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PALAVRAS DE SABEDORIA / Dalai Lama
PALAVRAS DE SABEDORIA / Dalai Lama

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

PALAVRAS DE SABEDORIA

 

Minha esperança é que se você, leitor, se sensibilizar com o que está escrito aqui, vai procurar ser compassivo em seu dia-a-dia e, movido pela noção de responsabilidade pelos outros, fará o possível para ajudá-los. Mesmo com pequenos gestos. De acordo com seus próprios recursos e reconhecendo as limitações de suas circunstâncias, você fará o que puder. E se em alguns dias suas ações forem mais compas­sivas do que em outros, aceite este fato como normal.

                                                                                     Sua Santidade, o Dalai-Lama

 

A essência de toda vida espiritual é a emoção que existe dentro de você, é a sua ati­tude para com os outros. Se a sua motivação é pura e sincera, todo o resto vem por si. Você pode desenvolver essa atitude correta para com seus semelhantes baseando-se na bondade, no amor, no respeito e sobretudo na clara percepção da singularidade de cada ser humano.

 

O poder de cura do espírito segue natural­mente o caminho do espírito. Não reside entre as paredes dos prédios luxuosos, nem no ouro que cobre as imagens, nem na seda com que se mo­delam as roupas, nem mesmo no papel dos do­cumentos sagrados, mas vive na inefável subs­tância da mente e no coração dos homens. Devemos sublimar os instintos de nosso coração e purificar nossos pensamentos.

 

Se a pessoa tem uma base espiritual está­vel, não se deixará dominar pela sedução da tec­nologia ou pela insanidade que é o desejo desen­freado de possuir bens materiais. Essa pessoa saberá encontrar o equilíbrio sem querer demais e sabendo valorizar o que já tem.

O perigo constante é abrir a porta para a ganância, um de nossos inimigos mais incan­sáveis. É aí que se deve pôr em prática o ver­dadeiro trabalho da mente.

 

Quando conseguimos criar um ambiente espiritual através de rituais e obediência a certas regras, estes procedimentos têm um poderoso efeito sobre nossas vidas. Se nos falta a dimensão interior necessária para a desejada experiência espiritual, então os ritos tornam-se meras for­malidades, artifícios externos. Perdem o sentido e transformam-se claramente em hábitos dispen­sáveis, servindo apenas como passatempo.

 

Como um aprendiz espiritual, você deve estar preparado para enfrentar as dificuldades que estão associadas a toda busca espiritual genuína e estar determinado a persistir em seus esforços e sua vontade. Você deve tentar prever os obstá­culos que forçosamente encontrará ao longo do caminho e compreender que a chave para a prática bem-sucedida é nunca abandonar sua determinação.

 

As pessoas deveriam praticar a espiritualidade com a mesma motivação da criança que está absorta brincando. Ela está tão encantada e envolvida com o que está fazendo que nunca fica satisfeita ou cansada. Essa deve ser sua atitude mental quando estiver praticando o darma.

 

No início da prática budista, nossa capaci­dade de servir aos outros é limitada. O nosso objetivo principal, então, deve ser a própria cura, a transformação de nossos corações e mentes. No entanto, à medida que prosseguimos, nós nos tor­namos mais fortes e cada vez mais capazes de servir aos outros.

 

Toda tarefa, por mais nobre que seja, está destinada a enfrentar problemas e obstáculos. E importante avaliar por completo a finalidade a que nos propomos e quais são os fatores que determinam a nossa conduta. E importante que a pessoa seja verdadeira, honesta e sensata. Suas ações devem ser tão boas para os outros quanto para si própria.

 

O inimigo comum de todas as disciplinas religiosas é o egoísmo da mente. Pois é isso o que causa a ignorância, a cólera e o descontrole, que são a origem de todos os problemas do mundo.

 

Se você quer transformar o mundo, expe­rimente primeiro promover o seu aperfeiçoa­mento pessoal e realizar inovações no seu próprio interior. Essas atitudes se refletirão em mudanças positivas no seu ambiente familiar. Desse ponto em diante, as mudanças se expan­dirão em proporções cada vez maiores. Tudo o que fazemos produz efeito, causa algum impacto.

 

Quando você se abrir espiritualmente, faça-o somente para alguém a quem confie do fundo do seu coração, alguém bem próximo de você. Esse tipo de abertura é um passo importante para a superação dos problemas espirituais.

 

Os problemas que enfrentamos nunca se devem ao fato de começarmos um projeto ou trabalho em um dia ou ocasião inoportunos. Buda sempre falava que as experiências negativas são o resultado de ações negativas. Portanto, para um bom praticante do budismo, não há dias bons ou maus.

 

Quando você se aprofunda em sua prática espiritual e dá ênfase à sabedoria e à compaixão, aprende a reconhecer o sofrimento de outros seres sensíveis que cruzam o seu caminho e a rea­gir a esse sofrimento de maneira construtiva, sentindo compaixão profunda em vez de apatia ou impotência.

 

Ao suportar o sofrimento, não ceda aos sentimentos de vaidade e presunção. Cultivar a sabedoria ajuda-nos a evitar essas armadilhas. Mas é difícil generalizar, porque a coragem e a resistência de cada pessoa são únicas e exclusivas.

 

Determinação, coragem e autoconfiança são fatores decisivos para o sucesso. Não importa quais sejam os obstáculos e as dificuldades. Se estamos possuídos de uma inabalável determi­nação, conseguiremos superá-los. Independen­temente das circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho.

 

A mente pode e deve transformar-se para melhor. Pode livrar-se das impurezas que a con­taminam e elevar-se ao nível mais elevado. Todos começamos com as mesmas aptidões, mas algu­mas pessoas as desenvolvem, outras não. Nós nos acostumamos com facilidade à preguiça da men­te, sobretudo porque muitas vezes essa preguiça se esconde sob a aparência de atividade: corremos de um lado para outro, fazemos cálculos e damos telefonemas. No entanto, tudo isso ocupa apenas os níveis mais toscos e elementares da mente. E oculta o que existe de essencial em nós.

 

Se todos os dias nos analisarmos com cuida­do e atenção, verificando nossos pensamentos, nos­sas motivações e suas manifestações no comporta­mento externo, abriremos em nosso íntimo uma boa possibilidade de fazer mudanças e efetuar um aprimoramento pessoal. Embora eu próprio não possa afirmar com toda a confiança que tenha feito algum progresso notável no decorrer dos anos, meu desejo e minha determinação de mudar e melhorar são sempre firmes.

Desde o momento em que acordo até a hora de dormir e em todas as situações da minha vida, sempre tento analisar minhas motivações e ser meticuloso e atento a cada momento. Pessoalmente, acho que isto é de grande utilidade na minha vida.

 

Faça de seu corpo e de seu espírito um laboratório de experiências. Empenhe-se em uma pesquisa profunda a respeito de seu próprio fun­cionamento espiritual e examine as possibilidades de fazer mudanças positivas no seu interior.

 

Se uma pessoa tem realmente um profun­do interesse em crescer espiritualmente, a prática da meditação é imprescindível, é a chave para isso. Somente orações ou o simples desejo não influ­enciam de modo significativo a mudança espiri­tual interior.

A única forma de desenvolvimento é um esforço constante através da meditação. É claro que, no início, isso não é fácil. Encontram-se difi­culdades inesperadas, às vezes há perda de entusi­asmo. Ou talvez o entusiasmo inicial seja excessi­vo e diminua progressivamente com o passar das semanas ou meses. E preciso elaborar uma abor­dagem persistente, constante, baseada em um compromisso de longo prazo.

 

Quando a clara e límpida natureza da mente está escondida ou impedida de expressar sua verdadeira essência devido a emoções ou pensamentos angustiantes, diz-se que a pessoa foi pega em samsara, o ciclo da existência.

Quando, porém, em decorrência da aplicação de técnicas e práticas de meditação apropriadas, uma pessoa é capaz de usufruir totalmente desse estado da mente, então ela está no caminho da verdadeira libertação e total iluminação.

 

Uma das coisas que aprendemos com a medicação, quando descemos lentamente dentro de nós mesmos, é que a noção de paz já existe em nós. Todos a desejamos profundamente, mesmo que esse desejo esteja muitas vezes oculto, dis­farçado, distorcido.

 

A calma duradoura é um estado elevado de consciência em que o corpo e a mente tor­nam-se especialmente flexíveis, receptivos e prestativos. Uma agudeza de espírito, ou sagaci­dade especial, também é um estado elevado de consciência no qual a capacidade de análise atin­giu um grau imensamente avançado. Portanto, a calma duradoura é absorvedora por natureza, enquanto a sagacidade é analítica por natureza.

 

Quando se busca a ausência de atividade mental, há um estágio em que o esforço deve ser abandonado, pois é necessária uma concentração livre de qualquer empenho. A mente torna-se muito calma e chega ao estado de plenitude. Nesse momento, qualquer esforço pode pertur­bar a pura tranqüilidade. Então, para manter essa tranqüilidade, é preciso esforçar-se para não se esforçar.

 

Disciplina é um supremo ornamento e, seja usada pelos velhos ou pelos moços, faz nascer apenas felicidade. É perfume por excelência e, ao contrário dos perfumes comuns que só viajam com o vento, seu aroma refrescante viaja espon­taneamente em todas as direções. Bálsamo sem igual, proporciona alívio às dores intensas da ilusão e do engano.

 

A história da vida pessoal de Buda é a história de alguém que atingiu a plena ilumi­nação através de muito trabalho e de uma de­dicação inabalável.

 

A preguiça interrompe o progresso de nossa prática espiritual. Podemos ser ludibriados por três formas de preguiça: a que se manifesta como indolência, que é o desejo de adiar; a que se manifesta como sentimento de inferioridade, que é duvidar da própria capacidade; e a que se manifesta com a adoção de atitudes negativas, que é dedicar um esforço excessivo àquilo que não é virtude.

 

Quando um dia parece longo demais, a tagarelice vazia faz com que pareça menor. Mas essa é uma das piores maneiras de empregarmos nosso tempo. Se o alfaiate fica apenas segurando a agulha no ar e passa o dia falando com o cliente, seu trabalho nunca termina. Além disso, corre o risco de espetar o dedo. Em suma, con­versas sem sentido nem objetivo impedem-nos de realizar qualquer tipo de trabalho.

 

Não se deve permitir que a fala e as ativi­dades físicas que acompanham os processos men­tais ocorram de forma descontrolada ou aleatória. Da mesma forma que um treinador adestra e amansa um potro selvagem e bravo por meio de um longo e rigoroso treinamento, assim as ativi­dades físicas e os pensamentos imprudentes e sem rumo devem ser disciplinados com o objetivo de torná-los dóceis, justos e capazes.

 

Comprometer-se com atividades virtuosas é um pouco como criar uma criança pequena. No começo, precisamos ser prudentes e habilidosos em nossas tentativas para transformar nossos hábitos e temperamentos. Também temos de ser realistas a respeito daquilo que esperamos conseguir. Levou muito tempo para ficarmos do jeito que somos e não se mudam hábitos do dia para a noite.

E bom olhar para cima à medida que se pro­gride, mas é um engano julgar nosso comporta­mento utilizando o ideal como padrão. Por isso, é muito mais eficaz, em vez de alternar breves rompantes de esforço heróico com períodos de relaxamento, trabalhar com constância, como um rio fluindo em direção a um objetivo de transformação.

 

Faça o melhor que puder e faça-o de acordo com seu padrão interior próprio (ou consciência, se assim preferir), não para o conhe­cimento e avaliação de seus atos pela sociedade. "Fazer o melhor" é apenas uma frase de poucas palavras, mas significa que, em todas as ocasiões de nossa vida diária, precisamos manter nossa mente sob controle, para mais tarde não nos arrependermos de nossos erros, mesmo que os outros nada saibam a respeito. Agindo assim, estaremos fazendo o melhor.

 

A felicidade- é sempre um resultado da atividade criativa.

 

A felicidade é um estado de espírito. Se a sua mente ainda estiver num estado de confusão e agitação, os bens materiais não lhe vão propor­cionar felicidade. Felicidade significa paz de espírito.

 

Descobri que o mais alto grau de paz interior decorre da prática do amor e da com­paixão. Quanto mais nos importamos com a feli­cidade de nossos semelhantes, maior o nosso próprio bem-estar. Ao cultivarmos um senti­mento profundo e carinhoso pelos outros, pas­samos automaticamente para um estado de serenidade. Esta é a principal fonte da felicidade.

 

A compaixão e o amor não são artigos de luxo. Como origem da paz interior e exterior, são fundamentais para a sobrevivência de nossa espécie. Por um lado, são a não-violência em ação. Por outro, são a fonte de todas as qualidades espirituais: a capacidade do perdão, a tolerância e todas as demais virtudes. Além disso, são o que de fato dá sentido às nossas atividades e as torna construtivas.

 

A verdadeira compaixão decorre da per­cepção do sofrimento dos outros. Nós nos senti­mos responsáveis e desejamos fazer algo por eles.

 

A verdadeira compaixão é uma reação motivada principalmente pela emoção e também um compromisso definitivo apoiado na razão. Assim, uma conduta verdadeiramente misericor­diosa para com os outros não se altera nem mesmo quando os outros se comportam mal. É praticando a compaixão sem limites que uma pessoa desenvolve o sentimento de responsabili­dade pelos semelhantes, o desejo de ajudá-los a superar de forma eficaz seus sofrimentos.

 

A I compaixão e o amor caridoso são as características principais da realização plena e da felicidade.

 

Cultivar a intimidade e a proximidade dos outros coloca prontamente o espírito à vontade. E a maior fonte de bem-aventurança na vida.

 

Eu tento tratar qualquer pessoa que conheço como um velho amigo. Isso me traz uma experiência de genuína felicidade. É a práti­ca da compaixão.

 

Se você sente uma profunda e intensa compaixão por alguém, isso indica que já existe uma íntima união de você com a outra pessoa.

 

Está escrito em nossos livros que devemos cultivar um amor igual àquele da mãe pelo filho único.

 

A compaixão e o amor causam uma sen­sação de intimidade, mas na realidade são uma forma de apego. Enquanto a outra pessoa lhe parece bonita ou boa, o amor persiste. Tão logo, porém, a pessoa deixa de parecer tão bonita ou boa, o seu amor transforma-se completamente.

 

A noção budta de apego, de ligação. Mo é a que se costuma supor no Ocidente. Dizemos que o amor de uma mãe por seu único filho é desapegado.

 

A verdadeira compaixão é livre de vin­culações. E preciso atenção para este princípio, pois ele contradiz nossa maneira habitual de pen­sar. Não é este ou aquele caso em especial que estimula a nossa piedade. Não escolhemos esta ou aquela pessoa como objeto de nossa com­paixão. A compaixão é despertada espontanea­mente, é incondicional, sem qualquer expectati­va de vir a receber algo em troca. E é de alcance universal.

 

Muitas pessoas trabalharam duro, sozinhas ou em grupo, para tornar nossa vida mais con­fortável. O alimento que comemos e as roupas que vestimos não caíram simplesmente do céu. Muitos trabalharam para produzi-los. Por esse motivo, devemos ser gratos a todas as pessoas.

 

É durante as fases de maior adversidade que surgem as grandes oportunidades de se fazer o bem a si mesmo e aos outros.

 

Até mesmo quando estamos ajudando os outros e praticando obras de caridade, não deve­mos pensar em nós mesmos com altivez, como nobres protetores dos fracos.

 

Sentir compaixão não é o bastante. É pre­ciso agir. A ação pressupõe dois momentos: o primeiro é quando vencemos as distorções e aflições de nossa própria mente, aplacando ou até mesmo nos livrando da raiva. Esse momento é fruto da compaixão. O segundo é de caráter social, de âmbito público. Quando alguma ati­tude precisa ser tomada para corrigir erros neste mundo e a pessoa está sinceramente preocupada com seus semelhantes, então tem de se engajar, se envolver.

 

Um maior grau de tranqüilidade interior é fruto do crescimento do amor e da compaixão.

 

O sofrimento tem variadas causas e cir­cunstâncias. No entanto, a razão determinante das nossas dores e sofrimentos está em nossa dis­posição de espírito ignorante e indisciplinada. Somente através da purificação de nossa mente obteremos a almejada felicidade.

 

Enfrentar sofrimentos contribuirá indiscu­tivelmente para a elevação de sua prática espiri­tual, desde que você seja capaz de transformar a calamidade e o infortúnio em caminho.

 

Sabendo ouvir sua mente você se voltará para a fé e para a devoção. Você poderá cultivar a alegria em seu íntimo e conseguirá manter o equilíbrio de sua mente.

 

É através da arte de escutar que seu espíri­to se enche de fé e devoção e que você se torna capaz de cultivar a alegria interior e o equilíbrio da mente. A arte de escutar lhe permite alcançar sabedoria, superando toda ignorância. Então, é vantajoso dedicar-se a ela, mesmo que isto lhe custe a vida.

A arte de escutar é como uma luz que dissi­pa a escuridão da ignorância. Se você é capaz de manter sua mente constantemente rica através da arte de escutar, não tem o que temer. Esse tipo de riqueza jamais lhe será tomado. Essa é a maior das riquezas.

 

Compreendo que o significado de "uma pessoa aberta" seja igual ao de uma "porta aber­ta": pode ser aberta facilmente, sem problemas. "Livre" quer dizer o mesmo. Uma pessoa livre e aberta, quanto mais absorve novas idéias, mais se entusiasma em passar adiante novas energias. Dessa forma, as pessoas se ajudam mutuamente, o que é muito útil e bastante necessário, espe­cialmente nos dias de hoje.

 

Se existe amor, há também esperança de existirem verdadeiras famílias, verdadeira frater­nidade, verdadeira igualdade e verdadeira paz. Se não há mais amor dentro de você, se você con­tinua a ver os outros como inimigos, não impor­ta o conhecimento ou o nível de instrução que você tenha, não importa o progresso material que alcance, só haverá sofrimento e confusão no cômputo final.

O homem vai continuar enganando e sub­jugando outros homens, mas insultar ou mal­tratar os outros é algo sem propósito. O funda­mento de toda prática espiritual é o amor. Que vocês o pratiquem bem é meu único pedido.

 

Estamos todos aqui neste planeta, por assim dizer, como turistas. Nenhum de nós pode morar aqui para sempre. O maior tempo que podemos ficar são aproximadamente cem anos. Sendo assim, enquanto estamos aqui, deveríamos procurar ter um bom coração e fazer de nossas vidas algo de positivo e útil.

Quer vivamos poucos anos ou um século inteiro, seria lamentável e triste passar esse tempo agravando os problemas que afligem as outras pessoas, os animais e o ambiente. O mais impor­tante de tudo é ser uma boa pessoa.

 

Seria muito mais produtivo se as pessoas procurassem compreender seus pretensos inimi­gos. Aprender a perdoar é muito mais proveitoso do que simplesmente pegar uma pedra e arremessá-la contra o objeto de sua ira. Quanto maior a provocação, maior a vantagem do perdão.

 

Cada um de nós tende a ser condescen­dente consigo mesmo. Olhamos para nós mesmos com benevolência. Se alguma coisa de ruim acontece conosco, sempre temos a propensão de atribuir a culpa aos outros, ao destino, ao diabo ou a Deus. Nós nos recusamos a penetrar em nosso interior, conforme a recomendação de Buda.

 

Em primeiro lugar, deveríamos avaliar nossa própria atitude para com os outros e veri­ficar constantemente se estamos agindo bem. Antes de apontar o dedo para os outros, devemos apontá-lo para nós mesmos. Em segundo lugar, devemos estar preparados para reconhecer nossos erros e procurar corrigi-los.

 

Quando um erro tiver sido cometido, a pessoa pode revelar o ocorrido depois de reco­nhecer que estava errada — na presença de pes­soas sagradas verdadeiras ou imaginárias — resolver não reincidir no erro. Isso diminui força da ação negativa.

 

O aprimoramento da paciência requer a presença de alguém que deliberadamente nos faça mal. Esse tipo de pessoa nos dá a chance de praticarmos a tolerância. A nossa força interior é posta à prova com mais intensidade do que aque­la de que o nosso guia espiritual seria capaz. Em essência, o exercício da paciência nos protege da perda da confiança.

 

 

O benefício mais importante da paciência consiste em sua ação como um antídoto pode­roso ao mal da raiva, a maior ameaça à nossa paz interior e, conseqüentemente, à nossa felicidade. A paciência é o melhor recurso de que dispomos para nos defendermos inteiramente dos efeitos destrutivos da raiva. Pensem bem: a riqueza não protege ninguém da raiva. Nem a educação, por mais talentosa e inteligente que a pessoa seja. A lei, muito menos, pode ser de qualquer ajuda. E a fama é inútil. Só a proteção interior do auto­controle paciente evita que experimentemos o tumulto das emoções e pensamentos negativos.

 

Quando você está envolvido demais com sentimentos de ódio ou de amor, se há tempo ou possibilidade durante aquele momento exato, tente olhar para dentro de si mesmo e perguntar: "O que é o afeto? O que é o apego? Qual é a natureza da raiva?"

 

Se sua raiva não for muito grande, o me­lhor é não evitar situações ou pessoas que lhe causem aborrecimento e o deixem enfurecido. Caso esse contato e exercício de disciplina inte­rior não sejam possíveis, empenhe-se sozinho em lidar com sua raiva e desenvolver a compaixão.

 

A Bíblia diz que as espadas podem ser transformadas em relhas de arado. É uma linda imagem: uma arma transformada em ferramenta para servir às necessidades humanas fundamen­tais, representando uma atitude de desarmamen­to interior e exterior.

 

Olhe para a pessoa que lhe causa aborre­cimento e tire proveito da oportunidade para controlar a própria ira e desenvolver a com­paixão. Entretanto, se o aborrecimento for muito grande ou se você achar a pessoa tão desagradá­vel que seja impossível agüentá-la, talvez seja melhor sair correndo!

 

Às vezes, aquele amigo querido, embora continue sendo a mesma pessoa, parece mais um inimigo. Ao invés de amor, você sente hostili­dade. Com amor e compaixão verdadeiros, po­rém, a aparência ou o comportamento do outro nunca lhe provocarão qualquer reação negativa.

 

Não importa com quem estejamos, sem­pre pensamos algo parecido com: "Eu sou mais forte do que ele", "Eu sou mais bonita do que ela", "Eu sou mais inteligente", "Eu sou mais rico", "Sou mais qualificado", e assim por diante, o que gera um excesso de orgulho. Não há nada pior. Precisamos, isto sim, praticar a humildade.

 

Os inimigos externos não são permanentes. Se lhes mostrarmos respeito, eles se t;ornarão nossos amigos. Mas o inimigo interno é um eterno inimigo a quem nunca devemos ceder.

Esse inimigo mora em nossos corações. Não podemos transformar todos os maus pensamentos em nossos amigos, mas precisamos confrontá-los e controlá-los.

 

Nosso estado de espírito desempenha papel importante não apenas nos acontecimentos do nosso cotidiano mas na nossa saúde física e espiritual. Se uma pessoa é de temperamento calmo e estável, estas características influenciam a sua opinião e sua conduta em relação ao seme­lhante. Não tenho a menor dúvida que, se o ser humano mantiver um estado de espírito pacifi­cador e sereno, os acontecimentos externos só lhe poderão causar aborrecimentos sem importância.

 

Quando somos pacientes, coisas que normalmente consideraríamos muito dolorosas acabam não parecendo tão ruins. Ao contrário, quando não existe a tolerância paciente, até as menores contrariedades parecem insuportáveis. Tudo depende de nossa atitude diante dos fatos.

 

Se tivéssemos de escolher entre conheci­mento e virtude, a última seria sem dúvida a melhor escolha, pois é mais valiosa. O bom coração que é fruto da virtude é por si só um grande beneficio para a humanidade. O mero conhecimento, não.

 

A constatação de que as pessoas bondosas sofrem e as más experimentam o sucesso e o re­conhecimento público é uma visão limitada. Observe-se também que essa conclusão pode ser precipitada. Quando se analisam os fatos com mais. profundidade, descobre-se que, definitiva­mente, as pessoas desajuizadas não são felizes. É preferível comportar-se bem, assumir a respon­sabilidade pelos próprios atos e levar uma vida positiva.

 

A meta do budismo é atingir um estado livre de todas as obstruções ao conhecimento e das emoções perturbadoras. E o estado no qual a mente está plenamente evoluída.

 

Sempre que o budismo se estabelece em uma nova terra verifica-se uma certa variação no estilo em que é seguido. O próprio Buda ensinou de maneiras diferentes de acordo com o lugar, a ocasião e a situação daqueles que o escutavam.

 

O princípio que caracteriza uma escola como sendo budista é o da aceitação dos quatro dogmas, conhecidos como as Quatro Verdades. São elas: todos os eventos que se compõem de diversas partes são transitórios; todas as coisas e fatos impuros não são satisfatórios; todas as experiências são vazias e isentas de egoísmo; e o nirvana é a verdadeira paz.

 

Três qualidades capacitam as pessoas a compreender os ensinamentos: a objetividade, ou seja, ter a mente aberta; a inteligência, que é a faculdade crítica que permite discernir os ver­dadeiros significados ao examinar os ensinamen­tos- de Buda; e interesse e empenho, ou seja, entusiasmo.

 

Maaiana tem quatro pontos de apoio. Primeiro, confiar nos ensinamentos, e não no mestre que os ensina. Segundo: confiar no sig­nificado, não nas palavras que o expressam. Terceiro: confiar no significado definitivo, não no provisório. Quarto: confiar na sabedoria trans­cendente da experiência profunda, não no sim­ples conhecimento.

 

O mestre é sempre responsável pelo seu próprio mau comportamento. É da responsabili­dade do aluno não se deixar atrair por tais ati­tudes. Quando isso acontece, a culpa é de ambos: do aluno, por ser excessivamente obediente e devotado ao professor; e do mestre, porque lhe falta a necessária integridade para ficar imune àquele tipo de vulnerabilidade.

 

Se você conta com alguém que tem menos qualidades que você, isso levará à sua degeneração. Se você conta com alguém com qualidades iguais às suas, você permanece onde está. Somente quando conta com alguém cujas qualidades são superiores às suas é que você atinge uma condição sublime.

 

O princípio da origem dependente ensina-nos que as coisas e os acontecimentos não exis­tem sem uma causa. Situações de sofrimento ou situações insatisfatórias são motivadas não só pelas nossas próprias desilusões como pelas ati­tudes equivocadas que tomamos induzidos pela desilusão.

 

A culpa é um sentimento incompatível com nosso pensamento, pois acreditamos que somos parte de uma ação mas não somos inteira­mente responsável por ela. Somos apenas parte do fator que contribuiu para a ação. Entretanto, em alguns casos, devemos sentir arrependimento, deliberadamente assumir responsabilidades, la­mentar o ocorrido e nunca cometer aquele erro outra vez.

 

Se o rancor subconsciente tivesse um para­lelo nos escritos budistas, teria a ver com o que é chamado de insatisfação ou infelicidade mental, o que é considerado como a fonte do ódio e da hos­tilidade. O rancor subconsciente pode ser explica­do como uma falta de capacidade de percepção ou como uma interpretação errada da realidade.

 

O sentimento de culpa pode ser superado. Para o budismo, esse sentimento não existe. De acordo com a essência de Buda, todos os aspec­tos negativos podem ser purificados.

 

A fé dissipa a dúvida e a hesitação, liber­ta-nos do sofrimento e nos conduz à terra da paz e da felicidade.

 

A fé diminui o orgulho e é a base da ve­neração. Com fé, você pode facilmente atravessar de um estágio de conduta espiritual para outro.

 

Somente a fé remove a desordem mental devolve a clareza de espírito.

 

Para um bodisatva ser bem-sucedido em alcançar a prática das seis virtudes — gene­rosidade, conduta ética, tolerância, espírito ale­gre, concentração e sabedoria -, é imensamente importante ajudar aos outros e tratá-los com benevolência.

 

Os três vícios físicos são matar, roubar e ter comportamento sexual impróprio. Os quatro vícios verbais são a mentira, a tendência para a discórdia, as palavras cruéis e o discurso incoe­rente. Os três vícios do espírito são a cobiça, as más intenções e os juízos equivocados.

 

O caminho tem dois aspectos: o aspecto metódico, que engloba as práticas da compaixão e da tolerância, e o aspecto da sabedoria e do conhecimento, relacionado à sagacidade para penetrar na natureza da realidade. A última parte do caminho é o verdadeiro antídoto para elimi­nar a ignorância.

 

Qualquer coisa que contradiga a expe­riência e a lógica deve ser abandonada.

 

Apesar de certas pessoas serem altamente inteligentes, são algumas vezes atormentadas pelo ceticismo e pelas dúvidas. São sagazes, mas ten­dem a ser hesitantes e sempre inquietas. Essas pessoas são as menos receptivas ao darma.

 

Na ioga tantra, a mais elevada dimensão da prática budista, não há distinção de gênero. Na vida final, em que se atinge o estado máxi­mo do budismo, é indiferente se você é homem ou mulher.

 

Existe um autêntico movimento femi­nista no budismo. Depois de atingir bodicita, a deusa Tara olhou para aqueles que se empe­nhavam para chegar ao pleno despertar e viu que havia poucas mulheres que atingiam o esta­do superior de Buda. Assim, ela jurou: "Desen­volvi bodicita como mulher. Juro nascer mulher em todas as minhas vidas ao longo do caminho e, na última delas, quando alcançar o estado superior de Buda, também ser mulher."

 

Por causa das influências cármicas, o mundo tem uma aparência diferente para dife­rentes pessoas. Quando um ser humano, um deus e um espírito inquieto — três seres sensíveis — olham para uma tigela com água, os fatores cármicos fazem o ser humano ver água, enquanto o deus vê néctar e o espírito inquieto vê sangue.

 

Nossas vidas são condicionadas pelo carma e são caracterizadas por sucessivos ciclos de problemas. Um problema começa, termina e logo tem início um outro problema.

 

Carma é uma palavra sânscrita que signifi­ca "ação". Designa uma força ativa, significando que o resultado dos acontecimentos futuros pode ser influenciado por nossas ações. Supor que carma é uma espécie de energia independente que predestina o curso de toda a nossa vida é incorreto. Quem cria o carma? Nós mesmos. O que pensamos, dizemos, fazemos, desejamos e omitimos cria o carma. Não podemos, portanto, sacudir os ombros sempre que nos defrontamos com o sofrimento inevitável. Dizer que todo o infortúnio é mero resultado do carma equivale a dizer que somos totalmente impotentes diante da vida. Se isso fosse verdade, não haveria motivo para se ter qualquer esperança.

 

Não importa se somos crentes ou agnós­ticos, se acreditamos em Deus ou no carma, todos podemos nos empenhar pelos princípios morais.

 

Pela prática verdadeira em sua vida diária, o homem cumpre de fato a meta de toda religião, qualquer que seja ela ou que nome tenha.

 

As bênçãos, por si só, não são o bastante. Devem vir de dentro. Sem nosso empenho, é impossível recebê-las.

 

Todos nós temos a grande responsabili­dade de pôr em prática a essência do budismo em nossas vidas.

 

Uma árvore em flor fica despida no ou­tono. A beleza transforma-se em feiúra, a juven­tude transforma-se em velhice e o erro transfor­ma-se em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente.

 

Não há como escapar da morte. Seria o mesmo que tentar fugir quando se está cercado por quatro grandes montanhas que tocam o céu. Não há como escapar dessas quatro montanhas, que se chamam nascimento, velhice, doença e morte.

 

O envelhecimento destrói a juventude, a doença destrói a saúde, a degeneração da vida destrói excelentes atributos e a morte destrói a vida. Mesmo que você seja um grande corredor, não poderá correr da morte. Não poderá impedir a chegada da morte com suas riquezas, nem com passes de mágica, nem recitando mantras e nem mesmo com remédios. Portanto, é sensato preparar-se para a morte.

 

Certas pessoas doces e atraentes, fortes e saudáveis, morrem muito jovens. São mestras do disfarce ensinando-nos sobre a impermanencia.

 

Nascemos e renascemos muitas e muitas vezes e é possível que cada criatura tenha sido nosso parente em alguma ocasião. Portanto, é pos­sível que todas as criaturas tenham laços familiares entre si.

 

Se o seu coração é aberto e sincero, você naturalmente se sente satisfeito e confiante e não tem nenhuma razão para sentir medo dos outros.

 

As boas qualidades humanas - honesti­dade, sinceridade e um bom coração — não podem ser compradas com dinheiro e nem pro­duzidas por máquinas ou mesmo pela mente. Nós chamamos isso de luz interior.

 

Praticamente todos nós recebemos de nossas mães as lições básicas sobre como viver em paz, pois a necessidade do amor é o próprio fun­damento da existência humana. Desde os pri­meiros estágios de nosso crescimento, somos completamente dependentes dos cuidados mater­nos e é muito importante que as mães demons­trem seu amor a seus filhos. Se as crianças não recebem a devida atenção, em geral, quando adul­tas, têm dificuldade de amar seus semelhantes.

 

Fale a sua verdade, seja ela qual for, clara e objetivamente, usando um tom de voz tranqüi­lo e agradável, liberto de qualquer preconceito ou hostilidade. Que o olhar lançado sobre os seus semelhantes esteja repleto de ternura: afinal, é graças as eles que eu vou chegar a Buda.

aça um esforço para considerar como coisas transitórias todas as circunstâncias adversas e inquietações. Como ondulações na água de um lago, elas surgem e logo desaparecem. A medida que nossas vidas são carmicamente condicio­nadas, caracterizam-se por infindáveis ciclos de problemas. Um problema aparece e passa e logo em seguida surge outro.

 

As criaturas que habitam esta terra em que vivemos, sejam elas seres humanos ou ani­mais, estão aqui para contribuir, cada uma com sua maneira peculiar, para a beleza e prosperi­dade do mundo.

 

Uno minhas mãos e apelo a você, leitor, para que torne o resto de sua vida tão significati­vo quanto possível. Faça isso por meio da prática espiritual, se puder. Como espero ter deixado claro, não há nada de misterioso nisso. Consiste apenas em agir levando os outros em conside­ração. E se você o fizer com sinceridade e per­sistência, pouco a pouco, passo a passo, será capaz de reordenar seus hábitos e atitudes e pensar menos em seu pequeno mundo de interesses e mais nos interesses de todas as outras pessoas. E encontrará paz e felicidade para si mesmo.

 

Abandone a inveja, desapegue-se do de­sejo de sobrepujar os outros. Em vez disso, tente fazer bem a eles. Com bondade e gentileza, com coragem e confiando que é assim que terá suces­so de fato, receba-os com um sorriso. Seja franco e honesto. E tente ser imparcial. Trate todos como se fossem amigos muito próximos.

Não digo isso como Dalai-Lama ou como alguém que tenha poderes ou talentos especiais. Não os tenho. Falo como um ser humano, al­guém que, como você, quer ser feliz e não sofrer.

 

                                                                                Dalai Lama  

 

 

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O SENTIDO DA VIDA

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