe deu poder físico e uma claridade mental que ele jamais conhecera antes.
Ele morreria tentando.
Deus, ela pesava tão pouco. Menos do que se lembrava.
E por baixo das vestes, sentia os ossos duros, como se ela estivesse definhando.
Antes do efeito de redemoinho dominá-lo de novo, seus olhos se moveram para uma espessa fila de árvores atarracadas limitadas por uma treliça. No canto oposto
do arco, havia uma espécie de pátio no qual se espalhavam estátuas de mármore de fêmeas em várias posições sobre pilares.
Será que era para ali que ela estava indo?
Por algum motivo, a visão daquelas estátuas o aterrorizou até o âmago.
Capítulo SETE
Em pé diante o espelho longo em seu quarto, Layla tentou puxar o supostamente casaco solto em volta de si, mas ter o que pareciam dobras abundantes sobre sua
barriga era como pedir a uma manta decorativa para cobrir uma cama king size.
Olhando para baixo, ela não podia mais ver seus pés, e pela primeira vez em sua vida, seus seios eram grandes o suficiente para criar um sério decote abaixo
de sua túnica.
Dada a amplitude dela, era difícil acreditar que ela ainda tinha meses de gravidez para percorrer.
Por que os vampiros não poderiam ser mais parecidos com os seres humanos? Esses ratos sem cauda levavam nove meses para fazer isso. Sua espécie? Tente dezoito.
Olhando por cima do ombro, ela verificou-se no espelho da penteadeira do outro lado. De acordo com os vários partos humanos que ela tinha visto na TV, ela deveria
se sentir toda brilhante. Deleitar-se com as mudanças do seu corpo. Abraçar o milagre que foi a concepção, incubação e expulsão iminente.
Adivinha, os seres humanos realmente eram uma raça diferente.
A única coisa positiva que ela teve desta experiência e, sem dúvida, a única coisa que importava, era que sua criança era ativa e aparentemente saudável. Exames
regulares com a Dra. Jane tinham indicado que as coisas estavam progredindo com a perfeita ordem, metas atendidas e superadas, estágios entraram e partiram com graça.
Que eram os aspectos positivos. O resto da experiência? Não, obrigada gentilmente. Detestava o jeito que de ela mesma tinha de levantar seus pés. Os grandes
melões sentados em seu peito tornavam difícil respirar. O inchaço nos tornozelos e mãos tornou membros elegantes em troncos de árvores. E depois havia os hormônios
surgindo...
Isso a fazia querer coisas que sentia que fêmeas grávidas realmente não deveriam fazer.
Especialmente tendo em conta que ela queria fazê-las com...
- Pare. Basta parar isso.
Deixando cair a cabeça em suas mãos, ela lutou com a culpa penetrante que tinha sido a sua sombra nestes últimos meses, perseguindo-a de perto como sua própria
pele, pesada como um traje de cota de malha de metal.
Ao contrário da gravidez, que tinha uma data de término para todo o desconforto e preocupação, não havia nenhum alívio para ser desfrutado nessa outra situação.
No evento terminal, pelo menos não um que viesse com qualquer alegria.
Ela fez sua cama, no entanto. Agora ela deve deitar nela.
Indo mais para a porta, ela abriu os painéis e ouviu por passos. Vozes. O som de aspiradores de pó. Quando não havia nada, ela saiu para o corredor de estátuas
e olhou para a esquerda e direita. Uma verificação rápida no seu relógio lhe disse que ela tinha cerca de uma hora e meia antes do amanhecer forçar seu retorno à
mansão da Irmandade.
Saindo, ela queria correr, mas mal podia gerenciar uma caminhada rápida enquanto se dirigia na direção dos quartos pessoais.
Sua rota para a saída foi pré-planejada e bem executada, e ela tinha uma hábil sincronização. Seis minutos para descer a escada dos fundos e sair para a garagem.
Dois minutos para o carro que havia sido dado à ela para usar e tinha dito às pessoas que estava saindo em uma base regular para "limpar a cabeça".
Dezesseis minutos de carro para as trilhas de terra no leste da cidade.
Dois minutos a pé até o campo da árvore de bordo.
Onde ela iria encontrar...
- Layla?
Ela tropeçou em seus próprios pés quando se virou. Blay estava à frente do corredor de estátuas e em seu traje de luta, seus couros manchados e seu rosto exausto.
- Ah... Olá, - ela respondeu. - Você veio do campo?
- Você está saindo? - Blay franziu a testa. - É horrivelmente tarde.
- Só por uma curta distância, - disse ela suavemente. - Para, você sabe, limpar a minha cabeça.
Querida Virgem Escriba, ela odiava mentir.
- Bem, estou feliz que peguei você. Qhuinn não está muito bem.
Layla franziu a testa e caminhou de volta para o lutador. O pai da sua criança era uma das pessoas mais importantes na sua vida, como era Blay.
O par vinculado era sua família. - Por quê?
- Luchas. - Blay despojou seu coldre de adaga de seu peito. - Ele está recusando se alimentar, e Qhuinn apenas bate na parede com ele.
- Tem sido quase um mês.
- Mais.
Normalmente, se um vampiro macho saudável tomava a veia de uma Escolhida, ele poderia facilmente passar alguns meses entre as alimentações, dependendo do seu
nível de atividade, estresse e saúde em geral. No entanto, para alguém que estava tão doente como Luchas? Muito mais do que uma ou duas semanas poderia rapidamente
tornar-se uma sentença de morte.
- Onde está Qhuinn agora?
- Na sala de bilhar. Me chamaram das ruas mais cedo, porque... - Blay sacudiu a cabeça. - Sim, ele não está indo bem.
Layla fechou os olhos e colocou a mão em sua barriga. Ela tinha de ir. Ela tinha de ficar...
- Eu tenho de tomar um banho. - Blay olhou para a porta do quarto que ele e Qhuinn compartilhavam. - Há alguma maneira que você poderia sentar com ele até eu
chegar lá?
- Oh, sim, é claro. - Blay estendeu a mão e apertou-lhe o ombro. - Você vai precisar me ajudar com ele. Isso está ficando...
- Eu sei. - Ela tirou o casaco e não se incomodou em colocá-lo de volta em seu quarto. Ela só jogou-o no chão na frente de sua própria porta. - Eu vou descer
agora.
- Obrigado. Deus, muito obrigado.
Eles se abraçaram por uma fração de segundo e, em seguida, ela caminhou fora, indo para a grande escadaria e para o macho que tinha lhe dado o dom mais precioso:
esta criança que ela carregava em seu ventre.
Não havia nada que ela não faria por Qhuinn ou seu hellren.
Ela estava, no entanto, muito consciente do macho que estava esperando por ela neste exato momento, na mesma árvore de bordo, no mesmo campo.
Sua consciência a torturava, especialmente quando ela passava pelas portas duplas abertas do escritório do Rei. Através da porta majestosa, ela viu o trono atrás
da grande mesa esculpida... E se lembrou de por que ela tinha atingido o acordo que tinha.
Vender seu corpo para o chefe do Bando dos Bastardos tinha sido para manter todos a salvo aqui na mansão. O acordo ainda não tinha sido consumado por conta de
sua gravidez, no entanto, algo que a tinha surpreendido no início. Xcor era um guerreiro brutal, aquele que não só tinha reputação, mas o caráter verdadeiro, para
fazer mal aos outros, e gostar disso. E ainda com ela, ele parecia contente em esperar pelo momento certo, antes que ele recebesse o que lhe era devido.
Em uma base regular, eles se encontraram debaixo daquela árvore e conversavam. Ou, às vezes, simplesmente sentavam em silêncio, com os olhos vagando por toda
ela como se...
Bem, às vezes ela pensava que ele parecia ter força de apenas olhar para ela, como se a conexão visual era uma espécie de veia da qual ele precisava extrair
regularmente.
Outras vezes, ela sabia que ele estava imaginando-a nua, e ela disse a si mesma para ficar ofendida com isso. Assustada com isso. Preocupada com isso.
Ultimamente, no entanto, uma estranha curiosidade sobre ele tinha criado raízes sob o medo, uma curiosidade presa ao seu corpo poderoso, com os olhos semicerrados...
Os lábios, mesmo que o superior esteja arruinado...
Ela culpou seus hormônios, e tentou não debruçar sobre os impulsos. A única coisa que ela precisava manter em mente era que, enquanto ela continuava a se encontrar
com ele, ele havia jurado sobre a honra que tinha de não invadiria o Complexo.
Afinal, a única razão pela qual ele sabia onde estavam era por causa dela. Indiretamente, talvez, mas parecia que a falha de segurança era unicamente culpa dela.
A coisa toda foi um acordo com um demônio, executado para manter aqueles com quem ela se importava mais seguros. Odiava as mentiras, a vida dupla, a culpa...
E o medo de que, mais cedo ou mais tarde, ela teria que viver de acordo com sua parte no trato.
Mas não havia nada que pudesse fazer.
E, hoje à noite, sua família teve de vir antes de sua fraude.
Abaixo, na principal sala de exames do Centro de Treinamento, Trez estava tendo uma experiência fora-do-corpo quando o transporte girando parou e ele mais uma
vez teve de recalibrar sua localização. Graças a Deus que eles tinham feito isso em uma única peça. Agora, se ao menos houvesse ajuda para se ter aqui.
Segurando firme o corpo contorcido de Selena em seus braços, ele olhou por cima do ombro. Dra. Jane, shellan de V, estava em pé ao lado, com um traje médico
completo: uniforme azul, luvas de borracha nitrílica verde, sapatinhos em seus pés.
Ela não se aproximou de Selena, no entanto. Ela só ficou onde estava, olhando para eles, no que pareceu uma eternidade.
Merda. Trez não era nenhum tipo de médico, mas, de um modo geral, quando alguém com o grande "Dra." na frente do nome tinha de fazer uma pausa quando via pela
primeira vez um paciente?
Não era um bom sinal.
Rhage e V estavam do outro lado do caminho, e estavam igualmente boquiabertos para ele e Selena, como se também não tivessem ideia de como ajudar.
Dra. Jane limpou a garganta. - Trez...?
- Me desculpe, o quê?
- Você vai me deixar olhar para ela?
Trez franziu a testa. - Sim, vamos lá. - Quando a Dra. Jane não se moveu, ele começou a perder a paciência. - Qual, diabos, é o problema?
- Seus dentes estão descobertos e você está rosnando. Esse é o problema.
Ele fez uma auto avaliação rápida, e descobriu: porra, ele tinha de fato ido todo Cujo6 sobre eles, afundando seu peso para baixo em suas coxas, exibindo suas
armas, e fazendo um som como um cortador de grama industrial na parte de trás de sua garganta.
- Sim, me desculpe. - Naquele momento, ele percebeu que também estava apoiado em um canto e estava segurando Selena em seu peito como se alguém estivesse tentando
levá-la dele. - Então, eu deveria colocá-la em cima da mesa.
- Isso seria um bom lugar para começar, - V apontou.
Seu corpo tomou seu próprio tempo doce quando ele deu a ordem para avançar, e, no final, apenas o fato de que ela precisava de tratamento de alguém que tinha
metade de um cérebro e um estetoscópio o levou à qualquer lugar perto do centro da sala.
Inclinando-se, ele a colocou estendida no aço inoxidável, e estremeceu porque poderia muito bem ter estado lidando com uma cadeira de madeira: o corpo dela ficou
na mesma posição exata em que ela tinha estado quando ele a encontrou, pernas estendidas, torso torcido, braços enrolados até o peito. E quase pior? Sua cabeça permaneceu
naquele ângulo ruim, torcida ao redor na direção oposta de seus ombros, como se ela estivesse com muita dor.
Sua mão tremia quando ele escovou o cabelo do rosto dela. Os olhos dela estavam abertos, mas ele não tinha certeza que ela estava consciente. Ela não parecia
se concentrar em nada, piscadas lentas periódicas eram a única indicação de que ela poderia estar acordando.
Poderia continuar viva.
Trez colocou o rosto em sua linha de visão. - Você está no Centro de Treinamento. Eles vão...
À medida que sua voz falhou, ordenou a si mesmo obter sua merda longe e deixar a Dra. Jane fazer seu trabalho. Cruzando os braços sobre o peito, ele recuou até
que sentiu uma mão pesada em seu ombro. Era Rhage. E Trez tinha certeza que o gesto era parte compaixão, parte se assegurando no caso do macho vinculado nele decidir
agarrar as rédeas novamente.
- Deixe-os fazer as suas coisas, - disse Hollywood quando Ehlena, que era shellan de Rehv e enfermeira, irrompeu pela porta. - Vamos ver onde estamos.
Trez assentiu. - Ok. Sim.
A boa médica inclinou-se e olhou nos olhos opacos de Selena. Tudo o que ela disse era suave demais para ouvir, mas o padrão de Selena piscando mudou, embora
fosse difícil saber se isso era uma coisa boa ou uma ruim.
Pressão arterial. Pulso. Pupilas. As três primeiras verificações foram rápidas, mas Jane não perdeu tempo anunciando quais foram os resultados. Ela e sua enfermeira
continuaram trabalhando rápido, tomaram a temperatura de Selena, colocaram uma intravenosa na parte de trás de sua mão, porque as curvas de seus cotovelos estavam
trancadas.
- Eu quero um eletrocardiograma, mas não posso chegar ao peito, - a Dra. Jane disse. Então, ela olhou por cima do ombro para seu companheiro. - Você conhece
alguma síndrome que causa isso? É como uma convulsão de todo o corpo, exceto que suas pupilas estão reativas.
- Eu não. Você quer que eu chame Havers para uma consulta?
- Sim. Por favor. - Conforme V saia do quarto, Jane balançou a cabeça. - Eu preciso saber o que está acontecendo em seu cérebro, mas não temos uma ressonância
magnética aqui ou uma tomografia computadorizada.
- Então, nós a levamos para Havers, - disse Trez.
- Ele não tem essa tecnologia, também.
- Foda-se. - Quando o domínio de Rhage apertou nele, Trez focou no rosto de Selena. - Ela está com dor? Eu não quero ela com dor.
- Honestamente? - Disse a médica. - Eu não sei. E até que tenha uma ideia sobre seu estado neurológico, não quero aplicar nenhum tipo de droga que iniba a função.
Mas vou avançar tão rapidamente quanto puder.
Parecia levar uma eternidade, pois tudo o que ele podia fazer era observar a dança médica complicada acontecendo em volta da mesa. E Rhage ficou ao lado dele,
jogando de babá sentinela enquanto Trez se debatia entre os extremos de borrar as calças de medo e a vontade de estourar os miolos sem nenhuma graciosidade.
E então a Escolhida Cormia irrompeu pela porta.
No instante em que a mulher viu Selena, ela engasgou e trouxe as duas mãos para cobrir sua boca. - Querida Virgem Escriba...
Dra. Jane olhou por cima da coleta de sangue de uma veia na parte de trás da outra mão de Selena. - Cormia, você sabe o que poderia ter...
- Ela tem a doença.
Todo mundo ficou quieto. Com exceção de Cormia. A Escolhida correu para o lado de sua irmã e alisou o cabelo escuro de Selena, murmurando para ela no Idioma
Antigo.
- Que doença? - Perguntou Dra. Jane.
- A tradução do Idioma Antigo é mais ou menos "A prisão". - A Escolhida enxugou os olhos. - Ela tem a Doença do Aprisionamento.
Trez ouviu sua voz cortada em silêncio. - O que é isso?
- E é transmissível? - Jane interrompeu.

 

 

CONTINUA