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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


QUEBRANDO AS REGRAS / Lora Leigh
QUEBRANDO AS REGRAS / Lora Leigh

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

O Casta Leão e Enforcer Rule Breaker tem apenas algumas regras que não quebra. Por nada. Por ninguém. Tal como nunca fazer sexo com uma fêmea que não seja de sua própria raça, especialmente uma fêmea humana. Especialmente alguém muito indefesa, muito divertida, amorosa e muito cheia de vida e que jamais será capaz de se proteger, e muito menos ajudá-lo a protegê-la.

Se o maldito animal dentro dele insiste em ter uma companheira, então por que a escolheu? Uma mulher que é um alvo fácil e que pode ser usada como arma contra ele a qualquer momento.

Mas ele suspeita que o calor do acasalamento pode não ter nada a ver com isso. Apenas seu instinto animal tumultuado, estimulado, irritado sempre que está longe dela.

Certo, ele pode lidar com isto.

O que resulta num caso ardente que quebra todas as regras do calor do acasalamento e que eventualmente colocará em risco sua companheira com as próprias leis destinadas a proteger os Castas, porque ela possivelmente está trabalhando contra eles…

 

 

 

 

Eles não são metamorfos ou lobisomens.

São experiências da engenharia genética. Criados para serem super soldados e ratos de laboratório necessários para a pesquisa de novas drogas terapêuticas para a população humana.

Não foram criados para serem livres.

Não foram nem criados para viver.

Existiam apenas para servir aos homens e mulheres que os criaram, os torturaram, os encheram com raiva e fome de liberdade.

Agora estão livres, estão vivendo e estão deixando o mundo inquieto, e suas companheiras em chamas.

 

GYPSY RUM MCQUADE, QUINZE ANOS.

Gypsy olhou para o arquivo que seus sequestradores Coiotes possuíam. Manchados por dedos sujos, as bordas enrugadas, fotos pela metade saindo disto. O arquivo estava na caixa de madeira na frente do grosseiro estrado de madeira, dos sacos de dormir em que estava sentada, sua própria presença uma prova de que o que aconteceu não foi um engano.

As fotos saindo por cima do arquivo eram as mais repugnantes. O elo fraco, eles a chamaram. Aquela que o contato deles assegurou que faria algo estúpido o suficiente para permitir ser pega.

Era uma foto dela.

Uma foto dela e uma de seu irmão, Mark.

Mark rindo, com seus olhos verdes escuros, cabelos castanhos claros e o sorriso permanente.

A foto dele sob a dela, junto com as fotos da irmã dela, a doce Kandy, e seus pais, Hansel e Greta McQuade. Graças a Deus que estavam viajando, fora de alcance... fora de perigo. Agora desejava ter ido com eles, desejava ter implorado aos seus pais para levá-la com eles em vez de ficar atrás por causa daquela maldita festa.

Seu sequestrador, Grody, riu silenciosamente e disse que ela era conhecida por ser a única fraqueza de seu irmão. Pobre Mark, ele suspirou. Ter essa responsabilidade devia ser uma terrível maldição.

Ela não seria essa responsabilidade se fosse com os pais dela, como haviam solicitado.

— Gypsy? — Um Casta mais alto do que os outros que agora enchiam a caverna, falou seu nome suavemente.

Jonas.

Ele era Jonas Wyatt.

Ele era o Diretor da Agência de Assuntos Castas.

Ele e seus Castas a salvaram.

Naqueles poucos segundos antes do Coiote tê-la estuprado, ela viu o Casta que entrou com ele e disparou o tiro que matou Grody, enquanto os outros Castas atiravam nos companheiros de Grody.

Mas eles não chegaram a tempo de salvar Mark.

Ela olhou para Jonas, com os olhos feridos, sua garganta irritada de gritar.

Seu rosto doía onde o Coiote bateu, e o resto do seu corpo estava contundido e dolorido, mas nada disso se comparava à terrível dor dentro de seu coração. Não havia nenhuma agonia que pudesse chegar perto da agonia de perder a única pessoa no mundo que amava Gypsy Rum McQuade, só porque ela era Gypsy Rum McQuade.

Gypsy sabia que devia agradecer à Jonas e seus Castas por virem como fizeram, mas naquele momento, tudo que queria fazer era odiá-lo por não estar lá antes.

Não podia odiá-lo, entretanto.

Viu o pesar, a dor em seus olhos enquanto ele e os outros Castas retiravam os Coiotes mortos de onde caíram ao redor ela.

Pelo menos ela estava coberta agora.

O Casta que matou o Coiote se preparando para estuprá-la estava lá, enquanto o Casta morto era arrastado para longe dela. Obviamente ele tirou a camiseta rapidamente. Estava com o peito nu sob seu colete à prova de balas, a camiseta preta normalmente usada como uniforme numa missão em sua mão. Colocou-a nas mãos de uma Casta fêmea e ordenou severamente para vestir nela, enquanto seu olhar hipnótico tocava o dela, o azul se espalhando através de seus olhos, enchendo até o branco pelo mais breve segundo, antes de voltarem a ficar normais, mais uma vez.

Ou talvez ela tenha acabado de imaginar as órbitas completamente azuis. Desejou ter apenas imaginado o resto da noite.

A camisa era muito grande para ela, mas isto a cobria. E estava morna, morna o suficiente para que seus dentes não ficassem batendo mais. O cheiro que agarrado nela se envolveu ao seu redor, e isto a confortou. Não teria pensado que alguma coisa pudesse confortá-la agora, muito menos uma grande camiseta preta com a insígnia da Agência de Assuntos Castas do lado esquerdo do peito, que cheirava um pouco como chocolate e menta.

Era como se braços invisíveis se enrolassem ao redor dela, e imaginou que fosse tudo o que a impedia de apenas se afastar e não existir mais.

O calor da camisa, a suavidade disto, cercando-a. Como uma parede ao redor dela. Uma proteção que mantinha o mundo afastado.

Pelo menos no momento.

Talvez, dentro desta proteção, pensou, pudesse encontrar uma maneira de deslizar de volta para aquele tempo, quando os pesadelos não existissem mais.

— Quero ir para casa. — Ela não queira dizer as palavras. Elas pareciam tão caricatas. Mas talvez, lá, pudesse encontrar uma maneira de tornar isto melhor.

Queria encontrar uma maneira de fazer esta noite não existir e trazer o riso de seu irmão de volta.

Queria apenas dormir e não ter que jamais acordar novamente. Talvez então, pudesse apenas sonhar. Poderia sonhar que a vida era como antes dela fugir de casa para ir a uma festa que realmente não importava.

Distante, numa pequena desfocada parte de sua mente, se perguntou se era assim que estes Castas se sentiram quando foram mantidos presos? Torturados?

Deus, como continuaram lutando? Continuaram tentando sobreviver?

Será que acabaram encontrando um lugar em suas mentes onde a dor já não existia mais? Ela podia fazer isto também?

— Você logo poderá ir para casa, Gypsy. Um heli-jato está pegando seus pais agora. — Jonas assegurou-lhe.

As notícias a forçaram a sair de seu entorpecimento por um momento. Ela vacilou com a onda de agonia que perfurou sua alma.

Oh Deus, como iria enfrentar seus pais?

O fato de estarem vindo não era de nenhum conforto para ela. Eles viriam aqui para buscá-la.

Veriam o corpo de Mark na terra, do lado de fora da caverna.

Veriam o sangue que encharcou o chão e manchou as mãos do enorme Casta Coiote que o matou.

O sangue que estava manchando o rosto e os seios dela, enquanto o Coiote ria retalhando sua alma.

Aqueles Coiotes estavam todos mortos agora, lembrou a si mesma desesperadamente. Não podiam voltar. Não podiam machucar mais ninguém.

Não era uma compensação suficiente pela perda de seu irmão, entretanto.

Nada que pudesse fazer consertaria o engano que cometeu.

Ouviu o suspiro pesado de Jonas alguns segundos antes dele pegar o arquivo, aquele onde estava focada, então largou a caixa e olhou fixamente para onde estava sentada — onde o Coiote foi morto.

Virando a cabeça para longe dele, tentou ignorá-lo.

Tentou e tentou com empenho, apenas desejando que isso tudo fosse embora.

Apertando os braços ao redor de seus joelhos, ela se amontoou mais perto da parede, desejando poder chorar.

Se pudesse chorar, talvez seu peito parasse de doer tanto.

Mark sempre disse que às vezes, apenas as lágrimas podiam curar o coração e a alma. Ele dizia para que chorasse sempre que precisasse; daquele jeito, ela sempre seria doce e inocente e ele sempre tentaria encontrar uma maneira de fazer as lágrimas melhorarem.

Talvez se começasse a gritar e chorar, se implorasse a Deus com força o suficiente, alto o suficiente, então ele faria tudo apenas se tornar algum pesadelo horrível.

Oh Deus, queria apenas que isto parasse de doer. Era como uma faixa de ferro apertando ao redor de seu coração e suas costelas, comprimindo sua respiração e dificultando que seu coração batesse.

Talvez seu coração apenas parasse de bater. A esperança chamejou dentro dela por um segundo.

Talvez alguém tivesse clemência dela e a matasse também.

Estava tentando tão duramente ser valente, como Mark disse a ela para ser, embora tenha dito por tantos anos que era trabalho dele ser valente, e o dela chorar e ser doce.

Mas agora ele quis que ela fosse valente. Disse-lhe para não chorar.

Foi à última coisa que pediu que ela fizesse.

— Gypsy, preciso fazer algumas perguntas. — Jonas disse suavemente, observando-a com uma forte compaixão que a enjoou.

Ela não merecia sua compaixão.

Não merecia o perdão de ninguém.

Muito menos deste Casta.

Ou seus pais.

Até mesmo de Mark.

— Foi minha culpa. — Ela disse a Jonas, olhando fixamente para trás na caverna sombria agora, seu olhar desfocado, sua necessidade de escapar ameaçando dominá-la. — Foi tudo minha culpa.

— Não querida, não foi sua culpa. — Pelo canto dos olhos ela podia vê-lo passando a mão na cabeça, os fios curtos de seu cabelo preto cintilando na luz fraca da caverna. — Nada disso foi sua culpa.

Oh, mas quanto ele estava enganado. Era tudo culpa dela.

Ela foi infantil, e seu temperamento fez muito mais do que deixá-la em apuros desta vez. Desta vez, destruiu a pessoa que amava mais do que qualquer coisa.

— Queria ir para a festa. — Tentou explicar, mas até para seus próprios ouvidos, a desculpa era muito estúpida. Tão imatura.

Por que aquela festa era tão importante?

— Gypsy, o que aconteceu aqui não foi sua culpa. — Sua voz profunda estava áspera, e apostava que ele conseguia convencer um monte de gente, com um bando de mentiras.

Mas ele não podia convencê-la daquela mentira.

— Escapei de casa. Minha amiga Khileen ia me levar. Ela vive no deserto. — Khileen Langer era da Inglaterra.

Ela e sua família estavam ficando no Novo México, na propriedade de seu padrasto no deserto, onde passava o verão. Ela gostava de Khileen. Gostava da maneira como a outra garota estava sempre rindo e a desafia a se divertir. A não ser tão séria.

Ela nunca mais poderia deixar alguém convencê-la disso novamente.

— Havia aquela festa. — Ela continuou, forçando-se a falar. — E uma banda e tudo que alguns garotos universitários fariam no deserto. Queria apenas ir e ver meus amigos e a banda.

E talvez beber um pouco.

Talvez paquerar com alguns dos garotos da escola.

— Então você saiu para uma festa? — Ele perguntou-lhe.

A respiração dela engasgou e ela estremeceu.

Era como se sua alma estivesse chorando, mas não podia chorar porque Mark pediu para não fazê-lo.

— Ele estava bravo comigo por alguma razão. — Seus punhos se fecharam no material da camiseta quando seus lábios tremeram, e abraçou os joelhos mais perto de seu peito. — Nós tínhamos um acordo. — Ela balançou-se contra a agonia queimando mais forte dentro dela. — Sempre diria se estivesse saindo para uma festa, e ele se certificaria de estar lá, então ele poderia... — O choramingo que escapou dela a surpreendeu. — Então podia ter certeza de que eu não entraria em dificuldades ou me machucasse.

— Mas você não disse que estava saindo? — Ele perguntou então.

Gupsy franziu o cenho.

— Eu disse. Tentei, mas ele gritou comigo. — Por que Mark gritou com ela? —Ele me disse apenas para ir embora, que o estava irritando. — Ela olhou para a escuridão atentamente. Por que Mark não disse por que o irritou? Teria tentado parar. Realmente teria. — Mark nunca gritou comigo antes.

Ele sempre a amou, sempre foi paciente com ela.

— Você estava ciente de que seu irmão estava em dificuldades? — Ele perguntou então. — Ele disse que havia Coiotes procurando por ele? Que o Conselho de Genética o identificou e enviou uma equipe para se assegurar que não pudesse mais roubar as informações que estava invadindo? Que estavam procurando por ele esta noite?

Ela virou-se lentamente para ele, piscando confusa.

— Juro que não sabia. Mark estava agindo de modo tão estranho. Queria que eu ficasse em meu quarto e não conversava comigo. Estava sendo mordaz e não queria ser incomodado. E não me escutou quando tentei dizer que queria ir à festa. Não me deixou dizer qualquer coisa.

Ela ia vomitar. Não queria se mover. Não queria ter que encontrar um lugar para vomitar em privacidade. Mark não tinha agido assustado ou com medo ou preocupado. Estava muito, muito zangado, porém brigava com ela sempre que a pegava fora de seu quarto e ordenava que voltasse para dentro.

Ele feriu os sentimentos dela e a fez ficar com raiva dele. Decidiu apenas sair sem contar. Ele não estava falando com ela, por que ela deveria falar com ele?

— Então como poderia saber o que iria acontecer? — Ele perguntou, e a pergunta soou razoável, mas sabia que isto não importava.

Ela balançou a cabeça confusa novamente, antes de encostá-la contra a áspera parede de pedra, ao lado de sua cabeça. Mark sem duvida tinha tentado salvá-la, foi assim que o Coiote conseguiu pegá-lo.

Teria vindo diretamente para o deserto, sabendo que iria morrer. Sabia que não podia salvá-la, ou a si mesmo.

Ele devia ter apenas salvado a si mesmo.

— Khileen está bem? — Ela perguntou ao Casta que ainda a observava pensativamente. — Estava tão assustada. Ela fugiu, entretanto. Quando aquele Coiote me puxou para fora do carro, ela estava tentando fazê-lo engrenar depois que eles nos forçaram a parar. Não está acostumada a câmbio manual ainda.

Sua amiga conseguiu se salvar, mas ela não foi capaz de fazê-lo antes do Coiote forçar Gypsy para fora do pequeno carro esporte em que sua amiga a trouxe.

Ela não culpava Khileen.

Estava grata por sua amiga ter fugido. Já era ruim o suficiente que Gypsy tenha perdido seu próprio irmão. Se a enteada de Lobo Reever tivesse morrido também, então Jessica Reever, a melhor amiga de sua mãe, nunca teria perdoado sua mãe.

Sua mãe precisaria de sua amiga quando percebesse o que Gypsy fez.

— Khi está bem. — Ele prometeu. — Se não fosse por ela, não teríamos conseguido saber onde encontrá-la. Estávamos no rancho do padrasto dela tentando encontrar seu irmão quando ela ligou para ele.

Gypsy se lembrou que sua amiga disse que sua mãe e seu padrasto tinham algum tipo de companhia Casta. Uma delegação da comunidade Casta ou algo assim.

Oh Deus, o que iria fazer? Seus pais estavam vindo, e não a tolerariam de maneira nenhuma. Quantas vezes sua mãe disse a Mark, rindo, o quão fácil seria apenas conseguir uma baba, quando ela era pequena? Ou como facilmente poderia ficar sozinha depois que completou treze anos?

Queriam que Mark fizesse as coisas com eles. As coisas que diziam que Gypsy não se adaptaria bem. Como seu irmão poderia se adaptar, mas Gypsy não podia, ela perguntou-se.

Isto era por que, lembrou-se cruelmente. Porque era estúpida e fazia coisas ruins.

Como diria aos seus pais o que fez desta vez? Como explicaria para Kandy o quão egoísta foi?

Que escapou sorrateiramente para ir a uma festa, quando Mark estava em perigo?

Seus pais iriam odiá-la.

Mark era filho único deles, e, entretanto frequentemente diziam que amavam todos seus filhos, mas era de Mark que eram os melhores amigos. Era dele que tinham tanto orgulho.

Porque ele era forte e esperto e nunca mentia ou escapava sorrateiramente de casa. Mas sempre que Gypsy o fazia, estava sempre lá, observando-a, protegendo-a.

Ele não estaria mais lá.

Toda a segurança que sempre conheceu em sua vida se foi agora.

— Quero morrer. — Ela queria fechar os olhos e apenas ir embora. — Queria que apenas tivessem me matado primeiro.

Se a tivessem matado, então não teria que enfrentar o que aconteceu. E não teria que viver sua vida sem Mark nela.

— Olhe para mim Gypsy. — O comando na voz dele era impossível de negar, mas estava tão cansada que virar a cabeça para encontrar seu olhar pareceu levar uma eternidade.

A gentileza em sua expressão, a compaixão e o pesar que enchiam aqueles olhos prateados, a persuadiram a acreditar nele, ordenando-lhe a obedecê-lo.

— Você não pode morrer, Gypsy, tem um futuro muito interessante pela sua frente. — Disse, olhando para o lado pelo mais breve segundo, antes de focar-se nela mais uma vez.

Um interessante futuro? Não, não haveria nenhum futuro interessante. Sempre haveria a memória do terrível erro que cometeu.

— Não quero um futuro interessante. — Respondeu mecanicamente, entrando ansiosamente na estranha concha insensível, que podia sentir começar a envolvê-la. — Quero apenas que Mark volte.

Sim, ela se abriu para aquele peso carregado, desejando que a cobrisse rapidamente, obscurecendo a agonia que ressoava em sua alma, apenas um pouco.

Jonas franziu o cenho, esfregando o lado de seu pescoço num gesto de impotência, que estava certa, era uma sensação completamente estranha para alguém tão forte.

— Seu irmão era um de nossos melhores informantes. — Ele disse finalmente, e apesar de não saber disso, não estava surpresa. Mark admirava tanto os Castas e tudo que foram forçados a fazer para sobreviver. — Era um hacker de alto nível que encontrou uma entrada em seus computadores, e estava nos alimentando com informações sobre os laboratórios escondidos e as identidades dos cientistas do Conselho e conseguiu roubar dezenas de arquivos altamente secretos deles. — Continuou enquanto ela o observava. — Recusou-se a nos deixar protegê-lo. Recusou-se até mesmo a nos deixar saber quem ele era. Estávamos aqui porque foi seguido até aqui, sem saber que o Conselho conseguiu fazer o mesmo tão rapidamente. Eles o teriam encontrado mesmo se você não tivesse escapado de casa. O fato de que escapou e estava com Khi foi tudo o que a salvou, querida. Ninguém poderia salvar seu irmão.

Ele estava errado.

Mark era esperto.

Se não fosse pela estupidez dela, teria encontrado uma maneira de salvar-se.

Ela balançou a cabeça.

— Estava indo embora. Eu o ouvi no telefone da última vez que tentei conversar com ele. Estava dizendo a alguém que o encontraria em algumas horas. Ele tinha que terminar algo. — Se ela não tivesse deixado a casa...

Se a festa não parecesse tão importante no momento, seu irmão ainda estaria vivo.

Ela ficou apenas ciente de Jonas se erguendo e afastando dela. Segundos mais tarde, pode ouvir o som de sua voz enquanto falava com alguém.

Estava tremendo enquanto lutava para empurrar de volta a memória da morte de seu irmão. Enquanto olhava fixamente para ela, seus olhos escuros sombrios e cheios de desespero. E desamparo, quando disse o quão arrependido estava.

Ele sentia muito? Por que ele sentia muito? Foi culpa dela.

O Coiote riu dele. De pé atrás de seu irmão, aquela grande faca contra a garganta de Mark, ele riu de Mark, então disse o que iriam fazer com ela depois que ele morresse.

Ela implorou para não machucarem Mark. Não se importava se a matassem. Ela não se importava desde que apenas o deixassem ir.

— Não chore Gypsy. — Ele disse a ela enquanto aquele Coiote, Grody, ria dele. — Não chore, seja corajosa, Amendoim. Você me ouviu? Não chore. Seja corajosa, Amendoim.

Ela o ouviu, mas ainda assim, quando observou aquela faca fazer o sangue jorrar, ela gritou. Gritou e implorou, Por favor, não o machuquem.

A faca mordeu a garganta de Mark, o sangue jorrando pelo lado de seu pescoço, e então houve uma longa linha vermelho escuro que começou a fluir com uma velocidade repugnante, enquanto o Coiote soltava seu corpo. Mark caiu no chão em câmara lenta, sem ossos, seu olhar bloqueado com o dela, escurecendo, então finalmente olhando fixamente de volta para ela, com um olhar vazio de pesar.

Ela estremeceu, seus olhos abrindo de repente, quando percebeu que os tinha fechado.

Ela queria apenas dormir.

Queria dormir por muito, muito tempo. Tempo suficiente para que talvez seus pais a perdoassem. Talvez sua irmãzinha, que amava Mark, tanto quanto Gypsy amava, não a odiasse para sempre.

Mas toda vez que fechava os olhos, podia ver aquele momento enquanto Mark morria. Aquele segundo enquanto o sangue dele derramava pela frente de sua camisa branca.

— Seus pais estarão aqui logo. — Jonas falou ao lado dela uma vez mais. — Minha equipe acabou de transportá-los no heli-jato.

Estariam aqui logo.

Estariam tão bravos com ela.

Oh Deus, e se não a deixassem ir para casa? E se até mesmo não a quisessem mais?

— Eles me odiarão. Mamãe e Papai nunca me perdoarão por isto. — Disse a si mesma, sem saber que estava falando em voz alta, que suas palavras partiam o coração do novo diretor da Agência de Assuntos Castas. — Eles nem mesmo vão me querer em casa agora. Como poderão querer viver comigo depois disto?

Para onde iria?

Tinha apenas quinze anos, e ninguém iria querer uma menina que ajudou os Coiotes a assassinar seu irmão. Porque todo mundo amava Mark.

Ele era o melhor amigo de todos.

Como alguém poderia amar a terrível pessoa que permitiu que estes animais imundos o matassem?

— Como podem querer que eu vá para casa? — Sussurrou novamente, deitando a cabeça contra a parede ao lado dela e olhando fixamente para a escuridão uma vez mais.

Talvez se ficasse muito, muito quieta, se ela se esforçasse o suficiente, poderia simplesmente desaparecer naquela escuridão e nunca mais existir novamente.

— Prometo, Gypsy, seus pais não a culparão. — Ele mentiu para ela novamente. — Mas caso aconteça, juro a você que me certificarei que seja cuidada. Você me ouviu, querida? Tem apenas que entrar em contato comigo, e nunca a abandonarei.

Ela ouviu as palavras e provavelmente falava a sério. Mas ele era tão valente, assim como aquele Casta de brilhantes olhos azuis claros que atirou no Coiote Grody, era forte, e sabia como proteger a todos.

Até as estúpidas e fracas menininhas que não sabiam como ficar em casa, em vez de arriscar todos que eles amavam.

Ela não merecia a proteção dele.

Não merecia a proteção de ninguém.

 

Jonas recuou para seu lugar no caixote e observou-a com tristeza.

— Eles amam tanto Mark, assim como eu. E eu o matei. Foi minha culpa que o Casta usou aquela faca...

Ela parou bruscamente, tremendo tanto que ele se perguntou como conseguia permanecer no lugar.

Erguendo-se, Jonas afastou-se o suficiente dela para que pudesse obter os relatórios para saber no que estava entrando.

Perguntou-se se o choque se basearia nesta criança até que ela tivesse seu desejo atendido e apenas dormisse para sempre.

Inferno, ele se afligia se esta corajosa e ferida garotinha deixaria de existir.

E se isto acontecesse, seguramente um Casta sofreria com isto.

Esta criança de luto seria muito mais para a sociedade Casta do que ela sequer imaginava, se seu palpite estivesse correto.

Jonas se virou e encontrou um dos contratados independentes que frequentemente lutavam ao lado dos Castas, esperando por seu relatório.

— Mercury chamou da residência dos McQuade. — Simon Quatres reportou. — Os Castas Renegados atacaram a casa dos McQuade ao mesmo tempo em que este grupo perseguia o carro de Khileen fora da estrada. Mercury e seus homens encontraram vídeos e dispositivos de áudios no quarto dele e em sua estação de trabalho na sala de estar. Grody e seus homens sabiam quem estavam perseguindo, e onde ele estava. Nada poderia impedir isto de acontecer. E se ela estivesse em casa, nunca teríamos descoberto a tempo para salvá-la.

Um baixo, mas não tão silencioso gemido alcançou seus ouvidos afiados, então. Um grito que estava certo que a garota desconhecia que ela mesma o fez.

— Onde está a porra daquele doutor? — Ele questionou Lawe enquanto o Enforcer movia-se rapidamente em sua direção. — Aquela criança vai morrer de tristeza se ele não chegar aqui logo e lhe der algo.

— Eles fazem drogas para curar tristeza agora, chefe? — Simon perguntou, sua voz baixa e ressonando com a mesma tristeza dolorosa que todos sentiam pela dor dela. — Posso ter um pouco?

— Lobo está voando com o doutor agora. — Lawe Justice assegurou. — Ele deve estar aqui dentro dos próximos cinco minutos. Rule está lá fora coordenando nosso povo e cuidando do irmão dela. Os homens de Reever estão cuidando de dar fim aos Coiotes renegados do Conselho. Um deles ainda está vivo, porém. —Ele disse, sua voz baixa para não ser levada para longe. — O guarda que estava na frente da caverna. Jura que foi aquele que nos contatou e nos trouxe até aqui depois que eles pegaram a menina dos McQuade.

Os olhos de Jonas estreitaram.

— Como ele sobreviveu? — Sabia que aquele maldito Coiote levou uma explosão de laser no peito.

— Com um Kevlar[1] reforçado, resistente a laser. — Lawe respondeu. —Parece que não estava para se suicidar hoje à noite, estas foram as palavras dele, eu creio. Jura que tem um vídeo e que estava tentando atrasar a morte de McQuade e diz que você o reconhecerá. Grody não estava aqui apenas pelo Conselho afinal, de acordo com este Coiote. Foi pago por um humano para certificar-se que McQuade e sua irmã fossem mortos esta noite.

— E ele tem um vídeo? — Jonas refletiu.

Lawe deu um forte aceno com a cabeça.

— Qual o nome dele?

— Tente Loki. — Lawe respondeu. — Mas seu irmão, o irmão de sangue, é um dos melhores rastreadores e assassinos do Conselho, Farce.

Os lábios de Jonas enrolaram com o nome.

— Ele não é o melhor deles, é o com mais sorte. — Então suspirou. — Porra, não sabia que Loki estava na área, entretanto.

— Você o conhece? — Lawe questionou, seu olhos estreitando.

Ele o conhecia, Jonas pensou com um suspiro, e deveria saber que o encontraria aqui.

— Ele é um dos nossos. — Jonas confirmou. — Apesar de teimoso e obstinado pra caralho como é, é um dos nossos.

Os olhos de Lawe arregalaram.

— Rule está acabando com a raça de um dos nossos, então...

Lawe virou e se apressou para fora da caverna, passando por vários Enforcers guardando a entrada, enquanto se movia para salvar o jovem imã de problemas, Loki, das garras de Rule Breaker.

Enquanto o Casta se apressava para ele e, vários outros seguiam atrás, Jonas observou quando uma jovem fêmea moveu-se na sua direção. Com seus curtos cabelos pretos e olhos verde esmeralda, o sangue irlandês estava malditamente perto da superfície. Assim como estava sua genética Casta.

— O Sr. McQuade está exigindo falar com você “O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL”. Ele e sua esposa estão em trânsito para chegar em uma hora, senhor. — Moira O 'Malley, uma jovem Casta recém-saída dos laboratórios em que esteve confinada, enfrentou-o friamente com a informação.

Jonas balançou a cabeça.

— Contate o Líder de Bando Lyons e faça-o informar aos McQuades que responderei as perguntas que puder quando eles chegarem.

Haveria tempo suficiente para perguntas uma vez que o heli-jato aterrissasse. No momento, tinha outras coisas a fazer, agora que sabia que o destino de Gypsy McQuade estava amarrado ao dos Castas.

Afastando-se dela, observou a forma fantasmagórica que começou a avançar pela entrada da caverna.

Cauteloso, desconfiado, observou Jonas ameaçadoramente, um rugido selvagem curvando seus lábios.

Não esperava por isto, por aquela imagem enevoada do leão, rondado lento e cuidadosamente pela garota, até que enorme besta estabeleceu-se protetoramente ao lado dela, para esfregar a enorme cabeça contra a dela muito menor.

Uma conexão psíquica, ele pensou maravilhado, uma manifestação da habilidade da criatura de sentir muito mais que o homem que levava isto dentro dele.

Ele piscou, aqueles olhos bloqueados nos dele, e ele soube. Soube naquele momento, olhando fixamente nos olhos da besta, exatamente de quem esta criatura psíquica era parte, e sentiu um calafrio de advertência correr por sua espinha.

O leão rosnou para ele silenciosamente, advertindo-o para manter seus pensamentos para si mesmo.

Jonas estava curioso do quão forte o animal dentro daquele Casta era agora, e quanto tempo o homem esperaria, uma vez que Gypsy amadurecesse, antes dele ser forçado a enfrentar quem e o que ela era para ele.

Recusou-se a permitir que a curiosidade influenciasse quaisquer decisões que tomaria, entretanto. Se ela estivesse destinada a eventualmente ser a companheira que aquele Casta jurou nunca ter, então isso era o que ela seria. Se não, forçá-lo a reconhecer quem ela era, apenas mudaria o destino evoluindo ao redor dela.

De qualquer maneira, Jonas seria responsável por se assegurar que ela sobrevivesse aqui e agora. Nada menos e nada mais. Isso não significava que não faria um inferno de muito mais, se possível fazer esta tragédia ficar mais fácil para ela.

Entretanto Deus o ajudasse, como queria assegurar que esta e nenhuma outra criança, sofresse a depravação que o Conselho praticava cada vez mais.

Balançando a cabeça, virou-se para a outra fêmea Casta apressando-se até ele, cobertores pesados embalados em seus braços, enquanto retornava do heli-jato em que costumavam voar na área. Este acabava de aterrissar novamente, depois de fazer uma corrida até a propriedade de Reever.

— O Enforcer Breaker pediu para que eu dissesse que está enviando os Coiotes mortos para a propriedade de Reever, até que você possa examiná-los e decidir o que fazer com eles. O Enforcer Justice tem seus contatos fixados do lado de fora e aguarda suas ordens, senhor. — A Enforcer Jaguar declarou enquanto se movia para Gypsy.

Jonas não ficou surpreso por Rule assumir o comando, enquanto Jonas estava sentado com a menina e tentava compreender o que aconteceu neste lugar desolado.

Estava surpreso que Rule tenha quebrado o protocolo e decidisse espancar sozinho, praticamente até a morte, um Coiote vivo em lugar de salvá-lo para interrogatório, entretanto.

Rule Breaker, apesar de sua escolha divertida de nome, apesar deste único compreensível engano que afetava Loki, estava se transformando num de seus líderes mais intuitivos. Seu irmão, Lawe Justice, entretanto, estava se tornando rapidamente sua mão direita.

Uma Enforcer fêmea abaixou-se na frente de Gypsy e colocou os cobertores amontoados no local, em torno da garota, improvisando uma cama. Os braços de Gypsy estavam enrolados ao redor de suas pernas arranhadas e machucadas, enquanto sua testa descansava em seus joelhos. Estava tremendo tanto, que ele estava surpreso que os dentes dela não estivessem batendo.

Sentia as lágrimas e os gritos presos dentro dela. Sentia a agonia queimando como uma bola de fogo de dor que se enterrou dentro do coração dela, no segundo que foi forçada a assistir o Coiote fatiar a garganta de seu irmão.

A dívida que a comunidade Casta devia ao irmão dela era muito grande, para que não garantisse que sempre que a irmã dele precisasse da Agência ou dos Castas, estariam lá para ela.

No momento, entretanto, tudo que podia fazer era tentar mantê-la aquecida e confortável, e aguardar a família que voava até ela. Uma família amorosa, ele esperava. Pais que tentariam ajudá-la a reparar as feridas que esta noite deixaria em seu coração gentil.

Enquanto a observava, vendo o leão fantasmagórico protegendo-a, teve uma sensação que nada poderia reparar as feridas de Gypsy, e tinha receio do que a chegada de seus pais poderia trazer em relação a aceitação deles para com ela.

Filho da puta, desejava ter chegado lá mais cedo.

Desejava ter a localização de Mark McQuade à frente dos Coiotes que o mataram.

Enquanto observava Gypsy McQuade, percebeu o quão forte o arrependimento de que não fosse rápido o suficiente jazia dentro dele.

Era um desejo fútil, porque agora era algo que não podia mudar. Jonas não insistia em coisas que não podiam ser mudadas.

Partia para coisas que podiam ser.

E entretanto, era a coisa mais difícil que fez na vida, virar as costas para ela depois de dar à Enforcer uma ordem silenciosa para ficar ao lado dela.

Esta noite estava terminada.

Ele não foi rápido o suficiente, não localizou McQuade a tempo. Quando retornasse à Agência, se asseguraria que todos seus equipamentos fossem atualizados com o melhor que o governo e as corporações encomendadas para fornecer para as Castas pudessem pagar.

Da próxima vez, estaria à frente dos cãezinhos do Conselho de Genética.

Da próxima vez, não enfrentaria o fato que falhou aos olhos quebrados de uma menina que nunca esqueceria o pesadelo da morte de seu irmão, ou seu próprio estupro.

Da próxima vez...

Jonas suspirou enquanto saia da caverna. Deus o ajudasse, não queria que houvesse uma próxima vez.

 

NOVE ANOS MAIS TARDE

Ela era sua droga e ele estava a longos meses sem sua droga.

Muito tempo.

Desta vez, ela saberia que ele estava lá. Esperando. Por seis anos, desde a noite que apareceu na sua décima oitava festa de aniversário, vestida de couro e dançando como uma sedutora, ele esperou.

Esteve lá todos os anos nos aniversários dela desde a noite que seu irmão morreu, nove anos atrás. Na verdade, certificou-se de estar lá a cada poucos meses apenas para averiguá-la, mas na noite de seu aniversário, teve a maldita certeza de estar lá. Não para levar um presente; nunca o fez. Apenas para certificar-se que estava segura, que estava sendo cuidada e que não estava vivendo nas ruas, para onde era relatado que sua mãe frequentemente ameaçava mandá-la.

O inferno daquela noite, há mais de nove anos atrás, ainda a assombrava.

Inferno, isto ainda assombrava a todos que estiveram lá. Mas Gypsy pagou mais que qualquer outro. E ainda estava pagando.

Olhando fixamente através do bar, seu olhar acariciando as linhas gentis do rosto dela, queria que sentisse a carícia. Sentisse sua presença. Sentisse a fome que começou a crescer desde a noite em que ela completou dezoito anos, a noite que o encantou com a graça e a promessa erótica em seu rosto absorto, enquanto se entregava à música.

De pé, através da enorme sala, a massa giratória de dançarinos entre eles, a cabeça dela virou lentamente, o olhar dela buscando a sensação de quem a observava. Quando os olhos dela encontraram os seus, ele observou a transformação.

Os olhos verdes escureceram e dilataram. A excitação corou seu rosto beijado pelo sol, enquanto uma dor súbita e vulnerável relampejou através de sua expressão. Isto foi embora rapidamente, substituído por um toque de incerteza, de querer e fome que sabia que ela acreditava que não poderia nunca satisfazer. Não se tinha a intenção de continuar a perseguir o curso sombrio que sua vida seguia nos últimos nove anos, desde a noite que perdeu a única pessoa que a mantinha em primeiro lugar na vida dele.

A maioria das mulheres jovens era criada sabendo que sua mãe, pai ou até mesmo ambos, estavam lá para protegê-la. Que um ou outro asseguraria que fosse cuidada. Para Gypsy, aquela única pessoa, aquele parente que a amou acima de tudo, foi seu irmão mais velho. O irmão que morreu no deserto, atraído pelos Coiotes que pegaram sua irmã, que ameaçaram destruí-la de uma forma que Mark McQuade não poderia imaginar a menos que tomasse o lugar dela.

Certamente o irmão sabia que nenhum deles escaparia? O que o fez entrar naquele deserto acreditando que sua irmã retornaria para ele incólume?

Fosse qual fosse a razão, Mark morreu e Gypsy passou os últimos nove anos tentando se reconciliar com uma morte que não foi culpa dela. Uma morte que era dita repetidamente que foi culpa dela.

O tempo de Gypsy pagar pelos pecados que não eram dela estava terminando, ele decidiu. Da mesma maneira que estava na hora de libertar-se do passado, salvar a vida de uma frágil criança e aliviar o inferno que um amigo e sua companheira estavam suportando.

Naquele momento, quando o olhar dela tocou o dele, enquanto observava o calor e a fome crescendo dentro dela, fez uma promessa silenciosa.

Logo, muito em breve, os jogos dos últimos nove anos estariam acabados e se asseguraria que as sombras que a espreitavam viriam para a luz. Enquanto estivesse nisso, satisfaria uma fome que estava completamente certo que não era, não poderia ser, o Calor do Acasalamento.

Porque o Calor do Acasalamento não podia ser permitido.

Rule Breaker, Investigador Chefe da Agência de Assuntos Castas, recusava-se a permitir-se ter uma companheira.

Recusava-se a permitir que qualquer mulher morresse debaixo da fria e impiedosa lâmina de cientistas determinados a descobrir os segredos de um acasalamento, que a natureza estava ainda determinando como jogar...

Ele sacudiu o pensamento para longe. Antes de poder se mover para possuir o que esperou por seis anos, primeiro tinha segredos para revelar, um jogo para terminar e um Casta Bengala para atrair lentamente para a dobra da Agência de Assuntos Castas. Anos procurando pelo Casta chamado Gideon, e finalmente chegou naquele lugar para onde Rule o empurrou.

O perigo que a filha de Jonas enfrentava e o inferno do passado de um projeto de pesquisa, finalmente desvendaria o fim de seus segredos. Ele também veria descobertas as verdades brutais escondidas no meio de quatro vítimas daquele horrível projeto, ou a morte possível de uma criança inocente e a destruição lenta de um homem que respeitava acima de tudo, com exceção de seu irmão.

Isto terminaria aqui, prometeu.

Mas o que aconteceria com ele, com quem ou o que ele teria que lutar, uma vez que isto acabasse...

 

DOIS MESES MAIS TARDE

Jonas olhava para sua filha adormecida, as mãos entrelaçadas enquanto seus pulsos descansavam no trilho do berço dela. Por um momento, quase pode se convencer de que ela iria ficar bem.

Quase.

A raiva inflamou dentro dele. Sua filha estava morrendo bem diante de seus olhos, e não importava o quão duro tentasse, não conseguia deter o soro que ela recebeu sete meses antes, de fazer o que os cientistas previram: isto a estava matando.

Da mesma maneira que matou seu criador, Phillip Brandenmore, semanas depois que ele injetou Amber.

Isto apodreceu o cérebro dele de dentro para fora, matando-o lenta e dolorosamente.

Deus o ajudasse, não podia permitir que isto acontecesse com Amber. Destruiria sua mãe, sua companheira.

Isto o destruiria.

Afastando-se do berço, seus braços soltando para os lados, olhou em torno do quarto, não pela primeira vez, procurando por alguma sombra, um espírito, algo, qualquer sinal de uma presença que pudesse responder suas perguntas.

Fadas, Cassie Sinclair as chamava. Jonas sabia que eram espíritos, sobras psíquicas ou sonhos defeituosos.

E nenhum tipo de espírito ou sombra, psíquica ou de outra forma, andava no caminho de sua filha.

Ainda.

Isso não significava que ela não tinha nenhum.

Não queria dizer que não tivesse futuro.

Simplesmente significava que era extremamente jovem para ter atraído algum para ela ainda.

De qualquer modo, isso não significava que não continuaria lutando pela vida dela.

As respostas estavam aqui, em Window Rock, Arizona, esperando para serem desenterradas, enquanto outros segredos estavam esperando pelo dia em que pudessem ser enterrados.

Ele não via as coisas que Cassie via e não via aquelas imagens vagas próximas com frequência. Mas sabia o suficiente para entender que aquele ritual dos antigos Navajos, que foi desempenhado neste deserto nove anos atrás, três anos depois da fuga de quatro incríveis dotadas criações, revelariam o secreto que ele precisava para salvar Amber.

A pergunta era se descobriria a verdade a tempo.

Jonas sabia que procurou por toda área que podia imaginar. Examinou cuidadosamente todas as memórias, não importa o quão sem foco ou incertas que Liza Johnson tinha de sua vida anterior como Honor Roberts. Ele sondou especialmente as memórias nebulosas e dispersas do ritual propriamente que ela se lembrava. O antigo poder que transferiu a consciência de duas meninas agonizantes para os corpos de Honor Roberts e Fawn Corrigan não era tão fácil de decifrar como esperava, até mesmo com a ajuda dos guias que às vezes vinham com ele.

O espírito de Honor e Fawn foram, de alguma maneira, postos para dormir até a hora do despertar, como era chamado. Cassie assegurou que agora estavam acordadas, e funcionando muito bem com aqueles espíritos de Claire e Liza, quando a tinham repreendido por tentar interferir.

Um ataque recente contra Liza revelou aquelas memórias parciais que agora permitiam a Jonas reconstituir algumas pistas que faltavam, que precisava para quebrar o código que escondia as informações sobre o soro que foi injetado em Amber.

Apenas alguns pedaços. Ainda assim, a fórmula e várias anotações dos anos que o soro foi usado em Honor e Fawn ainda tinham que ser decodificadas.

Claire Martinez, a jovem que habitava o corpo de Fawn Corrigan, aceitou o fato que não era quem acreditou ser. Aceitar e despertar eram duas coisas diferentes, entretanto. E os segredos que a garota estava escondendo começava a aborrecê-lo. Como diabos podia sair do caminho e deixar que continuasse a procura de uma maneira honrosa de se matar?

Filho da puta, por que não podia se afastar da porra dos problemas dos outros e focar apenas no seu. Em sua filha. Em sua companheira.

Porque isto estava amarrando todos juntos, ele admitiu.

Tecidos tão juntos que abandonar seria como abandonar a criança que seu coração assumiu como dele. E isto significava fazer o que podia para trazer Fawn Corrigan, ou Claire Martinez como era chamada agora, ao longo de um caminho que a deixaria cara a cara com o Casta que jurou matá-la.

Claire revelou que tinha pesadelos e alguns pedaços dispersos de memórias dos anos de Fawn nos laboratórios, também. Mas ainda havia tantos pedaços perdidos e tão pouco tempo.

Antes que pudesse atrair o Bengala Judd e o feroz Bengala Gideon para fora, as meninas teriam que alcançar dentro de si mesmas e encontrar o espírito que dormia dentro delas. Liza e Claire teriam que aceitar que o indulto que receberam da morte estava no fim, e as partes de Honor e Fawn que ainda dormiam teriam que aceitar que estava mais uma vez em tempo de enfrentar suas vidas e realmente acordarem.

Isto tinha que acabar.

Saindo do quarto de Amber e entrando no quarto principal da suíte do hotel, Jonas andou a passos largos até a escrivaninha encostada na parede distante, e sentou-se. Ativando o painel holográfico de seu computador, colocou a palma contra o scanner biométrico no topo da escrivaninha e esperou que a tela aparecesse.

Quando o painel holográfico surgiu, puxou vários arquivos enquanto verificava o tempo.

Ele tinha cinco minutos antes da reunião que convocou com o recentemente promovido Chefe de Investigação, Rule Breaker.

O campo investigativo da Agência de Assuntos Castas estava crescendo rapidamente, exigindo que Jonas colocasse seu melhor Enforcer numa posição chave, agora disponível.

E dentro das investigações de crimes contra os Castas e a Lei dos Castas.

Entretanto, em breve, Jonas suspeitava, Rule estaria dirigindo os novos escritórios do Novo México, como diretor de divisão em vez de continuar em outra missão, depois de completar esta aqui.

Aquele conhecimento o lembrou de uma promessa silenciosa que fez a si mesmo, nove anos atrás, quando voou para longe da área, e para a criança ferida que foi deixada aos cuidados de sua família. Uma família tragicamente ferida pela morte do jovem que todos estimavam.

Organizar a vida de Rule era algo que Jonas jurou à Rule que não faria.

Inferno, até mesmo cruzou os dedos, por via das dúvidas, quando fez esta promessa.

Manobrar Seth Lawrence e Dane Vanderale, dois dos maiores benfeitores dos Castas, a fazer o trabalho sujo por ele, exigia um pouco mais de sutileza. Se eles sequer pensassem ou suspeitassem sobre suas ações, criariam um Casta Locutor apenas para anunciar isto para todos os Castas por toda parte.

Especialmente Rule.

Agentes da Narcóticos.

Isso era o que eram.

O termo antiquado relampejou em sua mente.

Não eram nada além de malditos agentes da Narcótico, os dois. Se não fossem extremamente cuidadosos, mostraria exatamente por que deveriam ser muito cautelosos. Porque Jonas sabia coisas do futuro deles que nenhum homem poderia jamais imaginar.

Até agora, estava jogando bem.

Mas o dia estava se aproximando rapidamente para um deles, logo seria algo do passado.

Era apenas questão de tempo antes dele entender como curar sua filha. Então poderia focar em reestruturar a Agência de Assuntos Castas. Uma vez que isso fosse completado, Jonas, Callan e Wolfe teriam certeza que a visão do futuro dos Castas poderia continuar, se alguma coisa acontecesse para um ou todos eles.

Então Jonas tinha intenção de mostrar ao seu meio-irmão legitimo, Dane Vanderale, exatamente por que, tanto os Castas e os humanos o temiam como o faziam.

Ele estava apenas completando os acréscimos finais para arquivar o que juntou, quando a porta de sua suíte abriu e o Casta Leão de plantão, Flint McCain entrou.

— O comandante Rule está aqui, senhor. — Ele anunciou.

Jonas assentiu para ele com firmeza.

— Deixe-o entrar.

Afastando-se de lado, Flint acenou com a cabeça para Rule enquanto ele entrava na suíte, seus olhos azuis neon chamejando com diversão para Flint quando o outro Casta ergueu seu lábio num grunhido sutil.

Rule passou seu tempo guardando muitas das portas de Jonas pelos últimos dez anos. Jonas não se ressentida dele nem por um segundo por atormentar Flint agora.

— Jonas. — Rule andou até a escrivaninha, os anos em que trabalharam juntos quase obliterando o protocolo neste momento. — Como está Amber esta manhã?

Não era nenhum segredo que ela estava deteriorando rapidamente, nas semanas desde o ataque à Liza. Por alguma razão o hormônio desconhecido que Brandenmore injetou nela, de repente aumentou durante a noite dentro de seu corpinho, depois de nivelado por várias semanas.

Durante algum tempo tiveram esperanças que ela rechaçasse os efeitos, apenas para observá-la recair novamente naquele mundo de dor e confusão.

— Ela está descansando esta tarde. — Ele respondeu. — Sente-se Rule, tenho algo para conversar com você.

Rule sentou numa das confortáveis cadeiras em frente à escrivaninha, as costas eretas, os pés plantados firmemente no chão. Vestido com o uniforme preto de missão da Agência — a insígnia de sua posição Casta, um leão rosnando num ombro, barras de seu comando enfeitando o outro — ele parecia como a habitual máquina de matar aperfeiçoada que foi criado para ser.

Os cabelos pretos na altura dos ombros estavam puxados atrás e amarrados em sua nuca; os olhos azuis neon cercados por grossos cílios pretos e ferozes, que nitidamente definiam as características que o faziam popular entre o sexo feminino, enquanto a forma resistente de seu corpo e o controle exigente, o faziam um excelente comandante entre seus pares.

Apertando o botão de comando para enviar os arquivos para o e-pad de Rule, antes de desativar o computador e sentar de volta em sua cadeira, Jonas observou o Casta silenciosamente por longos momentos.

Rule nem ao menos olhou para o teclado eletrônico que carregava num coldre em sua coxa. Apenas esperou, talvez não pacientemente, mas em silêncio.

— Você conseguiu encontrar alguma informação sobre os Desconhecidos? — Ele perguntou à Rule então, observando atentamente enquanto o Casta dava uma sacudida negativa com a cabeça.

— Nada além de contos de fadas. — Ele finalmente respondeu. — A cada geração, seis guerreiros são escolhidos para proteger o coração do Navajo. Ninguém sabe o que é o coração, entretanto. Eles são dotados com poderes e segredos antigos, que os ajudarão a esconder e proteger o que é mais importante para o Povo. E é isto. Que tal seus contatos? Voltaram com alguma coisa?

Jonas balançou a cabeça.

— Alguma suspeita quanto ao seu contato? — Jonas perguntou, batendo um dedo contra o braço da cadeira, enquanto observava Rule pensativamente.

Rule balançou a cabeça novamente.

— Nada ainda. E não teremos até que alguém realmente admita acreditar que eles sejam reais. — Ele franziu o cenho então. — Seria bom se a mensagem que recebeu sobre eles fosse um pouco mais precisa.

Um careta franziu os traços de Jonas.

— Um nome seria realmente bom. — Ele concordou antes de se inclinar para a frente e apoiar os braços na escrivaninha uma vez mais. — Acabei de enviar os arquivos que precisará para sua próxima missão para seu e-pad. — Jonas acenou para o dispositivo, entretanto Rule não fez nenhum movimento para removê-lo. — Várias horas depois dos atacantes arrebentarem as janelas da suíte de Liza no mês passado, ela experimentou um retrospecto para o ritual que ocultava uma presença adicional dentro de seu próprio corpo. Naquele retrospecto, viu seis guerreiros pintados — os Desconhecidos, e ela se lembrou de Orrin Martinez chamando-os. Eles disseram que a protegeriam e a Claire, assim como a pessoa que observava de longe, e a pessoa que viria a seguir, quando fosse o momento certo.

— Judd e Gideon. — Rule murmurou enquanto escorava um tornozelo em seu joelho, e apoiava o cotovelo no braço da cadeira, estreitando seu olhar pensativamente. — Sabemos que Gideon já está aqui, e consegui encontrar algumas pistas de um Casta que chegou há doze anos, apenas para desaparecer alguns dias depois do acidente da Liza e Claire.

Jonas rangeu os dentes enquanto lutava por paciência. Maldição, não teria que jogar esta porra destes jogos infernais se todos apenas parassem de tentar iludir o destino e aceitassem o fato que ele sabia a merda que estava fazendo.

Ele respirou fundo.

— Quando chegamos aqui nove anos atrás, originalmente estávamos procurando por uma transmissão para localizar um rapaz, Mark McQuade. Ele era um hacker excepcional, e por vários anos nos alimentou com informações e arquivos que roubou dos computadores protegidos do Conselho. Os arquivos eram tão secretos que se fossem lançados na época, teriam destruído alguns dos principais líderes do mundo. Nós os usamos para chantagear esses líderes ao invés disso. — Jonas sorriu impiedosamente. — Alguns inimigos são melhores usados do que destruídos.

Era uma filosofia que sabia que Rule concordava. Ainda.

— Soube que procurávamos por um hacker quando chegamos aqui antes. — Rule declarou. — Ele foi morto por Coiotes naquela noite antes de podermos alcançá-lo e a sua irmã, entretanto.

Rule continuaria a desempenhar a charada, Jonas pensou.

Como se não estivesse bem ciente que o Casta fez várias viagens ao ano para aquela área, para averiguar a garota desde aquela noite.

— Sim, era ele. — Jonas suspirou. — Foi morto tentando protegê-la quando os Coiotes o acharam primeiro.

Aqui estava.

Jonas afastou a pontada de satisfação, sabendo que era muito cedo para sentir qualquer triunfo. Apenas quando Gideon o enfrentasse com as respostas que precisava para curar Amber, iria permitir que este triunfo se liberasse.

Mas aqui, finalmente, estavam os passos finais para assegurar isto.

— Gypsy McQuade. — Rule recostou-se na cadeira com um ar sombrio, porém Jonas não ignorava a forma fantasmagórica de um singular leão, que desacelerava lentamente até que se sentou ao lado de Rule, observando Jonas com suspeita, os poderosos dentes bem visíveis.

Jonas não tinha nenhuma intenção de avisar Rule que sua companheira o aguardava. Inferno, se o Casta não entendia aquilo, então merecia receber o que quer que fosse.

Inferno, Jonas queria o homem que traiu Mark McQuade e sua irmã Gypsy.

Sabia quem era.

Sabia que não tinha nenhuma prova.

Mas sabia também como trazer aquelas informações da escuridão para a luz. Este era seu poder e usaria isto opressivamente.

— O que sabe sobre Gypsy McQuade? — Jonas perguntou, como se não tivesse a mínima ideia que Rule provavelmente sabia muito mais do que deixava transparecer.

— Não muito. — Rule respondeu sem sequer pestanejar ou exalar o mais leve cheiro de mentira. — Dane e eu cruzamos com ela com bastante frequência em muitas boates e festas usadas por nossos contatos para passar informações para nós. É frequentadora assídua de clubes e bares, tanto legais como do submundo, e tem sido por anos, a meu ver. Ela gosta de festa, porém não se mete com drogas e nunca bebe mais do que pode aguentar. Ela está realmente se tornando muito boa amiga das fêmeas Coiote do bando de Delgado, Ashley, Emma e Sharone. Surpreendentemente, sua amizade com Khileen lentamente enfraqueceu, porém elas ainda parecem se dar bem, sempre que se veem. Acho que você sabe mais do que eu, considerando a amizade dela com sua companheira e sua filha.

Jonas bufou.

— Como você provavelmente já sabe então, ela é incrivelmente reservada sobre discutir sua própria vida.

Rule assentiu.

— Seu irmão era um hacker excepcional. — Jonas suspirou, continuando a ignorar a referência da amizade de Gypsy com sua família. — A comunidade Casta ainda lhe deve um inferno de dívida. Por causa daquela dívida, assegurei-me de que sempre tivesse amigos a quem recorrer. Não que se aproveite disto. Ela é tão desconfiada quanto seu irmão era. — Jonas franziu o cenho; seguramente Gypsy conseguiu clamar por toda aquela culpa e dor até agora. — Gypsy está certa que foi a razão por seu irmão ser morto. — Ele expirou asperamente. — O arquivo dela está em seu e-pad, como também minhas anotações e observações, junto com as de Liza, de Claire e Terran Martinez. Junto com os arquivos dela estão os de sua irmã, Kandy Sweet McQuade, como também a antiga noiva de Mark, uma promotora assistente em Window Rock, Theadora Lacey. Elas são a pequena lista de contatos que suspeitamos que os Desconhecidos costumam usar para saber nossos movimentos na área, assim como também dos Renegados Castas que o Conselho envia. Os Desconhecidos são suspeitos de serem diretamente responsáveis por nossa incapacidade de localizar ou capturar Gideon, e suspeitamos que também saibam da localização de Judd. Encontre apenas um deles, Judd ou Gideon, e teremos o que precisamos para arrastar os dois e terminar com isto. Exceto que, se identificarmos esses Desconhecidos, alcançaremos o mesmo resultado. E se tivermos muito sorte, talvez eu possa descobrir quem traiu o irmão de Gypsy e destruiu a vida daquela criança no curso da investigação.

E Jonas poderia oficialmente dar licença à Rule para executar uma investigação que ele vinha executando por baixo dos panos há muito tempo.

A procura pela pessoa ou pessoas responsáveis por revelar as atividades de Mark McQuade aos Coiotes do Conselho que procuraram por ele há nove anos atrás.

Porque tão certo quanto este Casta estava fazendo uma das manipulações mais complexas que Jonas já viu — fora as suas próprias, se Rule não fosse extremamente cuidadoso — iria conseguir seu traseiro queimado se fosse descoberto por estar fazendo isso.

 

Rule olhou de volta para Jonas por longos silenciosos momentos, antes de puxar o e-pad do coldre que usava ao lado de sua coxa. Ativou-o e puxou os arquivos que Jonas enviou. Esquadrinhou cada um rapidamente, parecendo ler pacientemente.

Inferno, ele conhecia este arquivo assim como conhecia sua própria vida.

Provavelmente melhor.

Como inferno Gypsy se tornou suspeita de trabalhar com os Desconhecidos?

Ele acabaria chutando o traseiro de alguém por deixar isto acontecer. Anos de manobras, observando seu lindo traseiro, e protegendo homens — tanto humanos quanto Castas — que Jonas daria seus caninos por isto, poderia chegar a um fim rápido e doloroso não só para ele mesmo, mas para Gypsy também.

Ele conhecia cada uma das outras jovens do arquivo, entretanto prestou pouca atenção nelas ao longo dos anos. Não tinha nenhuma razão.

Kandy Sweet McQuade — alguém deveria ter atirado no pai dela por aquele nome — administrava a loja de doces e presentes de seus pais, enquanto Hansel e Greta McQuade, junto com Gypsy quando necessário, e o melhor amigo do filho falecido deles, Jason Harte, administravam uma pequena, mas bem sucedida empresa de construção de imagem pessoal.

Duas irmãs e a ex-noiva de um homem morto suspeitas de trabalhar com um grupo tão secreto que até agora, eram considerados apenas como um maldito conto de fadas. Eles deveriam ter permanecido como um conto de fadas. Alguém estava soltando a bola aqui, e era bem melhor se esconderem novamente, antes dele começar a chutar alguns traseiros.

O contato dos Desconhecidos, com um codinome de Whisper, era suspeito de ter começado a trabalhar com o grupo entre nove e dez anos atrás, durante o ano depois que Mark McQuade morreu, e era diretamente responsável por contatar os Desconhecidos a tempo de afastar os renegados Coiotes de se movimentarem sobre o local onde Honor, Fawn e Judd ficaram escondidas três anos depois que escaparam dos planos que o Conselho de Genética tinha para todos. Se não fosse por Whisper, seriam levados.

Relatos de testemunhas oculares no Novo México naquela época, descreveram um pequeno grupo de nativos americanos, disfarçados com pinturas de guerra e lutando com um bando de Coiotes, enquanto dois outros fugiam com duas adolescentes e um jovem macho. E nunca foram vistos na área novamente.

Trilhas foram estabelecidas conduzindo ao Novo México. Foram vistos na Venezuela, mas nem o Conselho e nem as forças dos Castas conseguiram chegar perto o suficiente para terem uma chance de capturá-los.

Nove anos de pistas encobertas, manipulando verdades e provendo mentiras — se não fosse cuidadoso, Jonas desvendaria isso tudo antes dele poder garantir a segurança de Gypsy.

Precisava assegurar a Jonas do ridículo de sequer imaginar que Gypsy estivesse envolvida com um grupo tão bem escondido e indetectável como os Desconhecidos, se eles existissem.

Jonas devia ser convencido que estava errado sobre isto — errado, ou Rule tinha que descobrir o fato de que o outro Casta estava num de seus fodidos jogos casamenteiros.

— Está certo sobre esta lista? — Rule finalmente olhou para cima, não encontrando nenhuma razão clara ou até mesmo uma forte suspeita nos arquivos para Gypsy ser marcada como suspeita de ser a espiã Whisper.

Jonas não tinha nenhuma prova que Gypsy estava envolvida em qualquer coisa. E se Jonas não tinha prova, então não havia nenhuma prova para ser achada. Isso era tudo que impedia Rule de pegar Gypsy imediatamente e escondê-la tão profundamente, tão rápido que encontrá-la exigiria mais recursos do que Jonas poderia reunir no momento.

A Agência não podia usar o que não podiam provar, ou sequer insinuar, como Jonas sempre alegou. Rule se certificaria que Jonas não tivesse nenhuma chance para “usar” Gypsy.

— Por quê? Você não está? — Jonas fechou o computador e recostou-se em sua cadeira novamente, distraidamente segurando uma caneta entre as mãos e preguiçosamente manipulando-a entre seus dedos enquanto observava Rule.

Rule ignorou a tática perturbadora mesmo enquanto escondia um sorriso de reconhecimento.

— Gypsy não se encaixava no perfil que tal contato teria. — Pacientemente explicou. — Ela é muito amigável, e muito interessada em ser uma mulher para se preocupar em ser uma espiã.

Porra.

Jonas não estava comprando aquilo apesar do fato de Rule saber que era um maldito bom argumento.

— Rule. — Jonas se inclinou para a frente em sua cadeira, largou a caneta na escrivaninha e apertou as mãos em cima disto. — Mesmo depois da morte de seu irmão e da convicção que foi a causa, escapando para aquela festa, Gypsy ainda frequenta cada festa que pode. Estava lá quando o soldado Coiote que levou aquele grupo atrás de Honor, Fawn e Judd se encontrarem com um de seus espiões na área. Ela era parte do grupo que o soldado se desfez naquela noite, apesar de sua tenra idade. No dia seguinte, aquele espião foi achado fora da cidade, sua língua e garganta cortadas, com uma nota para o Conselho alfinetado em sua camisa, declarando, renuncia por motivos de morte permanente e desmembramento. Gypsy socializa com um alto número de membros do Conselho de Genética suspeitos de viverem na área, seus contatos e funcionários. Ela é amiga dos tradicionalistas Castas renegados e membros da execução da lei tribal. Ela tem todos os contatos necessários para fazer o trabalho.

Rule tinha que elogiar quem escreveu aquela demissão desse contato, por ser eficiente como também divertido. Estava realmente bastante impressionado com o teor disto.

Isso não significava que não tinha um argumento pronto para Jonas.

— A lista de jovens que participaram da festa naquela noite, e ainda estão frequentando tais festas é grande. Existem várias candidatas que eu teria olhado primeiro. — Rule assinalou antes de permitir que a suspeita estreitasse seus olhos, na esperança que a distração funcionasse onde o debate não estava. — Quem criou esta lista de qualquer maneira?

Jonas reconheceu seu ponto, como também sua suspeita, com uma inclinação zombeteira de cabeça. Rule sabia que Jonas estaria bem ciente de por que suspeitava de um esquema. Havia muitos Castas que chamavam Jonas de casamenteiro de companheiros.

Ele tramava, conspirava e manipulava Castas até que os tinha alinhados perfeitamente com suas companheiras. Então teve a maldita certeza que aquelas Castas não poderiam e não tentariam fugir.

— Tive fontes independentes de dentro da Agência, como também conectadas ao Conselho Navajo compilando esta lista, a partir de mais de uma dezena de suspeitos. Individualmente, então em grupo, eles removeram cada suspeito e os eliminaram das suspeitas, com a exceção de seis. Destes seis, Gypsy era a única que foram incapazes de eliminar.

Rule voltou sua atenção para o arquivo.

Rule sabia para qual grupo Jonas atribuiu àquela tarefa. Liza Johnson, filha do presidente líder da segurança dos Navajos, e seu companheiro, Stygian Black. Isabelle Martinez, sobrinha do presidente e filha do conselheiro legal da nação. Malachi Morgan, o Casta Coiote companheiro de Isabelle. Terran Martinez, pai de Isabelle e referido conselho legal. Dane Vanderale, meio irmão de Jonas e um Casta híbrido tão bem disfarçado por seu pai extremamente influente, para jamais suspeitarem de ser um Casta. E um dos membros mais perigoso dos Castas Coiote, Dog.

Tanto Isabelle quanto Liza, como companheiras de Castas e sua história na área, as faziam as escolhas perfeitas para compilar a lista final, assim como faziam seus companheiros e o pai de Isabelle, Terran. Ainda assim, isto cheirava a manipulação.

E sentia o cheiro do perigo correndo impetuoso em direção à Gypsy.

Beliscando a ponta do nariz, Rule fingiu continuar a ler enquanto amaldiçoava interiormente, qualquer truque ou passe de mágica que tinha sido usado para pôr Gypsy naquela lista. O que quer que isto fosse terminava com Gypsy bem debaixo da consideração do diretor.

Era o último lugar que Rule queria que ela estivesse.

Pelo bem de ambos.

— Você esteve na companhia dela mais de uma vez, então assumirei que não há nenhuma chance de um acasalamento? — Jonas praticamente zombou.

— Sorte sua. — Rule concordou, sem tirar sua atenção do arquivo.

Rule categoricamente recusou quaisquer missões que Jonas tinha em mãos que envolvesse uma mulher. Felizmente para Jonas, Rule realmente passou algum tempo em companhia de Gypsy nos últimos dois meses, desde que chegou a Window Rock, e esteve em torno dela muitas vezes nos últimos anos, enquanto a averiguava.

— Você sabe que se adotar esta postura de diretor distrital aqui, Dane e Seth vão cortar esta cláusula que lhe dá permissão para fugir se suspeitar de uma companheira, mesmo fora do contrato.

Rule não olhou para cima nem uma vez e estava bastante orgulhoso do fato de que escondia o sorriso.

— Aquilo que interessa a você ou qualquer atribuição relativa a uma fêmea, Casta ou humana, permanecerá. Já discuti os detalhes com eles.

Jonas rosnou um som irritado.

— Isto é ridículo.

Rule ergueu o olhar devagar.

— Assim diz o Casta que eles chamam de Casamenteiro.

Jonas olhou de volta para ele, seu olhar prateado espiralando com raiva. Rule optou por distrair o diretor naquele ponto, em lugar de continuar o que estava certo que se transformaria somente em um debate nada amigável.

— Jonas, por que está tão seguro de que os Desconhecidos realmente existem? — Rule perguntou antes que Jonas pudesse negar a acusação. Ou pior, admitir isto. — Tenho procurado por semanas agora, e não há nem mesmo uma pista dos Desconhecidos serem qualquer coisa, exceto um conto de fadas, muito menos encontrar qualquer ligação com algum dos suspeitos. Diga-me que porra está acontecendo aqui ou encontre outra pessoa para jogar, porque não tenho tempo para esta merda.

— Orrin Martinez. — Jonas finalmente respondeu, sua mandíbula apertada com a exigência de Rule. — Quando mencionei os Desconhecidos para ele, o cheiro de medo era inconfundível. Como era também o cheiro de desespero quando tentou me convencer de que os Desconhecidos era apenas o que você disse, um conto de fadas. Eles existem Rule, eu garanto a você. E foi o mesmo grupo que escondeu Judd, Honor e Claire, e incontáveis outros Castas, e que voltou à Nação Navajo ao longo das décadas.

Rule esfregou atrás de seu pescoço, considerando as informações.

— Estamos certos de podermos confiar nesta resposta, entretanto?

Orrin deveria ser o avô de Jonas ao invés de ser de Rule e de Lawe. O homem era tão manipulador e calculista como Jonas poderia ser.

— A verdade estava em seus olhos, e em seu cheiro. — Jonas rosnou antes de seu olhar se tornar atento e sombrio. — Rule, preciso de você nisso. Não quero que aja por suposições porque pensa que alguém poderia ser sua companheira. — Jonas declarou sua voz ecoando preocupação agora. — Isto é vital para Amber. As memórias de Liza de sua vida como Honor Roberts estão ainda muito dispersas e rompidas para ajudar muito mais. Claire está retornando em pedaços ainda menores, e não temos nenhuma ideia de como encontrar Judd e Gideon. Sem as informações que eles mantém sobre aquelas experiências e a chave para os arquivos codificados de Brandenmore, Amber não tem uma chance de sobreviver a isto.

Rule desligou o e-pad e o retornou para o bolso acolchoado em que guardava isto, antes de olhar fixamente de volta par o diretor.

— Nunca ajo por suposições, Diretor. — Rule o lembrou. — Agora, como você sugere que identifiquemos Whisper, e quem é o contato dela com os Desconhecidos? — Ele perguntou, em relação à curiosidade do diretor. — Ou até mesmo se alguns deles é o contato que está procurando?

Filho da puta e maldição dos infernos. Ele não precisava disso, Rule pensou com uma ponta de raiva cuidadosamente escondida. Investigar Gypsy lateralmente não era seu curso de ação preferido. Não quando preferiria investigar aquele sensual lado erótico de Gypsy ao invés.

Jonas franziu o cenho, um olhar severo e escuro que tendia a deixar a maioria dos Castas extremamente nervosos. Rule o conhecia há muito tempo, e o conhecia muito bem, mas nunca nervoso.

Cauteloso em alguns casos, mas nunca nervoso.

— Comandante Rule, posso pedir seu conselho sobre como dirigir a Agência? — Jonas rosnou quando o olhar não teve nenhum efeito sobre Rule.

— Você não tem que pedir. — Rule zombou deliberadamente. — Acredito que ofereço numa base bastante regular. Uma das razões pelo qual estou considerando aquela direção de divisão, lembra-se? A propósito, deveria aceitar isso. Lawe, Diane e Thor se juntarão a mim nas posições de alto nível que foram descritas.

Jonas grunhiu para isto, enquanto batia uma única ponta de garra extensa, lentamente contra a escrivaninha.

— Levando meus melhores, Rule? Agora está apenas tentando me deixar puto.

Isso era completamente possível, Rule admitiu silenciosamente. Se pudesse irritar o diretor o suficiente para fazê-lo esquecer-se deste maldito caso.

Sabia que não ia acontecer, entretanto.

— Distraí-lo, talvez. — Rule encolheu os ombros enquanto admitia a acusação, mas não suas razões do por que. — Você está parecendo estressado, Jonas.

E Jonas nunca pareceu estressado em todos os anos que Rule o conhecia.

Observou enquanto Jonas balançava a cabeça, antes de passar a mão no rosto.

— Apenas encontre os Desconhecidos, Rule. Eles nos levarão a Gideon. Talvez então, Rachel, Amber e eu possamos descansar um pouco.

Gideon era o último vínculo.

Arquivos anônimos foram enviados de Judd até a Agência, depois que Liza se lembrou de partes daquela cerimônia que a escondeu por tanto tempo.

Os arquivos detalhavam os códigos que ele lembrava, esboçava claramente as anotações de pesquisas que viu e aconselhou a Jonas que, se Amber recebeu a primeira injeção e ainda estava viva, era uma maldita certeza, que as injeções continuavam num cronograma que batia com o mesmo que os cientistas que supervisionaram Honor e Fawn usaram.

Não havia nenhum soro para continuar, entretanto. Ninguém sabia a fórmula e havia muitos arquivos de crianças, adultos e jovens que fizeram parte daquela pesquisa e foram vítimas disto.

Então por que Amber ainda estava viva?

Rule sabia as perguntas, sabia onde encontrar algumas fontes para as respostas, mas o que aquelas fontes sabiam Jonas já tinha. Precisavam de Gideon, e Rule tinha medo que Gideon simplesmente não quisesse ser achado.

Nem mesmo como um pequeno favor que um feroz Bengala devia a Rule seria suficiente para consertar este problema.

— Começarei a trabalhar então. — Rule ergueu-se da cadeira.

Rezava para que pudesse encontrar algo, qualquer coisa, para deixar Gypsy fora daquela lista.

— Rule. — Jonas falou seu nome cuidadosamente, ocultando sua cautela no tom.

— Sim? — Rule era um mestre do comportamento casual. Ele trabalhou nisto pra caralho.

— Orrin Martinez fez outro pedido para encontrar com você e Lawe. Estou aconselhando-o, como seu amigo, para marcar uma hora e acabar logo com isto.

Até onde interessava a Rule, Orrin Martinez poderia ir para o inferno. Eles não tinham nada a dizer um para o outro, depois dos problemas que a família Martinez causou-lhes, quando chegaram pela primeira vez ao Novo México, especialmente o filho de Orrin, o chefe da Nação Navajo, Ray Martinez.

— Converse com Lawe. — Ele encolheu os ombros. — No que me diz respeito, não tenho nenhuma família aqui, exceto Isabelle e Chelsea. Os membros da família de Martinez estão apenas beirando a idiotice para me servir.

Os lábios de Jonas torceram.

— É compreensível, mas não aceitável. Resolva isto com cuidado e tire-os de minhas costas. Rapidamente.

Com isto, Jonas puxou o computador uma vez mais, um sinal de que, no que lhe dizia respeito, a discussão estava terminada.

Estava, porque Rule não encontraria com o velho bastardo ou sua família.

Deixando o escritório, Rule fechou a porta atrás dele antes de andar a passos largos pelo corredor abaixo, e dirigir-se para a suíte de seu irmão.

A companheira de Lawe, Diane, tinha encontrado as informações que levou os Castas para a capital da Nação Navajo, à procura de Honor Roberts e Fawn Corrigan. Talvez ela tivesse algo sobre os Desconhecidos também.

Algo que manteria Jonas fora das costas de Gypsy.

Pelo menos sabia que não havia uma chance dele acasalá-la. Seus instintos animais nem sequer estremeciam, quando ela estava ao redor. Inferno, nos nove anos que a vigiou, observando-a, começou a gostar dela, admitiu. Mas mesmo enquanto ela amadurecia, os instintos de acasalamento não apareceram nem tentaram despertar.

Apenas seu pau.

E nos últimos meses, ela afetou esta parte de seu corpo de um modo que, por algumas semanas, o fez se perguntar se teria que fugir afinal.

Em todos os anos que a observou, vigiou-a, assegurando-se de que estava segura e tão feliz quanto possível, ela nunca soube que ele estava lá. Roçava-se nela, movia-se silenciosamente em seu apartamento enquanto ela dormia, e mais de uma vez permitiu-se tentar a fome que percebia que estava sentindo por ela, depois que começou a amadurecer como mulher.

Mas nunca chegou perto dela de alguma maneira que permitisse que o reconhecesse, ou viesse a reconhecê-lo, até os últimos dois meses, desde a procura por Gideon os levar a Window Rock.

Até agora, ele tinha controlado o impulso de tomá-la com sua amante e ignorar a consciência sexual inquieta que o assolava.

Deveria ter se aproveitado das numerosas ofertas para um caso de uma noite, dado tanto pelas humanas como fêmeas Castas. Havia certas coisas que um homem aprendia especificamente sobre mulheres rapidamente, entretanto.

O que aprendeu sobre a Srta. Gypsy Rum foi o fato de que ela recusava a cama de qualquer homem ou Casta conhecido por ter um estilo de vida promíscuo, ou um que já dormiu com uma fêmea que ela conhecia.

O que obviamente estreitava o campo de jogo para ela.

Mas, tinha que admitir, era refrescando conhecer uma mulher que realmente se prendia às suas próprias regras, não importa a falha óbvia nelas.

Rule estava malditamente certo de que ela nunca teve um amante, entretanto.

Mas iria ter um logo.

Mulheres, seus corações, seus corpos deliciosos, todos os aspectos delas e partes que as faziam incríveis criaturas complexas que ele apreciava muito, nunca falharam em agradá-lo.

Talvez fosse por isso que ela o atraía.

Conhecia a inteligência e as complexidades por trás da fachada que ela mostrava. Aquela máscara de uma jovem superficial era apenas isso — uma máscara.

Ele suspeitava que fosse por isso que ela fazia parte da lista dos possíveis contatos dos Desconhecidos. E agora, teria que encontrar uma maneira de mantê-la fora daquela lista.

Convencer Jonas de que ela era exatamente o que parecia ser. Ainda que ele já soubesse.

A mágoa que carregava por trás de seu sorriso brilhante e sensual, o comportamento sensual assombrando seus momentos de vigília, como também seus pesadelos.

Viu a mulher que almejava algo que não tinha ideia de como alcançar. Uma mulher que encarcerou toda sua fome selvagem atrás de uma garrafa da cerveja, um sorriso sedutor e todas as festas ou bares divertidos que podia oferecer uma faísca de excitação em vez de calor erótico.

E o que ela nunca exibia, eram as decepções e os jogos que vinham com ser uma espiã.

Sem mencionar a habilidade de dormir com quem fosse preciso para adquirir as informações que ela buscava.

Não, a faísca que necessitava não tinha nada a ver com ser uma espiã para alguém, muito menos algum grupo que ninguém poderia confirmar que existia.

Rule decidiu semanas antes que tinha uma faísca dela, e tinha a intenção de vê-la queimar uma vez que ateasse fogo na fome dela. Antes precisava de uma prorrogação nas investigações que tomavam muito do seu tempo.

E a garantia de que o desejo endurecendo a carne entre suas coxas não tinha nada com o Calor do Acasalamento.

A selvagem e animalesca genética que frequentemente sentia como um leão enjaulado dentro dele, estava completamente desfavorável com ela. Aquela criatura das sombras dentro dele estava tão malditamente ocupada procurando pelos Coiotes que tanto gostava de lutar, porque este era um dos raros momentos em que Rule permitia que isto saísse e jogasse.

Inquieto, dirigiu-se para libertar o mundo das criaturas que ainda davam sua lealdade ao Conselho de Genética, seus sentidos animais raramente tomavam conhecimento de Gypsy, a menos que tivesse tempo para se excitar.

E isso tornava Rule Breaker muito feliz.

E potencialmente, uma Gypsy bem fodida.

 

UMA SEMANA MAIS TARDE

Gypsy deslizou na entrada secreta subterrânea da Agência de Polícia Secreta Navajo e, impaciente, fez seu caminho pelo corredor de aço forrado que levava ao elevador para os pisos superiores.

Ela verificou seu relógio. Cinco minutos de sobra.

Ela fez isto, mas não foi fácil. E certo como o inferno não era uma coisa que faria novamente antes do anoitecer chegar.

Andando para o elevador, esmurrou o botão debruçando contra o lado do cubículo de metal enquanto sufocava um bocejo e esperava por aquele pequeno PING que indicava que o passeio estava terminando. Isso significava que sua semana estaria terminando logo também, e esperava por uma boa noite de sono, pelo menos.

Endireitou-se da parede quando as portas abriram, e estreitou os olhos quando encontrou o homem que veio ver.

Vestindo calças táticas pardas e camiseta, poderia ser quente como inferno se não tentasse ser um babaca todo tempo. Entretanto seu cabelo castanho claro, seus olhos castanhos e sua aparência bem bronzeada o faziam um sucesso com todas as mulheres que conhecia.

Ela devia ser anormal, porque simplesmente nunca se interessou.

— Inferno, normalmente tenho que perseguir você quando retorno, — ela falou devagar, ficando reta e saindo do elevador quando ele olhou para ela.

Que diabo ela fez de qualquer maneira?

— Há quanto tempo está de volta? — Cullen Maverick, chefe da Agência exigiu, seu tom sombrio, um estalo irritante.

Maldição, ele devia ter tomado suas pílulas idiotas.

— Quanto tempo leva para vir da garagem subterrânea até aqui? — O escárnio era normalmente a melhor e mais efetiva arma contra sua babaquice. — Tente se acalmar um segundo, Maverick.

— Então não voltou a tempo suficiente para perceber que existe um maldito alerta sobre um Casta em seu traseiro, certo?

Ela fez esse tempo congelar. Não só uma pausar.

Dando uma parada dura, ela girou e só ficou olhando fixamente para Cullen, certa de que não devia ter entendido direito o que ele disse.

— Existe um o quê? — Ela perguntou cuidadosamente, rezando para não transparecer que estivesse em pânico e um sentimento de onde-vou-me-esconder começava a correr por ela.

— Você me ouviu, — ele estalou. — Um alerta Casta não oficial foi colocado sobre você por um tal Comandante Rule Breaker. Que merda está acontecendo?

— Não oficial? — Ela bufou com aquilo. Bem, isso acontecia quase a cada dois dias depois que ela chateava um deles. Ou a menos que o bebê do diretor quisesse mais “moo-cake[2]”. —Quando for oficial, me deixe saber.

Virando nos seus calcanhares, começou a acompanhá-lo para o escritório dele, sabendo malditamente bem que não ia tomar posse do que tinha em qualquer outro lugar.

Cullen não gostava das câmeras de segurança gravando todo movimento que fazia ou de informações permutadas entre ele e seus homens. Ou seus contatos, como Gypsy.

Além disso, sua cobertura de irritar Cullen já tinha sido estabelecida e seguida por anos. A menos que fosse vista realmente dando algo, então estaria ferrada. E ele também. Por um minuto de qualquer maneira.

A porta de seu escritório estava fechada, como sempre.

Idiota paranoico, ela pensou, se amaldiçoou por ser tão desconfiada quanto ele.

O barulho da fechadura sendo desativada seguiu sua mão se movendo no bolso da sua calça. Apertando novamente sua mão em torno do botão, entrou no escritório esperando a porta fechar atrás dele.

Uma vez que a sala estava segura, ela removeu a pequena caixa contendo o nano-nit que coletou do Spa em Broken Butte, Novo México. Ela escondeu isso no escritório do gerente, onde a maioria das informações seria aprovada, mais de um mês atrás

Áudio e vídeo.

O minúsculo pedaço de robô era incrível.

— Aqui está. — Sufocando um bocejo, deu a pequena caixa de plástico para ele. — Missão realizada e tudo mais.

Ele pegou a caixa ultra-fina, talvez dois centímetros quadrados, e atirou-a na sua mesa, ainda olhando para ela.

Uh-oh.

Gypsy olhou fixamente para a caixa, então de volta para Cullen com seus lábios estreitados em irritação.

— Não estou disposta para esta merda, — ela cautelosamente o informou. — Não sei qual o seu problema...

— Se estiver dormindo com aquele Casta, então amavelmente me informe agora, — ele estalou, seus braços cruzando cuidadosamente seu largo tórax, seus olhos castanhos estalando com ira. — Porque ele está deixando minha vida altamente desconfortável, Gypsy. Altamente. — A última palavra era um som baixo, furioso, saindo entre seus dentes entrecerrados.

Ela quase vacilou.

— Que diabos ele fez? — Seus olhos estavam arregalados, a descrença e confusão esmagando seu cérebro quando a profundidade da raiva de Cullen finalmente foi registrada. — Pelo amor de Deus, Cullen, desde quando sou responsável pelo que faz algum Casta louco?

— Você está dormindo com ele? — Ele sibilou novamente. — Então me ajude Gypsy, se isto for por causa de alguma maldita briga de amantes.

— Não estou dormindo com ele! — Ela o informou, ofendida. — Deus, mal falei com ele.

Inferno, ela não podia dormir com ninguém. Isso a estava matando.

Quando seu olhar cruzava com Breaker através de uma sala, era exigente, e podia jurar que mentalmente ele estava transando com ela naquele momento.

Tomando-a.

Empurrando nela.

Fazia todas essas suas pequenas partes femininas se animarem e começarem a se preparar para a invasão.

Malditas partes femininas.

— Então que merda é seu problema? — Girando, ele andou até sua cadeira, se jogando nela enquanto continuava a olhar para ela. — O homem está em cada bar, boate e inferninho, legal ou não, e realmente conseguiu impactar muitas fodidas festas procurando por seu traseiro na última semana. Tire-o do circuito, Gypsy.

Tirá-lo do circuito?

Ela o olhou fixamente, de olhos arregalados. — O que ele quer? Deus, Cullen, nós mal nos falamos. Ele paquera um pouco. Seu amigo, aquele maldito herdeiro Vanderale sai fazendo loucuras, prestando mais atenção em mim do que Breaker faz.

— Não me importa uma merda o que ele quer, — ele furiosamente a informou. — Leve seu traseiro lá fora hoje à noite, Gypsy e, por Deus, administre isso ou encontre uma maneira de detê-lo. De qualquer modo, consiga ele fora da merda do circuito antes que alguém decida descobrir por que uma menininha festeira é perdida em combate, e nem sequer os Castas podem encontrá-la.

Ela abafou um gemido.

O Comandante era quente como o inferno. Fazia coisas para sua libido que deviam ser declaradas ilegais. Isso não significava que tinha tempo para isto. Não importa o quão certas partes dela estavam ávidas para estabelecer um contato mais íntimo, entretanto não sexual, com ele.

Isto era simplesmente desnecessário. Ela estava cansada. Queria dormir.

— Cullen...

— Não me chame Cullen. — Quando ele derrapou em sua cadeira, seu olhar empreendeu um novo significado de pura fúria reluzindo em seus olhos e aprofundou sua voz. — Faça isto. Hoje à noite. Ou beije este pequeno trabalho secundário e adeus. Você definitivamente será encaminhada para o maldito telefone, no turno da meia-noite, pelo próximo ano se não cuidar disso. Agora.

Porra.

Ela realmente queria dormir hoje à noite. Mas, realmente, de fato gostava de seu pequeno trabalho secundário também, maldição.

— Certo, hoje à noite, — ela murmurou, perguntando-se que diabo aconteceu com seu pequeno mundo enquanto ela estava fora. — Mas não vejo como qualquer coisa disto seja minha maldita culpa. Não fiz nada.

— Você não tem cinco anos, — ele assinalou sarcasticamente.

— Então pare de me lembrar do que senti ao ser culpada quando não fiz nada, — ela o informou intencionalmente. — Estava tentando dormir hoje à noite.

— Durma depois que conseguir aquele maldito Casta fora de seu traseiro.

— Não o convidei para embarcar nisto, Cullen, — ela protestou, indo para a porta.

— Você fez algo, — ele murmurou. — Qualquer coisa que tenha feito, conserte. Rejeite-o, o beije, foda com ele, não dou uma merda e não quero nem saber. Mas faça-o ir embora.

Ela bateu a porta na última ordem.

Maldição, ela realmente queria dormir.

 

Às vezes, não pagam um homem ou Casta para tomar uma decisão, Rule decidiu enquanto vadiava contra o bar em outro cabaré da lista de clubes conhecidos que Gypsy geralmente frequentava.

Saber que finalmente a achou não ajudava seu humor, ou sua irritação. Ela sumiu por uma semana e ele estava ficando cansado de esperar que ela trouxesse seu traseiro de volta para cidade.

Rule estava começando a pensar que realmente teria que persegui-la se queria vê-la novamente.

Uma semana sem aparecer era uma maldita longa espera, especialmente uma vez que se decidiu a tê-la.

Depois de ficar a última semana sem vê-la, estava tão impaciente quanto um viciado precisando de uma dose e se perguntando se devia se preocupar sobre essa reação.

E isso o irritava.

Talvez tivesse uma personalidade viciante, ele pensou enquanto a observava e vários de seus amigos passeando de propósito pela pista de dança.

Ela estava se preparando para dançar, e Deus abençoasse seu coração, mas sempre que dançava ela podia transformar homens em animais bajuladores famintos para foder.

O cheiro da luxúria dela nunca falhava em causar nele uma carranca para qualquer macho azarado o suficiente para pegar seu olhar.

Talvez apenas estivesse acostumado a achá-la sempre que queria.

Inferno, ele praticamente assistiu seu crescimento.

Não podia contar quantas vezes veio a Window Rock nos últimos nove anos, para verificar a criança traumatizada que lutou tão valentemente contra aqueles Coiotes, tantos anos atrás.

E tinha que dizer, ela cresceu como um inferno de mulher.

Era cautelosa e reservada, e os efeitos da noite em que seu irmão morreu frequentemente apareciam em seu olhar muito sério.

Mas ela se transformou em um inferno de beleza.

E ele era maluco por uma mulher em couro preto também.

Senhorita Gypsy Rum McQuade adotou uma propensão para couro preto logo após seu décimo oitavo aniversário.

E o deixava louco da mesma maneira.

Observando a delicada forma, as botas de couro acima de seus joelhos, a pequena saia de couro preta agarrando seus quadris e bunda deliciosa, um colete de couro preto que mostrava sua barriga bronzeada e as curvas superiores de seus seios cheios, não podia evitar seu sorriso.

Poderia estar babando um pouco, e maldito fosse se não esperava que Dane Vanderale não tivesse visto.

Mas inferno, aquela mulher era feita para tentar, seduzir e entregar, tudo em um pacote.

Rule decidiu que era o Casta para coletar isto também.

Estava muito cansado de tão luxuriante e bonito corpo não ser reclamado por ele.

Mandíbula cerrada, seu pau pulsando, assistia enquanto ela se movia.

Erguendo seus braços e movendo seu quadril, suas pernas se movendo graciosamente em saltos de quinze centímetros, sua expressão ficando exótica, erótica. Sensual o suficiente para fazer um Casta ter que se forçar a não arquejar.

Cabelo longo, liso, tão escuro que era quase preto e emoldurando um rosto sombrio tão delicado que não podia impedir a dureza empurrando a calça preta de missão que vestia. Graciosa e feiticeira, sensual e queimando com um fogo escondido, ela o fazia querer queimar com ela, queimar nela.

Fluidos e graciosos, quadril e ombros balançando, olhos verde jade cintilando provocativamente, sobrancelhas espessas longas semicerradas. Aqueles olhos reluziam com promessas más, e fria distância.

Uma distância que ela usou contra ele mais de uma vez nos últimos dois meses desde que Jonas trouxe sua investigação para Window Rock.

Hoje à noite, ela estava o evitando plenamente, e sua explicação para seu desaparecimento estava causando mais que algumas sobrancelhas levantadas desde que ela chegou, menos de uma hora atrás.

De acordo com ela, esteve em um SPA em Broken Butte, Novo México.

O xerife local que acasalou com a irmã de Jonas, e um deputado, primo do xerife que acasalou com outra Casta, verificaram a história e reportaram, poucos minutos atrás, que essa Gypsy nunca esteve naquele SPA em Broken Butte. Sabiam porque não era mais do que uma fachada para a Agência de Assuntos Castas e qualquer cliente que batia em suas portas era completamente vetado.

Mas quem disse que ela entrou como cliente?

Rule se absteve de agitar sua cabeça em desgosto frustrado.

Gypsy teria que ser mais cuidadosa se tinha intenção de continuar fazendo estes pequenos trabalhos estranhos para um de seus chefes, Cullen Maverick.

Ela acabaria conseguindo seu traseiro queimado neste ritmo. E se seu traseiro fosse pego, então ele estaria frito.

Entretanto aquele pensamento ou qualquer outro fugiu de seu cérebro quando seus olhos encontraram os dela e se prenderam por segundos aquecidos, e ele jurava que a fome que assolava dentro dela começou a queimar mais quente.

No meio de uma pista cheia de sedução, com convite de mulheres sedutoras, graciosas, sexuais, cintilando em seus olhos à distância, sem a reserva que vislumbrou no ar ao redor ela, ela se destacava com uma consciência inexplicável.

Ela se entregou à música e isso era tudo que ia dar, o olhar parecendo advertir.

Ela não se entregava aos homens que tentavam puxá-la. Ela não se entregava para as mulheres que se esfregavam contra ela em sensual abandono. Nem à embriaguez ou drogas que fluíam muito livremente.

Ela podia ser tão reservada quanto o inferno, mas pureza fluía dela, até enquanto ele sentia a escuridão, o rico desejo preso dentro dela, como uma chama viva.

Ela queimava do lado de dentro.

Rule jurou que podia ver a chama queimando lá no centro de seus olhos. Não a mesma chama facilmente vislumbrada nos olhos dos Castas ou animais em uma certa luz. Isto era uma chama mal contida, queimando no centro da alma, presa, louca para ser solta.

Uma mulher louca para ser tocada.

— Vê o que eu vejo? — Dane Vanderale, o filho híbrido legítimo do primeiro Leo e a maior dor de cabeça de Rule, falou pelo link de comunicação, o sotaque africano zombando. — Ela está evitando você, Breaker.

— Eu vejo, — Rule declarou no microfone que saía do link preso em sua orelha. —Descobriu onde ela foi?

— Ela disse Spa, mas fontes dizem que ela não estava lá, — Dane lembrou a ele.

— Maldição, Dane, não é isso que quero ouvir, — Rule rosnou.

Dane riu baixo, sabendo que o som irritava Rule.

— Melhor verificar os hormônios, velho amigo. Qual era aquela primeira regra? Corra, não caminhe, tropece ou hesite. Corra como o inferno ao primeiro sinal do calor do acasalamento? O que mais acenderia paixão por uma mulher? Se não soubesse melhor, acharia que ela é sua droga.

O acentuado sotaque de diversão fez os dentes de Rule friccionarem de irritação.

— Acho que eu já saberia agora, — ele grunhiu.

Esteve próximo o suficiente dela nos últimos anos para que seu odor fosse familiar para ele como o dele mesmo. E este odor nunca mudou desde que se transformou de menina em mulher, quando fez dezoito anos.

— Então é por isso que continuam fugindo um do outro, não é? — Dane riu. — Me diga, gatinho covarde, vai ter coragem de dizer olá para a menina bonita hoje à noite em vez de persegui-la como um pervertido, como tem feito nas últimas semanas?

Ele disse a ela vários “ois” nas últimas semanas. Ela fingiu ignorá-lo tão frequentemente quanto possível, entretanto ele estava bem ciente de que ela sabia exatamente onde ele estava a cada segundo que estava próximo.

Ela era malditamente cautelosa ao redor dele, o observando cuidadosamente, quase desconfiada, e deixando seu pau mais duro pelo fato que estava se mantendo tão indiferente.

Deixar Dane aborrecê-lo seria tolo neste momento. O outro homem vivia para irritar outros Castas.

Rule sempre achava que ele poderia estar mesmo desejando a morte.

— Deixe de ser espertinho, Júnior, — Rule rosnou, usando o apelido insultante que o pai de Dane, Leo, usava quando ficava irritado com seu filho. — Agora, responda a fodida pergunta antes que eu tenha que enviar sua pele para o papai com minhas desculpas, por finalmente ficar cansado de sua ignorância.

Dane rosnou, o som extremamente perto do som animal em vez do híbrido que Rule sabia que ele poderia ser.

— Ah, e que dia seria, — Dane disse brincando. — Leo provavelmente bateria levemente em suas costas e o adotaria por ser tão valente sobre tentar tal coisa. Ou daria a você o enterro que obviamente está procurando. Uma vez que eu termine com você, claro.

Cruzando seus braços acima do tórax, Rule dirigiu um olhar na direção do híbrido. — Só responda a pergunta, imbecil.

— Onde ela foi? — Dane repetiu sarcasticamente. — Esqueceu-se de mencionar que ela era parte ilusionista e parte mulher invisível quando me deu o trabalho de persegui-la. É um duro danado dizer onde ela esteve, pelo que consegui descobrir. Mesmo sua linda irmãzinha não tem ideia de onde ela vai, de acordo com Loki. Embora ela tenha mencionado estar preocupada que você aparecesse no apartamento dela procurando por ela, em breve. Aposto que a bela Gypsy está esperando o lobo mau. Acha que vai ficar surpresa quando receber o gato covarde em vez disso?

— Vou dar um chute na sua bunda, imbecil. — Rule o advertiu.

— Sim, sim, pegue uma senha, maluco. — Dane realmente riu da ameaça. — Seja agradável ou empurro a grande bruxa má no teu traseiro. Qualquer mulher que vive em um apartamento ao lado de uma casa com balas de goma pintadas nela tem que ser fodona.

— Ela não é nenhuma bruxa má, Júnior, — Rule falou pausadamente. — E ela pode me alimentar com doces a qualquer hora, certo?

Havia um doce que ele fantasiava de maneira regular, realmente.

— Cuidado aí, gato covarde, ela poderia ser mulher demais para um gatinho como você. Devia deixar um felino real fazer este pequeno trabalho. — A pura indulgência divertida na voz do híbrido fez Rule dar um olhar pensativo pela multidão para onde o Dane estava, junto ao bar.

— Dane, você está bêbado? — Rule questionou.

O Casta híbrido ergueu seu copo com um sorriso zombeteiro, os óculos escuros caindo em seu nariz para que pudesse olhar acima dos aros.

— Não ainda, — Dane suspirou. — Mas a tentação está aí.

Dane estava extremamente irritante, até para ele.

— E para que essas malditas lentes? É um bar, não meio-dia no meio do deserto, — Rule ridicularizou, se perguntando o que diabos aconteceu com o Casta.

Dane deu um pequeno aceno com a cabeça em saudação antes de virar para a pista de dança.

Beliscando a ponte de seu nariz, Rule ficou tentado a fechar seus olhos. Mas a banda começou outra canção. Algo sobre o que um cara tinha que fazer para o cantor “se quisesse ser seu vaqueiro”. Era uma canção velha, mas Gypsy pareceu contente ao ouvi-la.

Segundos mais tarde seus olhos arregalaram, seu pau cresceu impossivelmente mais duro e jurou que teria dificuldade para respirar.

Filha de uma cadela, era o suficiente para fazer suas bolas apertarem pela pura apreciação de como aquelas pernas adoráveis curvavam só o suficiente, sua cabeça caia para trás, seu quadril se movendo, rolando, enquanto mãos delicadas acariciavam o ar de seus seios até seu quadril.

— Deus tenha clemência. Mas amo ver como ela deixa os homens loucos, — Dane soltou, em uma avaliação pasma de como a pequena tentadora vestida de couro na pista de dança começava a trabalhar seu corpo inteiro com a música. Quadril, coxas, ombros e peitos atraíam os olhares quando ela abordou uma mesa onde quatro Castas Enforcers se sentaram, em transe da mesma maneira que Rule e Dane estavam.

Rangendo seus dentes, ele mudou para o canal Enforcer em seu link.

—O primeiro idiota que tocar nessa mulher me enfrentará. — Ele estalou na linha se surpreendendo quando Dane deu uma risadinha através do dispositivo.

— Melhor correrem por suas peles, companheiros, — Dane injetou só abaixo do nível de riso.

Rule não respondeu ao híbrido mais Enforcers responderam à sua ordem. Seus olhos estavam presos naquela imagem pura de fogo enquanto ela se movia na direção da mesa que estavam sentados.

Eles não estavam escutando.

— Boa sorte, meu amigo, — Dane o aconselhou, seu tom e sotaque espessando mais quando a bela sacudiu sua cabeça, o cabelo grosso girando ao redor de seu corpo quando se moveu mais próximo da mesa, em resposta às demandas da cantora que seu “vaqueiro” a levaria para um passeio.

O comprimento duro de seu membro pulsava como um ferimento aberto, muito sensível e muito faminto para ser contido.

Apesar da sensibilidade dolorida da carne inchada entre suas coxas, sua língua não mostrava nenhum sinal do hormônio enchendo as glândulas. Tudo que saboreava era a cerveja que bebeu logo antes de vê-la e a menta do chocolate que terminou antes de seu olhar varrer a pista de dança.

Estreitando seus olhos, rondou pela multidão e se dirigiu à mesa onde aqueles sortudos Enforcers estavam apreciando o show onde nenhum Casta, ou macho humano, possivelmente poderia conter sua luxúria.

Não confiava naqueles malditos Castas em não tocar. Apesar da ordem.

Ele andou para a mesa entre dois dos mais jovens Enforcers; o odor de luxúria golpeou seus sentidos, ofensivamente, saindo um grunhido perigoso de seu tórax. E ele não tentou esconder a advertência selvagem que o animal inquieto dentro dele assegurava com o som contido.

Os Castas se moveram.

Como um, passaram sem tocar a mesa, a visão da fêmea longe o suficiente para esquecer as mais de duas décadas de treinamento que levavam dentro deles.

Isso era bom.

Ele ignorou o riso baixo de Dane quando tomou a cadeira do lado da mesa e olhou fixamente de volta à surpreendida pequena descarada com óbvio desafio silencioso.

Se queria provocar Castas, então por que não ver como se saia provocando um maduro, bem treinado, mais que experimente chefe Casta Leão em vez de alguns jovens Enforcers que ainda cheiravam aos laboratórios de que foram salvos.

Erguendo sua mão autoritariamente quando a garçonete passou por ele, pegou o movimento dela pelo canto de seus olhos. As garçonetes neste bar amavam as excelentes gorjetas que recebiam, não só dos Enforcers, mas da Agência de Assuntos Castas para também reportar quaisquer indicações ou rumores de soldados do Conselho espreitando no estabelecimento.

Não estava lá pela garçonete ou informações, entretanto. Evidentemente, estava lá por uma pequena mulher fogosa torturando um Casta.

Gypsy se movia mais íntima, quadril balançando, seus braços se erguendo acima de sua cabeça enquanto se movia diretamente para ele. Ela posicionou as pernas ao lado das dele, as coxas só um pouco abertas, seus joelhos curvados, os quadris se movendo lentos e sugestivos só acima de seu joelho, fazendo a luxúria incendiar seus sentidos.

Jurava que podia sentir o calor de sua boceta irradiando entre suas coxas, direto por suas calças de missão. Quente o suficiente para chamuscar os sentidos de um homem, molhada o suficiente para se afogar nela.

E ela estava realmente molhada.

O odor dos sucos doces dela encheu sua boca d’água, e sua necessidade de saboreá-la corria por seu sistema.

A pequena tentadora acenou com sua cabeça, um pequeno e satisfeito sorriso balançando os cantos de seus lábios quando a canção terminou e a música baixou para uma melodia mais lenta.

— Tome conta da minha bebida, híbrido. — Ele ordenou a Dane através do link quando se moveu antes que a pequena visão pudesse sair da pista.

Enganchando seu braço ao redor da cintura dela, olhou fixamente abaixo para sua óbvia surpresa.

Surpresa? O que diabos ela esperava?

— Vai provocar? — Ele perguntou à ela. — Ou existe uma mulher à espreita por baixo da promessa nesses bonitos olhos verdes?

A sobrancelha dela se ergueu, riso cintilando em seu feiticeiro olhar.

— É tudo provocação. E além disso, menino ronronante, — ela falou devagar, e mais rápido do que um Casta podia piscar, ela estava fora de seus braços com uma carranca de desaprovação, — devia saber melhor do que me maltratar. Você pede uma dança para mim,não exige. E certo como o inferno que não me agarra como um brinquedo.

E com aquela pequena proclamação, se afastou dele como uma altiva princesa do gelo ofendida até sua última unha perfeita. E completamente inconsciente que naquele único movimento projetado para se livrar dele, ele reconheceu o toque mais leve, bem treinado, experimentado de seu quadril, ombro e pé delicado.

Dane estava, claro, rolando de rir.

Rule não pôde deixar de sorrir, mas manteve aquele conhecimento para si mesmo. — Acredito que poderia ser um desafio.

Dois meses circulando um ao outro com estimulação cautelosa e ela lançou um desafio que devia saber que ele não podia resistir.

— Você não é um Coiote, Breaker, — Dane o lembrou, seu tom surpreendentemente pensativo. — Lembra?

Por isso, Rule só pôde sorrir. — Desculpe, Dane, só porque os Coiotes pegaram a frase emprestada não significa que os Leões não começaram isto. Nunca desafie um Casta, nunca desafie um Coiote.

Então, ciente dos olhos o observando, a diversão do humano e o odor intrigante que estava certo que outros Castas estavam tentados, Rule seguiu o odor de estimulação que a pequena Gypsy Rum McQuade deixou em seu rastro.

 

Oh Deus, estava louca?

Gypsy tentou respirar enquanto ia da pista de dança até o bar, pedindo sua cerveja favorita, então debruçando contra o balcão e bebendo. Estava muito ciente que Rule ainda não tinha tirado seus olhos dela.

Claro, nunca importava onde a encontrava, ele a observava, aqueles olhos azuis de neon tentando afundar em sua alma como se estivesse determinado a descobrir qualquer segredo que possuisse.

E sempre que fazia isto, a deixava quente. Desde aqueles primeiros olhares há dois meses, através de um bar lotado, até o segundo quando foi dançando para a mesa dos Castas mais jovens, sentiu seus olhos nela, a chamuscando. Como uma onda lavando sobre sua carne, o conhecimento que ele não tirava seus olhos dela fez suas coxas apertarem, de repente um formigamento de calor úmido atingiu o sensível broto inchado aconchegado no meio das dobras lisas entre suas coxas.

Maldição, ela estava molhada.

Novamente.

Oh inferno.

Estava molhando sua calcinha por um maldito Casta que a deixava completamente louca toda vez que entrava em contato com ele. Um que não só estava deixando seu corpo louco, mas também soltando aqueles alertas não oficiais sempre que desejava.

Isso era desnecessário.

Nenhum Casta deveria ser capaz de fazer isto com ela.

Nenhum homem, de qualquer época, deveria ser capaz de fazer isto.

Nenhum outro Casta já fez isto.

Este Casta não deveria ser capaz de fazer isto.

O que era mero interesse quando o evitou durante as últimas semanas nos clubes e bares onde fazia seus giros semanais estava agora se transformando em crescente desejo sexual. E desejo sexual era um poderoso grande não-não em sua vida.

Embora isso não garantiu que pusesse tanta distância quanto possível entre ela e o Casta Leão quando ele se moveu ao lado dela. Ele girou seu grande corpo para observar seu perfil quando ela desviou a vista da pista de dança, aquele calor estranho que sempre sentia nele a alcançando.

— Coisinha corajosa, não é? — Seu olhar a convidava a rir, compartilhar a diversão que ameaçava suas partes mornas que estiveram frias por mais tempo do que ele podia imaginar.

— Corajosa? — Ela o questionou com uma sugestão de descrença depois de tomar outro gole de cerveja. Deus, o que estava deixando ele fazer com ela? Ela sabia melhor que isto. — Isto não é coragem, é desinteresse, Rule. Disse a você antes, não gosto da dificuldade de Castas loucos seguindo ex-namoradas.

Mas este Casta estava quebrando seu longo exílio da natureza sensual, faminta, que subia dentro dela à medida que amadurecia.

— Há ocasiões em que acredito que prefiro uma louca ex-namorada, — ele a assegurou ironicamente, seus lábios arqueando com uma sugestão de amargura quando ela sentiu a aspereza de um único dedo calejado acariciando através de seu ombro nu. — Quanto às dificuldades, não é como se pedíssemos isso. — Sua declaração trouxe o olhar dela de volta para ele.

Seus olhos cintilavam entre espessas sobrancelhas pretas, ele a observava, seu olhar rico e morno, a fazendo querer se apertar contra ele, aquietar com seu toque a dor formigando através de sua carne.

— Não, você não pede, — ela concordou com um suspiro quando a carícia desapareceu. — Isso não significa que não tenho escolha em lidar com os assuntos que vêm com você. Porque escolho não me tornar parte dessa batalha.

Da mesma maneira que escolheu a vida que levava. E aquela vida não incluia se juntar a Rule em um caso sem escrúpulos que terminaria tão depressa quanto começara.

— Interessante que acredite que tenha uma escolha no que deseja ardentemente, — ele declarou, sua voz áspera, seu olhar intenso agora. — Terei que te lembrar de acreditar nisso.

Olhos safira olharam para ela, cheios de diversão e mistério. O olhar dele a convidava a jogar, deixar de lado qualquer dor, qualquer temor, só jogar com ele por um minuto.

Mas Gypsy sabia sobre a maioria dos perigos de tocar em Castas. Foi uma lição que aprendeu em uma noite cheia de sangue que nunca esqueceria.

— Tão bonitos olhos nunca deveriam parecer tão sombrios e infelizes. — Ele observou então, curvando sua cabeça para sua orelha para ser escutada acima da música. — Deviam estar cheios de paixão e amor pela vida.

Gypsy vacilou, o empurrando quando percebeu o quanto estava próximo sem que estivesse ciente disto.

Estava se acostumando com ele invadindo seu espaço a cada chance que tinha. Seu maldito corpo certamente estava conseguindo se acostumar a Rule fazendo isso.

Isso teria que parar. Teria que parar agora mesmo.

— Existe alguma razão, Comandante Breaker, por tal interesse em mim durante os últimos meses? — Ela perguntou desconfiada, estreitando seus olhos nele. — Porque isso está começando a me irritar e estou certa que você tem coisas melhores a fazer.

Ele sorriu.

Completamente macho, completamente seguro, aquele olhar era puro problema calculado.

— Na verdade, estou aqui matando tempo e tentando manter você em um lugar antes de sair de folga daqui a aproximadamente dez minutos. — Ele bateu na sua orelha e no receptor do minúsculo link. Um dispositivo de comunicações, ela sabia. — Além disso, Controle parece pensar que você deve ser culpada de algum ato odioso ou dois. Acredito que poderia até ter ouvido algumas acusações como quebrar corações e roubar beijos?

Gypsy sorriu com diversão real, o riso ameaçando transbordar quando olhou fixamente de volta para ele. — Essa cantada funciona frequentemente? — Ela riu. — Achei que um homem com sua experiência podia fazer muito melhor.

Ele riu por sua resposta. — Muito bom, Gypsy, muito bom. Mas me dê um pouco crédito. Você fundiu minha mente naquela pista de dança. Estou ainda me recuperando. Me dê um minuto e prometo que a surpreenderei com os muitos modos que posso te fazer uma marca de propriedade sem tocar em você.

Sua sobrancelha curvou. — Precisaria de uma mente primeiro. — Ela enrugou seu nariz zombeteiramente. — Acho que pegarei minha marca de propriedade e irei para casa. Agora que me achou, talvez possa descansar por um minuto. — Pegando o resto de sua cerveja e deixando várias notas para pagamento no bar, ela deu a ele um aceno. — E verei se posso lembrar de achar um bar com menos complicações, para não mencionar menos Castas, da próxima vez que sair.

Marca de propriedade?

Gypsy podia sentir um tremor correndo por ela pelo pensamento de Rule a reivindicando. Isso era algo que sua vida simplesmente não podia acomodar, não importa o quão tentador soasse.

Ela já tinha nada menos que uma dúzia de chamadas quando voltasse para casa naquela noite. Os telefonemas vinham de amigos, família e até conhecidos, informando que o Casta Comandante Rule Breaker estava interrogando por onde ela desapareceu.

Como se fosse de sua conta.

Fez uma nota mental para conversar com Cullen e ver o que ele podia fazer para tirar os Castas de seu traseiro. Afinal, fez um trabalho para ele enquanto estava fora. Estava certa de que ele não gostaria que os Castas tivessem conhecimento sobre o tipo de trabalho que ela fazia para ele também.

Não que parecesse propenso a querer ajudar, mais cedo. Uma vez que se acalmasse, entretanto, podia estar em um humor mais caridoso.

Deixando o som alto e esfumaçado bar, saindo para a clara noite fresca do Arizona, Gypsy puxou uma golfada de ar limpo do deserto.

Estava ficando cansada dos bares e da frequente e luxuriosa atenção dos bêbados que ganhava lá. Cada vez mais frequentemente adiava sua chegada aos vários clubes e bares até tarde na noite.

Puxando seu cabelo atrás e recuperando um elástico do bolso de seu confortável colete de couro, Gypsy prendeu seu cabelo para mantê-lo fora de seu rosto. Com a capota do Jipe abaixada, as pontas longas podiam se tornar embaraçadas para pentear antes de ir para a cama se não fosse cuidadosa.

— Ei, Gypsy Rum. — Mutt, um Casta Coiote conhecido por raramente sorrir quando outros estavam ao redor, por incrível que pareça frequentemente sorria para ela.

Era uma merda de atraente também.

Para um Casta Coiote.

Existiam poucos daquela espécie que Gypsy podia tolerar ficar perto, mas Mutt era um deles. Com seu tímido sorriso hesitante tão em conflito com sua confiança em chutar traseiros e humor seco, tinha um modo de fazê-la rir até quando não queria.

Entrava na loja de doces e presentes de seus pais muitas vezes, junto com outros dois, para comprar os pirulitos que sua irmã, Kandy, fazia para vender.

Era especialmente aficionado pelos caramelos, ela lembrou, enquanto Loki, um de seus companheiros, apreciava canela e o Comandante Breaker sempre ia pelo chocolate e menta.

— Ei, Mutt. — Parando, Gypsy sorriu de volta para o Casta que saía depressa da caminhonete que parou quando ela deixou o bar. — O que há?

— Está saindo cedo. — Inclinando sua cabeça, ele fez da pergunta uma declaração enquanto o vento da noite arrepiava seu cabelo escuro loiro longo demais. — Normalmente fica aqui depois de eu partir.

— Coisas para fazer. — Gypsy recuperou o anel prendendo sua chave no bolso de seu colete e casualmente ativou o pequeno Desert Sport II, um redesenhado Jipe antigo que sempre ia tão bem nos desertos.

O motor ressoou com um grunhido poderoso e a lembrou extremamente o som que vibrou de Rule Breaker quando ela foi embora. A capota do Jipe retraiu com eficiência, dobrando abaixo no banco de trás e no piso ordenadamente em segundos enquanto Mutt assistia com as sobrancelhas levantadas.

— Cara, amo seu carro, menina, — Mutt murmurou, dobrando seus polegares nos bolsos de sua calça jeans e bastante desconfortável na frente dela, sua cabeça ligeiramente inclianada enquanto a assistia. — Um destes dias, juro que vou possuir um.

— Um destes dias? — Ela sorriu. — Ouço que Castas ganham muito dinheiro, Mutt. Vá comprar um.

Seus lábios se curvaram com ironia. — Não existe possibilidade de deixá-los seguros colocando a capota retrátil completamente no interior, e mantê-los resistentes ao laser e munição. Se fizer isto, não seria o mesmo. E se não, então tudo que posso fazer é vê-lo em uma garagem, em algum lugar.

Sua diversão escureceu em face de sua óbvia decepção.

Seus olhos cinzas foram para o veículo novamente, sua mandíbula apertando quando Gypsy estreitou o olhar na pequena ponta quase escondida da varinha presa em seu comunicador fixado na curva de sua bochecha.

Ele estava tentando atrasá-la e não estava exatamente certo de como fazer sem despertar sua conhecida natureza suspeita, ao que parecia.

Muito tarde. A considere despertada.

Girando sem um adeus, Gypsy andou a passos largos através da estrada pavimentada que separava as seções de estacionamento. Estava no processo de segurar a porta para deslizar no banco do motorista quando sua cintura foi abraçada por trás e puxada de volta tórax duro, musculoso.

Novamente.

Calor a cercou, a lembrando do quão gelada frequentemente se sentia, do quão só sempre estava. E o quão perigoso era este homem para seus sentidos precários.

— Veja só, estava realmente tentando jogar duro. — O riso sombreou o fundo arrastado de sua voz. — A rejeição me deprime, sabe. Me obriga a fazer coisas bobas só para conseguir atenção.

Ela rolou seus olhos. — Isto é tão falso, Breaker.

Ele riu atrás dela. — Podia ser tão verdade.

— Duvido disto. Mas do que não duvido? Alguém realmente precisa ensinar você a não maltratar propriedade privada, — ela o informou, tentando realmente ficar brava. Infelizmente, a excitação convergia como uma força alternada de intento da natureza em destruir sua resistência à ele.

— Então quem tem a propriedade? — Ele perguntou, sua respiração contra sua orelha e enviando uma pulsação de energia diretamente para a carne sensível entre suas coxas. — Vou levá-la comigo e me assegurar que aqueles direitos sejam imediatamente transferidos.

Apostava que ele também iria sumir no segundo que seu chefe entortasse seu dedo mindinho.

Ela não achava isso.

— Vou arquivar uma reclamação com a Agência de Assuntos Castas se não tirar suas malditas mãos de mim. — Ela o advertiu, se livrando de seu domínio e da debilidade chocante tentando se espalhar por seu sistema. Fale sobre respostas contraditórias. — É isso que realmente quer?

Ela sentiu os lábios dele roçando sua orelha, a respiração quente enviando uma onda de resposta por ela. Ele parecia muito bom. Morno. E extremamente duro.

— Todas as reclamações passam por mim primeiro. — A diversão estava em sua voz, mas não existia nada divertido sobre o comprimento duro de sua seta que a apertava mais baixo atrás. — Devo dizer como apagaria depressa esse e-mail em particular? — Ele inalou seu odor lentamente. — Quanto tempo acha que demoraria para enviar isto? Tempo suficiente para se levar ao clímax enquanto me imagina entre suas coxas, enchendo você, estocando você até gozar?

Seu corpo esquentou, calor corria por seu sistema e deixou Gypsy lutando por algo semelhante a bom senso. Porque ele estava certo. Tão certo. No segundo que deslizasse em sua cama estaria agarrando um dos íntimos brinquedos que tinha à mão para cuidar da dor crescente e fora de controle inundando seu corpo.

Bom Senhor, Castas e seu efeito nas mulheres devia ser declarado ilegal.

— Ninguém pode acusar você de ser humilde, — ela bufou, se afastando até quando reconheceu que ele estava deixando-a se afastar. — Ou cortês.

Ele não estava soltando-a porque ela o forçava, ou porque tinha quaisquer restrições contra retê-la naquele lugar, em seus braços. Ele a estava soltando só porque era o que queria fazer.

Ela girou para ele lentamente.

— Antes de cometer o engano de jorrar toda essa ira feminina que sinto crescendo dentro de você, exigindo que eu mantenha minhas patas de Casta sujas para mim mesmo...

Ela teve que rir da irritação que relampejou em seus profundos olhos azuis.

— Mulheres estranhas que você anda por aí, Breaker, — ela riu silenciosamente. — Não são as patas que me ofendem. É a arrogância e atitude. Não gosto de ser manuseada, por ninguém. Não faça isto, e continuaremos nos dando muito bem. O que acha disso? — Ela teve que rir dele então, porque ele realmente tinha o poder não só de queimá-la viva com luxúria, mas também de fazê-la rir. Ele a encantava, e não era encantada há um maldito longo tempo. — Frequentemente escuta ira feminina, então?

— Acredito que Castas escutam frequentemente quando podem cheirar o odor doce de todo esse mel derramando como xarope quente em um dia do verão, — ele replicou, seu tom ecoando com uma sensação de impaciência. —Tenho ainda que entender por que mulheres acreditam que mentiras são importantes quando estão mais ansiosas pelo toque de um homem do que deixam transparecer. No momento que as obedece, a decepção tem propensão a arruinar a delicadeza de seu odor enquanto ficam bravas por que obedeceu a elas. O que só contribui para um Casta com tesão, irritado, sem mencionar confuso.

— Porque o ego de um homem, ou Casta, não precisa ser alimentado? — Ela perguntou, arregalando os olhos em confusão óbvia. — Talvez queiramos que trabalhem pelo que temos que dar a você? Tendemos a acreditar que valemos um pouco esforço, sabe.

Parecia que machos Casta, assim como seus colegas machos humanos, podiam ser incrivelmente obtusos a respeito das mulheres.

— Castas podem cheirar suas mentiras, — ele assinalou. — Qual o ponto em mentir quando será facilmente pego na mentira?

Sim, obtuso.

Mas não era a primeira conversa que tiveram ao longo das últimas oito ou nove semanas. Entretanto era a primeira vez que ele a abordava descaradamente como fez no bar, e agora antes de ela conseguir entrar em seu veículo.

— Talvez a maioria das mulheres não tenham assistido aqueles pequenos documentários de Castas o suficiente. — Ela os estudou por meses. — E pode também ser pelo fato de que até naqueles documentários há uma linguagem muito pouco leiga. Existe também o fato de que usaram o mais magnífico Casta, de olhar perigoso, para narrar o documentário. Suspeito que esses Castas foram usados em uma tentativa para nos distrair, da mesma maneira que você pretendia. O mesmo pode ser dito para as fêmeas usadas naqueles vídeos. O único intento neles era enganar o suspeito e atrair os incautos muito mais fundo em seu feitiço. Além disso, mulheres absolutamente amam sorvete, bolo e chocolate também. Não significa que isto nos serve, ou que vamos comer isto sem primeiro considerar as calorias que contêm.

Ela já sabia que este Casta não gostava de jogos, nem que acreditava na perseguição. Isso era realmente muito ruim, porque ela era muito experiente em jogos.

Era considerada uma perita neles, às vezes.

Ele só sorriu pela acusação, aqueles olhos de laser azuis claros segurando o olhar dela, encorajando-a a afundar nas ondas de fome que ela podia sentir bater em sua resistência. — E aqueles vídeos a atraíram mais fundo quando negou a você mesma seu doce favorito?

Inclinada contra o lado do veículo, Gypsy cruzou seus braços acima de seus seios enquanto sorria de volta para ele, sacudindo sua cabeça pelo fato de que homens podiam ser tão teimosos. Estava bem ciente que essa posição aumentava as curvas de seus seios mais alto acima do topo do colete que vestia, chamando sua atenção. Momentaneamente de qualquer maneira. Gostou daquilo sobre ele. Não olhou de soslaio, apesar do fato que quase podia quase sentir sua necessidade de tocá-la.

— Desculpe, Comandante, não me enganaram. E meu chocolate e sorvete não me despertam pelas manhãs xingando por não limpar, cozinhar ou colocam mãos e pés sobre a mesa ou deixam roupas sujas abandonadas pela minha casa, então sim, eu apreciei isto imensamente.

Seus lábios se inclinaram em um meio sorriso enquanto o assistia dobrando seus polegares no cós da calça, como se tentasse achar algo para fazer com eles, além de tocá-la.

Ele se ergueu, os pés apoiados ligeiramente separados, o corpo musculoso não exatamente relaxado, mas também não preparado para o perigo. Vestido no uniforme preto de missão, que a maior parte dos Castas sempre usavam em público, apresentava uma atração perigosa.

Grosso cabelo preto caía em sua nuca e emoldurava os selvagens traços de seu rosto.

Maçãs do rosto altas, firmes, lábios bem moldados, e grossas sobrancelhas, espessas como tinta preta, cercando os brilhantes olhos safira, enquanto seus ombros eram largos o suficiente para que uma mulher pudesse se convencer de estar segura dentro deles.

Ou apenas em sua presença, nas sombras de um dos bares mais famosos em três estados. Ela podia ficar lá com ele, apreciando a brincadeira e não se preocupando sobre se algum bêbado tentaria bancar o Romeo, a procurando no escuro.

Ele era o epítome de como todos os Castas estavam sendo retratados. Forte, intenso, protetor e honrado. E na maior parte, eles eram.

Mas Gypsy sabia o quão perigosos alguns deles podiam ser.

Um flash de memória surgiu por ela.

Caninos prolongados cintilando na escuridão enquanto ela gritava de horror, saliva gotejando deles enquanto selvageria maníaca se refletia nas profundidades dos olhos ouro amarelo da criatura.

Não importou o quanto lutou, eles rasgaram suas roupas, as cortando em tiras, as removendo, com intenção de estuprá-la.

Quando ele empurrou suas coxas abertas...

Ela vacilou, se arrastando de volta da memória quando uma faixa familiar de pânico apertou seu tórax, logo antes do telefone em seu bolso do colete furiosamente vibrar.

— Gypsy, está bem? — Rule se moveu mais perto, o sutil odor de seu súbito medo concorrendo com o odor da estimulação e sobras de diversão quando ouviu o som distinto do telefone que vibrava em um dos pequenos bolsos de seu colete.

Ela estava se divertindo, então algo a tirou depressa de sua diversão como se a lembrasse de alguma dor.

Uma sombria dor tão horrível que podia cheirar a agonia até do lado de fora da caverna onde ela se amontoou nove anos atrás, Rule lembrou.

— É hora de partir.

Ele assistiu, negando o desejo de puxá-la de volta para ele, quando ela deslizou dentro do veículo e engatou a marcha. O pequeno Jipe desportivo preto arrancou do estacionamento e saiu como uma onda de poder.

Seus olhos estreitaram.

Estava certo que o motor era muito mais poderoso do que deveria ser.

Da mesma maneira que era sua atração por aquela mulher.

Estreitando seus olhos no desvanecimento das luzes do veículo dela, verificou cuidadosamente as glândulas sob sua língua mais uma vez.

Inspirando, empurrou de volta sua excitação, sentindo a perda da dureza no ansioso eixo em baixo de seu uniforme de missão e deu um imperceptível aceno com a cabeça quando a carne mais uma vez se deitou dormente.

A besta que o irritou, cortesia de sua genética, estava quieta em vez de rugir de ira por uma possível companheira estar escapando.

Inferno, a meio caminho sentiu como se os sentidos animais dentro dele não pudessem se importar menos onde ela foi ou o que fez desde que não representasse perigo físico.

Aquilo não significava calor do acasalamento.

Ele sorriu.

Isso significava que Gypsy Rum McQuade definitivamente não era sua companheira, não importava a sugestão de Dane que sua fome seria uma indicação disto.

Ficar viciado nela era uma ameaça definida. Mas podia lidar com um vício. Podia ir embora disto. Da mesma maneira que foi embora de vários deles enquanto era testado nos laboratórios por qualquer debilidade.

E isso fazia o jogo justo, porque não queria nada além de foder até o esgotamento de ambos.

 

Entrando no estacionamento atrás da loja uma hora mais tarde, Gypsy viu com surpresa a caminhonete preta quatro por quatro de sua irmã se aproximar e parar ao lado dela.

Parou ao lado do seu jipe, esperando Kandy sair da caminhonete, fechar a porta e travar o veículo antes de encontrá-la.

—Chega tarde. — Gypsy ergueu suas sobrancelhas sugestivamente enquanto olhava para sua irmã mais jovem.

Kandy era mais delicada que Gypsy. Às vezes parecia extremamente pequena para ser uma McQuade.

—Olha quem está falando. — Kandy riu novamente, um pouco nervosa, seus olhos turquesa cintilando de volta para Gypsy a medida que avançavam para o apartamento ao qual sua irmã mudou-se um ano antes.

—Não tão tarde para mim. — Gypsy murmurou quando Kandy destrancou a porta, então seguiu sua irmã para o interior fresco.

Acendendo as luzes, Kandy imediatamente dispersou as sombras que enchiam o espaçoso e acolhedor apartamento.

Como o apartamento do segundo andar de Gypsy, a porta se abria para uma ampla entrada que acabava na cozinha aberta, sala de jantar e sala de estar. Os cômodos eram divididos por uma longa bancada, com um fogão e forno, que era o sonho de qualquer chef.

As cores de outono e madeira escura davam ao apartamento um calor acolhedor que Gypsy não sentia, enquanto o cheiro de vários doces ainda estava no interior. Sua irmã podia fazer um bolo que derretia na boca e deixava seus sentidos em uma felicidade orgástica.

No entanto Gypsy sabia que, apesar dos sonhos de seus pais, não era o que Kandy realmente queria para si mesma.

Infelizmente, Gypsy achava que sua irmã não sabia o que queria da vida.

—Falou com seus cães de guarda esta noite? — Kandy deixou sua bolsa numa mesa, perto da porta enquanto deixava suas chaves junto e voltava-se para olhar Gypsy. — O comandante Breaker e seu companheiro tinham certeza que te sequestraram ou fugiu para Fiji com um amante ou, estava morta no deserto em algum lugar onde não poderiam te encontrar.

Gypsy rolou seus olhos quando andou a passos largos para o bar e sentou-se num dos altos bancos enquanto Kandy movia-se para o refrigerador.

— Finalmente me alcançaram no Crooked Toe. — Ela respondeu. —O que há com aqueles dois de qualquer maneira?

Kandy fez uma pausa enquanto colocava o prato cheio com uma torta na bancada e olhava fixamente para sua irmã com diversão surpresa. —Não percebeu ainda?

Interiormente Gypsy fez uma careta e sabia pelo tom de sua irmã que achava que Rule Breaker queria apenas entrar em sua cama.

—Não comece comigo, Kandy. — Gypsy disse, apontando um dedo acusador para ela com um olhar feroz. —Não vamos por aí esta noite.

—Ele quer seu corpo. — Kandy anunciou, seus cílios descendo enquanto piscava rapidamente para sua irmã. — Muito mal.

—Ele pode querer. — Ela rolou seus olhos antes de dobrar os braços sobre a bancada e olhar sua irmã servir a torta de maçã, colocá-la para esquentar, então se mover para fazer café.

Kandy não perguntou se ela queria, entretanto, era raro para Gypsy visitá-la também.

Olhando sua irmã se movendo pela cozinha, Gypsy sentiu a culpa e a dor que sempre a enchiam cada vez que passava mais tempo com a outra garota.

Kandy tinha dez anos quando Mark morreu. Nunca conheceu o irmão que Gypsy conheceu. O jovem bonito, incrivelmente engraçado e sempre tão protetor que deu à sua irmã liberdade enquanto se assegurava que ninguém ousasse machucá-la enquanto tentava sair de suas asas de adolescente. Sua irmã viu o perigo de escapar, as festas e a verdade sobre os monstros que realmente existiam no mundo. E mudou sua vida quase tanto como mudou as vidas de Gypsy, seus pais, seu melhor amigo, Jason e a ex-namorada de Mark, Thea Lacey.

Todas as vidas foram marcadas por um descuido de Gypsy.

Enquanto comia a torta e Gypsy bebia seu café, a tensão lentamente começou a aumentar entre elas, da mesma maneira como sempre.

—É hora de ir para a cama. — Gypsy anunciou quando colocou de volta seu pires e xícara e se levantou do banco antes que a tensão nervosa de Kandy a afetasse mais. —Nos vemos amanhã.

Lançando à sua irmã um sorriso rápido, ela girou e dirigiu-se à porta.

—Não me perguntou porque cheguei tarde esta noite, Gypsy. — A observação de Kandy a fez parar e se virar.

Olhos azuis esverdeados a observaram, os delicados traços, quase muito sérios e Gypsy percebeu o amadurecimento mesmo quando não o estava buscando.

Só porque não perguntou o paradeiro de Kandy não significava que ela não estava bem ciente de onde sua irmã estava. Como Mark, Gypsy levava a segurança de sua irmã a sério. Diferente de Mark, ela não deixava Kandy saber o que fazia, desta forma, se alguém, em especial o Conselho dos Castas, procurasse por uma debilidade e encontrasse Kandy, teriam certeza que a moça mais jovem não poderia forçar Gypsy a trocar sua vida pela dela.

Embora soubesse que faria por Kandy a mesma coisa que Mark fez por ela.

Morreria por ela.

—Você tem dezenove anos, Kandy. — Ela finalmente respondeu, engolindo a tensão súbita em sua garganta. — Acho que me contaria se quisesse que soubesse.

Um brilho de dor cintilou nos olhos da jovem antes dela se virar.

—Assim é como funciona, então? — Kandy levantou e pegou o pano de prato na bancada da cozinha ao lado dela, mais para ter algo para segurar do que realmente limpar a bancada, pensou Gypsy.

—Suponho que sim. — Ela não tinha nenhuma ideia do que estava acontecendo agora. Sua irmã raramente, infernos, realmente nunca perguntou sobre qualquer coisa diferente de como foi seu dia.

—Então se eu quiser saber qualquer coisa sobre você, devo apenas esperar que me conte porque realmente não é assunto meu, certo? — Kandy suavemente perguntou, entretanto Gypsy podia ver cintilar uma determinação nos olhos de Kandy que não fazia sentido.

—Não quero brigar com você hoje à noite, Kandy. — Gypsy respirou bruscamente, alcançando atrás para soltar o elástico que prendia seu cabelo. — Estou realmente cansada e só quero...

—Vai para casa e ficará olhando fixamente para a escuridão até amanhecer como faz enquanto fica em casa? — Kandy de repente perguntou, a rapidez a pegando com a guarda baixa, recordando-lhe porque ficava fora tão tarde todas as noites. Gypsy estremeceu.

—Exatamente. Boa noite. — Ela moveu-se para a porta.

—Sabe o que, Gypsy? — A pergunta dura de Kandy a parou quando abriu a porta e começou a passar por ela.

—Tenho certeza que não quero saber. — Gypsy suspirou, mantendo suas costas para a irmã, a dor agitando-se dentro dela.

—Não perdi só meu irmão naquela noite no deserto, perdi minha família inteira. — Kandy sussurrou, as palavras, a dor na voz de sua irmã a levando a um jogo brutal, era como uma espada afiada cortando a alma de Gypsy. — Fiquei orfã e nenhum de vocês percebeu. Ou talvez a merda toda não importe.

Choque a manteve imóvel por longos segundos, roubando sua respiração antes dela se virar para enfrentar sua irmã. Mas ela não estava lá. Desapareceu em seu quarto no outro lado da casa, sua porta se fechando sem fazer barulho, Kandy evidentemente disse tudo o que queria.

Gypsy balançou a cabeça.

Kandy estava errada.

Seus pais se agarraram à criança mais jovem desesperadamente depois da morte de Mark, apavorados com medo de perder sua filha, o que a tornou a favorita.

Não objetaram quando Gypsy se afastou emocionalmente. Às vezes a ignoravam, mas amavam Kandy.

Balançando fortemente a cabeça, Gypsy deixou o apartamento, fechando a porta e escutando cuidadosamente as fechaduras. Quando trancou tudo, ela se forçou a se mover para os degraus que levavam ao seu próprio apartamento, e a escuridão que não ia embora, não importava quantas luzes tivesse.

Sabia onde sua irmã ia nas raras ocasiões em que chegava tarde. Kandy gostava de jogar pôquer e ao longo dos anos, vários dos amigos de Mark a ensinaram e tinha uma habilidade mortal. A pequena diversão começou quando Kandy fez doze anos e o melhor amigo de Mark, Jason, foi até em casa para falar com seus pais sobre os negócios de assessoria de imagem que afundava bruscamente depois da morte do Mark.

Kandy jogava pôquer na mesa pequena onde Mark ensinou ambas a jogarem. Quando ficou mais velha, ele às vezes a levava com ele para seus jogos quando seus pais estavam ocupados. Seus pais nunca, nem mesmo uma vez, pediram a Gypsy para cuidar de sua pequena irmã.

Não que os culpasse depois que falhou com seu irmão mais velho.

Jason e seus amigos reuniam-se mensalmente agora e eram conhecidos por jogarem o final de semana todo.

E sempre convidavam Kandy.

Andando por seu apartamento, ela fez uma nota mental para ligar para Jason, talvez ele soubesse o que estava acontecendo com sua irmã.

Gypsy não podia se permitir averiguar por sua conta. Se o fizesse, teria que admitir para Kandy que ela não estava órfã, mas de todos os modos que importava, ela definitivamente se tornou a única filha.

E sentia medo que ela se abrisse aos pesadelos que tanto tempo tentava deixar atrás.

 

Nos dois dias seguintes ficou relativamente livre de Rule e seu companheiro, como Dane Vanderale estava sendo chamado. O rumor era que Jonas Wyatt vôou com sua esposa e filha para D.C. para assistir uma reunião do Senado a qual foi chamado para tratar de algo com relação a reorganização do Escritório de Assuntos Castas.

De acordo com a imprensa, apesar de não haver nenhum anúncio ou detalhes oficiais relativos ao rumor, a Agência de Assuntos Castas e o Comitê de Supervisão do Senado já estavam em processo de expansão dos escritórios, quando o Comitê de Supervisão do Senado chamava a Agência para tratar de um assunto em particular.

Isto deu a Gyspy a oportunidade de terminar alguns trabalhos que deixou de lado por causa da distração que ele representava. Mas admitiu para si mesma que um pouco de faísca entrou em vida quando ele começou a hostilizá-la.

Saindo com o Jipe do pequeno estacionamento de seu apartamento, esta noite, depois de completar a tarefa final, olhou fixamente para o brilho da lua do deserto.

Por um breve momento o terror percorreu seu corpo, golpeou seus sentidos e a recordou do perigo que enfrentava cada vez que caminhava pela noite e se movia entre os Castas e seus inimigos.

Especialmente os inimigos. Os animais. Os monstros assassinados, que a violentaram...

Um horror que quase a destruiu uma vez.

Um forte movimento de sua cabeça a empurrou para trás, seu ritmo cardíaco diminuindo mais uma vez enquanto se controlava e ativava o controle que subia a flexível capota do Jipe que se fechava com firmeza.

Desta vez, ela apertou o controle em sua calça jeans, e quando saiu do Jipe e fechou a porta, automaticamente travou o alarme antes de se mover depressa para o conforto do apartamento seguro.

Tinha algumas horas para descansar antes que seu alarme a lembrasse que era esperada na Agência de Policia Secreta, onde atendia telefonemas várias noites na semana, no caso de qualquer agente de campo pedir ajuda imediata.

Uma vez que voltou para casa, se transformou numa mulher de festa, uma mulher em busca de sua próxima dança, a próxima bebida ou seu próximo amante em potencial.

Antes de se tornar o oposto do que era e o que sempre quis ser.

Com este pensamento flutuando em sua mente, o leve golpe na porta da frente a fez arquear as sobrancelhas. Andando da cozinha até a ampla entrada, ela apertou o interfone, contendo um suspiro à vista do homem, pacientemente, do outro lado.

—Entre, Jase. — Abrindo as fechaduras, ela observou como o homem que seu irmão chamou de melhor amigo entrava no apartamento.

Jase não era tão alto quanto Mark foi e não era tão bonito, mas era atraente do seu próprio modo com seu cabelo castanho curto, olhos castanhos fundos e um corpo cheio, ao invés de magro. Vestido com calça comprida escura, botas pretas e uma camisa branca aberta no colarinho, ele obviamente descartou a gravata depois de deixar o escritório.

Se não fosse por Jase, Gypsy não saberia como seus pais teriam sobrevivido depois da morte de Mark. Ele assumiu o controle do trabalho de Mark na empresa de consultoria de imagem, fez tudo que Mark faria para seus pais e a namorada de Mark, Thea.

Ele e Thea se casaram vários anos antes, quando Thea foi promovida para Assistente da promotoria em Window Rock.

—Ei, querida. — Seu sorriso não era tão aberto e cheio de amor como o de Mark sempre foi, mas era familiar mesmo se nunca deixasse de ver uma sombra de acusação enterrada nas profundidades escuras.

—Ei, Jase. — Ela o saudou, permitindo o breve abraço que ele sempre insistia em dar. Era uma das poucas pessoas que se negou a permitir que ela desaparecesse dentro de si mesma depois da morte de Mark. —Estava me perguntando quando você viria para uma visita.

Ele lançou um olhar acusador quando ela se afastou dele. — Se fosse trabalhar de vez enquando em lugar de esperar, então não teria que perguntar.

Ela se inclinou contra a bancada quando ele sentou-se no banco em frente.

—Estive ocupada. — Ela encolheu os ombros. —Tenho outros trabalhos, sabe.

Ele bufou a isto, com o cenho franzido. —Quantas vezes tentei conseguir que ficasse tempo integral no escritório, Gypsy?

Consultoria de Imagem McQuade estava crescendo pouco a pouco, ela sabia, graças à forma como seus pais se lançaram à empresa depois da morte de seu primogênito e a forte determinação de Jason.

—Gosto de variedade. — Ela não gostava de ver a dor nos olhos de seus pais sempre que o nome de Mark surgia.

Cruzando o braços e colocando o aparelho ortopédico na bancada enquanto se ocupava de endireitá-lo, ele a observou com atenção por alguns segundos.

—Sua mãe ligou mais cedo. — Ele a lembrou suavemente. —Você não retornou seu telefonema.

Não, ela não o fez.

Erguendo o olhar, devolveu a Jason um olhar frio.

Ela não discutia seus pais com ninguém, nem mesmo com Jason.

—Preciso de você no escritório amanhã de manhã. — Ele disse, a preocupação enchendo seus olhos marrons escuros. —Temos um contrato em potencial entrando e vou precisar de você e provavelmente de Kandy se consegui-lo. — Sua expressão endureceu. —E não pense em recusar, Gypsy, porque seu pai deu duro para conseguir este trabalho e não pretendo que falta de mão-de-obra nos faça perdê-lo.

Seu pai empreendeu os negócios que foram o primeiro sonho de Mark e continuamente fazia dinheiro.

—Estarei lá. — Ela prometeu, entretanto seu trabalho como consultora de imagem era um que tentava ignorar sempre que possível.

—Bom. — Ele movimentou a cabeça antes de sua mandíbula ficar tensa e ele olhar para as janelas, cuidadosamente cobertas por cortinas pesadas. Quando moveu seu olhar de volta para ela, estava preocupado uma vez mais. —Recebi sua mensagem mais cedo. Conversou com Kandy na outra noite?

—Ela estava chateada comigo por alguma razão. — Ela admitiu, embora raramente perguntasse a Jase qual o problema com sua irmã sempre que Kandy ficava fora de si. O que não era sempre.

—Acho que está chateada com o mundo ultimamente. — Ele suspirou forte. —Aquele coiote maldito, Loki, cheirando ao redor dela não está ajudando em nada. Inferno, tenho certeza que deixa tudo pior.

A raiva que encheu sua voz quando mencionou Loki não surpreendeu Gypsy. Jason odiava Coiotes. Odiava ao ponto de ser bem conhecido por isto. Seu ressentimento dirigido às Castas em geral não era escondido de ninguém.

—Gosto de Loki, Jase. — Ela o advertiu. —Não pode culpar todos os Coiotes mais do que pode culpar todos os homens por serem assassinos em serie ou...

—Estupradores?— Ele disse.

Gypsy vacilou.

—Gypsy, Deus, sinto muito. — O remorso engrossou sua voz quando ele passou os dedos por seu cabelo antes de olhar fixamente para ela com desgosto por si mesmo. —Sinto tanto.

—Tudo bem, Jase. — Movendo-se para a geladeira e pegando uma garrafa de vinho, serviu uma taça antes de levantá-la em sua direção interrogante.

—Aceitarei. — Ele movimentou a cabeça. —Então irei embora.

Ela colocou o vinho na bancada na frente dele antes de tomar o seu e esconder suas emoções, equilibrando-se no lugar. Não, Jase não queria machucá-la, ela sabia, mas a machucou de qualquer forma.

—Conte-me. — Ela pediu, inclinando-se contra a bancada mais uma vez. —Tirando Loki da equação, exatamente qual o problema de Kandy?

Jase bufou novamente. —Você alguma vez ficou sem problemas com um Casta por perto? Se quer minha opinião, Loki é seu problema. Mas ela não tem nenhuma intenção de se livrar dele, então acho que devemos ficar por perto para quando ele partir seu coração. — Ele balançou a cabeça cansado. —Deus, Gypsy, nenhum de nós nos curamos, não é? Mesmo depois de nove anos. Kandy realmente pensa que este Casta vai exorcizar os fantasmas dela?

Ele terminou seu vinho quando Gypsy não comentou nada, apenas abaixou sua cabeça para olhar fixamente para o chão, a ponta de sua bota, em qualquer lugar menos para ele. Não queria conversar sobre Castas. Este não era o problema de Kandy. Não sabia o que estava errado com sua irmã, mas sabia que Loki não era o errado na vida de Kandy.

—Thea ainda tem pesadelos. — Ele disse quando o silêncio ficou desconfortável. — Ainda chama por ele em seus sonhos.

A ex-namorada de seu irmão foi atacada por um Coiote e quase foi seqüestrada, também, na noite que Mark morreu. Thea perdeu muito mais que seu namorado nesta noite, no entanto, Gypsy duvidava que a outra ficasse completa outra vez.

— O ataque que ela sofreu naquela noite quase a matou, Jase. — Ela o lembrou. — É a razão pela qual lida com leis em vez de negócios comerciais.

Ele balançou a cabeça lentamente. —Ela sempre amou a lei. Entrou para os negócios porque queria se casar com Mark.

Jason olhou fixamente para o espaço enquanto Gypsy o observava com tristeza. Ele amou Thea até antes de Mark propor casamento a ela, mas Gypsy sabia que Mark sempre foi o primeiro amor da mulher. Provável, seu único amor.

—Verei se posso conseguir um minuto para conversar com Kandy amanhã. — Ele disse, olhando de volta para ela e dando um sorriso morno, cansado. —Ouvi que está deixando todos os homens loucos como sempre. Especialmente o comandante Casta Leão. — Aprovação iluminou seus olhos marrons.

Gypsy encolheu os ombros. —Os Castas estão bem, Jase, só não quero seus problemas. — Era sua desculpa normal.

—Agradeça a Deus. — Ele suspirou. —Agora, se pudesse conseguir que Kandy fizesse a mesma coisa, então não teria que me preocupar com as duas tão longe, Amendoim.

Ela se forçou a sorrir para ele embora quase vacilasse ao ouvir seu apelido. Ela o odiava. Fazia seu estômago doer toda vez que ouvia. No entanto, nunca poderia dizer...

Não chore, seja valente, Amendoim...

Não, não recordaria.

Ocupou-se de guardar o vinho, lavar as taças, conversar com Jason por horas sobre qualquer coisa e tudo o que pusesse distancia entre ela e as lembranças de Thea.

Longos minutos mais tarde, Jase de despediu e partiu. Ouvindo seu carro sair, Gypsy foi para a janela e ergueu a cortina cautelosamente para olhar a caminhonete de Kandy.

Ainda não estava lá.

Onde infernos sua irmã estava e o que estava fazendo?

Chegou o momento, Gypy decidiu, de descobrir a resposta para esta pergunta. E tinha a sensação que deveria fazê-lo o mais rápido possível.

 

Duas noites depois, Gypsy ainda estava tentando descobrir para onde sua irmã ia todas as noites depois do trabalho. Isso já vinha acontecendo bem antes dos Castas virem para a cidade, então ela não podia atribuir o fato a Loki.

Além disso,      viu Loki no último bar em que esteve, e ele ficou mais do que confuso quando ela perguntou se Kandy estava com ele.

— Gypsy Rum! — Um universitário embriagado, que mal completou vinte e um, os olhos desfocados pelo álcool apertados, soltou o cumprimento quando Gypsy entrou num dos bares com banda ao vivo mais lotados, na fronteira da Reserva Navajo.

— Pará de beber, Slim, — ela ordenou ao garoto, sabendo das consequências se o pai dele ficasse sabendo do estado excessivamente alegre em que ele se encontrava. — Papai vai pegar no seu pé daqui a poucas horas se já não tiver chegado em casa.

— Ele que se foda, — Slim falou arrastado, prolongando o insulto. — Ele precisa de uma cerveja.

E nada mais verdadeiro já foi dito, ela pensou, acenando para o garoto enquanto prendia a risada e ia até o balcão do bar enquanto observava a multidão com cuidado atrás da irmã entre os clientes.

O Slap Happy ficava lotado todos os finais da semana com bêbados, posers que se passavam por criminosos, motoqueiros e suas marias-duas-rodas, Castas sinistros e Castas desgarrados, soldados, guerreiros, homens e mulheres e todo o tipo de marginais.

Esta noite, ela apostava que o bar tinha extrapolado o máximo de corpos permitidos, se o tempo que levou para ir da porta ao bar servisse de medida.

Sabia-se que policiais e criminosos dividiam o espaço ali, bem como Coiotes desgarrados e oficiais da Agência de Assuntos Castas, juntamente com quaisquer mulheres do tipo troféu ou pretendentes a esse posto que pudessem existir.

O bar também era um dos melhores criadores de fofoca da sociedade, fora dos finais de semana, só para convidados ou festas ilegais no deserto que geralmente aconteciam na própria reserva.

Infelizmente, Castas em patrulha e Coiotes desgarrados atrás de encrenca tinham transformado as festas no deserto quase impossíveis de acontecerem. As festas só para convidados nos finais de semana também estavam mais raras, devido ao isolamento da maioria das fazendas e propriedades menores onde elas aconteciam.

Na verdade havia várias agendadas para as próximas semanas desde que saiu a notícia de que a Agência de Assuntos Castas e a Nação Navajo estavam negociando a possibilidade de construir um escritório Casta central em Window Rock. Um que se focaria no cumprimento da Lei dos Castas, tanto por Castas quanto por humanos, nos estados do oeste.

Até lá, Gypsy era forçada a se conformar com os bares maiores e mais toscos para encontrar a irmã, mesmo estando a dois anos de ser capaz de entrar neles legalmente.

Falatórios e segredos discutidos no suposto anonimato de uma multidão era outra razão para ela estar ali naquela noite, contudo. De acordo com um dos oficiais que estava no bar, onde Gypsy frequentemente se encontrava com os amigos nas noites de sexta-feira, Kandy foi vista ali na noite anterior com vários amigos. E isso não se parecia em nada com o comportamento normal da irmã dela.

A banda estava dando um intervalo por hora, a banda holográfica substituta “tocando” músicas para agradar a multidão na pista de dança.

Ela deixou um sorriso brincar nos lábios quando se colocou entre dois corpos firmes e familiares no bar e se inclinou em cima do balcão de teca.

— Kenny C, — ela chamou o barman que estava na outra extremidade do bar. — Está tão lindo como sempre, seu libertino careca.

Kenny sorriu para ela. — Chego aí em um segundo, docinho.

Satisfeita por ter elogiado seu barman favorito, ela se mexeu entre os dois homens, empurrando os dois até eles se moverem um pouco, e então esperou.

— Você é um problema só esperando pra acontecer, Gypsy Rum, — Rule a previniu quando Kenny lhe passou a cerveja e soltou um beijo com um sorriso.

— Isso é o que todo mundo vive me dizendo. — Virando a cabeça, ela deu uma olhada no Casta pelo canto do olho, absorvendo toda aquela aparência perigosa e feições mais do que sensuais. Seu coração acelerou algumas batidas, como sempre fazia sempre que ele estava por perto, enquanto ficava toda lubrificada, as coxas se apertando quando o interesse úmido que sentia por ele ameaçava lhe causar uma vergonha gigantesca.

Afinal, os Castas podiam sentir o cheiro do interesse sexual de uma mulher.

Felizmente, se ele sentia, nunca comentou.

— Um dia desses posso parar de avisar e começar a surrar. — Cílios enormes e cheios demais baixaram só o suficiente para fazer a respiração dela acelerar só um pouquinho quando ela se virou para observar o ambiente cavernoso do bar e levantar a garrafa de cerveja aos lábios.

Ele seguiu sua jornada, o olhar se demorando vários segundos quando ela tomou um gole do álcool, apertando os dentes com o sabor pouco amargo que atingiu suas papilas gustativas.

Parecia que Rule e seu camarada, Dane, gostavam dos bares lotados e cheios de conversa tanto quanto ela fingia gostar.

— Cuidado aí, coração, — Dane disse, seu sotaque sul-africano extremamente sexy, mas nem de perto tão interessante quanto o tom gutural e sombrio de Rule. — Sabe o que dizem sobre provocar leões, não sabe?

Ela rolou os olhos de um jeito brincalhão antes voltar a olhar de lado para Rule.

— E eu tenho o hábito de atirar em homens que tocam quando não são convidados, — ela lembrou aos dois. — Além do mais, acho que o Comandante Breaker é inteligente o bastante para entender o significado da palavra “não”.

Rule levantou o copo com um líquido ambarino escuro até os lábios e bebeu como quem não quer nada, o olhar preso ao dela enquanto obviamente tentava esconder um sorriso.

Evidentemente ela tinha uma tendência a diverti-lo, porque ele fazia muito isso quando estava por perto.

— Então, me diga, delícia. — Dane a surpreendeu com o adjetivo e com o ar repentinamente paquerador. — O que é preciso fazer exatamente para conseguir um convite para te tocar?

Fala sério!

Ele não acabava de fazer aquela pergunta!

E ele não acabava de lhe dar uma piscadinha sugestiva! Depois de semanas obedecendo suas regras de nada de tocar nem nada de transar, aquele herdeiro de algum imaginário trono sul-africano estava violando o combinado?

Isso podia ficar interessante.

Um pouco perigoso, mas interessante, considerando que a família dele era uma das principais patrocinadoras dos Castas.

— Ignore o Junior aí, — Rule disse arrastando a voz de um jeito preguiçoso e zombador apesar do toque meio brusco velado pelo seu tom uniforme. — A babá dele teve que ir embora e não há ninguém aqui para lhe dar uma surra quando ele sai da linha.

Agora aquilo se tornou surpreendentemente um show a mais e não exatamente o que ela estava acostumada vindo deles.

Não que uma paqueradinha vinda deles não fosse normal. Mas era só um pedacinho ínfimo comparado a esse flerte de Dane.

Levantando a cerveja aos lábios mais uma vez, mais para matar o tempo e observar a pista de dança do que por sede, Gypsy deu outro gole comprido e lento.

De um lado, os olhos cor de esmeralda de Dane a observavam com uma atração divertida. Do outro, os olhos azuis escuros de Rule fizeram os seus seios formigarem de repente, os mamilos endurecerem. E entre as suas coxas seu clitóris estava tão ereto e inchado que ela sabia que se masturbaria no segundo que entrasse no quarto quando voltasse para casa.

— Está assustando ela, Casta, — Dane acusou Rule, a voz suave e zombeteira. — Devia pegar logo o que interessa e parar de ficar caçando sombras. — Com um leve estalar de dedos ele dispensou Rule. — Farei com que esse bocadinho delicioso aqui seja bem provido.

Ela quase cuspiu a cerveja com a declaração ultrajante, mesmo quando seus sentidos falharam, juntamente com seu coração, devido a referência a Rule caçando sombras.

— Está brincando, né? — Ela riu sem acreditar quando conseguiu engolir a boca cheia de cerveja.

Se endireitando no bar, com os olhos arregalados, ela olhou para os dois amigos.

— Ele sempre sai da casinha quando Rhys não está aqui para ficar de olho nele, — Rule disse, o divertimento em seu tom contrastando com a repentina faísca em seus vívidos olhos azuis.

Aquilo era raiva?

Não exatamente, ela decidiu, mas o que quer que fosse fez com que seus afiados instintos ficassem de prontidão. Que jogo era esse que aqueles dois estavam jogando?

— Está começando a me parecer que vocês dois precisam de babás, — ela sugeriu, achando graça dos dois, apesar do seu receio e repentina curiosidade sobre a suposta caça de Rule. — Rhys vai voltar logo?

Rhys ou Ryan Desalvo, amigo e às vezes guarda-costas de Dane, sempre estava desviando a atenção dele. Ela muitas vezes se perguntava se o hábito de Dane de observar todo mundo era a razão para Rhys fazer isso. Para que seu amigo pudesse dissecar e examinar as psiques de todos à sua volta.

— Não tão logo. — Dane se aproximou um pouquinho mais, invadindo o espaço dela, forçando-a a deslizar de lado, estreitando os olhos para ele.

Apesar da sua aparência masculina e loira, olhos de esmeralda e humor descontraído, ela sempre conseguia sentir o seu desapego, sua curiosidade excessivamente objetiva sempre que sua atenção estava nela.

No caso, agora.

— Devo pedir para alguns dos meus oficiais colocarem esse espertinho daqui pra fora? — Os lábios de Rule estavam na orelha dela, a voz dele preguiçosa e perversa, provocando uma quentura indescritível em todo o seu corpo.

Virando a cabeça para encontrar seu olhar, ela percebeu o quanto tinha se aproximado dele. Estava mais que perto. De pé no meio das suas coxas abertas, embora ele não tivesse tirado vantagem alguma da posição.

Ele não a estava tocando, contudo a cercava de um modo quase que protetor.

Seus olhos prenderam os dela.

Uma graça agradável e silenciosa brilhava ali, junto com uma fome. Uma fome perversa, sensual e confiante que fez seu coração bater mais rápido do que antes, enquanto sua respiração parecia forçada.

Ele a fazia querer...

Ele a fazia querer coisas que não podia ter, despertava uma fome por coisas que sabia que nunca poderia saciar.

Ela queria que ele a tocasse. Queria mesmo sabendo que isso só faria com que aquela necessidade que a rasgava por dentro piorasse.

Dane estava dizendo alguma coisa, a voz levemente zombeteira. Ela o ignorou, bem como Rule. O olhar dele estava preso ao dela, os lábios tão perto dos dela, tentando-a, atraindo-a...

 

O cheiro da necessidade dela — na verdade superava a suspeita e aquela chama ardente de curiosidade que tingia o ar.

Sem pensar, Rule passou a língua pelos dentes, só para ter certeza que as glândulas dali permaneciam dormentes.

O cheiro da necessidade dela fez com que sua ereção latejasse imperativamente, suas bolas tão apertadas com a necessidade de derramar sua semente que beirava a agonia.

Os olhos verdes jade estavam arregalados, cheios de tantas sombras e medos pouco perceptíveis que ele não queria nada mais naquele momento que ver prazer os enchendo.

Inferno, isso era tudo que queria toda vez que olhava para aquelas lindas esferas verdes e sentia a luxúria os aproximando.

Os lábios dela se abriram, aquele lábio inferior carnudo sentindo a carícia molhada da língua que corria por cima dele.

Ele conseguia ouvir o tum-tum do coração dela acelerado entre aqueles seios fartos, as curvas definidas e perfeitas debaixo da regata colada vermelha que ela usava.

Aquele pedacinho de roupa combinado com a calça jeans apertada, especialmente no bumbum, e botas de mocassim que subiam pelas pernas torneadas o faziam quase ofegar por ela.

Ela o deixava com mais tesão do que já esteve em — inferno, mais duro, com mais tesão do que já ficou em toda a vida. E agora, enquanto o fitava, com os lábios entreabertos, aquela fome o queimando, ele estava a um segundo de tomar aquele beijo que tanto tinha desejado.

— Gypsy...

A vibração leve, quase imperceptível de um telefone via satélite em um dos bolsos dela — outra vez — num ritmo bem distinto fez com que Gypsy se afastasse de repente.

Rule ia acabar com quem estava ligando, ele decidiu.

Aqueles olhos embriagantes aumentaram de tamanho, e um segundo depois ela saiu do meio das suas coxas, afastando-se dele às pressas.

Tirando o telefone do bolso, ela rapidamente checou o número antes de apertar a mandíbula e aquele traço de medo se transformar em raiva.

— Eu preciso ir. — Sacudindo a cabeça, o cheiro dela de repente se misturando a uma emoção que ele não conseguia definir exatamente, ela depositou algumas notas no bar.

Havia uma sombra em cima dela, um toque de medo e um de preocupação.

— Gypsy, espere. — Porra.

Antes que ele pudesse pará-la ela se virou, andando rapidamente até a porta antes de desaparecer noite afora.

Ele estreitou os olhos ante aquela saída; o cheiro do calor e da fome dela, manchado pelo seu medo, ainda permanecia em seus sentidos.

Junto com isso havia a certeza que até antes daquele telefone tocar, ela quase foi sua.

Virando-se devagar para Dane, ele encontrou o olhar estreito e desconfiado do outro Casta.

Levantando o pequeno copo de bebida aos lábios, o híbrido olhou para a porta por onde ela passou antes de se voltar e encolher os ombros.

— Bem, — ele falou arrastado. — Parece que ela tem uma coleira no final das contas. Marca de propriedade, creio que é chamado.

O copo de Rule bateu no balcão do bar com força e ele apertou a mandíbula com fúria.

Virando-se, ele seguiu a saída que ela havia tomado, determinado a descobrir exatamente quem seria aquela coleira.

E quando descobrisse, como disse antes, ele reivindicaria a porra da sua propriedade.

Alcançá-la, mesmo numa noite das boas, era uma tarefa de cão, e se ele não mantivesse os olhos focados nela, ela desapareceria em um segundo.

E ele já estava mais do que farto daqueles sumiços.

Saindo e vendo os faróis dela quando o pequeno jipe saiu do estacionamento, ele olhou com questionamento para Dane quando o outro homem apareceu detrás dele.

— Loki rastreou no jipe dela o último local que ela foi, mas houve uma complicação, — Dane o informou com seriedade antes que ele pudesse perguntar.

— Que tipo de complicação?

Ele andou às pressas até o Dragoon, ciente de Dane em seu encalço.

Dane deslizou no banco do passageiro quando Rule fechou a porta do lado do motorista e ativou o motor com um rápido toque do dedo na tela da ignição.

— Pouco antes dele localizar o carro e terminar a programação do sinal, o aparelho falhou. Voltando ao local onde ela estacionou ele descobriu que o jipe não estava mais lá e que o aparelho estava jogado no cascalho.

Rule acelerou rapidamente quando saiu do estacionamento.

— Jogado? Como se alguém o tivesse jogado lá ou como se o mecanismo que prende o aparelho ao veículo tivesse falhado? — Ele perguntou.

— O mecanismo ainda estava funcionando, e em momento algum Loki a viu sair do bar pela porta da frente. Mutt estava vigiando a saída dos fundos, e ela não saiu por lá também. Embora houvessem várias janelas do outro lado de onde ela estacionou e uma estivesse aberta o suficiente para que ela passasse.

Gypsy estava fugindo ou invés de simplesmente saindo?

Maldita, a evidência estava contestando o fato dela possivelmente vir a ser o contato que Jonas procurava, e isso estava começando a irritá-lo.

Em sua maioria porque ele não poderia desviar a atenção dela e acobertar seus movimentos ao mesmo tempo.

— Jonas quer aquele jipe monitorado, Dane, — Rule o lembrou, a voz brusca, imaginando como diabos ele ia evitar que Jonas o rastreasse. Muito em breve, um dos homens de Jonas descobriria que alguém a estava alertando sobre a instalação desses aparelhos.

Dane deu uma risada. — Talvez seja hora do irmãozinho aprender que ele nem sempre pode ter tudo o que quer. Porque parece que outras partes interessadas estão mais do que determinadas que o veículo não seja monitorado.

Rule, sabiamente, conteve um comentário.

Quando o Dragoon saiu do estacionamento, o link de comunicação do veículo começou a bipar. Mexendo no controle pelo volante, Rule atendeu a ligação com um breve “Diga”.

— Comandante, tenho o veículo no meu campo de visão, — Mongrel, um dos Coiotes de Dog, declarou com uma eficiência gélida. — Ela pegou um atalho pouco depois de sair da estrada principal. Há um carro dirigindo no preto por um caminho paralelo, mantendo-se bem próximo.

Dirigindo no preto. Andando com as todas as luzes apagadas para evitar detecção e muito provavelmente usando uma das estradas laterais do que seguindo a rodovia para não perdê-la de vista. — Consegue identificação? — questionou Rule.

— Não sem ser avistado.

Rule fez uma careta, desejando que estivesse dirigindo um dos veículos de deserto bem mais rápidos e manobráveis ao invés do Dragoon.

— Não perca a sombra de vista se possível, mas mantenha os olhos no alvo até que eu chegue.

Se Gypsy pegou um caminho diferente, então ele com toda a certeza não queria dar a quem quer que a estivesse seguindo uma chance de alcançá-la antes dele.

Só no caso dessa pessoa não ser um dos mocinhos.

 

Colocando o jipe no local ao lado da escada, Gypsy exalou de modo cansativo antes de bater no volante em frustração quando viu que a caminhonete da irmã não tinha voltado ainda.

Maldita Kandy.

Ela prometeu que estava a caminho de casa quando Gypsy falou com ela ao telefone. Essa foi a razão por sair tão rápido ao invés de esperar para ver o quanto ficaria apavorada se Rule realmente tentasse beijá-la.

Não que o deixasse beijá-la no bar, ela garantiu a si mesma. Não poderia fazer isso. Sua reputação em recusar qualquer homem que conhecia num bar era estelar. Só era necessário um momento de fraqueza para desfazer anos de trabalho. E Rule estava rapidamente se transformando em sua fraqueza.

Ele e Dane estavam se tornando “figuras fixas” na vida noturna não oficial que existia ao redor da reserva Arizona — fronteira entre o Novo México e a Nação Navajo. Não era como se agora fossem estranhos.

Se não estivessem em qualquer que fosse o bar que ela aparecesse, então chegavam depois de alguns minutos depois que tomasse o primeiro gole de bebida.

Eles bebiam um pouco, observavam os Castas mais novos e os oficiais pelos quais Rule obviamente parecia se sentir responsável, e depois iam embora para checar outro aglomerado de rapazes mal comportados.

E enquanto isso, Rule a observava, aqueles cílios cheios quase que juntos, aqueles olhos de um azul neon brilhando com interesse.

E excitação.

E Deus, ele a deixava cheia de tesão.

Quando o toque rítmico que identificava o número de Kandy vibrou no seu bolso, quase a matou de medo. Porque naquele momento ela não queria nada mais além de...

— Os docinhos de dentro são tão bonitos quanto os de fora?

Um gritinho de surpresa e Gypsy girou o corpo, quase pegando a faca que deixava guardada no coldre dentro da bota.

Quase mesmo, porque reconheceu a voz dele, sabia quem era mesmo antes de se virar. Só levou um momento para seu corpo fazer o mesmo.

— Seu idiota, quase me tirou um ano de vida com esse susto! — Batendo com as duas mãos nos músculos de aço do peitoral dele quando deixou aquele fluxo inicial de adrenalina se espalhar, ela conseguiu pouco mais que machucar as próprias palmas. — O que diabos está fazendo aqui, Breaker? Tentando me dar um ataque cardíaco, droga?

— Tinha alguém te seguindo.

Não havia graça nos olhos dele como houve durante toda semana. Nenhuma provocação na voz.

Ele falava muito sério.

Ela se sentiu empalidecer quando fitou os olhos dele e soube que ele não estava brincando.

— Quem estava me seguindo? — Por que alguém a estaria seguindo? O que diabos estava acontecendo para que alguém se interessasse nela assim tão de repente?

— Se soubesse quem estava te seguindo, docinho, eu estaria seguindo essa pessoa ao invés de correr até aqui para me certificar que você estava bem.

A voz dele fez seu coração acelerar com algo mais do que medo desta vez.

— Eu estou bem. — Ela estava mesmo gaguejando?

Estava.

Aquela expressão nos olhos dele era mais que séria. E não era do tipo perigo mais do que sério. Era de uma luxúria séria e determinada. E ela tinha o pressentimento que não ia escapar só com um pouquinho de flerte naquela noite.

— Posso ver. — Ele assentiu com lentidão.

O preto do seu uniforme de missão se misturava ao escuro da noite. Com seu cabelo negro e pele de bronze, os olhos azuis quase brilhavam no escuro. E estavam em chamas.

— É. — Enfiando as mãos nos bolsos do jeans, ela as tirou rapidamente quando aqueles olhos baixaram, deslizando pelo topo dos seus seios que pressionavam a regata colada ao corpo que usava. — Hum, estou bem. Pode ir embora. Se quiser. Quer dizer, é, pode ir. — Ela sentiu como se estivesse dando um tapa na própria cabeça quando as sinapses entre lábios e cérebro pareceram falhar de modo alarmante.

O que diabos devia fazer com as mãos?

Ela cruzou os braços por cima dos seios e isso não adiantou.

Finalmente, ela simplesmente enfiou as mãos nos bolsos de trás da calça de um jeito desconfortável.

— Chegou rápido aqui. Como passou por mim e eu nem vi? — Ela clareou a garganta, tão nervosa que jurava poder sentir suas cordas vocais estremecendo.

Teria notado um Dragoon passando num piscar de olhos, e sabia que não tinha visto nenhum.

— Claro que cheguei rápido aqui. Tinha que ter certeza que minha garota favorita estava sã e salva. — Ele entortou os lábios só um pouquinho, o olhar clareando de modo marginal apenas. — Não tem mais ninguém que acabe com o meu traseiro com a mesma frequência.

— Porque todos vivem se esforçando para tirar a roupa de cima desse seu traseiro firme, — ela retrucou.

Oh, merda, ela não disse isso.

Mas disse.

Ele estreitou os olhos. — Mas você não, é claro?

— Oh, não. Não eu. Sou só a melhor amiga de todo mundo, não ouviu falar? — E aquilo não era amargura na voz dela, era?

Mas ela sabia a verdade. A inquietude, a certeza das escolhas que fez ao longo dos anos, que mantinham sua vida tão esterilizada, eram dolorosas, faziam com que essa inquietude dentro dela crescesse até ela sentir que não podia mais contê-la.

— Não ouvi. — Ele deu um passo mais perto.

Ela deveria recuar?

Recuar? Hum, é. Ela recuou. — Bem, estou ótima. Dá pra ver que estou bem. — Mantendo as mãos atrás, ela retrocedeu mais um passo. — Pode ir agora. Onde estacionou? — Ele não tinha estacionado nos fundos. — Onde quer que tenha estacionado, tenha cuidado. Vejo você depois.

Mas ele não estava se movendo para partir.

Ao invés disso, movia-se com ela, um passo para a frente para cada um que ela dava para trás.

— Você tem medo de mim, Gypsy?

A voz dele era baixa, um pouco rouca, ríspida. E ela gostou até demais daquele som.

Ela recuou mais um passo quando ele se aproximou. Perto o bastante a ponto de poder sentir o calor do corpo dele.

Um ofego passou sem querer pelos seus lábios antes que ela pudesse contê-lo quando seu recuo foi repentinamente impedido pela cerca de privacidade que escondia a porta de entrada da casa da sua irmã do estacionamento e da casa dos seus pais.

— Rule— Ela não conseguia se forçar a dizer “não”. Ao invés disso, suas mãos levantaram para pressionar o peito dele só para se verem presas nas dele.

Um segundo depois ele as prendeu com segurança acima da sua cabeça, na cerca detrás dela.

Domínio.

Poder.

Uma sexualidade arrogante e confiança em estado puro.

A combinação era de tirar do sério e altamente excitante. Tão excitante que ela estava com a calcinha cheia de creme.

— Isso não é bom— Ela sabia o que ele ia fazer. E ela sabia que se o deixasse fazer...

Ele não pediu permissão, ele não a deixou de sobreaviso. Na metade da sua própria advertência sobre a prudência do que ela sabia que estava por vir, os lábios dele cobriram os dela, a língua se aproveitando e tirando toda vantagem do seu ofego de surpresa.

Experientes demais, mornos, com um toque de pura determinação de homem, os lábios dele cobriram os dela e imediatamente atearam fogo aos seus sentidos.

Chocolate e menta.

Ele tinha gosto de bombom de chocolate com menta. Gosto de sexo puro e ela queria lambê-lo inteiro, uma lambida sem pressa de cada vez.

A mão livre dele segurava o lado do seu rosto enquanto o polegar pressionava seu queixo, abrindo ainda mais seus lábios quando ele aprofundou mais o beijo.

Aqueles lábios saqueavam sua boca de uma maneira erótica. Eles lambiam as curvas mais cheias e sua língua curiosa e o beijo dele a assegurava que ele sabia exatamente o que estava fazendo.

E ele sabia exatamente como deixá-lo tão bom de modo que ela não tivesse escolha a não ser apreciá-lo.

E apreciá-lo era o que com certeza ela estava fazendo.

Seu corpo inteiro o apreciava.

A mão livre dele saiu do seu queixo para sua nuca, dedos se emaranhando em seu cabelo quando ele puxou sua cabeça atrás.

Soltando seus pulsos, a outra mão foi até seu quadril, depois deslizou pela parte baixa das suas costas, antes de ir até a curva da sua bunda.

Ela estava muito fora de si para lutar com aquele beijo.

Estava muito fora de si para lutar com qualquer coisa que ele quisesse lhe dar no momento.

Na verdade, estava mais do que pronta para aceitar mais.

Apertando os ombros dele com força, Gypsy enfiou as unhas no tecido negro do uniforme quando ele puxou seu cabelo outra vez. A carícia enviou um calor radiante pelo seu escalpo e inundou seus sentidos.

Um gemido, ou um grunhido, vibrou na garganta dele quando ela arqueou o corpo.

Uma coxa dura e maciça deslizou por entre as dela, o músculo firme como aço pressionando com força seu sexo. A carne dali estava tão sensível agora que o contato queimou por cima do seu jeans e do tecido do uniforme dele. Seu clitóris estava inchado, latejando, a sensação da lubrificação saindo de sua vagina mais outra carícia em sua carne hipersensível.

Soltando-a, a palma dele acariciou suas costas, descendo, pela lateral, depois subindo de um modo determinado para acariciar a curva farta do seu seio. Ali, o polegar encontrou o bico rijo do seu seio, que se via pelo tecido fino da sua regata. O roçar do dedo calejado enviou arcos de sensações do mamilo enrugado até a área repleta de tensão do seu útero.

Um prazer puro, incrível começou a cercá-la, correndo pelas suas veias, correndo pelo seu corpo.

Os seus quadris se inclinaram para receber a carícia firme da coxa pesada dele. Seu clitóris roçava a seda da sua calcinha e o jeans da calça quando a coxa rija e musculosa dele se flexionava e esfregava nela.

Por tantos anos ela se perguntou como aquilo seria, esse prazer ao qual se negou por tanto tempo.

Aquele Casta nem se incomodou com qualquer objeção que ela pudesse ter.

Ele nem lhe deu uma chance de se opor, ponto final.

Nem pediu permissão.

Nem a deixou de sobreaviso.

Ele simplesmente encheu seu corpo inteiro com uma onda de prazer tão volátil do qual ela não conseguia se negar mais um pouco.

E mais.

Sua língua se encontrou com a dele várias e várias vezes, esfregando-a, lambendo-a, amando o gosto de chocolate com menta que encontrou ali.

A palma dele envolveu um dos seus seios, testando o peso, e ele emitiu aquele som de rugido novamente quando soltou a outra mão que a segurava. As duas mãos deslizaram até seu quadril, pressionando debaixo da sua camisa, e um segundo depois ele encontrou a pele nua.

Se prazer já era uma onda de tesão puro e cheio de adrenalina vertendo pelas suas veias antes, no segundo que os dedos calejados dele roçaram sua barriga, ele se tornou combustível usado em foguetes correndo pelo seu organismo.

As pontas dos dedos dele raspavam sua pele sensível com ondas destrutivas de sensação que alimentavam aquela intensidade puramente sensual bem nas profundezas de sua vagina faminta. Seu clitóris não só fazia latejar agora, ele doía, doía pelo toque dele. Seus mamilos não estavam só duros, mas tão inchados, tão hipersensíveis que o roçar do sutiã era quase demais para se suportar.

Demais para suportar, e ainda assim não era suficiente.

Calor queimou suas terminações nervosas quando um arrepio correu pela sua pele, arrepiando seus braços enquanto ela estremecia nos braços dele.

O toque dele foi da sua barriga para a parte de trás de sua cintura, pausando lá por um segundo antes dos lábios dele se separarem dos dela e Gypsy perceber que estava ofegando, desesperada por ar, e ao mesmo tempo desesperada pelo beijo dele outra vez. Um gemido estremecido deixou seus lábios e suas pálpebras se abriram quando o beijo dele deslizou pela sua mandíbula e pela sensível linha do pescoço.

Ela arqueou contra o corpo dele indefesa, um gemido curto como um choramingo saindo dos seus lábios quando os dedos dele apertaram seu cabelo novamente, puxando. Os dentes dele rasparam seu pescoço, fazendo com que se colocasse na ponta dos pés quando uma onda de formidável prazer explodiu debaixo daqueles lábios e sob seu escalpo ao mesmo tempo.

Ela sentiu como se suas terminações nervosas estivessem disputando uma corrida para ficarem o mais perto possível dos lábios e da mão dele. Seus seios estavam tão inchados acima da outra palma que ela fez o impossível para não implorar para que a tocasse.

Tudo aquilo estava acontecendo bem ali, à vista de qualquer um que pudesse passar pela rua por trás da loja.

Ali não ficava exatamente nos subúrbios da cidade. Ela vivia a somente duas quadras da Main Street, pelo amor de Deus.

— Fazemos isso aqui? — Ele grunhiu no seu pescoço. —Ou no conforto da sua cama?

Na cama dela?

As implicações do que estavam fazendo explodiu em sua cabeça.

—Não.

Quem ficou mais surpreso quando ela se desvencilhou dele e conseguiu passar por baixo do seu braço para escapar para a escada, ela ou Rule?

Quando voltou a olhar para ele, o brilho daqueles olhos, como uma chama neon, parecia lamber todo seu corpo em promessa.

Era uma promessa que lançou um raio de medo dentro dela.

Quando o olhar dele encontrou o dela, também havia um aviso. Um que acariciou seu corpo e marcou seus sentidos a fogo e garantiu que ele não deixaria que fugisse por muito tempo.

— Não se foge de um prazer tão extremo assim, garotinha, — ele garantiu, um sorriso confiante entortando o canto dos seus lábios.

— Fique olhando. — Ela não ia ficar ali esperando que ele a tocasse de novo e provasse que tinha razão.

Tirando a chave da casa do bolso de trás da calça, ela se atrapalhou por um momento antes de virar e subir as escadas correndo. Ela o ouviu percorrer os degraus atrás dela. Um segundo depois a chave deslizou na fechadura, a porta se abriu, e ela pulou dentro do apartamento, batendo a porta atrás de si e apertando a trava de segurança no mesmo instante em que o ouviu alcançar o pequeno terraço do lado de fora.

Uma risada baixa passou pela porta. — Está com medo de quem, Gypsy? De mim ou de você?

Dele, ela se assegurou. Era definitivamente ele quem a deixava aterrorizada, não a resposta que ele provocava em seu corpo, nem saber que estava jogando sua vida fora transando com um Casta se continuasse seguindo aquele curso.

— Você está louco, — ela o acusou, a voz rouca. — Pare de tentar me seduzir, Rule.

Não vai rolar.

A risada baixa e masculina enviou um tremor de necessidade em sua vagina.

— Diga isso quando estiver sussurrando meu nome e derramando todo esse seu creme docinho no que quer que seja o brinquedinho que vai usar para se aliviar esta noite, Gypsy. — Havia um tom leve de irritação por saber exatamente que era isso que aconteceria quando ele rosnou essas palavras.

Gypsy apertou os olhos com força, sabendo que faria exatamente aquilo e odiando-o por isso.

Deus, não queria desejá-lo tanto assim. Como se ele fosse a melhor coisa depois do oxigênio e como se precisasse dele tanto quanto precisava do ar que respirava. Mas mesmo agora, ela doía por sentir os lábios dele nos dela outra vez e podia jurar que o gosto de menta ainda corria pelos seus sentidos.

Quando ela inalou com dificuldade, seus dedos passaram pelo topo dos seus seios, sua respiração irregular pelo prazer...

— Posso melhorar essa dor, baby, — ele sussurrou pela porta. — A noite toda, enquanto você grita porque o prazer é tão bom, cada orgasmo é tão forte e instigante que tudo que quer é alcançar o próximo antes do último ter terminado de pulsar nessa bocetinha gostosa.

— Vá embora! — Pulando para longe da porta, Gypsy se virou para encarar o painel, o tesão a invadindo quando teve que se forçar para não abrir a porta para ele.

— Bons sonhos, linda Gypsy, — ele repetiu, o divertimento em sua voz preguiçosa e arrogante. — Te vejo em breve.

Em breve?

— Não se eu o vir antes, — ela murmurou.

— Ouvi isso. Meu olfato apurado não é meu único talento.

Claro que ele tinha um excelente olfato. Claro que sabia o quanto ela o desejava desesperadamente. Essa era a maldita sorte que tinha.

Ela estava excitada, a carne sensível no meio de suas coxas tão inchada e faminta que doía, seu clitóris tão excitado que era quase insuportável.

Ele tinha que ser capaz de sentir o cheiro, porque o destino com certeza não permitiria que negasse.

Seu rosto ardeu de vergonha. — Vou chamar o xerife.

Ele não respondeu.

O que o pervertido estava fazendo agora?

— Me ouviu? Vou chamar o xerife.

Ouvindo com atenção, não ouviu nada, a não ser seu coração batendo forte e estrondoso em seus ouvidos, então com os olhos bem abertos, tentou determinar se ele ainda estava lá fora.

O leve som de um Desert Dragoon soou, seu poderoso motor ecoando na frente do prédio fez Gypsy correr para a sala para espiar entre as pesadas cortinas.

Olhando a rua iluminada, observou o veiculo preto apropriado para todo tipo de terreno sair do lugar em que estava estacionado e então, explodir em velocidade pela rua.

— Brincando com fogo, Whisper? E eu achando que você entendia as regras. Me diga, pelo menos vasculhou a suíte dele como deveria?

Ela descansou a cabeça na janela ao ouvir a voz baixa e áspera atrás de si.

Devia ter esperado isso.

 

—O que está fazendo aqui?— Girando, Gypsy enfrentou o membro do Desconhecido que a aceitou como contato, apenas meses depois da morte de seu irmão.

O mesmo guerreiro que deu a ela as condições de sua participação.

Devia sempre permanecer virgem.

Estava tentando deixá-la louca agora? Todo homem que conhecia estava tentando fazê-la se sentir louca este mês?

—Verificando você. — Cruzando seus braços acima de seu tórax largo, a alta figura inclinada contra o marco da porta de seu quarto.

Nem tentou ver como se parecia, sabia melhor. A pintura de guerra que cobria seu rosto foi feita de modo a tornar impossível distinguir seus traços, não importa o quão perto estivesse ou o quão duramente tentasse achar um ângulo distinto.

Ela estendeu suas mãos longe do seu corpo e olhou de volta para ele ironicamente. —Tudo inteiro.

Literalmente. Até sua virgindade estava ainda intacta.

Que era tudo com que ele estava provavelmente preocupado.

—Não tinha nenhuma dúvida. Mas agora, me admiro. — Ele a assegurou, a confiança em sua voz rangendo em seus nervos já exaltados.

—Então por que me checar? — Se movendo da janela, andou a passos largos através da sala de estar para a cozinha, voltando atrás assim que passou pelo balcão que dividia os ambientes. —Quer uma bebida? Tenho alguma.

—Não, obrigado. — Sua resposta não a surpreendeu.

Abrindo a porta de geladeira, pegou uma garrafa de sua cerveja favorita e torceu a tampa em desgosto antes de tomar um longo gole da bebida.

—Tem vinte e quatro anos, não é, Whisper?— Ele falou quando ela engoliu a fermentada bebida amarga.

—O que isso importa?— Girando para enfrentá-lo, ela se debruçou contra o refrigerador, vendo o cintilar dos olhos castanhos. A última vez que o viu, eles pareceram azuis.

—Você permaneceu virgem por nove anos a fim de trabalhar conosco. Não teve nenhum amante, tem poucos amigos e começou a se separar de sua família até antes do enterro de Mark. Diga-me, quanto tempo pensa que pode permanecer isolada entre as pessoas que amam muito você? Ou este Casta que parece determinada em tê-la?

Ela ergueu sua sobrancelha numa tentativa deliberada de demonstrar despreocupação. —Eu fui embora.

—Você fugiu, — ele conscientemente replicou. —Existe uma diferença.

Existia uma diferença, e ela sabia isto.

Ela simplesmente não queria discutir isto.

—Quando eu não puder mais correr dele, informarei,— ela prometeu, levando a garrafa aos lábios novamente.

—E o que aconteceria para você se parasse de correr? — A compaixão encheu sua voz. — Se de repente achasse que precisa de mais que uma bebida para dormir nas noites ruins?

Ele movimentou a cabeça para a cerveja que ela estava abaixando.

—Pensa que bebo para dormir? — Ela perguntou, divertida. —Diga-me, já deslizou em meu apartamento e me pegou adormecida?

Ela sabia que não.

A cabeça dele balançou para o lado enquanto a assistia, dissecando-a.

—Nunca, — ele finalmente admitiu. —Mas não tentei.

—Então tente, — ela sugeriu. — Mas não fique muito tempo se me pegar de olhos fechados, porque nunca dura.

Ela e o sono não eram amigos pessoais. Mas ela e os pesadelos que o seguiam eram.

—Aquele Casta não será fácil de se afastar, — ele disse a ela. — E conseguir as informações que precisamos será impossível se você o ignorar.

—Conseguir as informações que você precisa será impossível se eu dormir com ele, lembra? — Ela disse, zombando dele. — Se eu dormir com ele, então você não responderá meus telefonemas.

—Tenho correio de voz. Deixe uma mensagem. Eu sempre escutarei.

Gypsy estreitou seu olhar nele enquanto ele lentamente endireitava de sua posição contra o marco da porta.

—Está rescindindo as condições da minha participação? — Ela perguntou devagar.

—Isto não é possível, — ele suspirou fortemente. — Mas se quebrasse as condições de sua participação, isso não quer dizer que eu ia te abandonar completamente. Só recusarei trabalhar novamente com você.

—Já considerou o quão ignorante isso seria? — Ela perguntou a ele enquanto sacudia a cabeça, descrença refletindo em sua voz. — As informações que trouxe a você nessas semanas até me espantam. Nunca usei um computador, nunca arrisco eu mesma ou meus amigos, mas você tem mais informações do que sabe o que fazer com elas. Realmente me cortaria assim?

—Claro.

Descrença passou por ela. — Pelo amor de Deus, por quê?

—Pela mesma razão que deveríamos ter tirado seu irmão quando ele e Thea Lacey se tornaram amantes. Ele ficou descuidado, — ele declarou, sua voz severa agora. —Não vou arriscar com você.

—Mark não foi a pessoa que ficou descuidada, — ela zombou. —E nós dois sabemos isto.

—Gypsy. — Era uma das poucas vezes que usou seu nome.

—Não me chame de Gypsy. — A raiva subiu por ela.

Terminando a cerveja, jogou a garrafa no lixo antes de se voltar furiosa para a batalha com o guerreiro furioso. —Eu fui descuidada. E me recuso a discutir isto. Agora diga por que está aqui ou saia, assim posso tomar um banho.

O silêncio se esticou entre eles. Um longo e tenso silêncio a advertiu que o guerreiro estava considerando seriamente continuar a confrontação.

Deus, não o deixe continuar a confrontação, ela dolorosamente pensou. Ela não sabia se podia aguentar isto.

Finalmente, ele sacudiu sua cabeça, respirando fortemente.

—A informação que suspeitamos sobre os Castas estarem usando o Desconhecido foi confirmada. Temos um vazamento entre nossos contatos, e nós precisamos saber quem esse vazamento é. Precisamos de você para descobrir o vazamento.

Um vazamento?

—Quantos contatos você tem, exatamente? — Ela perguntou então, empurrando sua raiva abaixo, momentos antes de olhar para ele com suspeita.

—O número não ajudaria você, — ele disse a ela, a arrogância que era uma parte dele lembrando-a muito do Comandante Breaker.

—Certo então, uma lista de contatos conhecidos? — Ela perguntou ao invés.

—Tal coisa não existe.

Quando ela discutiria aquela declaração, a mão dele se ergueu num gesto de silêncio antes dele continuar. —Existem seis de nós, e cada um tem nossos próprios contatos que somos proibidos de identificar. Até nós temos regras que respeitamos, Whisper.

Que chocante.

—Proibido identificar, — ela murmurou, desgosto enrolando em seus lábios. —Por que isso não me surpreende? Só faria isto ser extremamente fácil, não é?

—Pensei que veria deste modo, — ele concordou, perfeitamente sério. —Você aprecia fazer tudo do modo duro, pensei que apreciaria isso também.

Cerrando os dentes enquanto seus lábios se apertavam, ela apoiou as mãos nos quadris e olhou pra ele, sabendo que ele claramente leria a suspeita de zombaria em seu rosto.

—Então como eu deveria compreender quem este contato é? — Ela estalou. — Deveria dormir com Rule e para sempre desistir dos meus próprios sonhos para fazer isso?

—Seus sonhos? — Ele discutiu com uma risada abafada. —Trabalhar conosco nunca foi seu sonho, Whisper. É seu albatroz. Seu próprio castigo e nada mais. Você desistiu de seus sonhos para seu pesar, e ambos sabemos disso.

Deus, ela o odiou.

—Vá para o inferno.

Não era a primeira vez que tinham essa discussão, nem era a primeira vez que ela o amaldiçoava.

—Estive lá, — ele declarou com um quê de enfado. —Em relação à forma como faz isso? Apenas faça, temos que saber as informações que eles tem, e exatamente onde conseguiram descobrir isso. Nada mais importa. Para sobreviver, temos que permanecer escondidos. Permanecer um conto de fadas para nosso povo. De alguma maneira, o contato de alguém conseguiu adquirir informação suficiente para identificar pelo menos um de nós. Se um de nós cair, eventualmente todos cairemos.

Piscando pra ele em choque, ela deu uma pequena sacudidela na cabeça.

—Como sabe que um dos Desconhecidos foi identificado? — Ela o questionou, suspeita e descrença desaparecendo por um momento. — Não deixa ninguém saber quem você é.

—Eu não deixo, — ele concordou. — O que um dos outros fez, não posso dizer com certeza. Tudo que sei, de fato, é que meu contato dentro de força de Jonas Wyatt me assegura que um de nós foi identificado. Foi incapaz de descobrir quem, ou como.

—Você tem um contato Casta? — Isso a surpreendeu. — Ele está numa posição melhor que a minha...

—Jonas também está ciente que o Desconhecido tem um contato em sua força, — ele estalou, raiva afiando seu tom agora. — Quem nos traiu sabe muito sobre nós. Suficiente para me assegurar que o guerreiro que lida com ele tomou esta pessoa em sua confiança. E isso não pode ser tolerado ou permitido a continuar. E eu não posso confiar nos outros para assegurar que a identidade do guerreiro não será revelada. Isso deixa você com a tarefa de identificá-lo. Porque diferente de você e o Casta dentro da unidade do Wyatt, não tenho nenhum outro contato que meus guerreiros, nas mesmas categoria, não estão cientes.

Então o que acontecia para um Desconhecido quando eram despedidos? Gypsy teve a sensação que a posição não vinha com uma cláusula de saída.

—Está certo que Jonas pode identificar um de você? — Ela sussurrou.

— Fui informado que Jonas foi escutado declarando que o Desconhecido não era não mais um conto de fadas do que os Castas e ele mesmo eram e que agora tinha as informações que precisava para questionar um deles.

Sim, isso soava como se Jonas Wyatt soubesse exatamente por quem estava procurando.

Ela conhecia Jonas muito bem para duvidar que ele soubesse exatamente sobre o que estava conversando. Ela ouviu muitas histórias sobre Wyatt, e escutou muitos Castas discutindo sobre ele quando pensavam que ninguém podia escutar. Ele não fazia declarações generalizadas. Se tivesse o que precisava para questionar alguém, então sabia quem diabos essa pessoa era.

Sua própria experiência com Wyatt nove anos antes, e novamente depois dele e sua família chegarem à Window Rock, confirmavam sua suposição. Ela até conseguiu assegurar dois convites nas últimas duas semanas para almoçar com Rachel e Âmber, como também com Isabelle Martinez e Ashley, uma das fêmeas Coiote de quem se tornou amiga.

Ela sabia que Jonas era determinado, obstinado, e nada importava para ele mais que sua família e os Castas. Só sua sobrevivência era sua razão para viver.

Um pouco como o Desconhecido.

Os Castas eram consideradas parte das Povo, sua genética uma linha direta para chefes antigos, curandeiros, irmãs e crianças que foram tiradas das tribos durante os anos que o Conselho estava construindo seu denominado exército.

Seu irmão venerou estes guerreiros. Ele sonhou eventualmente se tornar um ele mesmo, se uma posição entre os seis se abrisse.

—Conseguir esse tipo de informação será extremamente difícil. Inferno, pode ser impossível, — ela sussurrou, fazendo uma rápida lista mental dos Castas que poderiam saber o que Jonas estava fazendo. Entretanto duvidava que mais de um, possivelmente dois, teriam conhecimento das informações que ele tinha.

Ruler Breaker definitivamente seria um daqueles Castas, assim como seu irmão, Lawe.

Jonas tinha vários guarda-costas; nenhuma dúvida que sabiam bastante, mas Rachel Broen era sua amante. Ela poderia saber tudo que Jonas Wyatt sabia, e Gypsy conhecia Rachel.

Um sentimento repugnante de desgosto por si mesma a cobriu.

Não podia revelar qualquer coisa que Rachel dissesse a ela, ainda que a outra mulher dissesse a ela algo importante. Sabia o que os Castas estavam procurando e por que, só não suas identidades reais. Ela não tinha nenhuma informação para dar a Jonas que o ajudasse; o contato dela nunca dissera nada a ela, ele meramente pegava o que ela coletava. E acreditou nele quando perguntou a ele se podia ajudar Amber e ele negou a habilidade. Sua voz ressonou com remorso quando ele disse a ela que não podia.

—Assistir sua mente é um trabalho fascinante. — O guerreiro disse então, sua voz refletindo diversão e descrença. — Em certo ponto, minha amiga, terá que perceber quanto seus talentos estão sendo perdidos como meu contato. Você podia fazer muito mais com você mesma.

Gypsy agitou sua cabeça.

— O apartamento de Rule estava completamente limpo quando fui até ele na semana passada, — ela declarou, repelindo seu comentário. —Mantém seu e-pad com ele, pelo menos sempre que eu o vi. Nunca está ligado quando está com ele e nunca o deixa livre.

Ela soube aquilo porque um dos programas que o guerreiro adicionou ao seu telefone de satélite seguro foi projetado para invadir o dispositivo do chefe Casta e baixar todas as informações contidas nele. Mas só funcionava se o e-pad estivesse ligado.

—Deve ter deixado passar algo, — ele disse então a ela. —Quando Breaker retornou ao seu quarto, existia uma indicação definida de dados sendo acessados ou roteados dentro do quarto pelas câmeras do hotel. Ele não poderia fazer isso se não tivesse um computador lá. O e-pad não seria capaz de rodar um programa como esse. Eles apenas leem o que é roteado de um programa existente em outro dispositivo. E ele não estava carregando nada com ele quando retornou.

Sua mandíbula estalou em frustração então. Entrar no apartamento de Rule seria fácil, mas ser pega seria fácil também.

Muito fácil.

A única pessoa que sabia que era próxima o suficiente de Jonas Wyatt, que poderia ter as informações ou uma pista disto, era sua amante, e as duas mulheres que recentemente se tornaram amantes dos Castas. Uma era Liza Johnson.

Ela e Liza se visitaram algumas vezes desde que seu amante Casta, Stygian Black, a trouxe para o hotel para proteção. Entretanto o ataque que ela previa causou medidas mais estritas e protetivas a serem tomadas, e poderia ser possível se encontrar com ela agora.

Isabelle Martinez, a outra amante de Casta, era realmente uma relação. Eram primas de segundo grau e amigas próximos, entretanto Isabelle não estava muito sociável desde o ataque que feito a ela também.

Ser amante de Casta não era exatamente uma posição segura.

—Descubra o que puder, Whisper, — o guerreiro suspirou fortemente enquanto ela o assistia pensativamente. — E depressa, se não se importar. Se o contato de Wyatt tiver a confiança do seu guerreiro, então poderiam revelar todas as nossas identidades. E não acredito que eu apreciaria ser arrastado na sede Casta e interrogado pelo bicho-papão dos Castas.

Ela não podia culpá-lo por aquilo.

—Tão depressa quanto possível, — ela prometeu. —Pode levar alguns dias para fazer contato com minhas próprias fontes, entretanto.

—Esperarei ansiosamente seu relatório. — Ele movimentou a cabeça.

—Só não prenda sua respiração, — ela suspirou.

Ele riu.

— Nunca. — Ele começou a se virar antes de pausar e voltar para ela. — Ouvi que tem tentado descobrir onde Kandy desaparece quando não pode achada.

Ela quase pediu ajuda quando começou a olhar, mas rejeitou isto. Estava certa que Kandy não estava em qualquer dificuldade, mas podia sentir que algo estava errado.

—Sabe onde ela está? — Gypsys apertou seus dedos na extremidade do balcão enquanto rezava para estar certa.

—A sombra de Mark, — ele respondeu. —Talvez devesse se juntar a ela, Gypsy. Talvez seja hora de ver o passado por uma nova perspectiva.

Gypsy não se moveu enquanto ele virava e desaparecia em seu quarto, sabendo que se juntar à sua irmã em um sozinho e desolado lugar era algo que não podia fazer.

Não agora.

Talvez nunca seria.

Algo dentro dela apertou ao ponto da dor lacerar seu coração, atraindo um soluço roto de seu tórax.

Ela não chorou.

Ela nunca chorou.

Derramou todas as suas lágrimas na noite que Mark caiu por terra, olhando fixamente de volta para ela com tanta sombria tristeza.

Seu rosto relampejou enquanto seus punhos empurravam para cima, apertando seus olhos fechados enquanto lutava contra a imagem que não parecia poder sair de sua cabeça.

Seu estômago apertou com memórias que mantinha enterradas até este relampejante momento de debilidade, de realização agonizante. Ela não podia respirar, e sua garganta parecia tão apertada que engoliu e quase teve ânsia de vômito.

Por que? Por que ele disse aquilo a ela?

Preferia apenas não saber para onde Kandy estava desaparecendo e por que ficava fora até tão tarde.

Deus, por que sua irmã estava fazendo isto?

Por que estava indo para aquele lugar?

Gypsy odiava aquele pedaço de chão.

Se recusava a chegar perto agora, nem mesmo dirigia perto e não importava se o destino chamava por ela. Sempre tomou uma rota alternativa.

Não podia aguentar o pensamento de examinar aquela subida bonita para ver a pedra de ônix preto que o marcava.

—Por quê? — Antes de poder suprimir o grito quebrado dentro dela, ele escapou de seus lábios enquanto as mãos dela agarravam um vaso próximo, e ela o jogou com força suficiente para atravessar a sala. — Maldição, por quê?

Enfurecida, sabendo que não podia aguentar as paredes que se aproximavam dela, virou e foi para seu apartamento e para a escuridão.

Onde os segredos se escondiam.

O assombrado grito da jovem se escondendo no apartamento em frente ao abrigo protegido na copa das árvores e sombras onde ele se escondia, fez Dane fazer uma careta de remorso.

Ela era um de seus maiores fracassos, ele pesarosamente pensou. Seu irmão era o maior. Como em nome do Deus não pôde antecipar a traição que matou Mark McQuade, e em nove anos de pesquisa, por que não achou o bastardo que traiu o jovem e permitiu que aquela criança levasse a culpa?

Ele prosseguia, sabendo que quem revelou a identidade de McQuade ao Conselho de Genética não foi o Casta Coiote que morreu por isto, entretanto não era menos culpado. O homem que destruiu a vida daquela criança caiu fora limpo, pelo menos no momento.

Dane olhou fixamente para o apartamento, dolorido pela perda que não pode deter enquanto uma sombra se movia ao lado do edifício, então desapareceu.

Guardando siêncio, Dane viu por um momento o guerreiro novamente, segundos mais tarde, movendo-se na direção dele. Ele assistiu como seu contato parava e removia a fina máscara pintada que usava e empurrava isto em seu bolso.

Seus lábios se curvaram pelo pensamento daquela máscara. Enganava tanto humanos como Castas por décadas. Foi a primeira criação de Leo, e uma que o funcionamento Dane foi incapaz de compreender até este dia.

Tirou um charuto de seu bolso e levando este para seus lábios, deu outro para o Casta de pé, contra a árvore ao lado dele.

Acendendo o charuto, Dane deu o acendedor para o Coiote também, esperando enquanto ele acendia o próprio, então aceitou de volta e colocou no bolso.

—Vocês dois estão me irritando. — O guerreiro se moveu acima dele, o olhando irado.

Puxando outro charuto livre de seu bolso, Dane o entregou para o recém chegado antes de assisti-lo usar seu próprio isqueiro para acender.

—Como ela está indo? — Dane movimentou a cabeça para o apartamento enquanto o guerreiro exalava, irritação inerente no som.

—Esta tem que ser a maldita mulher mais teimosa que já pus os olhos. — Ele soltou, rangendo seus dentes acima das palavras. —Tem sido desse jeito por nove anos e agora não tem nenhuma intenção de parar. Pensei que tinha dito que aquele bastardo que esteve com ela hoje à noite era seu companheiro?

Dane não podia evitar, mas sorriu. —Ele é seu companheiro, asseguro. — Ele não fez nada para esconder o pesado sotaque sul-africano.

—Sim, é por isso que ela está lá em cima tentando compreender como descobrir quem traiu o Desconhecido enquanto está olhando fixamente para o bastardo que fez a traição.

Dane olhou fixamente para o guerreiro, conhecendo muito mais sobre ele do que estava certo que o homem acharia confortável.

—Tudo para o bem maior, meu amigo, — Dog falou devagar, com uma curiosa falta de sotaque. — Não podemos ter um traidor nas fileiras.

—A usar assim não assenta bem comigo, — o guerreiro os informou, não pela primeira vez. — E que raio de acasalamento é esse afinal? Por que está lá em cima sozinha, gritando como se sua alma estivesse sendo cortada, se ele for seu companheiro? E ignorar a pergunta não vai fazê-la ir embora, Dane.

Não, este — guerreiro — era mais que teimoso. Não pararia de procurar por uma resposta se achasse que Dane estava deliberadamente não respondendo.

—Não estou certo ainda por que o acasalamento não aconteceu, — ele respondeu, seu olhar retornando pensativamente ao apartamento. — Estou completamente certo, entretanto, que ela é a companheira dele.

—Como? — Foi Dog quem fez aquela pergunta, confusão aparente em sua voz. — Como pode estar tão certo?

Como podia estar tão certo? Dane quase rosnou, mas estava extremamente ciente dos outros dois o assistindo. Ele não podia reivindicar ter cheirado isto, porque Dog era um Casta também; ele imediatamente questionaria por que ele não cheirou também.

Isso deixava a verdade, que estava estranhamente longe da ficção.

Erguendo sua mão para esfregar atrás de seu pescoço, ele olhou fixamente para ambos os homens, um pouco desconfortável. Esta não seria uma explicação fácil e era uma que raramente dava.

—Eu sinto isso, — ele finalmente murmurou.

—Desculpe? Você o que? — Dog perguntou, seu escárnio sempre presente, embora mais espesso que o normal.

—É complicado, — ele botou para fora, não apreciando a sensação de ter outros o observando como frequentemente os observava.

—Você não pode dizer, — Dog comentou ironicamente. —Por que não explica isto para nós de qualquer maneira?

O fuzilando com um olhar, Dane soltou a ponta de seu charuto antes de prendê-lo entre seu dedo polegar e dedo indicador e o abaixando lentamente.

—Disse a você, eu só sinto isto, — ele repetiu, forçando de volta seu desconforto.

Seria maldito se deixasse que aquele sorriso idiota do Coiote o colocasse em conflito tentando explicar o pouco talento que tinha.

—Conte, — o guerreiro sugeriu, um pouco mais firmemente que Dog havia sido.

—Contar é a parte difícil, — ele admitiu com uma torção de seus lábios. — É um conhecimento que está lá uma vez que eu os veja juntos. Como se meu intestino sentisse.

—Intestino sentindo, huh? — Dog estava definitivamente rindo dele; felizmente era um riso mudo.

Dane não pode evitar, mas deixou seus lábios tremerem, porque com este Casta, ele definitivamente teria a última risada.

—E às vezes, tudo que tenho a fazer é ouvir certo nome nos lábios do Casta para saber quem é seu companheiro. Quer começar a nomeá-los, “boet”? — A gíria sul-africana para — amigo — deslizou antes dele deter isto. Um problema que estava tendo muito frequentemente ultimamente.

Os olhos de Dog imediatamente se estreitaram enquanto suspeita os iluminava, o cinza escurecendo, chamejando com uma sugestão de raiva.

—Pare de deixá-lo aborrecer você, Dog, — o guerreiro grunhiu em desgosto para Dane do outro lado. — Ele tentou isso comigo no ano passado. Tem que o conhecer bem suficiente para não deixá-lo bagunçar sua mente.

Oh, ele podia fazer muito mais que bagunça com a mente de Dog. Existia uma razão para que ele buscasse o Coiote e formasse uma amizade com ele quando o fez. Se este Casta não tivesse conhecidos ou amigos logo, não apenas conhecidos ou outros Castas que não se importariam de lutar com ele, então estaria em dificuldades.

—Vai acabar num mundo de dor se cometer o engano de mexer com o que assume que é minha mente, — Dog quietamente o advertiu.

—Primeiro deveria ter alguma mente pra bagunçar dentro do seu crânio espesso. — Dane sugeriu zombando, antes de se voltar para o guerreiro. — Rescinda a cláusula de virgindade e dê a ela uma escolha. Nunca entendi por que a pôs sob tais restrições para começar, quando não fez isto com mais ninguém.

Surpresa refletiu no rosto do outro homem antes da negação instantânea encher seu olhar.

—O inferno que irei. — O guerreiro de repente ficou tenso, suas sobrancelhas juntando numa carranca, que cobriu as lentes de contato que usava com uma fração de cor que Dane tinha certeza que ninguém queria ver.

—Cláusula de virgindade? — Dog estava extremamente distraído hoje à noite, Dane pensou com sarcasmo mudo.

Os Castas tinham problemas com Déficit de Atenção que ele não sabia?

—Se eu rescindir a cláusula, ela será suspeita, — o guerreiro disse, ignorando o questionamento de Dog. — Ela está muito bem treinada para isso, Dane, e você se certificou disto. Ela imediatamente saberá que está sendo preparada, e não pense que ela não tem escutado muito sobre as provas do Calor do Acasalamento que sempre escuta os Castas conversando. Se pegar uma brisa que pode ser verdade e Ruler é seu companheiro, então só poderia fugir e correr para sempre antes que ele o faça.

—Ela não ouvirá nada lá. — A garantia de Dog fez Dane olhar fixamente de volta pra ele agora.

—As fofocas dos Castas são piores que mulheres velhas, — ele lembrou o Coiote.

—Não aqui, não sobre o Calor do Acasalamento. — Dog agitou sua cabeça firmemente. — Jonas apagou a palavra antes do primeiro Casta sair fora daqui nove anos atrás, eu ouvi. Ele reforçou isto quando a procura por animais de pesquisa do Brandenmore os levou para fora daqui novamente. E deixou isto claro, se a palavra “Calor de Acasalamento” for fofocado, ou palavras como “companheiros” ou “acasalando” forem mencionados, então vai começar a cortar cabeças. Literalmente.

Dane agitou sua cabeça antes de olhar as estrelas à procura de ajuda a respeito de seu irmão. Aquele menino era um perigo para ele mesmo às vezes, sem mencionar o Calor do Acasalamento em geral. A lenda do Companheiro Correspondente estava definitivamente lacrada propriamente dentro da pedra. E Jonas com isso se o outro Casta não fosse extremamente cuidadoso.

—Assumindo que ela realmente seja a companheira dele, — o guerreiro disse então, — o que aconteceu hoje à noite? Porque caralho ele não está na cama com ela.

Para aquilo, Dane só podia sacudir sua cabeça, porque não tinha ideia. Isso não significava que não descobriria.

—Ruler correrá se ao menos suspeitar que é seu companheiro, — Dog declarou então, causando aquele “algo”, aquela sensação extra se movendo dentro dele.

—Seus instintos animais não o deixarão correr, pelo que entendo, — o guerreiro discutiu, com uma sugestão de pergunta em sua voz.

Ahh, existia a chave.

—Não importaria se seu instinto estivesse face a face com seu Leão, — Dog grunhiu. — Se aquele Casta suspeitar que sua companheira está na área, possa estar na área, ou poderá chegar em qualquer hora num futuro próximo, confie em mim, ele o fará. Ele correrá.

—Por que inferno faria isto? — A descrença no tom do guerreiro correu espessa com assombro. —Pensei que Castas adoravam seus companheiros ou alguma merda assim.

—Ou alguma merda assim, — Dog grunhiu. — Mas Ruler não só assistiu o companheiro da sua mãe ser dissecado vivo, mas também sua mãe, por causa do Calor do Acasalamento e a determinação dos cientistas em visualizar os efeitos dele no corpo vivo. De acordo com aquelas fofocas Castas que você mencionou, está determinado a proteger sua companheira de algo assim acontecer com ela. Sua convicção é que o melhor modo de um Casta proteger sua companheira é nunca acasalando com ela, para começar.

Dane sentiu a surpresa que emanava do guerreiro, que acreditava que sabia todos os segredos, escondendo o seu próprio.

Crianças, ele pensou, impedindo a si mesmo de sacudir sua cabeça. Os dois.

Não tinham nenhum segredo para ele, mas os deixar acreditar que tinham dava um pouco de diversão de vez em quando.

Mesmo enquanto a diversão se juntava dentro dele, havia uma sensação de conhecimento a respeito de Rule Breaker.

O acasalamento estava lá. Gypsu Rum McQuade era definitivamente a companheira dele, mas o animal, os sentidos do animal estavam de longe mais espertos que o Casta, evidentemente.

Dane girou para o guerreiro. —O que pensa que ela fará?

O guerreiro cruzou seus braços acima de seu tórax, olhando de volta para ele pensativamente.

Este homem conhecia Gypsy McQuade melhor que ninguém, até mais que seus pais, ele achava.

—Procurará as amigas primeiro, — ele finalmente respondeu. —Liza, Isabelle, e a companheira de Jonas, Rachel. Talvez até as fêmeas Coiote. Ela as conhece bastante bem e vai a festas com elas frequentemente. Quando não existir nenhuma resposta para ser achada lá, só então irá para Breaker.

—Ele seria a rota mais direta, — Dane assinalou. —Por que não ir até ele primeiro?

—Porque ele a assustou. — O guerreiro riu de repente. —E foi o primeiro homem que conseguiu fazer isto. Ele a assustou tanto que ela só poderia ter corrido assustada. E, meninos — pura antecipação encheu a voz do outro homem — nunca vi Gypsy Rum McQuade correr assustada de qualquer homem ou Casta. Por certo vou ficar esperando ansiosamente por isso aqui.

O que o guerreiro não estava pensando, o que não estava lembrando, era que Gypsy permaneceu virgem todos aqueles anos para continuar a trabalhar com o Desconhecido por uma razão.

Ela estava tentando merecer viver.

Nunca se perdoou por algo que nunca foi sua culpa, para começar.

A morte do seu irmão.

Ela não cederia facilmente, e se o fizesse — se o fizesse, ele esperava que Ruler tivesse o bom senso de dar a ela mais para viver do que ela acreditava que precisava para morrer. Da mesma maneira que esperava que em Gypsy, Ruler pudesse achar uma companheira que julgava merecedora de lutar com seus medos. Porque neste mundo, neste tempo, ser um Casta não era fácil, nem era muito mais seguro que foi antes.

Agora, um Casta tinha muito mais a perder.

Talvez seu pai estivesse certo, no ano passado, quando sugeriu a Dane que era tempo de colocar aquela humana e o Casta numa posição que não poderiam recusar ou correr dela. Uma posição que daria àquele animal se escondendo dentro de Ruler a melhor chance possível de reivindicar sua companheira antes que Ruler percebesse o que era. E a melhor chance para a mulher ser acasalada.

Ele quase sorriu em satisfação.

Havia vezes que ele e o velho estavam em perfeito acordo. Bem, realmente, frequentemente. Ele só realmente parecia em choque quando Leo começou a suspeitar que Dane estava se divertindo quando disse a Leo que estava procurando no mundo por sua companheira.

Seu pai, apesar de suas crianças gêmeas estarem o deixando no inferno hoje em dia, estava desesperado para ver seu filho solteiro se estabelecer e dar a Leo netos para saltar em seu joelho.

Dane estava, da mesma maneira determinado, a fazer exatamente o contrário.

Ele amou, profundamente, sinceramente. Companheira ou não, amou uma mulher com uma força que não sabia se ele podia possuir. Ele a amou o suficiente para a entregar para seu companheiro e assegurar que o bastardo idiota a merecia.

Não que ele a tivesse, mas esteve tão perto como qualquer homem poderia, Dane decidiu, doendo um pouco, como sempre fazia, por ela.

Ainda assim,definiu este movimento quase um ano antes, só esperando que seu irmãozinho, Jonas, conseguisse uma pista e terminasse o trabalho para ele.

Jonas era bastante seguro naquela área.

Felizmente, porque Dane não achava que o título de Companheiro Correspondente se assentaria tão bem em seus ombros como fez em seu irmãozinho.

—O que foi agora? — Dog perguntou, olhando curioso para Dane.

—Agora — Dane sorriu em tono do charuto preso entre seus dentes. — Agora colocamos os pingos nos is e cortamos os t’s e veremos o que acontece.            

Os outros dois homens olharam pra ele em confusão.

Dane girou nos calcanhares e sorriu pra eles.

—É hora, cavalheiros, de preparar um contrato para nosso diretor assistente e assegurar que ele não tenha nenhuma opção para correr.

 

O ar de excitação que encheu os escritórios da McQuade Consultoria de Imagem quando Gypsy entrou nele vários dias mais tarde era nada menos que surpreendente. Normalmente, Hansel (que Deus perdoasse os pais de seu pai por este nome) e Greta McQuade estavam com clientes e não nos escritórios do outro lado da rua na Gingerbread House, a loja de doces e presentes que os pais de Greta deixaram para suas netas.

Estavam ocupados construindo a pequena empresa de marketing pessoal quando seu primeiro filho nasceu, quando tinham pouco mais de vinte anos. Depois da morte de Mark, se entregaram a ela e se mantinham tão ocupados como possível.

Com Jason supervisionando os escritórios e os potenciais clientes, seus pais se concentravam nas imagens pessoais e comerciais, necessárias para construir suas reputações.

Seu pai ainda estava em forma em seus cinquenta anos com muito pouco cabelo grisalho. Ele estava na pequena sala de conferências, um sorriso torcendo seu rosto, seus olhos marrons cintilantes de excitação.

Sua mãe estava sentada na mesa oval longa, escura, sua cadeira girada para ele, seus olhos verdes cheios de expectativas, os dois se viraram para Gypsy.

Apesar de seus olhos verdes, as feições de Greta McQuade eram Navajo puro, cortesia de seus avôs maternos e paternos.

Era ainda esbelta, seus um metro e sessenta estavam bem para sua idade. Ela parecia dez anos mais jovem e às vezes agia como se tivesse vinte anos a menos.

Jason estava sentado na ponta da mesa, sorrindo enquanto olhava para Gypsy, seu olhar de aprovação já que percebeu que ela chegou a tempo para a reunião na qual foi convidada e usava um vestido azul suave e alças finas no lugar da calça jeans e camisa confortável que normalmente vestia.

Gypsy fechou a porta lentamente, olhando para os três com suspeita quando continuaram olhando para ela como devesse estar estourando de alegria.

Ela não estava exatamente feliz.

Inclinou-se com suspeita e tinha certeza que a qualquer momento iriam romper seu pequeno mundo, já que a olhavam assim.

—Ganhamos na loteria ou algo assim? — Ela cautelosamente perguntou.

—Ou algo assim. — Seu pai juntou as mãos num gesto de entusiasmo, obviamente pronto para estourar com qualquer emoção que o enchia.

—Venha e sente-se, Gypsy. — Jason convidou, seu sorriso revelando o próprio entusiasmo pela noticia que estavam obviamente guardando.

—Quer contar a ela, Jase? — Greta perguntou, antecipação cintilando em seus olhos quando agarrou os descansos para braço de sua cadeira e olhou para sua filha. —Não posso acreditar que realmente conseguimos.

Jason riu entre dentes, balançando a cabeça. — Acho que a notícia deve ser dada por Hans. Ele foi a pessoa que conseguiu.

Seu pai lançou para Jason um olhar de gratidão antes de suas mãos agarrarem o encosto da cadeira na frente dele.

—Acabamos de conseguir a conta que queríamos no ano passado para desenvolvimento da imagem e integração social na Agência de Assuntos Castas. — Ele anunciou, enviando uma afiada advertência que fez seu estômago congelar com as notícias. — Nos contrataram pelo tempo de um ano, através de seu novo Diretor da Divisão de Assuntos e Relações Civis dos novos escritórios de Window Rock e o novo Escritório de Assuntos Castas e Execução. Os contratos são individuais, em vez da Agência propriamente. Se tudo sair bem, completarão as posições restantes para esta Divisão no próximo ano, e teremos pelo menos mais um contrato.

Realmente era muito e seu pai realmente conseguiu, sem nem sequer uma vacilação ou gaguejar.

Gypsy olhou fixamente para Hans McQuade, certa que não podia ter ouvido corretamente. —Desenvolvimento da imagem e integração social. — Ela repetiu, tentando não engasgar com a mesma impressão fatalista que alguém caminhando para a forca teria. — Realmente? Pensei que a oferta fosse para o desenvolvimento corporativo em vez de desenvolvimento pessoal quando negociaram no ano passado, não foi?

Desenvolvimento Corporativo era fácil. Era o que seus pais faziam de melhor.

Desde quando começaram a fazer desenvolvimento de imagem pessoal e integração social? Desenvolvimento Corporativo principalmente consistia em alguns anúncios bem colocados e histórias de interesse como também introduções para outros executivos.

Os Castas lidavam bem com isso na porção leste dos Estados Unidos. Nos estados ocidentais como Colorado, os Castas Lobo não eram tão sociáveis, no entanto, o os Castas, como um todo, perderam posição para as milícias puristas rebelando-se e os atacando ou trabalhando com o Conselho de Genética para capturar e continuar as experiências neles.

—A Agência quer dar um passo a mais na integração e imagem individual e a construção da imagem da Sociedade Casta normalmente é o enfoque deles. Acreditam que aqui no Oeste, será a melhor rota. — Seu pai declarou com orgulho. —Eu realmente fiz esta proposta primeiro, mas o Gabinete do Governo não estava certo disto, mas estavam considerando um tema mais geral de aumentar o apoio do público e o conhecimento dos Castas. Tinha certeza que se fossemos contra a ideia nunca teríamos outra chance, visto quais as agências maiores estavam na competição. Mas Jonas Wyatt, junto com Vanderale e as Industrias Lawrence, dois de seus partidários principais, convenceu o Governo que minha ideia era perfeita para a região e aproveitei a chance e levei a proposta de gastos para o Governo sobre os novos escritórios de Window Rock. Como um projeto teste, querem ver o que podemos fazer.

Inclinando-se para a frente, Jason chamou sua atenção.

—Partiremos para um projeto nacional se este for o sucesso que seu pai prometeu que será. — Jason informou a ela, sua expressão cheia do mesmo entusiasmo que seus pais. —Isto vai ser grande para nós, Gypsy. A McQuade Consultoria de Imagem será finalmente a empresa que seus pais sonharam.

A empresa que seu irmão sonhou, Gypsy silenciosamente o corrigiu. A McQuade Consultoria de Imagem era o sonho de Mark, não de seus pais.

Ou do seu melhor amigo.

Seu olhar se estreitou, sua inclinação natural para suspeita aumentando como uma onda que poderia cair a qualquer momento com a sugestão de objetividade.

Diferentemente de seus pais e Jason, sabia um pouco mais sobre a psique dos Castas e o fato que nunca faziam nada numa escala mais pessoal, a não ser que fosse em beneficio de qualquer Casta, a incomodava.

Principalmente Jonas Wyatt.

—Ele está escolhendo um de seus comandantes para encabeçar os novos escritórios inicialmente, e não deixou claro outras posições. Até agora, cinco posições de liderança foram preenchidas. — Sua mãe continuou, e Gypsy podia sentir aquele aperto súbito no estômago e seu coração acelerado. —Várias posições na Agência da Polícia Secreta Navajo serão criadas também. Nós trabalharemos com o escolhido para encabeçar os novos escritórios da Agência e então partir para as posições de assessores antes de começarmos a trabalhar com os outros. Vamos elaborar uma proposta de calendário de eventos e colocações para assegurar que o Comandante e seus dois assessores tenham as possibilidades mais vantajosas de construir boas relações sociais e econômicas para repararem as frestas criadas pelos puristas. É uma oportunidade maravilhosa para todos nós.

Jason e seus pais tinham ótimas conexões, favores devidos e o respaldo dos pais de sua mãe para assegurar que os Castas fossem devidamente convidados para as melhores festas e eventos sociais.

Gypsy voltou-se para Jason quando ele relaxou de volta em sua cadeira na ponta da mesa. — Pensei que não gostasse de trabalhar com Castas, Jason. — Ela o lembrou, perguntando-se por que parecia tão entusiasmado.

Surpresa cobriu seu rosto. — Gypsy, não preciso ser apaixonado pela sociedade Casta para fazer meu trabalho.

—Gypsy, isto foi muito indelicado. — Sua mãe a repreendeu, uma ponta de decepção enchendo sua voz. — Jason não mostrou nenhuma discriminação pelos Castas, entretanto faríamos muito bem ao sermos cautelosos com eles. Ainda podemos ficar contentes pelo fato de que finalmente vamos lucrar.

Sim. Vamos ficar felizes, ela pensou sarcasticamente, enquanto os odiamos com todo nosso ser.

Seu pai era menos propenso a culpar todos os Castas que sua mãe e Jason, mas ele raramente contrariava sua mãe.

—Sinto muito, mamãe, apenas fiquei surpresa. — Ela se desculpou, pouco disposta a chatear sua mãe. —O Sr. Wyatt os informou dos nomes desses eleitos para ocupar os cargos de liderança?— Ela perguntou então, pânico percorrendo seu peito.

—De fato conhecemos duas pessoas nomeadas. — Seu pai disse. —Acredito que estejam comprometidos com amigas suas? Isabelle Martinez e Liza Johnson. Malachi Morgan aceitou o cargo na Agência de Polícia Secreta Navajo, enquanto Stygian Black concordou em aceitar o cargo na Divisão de Polícia Secreta Navajo. O Comandante ali, Cullen Maverick, parece muito contente com a escolha também.

Ela movimentou a cabeça devagar. —Disse que haviam três cargos. — Ela lembrou a eles.

O sorriso da sua mãe diminuiu parcialmente já que seu pai tinha este olhar preocupado que sempre aparecia ao seu redor.

—O Sr. Wyatt quer se reunir conosco para apresentar pessoalmente o Comandante com quem vamos trabalhar. — Greta McQuade estava olhando para sua filha com ansiedade agora, ainda que estivesse tentando conter seu entusiasmo. —Ele até declarou que fez uma verificação de antecedentes completa da empresa, assim como você, e tem certeza de sua capacidade para fazer exatamente o que é preciso para assegurar que o Comandante escolhido como Diretor da Divisão tenha a melhor recepção e chances de construir uma rede de relacionamento forte na comunidade. Trabalharemos com os dois selecionados para os cargos, entretanto, e começaremos com Malachi Morgan e sua noiva, Isabelle Martinez. E Isabelle é uma moça maravilhosa. Não faz mal que seja sobrinha do presidente e neta de um dos nossos chefes da tribo, para não mencionar sua prima de segundo grau.

Oh não, não faria mal mesmo, Gypsy concordou sentindo-se a ponto de cair.

Sentia-o direto na parte de trás do pescoço.

Sua risada forçada foi completamente perdida por seus pais e Jason. Estavam simplesmente malditamente felizes com este contrato para ver que sua filha era a menos entusiasmada.

Ela não era normalmente uma pessoa paranoica, realmente não era. Mas não acreditava em coincidências. E o fato que isto estava acontecendo só alguns dias depois de Rule, um potencial candidato ao cargo de Diretor de divisão, dizer que tinha a intenção de levá-la para a cama, não passou despercebido.

A empresa de seus pais era pequena, sua reputação e lista de clientes não eram exatamente longas. Mesmo em Window Rock haviam fortes empresas de consultoria de imagem melhores que a McQuade. No entanto, Jonas Wyatt escolheu a de seus pais?

Isto era uma armadilha tão grande que fedia. Logo estava o fato que seus pais não mencionaram o nome do Comandante Casta. Provavelmente porque entraram na loja no dia anterior e ouviram o furioso comandante Rule Breaker falar com sua arrogância completa com Jason e Kandy.

Sabiam que esta não seria uma relação de negócios sem problemas, sem rusgas, no que dizia respeito a ela.

—Então, quando exatamente devemos nos encontrar com o Sr. Wyatt e seu Comandante?— Ela perguntou cuidadosamente.

—Iremos nos encontrar esta noite no hotel, na suíte do Sr. Wyatt. Ele estará lá, junto com sua esposa, Rachel.

Sua mãe franziu o cenho. —Não ouvi falar sobre a cerimônia de casamento. Acha que tiveram alguma?

Sua mãe era a rainha da distração com perguntas, e ela podia ver o desespero de sua mãe para distraí-la.

—Sua filha está doente. Eles não se casaram ainda, entretanto acredito que fizeram alguma cerimônia privada entre ao Castas. — Gypsy respondeu distraidamente enquanto rapidamente começava a processar a informação. —Que horas hoje à noite? Não muito cedo, considerando o fato que não tenho nenhuma ideia de com quem irei trabalhar?

—Um pouco, talvez. — Foi Jason quem falou mais alto quando Greta olhou para Gypsy. —Mas como o Diretor Wyatt está bastante preocupado com as informações sobre a nova abertura dos escritórios na reserva e por estarem sem um Diretor de divisão, é perfeitamente compreensível. E sua preocupação está muito bem colocada. Como são seus planos para anunciar o novo escritório e seu comandante num baile de boas-vindas que o presidente e chefes das Seis Tribos assistirão em honra aos Castas.

Seus pais trocaram um olhar, com orgulho e excitação, o que a fez quase rolar os olhos com desgosto.

—Que baile?— Ninguém mencionou um baile para ela, e isso era algo que precisava saber com antecedência. E sabia que não iria conseguir.

Sua mãe voltou-se para ela, praticamente brilhando novamente apesar da falta de entusiasmo de Gypsy e soube que foi distraída por sua mãe novamente. —Fomos convidados, como família, para um baile de boas vindas em honra aos Castas e o acordo entre a Nação e o Governo Casta por colocar escritórios na reserva. O Sr. Wyatt quer apresentar você, como também o novo Diretor de Divisão, para a imprensa um dia depois do baile. É uma oportunidade incrível para nós, como também para os Castas. Isto pode ser o que precisamos para tirar os contratos maiores que outras empresas conseguiram por sua maior visibilidade.

Gypsy movimentou a cabeça lentamente, tão certa do que exatamente estava acontecendo que teve que apertar os dentes para não falar nada para seus pais. Isto era não mais que uma tentativa de golpe do Comandante Breaker para se assegurar que não continuasse o ignorando como fez na noite desde que a emboscou fora de seu apartamento.

Não havia empresa de consultoria de imagem no mundo que pudesse fazer mais pela imagem dos Castas que os próprios Castas, de uma forma ou de outra, faziam por eles mesmos.

Não precisavam da McQuade Consultoria de Imagem, eles precisavam de malditos mágicos para esconder as maquinações do novo Diretor da Divisão, Rule Breaker. E enquanto estavam nisto, certo como inferno não faria mal se aproximarem do Diretor da Agência de Assuntos Castas, Jonas Wyatt.

Wyatt era conhecido como um homem que mantinha suas promessas comerciais, entretanto; esperava que isso significasse que não destruiria os sonhos dos seus pais quando seu Comandante não conseguisse o coelho na cama como estava esperando.

E deveria saltar de alegria pela perspectiva de seu trabalho ser com o Enforcer que suspeitava que ela os investigava? Ou temia que pudesse identificar algum deles?

—Isto é o que nós precisamos. — Seu pai quase caminhava no ar.

—Este contrato definitivamente será o prestígio deste escritório. — Jason estava praticamente gritando de alegria como um galo convencido, ela pensou com desgosto.

—Então, quando será este baile?— Ela perguntou a eles, conseguindo colocar no rosto um sorriso falso, sem nenhuma emoção.

—Bem, o baile será logo. — Sua mãe estava realmente nervosa agora, no entanto. —Será em uma semana, mas tenho certeza que poderemos arrumar a agenda.

Ela ia gritar.

—Está muito perto, mamãe, o que é ridículo. Os únicos vestidos que temos no momento são aqueles encomendados para o baile dos Lanceister. Não há tempo suficiente para encomendá-los e ainda ir a este baile. E nós já nos comprometemos com os Lanceister; não podemos voltar atrás. — Ela lembrou sua mãe, colocando as mãos dentro do bolso para esconder os punhos. —Talvez o Diretor Wyatt apenas deva colocar um anúncio na imprensa.

—Já discutimos isto com os Lanceister e o Sr. Wyatt, Gypsy. — Jason a informou a ela firmemente, intencionalmente ignorando o olhar afiado que ela lhe lançou. Desde quando no inferno está o rei das montanhas por aqui? —O baile foi organizado um pouco depressa, mas o calibre dos convidados exige uma atmosfera mais formal e um vestido. Não tema, haverá tempo para mais vestidos no outono. Você e sua mãe poderiam ir para Los Angeles, talvez, e fazer compras por lá.. Ou Nova Iorque.

Ela quis enrolar seu lábio numa careta de desprezo um pouco insultante quando Jason a olhou com um brilho desconhecido de triunfo. Porque diabos teria que mudar sua agenda por causa deste pequeno baile de qualquer maneira? Queria que sua mãe e ela fossem numa viagem de compras? Ele realmente achava que iria funcionar como nos filmes? Que voltariam para casa todas sentimentais e seus pais esqueceriam sua participação na morte de Mark?

Achava que não.

Mas, como ele disse, novos vestidos não eram problema. A ideia de tal baile também não era importante. As notas para a imprensa precisavam ser organizadas, uma lista de convidados precisava de investigação de antecedentes e discussões com os repórteres afiliados à McQuade Consultoria de Imagem para discutir os artigos que iriam melhor retratar os Castas, beneficiando a área socialmente e financeiramente.

O fato de Wyatt estar agindo como se isto fosse algo que podia apenas ser lançado a preocupava ainda mais que a situação do vestido.

Deixaria que Jason e seus pais divagassem sobre as oportunidades, clientes e contratos, já que estavam pouco dispostos a estourar a bolha. Esperava que Jonas Wyatt não estivesse com alguma brincadeira cruel à custa do Comandante Breaker e usasse sua mágica com seus pais para que pudessem fazer eles próprios sua magia. Se isto fosse um jogo, ou brincadeira, então ela só poderia esperar.

Ou esperar a ameaça de qualquer maneira.

Até mesmo ouviu sobre o vulcão faminto que Jonas usava ao lidar com seus inimigos em uma ocasião.

Era o suficiente para fazê-la querer chutar Wyatt e seu comandante.

—Um carro nos levará ao baile. — Sua mãe informou a ela quando Gypsy ficou de pé, preparando-se para deixar o escritório. —Você terá uma semana para preparar-se. Não deixe de ligar para Connie esta tarde e veja se pode conseguir algo para a reunião hoje à noite.

Connie.

Gypsy quase suspirou.

Isso era um toque muito sutil de que sua mãe pensava que seu cabelo precisava de um corte e suas unhas precisavam ser cuidadas. Greta McQuade era muito especifica sobre a aparência quando se tratava da McQuade Consultoria de Imagem. Lançou um olhar discreto para sua unha.

Certa, ela poderia precisar de uma manicure.

—É a reunião com o Diretor Wyatt e seu comandante esta noite, não esqueça. — Sua mãe soava mais preocupada agora que momentos antes. —Eu ligarei para Connie e verei se ela não pode nos conseguir um horário dentro das próximas horas eu mesma.

Connie amava sua mãe.

A esteticista quase faliu vários anos antes, e foi Greta McQuade quem usou alguns favores, trabalhou um pouco sua magia, e dentro de seis meses, o Salão de Connie não podia acompanhar a afluência de compromissos sendo solicitados. Gypsy não tinha nenhuma dúvida em sua mente sobre o que Connie faria dentro das próximas duas horas.

—Apenas me deixe saber. — Gypsy respondeu com resignação.

Não podia recusar o trabalho, não podia desapontar seus pais assim. E pelo sorriso pequeno, satisfeito no rosto do Jason, ele sabia.

—Gypsy. — A voz tranquila de seu pai a fez se virar para ele, suas feições sombrias a advertindo sobre o viria a seguir. E era uma discussão que ela simplesmente não podia enfrentar.

—Podemos conversar mais tarde, papai?— Ela não estava disposta para outra conferência.

—Não, não podemos. — Seu tom firme a deixou tensa quando o observou cautelosamente, ciente do rosto franzido de Jason quando se sentou lentamente ao som do tom afiado de Hans.

—Quero saber o que está fazendo. — Ele disse a ela, seu entusiasmo de repente indo embora e se transformando em pai em menos de um segundo.

Ela lançou a ele um olhar deliberadamente confuso. — O que estou fazendo? — Levantou as mãos num gesto de incerteza, balançou a cabeça levemente. — Não estou fazendo nada. Mamãe disse que ligaria para Connie. Preciso ir para casa, tomar banho e averiguar o que vou usar na reunião e me preparar para ela.

A desaprovação em seu olhar fez a vergonha queimar seu estômago. Porque a maior parte disso era mentira, como também uma briga apenas pioraria esta reunião para todos eles.

—Você esteve num bar da fronteira ontem à noite. O diretor Wyatt mencionou isto enquanto estávamos conversando esta manhã. — Ele lembrou a ela. —O que parece quando nosso melhor consultor de imagem, ou melhor, nossa filha, é frequentadora regular de um dos bares mais desacreditados do estado? Você esqueceu que despedimos um de seus primos por isso?

Ela rolou seus olhos. —Vamos, Milly era uma vagabunda. Ela frequentava bares e bebia muito. Não estou fazendo isto. Pare de se preocupar.

—Aquele bar é perigoso, Gypsy.— Sua mãe deslizou as mãos da mesa para escondê-las. Para esconder o tremor de seus dedos, Gypsy sabia. Era a forma como sua mãe tentava parecer tranquila.

—Aquele bar é apenas... um bar.

—Isso foi o que seu irmão disse sobre aquele maldito bar uma semana antes de você ser atacada e ele morto. Ele pensou que poderia se misturar com a multidão e sobreviver. Ele não sobreviveu a isto, e serei maldito se quiser enterrar outra de minhas crianças. — Seu pai soltou, o que a fez congelar imediatamente.

Ela não podia falar. Por um momento, não podia respirar. Por um momento, um triste, horrível momento, as lembranças quase a subjugaram, quase a romperam uma vez mais.

Obrigou-se a encontrar o olhar de sua mãe e vacilou, apenas capaz de conter um grito cheio de dor com a acusação neste olhar.

No de seu pai, havia uma dor imensurável.

Ela não podia falar. Tentou. Tentou se desculpar, se desculpar, mas tudo que podia ver era o rosto de seu pai quando chegou ao deserto, naquela noite.

Deserto. Com os olhos cheios de lagrimas como sua mãe. De pé próximo ao transporte médico onde o corpo de seu irmão foi colocado. Eles dois olharam para ela, então se voltaram para Mark antes de sua mãe desmoronar e seu pai tentar lidar com sua perda e a dele próprio.

Gypsy ficou ali, sozinha, até que Jonas Wyatt e Lawe Justice chegaram para apoiá-la, seu calor freando a noite no deserto.

—Eu disse a você. — Ela sussurrou quando sentiu Jonas olhar fixamente para o topo de sua cabeça. —Quem poderia me querer...

Girando, ela saiu do escritório, ignorando o protesto de sua mãe, a ordem de seu pai para que voltasse para o escritório.

Pelo canto do olho viu Jason levantar-se depressa da mesa e sua irmã mais jovem no cantor dianteiro, com a expressão entristecida.

Claro que Kandy ouviu um pouco daquela conversa.

A porta não estava fechada.

Correndo, Gypsy saiu pela porta e entrou no brilhante calor do sol que envolvia Window Rock antes de ir rapidamente até o Jipe estacionado na rua da frente.

Não queria falar sobre seu irmão ou escutar outra das tentativas de seus pais se desculparem pelo que aconteceu. Eles tentaram, ela dava este a eles este crédito. Tentaram muito fingir que não era sua culpa que seu filho, seu único filho, morreu por causa de sua filha mais velha. E frequentemente, ela o fazia. Mas cada vez mais seu pai a repreendia por suas atividades noturnas, preocupação e suspeita enchiam seu olhar o todo tempo.

Ele não sabia o que ela estava fazendo. Ela sabia que ele e sua mãe suspeitavam que estivesse bebendo demais, talvez preocupados que estivesse fazendo algo mais. Afinal, o que mais poderiam esperar? Sua determinação para ir à uma festa aos quinze anos foi a razão por seu irmão ser assassinado por Castas Coiote. A razão pela qual todas as suas vidas foram destroçadas.

Ela não podia tranquilizá-los. Não podia dizer o que estava fazendo. Mas não o faria, ainda que pudesse. Que pensassem o pior dela, pelo menos os protegeria se acontecesse o impensável e os Castas ou inimigos desconhecidos suspeitassem.

E protegê-los era tudo o que importava.

Por isso tinha a intenção de ter uma agradável conversa com o Comandante Rule Breaker a respeito de sua participação no contrato de seus pais.

Precisava entender, agora, antes que fosse tarde demais. Não havia uma chance no inferno de se converter em sua amante. Perder sua virgindade significava perder seu último vínculo com seu irmão, e achava que não aguentaria isso.

Viveu tantos anos sozinha, sem permitir que ninguém próximo o suficiente fosse prejudicado que não tinha nenhuma ideia sobre o que fazer com qualquer pessoa.

Até Khileen, que foi uma vez sua melhor amiga, tentou continuar sua amizade. As fêmeas Casta Coiote Ashley e Emma se aproximaram dela e quase perder Ashley a fez querer reconsiderar.

Ela não precisava de ninguém...

Não pode terminar o pensamento.

Escapou do lugar e assegurou a si mesma que era forte o suficiente para fazer isto. Podia resistir ao Comandante Rule Breaker e a qualquer desejo. No entanto, o sabor de chocolate e menta ficou em seus sentidos e a deixou desejando mais do beijo do Casta. Desejando o suficiente para que começasse a se preocupar...

 

Ela encontrou Rule várias horas mais tarde, depois de perder o compromisso com Connie e sua mãe, gastando um tempo precioso caçando-o ao invés de se preparar para aquela maldita reunião.

Ele estava de serviço, várias fontes lhe disseram, sem dúvida em algum lugar na cidade vigiando os Enforcers sob seu comando.

Ela achou seu Dragoon estacionado atrás de pequenos álamos fora da cidade onde tinha rumores que a divisão da nova sede estava localizada.

Não que ele estivesse sozinho.

É claro que Dane Vanderale estava com ele, como Dog, Loki, Mutt e outro Coiote que ela só tinha visto algumas vezes que respondia por Mongrel.

Puxando o jipe para uma parada dura a meros metros do chefe arrogante que, é claro, se recusava a recuar sequer uma polegada, ela observou seus olhos, a intenção sombria enquanto ele encontrava o olhar dela pelo para-brisa.

Os outros mostraram variados graus de surpresa, com exceção de Dane, que só riu.

Saindo do veículo batendo a porta, ela deu a volta pela frente dele a passos largos para confrontar o Casta determinado a deixá-la maluca.

— Você está por trás disto. — Ela empurrou o dedo imperiosamente em seu tórax largo. — E nem se dê ao trabalho de negar. Eu sei que você está por trás disto.

Estava quase tremendo de raiva e estaria fodida se pudesse até mesmo explicar por que aquela jogada atingiu seu temperamento. Ela simplesmente sabia que a porra da culpa era dele. Ela só sabia que precisava desabafar aquela raiva em algum lugar antes que a destruísse.

     

— Dog, Dane, encontrem algum lugar pra ficar. — Rule ordenou calmamente quando viu o jipe se lançar sobre eles e vislumbrou a expressão da jovem mulher ao volante.

— Certo, Breaker. — Disse Dane com voz arrastada. — Diga-me, devemos nos preocupar sobre sua segurança ou sua virtude?

— Vá. — Ele rosnou enquanto o jipe fazia uma parada brusca próximo aos pés dele e ela saiu como um vendaval de fúria.

De dor.

Palavras não o teriam atingido quase tão fundo quanto a agonia rolando dela em ondas e a sensação que as lágrimas presas dentro dela estavam lentamente a sufocando.

Ele mal estava ciente dos outros veículos em movimento quando um dedo magro cutucou na direção dele e os olhos verde jade escureceram enquanto ela lutava para achar uma saída para a agonizante dor rasgando-a com suas garras.

— Então de qual ato vil estou por trás, Gypsy? — Ele franziu o cenho para ela, sentindo que a gentileza que suavizava seu coração por ela seria imediatamente rejeitada.

Não, ela precisava de uma briga. Precisava dar coices e ser abraçada. Mas estaria condenada antes de pedir para alguém abraçá-la.

— Aquela oferta doida que Jonas fez aos meus pais. — Ela estava tremendo de raiva, de dor. — Consultoria de imagem? — Ela zombou. — Pra que? Você é mestre em construir sua própria imagem. Castas foram criadas para isto. Mestres manipuladores e cheios de intrigas, calculistas...

Ele agiu antes dela poder dizer algo que só a machucaria mais, assim que a dor rasgando-a aliviasse.

Estendendo a mão rapidamente, agarrando seu cabelo atrás do pescoço e puxando sua cabeça atrás, ele cobriu seus lábios com os dele quando um grunhido irrompeu do seu tórax.

Ela estava matando-o com a dor violenta em sua alma terna. Estava partindo o coração dele com o aroma de sua solidão, sua desolação total faminta e o desejo inconfundível de ser apenas abraçada.

No entanto, sua Gypsy nunca aceitaria ser apenas abraçada.

Mas aceitava seu beijo.

Os braços dela travaram ao redor do seu pescoço. Com um gemido despedaçado, sua cabeça inclinou para o lado conforme seus lábios angularam nos dela. Sua língua afundou dentro das profundezas quentes e sedosas de sua boca quando ela encontrou imediatamente com a dele. Esfregando nela. Lambeu-o e saboreou como ele fez com ela.

Dor foi substituída por prazer e fome no espaço de um segundo. O prazer dela. Sua ávida exigência. E Deus sabe que ele estava faminto por ela. Tão danado de faminto por seu beijo, pelo gosto dela que o estava matando.

A reduzida blusinha que ela vestia e o jeans cortado muito curto era pouca proteção contra seu toque, contra sua intenção.

Sua língua brincou com a dela, desafiando-a com pequenas pancadinhas. Beliscando seus lábios se ela tentasse recuar, ele a pegou no colo facilmente, virou-a e foi para a porta aberta do carona do Dragoon.

Deitando-a de costas através do banco largo, ele empurrou a bainha de sua camisa para os montículos dos seus seios cobertos totalmente por renda à medida que se movia pra cima dela.

Um peteleco de seus dedos liberou o pequeno fecho na frente, derramando as curvas exuberantes em sua mão, à espera. Apoiou um joelho entre suas coxas para se manter em cima dela enquanto o prazer rasgava o controle deles.

Ele seria condenado se suportasse a dor com que ela chegou. Substituindo por fome, por necessidade, ainda que soubesse que a raiva dela seria dolorosamente maior mais tarde, era muito mais preferível.

Muito mais agradável.

Movendo seus lábios dos dela, deslizando beijos por seu pescoço, dentes raspando sua carne, um grunhido escapou dele. Uma doce presença feminina que não conhecia se abriu de repente aos seus sentidos. Seu prazer se tornou uma parte dele.

Inferno, isto não aconteceu antes. As necessidades dela ecoavam por sua mente enquanto ele imprimia seus lábios nos mamilos dela, seus dentes beliscando, puxando-os, sua língua acariciando-os enviou uma onda de calor rasgando por sua mente.

A luxúria o agarrou. Seus lábios se moveram para seus seios. Estava mais do que feliz em suprir essa pequena necessidade dela. Mas enquanto seus lábios cobriam um pequeno mamilo duro e ressaltado, chupando-o em sua boca, tornou-se imerso nas necessidades colidindo nela.

Como algum dia apreciou sexo sem isso? Sem a impressão do prazer de sua amante abalando seus sentidos e ampliando suas próprias sensações? Era tão quente que já estava pronto para entrar na porra das suas calças.

Seu pau estava mais duro do que já esteve, a cabeça ingurgitada pulsando, latejando desesperadamente. Agarrou seu mamilo com os dentes, puxou-o e sentiu o eco da sensação chicoteando com êxtase brutal em seu corpo delicado.

Os quadris dela se ergueram novamente, o calor de sua boceta, o aroma delicado dela enviando picos de fome por seus sentidos esfregou em seu pau coberto pelo jeans.

Ela precisava. Precisava de sua fome, precisava de seu toque.

Deslizando sua mão por seu estômago abaixo, sua antecipação crescente atingiu sua mente.

Um gemido feroz, parte rosnado, irrompeu dele quando chupou seu mamilo em sua boca novamente enquanto empurrava as beiradas de seu jeans cortado e enfiava seus dedos embaixo do material.

Calor derramava dela. Seus sucos estavam saturando sua calcinha, então saturando seus dedos quando os deslizou nas dobras inchadas.

Uma umidade escorregadia e espessa a preparou para ele.

O cheiro dela o tentava, os quentes sucos doces fazendo sua boca encher d’água para saboreá-la.

Recuando, olhou fixamente para ela vendo seus olhos fechados, a máscara de completa fome absorvendo seu rosto.

— Olhe para mim. — Ele murmurou com voz rouca, a fome o rasgando, forçando seu tênue controle.

Pestanas escuras se ergueram, olhos verdes olhavam fixamente para ele, aturdidos de seu prazer quando ele puxou os dedos de sua boceta e trouxe-os para seus lábios.

 

Gypsy estremeceu embaixo de Rule quando ele trouxe seus dedos aos lábios, a carne dura brilhando com a rica camada de seus sucos um segundo antes dele começar a chupar seu sabor deles.

Então seus quadris abaixaram para os dela, a cunha dura de seu pau dirigindo para o V de suas coxas novamente enquanto ele puxava os dedos de sua boca e abaixava a cabeça.

— Eu podia foder você aqui. — O tom primitivo de cascalho de sua voz fez sua boceta apertar, mais de seus sucos derramando de sua vagina só em pensar neste macho poderoso e sexy fazendo exatamente isto. — Eu podia desnudar isso que chama de roupa e ter você gritando com seu orgasmo dentro de segundos.

Ela agarrou sua cintura, sua cabeça inclinada atrás, seus quadris balançando contra os dele enquanto ele esfregava seu pau nela.

— É isto o que quer, Gypsy? Aqui? Agora? Devo tomar toda essa doce inocência no banco detrás da porra de uma máquina de guerra?

— Cale-se. — Ela gritou desesperadamente, seus dedos de repente enrolando em punhos ao lembrar que ela ainda era inocente. Ainda era virgem. Na memória de por que nunca se permitiu ter um amante.

— É isto o que quer? — Ele repetiu, uma mão dura agarrando sua bunda e empurrando-a para a pressão de sua ereção entre suas coxas. — Fale pra mim agora. Estou a dois segundos de empurrar esse shorts de seu corpo e dar a você exatamente o que ambos estamos morrendo de vontade.

Ela sacudiu sua cabeça desesperadamente. Por que só não o fazia? Por que tinha que falar sobre isto?

— Aqui e agora? — Seus lábios baixaram para ela, a insinuação de seu gosto feminino na sua língua enquanto tomava seus lábios num beijo breve e duro. — Bem aqui. — Ele repetiu. — Meu pau afundando dentro de sua boceta doce e apertada? Vou te montar até que estejamos ambos morrendo de prazer, se for isso que você quer.

Ela choramingou, o grito um som áspero que a chocou, que a lembrou quanto tempo fazia desde que chorou de verdade. Isso a lembrou quanto tempo ela precisava chorar, derramar a agonia que a estava destruindo.

— Só faça. — Ela gritou, seus olhos abrindo e brilhando para ele até que a visão de sua expressão, seus olhos, finalmente se registrou.

A luxúria apertava suas feições, enchia o azul de seus olhos, mas existia mais lá do que apenas fome sexual queimando dentro dele. Algo que ela jurava que podia sentir. Não era fome. Não era necessidade, simpatia, compaixão ou piedade. Algo que parecia compreensão. Como calor rodeando suas emoções esfarrapadas, um toque calmante nas profundezas de sua alma enquanto seu peito apertava e sua respiração acelerava perigosamente.

— Deixe-me ir. — Ela não ia chorar. Ela não podia chorar.

Ele foi para trás lentamente, mas antes de soltá-la fechou o shorts rápido, prendeu seu sutiã e suavemente puxou sua blusa de volta ao lugar antes de permitir que ela se sentasse.

Ela saltou do Dragoon, ficou de costas para ele enquanto ficava de pé debaixo do sol escaldante e puxava várias respirações irregulares.

— Sei o que você fez. — Ela finalmente sussurrou.

— O que fiz que é tão odioso? — Uma aspereza de prazer lembrado e fome ecoou em seu tom.

— A oferta de Jonas para meus pais. Você está por trás disso.

Ela não podia nem virar para ver a expressão em seu rosto enquanto forçava a acusação a passar por seus lábios.

— Eu fiz isso? — Ele perguntou, a escuridão de seu tom sedutor enviando uma sensação correndo por sua carne enquanto a necessidade por seu toque vinha perigosamente perto de viciar. — Por que eu faria isto, Gypsy?

— Por isso. — Virou para ele, sua mão balançando para gesticular para a parte de trás do Dragoon. — Realmente acha que vai conseguir entrar na minha cama?

Seu olhar sombrio e intenso encontrou o dela e o prendeu. E ela sentiu aquilo novamente. Aquele calor calmante afundando no seu peito e soltando os escudos entre ela e uma perda de controle que não podia tolerar.

— Gypsy. — Ele suspirou seu nome com uma borda de repreensão. — Podia apenas ter te tomado naquele banco de trás e você teria adorado cada segundo disto. Gritado por mim. Implorado para gozar por mim. Eu toco em você e nós dois pegamos fogo. Você realmente pensa que me rebaixaria ao problema de fazer joguinhos para conseguir o que quero que me dê de boa vontade? Se isso fosse verdade, ainda estaria deitada debaixo de mim, suas unhas enfiadas nas minhas costas enquanto eu a fodesse até que ambos ficássemos meio loucos.

Ela corou. Não pôde evitar. Fome, embaraço, aquele calor que odiava sentir puxando suas emoções, urgindo-a para dentro dos braços dele, contra seu peito, onde ele a abrigaria enquanto a agonia enterrava dentro dela, libertando-a.

— Pare! — Ela gritou desesperadamente, afundando seus dedos no cabelo ao lado de sua cabeça em desespero, por um louco segundo enquanto jurava que ele estava dentro dela. —Deus, já está me deixando louca. — Ela olhou para ele acusadoramente. — Não tem que me foder por dentro. Eu já estou lá.

— Acho que preciso desse empurrãozinho extra adicionado à loucura. — Ele disse a ela extremamente sério. — Vamos tentar e ver se funciona?

Seus lábios separaram quando ela sentiu o descrédito de repente cobrindo sua expressão. Não podia acreditar nele. Não podia controlá-lo.

Os lábios dele se curvaram com uma pitada de diversão enquanto ele a observava atentamente, seus olhos parecendo muito mais azuis, mais elétricos que antes.

— Da próxima vez que precisar de uma pequena sessão de amasso quente, não espere escapar tão facilmente. — Ele a advertiu. — Da próxima vez, vai estar de joelhos com meu pau trabalhando entre seus lábios em troca de toda minha limitação. Pode continuar virgem contanto que ache que vale a pena, mas se quer jogar, então pode compartilhar o prazer. Porque eu pretendo ter completamente minha língua enterrada em todo aquele creme doce enchendo sua boceta.

Aquele creme derramou copiosamente entre suas coxas, sua vagina espremida num aperto duro de necessidade e ela jurava que seu clitóris quase explodiu no clímax.

Os olhos dele escureceram.

— Entre naquele jipe e saia de perto de mim, Gypsy. — Ele rosnou de repente, seu tom mais obscuro agora, advertindo. — Tem cerca de dez segundos antes que eu arranque esse short de seu corpo e te sente firmemente no meu rosto. Quando tiver comido você até que seu gosto me deixe louco para foder, então vou fazer exatamente isto. Foder você. Bem aqui, no meio da porra do deserto...

Ela correu.

O coração acelerado, adrenalina percorrendo-a porque queria isto com um poder que enviou o terror correndo por ela. Era tudo que podia fazer para não se desnudar para ele, não ficar de joelhos e implorar para tomá-lo em sua boca.

 

Poeira voou quando Gypsy deu ré no jipe antes de girar o volante e acelerar para longe dele muito mais rápido do que chegou.

Apoiando as mãos nos quadris, ele observou o veículo conforme desaparecia na curva da estrada segundos depois, em seguida soltou um suspiro duro e miserável.

Filha da puta, seu pau estava mais duro que um atiçador, suas bolas tão apertadas que pareciam cheias de nós.

— Lembre-me de ficar longe pra caralho de vocês dois quando começarem. — Foi Dog quem rosnou as palavras.

Rule deu meia volta para ver quando o Coiote se moveu da pequena elevação de pedras em frente ao Dragoon.

— Eu disse pra você partir. — Ele rosnou, franzindo a testa de volta para o Coiote.

— Você devia ter esclarecido. — Dog exalou asperamente. — Porra, Breaker, se tivesse ficado um pouco mais quente com essa mulher eu pensaria que está acasalando com ela ou algo assim.

Rule gargalhou com a ideia.

— Nem sequer o primeiro sinal do Calor do Acasalamento. — Ele gritou de alegria.

Porém a satisfação não o estava enchendo, e ele com certeza não se aprofundaria naquele súbito aperto do seu peito e o flash de algo que parecia decididamente com pesar. Definitivamente com raiva.

Dog balançou sua cabeça, seu olhar pensativo à medida que olhava fixamente na direção onde Gypsy desapareceu antes de dar outro longo e estável olhar para Rule. Ele balançou sua cabeça, inclinando-se na lateral do Dragoon.

— Bom, vamos discutir esta pequena maquinação acontecendo aqui ou você só vai continuar improvisando tudo por conta própria?

Rule teve que sorrir com a pergunta. Não o surpreendeu que Dog estivesse desconfiado. O Coiote saiu de um tubo de ensaio suspeito, Jonas muitas vezes acusava. Mas Rule balançou sua cabeça do mesmo jeito.

— Não sei do que está falando, Dog. — Ele alegou. — Desde quando um Casta tem que estar disposto a algo só porque está determinado a seduzir uma mulher bonita?

Isso era mais, alguma coisa sussurrou dentro dele. Muito mais.

Ele sabia que era mais.

Sabia que seduzir era apenas o começo...

Ele sacudiu o pensamento para longe. Não era um acasalamento, não podia ser nada mais que sedução no que dizia respeito a um Casta se não fosse um acasalamento.

Dog assentiu lentamente antes de se endireitar.

— Se você decidir que precisa de ajuda, é só me avisar. — Ele disse, sua descrença clara. —Só não espere até que seja tarde demais para ser ajudado. Seria um saco assistir seu traseiro queimar, Breaker.

Ele se afastou então, voltando para a elevação de pedras e o Dragoon, sem dúvida o aguardando lá enquanto Rule estreitava seus olhos nele. Que diabos Dog achava que sabia?

Não existia a menor chance que o Coiote pudesse saber das pequenas armadilhas que Rule estava provendo na área a respeito de vários indivíduos. Assim como não seria possível saber que Rule estava bem ciente dele e do seu amigo Dane na área.

Rule sabia. No momento o beneficiava manter sua boca fechada, mas ele sabia.

Só rezava para Jonas nunca descobrir. Porque se descobrisse, então todos eles estavam ferrados.

 

Apesar de sua tentativa de fugir, Gipsy se achou incapaz de faltar à reunião com Jonas e seus pais esta noite. Ela se sentia em carne viva por dentro, pronta pra quebrar à menor provocação, mas não podia desapontar sua família novamente, não importa quanto fosse duro encarar Rule depois que o deixou no deserto.

Gypsy encontrou Jonas Wyatt em várias ocasiões nos últimos dois meses que ele e suas equipes Castas estiveram em Window Rock procurando por um Bengala renegado. A reserva e a própria capital Navajo parecia ser um abrigo para Castas perdidas, Castas caçadas — e Castas renegados.

Parecia que os rumores eram verdade também, que a reserva se tornou agora o lar para um ramo investigativo da Agência de Assuntos Castas.

Era apropriado, quando um grande número deles foi criado de esperma roubado e meninas sequestradas dos Navajo que o Conselho levou.

Vestida com uma saia lápis preta e blusa sem mangas de pura seda branca, moveu-se do jipe antes de recuperar a pasta de couro preta que trouxe com ela. Deslizando a alça por cima do ombro, fechou a porta e trancou o veículo, então se voltou para seus pais.

— Onde está Jason? — Ela perguntou. Estava dependendo da habilidade dele em distrair seus pais e assegurar que esta reunião corresse como planejado.

— Ele tinha uma reunião em Santa Fé que não podia cancelar. — Seu pai informou pomposamente. — Você não esperou mais cedo para descobrir que ele não estaria aqui para esta reunião.

Claro que era o motivo disso, pensou em silêncio enquanto inalava devagar, seu olhar deslizando para sua mãe. Porque não esperou pelo total sentimento de culpa era sua culpa que não soubesse tudo.

Greta olhou de relance para a bolsa que Gypsy carregava, um segundo antes de girar seu olhar para ela em desaprovação.

— Isto é apenas uma visita amigável, Gipsy. Não uma reunião oficial.

— Trabalhei algumas ideias enquanto esperava Connie. — Ela deu de ombros, pensando nas horas terrivelmente chatas no salão da Connie, presa na sala VIP sozinha enquanto esperava que os produtos químicos no seu cabelo fizessem seu trabalho. Ela perdeu seu compromisso, mas Connie trabalhou nela de qualquer maneira. Gypsy queria que só tivesse dito a ela para ir pro inferno para que pudesse escapar das horas torturantes sozinha. No entanto, Connie e suas assistentes fizeram seu trabalho de maneira excelente. Seu cabelo de um castanho escuro profundo agora tinha mechas marrons clareadas pelo sol e loiro avermelhado lá longe.

— Isso não era necessário, querida. — Sua mãe murmurou como se Gipsy fosse alguma nova consultora inexperiente. — Tenho certeza que o Sr. Wyatt vai nos avisar quando estiver pronto para ideias. Ele não é um homem que gosta de ser empurrado, você sabe.

— Entendido. — Ela assentiu, apesar de sua confusão.

Desde quando sua mãe protestava por estar preparada? Desde quando sua mãe professava ser uma especialista em como Jonas conduzia seus negócios?

Porque Gypsy sabia muito bem que o Casta respeitava muito as iniciativas. Tiveram várias discussões sobre esse assunto e várias outras nas poucas vezes que visitou Rachel.

Vestida num top bege sem mangas e saia de chiffon creme casual, sua mãe parecia relaxada e confortável, então Gipsy a deixou manter suas ilusões. Seu pai vestia sua calça jeans habitual com uma camisa de botão por cima, justamente como estaria se fosse se juntar a amigos para jantar no café local.

Nenhum deles vestia suas roupas relacionadas a negócios, o que era surpreendente considerando seu nervosismo durante este contrato.

— Gipsy. — Sua mãe a parou quando se aproximaram da entrada do saguão do hotel.

Voltando-se para ela, Gipsy viu a genuína preocupação crescendo nas feições sombrias.

— Sim, Mãe? — Caramba, sua mãe estava nervosa. Gypsy não trabalhava diretamente com seus pais muitas vezes, e só pegava os pequenos contratos quando sua ajuda era necessária, mas ainda assim teria pensado que viu este lado de Greta McQuade antes.

— Por favor, seja educada. — Sua mãe pediu advertindo, seus olhos verdes sombreados, um pouco mais duros que o normal.

Seja educada?

— Mãe, quando eu algum dia fui indelicada com um cliente? — Ela perguntou, confusa por esta nova preocupação que sua mãe parecia ter metido na cabeça.

— Toda vez que alguém, em qualquer lugar lhe der a impressão que você tem que fazer alguma coisa. — Sua mãe declarou com desaprovação. — Não nos envergonhe, Gypsy.

Sua vida pessoal agora estava amarrada aos clientes aos quais ela ajudava seus pais?

— Greta, agora não é a hora. — Seu pai murmurou, lançando a Gypsy um olhar vagamente arrependido.

Não os envergonhe? Eles não queriam sua ajuda neste contrato?

Seus lábios se abriram para perguntar sobre que diabos eles estavam falando.

— Sr. e Sra. McQuade. Gypsy, doçura, está na hora de voltar a nos ver. — Não foi um Casta que saiu do saguão para cumprimentá-los, mas Thor Thorsson, um ex-mercenário que diziam ter virado Enforcer da Agência e que trabalhava com a noiva do irmão de Rule, Diane Broen. Acontece que Diane também era irmã da esposa de Jonas Wyatt.

Mas pra ela, ele era apenas Thor, o grande e musculoso viking que foi quem deu uma olhada nela dois meses atrás, sorriu e disse:

— Ei, justamente o que estive procurando, um pequeno duende para atormentar. Posso te adotar? — Então ele puxou a trança atrás do seu cabelo.

Ela o informou friamente que não precisava de alguém para tomar o lugar do seu irmão.

Desamparados, seus pálidos olhos azuis ficaram sombrios.

— Eu não estava perguntando se precisava de um irmão. Estava tentando te dizer que eu precisava de uma irmãzinha.

Cabelos platinados longos e espessos estavam penteados atrás do seu rosto, suas feições imponentes vincadas num sorriso quando seus olhos encontraram os dela agora, enquanto dava uma piscadela sutil. Um segundo mais tarde ele se curvou, seus braços indo ao redor dela num breve e firme abraço antes dele recuar.

Às vezes ela realmente temia que Thor soubesse muito mais a seu respeito do que ela estava confortável dele saber.

— Oi, Thor. — Gypsy sorriu para ele, genuinamente contente ao vê-lo. — Vejo que está se recuperando bem de seu acidente.

A história que foi ferido num acidente no deserto era mentira. Ele levou uma facada no ombro, que estava destinada ao seu coração dois meses atrás.

— Estou me recuperando bem. — Ele prometeu com um sorriso largo. — Tanto é assim que Wyatt decidiu me colocar de volta pra trabalhar. Estou aqui para escoltá-la até sua suíte.

As sobrancelhas dela se ergueram.

— Atividade árdua. — Ela concordou, entregando automaticamente sua bolsa para sua escolta extremamente bonita.

— Foi isso que tentei dizer a ele, mas não estava escutando. — Thor concordou antes de se virar para seus pais, bloqueando a entrada e esperando pacientemente.

— Nós temos um compromisso. — Sua mãe o informou friamente.

— Mãe, ele precisa de sua bolsa. — Gipsy murmurou, captando o olhar surpreso de sua mãe. — Segurança. Não podemos entrar até que você a entregue a ele.

Confusão cintilou no olhar de sua mãe.

— Não estou confortável com isto. — Greta franziu o cenho.

— Pode deixar a bolsa em seu veículo, madame. — Thor sugeriu educadamente. — Mas não posso levá-la lá pra cima até que faça isto ou até que esteja em nosso poder. No entanto, você a terá de volta antes de partir.

Greta olhou de relance para Gypsy com preocupação.

Gipsy deu de ombros, confusa pela hesitação da sua mãe.

— Você escolhe.

Lentamente, sua mãe virou a bolsa para Thor.

— Obrigado, madame. — Acenando com a cabeça para sua mãe, ele entregou as bolsas para a fêmea Casta que saiu atrás dele.

— Oi, Gypsy. — Emma Truing, o sorriso mais leve cortando seus lábios, aceitou as bolsas do Enforcer.

— Como está indo Ashley? — Gipsy perguntou quando notou que a expressão abatida de Emma aliviou um pouco nas últimas seis semanas.

A irmã de Emma, Ashley, levou um tiro no peito de um dos moradores do local na tentativa de sequestrar a sobrinha do chefe da nação.

— Ela está se recuperando bem. — Emma disse, apesar da sombra da memória do medo em seus olhos. — Ela mencionou na outra noite que está sentindo falta de conversar com você.

— Diga a ela para correr e melhorar. — Disse à Casta muito sombria. — As coisas estão ficando chatas sem ela por perto.

E isso não era nada menos que a verdade. As festas privadas onde só uma lista seleta de Castas eram convidadas estava definitivamente sofrendo, sem mencionar os bares que Ashley arrastava Emma e algumas das outras fêmeas Castas.

— Não vou deixar de dizer a ela. — Emma prometeu antes de virar e recuar para dentro do saguão.

— Se você e seus pais puderem me seguir — disse Thor — vou mostrar a suíte de Jonas. — Seu olhar encontrou o de Gypsy novamente. — Rachel está ansiosa para ver você. Ela e Diane estavam conversando sobre aquele bolo de mousse de chocolate que você trouxe da última vez. Presumo que elas realmente gostaram.

— Vou ter que lembrar de fazer outro encontro de chocolate com elas. — Gypsy riu enquanto Thor gargalhava, em seguida se virou e liderou o caminho pra dentro do hotel. — Amber especialmente amou minha contribuição para aquele lanchinho.

— Onde a menina está indo com minha bolsa? — Sua mãe perguntou preocupadamente enquanto se aproximavam do hall dos elevadores.

— Vamos tê-las de volta antes de partirmos. — Gypsys prometeu. — É só uma precaução.

— Uma precaução contra que? — Sua mãe estava claramente perturbada pelo fato que sua bolsa não estava com ela.

— Contra armas, eu acho. — Gypsy deu de ombros enquanto se moviam em direção ao elevador.

— Jonas tem muitos inimigos, Sra. McQuade. — Thor declarou enquanto os levava para um elevador à espera. — Sem querer ofender. Isto é procedimento operacional padrão, não importa o visitante.

Gypsy podia ver que sua mãe ainda estava aborrecida por isto, entretanto seu olhar perturbado encontrou o de seu marido por um segundo conforme davam um passo dentro do cubículo do elevador à espera.

Captando o olhar de sua mãe, Gypsy olhou de relance para a discreta placa de metal no cubículo. Dispositivos ilegais de áudio/vídeo puníveis pela Lei Casta. Todas as bolsas, caixas e dispositivos devem ser scaneados em busca de eletrônica ilegal antes das reuniões começarem. Obrigado por sua paciência.

Desconforto cintilou no olhar de sua mãe. Gypsy sabia que o ressentimento de sua mãe pelos Castas em geral depois da morte do Mark estava atrás do seu desconforto; ainda assim, isso a incomodava.

O passeio pra cima foi rápido. Em menos de um minuto o elevador fez uma parada suave no oitavo andar e deslizou abrindo silenciosamente.

— Por aqui. — Thor deu um passo atrás para permitir que o precedessem do elevador.

Era evidente que seus pais não estiveram no hotel desde que os Castas se instalaram. O prédio inteiro foi mais ou menos tomado pela Agência de Assuntos Castas, e a segurança era incrivelmente apertada.

Movendo-se corredor abaixo, Thor virou outro longo corredor, e no meio do caminho ao longo do corredor quatro Castas permaneciam de pé atentos, observando Thor e os pais de Gypsy com suspeita. Fortemente armados, emburrados e parecendo extremamente perigosos naqueles uniformes pretos, sem mencionar de muito boa aparência, eles não tiraram os olhos do pequeno grupo.

— Os McQuades vão se encontrar com o Diretor Wyatt. — Thor disse ao guarda na porta, enquanto Gypsy espiava ao redor do ombro largo do Thor e disparava ao Casta na porta uma piscada sugestiva.

Seus olhos enrugaram só ligeiramente.

Para Flint, isso era um sorriso sexy como o inferno. Ou pelo menos, o mais perto que chegava a isso.

— Oi, Gipsy. — Flint acenou conforme eles passaram. — Sentimos sua falta.

— Boa noite, gracinha. — Ela o cumprimentou baixinho, sabendo que os Castas ouviam cada palavra. — Está parecendo especialmente quente esta noite.

Ele bufou com o elogio, enquanto Gypsy pegou a surpresa nas faces dos seus pais quando se moveram para dentro da suíte do diretor.

Designada para ser espaçosa e opulenta, a suíte presidencial era decorada com tons clássicos do deserto, mobília confortável, o estofamento incrivelmente macio.

Porém não foi Jonas e sua esposa que encontraram na suíte, mas sim Lawe Justice, irmão de Rule, e sua noiva Diane.

Eles se apresentaram aos seus pais antes de cumprimentar Gypsy com um sorriso e informá-los que Jonas estaria chegando apenas alguns minutos atrasado.

Enquanto esperavam, Diane se aproximou furtivamente de Gypsy.

— Você trouxe bolo? — Ela perguntou num tom abafado, chamando a atenção de Greta McQuade.

— Não sabia que precisava. — Gypsy fez uma careta pesarosa. — O prazo foi realmente muito curto e Kandy não tinha nenhum bolo mousse. Da próxima vez, diga ao seu chefe para me avisar com antecedência. — Gypsy sorriu de volta.

— Você não presta, McQuade. — Diane a acusou com um suspiro pesado. — Aquele bolo era a bomba.

— Vou me certificar de avisar minha irmã. — Gipsy prometeu, fazendo uma nota mental para pôr Kandy na cozinha preparando rapidamente bolo mousse de chocolate.

Erguendo seu dedo num sinal para dar um minuto a ela, Diane se virou, obviamente escutando o que quer que estivesse sendo dito no fone de ouvido que estava usando.

— Com licença um minuto. — Ela se virou para eles com um sorriso rápido. — Eu já volto. Lawe arrumará uma bebida pra vocês, e Jonas e Rachel estarão fora momentaneamente.

Diane desapareceu.

Indo para o sofá, Gypsy tomou um assento, cruzou uma perna acima do joelho oposto e se sentou para esperar enquanto olhava seus pais conforme se sentavam na namoradeira do lado mais próximo a ela.

— Você os conhece. — Sua mãe parecia levemente confusa pelo fato que Gypsy estava em tais termos familiares com os Castas que viram até agora.

Ela deu de ombros com desdém.

— Eu os vejo muito por aí. Nós conversamos. Conheci Ashley e Emma antes de Jonas e Rachel aparecerem. Elas pediram um dos bolos mousse de chocolate na primeira semana que Rachel estava aqui e me convidaram para dividi-lo com elas.

Na verdade, elas imploraram que ela fizesse um e trouxesse para o hotel para a filha de Rachel, Amber, que estava tendo problemas para comer. Elas juraram que o chocolate a tentaria.

E tentou.

A garotinha deu uma risadinha, uma bagunça de chocolate quando o Diretor Wyatt entrou na suíte. E a visão dela erguendo suas mãos de chocolate para ele e guinchando: — Pa, muu bolo. — enviou tal lavagem de emoção no seu rosto que o coração de Gypsy apertou no peito.

Agora, dois meses depois, Wyatt estava esperando enquanto aguardava para dizer a ela e seus pais que era tudo uma piada, ela estava com medo.

Babaca.

Ela se perguntou se Lawe e Diane a deixariam chutá-lo então?

Estava certa que Diane deixaria.

— Não mencionou que conhecia tantos Castas. — Sua mãe murmurou.

— Sim? — Ela olhou de relance pra sua mãe novamente antes de inspecionar a paisagem das amplas janelas do chão até o teto na outra parede. — Não achei que era importante.

— Como chegou a conhecer tantos deles? Nos bares? — Sua mãe perguntou, seus lábios apertando em desaprovação de onde ela os conheceu. — Mas não explica como chegou a ser convidada aqui e conhecer o Diretor Wyatt e sua família tão bem. Não posso imaginar que seja fácil.

Sua mãe esqueceu quem a salvou na noite que Mark morreu? Ou suas memórias dela eram apenas de ver o corpo do seu filho naquela maca, aquele anel vermelho em seu pescoço?

Um calafrio a percorreu, cortando através da serenidade que ela conseguiu projetar nas últimas horas.

Gypsy virou de volta para seus pais e arqueou suas sobrancelhas.

— Eu não sei, mãe, eles gostam de mim, eu acho. — Ela disse baixinho. — Isso ou gostam do bolo mousse de chocolate da Kandy.

Agora provavelmente era o bolo, mas nove anos atrás, foi Jonas quem jurou que ela sempre teria um lugar seguro para viver se seus pais não a quisessem mais.

Sua mãe franziu o cenho; seu pai só a observava com aquele olhar ligeiramente acusador que ela achava muito desanimador. Era um dos poucos olhares que ela não podia ler, e isso a deixava nervosa.

— Devia ter mencionado que os conhecia. — sua mãe disse acusadoramente.

Ela deu de ombros.

— Não parecia grande coisa. — Mais importante, seus pais nunca quiseram ouvir sobre os Castas que entraram na loja ou aqueles de quem se tornou amiga. Realmente, não lembrava de sua mãe algum dia se preocupando quem eram seus amigos.

Voltou-se para a paisagem, perguntando a si mesma se Jonas tinha a intenção de sair e enfrentá-la tão cedo.

Quando o pensamento passou pela sua cabeça, a porta do outro lado do quarto abriu novamente e Diane retornou, seguida por Jonas e Rachel.

O diretor parecia particularmente sofisticado e bonito. Seu cabelo preto tinha crescido um pouco; seus misteriosos olhos prateados em redemoinhos pareciam ver tudo, saber tudo.

Seu sorriso era amigável e educado quando foi apresentado aos seus pais, então iluminou com carinho genuíno quando Gipsy se levantou e aceitou um abraço rápido dele.

— É bom vê-la novamente, Gypsy. — Ele disse com sinceridade. — Você precisa nos visitar mais vezes.

Este era Jonas. Era um homem amável, mas aquela bondade não entrava no caminho de quaisquer maquinações que estava envolvido. Tornava difícil odiá-lo, fácil amá-lo, impossível confiar nele.

— Eu tento, Jonas. — Ela assegurou. — Mas essa coisa de três empregos, sabe? — Ela sorriu para ele, confortável com o afeto mas esperando que algo ruim acontecesse.

— Eu disse quando chegamos na primeira vez que existe um trabalho esperando por você com a Agência. — Ele deu a ela um olhar firme e conhecedor. — A qualquer hora podia ter entrado numa posição de Relações Públicas em D.C. ou no escritório de ligação em Window Rock que estabelecemos há vários anos. Tudo que tinha a fazer era me dizer.

— E eu disse a você — ela o lembrou com firmeza — que eu te mataria na primeira vez que tentasse correr do meu escritório e então Rachel me odiaria.

— Tudo de acordo com as circunstâncias, Gipsy. — Rachel riu quando se moveu adiante para um abraço rápido também. — É maravilhoso ver você.

Gypsy devolveu o abraço, observando a prática que ela viu com os outros perto de mulheres cujos maridos ou noivos eram Castas. Ela deixou Rachel abraçá-la, ciente que as mãos da outra mulher jamais tocavam a pele, apenas suas costas desta vez. O clima estava frio da última vez que se encontraram e Gypsy vestia uma jaqueta. Rachel agarrou seus antebraços então, inclinando-se, mas não tocando realmente.

— Diga-me, como é que o bebezinho Muu está indo? — Depois que Amber chamou o bolo mousse de “bolo Muu”, Gipsy começou a chamá-la de bebezinho Muu.

— Ela estava pedindo bolo Muu outro dia. — Rachel tentou sorrir, mas Gypsy podia ver a dor e o medo em seus olhos.

— Devia ter me chamado. — Gipsy a repreendeu suavemente. — Sabe que eu teria Kandy fazendo um no momento que soubesse.

— Os bolos mousse de Gypsy são realmente muito melhores que os de Kandy. — Sua mãe falou atrás dela então. — Você devia assar um dos seus.

Gypsy disparou a Rachel uma piscadela, esperando que ela pensasse que o que sua mãe estava se gabando era apenas lealdade maternal.

— Ela não mencionou isso quando esteve aqui antes. — Jonas disse, movendo-se atrás de sua amante e plantando sua mão na parte inferior de suas costas enquanto seu olhar encontrava o de Gypsy. — Terei que ver se não posso conseguir que ela faça um para nós logo.

E ele não estava brincando.

Ótimo. É claro que Jonas saberia que não era só orgulho maternal.

— Sou uma mulher muito ocupada, Diretor. — Ela o lembrou com um sorriso frio. — E entendo que estou prestes a me tornar ainda mais ocupada com um de seus comandantes?

Jonas riu.

— Posso ver a suspeita nesses bonitos olhos, Sra. McQuade. Você pensou que a oferta é um estratagema de algum tipo?

— Talvez não um estratagema...

— Ótimo. — Ele acenou com a cabeça. — Porque a decisão foi tirada das minhas mãos por Seth Lawrence e Dane Vanderale, dois dos benfeitores dos Castas que mais dão opinião. Estiveram empurrando por mais pressão individual a respeito da nova divisão investigativa e do gerente da divisão no comando; acabaram de definir sua escolha de gerente e o convenceram a concordar com o trabalho. Fico feliz em dizer que isso foi alcançado antes de ontem.

Ela sabia que não havia como esconder sua surpresa e nem tentou fazer isso. Guardaria sua energia para aqueles momentos quando esconder suas emoções, verdades ou mentiras, era muito mais importante.

— Entendo. — Ela murmurou.

— Jonas disse que você suspeitaria dele instantaneamente de algum jeito. — A diversão de Rachel era espessa enquanto olhava para seu amante. — Eu o avisei que era tudo sua própria culpa.

Pelo menos a amante dele o conhecia bem, pensou Gypsy divertida.

— Os rumores são cruéis, Diretor. — Ela concordou, permitindo que seu sorriso perdesse a borda fria quando olhou de volta para ele. — E vários Castas podem ser bastante — encantadores.

Ela optou por polidez, em vez de ser rude ou insultante naquele momento.

— Não pense tão bem de mim ainda. — Ele avisou, seu próprio sorriso aquecendo seus olhos. — Meu comandante finalmente conseguiu me informar a menos de uma hora atrás que vocês dois poderiam não estar em bons termos.

Ela sentiu então.

Aquele aperto em seu estômago, a corrida de adrenalina preparando para disparar como um foguete por seu corpo.

Ela perdeu ainda mais sono do que o normal nos últimos dias por causa daquele Casta danado.

Seus olhos estreitaram.

— Gypsy, juro que acabamos de saber do fato que o Chefe Breaker pode ter — Rachel pigarreou delicadamente — ofendido você de alguma forma.

Oh irmão.

Maldito. Maldito.

O que ele fez, beijou e contou na primeira oportunidade?

Ela queria que estivesse com a sua bolsa. Precisava de algo para estrangular, e assumiu que Jonas preferiria que ela estrangulasse a alça da sua bolsa em vez do seu chefe.

— Eu não a ofendi, eu a beijei.

Rodopiando no lugar, muito ciente do fato que seus pais estavam extremamente interessados nesta pequena reunião agora, Gypsy ergueu seus braços, cruzou-os sobre seus seios, então lançou seu peso para um quadril enquanto encarava o Casta Leão.

— Definitivamente um crime. — Ela ouviu seu pai murmurar atrás dela, sua voz assegurando-a que era tudo que ele podia fazer para não rir da situação em que ela se viu envolvida.

Pelo menos ele não estava agindo como se ela tivesse cometido algum ato criminoso por beijar um Casta.

Sua mãe ficou em silêncio, embora Gipsy jurasse que podia sentir aquele olhar de curiosidade de “mãe” e desaprovação aborrecida nela.

A arrogância no rosto de Rule quando fechou a porta atrás dele e entrou no quarto fez os dentes dela rangerem furiosamente.

— Comandante, deixe-me apresentar os pais de Gypsy, Hansel e Greta McQuade. — Jonas avançou diante dela e atraiu seus pais adiante. — Os donos da Consultoria de Imagem McQuade, que tem a tarefa de assegurar que sua entrada na sociedade e a direção da divisão aconteça discretamente.

— Sr. e Sra. McQuade. — Apertando as mãos dos seus pais, ele então deu um passo atrás, suas mãos indo atrás de suas costas, as pernas abertas, plantadas firmemente sob sua altura à medida que olhava fixamente para eles com um sorriso. — Esta é uma tarefa e tanto que vocês empreenderam. Espero que eu não os decepcione.

Hansel McQuade mal podia conter seu sorriso, e Gypsy observou com desgosto enquanto Rule ligava seu charme. Claro, seu pai respondeu imediatamente. Por todas as suas aparições de graciosidade calorosa, porém o olhar de sua mãe contava outra história.

— Greta e eu teremos prazer em trabalhar com seus contatos, realmente. Foi dada a Gipsy sua conta, mas pode confiar que ela é bem qualificada e sabe exatamente o que está fazendo.

— Foi o que ouvi. — Satisfação começou a brilhar em seus olhos. — E devo dizer, estou bastante feliz com a escolha do consultor encarregado de lidar comigo.

Tudo que ela podia fazer era conter seu rubor quando seu olhar encontrou o dela, lembrando-a de forma muito clara quem estava manipulando quem, não mais do que algumas horas antes.

— Comandante Breaker. — Sua mãe andou ligeiramente adiante então, disparando a Gipsy um firme olhar de advertência. — Estou certa que seja qual for a... ofensa que Gypsy pode ter sentido não afetará seu profissionalismo. Estou confiante que você está em excelentes mãos.

Humor perverso faiscou naqueles olhos de um azul elétrico enquanto encontravam o olhar dela. Uma descarga imediata de calor começou a escaldar seus sentidos à medida que aquela adrenalina só esperando pra correr por ela agora disparou como combustível de foguete.

Imediatamente seus seios pareceram inchar, seus mamilos extremamente sensíveis. Seu clitóris estava latejando, umidade correndo de sua vagina conforme a carne interna sensível começava a doer por seu toque de novo. A lembrança de estar debaixo dele no banco de trás do Dragoon, os quadris dele embalados entre suas coxas, sua roupa uma barreira odiada entre seu pau e as profundezas necessitadas de sua vagina, corriam pela sua cabeça.

— Concordo com você, Sra. McQuade. — Rule assegurou à sua mãe. — Tenho certeza que estou em mãos muito capazes.

Calor correu por seu rosto enquanto a raiva começava a alimentar a excitação, e esta começou a queimar como fogo através dos seus sentidos.

Em mãos capazes, não é?

Ela o estrangularia.

Neutralizaria.

Ela o faria desejar que nunca a tivesse tocado, pra começar, deixada em paz para continuar a contemplar isto toda vez que ela conseguisse escapar dele.

Seus dedos se fecharam em punhos enquanto ela mantinha seus braços cruzados embaixo dos seios, ignorando o olhar rápido que ele deu para as curvas agora muito sensíveis.

E ele estava bem ciente de sua excitação também.

Ela podia ver isto em seus olhos, ver nas chamas sensuais começando a acender lá.

De repente, ela podia sentir seu toque assim como sentiu anteriormente. Seus dedos se movendo por baixo do seu short, raspando contra sua carne e enviando um fluxo de prazer por seu corpo.

Fez tudo para conter um arrepio em resposta.

Um calafrio de medo.

— Vamos tomar nossos assentos então. — Jonas invadiu a tensão erótica começando a chicotear entre eles quando os direcionou de volta para a área de estar.

Ela não estava nem um pouco surpresa que o Comandante Breaker sentasse na outra ponta do pequeno sofá que ela reclamou. Seus pais sentaram na namoradeira ao lado dela com Jonas, e Rachel tomou um sofá similar em frente a ela.

— Devo começar? — Jonas sugeriu, seu olhar virando para Gypsy. — Acontece que fui curioso. — Ele sorriu. — Examinei cuidadosamente as notas no arquivo que você trouxe. Excelente, por sinal, e muitos são semelhantes à lista de preocupações e sugestões que Dane e Seth tiveram a gentileza de enviar para mim. Vamos passar por cima deles, então adiar até a semana que vem. Faremos um anúncio para a imprensa na manhã seguinte, e espero que possamos nos reunir para discutir nosso plano de ação dentro de alguns dias. Combinado?

Combinado?

Bem, todo mundo concordou.

— Posso ter minhas notas de volta, Jonas? — Ela perguntou docemente, nem um pouco feliz que ele as pegou, mas não tinha sido mais do que ela esperava.

O sorriso que bordeou seus lábios ainda era cálido e afetuoso quando olhou fixamente de volta para ela.

— Eu deveria... — Ele estremeceu, então olhou para Rachel.

Rachel mordeu o lado de seu lábio antes de olhar fixamente de volta para Gypsy com desconforto divertido.

— Tenho certeza que vai querer ver para ter certeza, mas eu juro. — Ela ergueu sua mão com uma risada leve. — Amber conseguiu pegar os documentos e os massacrou. Posso jurar que ela estava tagarelando “bolo Muu”.

Gypsy sentiu seu coração derreter.

Não havia maneira da criança que estava engatinhando poder saber que ela comeu a última fatia de bolo mousse de chocolate da Kandy que deslizou da loja antes de sair para Connie.

— Vamos ter que arrumar para essa criança um bolo Muu. — Ela decidiu. — Você está ocupada amanhã?

O sorriso de Rachel foi um de surpresa satisfeita.

— Eu tenho tempo amanhã.

— Então Amber tem que ter um bolo Muu amanhã. Diga a ela que tia Gypsy chegará em algum momento amanhã à tarde com guloseimas. — Ela declarou.

Aquele bebê teria bolo Muu nem se Gypsy tivesse que fazê-lo sozinha.

Pelo menos Jonas tinha notas de algum tipo, Gypsy pensou enquanto a conversa voltava para o contrato que os Castas estavam oferecendo à Consultoria de Imagem McQuade.

Quando a reunião acabou estava satisfeita que a oferta fosse legítima, mas mais preocupada do que nunca em relação aos seus próprios deveres. Porque quanto mais tempo ela ficasse lá, mais ela sofreria, e mais ansiaria aquela pitada de chocolate e menta contida no beijo de Rule.

E odiava precisar dele. Odiava isto mais do que podia dizer porque isso ameaçava tudo que ela era, tudo em que acreditava sobre si mesma.

Ele era extremamente perigoso, e ela era extremamente fraca.

E ela não tinha nenhuma ideia de como combater qualquer um.

 

— Você substituiu o dispositivo? — Lawe entrou na suíte atrás de sua companheira e encarou Jonas enquanto Rule ficava de pé de costas para o quarto, desviando a vista das janelas enormes depois que Gipsy e seus pais partiram.

Tensão encheu os ombros de Rule quando sua raiva pareceu tremeluzir no ar ao redor dele.

Havia um dispositivo de escuta na bolsa de Greta McQuade. Foi muito habilmente costurado no forro e programado só para registrar. Dispositivos de gravação mantinham um sinal eletrônico muito diferente de um dispositivo de escuta programado para transmitir.

Felizmente Jonas scaneou em busca de todas as assinaturas. Então fez uma varredura em busca de anomalias se não achasse nenhuma assinatura. Se houvesse um scanner nisto, então Jonas o acharia. Ainda assim, foi mais sorte que qualquer outra coisa ser encontrado.

— Ele foi devolvido. — Jonas acenou com a cabeça enquanto se movia para trás do bar e se servia de uma bebida.

Lawe balançou a cabeça quando o diretor ergueu a garrafa de uísque em sua direção.

— Na verdade, esperava que Gypsy tivesse o dispositivo em vez de sua mãe. — Lawe sacudiu a cabeça surpreso. — Greta McQuade não é espiã. Especialmente para o Desconhecido.

— E Gypsy não é traidora de seus amigos. — Jonas suspirou. — Especialmente para aqueles que salvaram sua vida. Porém sua mãe estava nervosa pra caralho, de acordo com Thor, quando foi convidada a entregar sua bolsa.

Rule rosnou, virando para encará-lo.

— Ela sabia o que estava naquela maldita bolsa. Assim como sabia que isso repercutiria em Gypsy.

As linhas duras e cinzeladas e ângulos de suas feições pareciam mais selvagens do que o normal, sua raiva as apertando fazendo com que seus olhos azuis clareassem marginalmente. Em tempos de fúria, seus olhos praticamente ardiam.

Lawe girou para Jonas.

— Vai rescindir o contrato?

Surpreendentemente, Jonas balançou sua cabeça pensativamente.

— Seth estava propenso, mas Dane pareceu hesitar. Ele quer esperar e ver o que acontece daqui em diante.

— Eles são consultores de imagem. — Lawe replicou. — Eles poderiam destruir as chances de Rule ter sucesso se estabelecendo na Agência de Execução se estiver na sua cabeça fazer isso.

— Gypsy não permitiria isto. — Rule soltou num rompante, sua mandíbula apertando enquanto voltava a olhar seu irmão.

— O que o faz pensar que ela não permitiria isto? — Lawe moveu-se atrás do sofá e o encarou, suas mãos o agarrando, os dedos cavando nele enquanto olhava fixamente para seu irmão com descrédito. — Pelo amor de Deus, Rule, nós já sabemos que ela está envolvida com o Desconhecido até seu belo pescocinho e fazendo tudo que pode para esconder isto, apesar de seu conhecimento que temos que encontrar Judd e Gideon para ajudar Amber. O que é isso, senão uma traição? —Lawe olhou de relance para Jonas também enquanto fazia a declaração.

— Confiança. — Rule grunhiu. — Ela trabalhou com eles por nove anos. Eles protegem a nação e seu povo. Ela sabe disso. Se eles dissessem que não podiam ajudar Amber, então ela acreditaria neles até prova em contrário.

— Na verdade concordo com ele, pra variar. — Diane, não exatamente a mais gentil das mulheres quando se tratava de traidores, chegou perto de Lawe, deitando sua mão no braço dele de maneira reconfortante enquanto Lawe olhava seu irmão com descrença. — Gypsy é um trunfo, mas ela é leal pra caramba aos amigos, Lawe. Até eu sei disso. Além do mais, ela não permitiria que seus pais destruíssem suas próprias reputações dessa maneira. Entretanto, acho que ela devia ser informada sobre o dispositivo.

Todos os olhos viraram para ela. Jonas não perdeu aquele olhar sério e pensativo em seus olhos, nem Rule perdeu seu temperamento. Ainda.

— Por que? — Rule questionou com tom áspero. — Que bem faria fazê-la questionar sua lealdade para seus pais? Especialmente se pudermos achar um modo de neutralizar a ameaça que a Sra. McQuade pode representar.

Lawe olhou fixamente para o assento do sofá para esconder seu choque. Rule estava preocupado com a mulher, em vez da segurança do Jonas ou alguma ameaça que os McQuades podiam representar aos Castas em geral? Quem sequestrou seu irmão e deixou este lunático de pé, diante dele, ao invés disso?

— Rule, sou contra esconder isso de Gypsy. — Diane declarou. — Se ela descobrir do modo errado, isso poderia destruir as fundações de sua vida. Ela não teve muito em que se segurar desde a morte do seu irmão.

Lawe olhava da companheira para seu irmão agora. Estavam discutindo isto como se Gypsy McQuade não devesse ser acusada de quebrar meia dúzia de estatutos da Lei Casta? Ela era uma espiã para uma desconhecida seita de guerreiros que ninguém podia identificar.

Desde quando isso é angariar confiança?

— Exatamente. Então por que destruir sua crença em tudo que lhe resta? — Rule rosnou.

Diane estava sacudindo a cabeça.

— Rule. — Rachel foi pra dentro da área de estar do quarto, claramente ciente da discussão. — Seus pais não são a fundação da vida de Gipsy. Eles não têm sido desde que ela tinha quinze anos e esteve sozinha naquele deserto enquanto seus pais se afastaram dela. Você esquece, foi Jonas quem deu a aceitação que ela precisava para sobreviver quando seus pais foram incapazes, ou talvez até pouco dispostos a fazer isso. A fundação de Gypsy é o código pelo qual ela vive. É seu trabalho, seus amigos e sua determinação em continuar o trabalho do seu irmão que garante que ela se empurre pra fora da sua cama a cada manhã. Retendo esta informação, está tomando dela sua habilidade em proteger seus pais e saber mais do que podemos porque sua mãe tentou tal coisa.

 

Rule voltou a olhar ao grupo, sem acreditar, antes de sacudir sua cabeça com assombro, raiva revolvendo seu estomago ao pensar na dor que as informações causariam em Gypsy.

— Aqueles são os pais dela. Se ela souber que estavam tentando trair os Castas, então vai despojá-los dela e isso a destruirá.

— Mantê-la no escuro é o que vai destruí-la, Rule. — Rachel assegurou conforme se movia para Jonas, permitindo que o braço dele envolvesse ao redor dela e a puxasse ao seu lado. — Sim, ela ama sua família, e muito. Mas até eu, uma mera humana, posso sentir a parede entre eles. Uma parede que ela colocou lá, temo. Uma que garantiu que seus pais nunca realmente tivessem uma chance de chegar a conhecê-la. Eles não tinham ideia que ela socializa com alguns de nós. Seu conhecimento individual dos Castas os chocou. Nosso respeito e preferência por ela simplesmente os espantou, e talvez tenha causado até um pouco de ressentimento. Eles não têm nenhuma ideia da mulher que sua filha se tornou nos últimos nove anos, ainda que vissem que nós percebemos. É por isso que digo que ela tem que saber sobre aquele dispositivo de gravação. Tem que saber para que possa sentir que tem chance de protegê-los. Se algo acontecer com um deles. Se um deles cometer um erro, ou Deus me livre, fizer algo tão horrível que sejam trazidos diante da Lei Casta, então nosso conhecimento daquele dispositivo será revelado. Se isso acontecer e seus amigos não lhe deram uma chance de salvar sua família, então ela verá isto como seu fracasso em protegê-los, assim como acredita que é culpada da morte do seu irmão. E todos seremos tão culpados aos seus olhos, como ela acredita que ela mesma é.

Rule podia sentir, inferno, o fodido animal que tinha dentro andando de um lado pro outro nos confinamentos de sua carne e pronto para rugir de raiva.

Estaria condenando se permitisse que ela tomasse aquela culpa em seus ombros já sobrecarregados. Se tomasse muito mais sobre si mesma, então ele temia que ela pudesse desabar sob o peso do sofrimento.

— Algo aconteceu desde que a vi da última vez. — Ele declarou, lembrando a dor que sentiu pulsando logo abaixo de seu exterior sereno. — Algo que a está machucando.

— Seus pais. — Jonas declarou suavemente. — Eu imagino, conhecendo a natureza humana como conheço, que em seu ressentimento eles sentem que perderam sua filha naquela noite também; provavelmente a lembram várias vezes do filho. Sua dor estava afiada com uma quantidade incrível de culpa hoje. Tal como a desaprovação da sua mãe antes mesmo deles entrarem na suíte podia ser detectada por cada Casta por quem eles passaram.

E a enevoada imagem que mal estava ali de seu irmão enquanto ele ficava de pé tristemente atrás dela tocou o coração de Jonas.

O irmão, cuja dedicação e lealdade para os Castas e o Desconhecido da mesma forma nunca seria questionado, virou para Jonas, olhando fixamente para ele de maneira exigente antes de estender a mão como se tentasse tocar o cabelo da sua irmã.

Uma visão que ninguém podia ver além dele.

Uma visão que o convenceu da inocência dela como nada mais podia.

 

Rule mal deteve o grunhido que teria vibrado em seu peito.

Droga, seus sentidos estavam extremamente agitados desde a vinda para Window Rock.

Girando para Jonas, encontrou aqueles olhos estranhos por longos momentos. Não podia confiar em Jonas quando se tratava de sua promessa de não formar par com a companheira dele, Jonas jamais a encontraria, mas confiava na opinião do outro homem.

Com sua mão livre, o diretor esfregou sua nuca enquanto a tensão que enrijecia seu corpo causava o mesmo no resto deles ao observá-lo esperançosamente.

Ele tinha a última palavra. Qualquer decisão que tomasse, Seth Lawrence das Indústrias Lawrence e Dane Vanderale, herdeiro da dinastia Vanderale, aceitariam sem discutir.

— Jonas, você mesmo disse que ela está andando numa linha muito fina. — Rachel disse suavemente, obviamente lembrando-o de uma conversa anterior.

Ele deu à sua cabeça uma sacudida dura.

— Sim, eu disse. — Ele finalmente admitiu enquanto seu olhar conectava com o de Rule, então com o de Lawe. Finalmente ele assentiu devagar, voltando a decidir. — Concordo com Rachel e Diane, Rule. Ela precisa saber sobre isto. A dívida que temos com seu irmão nunca poderá ser reparada, e dar as costas à sua irmã neste momento só trairá o sacrifício dele também. Mas entendo suas preocupações. Como quer proceder?

— Eu? — Rule disse num estalo, contendo-se de bater em alguma coisa enquanto se forçava a manter seus braços cruzados acima do peito. — Minha sugestão era não contar nada a ela.

— E agora... esqueça isto. — Erguendo o uísque aos seus lábios, Jonas terminou sua bebida antes de depositar o copo no bar. — Ela estará aqui amanhã com o bolo da Amber, acredito. Discutirei isto com ela antes dela partir.

— Eu mesmo cuidarei disto. — Rule rosnou.

Porra nenhuma.

De onde veio isso?

Rule quase piscou de surpresa.

As palavras saltaram da sua boca antes sequer que ele percebesse o que realmente estava dizendo.

Mas Jonas pareceu não perceber como seu comportamento estava fora das características de seu chefe. Talvez fosse só ele, Rule pensou, observando os outros de perto por qualquer sinal que notaram qualquer coisa diferente nele.

Não pareciam ter notado.

Talvez fosse só ele.

A irritação, o sentimento que o animal dentro dele estava de alguma forma enjaulado e andando de um lado pro outro furioso, devia estar realmente chacoalhando sua mente.

— Rule, cuidado com isso. — Jonas advertiu. — Isto pode ser um ardil do Desconhecido para usar os pais dela para lançar nossas suspeitas sobre Gipsy, ou uma tentativa para inclinar nosso interesse puxando seus pais numa situação potencialmente ameaçadora. Quero saber por que Greta McQuade estava com aquele dispositivo em sua bolsa e quem o pôs ali. E por que ela concordou em ajudá-los. Não temos tempo ilimitado aqui. Gypsy pode descobrir por que isso aconteceu ou eu contarei. — Sua voz endureceu. — Qual você acredita que ela preferiria?

Os olhos do Rule se estreitaram.

— Não me dê ultimatos, Jonas. — Ele rosnou. — Sabe que isso não funciona comigo.

— Não estou te dando ordens. — Jonas declarou firmemente. — Estou dizendo a você. Não vou correr nenhum risco com minha filha. Gipsy é uma amiga, não só sua, mas minha e de Rachel, e até de Amber também, e por causa disso, você tem até depois da semana que vem para descobrir que diabos está acontecendo. Então eu mesmo vou descobrir.

Girando, Jonas saiu do quarto e entrou nos aposentos privados que ele compartilhava com sua companheira. Até Rule captou o cheiro da dor de Amber e sentiu seu peito apertar pelas decisões que Jonas estava sendo forçado a tomar para salvar sua vida. Decisões que ele sabia que mantinham o outro Casta acordado de noite, olhando fixamente na escuridão, enquanto procurava por respostas.

— Rule. — Lawe suspirou fracamente, e Rule podia sentir a intenção do seu irmão de tentar dissuadi-lo da confiança que sentia por uma mulher que nunca devia ter confiado, pra começar.

— Nem se dê ao trabalho, Lawe. — Rule rosnou, determinação endurecendo seu maxilar, enrijecendo seu corpo. — Tudo dentro de mim está gritando sua inocência. Não vou dar as costas a ela sem motivo.

Com isto, ele deixou a suíte, caminhando em passos largos corredor abaixo e rumo ao seu quarto. E esperava uma chance de compreender exatamente que diabos estava acontecendo com a mulher que ele não acasalou, ainda que fosse a única mulher que foi incapaz de se afastar na sua vida inteira.

 

Ele a estava esperando naquela noite.

Inclinado contra o bar, olhando a entrada com um sorriso petulante, satisfeito consigo mesmo e também parecia o gato que comeu o canário.

O homem era praticamente sexo ambulante, com aqueles músculos masculinos sensuais e um aspecto fabulosamente pecaminoso. Algo nela preferia admirar de longe, ainda que seu maldito corpo e seu chefe Desconhecido estivessem ali.

Dane Vanderale estava de costas para ela, e o que estava dizendo ao Casta Rule o fazia lançar um olhar encolerizado antes de voltar seu olhar para ela.

Ela deveria desmaiar? Perguntou-se. Rasgar suas roupas e inclinar-se diante dele em agradecimento por ter convencido o Diretor da Agência de Assuntos Castas que fechasse o contrato com seus pais?

Não pensava assim.

Até mesmo o fato que estivesse ali naquela noite tinha mais a ver com um telefonema de amigos convidando-a que com Rule ou o contrato.

Kandy deixou a loja antes que Gypsy pudesse pedir que fizesse um mousse para Âmbar. Gypsy se encontrou na cozinha da Gingerbread House preparando rapidamente um mousse de chocolate enquanto observava o relógio, certa que ficaria a noite inteira com aquilo.

Afortunadamente, Kandy apareceu quando Gypsy colocou o mousse na geladeira para esfriar e com um olhar raivoso para a bagunça na cozinha, sua irmã disse que ela deveria ir fazer o que quer que fosse que fizesse no final de semana e saísse rápido da cozinha dela.

E Gypsy fez precisamente isso, sem argumento.

Podia assar e podia cozinhar bem, mas Gypsy não era a favor da limpeza.

Pelo canto de seu olho, viu quando Rule estreitou seus olhos nela onde estava na entrada. Seu olhar moveu-se pela multidão como se ela não estivesse debatendo sobre entrar no bar e atirar nele. Inferno se iria atrás dele como uma cadela no cio.

A visão de uma mão esbelta alta no ar, acenando entusiasticamente, a fez olhar para o dono e um sorriso tocou seus lábios. Diabos, fazia um maldito tempo desde que viu a Casta Coiote Ashley e sua irmã, Emma, divertirem-se.

Dois meses antes, Ashley recebeu uma bala no peito que os médicos tinham certeza que não se recuperaria. Ela estava se recuperando, da mesma maneira que Emma prometeu que o faria antes da reunião com Jonas, mas outros mencionaram durante as últimas semanas que Ashley estava diferente de alguma forma. Que havia uma parte de Ashley que não pode voltar, quando morreu na mesa de operações, depois de receber um disparo.

A genética Casta assegurou que Ashley se curasse depressa, entretanto. Em menos de seis semanas a fêmea Casta estava forte o suficiente para se mover ao redor facilmente e recuperar a força que perdeu em treinamentos.

Movendo-se através do bar, Gypsy ignorou os olhos de Rule que a seguiam com facilidade e diversão tocou seus lábios quando fez seu caminho para a mesa das meninas.

Não estavam sozinhas. A loiro com elas, mais velha apenas alguns anos, estava inclinada na cadeira, olhando os ocupantes do balcão do bar enquanto tomava um gole de uma garrafa de cerveja.

Sharone era igual a Ashley e Emma, foi criada nos laboratórios russos, e frequentemente agia como protetora irmã mais velha.

—As três estão se divertindo? — Ela sorriu, levantando a voz para se fazer ouvir sobre a musica alta e a multidão.

—Quatro. — Emma a informou, inclinando-se quando Gypsy sentou-se próximo dela. — Finalmente convencemos Jonas a deixar Cassie sair conosco.

Gypsy a procurou. —Onde está ela?

Os lábios de Emma se torceram em diversão perplexa. —Ela está dançando com algum sujeito. Vê todas os Castas congregadas? — Ela apontou para o que realmente era uma massa de Castas, próximos à pista de dança. —Aposto que seu companheiro está urinando na calça.

Oh inferno.

Pobre Cassie. Estava cercada por Enforcers Castas cujos olhares fixos inflexíveis treinados estavam sobre o vaqueiro que dançava com Cassie.

Gypsy podia vê-los agora. O jovem estava positivamente miserável, e Cassie estava olhando os Castas.

Que inferno sua vida deveria ser. Sempre seguida, nunca ficava sozinha, nunca capaz de ter verdadeiramente amigos.

—Ela nunca faz isto por muito tempo. — Emma revelou com um suspiro pesado. — Convenceu Jonas a deixá-la sair enquanto estavam na Virgínia no ano passado. Os Casts que ele enviou não a deixaram dançar. Ela se sentou e conseguiu beber até vomitar.

—Sim, então os Castas que a levaram conseguiram ter seus traseiros chutados por deixarem ela se embriagar. — Ashley revelou com um sorriso leve. —Eu disse a ela, deveria ter vindo a mim antes que aquele bastardo colocasse um buraco em meu peito. Eu e Em teríamos mostrado a ela como passar um bom momento. Teríamos que deixar Sharone em casa, entretanto. — Ashley movimentou a cabeça para a loira ao lado de Gypsy.

—Aposto que isso a deixaria irritada como o inferno. — Gypsy riu quando viu o olhar de asco da Casta para Ashley.

Sharone raramente se metia em problemas e sabia manter um olho de águia sobre as garotas. Frequentemente tanto Sharone quanto Emma eram quem mantinham Ashley fora de problemas, entretanto.

—Por que as três não estão dançando também?— Gypsy movimentou a cabeça em direção à pista de dança.

—Com todos aqueles Enforcers ali?— Emma olhou para ela como se estivesse escandalizada. —Realmente não quero meu Alfa me levando para casa e encurtando minha correia até me estrangular. Nenhuma de nós quer.

—Apenas por dançar? — Gypsy puxou a orelha em confusão enquanto olhava para a pista de dança e o fluxo suave, sinuoso de corpos que se moviam ao ritmo da música.

—Nosso Alfa está convencido que somos puras e doces, sem desejo sexual e maldito se conhece alguns dos movimentos que usamos quando provocamos aqueles vaqueiros. Se ouvisse falar de nós dançando como fazemos, nunca nos deixaria sair novamente. — Emma até pareceu corretamente horrorizada.

—Seu Alfa está aqui?— Ela perguntou, procurando suspeitosamente. Geralmente ouvia quando havia qualquer Alfa na área.

—Não, não o Alfa, só qualquer Casta que poderia nos denunciar. — Emma fez careta. —Onde quer que Cassie vá, os melhores Enforcers de Jonas vão. Isso significa que nosso Alfa seria informado porque um desses Castas é um dos comandantes da Cidadela. Ele contaria sobre nós numa segundo.

Haviam sacrificado sua própria diversão para dar a Cassie o que ela queria, mesmo sabendo a total falta de diversão que a garota teria.

Olhando para cima, ela viu quando Cassie Sinclair aproximou-se da mesa, ergueu um copo com líquido âmbar e jogou na boca furiosamente antes de ceder a uma tosse áspera.

—Não, não. — Ashley murmurou enquanto golpeava a outra garota nas costas algumas vezes. —Isto é tudo. O uísque bom deixa tudo melhor. Você gostaria de outro querida?

Esse brilho nos olhos de Emma era positivamente diabólico quando ela indicou para a garçonete que queria outro.

Não seria melhor, Gypsy pensou enquanto olhava Cassie se sentar de volta em sua cadeira, seu olhar cortando com rebeldia a dezena de Castas que se moveram para a mesa.

—Inclusive tem duas Enforcers para ir ao banheiro com ela. — Ashley se inclinou através da mesa quando indicou que Gypsy deveria se aproximar. —Ou teríamos fugido pela janela do banheiro.

Ela olhou para Cassie, vendo a umidade cintilar em seus olhos quando a garota depressa inclinou a cabeça para esconder as lágrimas que piscou de volta.

Maldição, deixá-la sair, enviar uma dúzia de guarda-costas para certificar-se que ela se sentisse miserável, era apenas cruel.

—Por que não escapa do hotel?— Gypsy perguntou, seu olhar voltando para a furiosa Cassie. —Não podem segui-las se não souberem que ela está fugindo.

—É duro escapar de seis Castas estacionadas em seu traseiro a cada minuto do dia. — Ashley respondeu com condolência. —Além disso, não existe um bar em um raio de cem milhas que não tenha pelo menos um Casta que reportaria onde ela está.

Oh, assim todos conheciam a área ou os bares e também pensaram nisso.

—Que tal os bares subterrâneos? — Seguramente Ashley e Emma já estiveram em alguns deles. —Os Castas lá morreriam e iriam para inferno antes de denunciá-la. Se houver algum deles ali, o que é malditamente raro. Poderiam tomar cuidado com ela, cuidariam também do traseiro de uma mulher apreciada como uma debandada de cavalos.

Os olhos de Ashley se estreitaram quando as outras, inclusive Sharone, riram de surpresa pela descrição. —Está brincando. Existe isso aqui?

Gypsy riu agora. —Pelo menos uma dúzia pelo que sei. Vamos, bares estão ainda estritamente proibidos, exceto ao longo das bordas da reserva. Até então, não têm permissão dentro dos limites da cidade. Realmente acha que sempre queremos estes? Especialmente aqueles que vivem muito mais distantes daqui?

Ela podia ver mente de Ashley trabalhando agora, as engrenagens começando a se mover, a princípio com uma hesitação que indicava que poderia ainda estar se recuperando, então com suficiente força para colocar de volta o brilho em seus olhos.

Ashley talvez não tivesse mudado, pensou Gypsy. Estava entediada. E isso era algo que Gypsy bem entendia, tédio. Mas também conseguiu prender a atenção das outras mulheres.

—Eu quero ir. — Cassie disse com excitação súbita. —Só uma noite, quero ser alguém diferente da louca Casta Cassandra Sinclair.

Cassie queria anonimato. Isso era outra que Gypsy podia entender. No entanto, um debate sobre como, não iria acontecer ali.

De repente, o olhar de Cassie foi para o dela, estreitado e pareceu mais brilhante, um céu azul, mais claro que o de Rule, mas tão profundo e puro que era quase hipnótico antes de seu olhar deslizar para o lado de Gypsy.

Cassie franziu o cenho, fez uma careta, então balançou a cabeça.

Gypsy olhou para o lado, não viu nada além de Emma, que abaixou sua cabeça como se estivesse intensamente interessada no topo da mesa.

—Há algum problema?— Gypsy perguntou quando se voltou para Cassie, deixando a outra mulher ler seus lábios em vez de ouvir suas palavras acima do ritmo alto da música.

—Provavelmente. — A outra mulher mal podia ser ouvida. — Mas não ainda.

Ceeeerrto

Sim, ouviu histórias sobre Cassie, e o que quer que fosse que a outra mulher viu ou ouviu, Gypsy simplesmente não queria saber.

—Bom garotas. — Erguendo sua cerveja, ela terminou o frio líquido depressa antes de colocar a garrafa na mesa e lançar a todas um olhar divertido. —Meus guarda-costas não estão aqui, se é que tenho algum. E papai não se preocupa que eu dance desde que tinha quatorze anos porque ele nunca soube, para começar.

—Não estaria tão certa sobre os guarda-costas. — Ela leu os lábios de Cassie, como se ela estivesse murmurando para si mesma.

O que fosse.

Ela não tinha um protetor desde Mark...

Levantando-se, ela balançou os dedos para as garotas, ignorando seus olhares e foi até a pista de dança.

Ela estava lá dançar, brincar, movimentar-se e flertar com vários dos homens na pista de dança, mais tarde ela passaria as informações para seu contato, esta noite ela estava livre.

Gypsy os deixava saber várias noites na frente as informações específicas relativas a quaisquer perguntas estranhas que quaisquer dos Castas pudessem fazer. Ela permitiu que confiassem nela achando que suas perguntas vinham do interesse de Rule por ela, quando sabia que estava perguntando por causa da morte de seu irmão e em busca de mais informações do que tinha neste momento.

Este jogo podia ficar perigoso rapidamente, entretanto. Castas tinham uma audição excepcional, e ela não era a única que estava consciente disto. Mas sabia que pelo menos um deles descobriu algo. Feliz batida. Antes da meia-noite. XOXO. A mensagem que encontrou escondida sobre o para-brisa de seu jipe esta tarde tinha o distintivo XOXO que pediu para usarem.

Esta noite, algo estava definitivamente acontecendo. Inclusive no meio da multidão onde havia poucos casais na pista, conseguir se aproximar de qualquer um dos quatro homens era impossível.

Uma piscada sutil de um dos amigos mais velhos de seu irmão o identificava como mensageiro, mas conseguir chegar perto o suficiente para conseguir informações era arriscado. Cada vez que dançavam perto um do outro, um Enforcer na pista de dança a olhava de forma curiosa.

Que diabos estava acontecendo?

Movendo-se ao ritmo da musica, James Herndon aproximou-se, deixou seu braço cair ao redor da sua cintura. Ele a puxou para ele, balançando, girando-a uma vez, duas vezes. Ela aterrissou contra seu peito rindo quando seus lábios se moveram diretamente para sua orelha. —Mais tarde.

A palavra, uma advertência clara que a fez ficar tensa se não a balançasse ao redor novamente, rindo quando ela ficou contra seu peito, então olhou por cima de seu ombro.

Sua expressão ficou imóvel. Toda risada, todo humor sumiu.

Soltando-a, ele afastou-se depressa.

Outro braço apareceu, girando-a de forma que ficou olhando fixamente para Rule, seus olhos estreitados.

Ele não parecia feliz, e não parecia estar de humor para brincadeiras.

Naquele momento a música estava forte, pulsando ao ritmo que estava acostumada, uma balada lenta, sensual que sussurrava a fome do cantor, sua perda e necessidade dolorida.

—Você não quer fazer isto. — Ele grunhiu quando ela se moveu para se afastar. — Não aqui. Não agora.

A advertência em sua voz era firme, dominante, e apertou algum botão feminino que ela não sabia que possuía, incentivando-a a ceder. Para obedecê-lo, apenas desta vez, como se ele pudesse obrigá-la de uma forma erótica, deixando-se sem vontade de lutar.

—Eu não danço musica lenta. — Ela disse entre dentes, seu corpo relaxando e tocando o dele, enquanto ela tentava permanecer dura e inflexível. —Dançar assim implica uma relação que não temos.

Ela não queria isto. Mudaria a dinâmica de quem ela era e as informações que poderia conseguir nos círculos que se movia.

—Uma relação que não existe? Para quem está mentindo, Gypsy? Porque certo como inferno você sabe melhor. — Ele informou em tom de advertência enquanto se movia contra ela, prendendo-a, seduzindo-a a compartilhar a dança, compartilhar a intimidade para a qual a estava convidando.

—Está achando demais. — Ela furiosamente replicou, mesmo que ainda não estivesse lutando contra ele.

Ela estava ofegante.

Podia sentir seu sangue se aquecer, correr por suas veias, o lado sensual de sua natureza debilitando-se extremamente depressa.

Ela sofria por ele. A carne entre suas coxas ficou mais quente, mais molhada, seu clitóris pulsando enquanto seu sexo se derretia e molhava mais.

Era impossível negar que o queria quando seu corpo se recusava a cooperar e permanecer frio e indiferente.

—Ainda não. — Ele disse suavemente enquanto inclinava a cabeça para olhar fixamente. —Mas estou certo que estarei antes da noite acabar Gypsy. Estou muito certo disto.

Antes dela poder discutir a declaração ou dizer que fosse para o inferno, ele roçou os lábios contra os dela, sua língua deu uma rápida lambida em seus lábios antes dele se afastar e colocar entre ele e ela uma respiração de distância.

O prazer foi impactante.

Segurou-a em seus braços, ela olhando fixamente para ele em confusão enquanto impulsos, fome e necessidade começaram a disparar por seu corpo com um calor que ela não esperava.

Surpreendeu-o.

Surpreendeu-a

Seus lábios se levantaram o suficiente longe dos dela para brincar com ela, para que ela se perguntasse o que ele iria falar e quando o fizesse se seus lábios iriam roçar os dela novamente.

Seu olhar estava fixo no dela, sem piscar, o azul de seus olhos profundos como o de Cassandra, mais fascinante, hipnótico, deixando-a assombrada ante o que viu refletido neles.

Havia tanto em seu olhar. Uma sugestão de outra cor, talvez, um mundo de fome, de necessidade, uma profunda e brilhante piscina, de luxuria masculina tão vibrante que a fez se perguntar se estava consciente do que estava revelando.

—Por que? — Ela sussurrou.

Por que ela? Por que estava empurrando isto quando era mais que óbvio que estava relutante em começar algo com ele?

—Por que não? — Não foi a pergunta, mas o tom de voz, o olhar em seus olhos, que a surpreendeu.

Determinação dura como o aço, fome masculina pura e possessividade quando os olhos atingiram os dela, envolvendo-a e fazendo com que se perguntasse se estava asfixiando de medo ou excitada pela antecipação.

—Venha comigo. — Ele pediu a ela então.

Abrindo os olhos antes que pudesse deter a reação, ela abriu os lábios para rejeitá-lo, ainda que as palavras não viessem facilmente.

—Apenas para conversar. — Seu dedo tocou seus lábios, contendo o que queria dizer, mas não pode. — Quero você, forte o suficiente para esperar se precisar. Mas se tiver que esperar, pelo menos me torture com algumas horas.

—E isso seria suficiente para você?— Ela brincou sarcasticamente apesar do rubor de excitação cobrir seu corpo.

Deus, quanto tempo se passou desde que se permitiu querer um homem? Inclusive quando se sentia atraída por um, corria na direção oposta tão rápido quanto possível.

—É mais que suficiente. — A aspereza sedutora em sua voz acariciou todos seus sentidos quando ela se perguntou por que não estava tentando correr tão forte e rápido quanto possível dele.

Gypsy respirou lentamente, profundamente.

—Eu prometo, não significa não. — Ele disse.

Por um momento, ela perguntou-se se ele podia ler sua mente, se sabia coisas a seu respeito que o Desconhecido não sabia.

Coisas que ninguém deveria saber.

Lentamente, ela movimentou a cabeça, seus sentidos explodindo com incredulidade ao perceber o que estava fazendo. Então ele acariciava seu braço, capturando a mão com a dele e puxando-a da pista de dança.

Havia muitos olhos sobre eles, disse para si mesma. Ela tinha que deixá-lo. Ela não podia partir com ele. Se fizesse isso, então as regras mudariam. Ela não seria amiga de todos e então tudo poderia virar uma merda.

Isso poderia destruir sua habilidade de fazer o trabalho que fazia há tantos anos agora.

Ela tinha que parar isto.

Ela tinha que fazê-lo deixá-la ir.

Então por que estava se movendo com ele ao invés, permitindo que ele segurasse sua mão possessivamente enquanto saiam para o estacionamento?

Seu braço deslizou ao redor ela, seus dedos ficaram acima de seu quadril quando ele a puxou mais perto.

—Seu carro?— Ele perguntou, parando fora da porta.

Gypsy engoliu firmemente. —Meu carro. Meu apartamento.

Ele movimentou a cabeça, seguindo-a até o Jipe, em silêncio, observando-a quando ela sentou-se ao volante antes dele mover-se para o lado do passageiro.

Ela ficou surpresa por ele não insistir em dirigir. Ela ficou surpresa quando ele simplesmente deslizou no assento, afivelou seu cinto de segurança e a olhou esperançosamente.

—Eu perdi a cabeça. — Ela murmurou, então ligou o motor, desceu o teto e logo saiu com o veículo do estacionamento. —Isto não é a coisa mais esperta que já fiz.

—Você sempre faz o que é esperto?— Ele perguntou.

—Se possível. Sempre, se possível.

Ele sorriu de volta sem assegurar que não era possível desta vez.

Ela perdeu a cabeça esta noite, mas prometeu que a encontraria muito rápido quando ele se fosse. No segundo que saísse, ela a encontraria, a prenderia e não deixaria sair nunca mais.

 

Ela iria deixá-lo louco.

Rule podia sentir isso chegando.

A necessidade de tocá-la, saboreá-la e tê-la estava queimando através de seu sistema, endurecendo seu pênis e apertando suas bolas num grau quase doloroso.

Vê-la dançar na maldita pista de dança, seu corpo balançando e se movendo contra os outros homens quando ela riu e flertou com eles, havia causado mais de um rosnado escapando de seu controle.

Tudo que o impediu de rasgar aqueles homens foi a ordem de Dane que os Enforcers no bar convergissem sobre ela e se certificassem que ela não estivesse passando informações para contato com supostos espiões.

Jonas queria esse elo, assim como queria saber a ameaça que poderiam se tornar a respeito de Claire Martinez.

Jonas estava certo que Gypsy estava conectada. Ele tinha certeza que ela era um dos elos que reuniam a informação e relatava a um contato superior, ou um dos últimos elos na cadeia de informação.

Proteger seu traseiro estava se tornando difícil. Perigoso, talvez, porque Jonas estava ficando muito complacente com a direção e a falta de resultados nesta investigação.

Adicionado a isso, a tentativa de seus pais de levar escondido esse maldito gravador de áudio para a reunião só aumentou a atenção sobre Gypsy, bem como a suspeita.

Hoje à noite, ele não se importava com o que Jonas estava fazendo, iria fazer, ou como iria lidar com isso.

Hoje à noite, Gypsy era dele, de qualquer maneira que ele pudesse reclamá-la, e quantas vezes pudesse fazer isso acontecer.

Dar-lhe informações sobre o dispositivo de gravação que sua mãe levou para a reunião iria esperar. Não muito, mas iria esperar.

 

Manobrando o Jeep para o pequeno parque de estacionamento de seu apartamento, Gypsy estacionou, ativou o teto e esperou até que estivesse bem fechado antes de ligar o motor.

Ela puxou uma respiração forte, assim o aroma de sua necessidade se intensificou, junto com sua confusão.

Ela o queria, mas não sabia por que o queria. Por que estava queimando por ele.

Saindo do veículo, ele se moveu para o lado do motorista, abriu a porta e esperou até que ela escorregou do assento, engolindo com força.

—Tenho um carro vindo para mim em duas horas. — Ele disse a ela, seus lábios curvando-se num sorriso quando seu olhar se lançou até ele. —Tenha certeza, querida, o que quero vai demorar muito mais que duas horas, para sequer chegar perto de terminar. Está completamente segura pela noite.

Ele fez uma nota mental para enviar a Dog uma mensagem para buscá-lo no momento oportuno. Tinha a sensação que não iria se permitir que ela o pegasse nem mesmo na menor mentira piedosa.

—Ainda não descobri o que fez você decidir que deveria estar aqui. — Disse a ele, embora se virasse e abrisse o caminho para as escadas que levavam até o apartamento dela. —Acabou totalmente destruindo qualquer paz que eu teria quando sair à noite agora. Cada Tom, Dick e Casta vai pensar que pode ir para casa comigo agora.

Ah, ele não pensava assim.

Ele tinha certeza que cada Casta que considerava, conhecia os perigos e informaria Tom e Dick da reivindicação já feita sobre ela.

—Não acho que vai ser o problema que está imaginando — ele disse porém, quando ela destrancou a porta, seus dedos apertaram a maçaneta na preparação de girá-la.

Seus dedos se fecharam sobre os dela lentamente, parando-a.

Gypsy parou, abaixou a cabeça, respirando com dificuldade. O calor se propagava das costas para o peito dele, todo seu corpo dolorido para senti-la de maneiras que ele sabia que ela não estava preparada.

—Quero você — disse a ela. — Até sinto dor com a necessidade de você. Mas não vou tirar de você, Gypsy. Não quero nada que não seja dado livremente. Nada que não queira tão intensamente quanto eu quero.

Ela fez uma pausa por longos segundos, obviamente lutando não contra o que sabia que ele queria, mas o que ela queria também.

—Acredito em você. — Ela finalmente concordou, mas essa sugestão de medo ainda permanecia em seu aroma. — Às vezes, o que uma pessoa quer nem sempre é o melhor para ela, no entanto.

Ele soltou os dedos, permitindo que ela virasse a maçaneta e empurrasse a porta para abri-la antes que ele cuidadosamente, casualmente manobrasse para entrar no apartamento à sua frente.

Seus sentidos registraram tudo em menos de um piscar de olhos. A genética animal que se alastrava tão forte dentro dele estava mais perto da superfície esta noite, antes mesmo que ele deixasse o hotel.

Seu cheiro permeava o apartamento, deslizando sobre seus sentidos como uma carícia sensual. Havia aromas mais sutis, mais suaves. Aqueles de sua família, talvez amigos. Não havia cheiro de sexo ou intimidade masculina. Nenhum outro homem colocou sua marca em seu território como ele pretendia colocar nessa noite.

—O interruptor de luz está à sua esquerda — disse a ele, esperando, sua irritação beirando ao longo de seu perfume agora.

Seus lábios se curvaram quando ele estendeu a mão e acendeu a luz antes de atraí-la para o interior.

—Desculpe, hábito. — Assegurou a ela. —É melhor não quebrar certos hábitos, não importa a situação.

Ela assentiu com a cabeça, movendo-se para o apartamento e fechando a porta atrás dela, automaticamente parando para travar o ferrolho, bem como o bloqueio da corrente pesada entre a porta e o batente.

—Moro aqui desde que tinha dezoito anos. — Disse a ele, embora jurasse que podia sentir algo que ela estava deixando de dizer.

—Sua irmã ainda mora com seus pais? — Perguntou ele, seguindo-a desde o pequeno hall de entrada até a combinação de cozinha e sala de estar.

—No apartamento do andar de baixo. — Ela deu um pequeno encolher de ombros. —Ela se mudou para ele no ano passado.

O apartamento era grande, aberto e espaçoso. Grandes janelas dominavam três paredes, enquanto a outra possuía uma porta aberta que revelava seu quarto e uma grande cama arrumada.

Ela ligou várias lâmpadas em abajures antes de se mover para a cozinha.

—Tenho um pouco de vinho. — Disse ele, hesitando na combinação de bar e balcão que separava os dois cômodos.

—Isso é bom. — Ele acenou com a cabeça. Não que se importasse muito com o vinho, mas podia sentir seu nervosismo aumentando enquanto a observava.

Inclinando seu pescoço como se para esticar a tensão nele, ela se moveu para a área da cozinha, alcançou debaixo do armário e puxou um vinho surpreendentemente reconhecível.

Era um dos vinhos mais doces, ele viu. A mesma marca que a esposa do Líder do Bando preferia beber um copo antes de ir para a cama.

Abriu-o, encheu duas taças de vinho, então deixou de lado a garrafa vazia. Entregando um copo para ele, ela abriu caminho para a sala.

Rule viu quando ela se enrolou no canto do sofá, observando-o enquanto ele sentava, não muito perto dela, mas não muito longe.

Ela estava muito nervosa.

Podia senti-la, pronta para saltar e correr num piscar no momento que aquele cheiro indescritível de medo fortalecesse marginalmente.

Virando a cabeça, olhou para ela por um longo momento, a suspeita mordendo seu controle enquanto bebia o vinho, observando como ela fazia também, e vendo o tremor em seus dedos finos.

Foda-se, ele não podia fazer isso com ela.

—Você nunca namora. Nunca permite que qualquer homem dance muito perto de você e nunca permiti que sequer considerem que poderiam ter a chance de sair com você. Não tem amantes, e não tem relações. No entanto, tem vinte e quatro anos de idade e sei que não é uma mulher fria. O calor de você flui sobre os meus sentidos, e o aroma de sua necessidade feminina me tenta tanto que vou levar a marca do meu zíper no meu pau muito depois de eu tirar minha calça. Então me diga, Gypsy — ele perguntou a ela, observando-a endurecer até que estava tão tensa que um bom vento poderia ter quebrado seus ossos — porque sua vida está no congelador?

—Não sabe o que está falando — ela mentiu, e essa mentira preencheu toda a sua expressão, bem como o cheiro dela.

—Tenho a intenção de compartilhar a cama lá com você — afirmou. — E não se incomode negando qualquer chance que vou fazer isso. Nós dois sabemos que vou. Antes de fazer isso, gostaria de saber qualquer obstáculo que se interpõe no caminho do prazer que posso te dar.

—Você não é tão legal quanto pode ser? — Quando ela levantou a cabeça, os olhos de bruxa olharam para ele quando ela agarrou a taça com as duas mãos agora. — Acabou de declarar sua intenção e acha que vou apenas seguir junto com você? Só porque decretou isso?

Estendendo-se para a frente, ele colocou sua própria taça de vinho sobre a mesa baixa de café antes de voltar para ela e levantar as sobrancelhas. 

—É um pensamento. Eu poderia viver com a ideia disso.

—Bem, ameaça para você, fodão. — Segurando a taça na mão, mais uma vez, levantou-a aos lábios, então quase quebrou o vidro quando o colocou na mesa também, mas com uma mão muito mais pesada. — Sabia que isso era um erro.

Ela saiu do sofá com uma rapidez que não tinha absolutamente nenhuma tentativa de sutileza.

Ele jogou com ela nas últimas semanas, deixando-a ir embora, deixando-a correr.

Estava cansado de vê-la correr.

—Oh, não penso assim. — Ele estava ao lado dela, os dedos de uma mão acorrentando seu pulso quando olhou para ele, surpresa.

—Estou cansada de ser intimidada por você.

Ele teve que rir disso. Pelo pensamento disso.

—Intimidada por mim? Ou ter a verdade tornando-se um objeto que você não pode empurrar para longe como se afastasse aqueles vaqueiros quando tentam mais que apenas uma dança? Não estou intimidando você, Gypsy, mas também não tenho intenção de vê-la correr por mais tempo. — Prometeu.

 

Ele não ia vê-la correr por mais tempo? O que ia fazer era chutar a bunda dele para fora.

—De quê? Você? —Seus lábios se curvaram em escárnio. — Realmente, Rule, acha que é o único Casta que veio para cima de mim? Confie em mim, não é.

—Sou o único com quem já saiu. — O sorriso que formou esses lábios malditamente, demasiado sensuais deveria ser um aviso.

No segundo seguinte ele conseguiu girá-la, puxando-a contra o calor do seu peito e segurando-a firmemente contra ele.

Por que não estava lutando contra ele?

Conhecia alguns de seus próprios movimentos, e usou mais de uma vez para escapar dos que considerava mais fortes do que este. No entanto, não podia se fazer lutar. Não queria lutar.

E isso era muito perigoso.

—O que está fazendo comigo?

Gypsy não podia forçar nada disso a fazer sentido.

Isso não era ela. Não contava seus segredos, não qualquer um deles. Se confiasse em alguém com algum deles, então seria tentada a confiar mais. E ela sabia melhor do que isso. No entanto, queria contar seus segredos. Ela precisava falar com ele, precisava dele para ouvir, para entender o porquê de tantas coisas.

—Acho que já falei o suficiente... Vi minha mãe morrer. — Sua cabeça se virou para ela, com os olhos tão brilhantes que queimavam.

—O quê?

—Naqueles laboratórios. — Disse a ela, sua voz áspera. — Nunca falei sobre isso com ninguém, incluindo o irmão forçado a assistir comigo. Tivemos dois jovens irmãos para proteger. Se mostrasse emoção, eles seriam mortos instantaneamente. Mas fomos forçados a ouvir seus gritos e os gritos do Casta que ela amava quando foram dissecados enquanto ainda vivia. A memória desses gritos, de ouvir a morte da mulher que lutou todos os dias de sua vida para encontrar uma maneira de conseguir seus filhos, não importa o que seria forçado sobre ela, fora daqueles laboratórios, atormenta meus pesadelos. Portanto, se você despertar com meus gritos, possivelmente me despertará simplesmente, compartilhará seu calor e sua coragem comigo, como eu faria com você se os pesadelos viessem também.

A oferta a quebrou.

Ela sentiu os lábios tremerem enquanto viu seu olhar, viu o tormento, a perda, a dor que ele sofria de uma forma que só o fez mais forte os seus olhos.

—Eu iria abraçá-la por esses pesadelos se você permitisse, Gypsy. — Seus dedos acariciaram o lado de seu rosto quando olhou para ela. — Se eu pudesse — ele continuou. — Gostaria de manter os pesadelos afastados de você.

—Se eu pudesse, o expulsaria do meu apartamento e da minha vida — ela sussurrou dolorosamente, os dedos segurando seus braços, sentindo os músculos duros sob a carne dura quando olhou para ele. — Não quero você aqui. Não quero que mexa com minha cabeça e arruíne meus planos e minha vida.

—E quais são os planos que estou arruinando, pequena Gypsy? — Ele questionou-a gentilmente, os olhos incrédulos quando deu um beijo suave sobre os lábios dela. — Seus planos de existir como a perfeita princesinha de gelo? Para negar a si mesma algo tão básico como isso? — As costas de seus dedos acariciaram seu rosto, seu pescoço, enviando arrepios corridas de prazer correndo através dela.

—Você é a razão que Jonas ofereceu a meus pais uma chance para o contrato, não é? — Ela o acusou, a maneira como ainda se mexia friccionando nele.

Ele sorriu. Um sorriso presunçoso auto satisfeito. 

—Odiaria ter que assistir às festas e reuniões, tenho certeza que você me enviaria sozinho, se pudesse.

Sua carranca virou-se para um olhar. 

— Por causa de você tenho que usar um vestido que separei especialmente para outro evento desse outono. Um baile no qual é quase impossível ser notada sem um vestido tão intrigante, quanto único. Seu convite em cima da hora para aquele baile Casta acabou de arruinar esses planos.

O vestido não era realmente o que ela tinha objeção, Gypsy admitiu. Inferno, admitiu para si mesma uma hora atrás.

—Por que sinto muito mais do que sua ira sobre um vestido estar sendo sacrificado? — Ele perguntou delicadamente, e ela o odiava por sua gentileza.

Ela o odiava por fazê-la querer revelar coisas que ele não tinha necessidade de saber e forçá-la a participar de uma festa que não tinha intenção de participar.

—Odeio ser manipulada — ela mordeu entre os dentes, movendo-se para se afastar dele, esperando que a deixasse ir.

Em vez disso, seu aperto se intensificou, com um lampejo de macho, sexualidade dominante provocando em seus olhos.

—E odeio sentir dor, fome por uma mulher que me quer tão desesperadamente e ainda se encontra com muito medo do passado para ter o que quer.

A acusação bateu muito perto da verdade.

—Então, deveria apenas dormir com você e estar muito agradecida por me foder uma vez que estiver acabado? — Ela exigiu, zombando com doçura. — Você pensou que aquele maldito contrato o levaria para a minha cama, Rule?

Seus lábios se curvaram com apenas um toque de diversão. 

—Um homem pode esperar, mas tenho que admitir, não estava apostando nele.

—Você é um idiota arrogante — ela o acusou grosseiramente.

E era louca. Em algum lugar ela conseguiu perder o bom senso que possuía.

—É hora de você le... — Ela não teve a chance de terminar o resto da demanda. Seus lábios se aproximaram dela com uma poderosa, dominante força que fez um gemido surpreso escorregar por entre eles. Suas mãos subiram para os ombros, unhas retorcendo o material de sua camisa quando foi atraída para a ponta dos pés, de repente, tão desesperada para chegar mais perto que a necessidade estava explodindo através de seus sentidos.

Ela podia saborear o chocolate e menta que ele era conhecido por apreciar. O sabor do doce foi lambido pela língua quando ele pressionou por seus lábios e acariciou sobre ela. Ele encheu seus sentidos e lhe deu uma nova apreciação do doce.

O curso de suas mãos pelas costas fez com que ela arqueasse para mais perto, o prazer áspero sobre a carne sensível, em seguida, explodindo em toda a sua parte inferior das costas, enquanto escorregava debaixo de sua blusa.

Teria ela sempre querido ser tocada dessa maneira? Teria sempre desejado que um homem acariciasse sua carne, afastando-a dos limites seguros de seu mundo e numa tempestade inebriante, caótica de prazer? Ela já ansiou ter todos os seus planos de vingança destruídos pelo toque de um único homem?

Não sabia. Calor corria por ela quando suas unhas rasparam pelas costas levemente, raspando sobre sua carne e fazendo-a pressionar mais perto dele. Para esfregar-se contra ele quando sentiu a cunha grossa e dura como ferro de sua ereção, sob seu jeans.

A impressão daquela carne ereta era grande, muito grande, talvez.

E ela jurou que podia sentir o calor da carne inchada através de seu jeans e do dela quando ele pressionou mais perto.

Um puxão aquecido em seu couro cabeludo tinha sua cabeça inclinada para trás, para ele, seus lábios separando ainda mais quando ele começou a tomar beijos longos e profundos dela. Bebendo de seus lábios, mordendo-os, só para esfregar a dor para longe com a língua muito experiente.

—Quero provar você assim. — Sua cabeça levantou, seus lábios mal roçando os dela quando ela forçou seus olhos a abrir, a olhar para ele.

—O quê? — Ela não podia acreditar que ele queria dizer...

—Quero minha língua entre suas coxas, lambendo o doce creme quente que posso sentir o cheiro pingando de você. Quero pegá-lo em meus lábios, seu gosto na minha língua, então lamber entre seus lábios internos até que esteja enterrado no doce calor escondido lá.

Ela ofegou, sua vagina se apertou forte, espasmos involuntários que os sucos reunidos lá foram subitamente forçados a fluir a partir dela e umedecer mais a calcinha.

—Você gosta disso. — Ele rosnou. — Admita, Gypsy. Quer meus lábios lá.

Sua mão estava de repente entre as coxas dela, em forma de concha em seu montículo, seus dedos pressionando firmemente o material onde a umidade caia. A palma de sua mão contra seu clitóris, esfregando-o de forma curta, traços eróticos que deixavam sua respiração presa.

Era tão bom. Tão quente. Ela nunca fantasiou sobre um homem tocá-la assim, extraindo prazer de seu corpo, então subitamente se maravilhou com a pequena quantidade de controle que ela tinha sobre ele.

—Seu corpo me conhece, Gypsy — a alertou, seus dentes mordiscando seus lábios quando ele pediu a ela para separá-los para ele novamente. — Ele sabe o prazer que posso dar-lhe, as carícias aquecidas e a liberação doce.

Um grito abafado, quase sufocado escapou de seus lábios enquanto os lábios dele se moviam nos dela e começavam a espalhar uma linha de beijos ao longo de sua mandíbula e abaixo de seu pescoço.

Arcos crepitantes de sensação correram através de seu sistema, queimando diretamente para o clitóris e ecoando em seu ventre.

Deus, ela não sabia como mantê-lo fora de sua cama. Queria pedir-lhe para se juntar a ela lá agora. Pedir-lhe para fazer exatamente o que acabava de dizer que queria fazer. Para enterrar os lábios entre suas coxas e saborear o prazer que ele estava lhe dando.

—Rule. Oh Deus — Os pequenos botões na parte da frente de sua blusa transparente quase subitamente se liberaram bruscamente. Os lados caíram, revelando a seda e renda do sutiã que ela usava, as curvas completas de seus seios subindo acima das taças.

—Tenha misericórdia. — Ele grunhiu, uma mão apertando um seio enquanto seus lábios pressionavam subindo por seu companheiro. —Você tem gosto de puro prazer.

Sua língua acariciou a carne sensível, grossa, áspera, causando estilhaços de maior necessidade que corriam através dos seus sentidos.

Ela queria seus lábios nos seus mamilos. Agora.

Ela queria que sua boca os devorasse.

Seus dedos agarraram o top rendado do tecido, puxando-o lentamente sobre a carne firme, raspando a roupa contra seus mamilos dolorosamente ingurgitados.

Eles pressionaram para fora da ponta de seus seios, seixo duro e dolorosamente ansioso.

Gypsy teve que assistir. Não podia evitar. Era tão erótico, tão mau, observar como seus cílios incrivelmente grossos, longos, levantavam a partir do brilho de seu olhar enquanto ele a observava.

Seus lábios se separaram. Sua língua espreitou, a rugosidade que a cobria esfregando contra seu mamilo.

O fogo explodiu na ponta.

Ele atravessou o corpo dela numa onda de prazer que estava certa que ela não poderia sobreviver. Certa que não podia ficar em pé, se ele não parasse, e sabendo que não poderia suportar se ele parasse.

Em seguida, de pé não era um problema.

Erguendo-a e levantando-a nos braços, Rule a levou à curta distância até o sofá, deitou-a sobre as largas almofadas, em seguida, desceu sobre ela.

Seus lábios cobriram um mamilo imediatamente, puxando-o para o calor de sua boca e sugando-o firmemente, com fome, aspirando para sua boca. A visão de seu rosto sugando, sua expressão repleta de prazer, era algo que ela não sabia se poderia sobreviver.

O prazer chicoteou em seu mamilo, em seguida, enquanto seus dedos cercavam o outro e começavam a puxá-lo e acariciá-lo, o aumento das sensações afastando quaisquer objeções que ela pudesse ter vindo a fazer.

Que diabos ela estava fazendo?

Ofegante por ar, os dedos deslizaram na espessura quente, grossa de seu cabelo preto e apertaram quando os dentes dele de repente rodearam a ponta e a morderam sensualmente, e Gypsy pôde sentir a mulher sexual dentro de si mesma pressionar por liberdade.

Liberando a ponta macia, sua língua lambeu-a, alimentando as sensações já ardentes que formavam arcos através de seu corpo, deixando-a trêmula na necessidade erótica.

Foi por isso, pensou vagamente. Por isso que não queria provocar e flertar com o muitas-vezes-também-sombrio leão. Foi por isso que ficou tão longe dele quanto possível.

Porque ele podia fazer isso com ela.

Ele poderia fazê-la perder o controle.

Suas carícias se arrastaram pelo seu peito, sobre seu estômago até os quadris e os botões de sua calça jeans. Ele os abriu com os dedos experientes, deslizando por baixo do tecido, aproximando-se da dor úmida a atormentando lá.

E quanto mais ele iria fazer doer se continuasse? Ela não podia deixá-lo ficar com ela. Não podia deixar isso acontecer.

Seus dedos empurraram sob sua calcinha enquanto seus lábios se erguiam do seio e se moviam para os dela mais uma vez, cobrindo-os. Seus beijos bebericavam seus lábios, acariciando, roubando a razão e objeção enquanto seus dedos continuavam sua viagem e deslizavam entre as exuberantes e saturadas dobras de seu sexo.

Sensações atacaram seu corpo, quando as pontas de seus dedos calejados friccionaram através da estreita fenda, separando as dobras inchadas antes de acariciar a inferior, esfregando contra a entrada apertada da sua vagina.

A sensação de seus sucos derramando em seus dedos, ansiosamente recebendo seu toque e tentando-o ainda mais, deixou suas coxas apertando num esforço para garantir que o prazer permanecesse.

Oh Deus, só por um minuto. Deixe-a sentir essa onda de sensação indescritível por apenas um pouco mais.

—Shh, está tudo bem, Gypsy — a voz de Rule estava grossa, cheia de fome quando percebeu os gemidos que ela podia ouvir caindo de seus próprios lábios.

—Está tudo bem, baby, eu prometo. Tenho você. Pode soltar meu pulso, meu amor.

Ela estava segurando seu pulso?

Ela teve que forçar seus cílios a abrirem, sentindo-se tonta e incerta quando o seu olhar caiu para onde suas unhas estavam cravadas em seu pulso.

Em seguida, o fluxo quente de umidade derramou dela na vista de sua mão larga enchendo sua calça jeans, fazendo seus quadris empurrar para cima. O soco de sensação que atacou seu ventre lhe roubou o fôlego.

—Estou apenas acariciando você, Gypsy. Isso é tudo.

Seus olhos se levantaram para os seus mais uma vez, chocados, um grito separando seus lábios enquanto esfregava os dedos na entrada de seu corpo dolorido e a palma dura de sua mão pressionava contra seu clitóris.

—Eu não faço isso. — Ela podia sentir o medo tentando dar lugar ao prazer, tentando destruir sua aceitação que seu corpo sentiria prazer com tal força entorpecente, que poderia doer ou desejaria acostumar-se ou umedecer-se para tal toque, apesar de seu conhecimento sobre o que ela teria que deixar atrás.

—Você ainda é mais bonita enquanto te dou prazer. — Seu olhar escuro, seus lábios puxando atrás de seus dentes para revelar os afiados caninos demasiados longos enquanto seu corpo derramava mais de sua resposta escorregadia sobre seus dedos.

Sua expressão estava tensa com seu próprio prazer. No entanto, de onde derivava o prazer dele, Gypsy não tinha ideia. E, quando seus dedos deslizaram através da espessa camada de umidade que cobria suas dobras para o broto inchado de seu clitóris, os pensamentos de Gypsy se estilhaçaram quando um grito estrangulado de prazer escapou de seus lábios.

—Seu corpo foi feito para o prazer. — Ele sussurrou, seus lábios descendo aos dela mais uma vez, dando curtos, duros beijos que a deixavam ansiando mais.

Sua mão se moveu novamente, seus dedos apertando em seu pulso enquanto ele acariciava de seu clitóris até a entrada de sua vagina e vice-versa. Acariciando, esfregando, enviando ondas de necessidade colidindo através de seus sentidos quando seus quadris se arquearam, seu corpo implorando por mais.

Cada golpe de seus dedos apertando construía o prazer em seu ventre, no pulsar apertado de seu clitóris e o anseio em sua vagina. Ela podia senti-lo, como uma faixa apertando entre esses pontos de prazer, que se estendiam mais apertados, a necessidade de mais crescendo a cada segundo.

—Rule — ela gemeu, embora não tivesse ideia se era apelo ou protesto. —Por favor...

Ela não tinha ideia do que estava pedindo, seu corpo estava em chamas. Isto era tão diferente de seu próprio toque ou dos brinquedos que ela mantinha, que era ridículo até mesmo comparar os dois.

Isso era viciante, êxtase brutal, e ela se perguntou se jamais seria a mesma, agora que o tinha conhecido.

A cada golpe de seus dedos entre suas coxas, seus quadris se levantavam para ele, implorando por mais, o anseio de ser tocada mais fundo, mais forte.

Afastando-se da entrada estreita de sua vagina, seus dedos circularam seu clitóris, firmemente, esfregando com carinho, enviando uma chuva de puro prazer circulando através de seu corpo. O broto inchado pulsava, a dor tensionando quando Gypsy sentiu se construir uma onda de sensação, ameaçando explodir através dela.

Ela nunca soube como o prazer poderia ser.

Se esquivou do toque de qualquer homem, afastando pretensos amantes e se tornando sua amiga em seu lugar. Ela disse a si mesma que poderia ficar sem o toque ou o agravamento de um homem em sua vida.

E agora, seu corpo tinha a intenção de recuperar o tempo perdido. Estava queimando nos braços de um Casta, levantando seus quadris para ele, ansiosa por mais enquanto ele esfregava o pequeno feixe de terminações nervosas, acariciando-o, mantendo-a pairando sobre o pináculo que se tornava mais agudo a cada segundo.

—Olhe para mim, Gypsy. — Ele rosnou, o barulho áspero de demanda rascante de seu peito enquanto seus olhos se abriam para ele.

Atordoada, incapaz de lutar contra as ondas de escaldante sensação criada sob seus dedos acariciando, ela abriu os olhos, seu olhar travando com o dele.

—Está tudo bem — ele sussurrou, sua respiração áspera, tão dura como a dela. —Deixe-o ter você, baby. É apenas prazer, eu prometo. Nada a temer.

Nada a temer? Gypsy podia sentir as ondas de sensações destruindo o aperto de controle em cada célula do seu corpo. Ela já não controlava seu próprio corpo. Ela já não se controlava, e isso estava começando a assustá-la.

Ela tinha que controlar isso.

Ela tinha que saber o que ia acontecer antes de caminhar para ele.

—Não. — O grunhido duro em sua voz teve o corpo dela estremecendo quando outra poderosa onda de sensação a atacou, quando sua voz raspou sobre seus sentidos. — Fique comigo, Gypsy. Sem medo.

A carícia, esfregando, o toque diabólico de seus dedos aumentou.

Suas coxas se apertaram, sua imagem se tornando nebulosa quando olhou para ele, o açoite, as ondas quentes de prazer crescente, tornando-se mais quentes, mais brilhantes.

Seus quadris se arquearam para ele, sua respiração cada vez mais difícil, mais rápida.

—Rule... por favor... —Ela estava de repente com medo de onde ele iria levá-la, como ele iria mudá-la.

Ela queria afastar-se, queria esperar, sentir seu caminho através de tudo o que estava começando a rasgar através dela.

—Dê-me, Gypsy, apenas isso — ele gemeu, os toques mudando novamente, endurecendo.

Seus olhos se arregalaram.

—Eu tenho você, Gypsy — ele prometeu novamente. —Eu vou te segurar aqui, eu juro.

Ela perdeu o fôlego.

Um grito estrangulado raspou de sua garganta enquanto mantinha seu pulso apertado, as unhas cavando quando uma explosão de êxtase incandescente rompeu sua mente.

Seus quadris estavam empurrando sob seus dedos acariciando, seus sucos se derramando de novo, uma lavagem arrebatadora de umidade chorou dela quando a cabeça inclinou atrás e um grito de prazer agonizante a rasgou em pedaços.

Não havia nada que pudesse fazer, senão olhar para cima dele, tão atordoada, tão perdida dentro do choque de sensações, do prazer e da necessidade que tinha como ela temia que seria.

De alguma forma, ele a mudou.

 

Dog estava esperando por Rule fora, encostado ao lado do edifício sob a escada que levava ao apartamento.

O cheiro do prazer de Gypsy ainda permanecia em seus sentidos, uma mistura explosiva de fome e orgasmo recém vivido que tomou conta de seus sentidos, quase roubando sua capacidade de conseguir o segundo, quando o prazer se transformou em medo.

Quando as ondas de sensações diminuíram dentro dela, o enrijecimento de seu corpo não foi registrado primeiramente. Levou vários minutos para Rule reunir seu controle de volta e relaxar em volta dela.

E agora, quase trinta minutos depois, se perguntava se talvez devesse ter ficado depois que ela o ordenou a sair.

Quando Dog endireitou sua posição, seus olhos se estreitaram, voltando-se para o apartamento no andar de cima, pensativo, antes de sacudir a cabeça e liderar o caminho para o Dragoon. Rule deslizou para o banco do passageiro, apoiando o braço sobre a moldura da janela, enquanto olhava pensativo a escuridão, quando o Coyote manobrou de volta para a rua e dirigiu-se para fora da cidade.

Ele correu a língua sobre os dentes de novo, só para ter certeza. Ele tinha uma ereção furiosa na calça jeans que palpitava em luxúria, mas não verdadeiros sinais do calor do acasalamento.

—Cigarro? — Dog estendeu o pacote de charutos finos para ele, seu tom de voz apenas um pouco curioso.

Rule aceitou o cigarro, em seguida, a embalagem de fósforo antiga que o Cooote transportava.

Inalando a queimadura doce do tabaco, Rule deixou a essência especialmente misturada infiltrar-se em seus sentidos quando o coiote acendeu seu próprio.

A janela ao lado dele deslizou abaixo ligeiramente para permitir que a fumaça exalada escapasse, enquanto o Dragoon fazia seu caminho através das ruas de Window Rock, a uma velocidade legal.

Inalando outra tragada do cigarro, Rule forçou seus sentidos a acalmar, seu corpo a relaxar, mas o tesão forçando o zíper se recusou a suavizar ou relaxar de forma alguma.

Droga, fez tudo que podia para se afastar dela. A necessidade de tirar as roupas de seu pequeno corpo requintado foi quase mais do que podia controlar. Ele queria enterrar seu pênis dentro do seu pequeno canal quente escorregadio que o chamava tão intensamente que era como uma febre dentro dele.

Deus ajudasse ambos se fosse o calor do acasalamento, porque ele não queria, não podia permitir isso.

—Não cheiro calor, apenas sua excitação. E, talvez, sua liberação? —Havia uma ponta de diversão no tom do Coiote na última observação.

—Isso não seria da sua conta, Dog. — Rule assegurou antes de levar o cigarro aos lábios mais uma vez e inalar.

—A acasalamento, ou sua liberação? Você pode ter que esclarecer sobre o que quer minha opinião. — Dog o informou com seu normal senso de humor sarcástico.

Rule virou a cabeça e simplesmente olhou para ele, conhecendo o outro Casta e sua propensão para criar o caos, sempre que possível. Especialmente nas vidas daqueles que ele afirmava como amigos.

—Ah, a parte da liberação. — Ele acenou com a cabeça, embora o sorriso que surgiu em seus lábios assegurasse a Rule que não significava que manteria suas observações para si mesmo. — Ainda assim, não há cheiro de calor do acasalamento.

Rule conteve um suspiro de alívio.

—Sempre quis saber, no entanto. — Dog continuou apenas quando Rule estava começando a esperar que o Casta não estivesse num quadro encrenqueiro de espírito.

—O que exatamente já se perguntou, Dog? — Ele perguntou, aproveitando de novo a picada do cigarro e preparando-se para segurar seu temperamento. Era difícil dizer o que iria sair da boca daquele Casta.

—Por que está tão malditamente nervoso sobre o calor do acasalamento? A maioria dos Castas se queixam, fazem piada e, secretamente, esperam por isso. Você, por outro lado, é mais do que sério sobre correr na direção oposta que deve encontrá-lo. Por quê?

Por quê?

Rule sabia o porquê. Assim como sabia que não estava com disposição para discutir o assunto.

—Se não sentiu o cheiro do calor do acasalamento, então não se preocupe com isso — alertou ao outro Casta.

—Devo me preocupar com isso se sentir o calor do acasalamento? — Perguntou Dog então, embora o humor em seu tom reduzisse imensamente.

Deveria o outro Casta se preocupar com isso?

—Só se você quiser morrer — Rule avisou.

Uma risada sussurrou através do veículo quando Dog o girou em direção ao hotel depois de se afastar da cidade.

—Sabe, vários cientistas de Castas teorizam que se não há um acasalamento completo, então, a outra parte da equação deve se retirar da proximidade do companheiro, e é possível que outro Casta possa entrar e completar a ligação. Especialmente se o substituto Casta tem uma relação de sangue com o verdadeiro companheiro.

Rule permaneceu em silêncio. Ele ouviu isso; Jonas explicou a ele com grandes detalhes na verdade, quando se temia que o irmão de Rule, Lawe, negaria o calor entre ele e sua companheira, Diane Broen.

Lawe sempre sentiu que sua companheira não deveria ser outra Casta, ou uma guerreira de qualquer tipo. Sempre sentiu que precisava mesmo era de uma companheira mais fraca do que ele. Uma que ficasse contente em ser protegida dentro dos confins do Santuário quando Lawe ocupasse uma posição menos perigosa na segurança.

A companheira de Lawe não era Casta, em vez disso era uma guerreira que comandava sua própria equipe de homens e o fazia com habilidade excepcional.

—É apenas um pensamento. — Disse Dog então.

Rule se virou para o coiote lentamente, estreitando seu olhar. 

—O que é apenas um pensamento? Se não há cheiro de calor do acasalamento, então não há nada para se preocupar.

—É verdade. — O Casta assentiu.

Além disso, Lawe já tinha dado sua opinião a Rule sobre a troca de companheiras, quando Rule viu Gypsy pela primeira vez, primeiramente temendo que ela fosse sua companheira.

Ele tinha sua companheira, e ele estava bem satisfeito. Uma companheira forte o suficiente para lutar ao seu lado, em vez de estar contente se escondendo atrás das paredes do Santuário, o complexo da Casta felina.

—Estamos agora em condição Beta. Repito, Condição Beta. — O rádio estalou com os protocolos de segurança quando o convite veio através da base nos alto-falantes do veículo.

Rule estendeu a mão e ativou a conexão bidirecional.

—Comandante Breaker respondendo a Condição Beta — Rule encaixou a conexão quando Dog acelerou, pisou no acelerador, atingindo a velocidade máxima em segundos e correndo noite adentro para o hotel.

—Comandante Breaker, o Diretor Wyatt solicita que o Protocolo Azul seja imediatamente promulgado. Repito, decretar Protocolo Azul imediatamente.

Ele puxou o fone de comunicação que carregava em todos os momentos no pequeno coldre em seu cinto e prendeu-o ao ouvido. Ativando a conexão, ele esperou o sinal sonoro que indicava o estado seguro antes de se identificar e dar o código de autorização do dia. 

—Temos Condição Azul. Repito, Condição Azul. Decretar todos os protocolos de segurança. Diretor Wyatt tem autorização até que eu esteja no local.

Liza Johnson e Claire Martinez estavam em perigo novamente. As duas mulheres eram muito importantes para os Castas arriscarem. Elas eram muito importantes para Jonas Wyatt até mesmo considerar que lhes permitissem estar em perigo.

Doze anos antes, Liza Johnson e Claire Martinez foram Honor Roberts e Fawn Corrigan, dois estudos de teste de um dos projetos de pesquisa mais importantes que Brandenmore Research, uma parte muito bem escondida dos laboratórios do Conselho de Genética, nunca descoberto. Um projeto que criou o medicamento que agora ameaçava a vida de Amber.

 

Girando no estacionamento atrás do hotel, Dog trouxe o Dragoon a uma parada, saltando antes que Rule abrisse a porta e corresse para o Enforcer correndo em sua direção.

—Tivemos duas equipes de seis homens atacando a força de segurança de Liza e Claire, logo após sair do hotel para o transporte até as casas seguras. O apoio chegou a tempo de garantir sua segurança, mas esses bastardos eram bons, Comandante. Muito danados de bons. — Flint McCain informou quando se encontrou com eles na entrada dos fundos, sua expressão selvagem. — Liza está segura com o Enforcer Black e a Srta. Martinez está atualmente protegida na suíte do diretor Wyatt. Protocolos Azuis estão em vigor, mas completa reclusão é impossível neste momento. — Havia simplesmente muitos hóspedes no hotel que não eram Castas.

—Já identificamos as equipes? — Rule berrou. — Marcas, cheiro, qualquer identificação de DNA deixada?

—Nada. Eles atacaram, fizeram uma tentativa de obter acesso aos Dragoons, então antes que pudéssemos conseguir apoio no lugar, se foram. Não viraram os Dragoons, mas se o apoio não estivesse lá... — Flint se interrompeu, a mensagem clara de como correram para o hotel. — Não deixaram nada para identificá-los, e suspeitamos que as marcas de aromas foram bloqueadas.

—Consiga a unidade local na cena do crime e sobre os Dragoons. — Rule latiu. — E alguém aqui com um profundo senso de cheiro. Eles têm que ter deixado algo para identificá-los, e quero que ele encontre. Agora.

Não havia tal coisa como nenhuma evidência, ou nenhuma prova de identidade. Existia simplesmente a incapacidade ou falta de vontade de detectá-lo. 

—O Diretor Wyatt está relatando que a senhorita Johnson pode ter se lembrado de algo. — Flint baixou a voz quando entraram no elevador e foram para o andar de cima. — Ele o quer com ele agora.

A mandíbula de Rule se apertou. Se Liza estava lembrando de algo mais, então esperava que Claire não estivesse muito tempo atrás dela. Isso significava que o perigo só iria aumentar.

Era hora de sugerir a remoção de ambas as mulheres da área e completamente fora de vista, em vez de protegê-las na cidade, antes do Conselho de Genética ou, pior ainda, o ex-protetor das duas mulheres, e agora seu pretenso algoz, Gideon, conseguisse chegar até elas.

Se uma das partes os alcançasse, suas vidas de merda não valeriam nada e a Agência não teria nenhuma chance no inferno de salvá-las, ou a Amber.

E isso, eles definitivamente não podiam permitir que acontecesse.

 

Gypsy moveu-se para a escuridão, as mãos enfiadas nos bolsos de sua jaqueta jeans para afastar o frio do deserto quando ela se afastou de seu jipe ​​e entrou na garagem abandonada na periferia da cidade.

A chamada veio antes que o veículo que chegou para pegar Rule conseguisse manobrar no parque de estacionamento. A voz do outro lado da linha solicitou uma reunião na garagem imediatamente.

—Estou aqui. — Ela disse, parando no meio da abertura da garagem quando entrou e olhou ao redor com curiosidade.

—Sempre vem quando chamamos, não é, Gypsy? — A voz refletia calmamente. — Nunca nos negou, nem nunca nos traiu.

Ela encolheu os ombros, um pouco desconfortável com esta reflexão súbita e não a arrogância que estava acostumada. 

—Vim para você e ofereci minha ajuda, você não me pediu por ela.

—Não, não pedimos. — Concordou a voz, fazendo-a olhar fixamente para a sombra, pois deslocou ligeiramente. — Não tem que dar sua vida, no entanto. Assim como nunca esperávamos que Mark desse a dele.

Por um único momento brutal ela tinha quinze anos de novo, olhando com horror, em agonia, como a borda afiada da faca cortava a garganta de seu irmão.

—Gypsy? — A voz sombria a trouxe de volta quando falou suavemente. — Isso não é o que ele queria. Nunca teria pedido isso a você.

Qual diabos era o ponto desta reunião? Ela estava de alguma forma sendo demitida de uma posição de voluntária?

Como ela conseguiu estragar isso?

—Não precisa da minha ajuda por mais tempo? — Havia uma sensação curiosa de pesar pelo pensamento, pela perda que sentia vindo. Quem seria ela, se não fosse o Whisper? Ela era filha de ninguém, irmã de ninguém, ela poderia ser amante de alguém, mas o risco iria destruí-la. Como isso ia deixá-la?

—Sua ajuda tem sido sempre inestimável. — Ele finalmente sussurrou asperamente. — Mas nunca iria querer que comprometesse seus sonhos, ou sua própria vida, pela ajuda. Quero que entenda isso. Seu irmão era meu amigo, Gypsy. Um bom amigo. E sei que os sonhos dele para você não tinham nada a ver com os riscos que toma por nós.

Gypsy deu de ombros outra vez, dizendo a si mesma que devia estar errada. 

—Existe algo que precisa, que acha que vai comprometer isso?

—É possível. — Ele afirmou, enquanto continha um grito de alívio repentino. — Você deixou o bar com Breaker e o levou para seu apartamento. Nunca fez isso. Existe um vínculo entre vocês dois que eu deveria saber?

—Está perguntando se ele estava na minha cama? — Ela franziu a testa. —Não, não tive relações sexuais com ele, nem me esqueci das condições de trabalhar com você.

—Se desenvolver um vínculo com esse Casta, saiba que se precisar recuar em seu trabalho com a gente, vamos entender. Mas em nenhum momento vou ser capaz de esquecer se revelar seu trabalho anterior com a gente. Você me entende?

—Eu entendo. — Os dedos dela se fecharam em punhos ao lembrar de precisar fazer isso. Para acabar com a mentira, ela viveu apenas com uma pessoa que poderia confiar.

—Pouco antes do Comandante Breaker deixar seu apartamento, Liza Johnson e Claire Martinez foram atacadas no caminho de volta para a casa segura que lhe foram atribuídas. Estão bem, mas já estamos recebendo as transmissões entre os Castas, que indicam que ela e Claire podem ser transferidas para um local mais seguro e secreto. Se isso acontecer, então precisamos saber a localização.

Assim como precisavam saber as informações das Castas sobre eles? Algo que ainda não tinha conseguido encontrar, nem se ainda conseguisse saber se ele realmente existia.

—Rule não parece ser um homem que diz seus segredos para ninguém, muito menos possíveis amantes. — Ela disse, seus dedos curvando em punhos no bolso de sua jaqueta, enquanto sentia os finos fios de teia de aranha que vivia dentro dela lentamente a apertando

—Tudo que você ouvir, ver ou perceber será de extrema importância para nós. — Disse e ela. — Precisamos de Liza e Claire seguras, mas os Castas têm inimigos até mesmo dentro de suas próprias fileiras. Não confio neles para garantir a segurança de Liza e de Claire.

—Vocês mesmos tentarão levá-las? — Ela perguntou. — O noivo Casta de Liza Johnson se oporia a isso, tenho certeza.

— Sem dúvida. — A sombra regressou à sua voz. — Mas o tempo está se tornando essencial. Devemos tomar esse caminho, porém, vamos ter a certeza que você saiba que a questão foi cumprida.

Gypsy assentiu, embora seu estômago estivesse se torcendo com o conhecimento que poderia ser puxada direto para o meio de uma batalha entre o Desconhecido e os Castas. Isso não era uma posição que queria estar e estava com mudo medo em onde iria acabar.

 

Os dias seguintes foram um turbilhão de atividade, quando a mãe de Gypsy a puxou para os preparativos para o próximo baile de “Boas Vindas da Comunidade Casta” aos Navajos.

O vestido estava pronto, mas cabelo, unhas e acessórios tinham que ser cuidados. Haveria reuniões com os repórteres com os quais trabalhavam, e longas horas de discussões sobre o que apareceria na imprensa das Nações, bem como os artigos que sairiam nacional e internacionalmente.

Nada dos Castas permanecia local, de qualquer forma.

Foi um alívio quando o dia do baile realmente chegou. Uma semana e não viu Rule, nem mesmo o vislumbrou, entretanto foi informada muitas vezes, enquanto observava as portas dos bares, que ele e seus Enforcers se moviam, como se a procurassem.

E como não importava a mulher que tentasse ganhar o interesse dele, nenhum deles teve sucesso. Eram suavemente repelidos ou distraídos por Dane ou um dos outros Enforcers.

Havia também o conhecimento que ela bem poderia estar viciada em seu toque também. Porque toda noite sua pele realmente parecia doer, gelar, e sentia falta de sentir seu calor contra ela. Doía por seu beijo, e não importava quantos daqueles malditos chocolates e as duras balas de menta comesse, não conseguia apagar a necessidade do beijo dele.

Ou a necessidade de muito mais.

Enquanto se vestia para o baile, uma faixa pareceu apertar ao redor de seu peito, um sentimento de perda esmagando-a, quando percebeu que não poderia ficar fora da cama dele se ele pedisse novamente. E sabia que ele pediria.

A necessidade percorrendo-a era tão grande, e Gypsy sabia que não era forte o suficiente para resistir contra outra investida erótica do Casta, que estava se tornando extremamente importante para ela de várias maneiras.

— Sinto muito Mark. — Sussurrou enquanto permanecia em seu quarto, vestindo-se, o cabelo perfeitamente arrumado, sabendo que uma vez mais o traiu. —Não sei como manter-me longe dele.

Seu irmão teria ficado bravo?

Ela fechou os olhos, lembrando-se do sorriso dele, sua risada...

— Não está em você não amar, Gypsy. Eu a criei melhor do que isto. — A memória da conversa que apareceu na esteira de mais outro aniversário esquecido por seus pais, a surpreendeu.

— Não preciso de seus velhos e estúpidos presentes ou dos feliz aniversário deles. — Ela encolheu os ombros, os braços cruzados apertados sobre seu peito dolorido. — Eles não importam para mim. Ninguém importa, apenas você. — Ela olhou para os olhos sombrios dele. — Você nunca esqueceu meus aniversários, não é, Mark?

O sorriso dele era incrivelmente gentil.

— E nunca esquecerei um deles. — Ele prometeu. — Como poderia esquecer o dia que minha garota favorita começou a gritar, como se alguém a estivesse matando, quando ouviu minha voz?

Ele lhe contou aquela história tantas vezes.

— Mas eu me calava quando você me segurava. — Ela arrematou isto para ele com um sorriso.

O abraço que ele deu nela aliviou a dor, como tinha o bolo e a festa surpresa de pizza na cidade, com vários de seus amigos da escola.

Mas seus pais não estavam lá. Sua irmã não estava lá. Eles estavam na Califórnia em outra viagem de negócios. Mark recusou-se a ir, mas Gypsy não foi convidada.

Ele não a teria culpado, ela pensou. Mas não a teria culpado por sua morte também.

— O que vou fazer? — Sussurrou no silêncio do quarto. — O que faço com minha vida agora, Mark?

Porque ela sabia, uma vez que deixasse Rule levá-la para a cama, Mark realmente iria embora, de uma maneira que não foi nos últimos nove anos. E apesar do remorso doloroso, a dor, sabia que era inevitável.

Rule Breaker. O nome dizia tudo. Porque estava fazendo-a quebrar as regras pelo qual ela vivia. Forçando-a perceber que era mais do que apenas a irmã de Mark.

E isso era algo que nunca quis ser.

 

Ouvindo-a tão perdida e a voz cheia de dor pelo dispositivo auditivo que Jonas colocou no quarto dela, Rule abaixou a cabeça e esfregou a ponta do nariz em frustração.

Porra, devia estar lá com ela. Abraçando-a.

Atrás dele, Jonas estava quieto também, e Rule jurava que podia sentir o remorso emanando do diretor.

— Estamos com esta fodida escuta no quarto dela por uma semana agora, Jonas. — Ele rosnou ainda furioso que isto tenha sido colocado lá sem seu conhecimento. — Se estivesse encontrando com alguém lá, nós saberíamos disso.

O diretor estava se tornando mais calculista, pensou. O dispositivo esteve no local por dois dias, antes dele chegar à conclusão de contar a Rule sobre isto. Não que Jonas contasse tudo, mas sobre isto esperava saber.

— Ainda lembro-me daquela noite. — Jonas suspirou atrás dele. — Ela não chorou. Não acho que alguma vez tenha chorado, porque todo o tempo que esteve em minha presença, juro que podia sentir aquelas lágrimas dilacerando-a.

Não, ela não tinha. E Rule sentiu isto ele mesmo, da mesma maneira que sentiu a pressão dentro dela aumentando mais tarde.

— Então pare esta porra desta investigação. — Ele rosnou, empurrando a cadeira da escrivaninha atrás com força, enquanto ficava em pé. — Deixe-a em paz, caralho.

Ele enfrentou o outro Casta enquanto o atacava, observando a volátil prata espiralar nos olhos de Jonas, como nuvens de tempestade que ferviam no horizonte.

— Não sinto cheiro de Calor de Acasalando. — Jonas casualmente declarou.

— O que, um de seus esquemas não está funcionando tão bem desta vez, Casamenteiro? — Ele acusou furiosamente.

— Meus esquemas sempre funcionam Rule, de uma forma ou de outra. Deveria saber disto agora. A pergunta aqui é, estou planejando? — Jonas assinalou sem ao menos um pingo de arrogância. Era confiança pura ao invés disso. Isso era o que emputecia mais seus Enforcers.

— Está sempre planejando. — Ele rosnou, pisando duro até o bar para uma bebida, muito ciente da presença silenciosa de seu irmão Lawe e da companheira dele, Diane.

— Já chega Jonas. — Lawe falou alto.

Rule mandou um olhar para seu irmão de falsa diversão enquanto a raiva martelava em suas têmporas.

— Ainda tentando me proteger, irmãozão?

— Não mais do que você ainda tenta me proteger, irmãozinho. — Lawe respondeu calmamente.

Rule engoliu a bebida antes de colocar o copo cuidadosamente no bar e olhar fixamente de volta para Jonas com olhos apertados.

O diretor estava na frente das janelas novamente. Ele gostava de desafiar os bastardos, se tivessem uma chance de realmente darem um tiro, com afirmou uma vez. Isso não mudou com seu acasalamento, apenas seus protocolos de segurança mudaram.

Haviam aumentado.

Vestido de calça comprida preta, camisa branca de mangas compridas, as mangas enroladas em seus cotovelos, os pés calçados em sapatos pretos feitos sob medida, que provavelmente não deixariam a desejar a nenhuma bota de combate, ele era o epítome do estilo sofisticado.

Inferno, ele saiu dos laboratórios em que foi criado com aquele mesmo porte, aquele mesmo olhar em seus olhos.

— Remova aquilo. — Rule lhe disse calmamente. — Ou eu o removerei por você.

Uma sobrancelha preta curvou imperiosamente.

— Verdade?

Rule não mudou de posição. Não ficou tenso; por Deus, sabia o que faria no minuto que ouviu a dor na voz tremula de Gypsy.

— Assumi a posição de diretor de divisão. — Lembrou a Jonas. — Assinamos os acordos e os estatutos, e você não tem o poder de continuar com qualquer coisa que eu decida que não tem nenhum mérito.

O olhar de Jonas flamejou.

— Você sacrificaria Âmbar por uma mulher que não é nem mesmo sua companheira?

— Maldição Jonas, ela não tem o que você quer. — Rule rosnou, enfurecido.

Foi a dor na voz dela. Aquela auto-aversão áspera e o remorso amargo que o estava matando.

— Ela é o contato que estamos procurando e você sabe disto. — Ainda assim, o tom do diretor estava calmo, sem calor, sem raiva. Como se estivesse simplesmente assinalando uma determinada parte de uma informação.

— Não, ela não é mais. Se alguma vez foi. — Rule rosnou.

Ele a tirou disso quando deixou o apartamento dela semana antes. Chamou a porra do contato dela e deixou seus desejos claros. Gypsy estava fora, começando agora. Inferno, nunca deveria ter concordado em permitir que ela começasse com isto.

Jonas acenou com a cabeça devagar.

— Provavelmente foi melhor. — Ele surpreendeu Rule com o comentário. — Ela não foi feita para isso.

— E o que o faz pensar assim? — Desta vez, seus braços estavam apertados sobre seu peito com força, a agressividade surgindo nele.

Ela era a porra do melhor contato que o Desconhecido tinha. A única que ninguém poderia identificar.

— Ela se recusa a usar seus amigos. — Jonas revelou com um encolher de ombros. — Tanto Rachel como eu, assim como Ashley e Emma, soltamos várias pequenas informações particularmente úteis, numa tentativa de averiguar se ela era realmente o contato. Aquelas informações nunca foram postas em prática. Bons espiões entendem o fato que amigos são seus melhores contatos.

Não Gypsy, Rule pensou cansado, enquanto soltava os braços. Os amigos dela, os poucos que reivindicava, eram sagrados para ela. Afinal, não teve família desde a noite que permaneceu na escuridão: fria, magoada, sofrendo para ser abraçada, apenas para seus pais se voltarem para o filho que perderam, ao invés disso.

Nunca entenderam que podiam ter perdido um filho, mas Gypsy tinha, bem na essência de sua alma, perdido seu pai.

— Deixe-a em paz, Jonas. — Ele repetiu, embora o pedido não tivesse a raiva de momentos antes. — Você a conhece tão bem quanto eu. Se tivesse o que precisa, já teria isto há muito tempo atrás. Inferno, não teria que vir aqui para obter isto. Ela o teria contatado.

A prata volátil. Os olhos de Jonas pareciam espiralar, com a tempestade dentro dele, enquanto olhava fixamente para Rule.

— Veremos. — Ele finalmente murmurou. — Veremos.

 

A limusine de Gypsy dirigindo-se para o baile dos Castas com seus pais era uma das mais opulentas que já viu. O couro era tão fino, cada ponto detalhado, cheirando a luxo.

Isto era quase, apenas quase, suficiente para compensar o fato que teve muito pouco tempo para se preparar para este baile. Pelo menos tinha um vestido, apesar de ter sido feito para outro evento.

Camadas de suave e delicada seda azul e verde traziam a mente esmeraldas e um sol beijado pelo mar, quando balançavam umas contra as outras. Cada camada do material foi costurada junta, para se misturarem e mudarem de cor à medida que ela se movia, chamando a atenção não apenas para a delicadeza de sua figura, mas também para o vestido propriamente.

Tomara que caia, a seda delicada bordada à mão e rendas mantinham seus seios perfeitamente dentro do corpete em forma de V, revelando uma quantidade tentadora do vale entre os seios.

Camadas e camadas de seda caíam por baixo do corpete como uma cachoeira de um material primoroso, enquanto uma fenda percorria o comprimento de sua perna até sua coxa provocante, com a sugestão da carne macia enfiada em meias de seda esmeralda, enquanto uma calda de meio metro seguia atrás dela. A bainha dianteira era do comprimento perfeito para cobrir as pontas de seus sapatos verdes claros, mas não longa o suficiente para que tropeçasse, caso esquecesse e deixasse a ponta do sapato prender nisto.

Ela usava o colar de esmeraldas, safira e diamante de sua mãe, as joias minúsculas cintilavam contra sua pele beijada pelo sol, como minúsculas estrelas brilhantes. A safira e o diamante exibidos nos lóbulos de sua orelha brilhavam, enquanto o bracelete de esmeraldas enfatizava e chamava a atenção para a safira e o anel de diamante que usava em sua mão direita.

A joia enfatizava ao invés de dominar o vestido, enquanto sua pele ligeiramente bronzeada brilhava pelas cores lançadas contra isto. Seus olhos verdes pareciam mais escuros, a adição da sombra de cores suaves de sua maquiagem sobre eles, dando-lhes uma sensual e misteriosa aparência, enquanto o batom bronze claro brilhante, destacava o biquinho suave de seus lábios.

Seus longos cabelos escuros estavam puxados atrás de seu rosto, os lados presos no topo de sua cabeça com um pente cravejado de diamantes, enquanto minúsculos grampos individuais de safiras, esmeraldas e diamantes, apenas maiores que a metade da cabeça de uma borracha, estavam fixos nas ondas.

Greta McQuade vestia cores muito diferentes das de sua filha. O vestido bronze em estilo sereia de seda e tule, que era ricamente bordado em renda âmbar do ombro até o corpete que cobria de seus seios até seus ainda modelados quadris. O bronze e a renda âmbar caíam até seus sapatos bronze combinando na frente, enquanto uma pequena calda arrastava atrás dela. Lágrimas ambarinas gotejavam em suas orelhas, enquanto uma pedra preciosa âmbar combinando caia apenas apontando entre o topo de seus seios e alfinetes ambarinos seguravam as ondas na altura dos ombros, de seus cabelos retorcidos sobre sua cabeça.

O smoking preto de seu pai era o contraponto perfeito, tanto para sua esposa como para a filha dele, ele proclamou antes de sair de casa, ainda desesperado pelo fato de Gypsy não ter convidado um acompanhante para levá-la.

Ela quase pensou que talvez Rule a convidasse para participar com ele. Quando não ouviu sobre ele depois de pedir para partir naquela noite, uma semana antes, sentiu-se estranhamente desapontada e mais do que um pouco magoada.

A limusine parou na entrada do hotel lotado, esperando enquanto o motorista abria a porta e vários casais saíam. Ela reconheceu o alto, sombrio e bonito Dash Sinclair e sua esposa, Elizabeth, os pais de Cassie. Estendendo a mão para ajudar sua esposa a sair da limusine, em seguida Dash tirou sua etérea e linda filha do carro.

Câmeras espocavam com uma explosão de luzes enquanto os Sinclairs se moviam para a entrada do hotel, e os jornalistas gritavam por mais fotos.

Houve uma breve pausa quando a pequena família permitiu algumas fotos, antes de moverem-se para dentro do hotel. Atrás deles, o alfa dos Castas de Lobos, Wolfe Gunnar e sua esposa, Hope saíram da mesma limusine. O casal parou várias vezes para fotos; o alto e musculoso Casta Lobo segurava sua delicada esposa ao seu lado, sisudo, mas não hostil.

Misturando-se ao longo da entrada, os Castas Enforcers, usando seus uniformes, permaneciam ao lado de um dos rostos mais populares da sociedade dos Castas.

Tanner Reynolds e sua esposa, Scheme. Eram o time de Relações Públicas que usavam seu charme e habilidade natural para chamar o apoio para pressionar várias nações a pagar generosamente pelo fato de que, muitos de seus líderes de governo se encontravam participando ainda mais do Conselho de Genética.

Parando o carro, seu motorista moveu-se rapidamente para a frente do carro e dentro de segundos estava abrindo a porta para seu pai.

Hansel McQuade estendeu a mão para dentro e ajudou sua esposa a sair do carro, e Gypsy ficou extremamente contente ao ver Jonas Wyatt andando até eles, apertando a mão de seu pai, enquanto câmeras espocavam num caleidoscópio de luzes.

Então uma mão se estendeu para dentro para ajudá-la a sair para o tapete vermelho.

Não era seu pai.

Ela conhecia aquela mão.

Intimamente.

Agarrando-a, Gypsy encontrou o olhar ardente de Rule enquanto saía da limusine, sem se importar que um único flash pegasse a mudança de cor que desenhava em seu vestido para que tal coisa acontecesse.

Seu coração de repente estava disparado, sua respiração apertada e restrita, enquanto sua carne formigava com a proximidade da dura e aquecida carne dele.

— Senhorita McQuade. — Ele murmurou enquanto a puxava para o lado dele. — Acredito que esteja bem desde que a vi pela última vez?

— Muito bem. — Ela o assegurou, olhando fixamente para ele por baixo de seus cílios, enquanto ele a puxava ao longo da entrada. — E você?

A cabeça dele abaixou, seus lábios tocando em sua orelha.

— Duro.

Gypsy que nunca corava, sentiu uma onda de calor aquecendo seu rosto quando o prazer apertou seu útero e sua boceta ficou molhada, doendo pelo toque dele novamente.

A luz explodiu ao redor deles naquele momento, parecendo que cada fotografo lá quisesse uma foto do alto e imponente Casta, que sussurrava na orelha da fêmea desconhecida em seu braço.

Ignorando as perguntas lançadas sobre eles, Rule a puxou para a entrada do hotel e para o lobby atrás dos pais dela. Três conjuntos de largas portas duplas abriam para o salão de baile principal no topo da ampla e curva escadaria.

Eles não deixaram os jornalistas do lado de fora, entretanto. Gypsy sentiu um brilho de satisfação à vista de vários fotógrafos, que perceberam seus pais com Jonas Wyatt e sua noiva, Rachel, quando pararam do lado de fora do salão de baile para conversar.

Isto era o que os pais dela precisavam. Por mais que amassem a loja de doces e presentes que deram à sua filha mais nova, para que cuidasse, era o negócio de consultores de imagem que sonhavam que fizesse sucesso.

— Sua irmã não vai comparecer? — Rule perguntou enquanto a parava a vários metros do pequeno grupo.

— Ela está chegando com um acompanhante. — Disse-lhe em voz baixa. — Há um Casta que tem rondado a loja, que a convidou há várias semanas atrás. Ela não tinha nos dito.

Kandy estava mantendo sua relação com o Casta em segredo, até que descobriu que seus pais iriam comparecer ao mesmo baile que tinha sido convidada. Engraçado, mas Greta não mostrou a mesma desaprovação com sua filha mais nova, como teve com Gypsy.

— Eles ainda estão conhecendo um ao outro? — Ele perguntou com curiosidade.

— Loki? — Seus lábios retorceram com o nome. — Considerando a história dos Navajos, pensaria que ela o conhece muito bem.

Felizmente, sua irmã não era facilmente enganada. Só porque seu pai a chamava de sua Doce Kandy não significava que ela tentava de qualquer maneira estar à altura daquele nome.

— Senhorita McQuade. — Jonas a surpreendeu quando se virou para ela. — Se quiser se juntar a nós, gostaria de apresentá-la a um dos maiores recursos dos Castas, Cassa e seu marido, Cabal St. Laurents.

— Tenho acompanhado muitas de suas histórias, Sra. St. Laurents. — Gypsy apertou a mão dela, contente pela firmeza de seu aperto.

— Obrigado. — Cassa sorriu de volta para ela enquanto lançava o braço sobre o cotovelo de seu marido. — É bom ver Rule parecendo com o encantador que deveria ser em vez de encarar os outros companheiros querendo desfrutar a posição.

O Bengala ao lado dela murmurou algo, enquanto Gypsy continha a careta que teria repuxado suas sobrancelhas. Ela tinha certeza como o inferno que não queria um destas câmeras pegando uma careta em seu rosto.

— Oh. — Os olhos de Cassa arregalaram. — Desculpe querida, a referência a companheira escapou. — Ela sorriu para Gypsy novamente, um sorriso amigável e caloroso. — Mais como se referir a alguém como um encontro.

Os lábios de Gypsy retorceram. Até ela sabia disso muito bem, mas permitiu que a referência deslizasse.

— Ouvi dizer que seus pais aceitaram o contrato que Jonas ofereceu pelo serviço. — Cassa comentou então. — Tenho dito há muito tempo que consultoria de imagem começa ao nível individual, mas ele nunca pareceu muito aficionado pela ideia.

— Você tem boas ideias às vezes, Cassa. — Jonas falou ironicamente. — Apenas que é tão raro que sejam compatíveis com a Lei dos Castas.

Agora a Lei dos Casta, ela definitivamente conhecia sobre — as leis que governavam cada legal ou contratual, criminal ou empresarial esforço envolvendo qualquer Casta, ou afiliado dos Castas, incluindo, mas não limitado às esposas, filhos, irmãos, pais, amantes ou pretendentes a cônjuges, e como o governo teve que lidar com isto. Mais de um século de detalhadas experiências horríveis, sustentadas por gravações de alguns dos atos mais vis que a humanidade podia cometer, assegurou que quase todos os governos que foram processados pelos Castas no início de sua descoberta, estivessem dispostos a pagar em vez de enfrentar os processos individuais combinados que movidos contra eles no tribunal internacional.

Cassa rolou os olhos com a observação de Jonas, enquanto entravam no salão de baile e começavam a descer a ampla escadaria.

Os Alfas de cada comunidade permaneciam na parte inferior dos degraus, junto com o presidente da Nação Navajo, Raymond Martinez.

Gypsy pessoalmente nunca gostou de Ray Martinez, no entanto, assim como todos os outros, adorava o pai dele, Orrin e seu irmão, Terran.

Aceitando o braço que Rule estendia, ela desceu os degraus junto com ele, ciente do espocar das lâmpadas e reconhecendo que, oferecendo o braço para ela, Rule Breaker, considerado um dos Castas solteiros mais cobiçados, tinha assegurado que sua imagem, assim como a dos pais dela e a razão deles para estarem lá, fosse estampado em todas as páginas sociais conhecidas pelo homem.

Isto era mais que do que ela poderia ter esperado no que dizia respeito aos seus pais. Mas também reconhecia que isto dificultaria muito mais que coletasse informações que o Desconhecido dependia que coletasse. Ela era uma parte neutra, por isto certas pessoas não se importavam em se gabar sobre ataques sendo planejados contra os Castas pelos grupos determinados a destruí-los. Assim como era informada dos Castas na clandestinidade, tentando escapar ou encontrar um lugar para descansar antes de continuar a viagem. Normalmente, as informações que recebia eram de Castas que viajavam pela área procurando por trabalho que não exigisse uma identificação. Muitos queriam ficar abaixo do radar tanto dos humanos como dos Castas. Estes Castas, que o Desconhecido estava bem equipado para ajudar.

Quando chegaram mais perto da linha dos Alfas e suas esposas, e do presidente e da Sra. Martinez, o chefe de pessoal do presidente moveu-se para ele, sussurrando algo em seu ouvido.

Gypsy observava enquanto ele escutava atentamente antes de pedir desculpas e afastar-se.

— Está tudo bem? — Ela perguntou à Rule, sabendo que o quase invisível pequeno fone comunicador que usava, asseguraria que soubesse cada pequeno detalhe de cada pequena coisa acontecendo.

Ele assentiu com bastante facilidade, mas podia ver aparência no rosto dele, enquanto Ray e Maria se moviam pelo salão de baile.

— Claire estará aqui está noite? Ou Liza? — Ela não viu nenhuma das garotas por semanas e percebeu que sentia falta da firme presença amigável delas, quando se encontravam algumas noites por semana.

— Jonas e Stygian não quiseram arriscar a segurança delas em uma festa. — Ele balançou a cabeça. — Estão seguras no momento.

— Elas têm permissão para visitas? — Precisava vê-las, reassegurar ao Desconhecido que estavam realmente bem e satisfeitas com a segurança delas.

Ele olhou para ela.

— Vocês três são boas amigas, não é? — Ele disse suavemente.

— Gosto de pensar que somos. — Ela respondeu. — Sinto falta delas.

— Discutirei isto com Jonas mais tarde. — Ele prometeu, em seguida foram feitas as apresentações formais aos Alfas.

Callan Lyons e sua esposa, Merinus, pareciam mais relaxados e à vontade que Wolfe e Holpe Gunnar, enquanto Dash, Elizabeth e Cassie Sinclair pareciam se divertir com o espetáculo de pompa e cerimônia com o qual o Conselho Navajo tinha insistido.

Bem, não o Conselho, ela ouviu. Um dos assessores do presidente a informou na noite anterior que foi Ray Martinez quem insistiu em fingir que tinha o mesmo porte e presença de qualquer dignitário estrangeiro. Porém, Ray sempre se achou muito melhor que os outros da mesma classe social que ele.

Shay Anderson, assessor presidencial de Raymond Martinez, e amigo intimo de Gypsy, parou no apartamento antes de Gypsy sair para a noite, furioso com alguns comentários do presidente, no que se referia aos Castas e chefes tribais. Aqueles comentários incomodaram Gypsy. Aborreceu-a por alguma razão que não podia apontar.

— Então, fiz Jonas forçá-la a usar seu vestido especial? — Ele se aproximou mais quando fez a pergunta, uma ponta de riso na voz áspera.

Gypsy corou com a lembrança dos comentários dela relativos ao baile e como isto interferiu com seus planos para aquele vestido que tinha desenhado.

— Devo-lhe um pedido de desculpas por isto. — Ela suspirou enquanto ele pegava uma taça de champanha de um garçom que passava. — Não quis dizer nada ofensivo. Justamente por isso, sempre que os Castas estão presentes, o foco da atenção é neles. É só que meus pais trabalharam tão duro para chamar atenção para a empresa de consultoria de imagem deles...

— Já chega, querida. — O sorriso que curvou os lábios dele era extremamente sensual. — De acordo com a irmã de Callan, Dawn Lawrence, isto seria realmente um sacrifício que você estava fazendo.

Seus olhos arregalaram horrorizados.

— Você contou o que aconteceu?

Ela realmente encontrou Dawn Lawrence várias vezes, quando viajava para Window Rock com o marido dela, Seth. Dawn era tranquila e incrivelmente astuta, e possuía uma genialidade tão intrínseca que ela e Gypsy se deram maravilhosamente bem durante as duas horas que a outra mulher passou na loja de doces.

— Nem por sombra, ela teria me batido com algo. — Ele bufou. — Meramente propus uma situação hipotética e ela me olhou como se eu fosse digno de pena, ao informar-me como um homem seria um colossal cretino ao permitir que tal coisa acontecesse.

Sim, ela podia ver Dawn dizendo-lhe exatamente isto.

— Estava com raiva de você. — Ela o informou. — Você pode ser incrivelmente arrogante, Sr. Breaker.

E tão perversamente sexy.

Ela não conseguia esquecer o toque dele, ou o prazer que encontrou nisto. Isto não significava que não estava bem ciente da decisão que estaria tomando se aceitasse ser sua amante.

Tinha vinte e quatro anos, e nos anos desde que causou a morte de seu irmão e fez seu acordo com o Desconhecido, nunca desejou um homem mais do que desejava expiar a vida que ajudou aqueles Coiotes a tomar.

Toda vez que considerava ter um amante, a culpa varria sobre ela. Se o Desconhecido soubesse disso, seria obrigada a sair do pequeno círculo que seu irmão tomou parte. Não podia continuar seu sonho de ajudar a assegurar a sobrevivência dos Castas.

E se ela não estivesse lá, pegando as informações que pareciam perdidas para os outros, então haveria grande chance de resultar uma morte em algum lugar, de alguma maneira, porque uma vez mais ela se importou mais consigo mesma do que com aqueles em situação de risco.

Se ignorasse a necessidade queimando dentro dela muito mais, então isto poderia muito bem destruí-la de qualquer maneira. Isto era como uma chama que não conseguia extinguir. Uma fome que não podia aliviar. E sabia — nas profundezas de sua alma, ela sabia — que não seria capaz de rejeitá-lo esta noite.

Na última semana sua necessidade por ele tinha assumido vida própria. Um anseio que não conseguia se livrar, pelo gosto do beijo dele e o toque de suas mãos. Às vezes, realmente podia sentir seu útero apertando, enrijecendo com a necessidade de gozar com seu toque novamente. E não importava com que frequência tentasse se masturbar, de repente o toque de seus próprios dedos eram completamente ineficazes.

Rule a excitava de uma maneira que seu corpo não parava de queimar desde o segundo que colocou os olhos nele, dois meses antes.

Terminando o champanha, Gypsy deixou sua taça vazia em uma bandeja perto, observando enquanto Rule conversava com o irmão dele e Diane.

Diane olhava fixamente para ela com uma centelha de diversão em seu olhar, enquanto esperavam.

— Um dia destes, vou comprar um daqueles bonitos aparelhinhos auditivos, que ampliam as conversas ao meu redor. — Gypsy observou, em voz baixa, entretanto sabia que Rule podia ouvir cada palavra. — Sou simplesmente muito curiosa.

Diane deu uma baixa e clara risada.

— Você aprende como esperar pacientemente, enquanto eles estão juntos.

Gypsy ergueu a sobrancelha duvidosa. Esperar pacientemente?

— Oh, duvido muito que aprenda esta habilidade. — Ela comentou. — A menos que saiba que minha curiosidade seria satisfeita mais tarde, aí sim.

— Sempre há uma chance. — Diane assegurou enquanto seu noivo piscava por trás dela, em seguida virava-se para Gypsy, sua expressão cheia de calorosa diversão. — Então, está realmente esperando ansiosamente para forçar este Leão em particular a rosnar para a sociedade? Acho que ficaria intimidada.

— Intimidada, não. Certa de que isto vai funcionar? — Gypsy riu. — Tenho uma sensação que realmente dominará a Nação Navajo, uma vez que termine. Entretanto, acredite-me, meus pais estão esperando ansiosamente por isto também. — Gypsy assegurou. — Papai tem tentando chamar a atenção do Gabinete do Governo por anos, com seus métodos alternativos de imagem e marketing social.

— É algo que certamente não machucará. E devo dizer que... — Diane olhou em torno do extravagante e bem iluminado salão de baile... — ser mimado de alguma maneira de vez em quando, é muito bom.

— Então estou certa que apreciará o lado social do processo que Mamãe e Papai planejaram. — Gypsy assegurou. — O plano de Papai atribuído a você e seu noivo é um dos melhores dele. Acho que você aprovará.

As sobrancelhas de Diane ergueram.

— Lawe não deveria ser quem aprovaria isto?

Gypsy balançou a cabeça e olhou para a outra mulher seriamente.

— Na maioria dos casos, os homens deixam a organização social, para seus secretários, suas amantes ou suas esposas. Nunca vi e raramente ouvi falar de um homem que gostasse de cuidar de sua própria programação social, trabalhar com a imagem que precisasse apresentar. Na maioria dos casos, não estão nem cientes, nem se importam com qual festas participarão, desde que haja uma oportunidade de negócio. São suas esposas que sabem como cultivar amigos entre os parceiros de negócios, e assegurar para aqueles que são cultivados, que sejam uma combinação em geral de estilo de vida e dos interesses que compartilham também.

Diane observou-a atentamente então.

— E para Rule, como ele irá cultivar sua imagem sem uma esposa ou amante para ajudá-lo a escolher os amigos e parceiros de negócios, que correspondam à vida que leva fora do escritório? Ou a vida que quer liderar?

— Há um processo. — Gypsy assegurou antes de explicar brevemente a observação e o processo de avaliação, antes de uma agenda social detalhada ser proposta.

— Muito interessante. — Diane acenou com a cabeça antes de voltar-se para seu noivo, que agora permanecia ao lado dela.

Ele e Rule abandonaram tudo que estavam discutindo, uma vez que ela e Diane começaram a discutir as agendas sociais, interesses e a relutância de alguns machos, para prestar suficiente atenção nos amigos que estavam desenvolvendo entre o cenário social deles. Aqueles eram os clientes que a Consultoria de Imagem de McQuade queria.

O homem de negócios que se redefiniu, de seus dedões do pé até em cima, e o fez com exata precisão e força instintiva, não querendo desperdiçar seu dinheiro, a menos que de repente estivesse procurando mudar todo o seu modelo de negócios.

— Isto soa como uma esposa. — Lawe falou lentamente, seus olhos azuis brilhando enquanto olhava para ela e Rule. — Você realmente trabalhou com muitos homens que precisavam de tal ajuda?

— Normalmente, o cliente tem uma esposa ou namorada com um pouco de conhecimento dos parceiros de negócios cujo objetivo combine com os dele. — Ela disse a ele. — É uma oportunidade rara poder trabalhar com homens bem sucedidos no seu campo como você é, que ainda não começaram a adquirir as posições que querem socialmente. Acredito que você, e Diane especialmente, apreciarão o programa que meus pais apresentarão.

— E que tal Rule? — Lawe acenou com a cabeça para seu silencioso irmão. — Combiná-lo como as afinidades dos homens de família não será fácil.

— Combinar Rule com os homens que compartilham seus interesses, como também sua vocação será de longe mais fácil do que pensa. — Ela o assegurou.

— E mulheres? — Diane perguntou, sua sobrancelha se erguendo. — Eu sei como socialmente um casamento vantajoso é geralmente importante.

Por que de repente ela sentiu uma pontada? Não deveria se importar se ele consideraria um casamento que se adequaria à sua posição e a vida que queria construir.

— Como vi, Castas são geralmente muito hábeis em escolher mulheres que se adaptem a eles e suas vidas perfeitamente. — Finalmente respondeu, desejando que tivesse conseguido esconder a dor que a preenchia. — Acredito que Rule pode fazer o mesmo.

— Finalmente, alguém com pelo menos um pouco de confiança em minha habilidade para escolher algo. — Rule bufou enquanto o braço dele ia ao redor da cintura dela, para atraí-la para o lado dele. — Agora, a banda está começando a tocar. Quero uma dança. Você pode me dizer se meus movimentos de dança são adequados ou se precisam de algum ajuste também.

Duvidava seriamente que qualquer coisa sobre Rule Breaker precisasse de qualquer ajuste. Mas o deixou puxá-la para a pista de dança e assegurou-se que a dor contínua em seu peito não tinha nada a ver com a conversa anterior ou as implicações disto.

 

— Bem? — Diane exigiu quando o casal se moveu para longe deles o suficiente, para que não houvesse nenhuma chance de Rule ouvir a conversa deles.

Lawe gostava disso nela. Ela entendia que ele não era apenas dela, que era irmão de Rule e amigo de Jonas. Que era um Enforcer como também um modelo para os Castas recém-libertados. Nunca houve qualquer ciúme nela como ele frequentemente sentia no cheiro das esposas dos machos humanos com que se encontrou ao longo dos anos.

Ela encorajava suas amizades, forçava-o a ter passatempos e frequentemente o repreendia por não descansar o suficiente.

E ele estava demorando a responder e sabia disso.

— Serei amaldiçoado se isto faz sentido. — Ele balançou a cabeça, com cuidado para manter a voz baixa enquanto falava.

— O que não faz sentido? — Ela perguntou, franzindo a testa em direção a Rule e Gypsy. — A princípio pensei, não há nenhuma chance deles se adaptarem um ao outro. Uma garota baladeira? Quem imaginaria que ela é uma excelente reveladora de imagem social?

— Ela não é companheira dele. — Lawe afirmou suavemente, triste até.

Diane ficou imóvel, em seguida voltou-se para ele em choque.

— Você tem certeza?

Lawe continuou a observar seu irmão e a mulher que descansava nos braços dele, enquanto balançavam com a música.

— Ela carrega o cheiro dele. — Ele franziu o cenho, tentando dar sentido a isto. — Mas isto pode ser porque são amantes, nada mais. Não há nenhum cheiro semelhante à luxúria. Com companheiros, existe um cheiro que eles compartilham, seja do desejo deles, amor ou alguma outra emoção que se torne amor. Eles não compartilham isto.

Diane voltou-se e observou o casal também.

— Se ela não o ama, então ela está apaixonada.

Ela está? Definitivamente havia algo lá, mas Lawe não conseguia entender o que era.

Ele sentiu o cheiro deles inúmeras vezes, e todas as vezes que fez isto, podia jurar que sentia a sensação de Rule afastando-se ainda mais dele. Como se a parte animal dele estivesse se escondendo.

Mas o porquê disso? Para que isto serviria a Rule ou aos sentidos dele, se enfraquecerem de tal modo? O que poderia ser tão importante para que o animal sentisse a necessidade de se esconder disso?

Uma suspeita súbita deslizou em sua mente, fazendo seus olhos arregalarem.

— O que? — Sua adorável companheira voltou-se para ele, franzindo o cenho enquanto olhava para ele. — Você pensou sobre algo?

Ele balançou a cabeça lentamente. Filho da puta, por que não entendeu isto mais cedo?

— Conheço meu irmão.

— Isto quer dizer?

Ela o conhecia, sua adorável companheira, e sabia como isto o aborrecia, quando sentia Rule afastar-se para longe dele, assim como quando chegaram à primeira vez em Window Rock, e especialmente quando Rule se ofereceu para trocar de companheira com ele, quando não houve cheiro de acasalamento nele.

— Ela tem um cheiro muito sutil, mas está lá, sem igual, que não posso localizar. Os sentidos de Rule de repente se fecharam, como se a parte animal de sua genética estivesse se escondendo de mim. Ou talvez de qualquer sentido dos Castas, ponto.

— Estou ficando impaciente, Lawe. — Ela suspirou e ele teve que sorrir. Ela estava quase morrendo para saber se Gypsy McQuade era companheira da Rule.

— Ela é companheira dele, mas ele não acasalou com ela. — Explicou, querendo rir das chances que o animal de Rule pudesse realmente agir de forma tão distinta do homem que habitava.

— Você não está fazendo sentido. — Ela balançou a cabeça.

— Rule está determinado a nunca arriscar uma mulher como Elder arriscou nossa mãe. — Explicou, preocupado com o pensamento da morte horrível de Estrela da Manhã Martinez. — O pensamento de enfrentar até mesmo uma chance de perder alguém tão importante como uma companheira, o fez tão obstinadamente determinado a assegurar que se ao menos a sentisse, tivesse a opção de fugir tão rápido e tão longe dela quanto possível.

— Já sei de tudo isso, Lawe. — Ela falou lentamente. — Chegue ao clímax da piada já.

— Clímax da piada? — Ele enrolou os braços ao redor dela, atraindo-a para seu peito, enquanto a levava para a pista de dança cuidadosamente, deixando claro para Rule enquanto falava. — O animal de Rule sente a companheira dele. O animal está determinado a possuí-la, possuir seu coração, mas sabe que se Rule perceber conscientemente o que ela é para ele, vai fugir.

— Então basicamente, o animal, ou seus instintos subconscientes, está se escondendo do fato que ela seja sua companheira? — Ela perguntou, uma pitada de descrença na voz.

— Exatamente. — Simplesmente ele fez tudo que podia para não rir da posição em que seu irmão conseguiu se colocar. — Ninguém pode convencer Rule que ela seja sua companheira, porque o animal está segurando o acasalamento, até que não haja nenhuma maneira de Rule fugir dela. Só então, apenas quando não tiver nenhuma outra escolha, seus instintos animais voltarão para o lugar e iniciará o Calor do Acasalamento.

— A mente sobre a matéria. — Ela suspirou, muito mais chocada do que o próprio Lawe estava.

— Pura obstinada determinação. — Lawe emendou, fazendo um carinho nas costas de sua companheira, sentindo a quentura e o aconchego dela, e sabendo que se ele a perdesse, a seguiria assim que buscasse vingança por ela.

Não havia nenhuma maneira que pudesse sobreviver ao inferno sem fim, de existir sem ela.

— Então, como pretende fazê-lo perceber que não pode fugir dela, ou negá-la mais? — A antecipação claramente enchia a voz dela.

— Moça sanguinária. — Ele riu, curvando a cabeça para roçar um beijo contra a marca de acasalamento, que um reluzente colar de prata estilo coleria, escondia. Quando ergueu a cabeça, sabia que seu próprio olhar estava cheio de satisfação. — No momento, vou apenas observá-lo enterrar-se no buraco que está cavando. Uma vez que perceba o que fez, quero me sentar e apreciar o show.

Ele simplesmente não podia evitar isso. Rule o afastou, cutucou-o, enfurecendo o Leão dentro dele e geralmente Lawe estava pronto para matá-lo, enquanto lutava para aceitar a mulher com que acasalou. Lidar com seu irmão e seus próprios instintos não foi fácil, e Lawe jurou que quando tivesse chance, iria certificar-se que Rule sofresse o inferno em seu próprio acasalamento.

 

Ela se encaixava nele.

O estranho pensamento divagou por sua mente enquanto ele dançava com Gypsy, o lento deslizar dos passos da valsa de repente fazendo sentido à medida que se moviam juntos.

Ela fazia isso com a mesma graça e sensualidade com que dançava música country de couro preto, ou rock vintage em uma saia de renda branca e botas de caubói. Com tal erotismo inerente que suas bolas apertaram com a necessidade de derramar sua liberação e aliviar a dureza de granito do seu pau.

Hoje à noite estava determinado a tê-la. Sua suíte estava pronta, lençóis limpos enfeitavam a cama, velas foram acesas e prontas para o momento em que ele entrasse no quarto com ela. Uma garrafa de seu vinho favorito estava gelando e ele estava duro o suficiente para fodê-la por horas sem amolecer.

Ela teve um orgasmo em seus braços, seus sucos derramando sobre seus dedos enquanto a abraçava, em seu apartamento. Ele entendeu que ir mais longe teria sido cedo demais. Percebeu que ela só agora estava aprendendo que tal prazer podia existir. Que podia tremer com a necessidade de seu toque, implorar por sua libertação.

Pretendia mostrar a ela muito mais hoje à noite.

Ele foi para Jonas assim que perguntou a Dawn por que Gypsy ficou tão chateada por causa de um vestido. A risada severa dela por que ele arruinou uma chance que ela sentiu que sua mãe, e até mesmo talvez ela, possuía de causar uma certa impressão foi a explicação que de repente fez sentido.

Eles eram profissionais de construção de imagem social. Ter suas fotos de estreia nos lugares certos seria, é claro, importante para ajudar no crescimento dos negócios dos seus pais. Para isto, um certo olhar teria que ser alcançado; pela reputação, posição, riqueza ou um vestido exclusivo, teriam que ser notados. Ela sentiu que ele tirou sua chance de ser notada.

Ele garantiu que ela fosse notada hoje à noite de modos que nunca foi notada em nenhuma outra festa.

Quando a música passou de uma valsa para uma melodia lenta e sensual, puxou-a mais contra ele, sentindo os braços dela enrolarem em seus ombros, sua cabeça descansar no seu tórax. E Deus, ele a queria. Queria até que estivesse queimando com isto.

Uma queimadura natural, ele garantiu a si mesmo. Se existisse qualquer coisa mais, ela não teria sido capaz de esconder isto de seus sentidos. O calor do acasalamento não estava queimando dentro dela; desejo puro e simples tornava mais forte o fato de que ela estava escondendo sua própria natureza sensual por tanto tempo que tudo estava ardendo dentro dela.

Enquanto Gypsy e Diane batiam papo, Rule pediu a seu irmão para ela ver Claire e Liza. As duas garotas mencionaram o desejo de ver as amigas e falaram especialmente de Gypsy. Antes de deixarem a festa, esperava que Jonas aprovasse o pedido.

Se fizesse ou não, Rule estava determinado a dar isso a Gypsy.

Então em breve ele teria que meter o bedelho no que dizia respeito à sua vida noturna. Era muito perigoso para uma amante Casta correr pela noite sem segurança, e no momento todas as unidades estavam ocupadas protegendo Claire e Liza.

Ela entenderia, ele disse a si mesmo. Ser amante dele a tornaria um alvo. Muitas forças assumiriam que ela era sua companheira, e ele não podia explicar isso a ela. A proibição de explicar o acasalamento ou o Calor do Acasalamento para qualquer um, exceto um companheiro era estritamente obrigatório.

Isso era uma linha tênue que ele teria que pisar.

— Estou pronta para uma bebida. — Ela murmurou preguiçosamente de onde descansava contra ele. — Você não disse alguma coisa sobre um bufê?

— Faminta, não é? — Ele sorriu em seu cabelo antes de permitir que se afastasse dele, levando-a pra extremidade do salão de baile.

— Como você não pode acreditar. — Ela o informou, seus olhos verdes o encarando de volta com fome opressiva.

Sombreado, exótico, o olhar dela estava repleto de necessidade e pela lembrança dos dedos dele acariciando-a para chegar ao clímax.

— Seus pais parecem estar se divertindo. — Ele acenou com a cabeça para onde Wolfe e Hope estavam se juntando a Callan e Merinus na mesa onde os McQuades estavam sentados.

A oportunidade de discutir o dispositivo eletrônico que sua mãe tentou trazer naquela reunião há mais de uma semana ainda escapava. Vendo a dor, a traição que ela iria experimentar, sentir isto o enfureceria.

E Deus sabe que Gipsy não precisava mais de dor no que dizia respeito à sua família.

— Meus pais provavelmente estão no sétimo céu neste momento. — Disse a ele com uma risada leve enquanto caminhavam para o salão em anexo onde foi instalado uma dúzia ou mais de mesas de comida e de sobremesa.

Cada um deles encheu seus pratos antes de pegar uma taça de vinho. Rule a levou a uma das mesas no canto da sala onde a luz baixa era mais escura, as velas refletindo um cantinho de intimidade.

Os vários itens que enchiam seus pratos eram alimentos que podiam ser comidos com a mão. Camarão, legumes, filé, cordeiro e pedaços de galinha servidos com uma variedade de queijos, biscoitos e pães especiais.

Na luz baixa que os escondeu da vista, Rule selecionou um pedacinho de cordeiro, segurou entre seus dedos, em seguida estendeu por cima da mesa para colocá-lo em seus lábios.

Surpresa, com seu olhar escurecendo na implicação da ação, Gypsy olhou fixamente de volta para ele. Abrindo os lábios, ela pegou a porção de alimento antes de sua cabeça mergulhar, suas pestanas abaixando enquanto comia.

Inferno, sua tempestuosa pequena Gypsy tinha um pouco de timidez.

Junto com o cordeiro, ela também escolheu várias outras iguarias. Aquelas com que ele a alimentou também, observando como seu rosto corava e sentindo o aroma do calor de seu corpo subindo.

Ela estava relaxando com ele, suavizando em sua presença. Onde antes existia desconfiança, uma pitada de medo e rejeição, agora havia tímida aceitação.

Quanto mais acolhedora ela podia se tornar? Ele se perguntou. Não que ele estava prestes a testar seus limites aqui, no baile onde seus pais e irmã estavam presentes. Ele nunca permitiria até mesmo uma chance que ela ficasse envergonhada que sua família visse a nua sensualidade que ele podia extrair dela.

Inclinando-se perto, ele conversou com ela ao invés disso. Respondeu às perguntas que podia sobre a sociedade Casta, e riu com ela sobre algumas das histórias de tablóide mais ultrajantes. E por alguma razão, não estava certo por que, contou a ela sobre o irmão e irmã que ele suspeitava que morreram quando foram retirados dos laboratórios.

Um grave pesar a encheu, um poço de tristeza que o alcançou e tentou acalmá-lo, que ela nem estava ciente que possuía.

Não havia como alguém pudesse suspeitar que esta era a mulher que Jonas acreditava ser parte do Desconhecido. Ninguém com aquele grupo obscuro era tão impiedoso quanto aos Castas quando se tratava de proteger as criações inocentes e imaturas que a humanidade acreditava terem criado. Não existia um pingo de crueldade dentro desta mulher.

Teimosia, sim. Mas ela nunca poderia matar sem pensar, a sangue frio, só pela suspeita que alguém era uma ameaça para o grupo propriamente dito.

Conforme a noite avançava e a multidão na sala de bufê diluía para somente eles, ele estendeu a mão por cima da mesa e acariciou com seus dedos a mão dela.

— Suba comigo. — Disse ele, antecipação surgindo através dele enquanto o olhar dela se ergueu depressa para o dele, o aroma de sua excitação espessando.

— Isso não seria uma ideia muito boa. — Ela o encarou de volta, seu prazer descontraído desvanecendo conforme a incerteza a enchia.

— Nós vamos ficar de enganação, Gypsy? — Ele perguntou, sua voz tão gentil quanto podia manter enquanto seu pau pulsava como um demônio faminto pelo seu gosto.

Ela olhou para baixo mais uma vez, porém não puxou sua mão do aperto dele.

— Eu seria uma péssima amante para você, Rule. — Ela finalmente sorriu nervosamente, balançando a cabeça quando a ergueu, seus olhos cheios com sua crença nesta declaração.

— Acho que sou o único juiz de quem me serviria ou não na minha cama, Gipsy. — Ele refutou, sua voz baixa. — Vamos, experimente-me, então decida se me encaixo ao que você precisa de mim ou não.

— E se o tamanho for errado? — Divertimento faiscou nos olhos dela. — Não é um pouco tarde demais para decidir se tomei a decisão errada?

— Prometo não sair contando por aí. — Suas sobrancelhas levantaram sugestivamente. — E com toda certeza não gozo e saio falando por aí.

Ela corou novamente. Ele não podia esperar para ver aquele intrigante calor se espalhando do seu rosto, ao longo do seu pescoço e acima dos seus seios quando o prazer começasse a enchê-la.

Ela estava respirando com dificuldade, seus seios subindo e descendo depressa embaixo do corpete do seu bonito vestido enquanto tentava achar um modo de se convencer de querê-lo.

Podia senti-la fazendo isto, apresentando todas as razões por que não devia deitar nos seus braços e gritar por sua liberação.

Levantando-se, ele a puxou sem pressa para ficar de pé, ignorando a indecisão no rosto dela enquanto a puxava para a saída, em seguida a curta distância até os elevadores.

O coração dela estava disparando tão rápido, tão forte que ela estava quase tremendo com a excitação sacudindo o ar ao redor dela.

Rule a puxou para dentro do elevador quando as portas deslizaram abrindo, puxou-a em seus braços e, assim que se fecharam deslizando, abaixou seus lábios para os dela.

Seu beijo era tão doce quanto seus doces favoritos, ele pensou, e tão quentes quanto. Sua língua lambeu em cima dos lábios dela, separou-os, então acariciou dentro em uma exploração mais íntima e profunda.

Ainda assim, ela permaneceu de maneira hesitante diante dele, seus lábios abrindo para ele, sua língua tocando a dele apesar de sua cautela, sua intenção de recuar subindo ao lado da excitação queimando dentro dela.

Agarrando os pulsos dela, ele os puxou para seus ombros, suas mãos descendo acariciando os lados dela antes de alcançar seus quadris e enrolar seus dedos neles.

Ela o beijou com uma fome que dirigiu picos de pura necessidade crua diretamente para suas bolas. Quando ela se esticou contra ele, agarrando-o agora, um gemido sussurrado passou por seus lábios enquanto seus quadris inclinaram e ele a puxou para a crista grossa de seu pau levantando embaixo de sua calça.

Puxando sua cabeça para trás com seu controle ameaçando escorregar, Rule a encarou, seu olhar estreitado em suas feições sensualmente rosadas.

— Terei sorte se eu fizer isto na minha suíte. — Ele gemeu. — Você vai pra minha cabeça mais rápido que a bebida.

 

Ela ia para sua cabeça mais rápido que a bebida?

Gypsy podia sentir seu sangue correndo por seu corpo, latejando em seu clitóris, no tecido sensível de sua boceta, e se perguntou como um beijo podia deixar uma mulher tão pronta, tão quente e tão ávida para foder pelo toque de um homem.

Ela não queria esperar. Queria tomá-lo aqui, agora. Queria sua língua contra a dela, empurrando entre seus lábios e tornando-a ainda mais delirante de prazer enquanto suas mãos empurravam o tecido do seu vestido para seus quadris. Ela queria que ele dirigisse aquela carne dura e pesada erguida entre suas coxas dentro da torturante dor entre as dela.

Quando os lábios dele se recusaram a beijá-la duro o suficiente, quente o suficiente, seus dedos se entrelaçaram no cabelo dele, agarraram as mechas grossas e tentaram segurá-lo no lugar.

Ela precisava muito mais do que ele estava dando.

E isso não fazia sentido.

Isto era perigoso demais.

Ele poderia não beijá-la e sair contando por aí — ou qualquer que fosse a versão disso que estavam prestes a fazer — mas isso não significava que o Desconhecido não saberia. Eles eram mestres em saber, especialmente aquele com quem ela tinha contato.

Ainda que se afastar, negá-lo, era impossível.

Ela não podia saboreá-lo profundo o suficiente, não podia sentir o poder do seu beijo aprofundando longe o suficiente nela e não podia se forçar a se importar com qualquer coisa além de necessitar cada vez mais dele.

E ela não era assim.

Entretanto, não foi ela mesma desde a noite que olhou de relance do outro lado de um bar e encontrou seu olhar tantas semanas atrás. Como se estivesse esperado por ele sua vida inteira.

O ping do elevador era somente um som distante, mas a sensação de Rule de repente a erguendo em seus braços e saindo a passos largos do cubículo era qualquer coisa menos distante. Era o ato incrivelmente mais sensual que ela experimentou até esta data.

— Isto é loucura. — Ela sussurrou, enterrando seus lábios no pescoço dele para testar a carne dura com seus dentes antes de lamber em cima do lugar onde seus dentes morderam.

E ele nem estava protestando ao sentir seus dentes afiados no pescoço dele. Se aquele pequeno grunhido que ressoou em seu tórax era qualquer coisa para se levar em conta, ele só pode ter apreciado isto.

Ela se perguntou se conseguiria que ele a mordesse.

Um tremor a percorreu ante este pensamento, o deslizar da umidade entre suas coxas molhando ainda mais sua carne já saturada.

— Bom Deus, o que acabou de pensar? — Ele gemeu enquanto a deixava de pé a lado da porta de sua suíte. — Porque sua quente bocetinha acabou de explodir por mim.

Ele bateu o cartão de segurança pelo leitor, empurrou a porta abrindo-a e levou um segundo para testar o ar antes de andar a passos largos dentro do quarto.

A porta trancou atrás deles, fechando-os em um mundo de luz de velas tremulantes e calor sensual que enchiam a sala de estar e o quarto também. Era como caminhar dentro do sonho mais romântico que podia ter imaginado. Os preparativos que ele fez davam ao quarto uma sensação erótica e opressiva, e uma qualidade sonhadora que ele só adicionava enquanto a levava para o quarto.

Ele não a deixou de pé ao lado da cama. Ao invés disso, deitou-a de costas nela, seguindo-a abaixo conforme suas mãos começavam a juntar o tecido de seu vestido e empurrá-lo pra cima de seus joelhos.

Seus lábios estavam no pescoço dela enquanto ele tirava sua jaqueta, arrancava a gravata e camisa até que jogou-as no chão também, então chutou seus sapatos. Seus lábios começaram a se mover sobre as firmes elevações dos seus seios, deixando uma trilha de prazer feroz após seus beijos.

Ele estava se movendo tão rápido que ela não podia acompanhar. Não podia processar o prazer ou as sensações, e a tontura surgindo delas estava fazendo com que ela se sentisse quente demais e corada.

Se ele apenas fosse um pouco mais devagar...

Gypsy lutou para captar o ar muito necessário enquanto arquejava embaixo dele, sentindo-o tenso em cima dela, as mãos dele se movendo de onde estava empurrando seu vestido mais pra cima de suas pernas para apertar as cobertas debaixo dela.

— Você está bem? — Ele rosnou de repente, seus lábios no pescoço dela, então sua mandíbula, escovando contra eles em um passo muito mais lento enquanto ela tentava puxar seus próprios sentidos de volta agora.

— Estou ok. — Pelo menos, ela pensava que estava.

De maneira hesitante, ela ergueu suas mãos para o abdômen duro acima dela, seus dedos se curvando enquanto se permitia acariciar os músculos firmes como um pacote.

A pele dele não era suave, era dura e a princípio parecia completamente livre de qualquer pelo. Mas não era, pelo menos não completamente. Embaixo de suas palmas podia sentir a sensação ultramacia de minúsculos pelos, quase invisíveis sob seu toque.

E ela adorava sentir isto.

Acariciou seu peito, seus ombros duros, aí baixou novamente para a barriga tanquinho para onde ele tinha acabado de soltar o botão que prendia sua calça.

Erguendo a cabeça de onde seus lábios estiveram acariciado a concha de sua orelha, Rule foi mais em cima dela, seu peso segurando-a com força inconsciente em seus braços poderosos.

— No seu ritmo. — Ele jurou, entretanto sua voz era dura, entredentes. — Eu juro, Gypsy. Qualquer coisa, tudo que você quiser. Tudo no seu ritmo.

Tudo no seu ritmo?

Qualquer coisa, tudo que ela quisesse?

Ela até sabia exatamente o que queria dele depois deste prazer, seu toque, o calor dele...

Ele a observou enquanto ela acariciava seus ombros novamente, então ergueu a mão dela para escovar seus lábios em cima.

Ela não o viu apreciando doces de chocolate e menta esta noite, mas saboreou a essência doce deles em seu beijo.

E ela ansiava mais disso.

Ela ia fazer isto.

Fome e medo faiscou por ela, correndo lado a lado à medida que uma parte de sua mente observava com horror, incapaz de acreditar no atrevimento dela.

Os dedos dela acharam o zíper de sua calça e começaram a deslizar para livrá-lo, soltando o material sobre a carne enrijecida de seu pau.

Ela não podia acreditar que estava fazendo isto. Não podia acreditar que realmente estava jogando fora sua chance de redenção, de perdão — estava jogando fora por este Casta e um prazer como nada que ela já conheceu antes.

— Gypsy, baby, sabe o que está fazendo? — Ele perguntou enquanto os dedos dela se moviam do zíper até o comprimento pesado da carne dura como ferro que estava erguida entre suas coxas.

— Eu disse a você, não fiz isto antes. — Ela sussurrou, acariciando com os dedos ao longo da seta pesadamente coberta de veias.

Da ampla crista sedosa e pulsante, em seguida para o saco firmemente colocado abaixo. Cada centímetro dele era tão duro, cálido e insistente ao seu toque.

Ela não podia rodear a largura pesada com os dedos de uma mão, então se contentou em acariciá-lo da base à ponta, sentindo o aperto da carne e o pulsar sob seu toque quando sentiu seu corpo inteiro começando a queimar pela posse dele, para ela possui-lo.

Ela ergueu a cabeça e plantou seus lábios no tórax dele, sua língua se projetando pra fora para saboreá-lo. E desejava muito mais.

Recuando, suas mãos plantaram no peito dele enquanto ela o empurrava.

— Quero tocar em você. — Essa não era sua voz, tão baixa e ecoando com prazer que beirava a dor.

— Gypsy, baby. — Ele gemeu, mas se mexeu.

Levantando da cama, ele rapidamente descartou sua calça e meias antes de surpreendê-la completamente. Ajoelhando no colchão com um joelho, Rule embrulhou os braços ao redor dela e a ergueu para ele, abaixando o zíper do seu vestido enquanto olhava atentamente em seus olhos.

O que aconteceu para ela tocá-lo? Para ele deitar de costas para ela? E por que ela não estava protestando?

Ele removeu seu vestido lentamente, satisfação enchendo sua expressão à medida que o puxava dela, então lançou-o negligentemente em cima de uma cadeira ao lado. Vestida agora com nada além da calcinha de renda branca francesa e meia-calça preta com fio verde esmeralda iridescente entremeado, Gypsy sentiu a necessidade queimando dentro dela e esquentando-a ainda mais.

Os dedos dele engancharam na lateral da sua calcinha, e um segundo mais tarde ela estava caindo, esquecida no chão, quando Rule baixou o olhar para ela, o rosto dele enrubescendo, tornando-se pesado com necessidade erótica enquanto se ajoelhava ao lado dela.

Mais uma vez, o comprimento ingurgitado do seu pau atraiu seu toque, sua fome. Tinha coisas que imaginou fazer com ele, nunca acreditou que teria a chance que tinha agora. Não queria assistir isto deslizar, passando por ela e de alguma maneira perder a chance que jamais teria de fazer isto novamente.

— Preciso te tocar. — Ela sussurrou, levantando até que estivesse ajoelhada na cama, na frente dele, sua mão acariciando seu tórax. — Só um pouco.

Ele pegou seu cabelo nos dedos de uma mão larga, uma careta pensativa e esticada repuxando seus lábios conforme ela se movia para sentir o gosto dele.

Sua língua lambeu o músculo duro do seu tórax, seus dentes raspando enquanto ela sentia seu corpo ainda mais tenso. Ele moveu uma mão entre eles para agarrar firmemente a base da seta pesada à medida que a crista grossa pulsava exigente.

Gypsy deixou sua mão seguir a dele, descendo acariciando seu abdomen até a cabeça larga de seu pênis. Ela agarrou a carne grossa mais uma vez e acariciou, aprendendo cada pulsação e latejar, cada veia pesada que batia embaixo da seta sedosa e firmemente esticada.

Seus lábios moveram-se mais abaixo, seguindo o caminho que seus dedos tomaram para a crista muito ingurgitada enquanto ela se levantava de forma suplicante para seus lábios.

Uma gota pequena de pré-sêmem enfeitou a fenda, tentando-a a saboreá-lo. Quando sua língua bateu em cima da gota de umidade Rule gemeu como se estivesse sendo torturado em vez de simplesmente saboreado.

Sua atenção inteira estava focada nela.

Os contornos duros de seu corpo magro estavam apertados com prazer quando Gypsy separou seus lábios, sua língua se estendendo mais uma vez para lamber a gota, antes de enrolar sob a borda ardente quando seus lábios desceram sobre ele.

Os dentes dele estalaram juntos, prazer sacudindo seu corpo com uma força chocante quando Gipsy chupou a cabeça de seu pau no calor aconchegante de sua boca.

Sua língua chicoteou a crista extremamente sensível, dobrou debaixo dela e esfregou com veemência na borda chamejante. Com uma mão ela acariciou abaixo a dura coluna de carne, então de volta pra cima, cavando e acariciando seu saco enrijecido com a outra.

Um grunhido murmurado escapou dos lábios dele. Prazer arqueou de suas bolas até a cabeça do seu pau. Sua boquinha quente o chupava, trazendo-o até o fundo antes de puxar de volta, lambendo e acariciando a cabeça sensível antes de chupá-la eroticamente uma vez mais.

Era tortura. Era o maior prazer que ele já tinha conhecido.

Ele não podia evitar afundar os dedos no seu pesado cabelo sedoso. Juntando as mechas em suas mãos, ele segurou sua cabeça no lugar, olhando fixamente para ela enquanto fodia sua boca com golpes lentos e pouco profundos. Assistiu seus lábios avermelhar e inchar, os olhos dela vidrados pela excitação enquanto o aroma de sua necessidade tomava conta de seus sentidos.

— Tão doce e quente. — Ele gemeu, a visão de sua expressão cheia de prazer era o suficiente para enviar uma pulsação furiosa de sensação por seus testículos.

Ela era fantástica.

Apertando sua boca nele, chupou na cabeça pulsante do pau duro, criando um refúgio úmido e molhado para o vaivém da crista conforme ele se movia contra ela. Ele não duraria muito mais tempo e sabia disto. Não poderia durar muito mais tempo. Ele esperou tempo demais para tê-la, provocou a si mesmo com o pensamento de tomá-la por noites demais.

Porém antes que pudesse tentá-lo ainda mais, ele recuou. Retirou-se do calor líquido de sua boca quando seus olhos abriram de repente, surpresa e necessidade brilharam nas profundezas verdes escuras.

— Deite-se para mim, minha ciganinha selvagem. — Ele rosnou, abaixando-se e obrigando-a a reclinar na cama.

Seus lábios eram quentes e doces como o mel quando os tomou novamente, dividindo e dando as boas-vindas à sua língua que se enroscou na dele, então arqueando mais perto pedindo mais quando ele recuou para saborear seus lábios.

Ela era puro calor feminino e promessa erótica, e Rule sabia que mesmo sem o Calor do Acasalamento, seria muito duro se afastar dela.

Se decidisse se afastar dela...

Deus o ajudasse se o Calor decidisse emboscá-lo, porque o mataria afastar a si mesmo dela agora.

Gipsy agarrou os ombros poderosos de Rule quando os lábios dele se moveram baixando por seu pescoço; a força do prazer chicoteando em suas terminações nervosas a fez gritar e arquear mais perto. Seus dentes rasparam acima do pescoço dela, lábios e língua aliviando a pequena dor enquanto ele fazia seu caminho para sua clavícula, então mais abaixo.

Ele beijou acima da elevação de seus seios até os pontos doloridos de seus mamilos. Cobrindo um bico dolorosamente duro, sua língua enrolou ao redor dele, lambeu, adorou, à medida que o sugava profundamente. O prazer escaldante envolveu seus sentidos quando suas mãos apertaram os ombros dele, suas unhas inconscientemente amassando a carne dura.

Um calor eletrizante compactou da ponta torturada do seu seio para atingir seu útero, apertando-o furiosamente antes de correr para seu clitóris e inchar o botãozinho mais apertado.

A mão dele estava entre suas coxas, deslizando pra cima na curva interna de uma antes de colocar-se espalmada no calor saturado entre suas pernas. Seus dedos adentraram os lábios carnudos para achar os sucos pesados derramando dela. Seu toque áspero acima da entrada apertada de seu sexo. Lá seus dedos esfregaram, acariciaram. Eles instalaram um incêndio de prazer e êxtase mal entrando nela, esfregando nas terminações nervosas sensíveis bem na entrada.

Seus lábios se moveram de um mamilo a outro, chupando cada um, sua língua lambendo e acariciando enquanto ela se arqueava para ele. Necessidade desesperada apertou dentro dela, enrijecendo seus músculos e chicoteando sua carne.

— Rule, por favor... — Ela implorou arqueando, contorcendo-se debaixo dele enquanto tantas sensações pareciam convergir nela ao mesmo tempo.

Fome e necessidade, emoções que ela lutou tanto tempo atrás, estavam agora crescendo dentro dela tão rápido, tão forte, que não pode forçá-las de volta.

Emoções que ela não percebeu que manteve escondidas tão bem de si mesma.

Então Rule ergueu sua cabeça, olhando fixamente para ela quando se forçou a abrir os olhos e enfrentar a fome selvagem de seu olhar. Seus lábios curvaram-se em um sorriso devastadoramente sensual.

— Ah, baby. — ele cantarolou. — Pretendo te dar prazer. Muito, muito bem.

Prendendo seu olhar, ele abaixou seus lábios mais uma vez.

Gypsy não pode conter o suspiro ofegante que escapou dela quando os lábios dele se moveram entre seus seios, sua língua acariciando a pele que não tinha percebido que podia ser tão sensível.

Então se moveu mais abaixo.

Acariciando em cima de sua barriga, descendo por seu estômago, aqueles lentos e devastadores beijos se moveram entre suas coxas. Com as palmas bem abertas pressionadas na curva externa da parte superior de suas pernas, abrindo-as mais e ajeitando seus ombros entre elas conforme seus lábios se moviam para os cachos no topo de seu monte.

Sua bochecha roçou na suavidade, sua respiração leve como uma pena na penugem enquanto ela arqueava involuntariamente, seus quadris levantando para ele, suas coxas ainda mais separadas.

O toque de sua língua foi um choque de prazer tão grande que Gypsy não pode conter seu grito. Nada devia ser tão bom.

Sua língua percorreu sua fenda carregada de suco, acariciou ao redor de seu clitóris, sacudiu nele e enviou ondas brilhantes de sensação rasgando por seu corpo. Só para aliviar de volta, lamber mais abaixo, provocar e atormentar a entrada de sua vagina.

Puro prazer a atravessou e fez arquear tão duro e tão rápido que Gypsy se encontrou levantando as costas da cama antes de cair de volta. Seus calcanhares cavaram no colchão, quadris levantando, um grito a rasgou quando sua língua pressionou dentro dela lambendo a carne que respondeu com um pulsar após o outro de prazer imprevisível e ainda mais da essência espessa de sua necessidade.

Ela não conseguia recuperar o fôlego.

Seu corpo estava queimando de desejo, seu clitóris tão inchado, tão desesperado para a liberação...

— Oh Deus, Rule, por favor. — Ela arqueou novamente quando seus lábios retornaram ao seu clitóris, sua língua lambendo em um ardente círculo apertado em torno da pequena protuberância.

Ela estava muito perto. Podia sentir o êxtase a alcançando, provocando, tentando-a para cair nas chamas só para recuar no último segundo.

Rule recuou, deu um beijo impetuoso no feixe de nervos torturado antes de chupá-lo em sua boca e atormentá-la com a proximidade da liberação novamente.

Ela estava clamando por ele. Podia ouvir sua voz quebrada e suplicante.

Chupando-a firmemente, sua língua esfregou no seu clitóris, acariciando, afagando e lambendo, fazendo com que seu útero, sua boceta e suas coxas contraíssem.

O clímax a atravessou como uma tempestade feroz, sacudindo-a dos pés à cabeça, derramando por seus sentidos com um temporal de arrebatamento que choveu por seu corpo inteiro.

Gypsy podia se sentir abrindo, uma parte de si mesma que nem sabia que existia fraturando dentro de sua alma. Como se alguma parede interna estivesse praticamente caindo em ruínas enquanto o calor envolvendo-a parecia se derramar dele para ela, em seguida mais uma vez.

Desmoronando de volta na cama, ela sentiu Rule se movendo pra cima dela, seu corpo maior e mais duro a cobrindo. Forçando suas pestanas a abrirem, Gipsy viu quando ele agarrou a base grossa de seu pênis, cutucando a crista na sua entrada antes de seu olhar erguer para o dela.

— É isso aí, baby, observe-me tomar você. — Ele sussurrou quando a crista grossa separou as dobras de sua boceta e pressionou na entrada apertada. — Doce Gypsy. Deus me ajude, é tanto prazer.

O gemido soou rasgando-o, arrancado de seu pito conforme Gypsy via a cabeça do seu pau apertar mais fundo, só para puxar de volta, brilhando com seus sucos antes de pressionar para dentro novamente e aprofundar ainda mais.

Sua cabeça caiu atrás, na cama, afundando no travesseiro quando o prazer irrompeu por sua carne no estirar pesado e queimando na sua vagina. Rule recuou só para retornar, balançando nela, dentro dela, estirando-a e queimando com um prazer que fez suas unhas cravarem nos seus ombros, seu pescoço arqueando quando um grito rasgou de seus lábios.

Ela sentiu os músculos dele se agrupando quando puxou de volta novamente, seu corpo enrijecendo um segundo antes dele entrar nela com uma punhalada rápida e dura que enviou uma labareda de dor arqueando por sua vagina um segundo antes do calor invasor acalmar, enterrado meras polegadas dentro dela, grosso e pulsando.

— Gypsy? — Seu tom áspero e animalesco fez seus cílios levantarem, confusão enchendo-a quando percebeu que ele estava olhando fixamente para ela como se estivesse chocado.

— Não pare — ela sussurrou, correndo a língua sobre os lábios secos quando se mexeu de forma experimental contra ele, um choramingo intenso de prazer escapando de seus lábios no pulsar do seu pau no interior de sua carne.

Então ele se mexeu novamente.

Rule pressionou mais fundo dentro dela, aquela sensação de plenitude intensificando, aquecendo até que ela estava erguendo seus quadris mais alto, desesperada para tomar tudo dele.

Toda vez que ele recuava, aliviando o trecho queimando e o êxtase do prazer crescendo dentro dela, sua respiração ficava presa, protesto subindo dentro dela. Então ele investia dentro dela novamente, mais fundo, mais cheio.

Seu mundo encolheu, estreitou, consistia em nada além do prazer aglomerando seus sentidos, as sensações a percorrendo, construindo em cima uma da outra enquanto seus quadris começavam a se mover mais rápido, com mais força.

Ele empurrou dentro dela com golpes pesados que mantiveram seus sentidos chocados e atordoados com as pulsações alternadas de prazer e dor, fogo e plenitude. Contorcendo-se debaixo dele, Gypsy clamou seu nome, a sensação de sua pélvis acariciando o botão ultrassensível de seu clitóris quando a cabeça larga do seu pau estirou seus músculos internos, acariciou e descobriu terminações nervosas que inclusive Gypsy nem sabia que possuía e enviou seus sentidos voando.

Cada impulso duro e medido apertou aquela espiral de sensação crescendo em seu útero e ecoando em seu clitóris. Cada golpe enviou tantas chicotadas de prazer atingindo arcos de calor e excitação raspando por suas terminações nervosas que ela temeu não sobreviver a isto.

Martelando dentro dela, as punhaladas como uma britadeira construíram o prazer agonizante, empurrando-a mais alto, sensibilizando-a ainda mais e apertando seu corpo até que ela jurou que sentiu o sol irromper dentro de sua vagina.

Uma tempestade de sensações explodiu atravessando-a. Isso a queimou, calor ofuscante seguido por chamas de êxtase lambendo sobre cada terminação nervosa, esfregando e acariciando algum gatilho interno antes de inflamá-lo e enviar um chocante arrebatamento reverberando por seus sentidos.

Ela estava sacudindo em seus braços clamando seu nome. Sua vagina apertou o pau dele quando sentiu o pulsar pesado do engrossar do eixo já largo daquela primeira pulsação aquecida de sua liberação jorrando dentro dela.

Um segundo depois seus braços estavam vazios, seu corpo estava vazio, o arrebatamento em chamas cortado no meio do orgasmo, deixando-a confusa e fria antes dela perceber que seu corpo não mais a cobria. Ele já não estava mais encontrando seu clímax dentro dela.

Inferno, ele nem sequer estava na cama com ela.

Ele estava de pé ao lado dela, sua respiração dura, seus olhos azuis vívidos e selvagens quando baixou o olhar para ela, um grunhido em seus lábios revelando os caninos afiados enquanto seu pau se destacava de seu corpo, grosso, duro e brilhando de sua umidade combinada.

— Rule? — Ela sussurrou, seu peito de repente apertando, uma sensação de desgraça iminente pesando em sua alma e roubando seu fôlego.

— Eu tenho que me lavar. — Sua voz soava estranha, muito grossa, muito pesada. — Vou te dar uma carona pra casa quando eu sair do banheiro.

Ele virou e caminhou a passos largos para o banheiro, batendo a porta atrás dele dois segundos antes dela ouvir o som do chuveiro.

O chuveiro?

Ele estava tomando banho?

Ela olhou fixamente seu corpo abaixo, vendo a mancha de sangue em suas coxas manchando o lençol entre suas pernas. Ela estava escorregadia de sua necessidade por ele, seu corpo ainda pulsando com a felicidade lembrada.

Ele a levaria pra sua casa depois que se lavasse?

Por que? O que ela fez de errado?

 

Deus, o que ele fez!

Seu punho bateu contra a parede do banheiro, um azulejo rachando quando os dentes de Rule se friccionaram furiosamente, o tormento dando voltas em seu cérebro até o ponto onde nem sequer sentiu a dor nos dedos.

A expressão de Gypsy estava marcada a ferro em sua cabeça. Aquele choque pálido, seus olhos redondos e escuros com dor e confusão, então o brilho quando ele fez aquela declaração idiota. Seus olhos se encheram com lágrimas antes dele conseguir se afastar depressa para o banheiro.

Ele deixou-a deitada quando queria nada mais que entrar nela outra vez, queria fodidamente dar a ambos aquele prazer elétrico no qual ficaram submersos antes dele sentir isso.

Seu pau estava duro como ferro com o fim abrupto de sua liberação, a carne sensível abaixo da cabeça com uma puta dor. Tal como uma dor de dente ali onde se supunha que a lingueta de acasalamento apareceria.

Comprovou sua língua com os dentes. Merda. Filho de uma cadela, não havia nenhuma inflamação das glândulas de merda, nenhum hormônio de acasalamento, nada além daquele lugar maldito doendo tão violentamente que podia ver a carne pulsando onde não deveria estar.

Envolvendo os dedos ao redor do pau, pressionou a ponta do polegar contra o pulsar forte, mas tudo que sentiu foi uma tensão firme e uma maior sensibilidade.

Isso era normal ou estava tão maldito por um acasalamento que via coisas sem sentido?

Não podia ser um acasalamento, verdade?

Que diabo estava acontecendo com ele?

Uma lingueta de acasalamento não se estendia por baixo da cabeça de seu membro sem um acasalamento. Sem esse sabor selvagem na boca de um Casta, a necessidade de foder loucamente sua companheira, sem poder dominar a luxúria constante.

Rule não sentia nenhuma debilidade, seu pau não ficava duro por vinte quatro horas. Apenas quando pensava em Gypsy.

Mas sabia o que sentiu com aquele primeiro impulso de liberação em suas bolas. Sabia o que estava sentindo agora sob seu polegar. Seguramente, saberia se tivesse sentido isto antes.

Não?

Sua respiração era áspera, forte quando olhou fixamente abaixo para a parte infratora de seu corpo quando se obrigou a soltá-lo, observando a pulsação da carne ao ritmo de seu coração.

Tinha que haver algo mais, disse a si mesmo quando a água fria caiu e cobriu seu pênis, tendo um pequeno efeito na fome em chamas saqueando seus sentidos.

Ele era poderosamente sexual, sabia disto. Não podia contar com um desejo sexual alto como um possível acasalamento. Tinha um desejo sexual alto de todos os modos. A maioria dos Castas masculinas tinham. Eles simplesmente amavam a merda e faziam sempre e onde pudessem. Eram encantados com sexo e as mulheres que amavam, acariciá-las e esfregar-se contra elas, sentindo prazer e satisfação.

Era como uma droga. Grande.

E o prazer de Gypsy foi como nada que conheceu em sua vida. Inferno, esteve em sintonia com seu prazer, tanto que jurava sentir o eco de sua liberação profundamente com seus sentidos que se perguntou se perdeu sua alma. Outra coisa que ouviu falar que acontecia com um companheiro.

Mas os sinais do acasalamento não estavam ali.

Nem sequer poderia dizer que a força de seu prazer ecoando era um sinal de acasalamento sem nada para ir com isto. E a sensação de algo, uma opressão e tensão súbita embaixo da cabeça de seu pau logo antes de sua liberação tão malditamente estranha que ele saiu dela e correu para o chuveiro antes de correr o risco que se acoplasse com ela.

Uma vez que estava livre, não havia como voltar.

Quantas vezes ele ouviu isto?

Uma vez que a lingueta de acasalamento se estendesse e bloqueasse dentro de sua companheira, não teria como evitar o acasalamento.

Fechou o chuveiro, de pé ali, sua carne ainda quente, a necessidade por Gypsy ainda golpeando seu sistema como uma febre que ele não podia deter.

Mas não apenas da necessidade de fodê-la.

Queria muito mais dela que apenas o incrível prazer que percorreu seus sentidos.

O calor do acasalamento era todo sobre sexo. Não era sobre a fricção, o toque, ver o sorriso nos olhos de sua amante ou sentir sua alegria envolver-se ao seu redor.

O calor do acasalamento o debilitava. Assumia o comando dos sentidos e apagava tudo, exceto a necessidade por seu companheiro. Ele sentiu a sensação que assolou seu gêmeo quando encontrou sua companheira. A falta de controle de seu irmão, a incapacidade de sentir nada além de desejo com Diane ao redor.

E ele sentiu isto antes, anos antes, dentro de uma cela, consciente do cheiro de sua mãe e o Coiote que eles chamavam de Elder nos laboratórios. O cheiro de sua necessidade, de seu desespero por foder nos laboratórios. Os cientistas nunca proibiram os soldados Coiote de tomarem as prisioneiras. Mas nunca antes um deles se acasalou com seu criador.

Morningstar deu a luz, literalmente nasceram quatro filhos, antes de seu corpo ficar infértil.

Ou foi antes de Elder?

Antes do Coiote se acasalar com ela e causar sua morte.

Aquele desespero para tê-la a todo custo, causou sua morte como também de seu companheiro.

Rule sabia que não podia deixar que isso acontecesse com a mulher com quem se acasalasse. Se ele se acasalasse, e fosse tão longe, então seria extremamente fácil tomar Gypsy.

Ela não era uma lutadora.

Ela não era uma Casta.

Era inteligente, esperta. Foi espiã para o Desconhecido por nove anos sem ser identificada, até Jonas colocar sua mente muito inteligente para trabalhar na busca de novos contatos.

Mas ela não foi treinada para sobreviver.

E não podia ser sua companheira.

Seu pau perdeu um pouco da rigidez desesperada quando ele olhou fixamente franzindo o cenho com confusão, perguntando-se que merda estava fazendo seu corpo.

Que merda louca estava acontecendo com ele e como inferno iria consertar isto?

Não podia ter uma lingueta de acasalamento. Ele não estaria perdendo a ereção se estivesse perto do calor do acasalamento. Não era possível pelo que ouviu.

Portanto, não podia ser um acasalamento, ele desesperadamente pensou. Tinha que ser apenas uma destas maldita anomalias dos Castas que apareciam todos os dias de sua vida.

Não eram humanos e não eram animais, e seus corpos não eram normais. Isso fazia algumas reações interessantes, às vezes.

Isso deveria ser o que aconteceu.

Um grunhido sufocado de irritação saiu de seus lábios quando começou a pensar forte. Tirando uma toalha da prateleira, lutou para apresentar uma explicação razoável para o amante furioso uma vez que deixasse o banheiro.

Ele realmente disse a ela que a levaria para casa depois de tomar banho?

Passou rapidamente a toalha depressa por seu cabelo, agitou a água restante e tomou uma respiração rápida, forte. Não havia tal coisa como uma explicação razoável, mas talvez uma verdade parcial funcionasse. Ela o fez sentir um prazer que nenhuma outra mulher conseguiu fazê-lo sentir e ele simplesmente se surpreendeu como o inferno.

Isso era a verdade, e ele achava que às vezes Gypsy sentia a verdade. Uma expressão determinada, a forma como seus olhos escureciam quando ele escondia algo dela ou quando ele não exatamente dizia a ela a verdade.

Era uma suspeita que ele não podia provar ainda.

Jogando a toalha na banheira, ele exalou forte e abriu a porta, entrando de volta no quarto.

—Bebê Gypsy, eu... — Ele procurou pelo quarto vazio.

Antes de poder evitar, um grunhido enfurecido saiu dele, a fúria do animal palpitava em suas veias com tanta força que o deixou chocado.

O homem converteu-se na parte secundária de seus sentidos. O animal saltou adiante, de repente livre, de repente enfurecido, ainda que não com a mulher. Não, o animal estava enfurecido com o homem e arranhando sob sua carne tentando se livrar das restrições internas.

Por causa do homem, sua companheira fugiu.

Antes de Rule poder deter o impulso, sua mão levantou-se, marcas de garra cortaram a parede, o choque de ver-se tão primitivo, quase rompeu seu interior.

Garras?

Olhou seus dedos, o sangue, as pontas das garras fortes, levemente afiadas estendiam-se pelas pontas.

Outro grunhido saiu dele, quase um rugido quando os instintos animais se chocaram com os humanos e quase o subjugou uma vez mais.

—Retroceda, maldição. — Ele grunhiu furiosamente, freando os impulsos animalescos que o rasgavam.

Tinha que pensar.

O sangue corria forte e rápido por suas veias, chocolate e menta subiu para sua papilas gustativas e com certeza não tinha sentido, porque não teve nada disso em nenhum dia.

Respirando fundo, seu cheiro, suas emoções, ele apertou os dentes contra outro grunhido do animal preso dentro dele.

Gypsy foi embora.

Seu vestido e seus sapatos sumiram.

A pequena bolsa de mão que ela carregava tinha ido também.

Nada dela, exceto talvez o cheiro da dor e Deus ajudasse, da vergonha.

Ele a envergonhou, humilhou.

Passando os dedos pelo cabelo, o animal grunhiu ante o silêncio do quarto com desgosto que o enchia numa rapidez impressionante.

Que demônios faria agora e como demônios iria consertar? Deus era testemunha, teria que consertar isso. Companheira ou não companheira, com lingueta ou sem, tinha que trazê-la de volta. Estava começando a suspeitar que era muito mais que uma amante e inclusive sem o calor do acasalamento, sem o hormônio, não seria capaz de fazê-lo sem ela.

Ele não a marcou, mas sabia de alguma maneira, ela o marcou. O pensamento não era tão desagradável agora quanto foi antes horas atrás. Como se no meio de seu prazer, reconhecesse que nunca seria igual com outra mulher e assim baixou a guarda o suficiente para perceber ela era muito mais para ele do que ele se permitiu acreditar.

Ele não a deixaria ir.

Ele a machucou, sabia disto. Podia sentir o muito que a tinha machucado. Mas ela teria que perdoá-lo. Encontraria uma maneira de fazer com que ela o perdoasse.

E se não o fizesse?

Uma partezinha dele zombou de sua confiança.

Ele não considerou a ideia de que ela não o perdoaria. Não podia. Se não o fizesse, então o animal enfurecido dentro dele romperia suas restrições e faria algo que bem e verdadeiramente chocaria o homem que o controlava com tanta força.

E Rule não sabia se seu orgulho poderia tomar muitos mais choques.

 

Amontoada no canto do elevador, sua cabeça baixa, Gypsy era muito consciente dos três Castas que estavam de pé, em silêncio, do outro lado da cabine.

Andavam a grandes passos pelo corredor enquanto corria até o elevador, segurando seu vestido no peito porque foi incapaz de fechá-lo pelo caminho. Sua mãe o fechou mais cedo, e Gypsy foi incapaz de terminar a tarefa no quarto de Rule.

Teria que esperar o elevador no corredor, muito consciente dos Castas andando até ela, em silêncio, desconfiados, como frequentemente eram. Lutando para não chorar e, agoniada, ela permaneceu de cabeça baixa, queimando com humilhação quando eles silenciosamente se moveram para ficar na frente dela enquanto ela apertava suas costas na parede.

Não queria que vissem que seu vestido não estava fechado, mas quando as portas de elevador se abriram, eles deram a volta e ela soube que esperariam até o inferno congelar que ela entrasse primeiro.

Mantendo a cabeça baixa, ela fez precisamente isto, passou pelo canto antes de girar e olhar fixamente para o chão.

Ninguém falou.

Ela até mesmo não sabia se eram Castas. Mal podia aguentar olhá-los no rosto. Se conhecesse um deles, não poderia esconder a dor e a humilhação. Teria aparecido em seus olhos e ela não poderia suportar.

—Estamos a caminho, senhor. — Ela ouviu um deles responder, pelo comunicador. —Nós nos encontraremos com você nos elevadores do oeste se não se importar.

Todos faziam referência a Rule como Comandante, então não era ele. Não que Rule se importaria, ela pensou. De nenhuma maneira no inferno ele se importaria se a levassem para casa ou não.

O que ela fez?

Como conseguiu estragar tudo?

Havia alguma regra não escrita que passou por cima quando teve um orgasmo? Fez algo tão imperdoável para provocar que saísse dela antes de terminar sua liberação e correr para o chuveiro?

Ela ergueu seus dedos até os lábios para acalmar o tremor. Ela não iria chorar ali, na frente de outros Castas, que sem duvida contariam para ele. Os Castas ririam da pequena humana estúpida que não podia controlar suas emoções.

Isso era o que ela era.

Quando sua liberação a percorreu, lembrou-se da luta para conter as palavras que sabia que ele não gostaria de ouvir. Havia de alguma maneira percebido o muito que ela o amava sem dizer as palavras?

Vergonha queimou dentro dela, brilhando por suas bochechas e queimando um caminho diretamente para sua alma. Ela sabia que os Castas no elevador podiam cheirar isto.

Quem mais poderia saber, uma vez que o elevador parasse no salão de entrada?

Deus, esperava que os jornalistas tivessem ido embora. Ela não podia aguentar ser vista assim.

O elevador parou, o apito suave indicando o final do passeio quando as portas se abriram.

Ela se moveu depressa, caminhando pelo vestíbulo com o que esperava não ser uma pressa evidente. Se tivesse sorte, muita, muita sorte então ninguém notaria.

 

Não passou desapercebido o cheiro agonizante, Lawe pensou enquanto observava Diane entrar pelo elevador aberto. Eles entraram nos elevadores menos de um minuto depois que o Enforcer o contatou com um pedido para encontrar-se com ele ali.

Ele e Diane viram quando Gypsy McQuade passou pelas portas que se abriram, seus ombros tremiam enquanto segurava seu vestido no peito e movia-se rapidamente pelo vestíbulo.

—Senhor. — O Casta Lobo, Dagger, avançou, um gesto duro em seu rosto. — O Comandante Breaker não notificou a segurança de sua companheira, e parece que ela está sentindo algo.

Havia um tom pesado de desaprovação encolerizada na voz do Casta. Um que Lawe não podia culpá-lo.

—Parece que o Comandante Breaker se esqueceu de me informar também. — Lawe murmurou quando Gypsy passou apressada pelo porteiro e moveu-se ao lado da entrada, mostrando sem duvida que ela estava tentando se esconder quando ele se virou para Diane. —Eu estava errado. O cheiro do acasalamento é uma maldita bandeira vermelha agora.

—De dor. — Dagger grunhiu.

—Maldito. — Diane sussurrou ao lado dele.

Lawe podia apenas balançar a cabeça, esfregando seu pescoço e enviando uma pequena oração ao céu. Rule estava decidido a destruir a si mesmo e sua pequena companheira, ao que parecia.

—Vá. — Diane o persuadiu. —Quando um Casta está estranho, você sabe o que dizer melhor do que eu.

—Você podia vir comigo. — Ele pediu suavemente.

—Vá apenas você. — Ela acenou de longe. —Eu apenas irei convencê-la a ir comigo e chutar seu traseiro. Não é disso que ela precisa. Não se preocupe, eu esperarei aqui mesmo.

Curvando sua cabeça, ele roçou um beijo rápido em seus lábios antes de seguir Gypsy adiante, acenando ao porteiro quando ele se moveu para seu telefone perto da porta. Nenhuma dúvida que seu primeiro instinto seria ligar para Jonas Wyatt. Lawe realmente não achava que Rule precisava de Jonas cutucando seu nariz neste momento.

Gypsy estava ao lado da entrada, longe da vista daqueles do lado de dentro, amontoada nas sombras.

Parando, Lawe respirou fortemente antes de andar até ela, olhando quando ela depressa tentou esconder o fato que seu vestido estava ainda parcialmente aberto. Encolhendo os ombros em sua jaqueta, ele suavemente a tirou, puxando as extremidades juntas na frente.

Ela olhou para cima então, seus bonitos olhos verdes escuros brilhantes com lágrimas.

—Conte-me. — Ele suavemente disse, sua voz cheia de uma compreensão que ele temeu nunca ser suficiente para qualquer coisa que Rule fez com essa jovem mulher. —Que estupidez meu irmão fez desta vez? — Apenas roçando a pele suave sob sua mandíbula, ele a persuadiu a olhar para ele enquanto sorria suavemente. —Acredito que os cientistas podem tê-lo deixado cair de cabeça muitas vezes quando era bebê.

Ela não sorriu de volta nele. — Nenhuma estupidez. — Ela sussurrou ao invés. —Ele é só um homem.

—Um Casta. — Ele a corrigiu, achando isto uma omissão.

Ela balançou a cabeça lentamente, os olhos cheios de confusão e dor no peito.

—Não. — Ela negou, enquanto engolia. —Ele é só um homem.

O que quer que Rule tivesse feito, cortou profundamente na alma de sua mulher, tanto que Lawe realmente temia agora que consertar poderia ser impossível. Ele não feriu seus sentimentos, ele pensou, chocado; Rule cortou sua alma.

Esse simplesmente não era seu irmão.

Dos dois, Rule era o mais propenso a abraçar suas amantes. Ele ria com elas, brincava mais do que Lawe jamais fez. Ele nunca, a qualquer momento, feriu seus sentimentos.

—O que ele fez, Gypsy?— Ele perguntou a ela novamente, a persuadindo para confiar nele. —Talvez, o que quer que fosse, ele não teve a intenção de feri-la tão profundamente como obviamente o fez.

—Machucar-me?— Ela empurrou sua cabeça, olhando fixamente de volta para ele com uma surpresa. —Não me machucou, Enforcer, eu juro. Ele até se ofereceu para me levar para casa. Eu simplesmente preferi encontrar meu próprio caminho. Isto é tudo.

A mentira descarada fez seus lábios se enrolarem em outro sorriso, um que assegurou ser visto. Mas a agonia quente ia além de seu humor.

Quando ele a olhou fixamente com ar sombrio, seus lábios de repente começaram a tremer e ela levantou os dedos para acalmá-los.

—Eu quero ir para casa. — Ela sussurrou, e se sentiu tão perdida, que seu coração se rompeu totalmente e lembrou-se daquela noite há nove anos atrás, quando sussurrou estas mesmas palavras.

—Carl? — Ele chamou o porteiro.

—Sim, Enforcer Lawe?— Carl manteve distância, entretanto, olhava Gypsy preocupado.

—Pode pedir ao motorista para trazer meu carro, por favor? — Ele pediu ao porteiro.

—Sim, senhor. — Carl se moveu depressa para fazer o que ele pediu, repreendendo severamente onde o pessoal do estacionamento Casta estava quando um dos Enforcers precisava deles.

Então se voltou para Gypsy querendo encontrar uma maneira de consolá-la. Infelizmente, não havia muito que nem mesmo Diane pudesse fazer. O cheiro do acasalamento não era tão forte quanto sentiu em outros, mas estava lá. O toque de outro macho podia ser extremamente doloroso durante o calor do acasalamento. Ele não podia nem mesmo encostar delicadamente no ombro. Diane não podia usar aqueles abraços de mulheres que dava aos seus amigos.

Gypsy seria obrigada a ficar sozinha, sem conforto. E por isto, Lawe pensou, seu irmão merecia ter seu traseiro chutado.

 

Ela era virgem e Rule sabia. Ele foi seu primeiro, seu primeiro amante e sentia-se estúpida como inferno?

Usada.

Ela se sentia usada e abandonada.

Não desejada.

A humilhação era crua, tão malditamente impotente que ela não sabia como lidar com isto.

Ele saiu dela e exigiu que se fosse.

Ele a levaria para sua casa depois que tomasse banho?

Como se ela o tivesse deixado sujo.

Seu estômago se contorceu com o pensamento, lançando-se com tal agonia que ela perguntou se iria vomitar. A humilhação era vermelho vivo e sentia tanta dor que não sabia como suportava. Seus joelhos pareciam fracos, seu estomago apertava com ondas amargas. Ela apenas queria escapar. Fugir e encontrar uma maneira de se esconder.

 

Lawe estremeceu.

Deus, as emoções que a pequena companheira de seu irmão estava sentindo. Esta mulher delicada que deveria compartilhar a vida de seu irmão sentia tal agonia que apenas podia olhá-la em confusão.

O que Rule fez para machucá-la?

O que quer que tenha feito, a machucou de forma que nunca teria esperado, depois de seu acasalamento.

Seu carro parou junto à calçada, o Casta que o conduzia abriu passo para eles, seu olhar curioso quando percebeu o cheiro de Rule nela.

O Casta abriu a porta para ela.

—Vamos, Gypsy. — Cuidando para manter sua jaqueta entre seu toque e seu braço, ele a ajudou a entrar no carro, então se curvou e esperou até que ela finalmente girasse o olhar para ele miseravelmente. —Se precisar de um amigo, Diane e eu, nós dois, seremos seus amigos, eu prometo. Ligue se precisar de alguém para conversar. Às vezes, Castas, por sua natureza, podem ser incrivelmente estúpidos. Talvez, o que quer que ele tenha feito, não percebeu que machucou você.

Ela simplesmente movimentou a cabeça antes de se afastar, seus dedos se abriam e fechavam enquanto olhava para baixo.

Lawe balançou a cabeça, endireitou-se, então fechou a porta suavemente.

—Leve-a para casa. — Ele ordenou ao Enforcer, antes de seu olhar endurecer em advertência. —E se respirar uma palavra sobre seu cheiro, inclusive indicar, então responderá a mim. Entendeu?

O Enforcer respondeu sarcasticamente. —Eh, Breaker quer dizer que vai cortar meu próprio nariz, certo?

—Exatamente. — Lawe concordou. — Continue acreditando nisto. Terei uma equipe atrás de você e vou garantir a segurança. Não a quero por aí sem proteção enquanto Rule tem a cabeça no traseiro.

—Ou vai puxá-lo por ele? — O Enforcer sorriu antes de dar a volta e ir para o lado do motorista, entrando e um segundo mais tarde, o carro se afastava da calçada.

Lawe balançou a cabeça antes de retornar ao salão de entrada onde sua companheira esperava. Ele não pode evitar parar na frente dela e quando seu olhar foi para ele, ele segurou seu rosto, os lábios descendo suavemente aos dela para um beijo breve.

—Eu disse a você ultimamente o quão abençoado sou por ter você? — Ele perguntou a ela, adoração enchendo seus olhos.

Sua mercenária dura piscou para conter a emoção e as lágrimas que escapavam por sua declaração.

—E eu amo você, companheiro. — Ela sussurrou. —Com toda minha alma.

E seu irmão afastaria sua própria companheira? Viveria sem ela? Envolvendo o braço ao redor de sua pequena guerreira, Lawe a levou para o elevador e ao seu apartamento.

Talvez devesse ir ao seu quarto e chutar seu traseiro, mas decidiu esperar. Uma vez que Lawe deixasse a tranquilidade de seu quarto e fosse atrás dele, faria o que esteve fazendo desde que percebeu que Rule estava se fechando em si mesmo e evitando a conexão que compartilharam por tanto tempo.

A princípio, ficou apenas irritado por seu gêmeo abandoná-lo. Mas uma vez que percebeu por que Rule estava fazendo isto, fez mais sentido. Inferno, não queria que Rule sentisse o prazer que Diane dava a ele mais do que Rule queria sentir.

O vínculo estava ainda lá quando precisavam, então ele não se preocupou tanto sobre isto. Especialmente quando podia deslizar de volta naquele vínculo sem Rule saber, apenas para se certificar que seu irmão estava bem.

Por uma semana ele se preocupou. Então uma noite Lawe sentiu os instintos de Rule rugindo. Percebendo que seu irmão dormia, Lawe foi atrás do instinto animal de seu irmão, quase como se pedindo conselho.

Lawe viu a mulher, sentiu a necessidade do animal por ela, a negação de seu irmão e sorriu.

Animal sentindo animal, Lawe devolveu a impressão dizendo a Rule para aceitar, não importando sua resistência. Mas o animal de seu irmão, em seu subconsciente, fez alguma coisa que o fez retroceder?

Castas eram muito mais que um ser humano com algumas características acrescentadas. Eram ambos, humano e animal, e nem sempre em medida igual. O rosto humano podia saudar todo o dia, mas muitas vezes, Lawe sabia, até para ele, era o animal que ficava consciente à medida que dormiam, esperando por dificuldade, cuidando do humano.

Às vezes, os Castas com a genética mais forte eram quase como se o humano e o animal simplesmente compartilhassem o mesmo corpo. Ele frequentemente sentia isso em Rule. Apesar do controle de seu irmão, suas negações ao contrário, eram frequentemente sentidas pelo animal.

E se o homem de repente sentiu o que o animal estava tentando se esconder dele?

Ele sorriu ante isto.

Deus, acertou na mosca. Gypsy provavelmente pensava que seu irmão era um louco fodido. Ou pensaria quando passasse a dor.

E talvez, ele pensou, pudesse ajudar, fazer algo mais. Mas Rule se envolveu nesta bagunça e ele mesmo tinha que sair dela. Se fosse muito teimoso para aceitar que seu animal nunca aceitaria uma companheira fraca, então teria que sofrer até que percebesse a verdade.

Ou até que Lawe decidisse que já tinha sofrido o bastante e sentisse pena dele.

Ele esperaria até o dia seguinte, Lawe decidiu. Então decidiria se seu irmão merecia ajuda.

 

— Indo a algum lugar, Breaker?

Rule fez uma pausa do lado de fora do saguão do hotel, seu olhar estreitando quando uma brisa de fumaça de charuto alcançou seu nariz e Dane Vanderale saiu das sombras do hotel.

Zombaria enchia a expressão do híbrido, mas seus olhos estavam frios, duros. Como esmeraldas congeladas.

— Estou ocupado, Júnior. — Rule zombou, quase esperando que o canalha lhe desse a briga que estava caçando, desde que saiu do banheiro e percebeu que Gypsy tinha fugido.

Dane se encostou na lateral do hotel, segurando o fino e aromático pequeno charuto frouxamente entre seus dedos.

— Estou quase tentado a te dar o que está procurando, filhote. Você é um fodido idiota, não é? Eu não esperava isso de você. — Seu olhar não vacilou.

Rule soltou um severo bufo de riso.

— Eu sou um fodido idiota, é? — Ele perguntou ao outro Casta ironicamente. — Você realmente está doido por uma briga hoje à noite, não é? Que pena, não estou com humor para te dar o que está atrás.

— Não mais do que foi capaz de dar à sua bela companheirinha o que ela estava atrás. — Dane estalou a língua fazendo um tsc quando de repente Rule congelou com descrença.

— E você me chamou de fodido idiota? — Ele rosnou, sentindo, sentindo algo selvagem e animalesco se levantando tão perto da superfície de sua pele enquanto a fúria começou a ferver em seu sangue. — Ela não é...

Que porra é essa?

As palavras que teria vomitado em fúria ficaram trancadas dentro dele, um rosnado emergindo ao invés disso, como se uma parte dele se recusasse permitir que ele articulasse as palavras.

Isso não era uma parte dele. O instinto animal — o animal que residida logo abaixo da pele de repente estava enfurecido. Com ele.

Dane riu.

Um som baixo e selvagemente cruel que fez os cabelos na nuca de Rule arrepiarem em advertência.

— Sabe, Rule, senti sua marca naquela menina desde que ela tinha não mais do que quinze anos de idade. Enquanto estava de pé ao lado do caixão do irmão dela, a meros passos dela, o odor do animal que anda de um lado para o outro dentro de você a marcou, mesmo naquela época.

— Que porra de jogo está jogando, Vanderale? — Rule estava em frente ao rosto do outro Casta antes de perceber que estava se movendo.

Olho no olho, ele encarou de cara feia o homem que podia facilmente quebrar a espinha dorsal da comunidade Casta inteira se tivesse vontade, e ele não queria nada além de plantar seu punho na cara dele.

— Jogo? — Dane falou com voz arrastada como se a única ameaça que o estivesse colocando em perigo fosse o tédio. — Jogo nenhum, Breaker. Mesmo se você fosse estúpido demais para perceber que o animal andando de um lado para o outro dentro de você estava te mantendo fora daquela caverna na noite em que Jonas e as equipes do seu irmão a resgataram, isso não significa que os outros que estavam perto fossem tão estúpidos. Até seu irmão pegou seu cheiro naquela noite, e voltou-se para descobrir que você não estava em nenhum lugar próximo. Mas aquele animal dentro de você estava. Estava lá, vigiando sua futura companheira.

Aquela noite.

A noite que o irmão de Gypsy morreu e ela quase foi estuprada. Jonas e Lawe estiveram naquela caverna com ela. Cada vez que Rule tentou se juntar a eles, ter certeza que nada mais era necessário, algo o impedia. Retinha.

Ele se desculpou por isto, dizendo a si mesmo que a menina estava traumatizada demais para mais machos ficarem se aglomerando ao seu redor. No entanto, andou de um lado pro outro do lado de fora daquela porra de caverna...

Ele cheirou seu terror. O horror do que ela viu, do que aconteceu ou quase aconteceu com ela. Ele sentiu a agonia que gritava dela, e tinha rosnado por saber que nada podia aliviar isto.

— Ahh, lembra agora, não é, filhote? — Dane zombou.

— Eu não acasalei com ela. — ele soltou.

— Porque esse animal dentro de você se conteve, sabendo que você é babaquinha e estúpido demais para uma mulher tão valente e corajosa. — Dane sorriu como se achando prazer neste pensamento. — Vá em frente, filhote, corra. — Ele fez um gesto com os dedos para a estrada. — Vá jogar em outro lugar. Porque estou quase apostando que se você partir, então eu mesmo poderia ter uma chance de completar esse vínculo com ela. Eu poderia usar uma bela companheirinha como ela...

Como se de repente um espectador de suas próprias ações, Rule se sentiu como um homem assistindo à distância, com prazer, como o animal dentro dele explodia em uma fúria diferente de qualquer coisa que já conheceu. Antes do Casta, um dos mais poderosos que Rule já conheceu, poder antecipar sua ação, Dane se encontrou de bunda no chão, as pontas das garras afiadas como uma navalha que Rule não sabia que possuía antes desta noite, pressionando dentro da carne vulnerável, saboreando o sangue do Dane.

Rule podia ver o sangue manchando as garras. Podia cheirá-lo, porém estava razoavelmente certo que as pontas endurecidas enfiadas na garganta do Casta híbrido não estavam causando um dano fatal.

Não que Vanderale agisse como se desse a mínima. Ele ainda estava sorrindo com frio deboche brutal, apesar do cheiro de seu sangue no ar.

— Rule. — Foi o som da voz do seu irmão, uma vez o alfa que governou o pequeno bando em que Rule nasceu antes dos laboratórios serem derrubados, que penetrou seus sentidos.

Não estavam mais naqueles laboratórios.

E Lawe não era seu alfa.

Nesta questão, nenhuma porra de homem ou Casta, mandava nele.

O animal rosnou.

O som enfurecido e primitivo que rasgou de sua garganta dirigido a Dane, chocaria-o mais tarde. No momento, podia apenas deixar o animal reinar.

Dane realmente se encolheu ao ouvir o som.

Aquela reação, apesar de tão pequena e involuntária, era tudo que ele precisava.

Saltando atrás, Rule lutou com a selvageria montando dentro dele até que lentamente sentiu as garras retraírem uma vez mais, justamente quando as portas do saguão de entrada se abriram deslizando e Jonas, junto com seis Enforcers de aparência dura, pisaram na noite já avançada.

— Temos algum problema? — Jonas não fez nenhum movimento para demonstrar força. Não cruzou os braços na altura do peito largo, nem apoiou as mãos nos quadris ou olhou de cara feia.

Ele expressou a pergunta de maneira uniforme enquanto a prata em seus olhos rodava como nuvens de tempestade se preparando para estourar.

— Ah, irmãozinho. — Dane ficou novamente de pé, tornando a acender aquele maldito charuto. — Veio para me salvar?

Dane estava seriamente divertido agora. E isso era perigoso. Até mesmo o animal dentro de Rule recuou para uma distância segura até que pudesse averiguar o próximo movimento do híbrido.

Jonas grunhiu ante a pergunta.

— Na verdade, Dane, acho que seja o que for que fatiou sua garganta devia ter ido por sua língua. — Virou-se para Rule então. — Qual é o seu problema, porra?

— Malditos Castas intrometidos. — Rule rosnou, recusando-se a recuar. — Dê o fora da porra dos meus negócios.

— Sua pequena companheira fugiu. — Dane disse com voz arrastada, embora agora mantivesse um olho atento em Rule. — Aos prantos. Senti o cheiro delas mesmo quando ela passou correndo pelo saguão de entrada antes. Recentemente acasalada, magoada e assustada. Envergonhada. — Ele girou para Lawe. — Desculpe, Justice, mas aquela sua jaqueta que colocou sobre os ombros dela não fez nada para diluir o aroma do Casta que a marcou.

— Não existe porra de marca nenhuma. — Rule rosnou.

Dane deu um debochado sorrisinho de desdém, mas foi a reação do Lawe que segurou Rule. Seu irmão franziu o cenho de volta para ele como se estivesse decepcionado.

— Eu não a marquei. — Rule balançou a cabeça. — Eu saberia se a tivesse mordido, droga.

— Você fez alguma coisa. — Lawe assegurou a ele então, e se havia uma coisa que Rule sabia que seu irmão jamais faria, seria mentir para ele. — Estava fraco, Rule, mas o aroma do acasalamento estava lá. E o Casta que a levou para casa reportou que o cheiro só ficou mais forte depois que ela partiu. Seja o que for que fez, ela está no Calor do Acasalamento.

Ela estaria com dor.

Ele não a satisfez completamente. Não o suficiente para acalmar o fogo que começaria a queimar nela.

Esfregou sua língua nos dentes para acalmar aquela tênue irritação...

E congelou.

As glândulas não estavam inchadas, não estavam realmente sensíveis, mesmo assim estavam lá. Um leve gosto de calor doce que não conseguia identificar direito. Uma desconhecida sensibilidade.

Ele balançou a cabeça bruscamente.

Que porra estava acontecendo?

— Ele não acredita que marcou sua pequena companheira quando ela não era mais do que uma criança. — Dane falou com voz arrastada então, dirigindo o comentário à Jonas.

Rule observou como o olhar de Jonas se desviou para Dane antes dele balançar a cabeça cautelosamente, advertindo o híbrido de dizer mais alguma coisa. Entretanto, a verdade estava nos olhos do diretor quando se encontraram com os de Rule novamente.

— Eu não a toquei. — Rule retrucou quando se virou para Dane de novo. — Por que porra de monstro você me toma para sugerir que eu tocaria em uma criança de tal forma?

Surpresa cintilou nos gelados olhos verdes.

— Não acredito que você acasalou com ela. Eu disse que você a marcou. Que achou uma maneira de ter seu cheiro nela, e isso ficou preso. Justamente como a natureza pretendia que fosse feito.

— O inferno...

— Você deu à fêmea Enforcer de presente sua camisa para colocar nela enquanto nós tiramos aqueles Coiotes do corpo dela. Você recolheu seu cobertor e o entregou para a Enforcer que o levou para ela. — Jonas interrompeu. — Ele não está mentindo, Rule. Até eu senti sua reclamação nela naquela noite.

Rule sacudiu a cabeça em confusão.

— Eu só a vi por um momento.

Todos viraram para ele a seguir.

— Quando? — Foi Lawe quem fez a pergunta de forma rude. — Nunca entrou na caverna fora daqueles primeiros instantes.

— O inferno que eu não estava. — Rule rosnou de volta. — Estive lá tempo suficiente para que o cheiro de sua dor fosse como um insulto aos meus sentidos. Foi minha arma que disparou, junto com a de Jonas, que matou Grody. Vi o que iam fazer com ela. Acha que fiquei do lado de fora da caverna? Que não sou inteligente suficiente para saber como orientar a limpeza e manter meu olho no que diabos estava acontecendo também?

Ele disparou antes de sequer processar o que estava acontecendo.

Aquele enorme fodido Coiote esteve entre as coxas da criança enquanto ela gritava por seu irmão. Aqueles entrecortados gritos de raiva e dor arrancados dela foram mais que o animal dentro dele podia permitir. Dois outros a seguravam por baixo enquanto mais dois esperavam atrás do seu líder para ter sua vez com ela.

Rule mal se lembrava daqueles momentos. Vendo o horror disto, o cheiro de sua dor e medo, o cheiro agonizante de seu sentimento de culpa e terror que se envolveu em torno dela como um cobertor vivo, enfureceu-o.

Ele removeu os dois Coiotes antes dos outros tiros serem disparados.

— Inferno, nem sequer percebi... — Jonas balançou a cabeça, encarando Rule como se o visse pela primeira vez. — Quando percebi a primeira vez que ela foi reivindicada, nem eu sabia que era você durante algum tempo.

— Não fiz a porra da reivindicação dela. — Ele disparou. — Ela era uma criança.

Pelo que o tomavam, afinal?

Rule arranhou aquela irritante coceirinha embaixo da sua língua por esfregar seus dentes nela novamente.

Foda-se isso.

Ele teve o bastante.

Ele girou, caminhando a passos largos para entrar no estacionamento e rumo à área segura onde deixou o Dragoon que dirigiu na noite passada.

— Onde está indo, caralho? — Era Lawe, movendo-se ao lado dele, quem se atreveu a lhe fazer essa pergunta.

Rule parou tempo suficiente para soltar um grunhido.

— Chegar até a porra da minha companheira.

Sua companheira?

Para garantir que o canalha cacarejante sul africano com vontade de morrer não cometesse o erro de tocar o que não era seu para tocar. Porque a morte do Dane podia trazer a Jonas mais problemas do que ele causava ao diretor respirando.

— Pode ser tarde demais, Rule. — Seu irmão pegou no seu ombro, forçando-o a parar, apesar do animal rosnando dentro dele. — Escute-me, droga, não sei o que fez a ela, o que disse a ela, mas a mulher que partiu daqui hoje à noite não era a mulher que subiu com você. O que quer que tenha acontecido, ela estava... — Lawe bufou grosseiramente. — Foi como se você tivesse quebrado alguma coisa.

O maxilar de Rule enrijeceu.

— Ela ainda é a mesma mulher. Eu não quebrei nada, caramba. Ela está puta.

— Ela não está puta. — Lawe negou em confusão. — Você a mudou, Rule. Você tomou algo dela, e não sei se pode consertar isto.

Empurrando para se livrar do aperto do seu irmão, ele soltou um grunhido insatisfeito antes de virar e se mover mais depressa do que antes para o Dragoon. Lawe estava errado, ele tinha que estar errado. Gypsy o perdoaria, ela não tinha escolha.

Ela era sua companheira.

 

O Desconhecido a treinou uma vez que percebeu que não podia controlá-la. Enquanto Gypsy andava até a janela que dava para a casa de seus pais, teve apenas segundos para se admirar com o instinto que usaram para prepará-la para qualquer eventualidade. Porque os Castas estavam espreitando ao redor de seu apartamento como espectros nas sombras.

Puxando rapidamente o telefone por satélite armazenado seguramente num bolso escondido em seu vestido, ela discou o número de seu contato.

— Whisper? — Ele respondeu antes de completar o primeiro toque.

— Extração necessária na residência principal. — Suavemente solicitou. —Classificação de importância como imediata.

— Negativo. Extração negada.

Negada?

Ela não podia ter ouvido corretamente.

— Os Castas estão cercando a residência principal. — Ela lutou para falar, sua garganta apertando próxima ao medo. — Imperativo a extração.

— Extração negada, Whisper. — Ele respondeu novamente, desta vez, mais suavemente. — Você dormiu com Ruler. Você está marcada como sua companheira.

Ela estava apenas ciente de sua cabeça balançando devagar, a negação rasgando seus sentidos, ao saber que nenhuma extração estaria chegando.

— O que?...

— Você foi informada que não haveria amante por uma razão. Tomar um amante humano o prejuízo dele poderia prejudicá-la. Um amante Casta, as chances de se tornar acasalada e dar a este amante completa lealdade seria extremamente alta. Esta é a última vez que este número será atendido.

— Você prometeu. — Ela replicou, com a voz rouca. — Disse que nunca me abandonaria...

— Disse que sempre ouviria meu correio de voz. Você não apenas tem um amante, Whisper. Certificou-se que eu não pudesse interferir. Não com um companheiro Casta. — Ele a informou, sua voz suave, entretanto sem clemência. — Os Castas vindo até você foram enviados por seu amante. Nossa proteção não é mais necessária.

A linha desconectou.

Gypsy não parou para pensar.

Em questão de segundos o vestido estava jogado em sua cama numa pilha de rico material, enquanto cavava ao lado de seu colchão e puxava o aderente traje negro com o qual costumava deslizar pela noite, quando não queria ser vista.

Puxando o material resistente da calça aderente e camisa de manga comprida, deslizou o bloqueador de cheiro de um bolso escondido, enfiou-o rapidamente debaixo da língua, e esperou que tivesse tempo suficiente para isto fazer efeito.

Estava rezando para que eles não estivessem esperando que deixasse o apartamento, e não estivessem vigiando-a. Se estivessem, bem treinados como eram, então suas chances de escapar seriam limitadas. E estava apostando que eles a estariam vigiando.

Foi por isso que Rule a deixou?

Ele de alguma maneira sentiu ou cheirou algo que a entregou? Ela de alguma maneira conseguiu deixar seu cheiro atrás na noite em que vasculhou o quarto dele? O que quer que tenha feito, se fez alguma coisa, não haveria nenhuma dúvida, nenhuma chance que não poupariam esforços para levá-la agora, se fosse realmente companheira dele.

Ela ouviu sussurros de acasalamento, embora não desde que Jonas Wyatt e seus homens chegaram a Window Rock.

Acasalar era para sempre, isto foi informado. Uma necessidade sexual incrível, uma fome cega e lealdade completa. Nem uma única esposa dos Castas, amante ou chamada companheira já entregaram os segredos dos Castas para alguém disposto a contá-los.

Cada uma caía facilmente sob o feitiço de seu Casta.

Ela tinha certeza como o inferno que não facilitaria isto para eles. Sairia de lá e sairia rápido. Nunca dependeu de seu contato ou dos Desconhecidos para garantir sua segurança. Mark a ensinou muito bem. Ele morreu aguardando ajuda, esperando extração. Sempre jurou que nunca cometeria o mesmo erro.

Menos de um minuto mais tarde, estava se movendo silenciosamente para baixo nos estreitos e empoeirados degraus fixados entre as paredes, um pequeno acesso escondido que seu irmão mostrou-lhe na antiga loja, quando era apenas uma adolescente. Esta era a razão por que ficou no segundo andar do apartamento em vez do primeiro. Não havia nenhum acesso para a escada no andar térreo. E nenhuma maneira de saber que guiava a um pequeno túnel que saia na mesma ruela, onde a única outra pessoa que poderia ajudá-la vivia.

Cullen vivia em uma casinha no fim da rua, seu quintal protegido a menos de três metros da saída.

Seu contato lhe disse uma vez que se alguma vez estivesse em dificuldade, sem nenhuma maneira de contatá-lo ou, por qualquer razão, pouco disposta a contatá-lo, Cullen a ajudaria. Além disso, Cullen era chefe dela, e sabia que gostava dela. Seguramente não viraria as costas para ela também?

Mas não era realmente apenas o que merecia?

O pensamento distante fez a respiração dela engatar num soluço.

Nunca pagou por levar seu irmão a uma armadilha, não realmente. Não como esperava. Isto era sua penitência ao invés disso? Perceber isto apesar dos anos tentando garantir lealdades, falhou ao nível mais elementar e estava exatamente tão sozinha, como esteve na noite em que permaneceu na escuridão observando os pais dela lhe virarem as costas?

Se fosse seu castigo, aceitaria isto. Não podia lutar com o que não podia ser mudado.

Mas Deus, seguramente haveria alguém em que pudesse confiar.

Ela conhecia Cullen, e confiava nele.

Neste momento, não tinha nenhum outro lugar para ir. O Desconhecido a considerou comprometida, Rule a descartou. Ele não estava enviando os Castas para protegê-la. Para mantê-la talvez, mas não protegê-la. De alguma maneira, deve ter se traído, isso era tudo o que deve ter acontecido. Não havia nenhuma razão para os Castas estarem cercando seu apartamento, que não fosse prendê-la por alguma razão.

Não leu nada nas Leis dos Castas sobre quaisquer estatutos contra fugir do Casta imbecil que não sabe como ser um amante.

Subindo silenciosamente o barranco acima do bueiro para onde o túnel levava, ela verificou a área rapidamente antes de fazer seu caminho pela linha das árvores que cercavam a casa de adobe de Cullen.

A casinha era imperceptível. Era a casa de um solteirão, mas Gypsy sabia coisas sobre aquela casa que duvidava que qualquer outro soubesse. As coisas que seu irmão lhe contou sobre as formas dentro e fora dela, e um labirinto de cavernas escondidas embaixo dela. Não tinha dúvidas que Cullen estava bem ciente deles também.

Não era a única casa na cidade com acesso escondido, ou túneis escondidos. Não era a única casa com uma história, e seu irmão tinha, por alguma razão, se certificado que soubesse sobre todos aqueles que conhecia.

Movendo-se lentamente para a parte de trás da casa, manteve os olhos constantemente em movimento, observando as sombras em que pairava dentro, certa de que ninguém estaria vigiando-a lá, mas pouco disposta a se arriscar.

O suor escorria ao longo do seu corpo, por baixo do tecido aderente que usava. O incomum calor do verão encharcava sua pele e em seu couro cabeludo muito mais rápido do que o habitual. O tecido parecia coçar contra sua carne, a excitação que Rule deixou queimando em seu corpo a atormentava agora. O fato que não podia apenas ignorar estava a emputecendo também.

Ela queria odiá-lo.

Lágrimas ameaçavam transbordar dos olhos dela, quando parou próxima a uma das grandes árvores na extremidade da casa. Forçando-se a recuperar o fôlego por um segundo, observou a área cuidadosamente, desesperada, procurando por um pequeno sinal de Cullen.

Ou de qualquer Casta que pudesse tê-la seguido.

Nada se movia, apenas uma leve brisa. Nada podia ser ouvido, apenas o tráfego escasso, várias ruas acima, e os grilos que gorjeavam brincando entre as folhas das árvores.

Passando a mão nos quadris, deslizou o telefone por satélite de seu cinto e ativou-o silenciosamente para chamar Cullen, antes de forçar-se sobre ele.

— Não há necessidade de ligar. Estou aqui mesmo.

Uma voz baixa e enganosa de macho a fez abaixar-se rapidamente e mover-se para o outro lado das árvores, enquanto sacava a arma do coldre.

— É Cullen, Gypsy. — Ele sussurrou.

Saindo de trás da árvore, cautelosamente ela o enfrentou, suas emoções desiguais, medo, raiva e desespero a preenchendo.

— Estou sendo caçada. — Ela sussurrou. — E me foi negado extração por alguém que tenho ajudado. Disseram-me uma vez que você poderia ajudar... — Mas não se o próprio Desconhecido a rejeitou.

Sua voz estava muito áspera, as lágrimas que continha muito perto de cair. Foi traída pelo amante por quem tinha desistido de vingar-se, e pela pequena seita de guerreiros a qual dedicou sua vida durante nove anos.

O que havia perdido?

— Vamos. — Ele passou por ela em direção à porta dos fundos. — Sabia que iria acabar aqui quando recebi o relatório daqueles Castas, posicionando-se em torno da loja. Farei um café e poderá me dizer o que diabos está acontecendo.

Puxando o decote de sua blusa preta antes de esfregar seu ombro e a irritação do material, ela o seguiu silenciosamente até que estavam seguros, trancados do outro lado da porta. A sala em que entraram era sombreada e fresca.

Ele não acendeu nenhuma luz, mas estava muito mais fácil de enxergá-lo agora. Moveu-se pela cozinha em que entraram, antes de parar na cafeteira e ligá-la. O som da água quente fluindo no filtro, assim como o cheiro de café alcançou seus sentidos.

— Você tomou um dos bloqueadores de odor? — Ele perguntou, ainda de costas para ela.

— Sim. — Respondeu, olhando em torno da cozinha curiosa. — Vim pelos túneis, mas a entrada para eles deve estar segura.

Na maior parte, a casa de Cullen era desprovida de personalidade. Os eletrodomésticos normais estavam lá, mas pouco decorada com exceção de uma pequena fada de cristal e um punhal de quinze centímetros, com um cabo de madrepérola assentado no pequeno balcão entre a cozinha e área de estar escura.

— É seu apartamento. — Ele encolheu os ombros. —Seu cheiro penetrou nele de qualquer maneira. Sua fuga deveria ter sido indetectável se alguém entrasse nele.

Voltando-se para ele, ela franziu o cenho para o comentário.

— Se? Por que estariam lá se não fosse por mim? Eles estavam cercando o lugar como a SWAT ou algo assim.

Ele grunhiu para isto.

— Estavam lá numa capacidade de vigilância apenas. Acredite-me, se estivessem lá para levá-la, você não os teria visto antes deles estarem no apartamento. A ameaça não era dos Castas enviados para cuidar de você, é do Casta que deve estar chegando em sua casa no momento em que perceber que fugiu dele. A equipe de segurança foi enviada para protegê-la até que ele consiga tirar a cabeça fora do rabo dele.

O coração dela saltou em seu peito.

— O que quer dizer com isto?

Escolhendo duas xícaras do armário, ele despejou café nelas antes de pegá-las e voltar-se para ela, movimentando a cabeça em direção ao balcão.

— Sente-se. Temos que conversar.

Ela de repente sentiu-se como uma adolescente sendo repreendida severamente pelo diretor. Nem ao menos experimentou isto na escola.

— Por que os Castas estão cercando minha casa, Cullen? — Perguntou enquanto deslizava num dos altos bancos e empurrava o cabelo atrás, que tinha caído sobre seu ombro.

Ela não teve tempo nem de trançá-los antes de fugir. Ainda estava pendurado em suas costas numa profusão de cachos cuidadosamente arrumados, com a frente e os lados caídos de onde estavam presos no topo de sua cabeça.

— Isto é uma porra de uma bagunça. — Cullen suspirou asperamente, enquanto erguia a xícara, fazendo uma pausa em seus lábios, quando a diversão flamejou em seu olhar. — Divertido, mas uma porra de uma bagunça.

Os olhos dela estreitaram com a arrogância casual em sua voz.

— E o que acha tão malditamente divertido? — Inclinando-se para a frente, os antebraços apoiados no balcão, enquanto seu olhar estreitava sobre ele, Gypsy prometeu a si mesma que não lhe diria que completo idiota estava sendo.

— Você me diverte. — Uma vez que fez aquele comentário enigmático, a xícara tocou seus lábios e ele sorveu o líquido quente.

Não parecia ter nenhuma pressa para dizer exatamente que porra era tão divertido à custa dela, entretanto.

Enquanto retornava a xícara para o balcão, ainda observando-a silenciosamente, Gypsy recostou-se em seu banco, sua cabeça balançando para o lado.

Cruzando os braços sobre os seios, ela observou-o furiosamente, esperando e sem nenhuma paciência.

Ele simplesmente olhou para ela com um toque de sorriso em seu rosto.

— Que tipo de jogo está fazendo comigo? — Ela perguntou a ele, a suspeita começando a aumentar dentro dela. — E por quê?

Ela o conhecia há anos, trabalhou com ele na Agência de Polícia Secreta Navajo pelos últimos anos. Ele foi amigo de seu irmão, entretanto não chegou à Window Rock até depois da morte de Mark. Rapidamente se tornou amigo de seus pais, dela e de Kandy. Sempre soube que ele era arrogante, mas esta diversão fria e impiedosa não tinha visto nele antes.

— Nenhum jogo, Gypsy. — Ele prometeu, dando-lhe um sorriso rápido enquanto levava a xícara de café até os lábios uma vez mais e bebia. Abaixando-a, recostou-se também. — Meu intento é apenas fazer o que puder para ajudá-la. Sabia que Mark era um informante para um grupo não identificado que ajudava os Castas, e o admirava muito por isto. Da mesma maneira que sempre suspeitei que você fosse também.

Bem, ele apenas sabia um monte de nada.

Pelo menos, de acordo com ele.

— Você não é parte deste grupo, então? — Ela perguntou, esperando que fosse parte disto, apenas para sua própria segurança.

— Não faça perguntas. — Sua voz endureceu, assim como seu olhar. — Vai apenas desperdiçar nosso tempo, e não temos tempo antes que aquele Casta do qual fugiu a encontre.

— Tomei o bloqueador de odor. — Sua cabeça estava balançando antes dela poder detê-la.

— Há casos que o bloqueador de odor não funciona. — Ele a informou, sua voz ainda tão dura quanto pedra, seu olhar glacial. — Duvido muito que esteja funcionando agora. Qualquer Casta que chegue dentro de uns quatrocentos metros deste lugar saberá que a companheira de um Casta está nas redondezas, uma vez que pegue o cheiro do Calor de Acasalamento, que estou certo que está emanando de você no momento. No máximo, podemos ter uma hora antes que ele chegue, simplesmente porque deve levar este tempo antes de uma equipe passar por aqui. Se tivermos sorte.

Se tivessem sorte.

A irritação em sua carne estava piorando, ampliando ainda mais no tempo em que estava lá. A excitação que Rule deixou queimando dentro dela, não apenas ainda estava lá, como também estava muito pior do que estava antes dela deixar seu apartamento.

E leu sobre aqueles sintomas no passado, nos tabloides e jornalecos de fofocas que contavam as histórias ultrajantes do Calor de Acasalamento dos Castas.

— O que está acontecendo? Calor de Acasalamento deveria ser um rumor, nada mais. — Isto realmente poderia ser o que estava acontecendo dentro dela? Poderia sentir uma diferença em seu corpo que não fazia sentido, uma estimulação e a necessidade física por ele. Mas isto não deveria ser real...

Podia não ter muita experiência em excitação ou sexo, mas até mesmo ela sabia que não deveria ficar tão dolorosamente excitada sem uma razão. E deixou sua razão no chuveiro depois que ele pulou fora, enquanto adoecia por ele.

— Existiram outros casos em que o bloqueador não funcionou? Vasculhei a suíte dele algumas semanas atrás; ele pode ter de alguma maneira ter percebido que estive em seu quarto? — Ela sondou quando ele não respondeu. Não havia nenhuma chance de Rule saber que trabalhava com o Desconhecido, mas podia de alguma maneira ter descoberto que esteve no quarto dele.

— Duvido que tenha uma pista. — Aquele brilho de diversão curiosa. — Se tivesse, então certamente não a teria levado para a cama. Ao invés disso, a teria entregue para os crimes contra as Lei dos Castas. — Olhando rapidamente em seu relógio. — Acho que você tem talvez uns quarenta e cinco minutos agora.

Ele não estava ajudando-a.

— Então se estamos com pouco tempo, talvez deva me dizer se sou a companheira perfeita dele. — Ela zombou. — Por que estou aqui ao invés disso? Por que estaria me procurando, quando foi ele quem me rejeitou? — Sua respiração falhou involuntariamente quando a dor a espreitou, engrossando a voz dela, forçando as lágrimas mais para perto da superfície. — Como foi que estraguei tudo, Cullen?

A surpresa registrou-se no rosto dele, enquanto a simpatia enchia seu olhar agora.

— Está sempre tão certa de que é a única que bagunçou tudo. — Ele disse suavemente. — Não fez nada errado, Gypsy. Talvez finalmente tenha percebido que há mais na vida que vingança, quando dormiu com seu Casta.

Se fosse isso, então descobriu rapidamente somente o quão errada estava, não é?

Esfregou os braços nervosamente, a sensibilidade aumentando enquanto sentia a desconfiança elevando-se dentro dela. E talvez até uma pontada de medo.

— Como sabe...? — Ela parou de falar bruscamente quando a expressão dele ficou sombria imediatamente.

— Que você é a companheira dele? — Ele interrompeu. — Sei por que de repente você tem duas equipes de Enforcers Castas que Jonas Wyatt mal pode se dar ao luxo de colocar em vigilância, numa garota baladeira sem importância, e acredite-me, garotinha, o Comandante Breaker não estará muito atrás. E sei por que vários Castas que estiveram em contato comigo, notificaram-me imediatamente que pegaram o cheiro dele, enquanto você passava por eles quando deixou o hotel.

— Por quê? — Ela clamou, a raiva cheia de dor que ardia dentro dela ateou fogo em suas emoções, sua negação. — Por que diabos ele viria atrás de mim? Ele não me quis, Cullen.

— Você é a companheira dele. — Ele se inclinou para a frente atentamente. — Ele pode estar chocado, surpreso. Pelo que entendo disso, a maioria dos Castas não lidam com a fase inicial do acasalando melhor do que seus companheiros humanos, mas isto não levará muito tempo para aquele territorial animal possessivo do caralho dentro dele, se convencer que não há uma chance de que possa realmente deixá-la ir.

Sua companheira. Isto não podia ser possível. As histórias eram distorcidas, muitos insinuavam que era uma depravação, com atos sexuais que Gypsy simplesmente não podia acreditar.

As histórias que os tabloides tinham supostamente provado, não tinham nenhuma base. Elas ainda abundavam. Com cada compromisso ou casamento entre um Casta e sua companheira, as histórias incendiavam novamente por um dia ou dois antes de definharem.

Não podia acreditar que isto fosse verdade. Era tão improvável, certamente era impossível.

— Pare de balançar a cabeça. — Ele ordenou bruscamente. — Não pensou que pudesse existir um grão de verdade nos rumores dos tabloides?

— Impossível. — Saltando do banco de bar, ela o enfrentou, furiosa agora, lutando para negar o que ele estava sugerindo. — Acredite-me, se o acasalamento existe, então eu não estaria sentada aqui com você, Cullen, ainda estaria na cama com ele.

Não havia como negar o que aconteceu. Ele sabia que tinha dormido com Rule. Evidentemente tinha um contato Casta bem confiável afinal, apenas esperava que, um delirante.

Gypsy o observou cautelosamente agora.

— Se tem um contato Casta, então por que não lhe pediu para vasculhar aqueles quartos?

Cullen franziu o cenho.

— Evidentemente quem quer que eles sejam, não confiaram em mim o suficiente para contatar-me relativo a isto. Sou apenas um reforço para eles. Nada mais. E meu contato dentro da organização de Jonas é uma manobra muito inteligente, que suspeito habilitou-se para ganhar seu próprio contato dentro da comunidade de Aplicação da Lei.

— Por que você? — Ela o observou cuidadosamente, perguntando-se agora quão longe realmente poderia confiar nele.

— Sou chefe da Divisão Secreta da Aplicação da Lei, Gypsy. Que outro teria as informações que eles precisam quando se trata de alguma atividade secreta na área?

E ela sabia disso, realmente sabia.

Erguendo a mão para a testa, podia sentir a transpiração acumulando lá, enquanto seus sentidos continuavam a se revoltar, enquanto a estimulação apertava seu sexo e lançava os fluidos de sua excitação.

— Gypsy, seja para quem quer que esteja espionando, pode ser muito perigoso. Pelo que entendi disso, Jonas já suspeita de seu envolvimento, apesar de Rule ter lutado com ele sobre isto. — Disse-lhe severamente. — Não permita a qualquer um deles ter certeza disso. Pode ser muito mais perigoso do que imagina. — A extremidade dura e fria na voz dele a fez observá-lo mais de perto.

— Sim, vou apenas retirar anúncio disso. — Ela olhou atrás nele.

Ele bufou nisto.

— Os Castas têm um modo de convencer suas companheiras a confiar em tudo sobre eles. De confiar em suas habilidades de manter seus segredos. Mas acredite-me, Jonas tem uma maneira de descobrir isso tudo e usar todos para seus próprios fins. Quem quer que esteja por trás da proteção dos Castas aqui na nação, não gostaria que fodessem com eles. Eles têm um jeito de se tornar brutais.

Eles tinham cortado a língua do informante que ajudou os Coiotes a identificar seu irmão. Seus pais receberam a carta que foi deixada dobrada no bolso do homem morto.

Nós, aqueles que não falam, tomamos a vingança pela morte de seu filho, a dor que preenche sua filha, e a perda que sua família agora sofre. Saiba que o trabalho de Mark, sua dedicação e compromisso com nosso povo nunca será esquecido, nem sua família. Durmam bem quando a escuridão cair, e saibam que somos as pessoas que agora permanecerão de guarda sobre aqueles que vocês amam, para garantir que este mal nunca mais tire de vocês aqueles que mais amam.

Mas nada poderia devolver Mark, nada poderia apagar a parte dela nisto e nada poderia apagar o fato que traiu sua família novamente, quando jogou tudo fora por um Casta, por quem adoeceu ao ponto de que ele tivesse que pular fora dela e correr para o chuveiro.

— Jurei que não diria a ninguém qualquer coisa quando comecei a trabalhar com eles. Não que eu saiba alguma coisa para dizer a alguém. — Ela falou furiosamente. — Mas, ainda que soubesse, definitivamente não diria a Rule Breaker.

Ela não tinha nenhuma intenção de falar com aquele filho da puta novamente, muito menos dizer-lhe nem ao menos uma única de suas suspeitas.

Ele olhou para o relógio novamente e olhou para ela.

— Ele a localizará aqui, Gypsy. Logo. Os Castas nunca deixam suas companheiras permanecerem desprotegidas.

— O que eu faço? — Seu coração disparou de medo.

Não podia enfrentá-lo novamente. Não tão cedo.

— Aqui está o que sugiro que faça. — Ele se inclinou para a frente atentamente. — Deslize de volta para fora daqui e volte para seu apartamento. Se ele ver este pequeno e escorregadio traje que está usando, ou perceber que tomou um bloqueador de odor, então você está frita, bebê. Ele vai saber que é a espiã que está procurando. Aqui. — Alcançando o bolso dianteiro de sua camisa, puxou uma pequena pílula, igual ao bloqueador de odor. — Dentro de quinze minutos isto inverterá o bloqueador e deixará seu sistema limpo. Tome isto agora.

Ele colocou isto na frente dela, observando-a com diversão repentina uma vez mais.

— A menos que se importe de não confiar em mim.

Ela tomou a pílula cautelosamente, colocou-a em sua língua e deixou-a começar a dissolver. Quando isto repartiu corretamente, ela lavou-a para baixo com o restante do café antes de respirar fundo.

— Você está me lançando aos lobos, não é? — Ela perguntou então.

Ele não iria ajudá-la a fugir de Rule.

Se Rule estivesse mesmo vindo até ela.

— Na verdade, aos leões. — Ele a corrigiu, um peculiar sorriso permeando seus lábios, enquanto a observava com curiosidade. — Estou confiante de que isto é para seu bem, entretanto.

— Oh, eu estou certa de que está. — Colocando a xícara de café no balcão cuidadosamente, olhou para ele. A raiva que queimava dentro dela estava muito mais forte do que deveria estar. Muito mais forte do que normalmente teria estado. Porque normalmente, sentiria que tinha uma escolha. Neste caso, Cullen a lembrou que não tinha escolha. E aquilo a enfurecia.

Até mais exasperante era o sentimento de que, de alguma forma ele estava tentando manobrá-la exatamente para onde Rule queria que ela fosse.

— O que você fez para o grupo que trabalhou foi muito louvável, Gypsy. — Ele disse então, sua voz gentil e suave. — Permita-se viver agora. Você merece isto.

Sim. Certo.

Enquanto olhava fixamente para ele, a raiva repuxando seus lábios apertados, a suspeita transbordando em pensamentos que não estavam ficando subjugados com a necessidade sexual em fase crítica.

— Mereço? Se mereço ou não, parece que não trabalharei mais com eles de qualquer maneira. — Apesar da gentileza em sua expressão, não havia nenhuma clemência na intenção sombria no olhar dele.

Oh sim, definitivamente ela tinha suas suspeitas. Não as revelaria, não agora. Seria muito melhor guardá-las para o momento certo.

— Vá para casa. — Ele a persuadiu. — E em um mês, se ainda quiser fugir, eu mesmo a ajudarei.

— Um mês? Por que um mês? — O que este período de tempo teria a ver com qualquer coisa? Que jogo ele estava fazendo com Jonas Wyatt e com ela?

— Você me dirá em um mês. — Erguendo-se de pé, ele a observou com aquele olhar calmo, aquela insinuação de artifício. — Descanse, Gypsy. Considere isto pequenas férias, apesar do agravante de seu Casta. Você ganhou isto.

Ela ganhou? Por que não sentia como se tivesse ganhado?

— Vá para casa, Gypsy.

Vá para casa?

Ela não pensava assim.

Haveria muitos Castas lá. Um a mais, sem dúvida. E aquele, ela não poderia aguentar ver novamente.

Mas deixou a casa de Cullen. Ela o deixou até mesmo observá-la desaparecer na tempestade esgotando-se e deixou-o pensar que estava indo para os túneis e retornando ao seu apartamento.

Mas se era onde Rule tinha a intenção de estar, então Gypsy tinha a intenção de estar bem longe de lá tanto quanto possível.

Uma vez dentro do túnel, se virou para outro caminho escuro. Lá, enfiado dentro de uma fenda e descansando na borda estreita, estava um pacote com cheques e moedas. Várias mudas de roupa, uma arma, um telefone por satélite, dinheiro e as chaves da poderosa motocicleta preta que mantinha escondida para o caso de emergência.

Isto era definitivamente uma emergência, ela decidiu.

Do pior tipo.

 

—O que quer dizer com ela não está no apartamento? — Até o animal que estava caminhando erraticamente dentro dele fez uma parada imediata para olhar fixamente o Casta azarado o suficiente para ter que dar a ele aquelas informações.

—Usamos sensores de calor e infravermelho, Comandante. A irmã está no apartamento de baixo, dormindo. O apartamento superior está vazio. — O Lobo, Cole Dagger, estava de pé relaxado, mas em guarda enquanto seu olhar escuro se mantinha estável apesar do grunhido que Rule foi incapaz de conter.

—Está certo que é Kandy no apartamento de baixo e não Gypsy? — Rule queria ter certeza. Ele segurava sua raiva por um fio.

E seu medo.

O medo que a tivessem levado.

Que pudesse ser tomada.

Que um bisturi pudesse cortar sua delicada pele enquanto ela gritava até que sua voz sumisse, até que seu cheiro fosse uma neblina vermelha de agonia no ar ao redor. Graças a ele, apesar de sua cautela, sua vigilância constante contra entrar em contato com sua companheira. Apesar de todas suas precauções, ele falhou.

—Comandante? — Cole chamou, em tom de cautela. Não tinha medo, mas sem duvida em sentido de alerta máximo.

—Rule, afaste-se. — Lawe parou próximo a ele, chamando atenção de Rule ao fato que estava olhando para o lobo com insistência quando sentiu a presença de seu irmão, sem importar onde poderia estar no mundo.

Naquele momento, a mão de Lawe caiu sobre seu ombro apesar do desconforto que sabia que Rule poderia sentir neste momento.

Não havia nenhum desconforto, entretanto. Seu corpo inteiro, toda sensação estava viva com o conhecimento agonizante que sua companheira poderia estar em perigo. Não havia nenhuma dor maior que isto.

Seu olhar foi para o Lobo. — Encontre-a. — Sua voz soou áspera, irregular. — Encontre-a antes que alguém mais o faça.

Ele não fez uma ameaça. O chamejar no olhar escuro de Dagger e o cheiro de preocupação, a intenção imediata de fazer o que era exigido, era tudo que importava para ele.

O Lobo movimentou a cabeça, imediatamente entrando na noite quando Rule encostou-se no edifício.

—Temos homens nos bares? — Ele perguntou ao seu irmão.

—Estão indo agora. — Lawe assegurou. —Precisa dar um passo atrás. Se ela o vê como agora, ficará apavorada.

O que ela veria era o animal em seus olhos, olhos que brilhavam em sombras de azuis tão brilhantes que eram quase neon.

—Ela fugiu. — O grunhido era impossível de conter.

Balançando a cabeça para encontrar o olhar de seu irmão, Rule devolveu o olhar, suas mãos apertam as armas em ambas as coxas.

—Ela tinha alguma razão para fugir? — Lawe suavemente perguntou. — Pense nisto, Rule. Que razão deu a ela para fugir?

—Eu não a machuquei. — Ele sabia o que Lawe estava pensando. Que de alguma maneira devia ter machucado a mulher que o animal dentro dele reivindicou. A mulher pela qual o homem se apaixonou.

—Fisicamente. — Lawe concordou. — Nunca teria imaginado que a tivesse machucado fisicamente, Rule. Mas o que aconteceu de outra forma?

O que aconteceu de outra forma?

Que diabos aconteceu?

Explicar isto era uma merda, mas sabia que não funcionaria, já que Lawe simplesmente iria continuar procurando.

—Afastei-me quando senti a lingueta aparecendo. — Soltando o cabo da faca em sua coxa, passou os dedos nervosamente em seu cabelo, mas seus sentidos continuavam procurando no ar ao redor pelo cheiro de Gypsy.

—Você fez o que? — Lawe andou de volta, olhando fixamente para ele em choque, como se fossem muitas coisas para absorver.

—O que?— Rule grunhiu, furioso, humilhado por sua própria debilidade. — Eu pude sentir aquilo saindo. Vá a merda. — Ele deu as costas ao seu irmão quando o outro homem piscou sem acreditar. —Qual o seu maldito problema? — Ele grunhiu e imediatamente voltou-se para Lawe.

—Você se afastou dela antes de sua liberação? — Lawe limpou a garganta como se de repente se sentisse desconfortável com a conversa.

Rule se moveu de repente, ainda evitando discutir o tema. — Talvez, quando começou. — Seus dentes bateram com a admissão.

—Hum, exatamente em que fase sua companheiro estava? — Lawe perguntou, estremecendo enquanto esfregava o lado de seu rosto, incômodo.

Sua companheira o segurou quando sentiu sua liberação, suas pequenas e delicadas unhas arranhando seus ombros enquanto ela apertava forte seu pau, ondulando ao redor com um ardente prazer que o surpreendeu.

—Maldição, Rule! Não me entranha que tenha abandonado você. — Os olhos de Lawe se abriram cheios de uma diversão chocada quando a lembrança surgiu nos pensamentos de Lawe vindo de Rule.

Aquele maldito vínculo.

Rule saiu imediatamente, rompendo este vinculo forte que tinham entre eles e o conhecimento um do outro.

—Isto não é nem o pior. — Rule murmurou, incapaz de encontrar o olhar de seu irmão agora. —Eu disse a ela que a levaria para casa depois de tomar um banho.

Por que fez algo tão louco?

—Banho? — Lawe soou confuso.

—Banho frio. — Rule murmurou.

—Banho frio?

—Você virou um maldito papagaio, de repente? — Ele espetou, sua ira crescente ante a resposta de Lawe.

—Papagaio? Não. — Lawe balançou sua cabeça, uma mão em sua arma de laser automática onde descansava contra sua própria coxa. —Mas Rule, tenho que dizer, esta noite estou começando a me perguntar se somos verdadeiramente irmãos.

Rule bufou com o comentário. —Tenho me perguntado isto desde o dia que nos disseram. Nunca fez nenhum sentido para mim.

Entretanto por razões muito diferentes que as de seu irmão, ele estava certo.

—Ela vai chutar seu traseiro. — Lawe riu então, girando o olhar ao redor pela escuridão e até as sombras onde o Casta estava escondido esperando suas ordens.

Equipes com dois homens foram enviadas a todos os bares que os Castas conheciam. Aqueles que eram públicos, privados e subterrâneos. Ainda, duas horas depois que ela saiu de seu apartamento, não foi vista.

—Ela é bem-vinda a chutar meu traseiro. — Rule exalou bruscamente, voltando-se e olhando para a escuridão, desesperado para vê-la caminhando por ela. — Sempre e quando esteja a salvo.

Enquanto os soldados e Castas que ainda operavam sob as ordens do Conselho de Genética não conseguissem colocar suas mãos nela. Desde que os cientistas ainda vivos, não tentassem decifrar os segredos dos animais que criaram a cortando.

— Rule pare. Deixe essas lembranças irem. É inútil lembrar de tudo isso.

Olhando ao redor, ele soltou um grunhido animalesco de seu peito enquanto mostrava os dentes para o Casta      que sempre ficou com ele, na frente, atrás, desde que podia se lembrar.

—Ela está sozinha. Qualquer Casta nas redondezas sentirá o Calor. Eles podem pegá-la. — O pensamento fez seus dentes baterem enquanto soltava outro grunhido de forma renovada.

—E perder o controle de si mesmo não fará nada, mas será um perigo maior. — Lawe firmemente o repreendeu.

Ele não perdia o controle desde os laboratórios. Desde que os filhotes de sua mãe foram enviados longe e ele descobriu que estavam muito fracos para sobreviver.

Ira queimou dentro dele quando descobriu que a pequena Casta Puma se perdeu. Era uma das razões por ele ser tão protetor com Dawn Daniels, até seu acasalamento.

Agora, lutar com essa fúria demoníaca era mais difícil do que foi nunca. O animal dentro dele estava exigindo liberdade. Exigindo que pudesse permitir proteger sua companheira sem importar as consequências ou o sangue derramado. Exigia que o homem desse um passo atrás e Rule não podia se permitir dar um passo atrás. Ele sabia que a fúria do animal podia aumentar. Ainda assim, suas entranhas se apertaram quando outro grunhido saiu de seu peito, essa fúria interior que se mantinha dentro do mais profundo de seu ser, e que aumentava a cada segundo que passava e Gypsy não era encontrada.

 

Havia energia demais.

Crescia dentro dela. Devastava qualquer conceito de controlar a necessidade de se mexer e ondular em sensual abandono. Seu corpo era uma massa de excitação elétrica sem lugar para descarregar.

E isso estava deixando-a louca.

O clube subterrâneo Caine’s era um lugar onde a dança indecente de country-pop-rock livre para todos era quase exigido e as coisas que aconteciam nos cantos das salas não se ousava ser mencionado na sociedade civilizada. Era um clube que raramente vinha. Mas hoje à noite, um grupo de Coiotes estava indo para lá. Um grupo que prometia segurar a chave para algumas informações muito necessárias.

Um ano antes ela escutou um soldado Coiote discutindo um laboratório no oeste dos Estados Unidos e insinuou que estava ainda em operação, cuidadosamente escondido, totalmente financiado e ainda experimentando em ambos, Castas e humanos. Tinha rumores que os soldados se dirigindo para o clube agora estavam passando sua folga ali antes de ir para outra tarefa.

Esta foi a informação que seu contato tentou entregar a ela na semana anterior quando foi forçado a abortar a troca de informações. Ela podia ter tido avisada com antecedência. Podia ter eliminado o erro que cometeu indo para a cama de Rule, e já tinha planos definidos e perguntas preparadas que extrairiam as informações que precisava.

Agora estava trabalhando sem planos, sem apoio e sem o controle cuidadoso de que sempre dependeu para garantir que os Coiotes suspeitos e ultrassensíveis a cheiros nunca ficassem alertas para o fato que cada pergunta, cada sorriso, cada comentário coquete não era mais que uma cuidadosa trapaça.

Até que essa equipe Coiote muito procurada chegasse, porém, ela ia dançar.

Seus cílios encobriram os olhos quando Ashley, Emma e Sharone dançaram com ela, Gypsy deu uma golada na cerveja que carregava na pista de dança com ela e lutou contra as lágrimas. Esteve lutando contra as lágrimas desde que deixou aquele maldito hotel na noite anterior.

— Ei. — Ela girou depressa para Ashley em vez de permitir que uma lágrima solitária caísse. — Cassie não pode vir com você?

Com seu olhar carente da excitação esfuziante que uma vez manteve, Ashley ainda conseguiu dar um sorriso leve.

— Jonas a tem trancada por um alguma razão. — Ela gritou de volta acima da música, a sugestão de russo na voz dela dando a isto um meio tom de zombaria.

— Vamos salvá-la. — Gypsy sugeriu, ignorando o divertido e zombeteiro olhar de horror que faiscou no olhar da fêmea Coiote enquanto sua irmã olhava fixamente atrás com puro medo.

— Nós não fodemos com Wyatt, Gypsy. — Emma balançou a cabeça, seus cabelos escuros na altura do ombro fluindo ao redor do seu rosto, conforme o sotaque russo invadia sua voz também. — Ele é assustador para caralho.

Gipsy bufou na descrição.

— Ele não pode nos matar.

— Ele pode nos fazer desejar estarmos mortas assim que terminar de contar ao alfa todos os nossos segredinhos sujos. — Ashley informou a ela, se inclinando perto, seu olhar intenso. — Não deixamos o alfa saber todos os nossos segredinhos sujos.

Elas andavam nas pontas dos pés perto do seu alfa como qualquer outra pessoa faria com um animal raivoso.

— Não posso acreditar que vocês três estão com medo do seu alfa. — Ela riu de volta para elas.

— Duas. — Sharone informou a ela. — Aquelas duas — ela apontou para Ashley e Emma — têm horror a seu alfa porque sabem muito bem que ele teria pesadelos por semanas se soubesse o que elas estavam fazendo. E ele asseguraria que não fizessem isto mais.

— Sharone é a boa soldadinho Coiote. — Ashley sorriu, uma pitada dela mesma de antigamente no brilho súbito de diversão em seu olhar. — Nunca se mete em problemas.

Sharone só revirou os olhos, mas Gypsy podia ver a preocupação no olhar da outra mulher enquanto se movia ao redor da sala.

Ela podia ser conservadora, como Ashley e Emma a chamavam, mas era intuitiva, cautelosa e havia rumores de ser uma assassina a sangue frio cuja eficiência, falta de emoção e atenção aos detalhes era quase incomparável entre as fêmeas Castas.

Apesar do ritmo duro e acelerado da música, do tempo gasto e da transpiração derramando de seu corpo que umedecia a bata preta que ela vestia, Gipsy ainda estava queimando por dentro. Ela podia sentir a umidade juntando em sua pele nua, correndo em pequenos riachos aqui e ali. Era uma carícia que a deixava louca, que a fazia doer pelo toque de Rule.

Essa dor estava ficando mais profunda, mais quente. Movia-se com a música e se viu divagando, lembrando de seu toque. Os lábios dele em sua garganta, sua necessidade de sentir seus dentes raspando em sua carne.

Quando seus lábios acariciaram seu ombro, ela esperou. Doeu. Precisou sentir seus dentes lá.

Seu toque era um vício.

Estava vendo isto agora.

O que chamavam de Calor do Acasalamento era uma droga compulsiva e avassaladora. Um gosto. Um beijo, e ela se tornou algo, alguém que não era.

Ela não era amante. Soube disso desde o dia que disseram a ela que não podia ter um e ainda vingar o assassinato do seu irmão.

Com os quadris balançando, seu corpo se movia sensualmente enquanto a necessidade lânguida queimava mais quente que nunca dentro dela, e Gypsy criticou a si mesma por sua decisão naquela noite.

Ela se entregou a ele, deu tudo a ele só para descobrir que tudo era demais ou não o bastante.

— Devíamos ir. — A sugestão de Ashley fez seus olhos abrirem quando ergueu a cerveja aos seu lábios e deu um gole preguiçosamente, seu olhar correndo pelo clube.

— Por que? — Os Coiotes não estavam aqui ainda. Ela ainda tinha informações a obter.

Se o Desconhecido não a quisesse, então ela conhecia muitos, muitos grupos ainda envolvidos no encaminhamento fora dos laboratórios escondidos que iriam querer isto.

Inferno, Jonas iria querer isto.

Ela poderia simplesmente trabalhar para ele.

O pensamento era quase divertido.

— Porque está perto do amanhecer? — Ashley disse arrastando as palavras, seu tom divertido, seus olhos vazios e duros.

Gypsy deixou seu olhar vagar pelo clube novamente, sua pele de repente formigando com um aviso latente de perigo. Podia sentir isto afagando sua carne com um golpe gelado.

— Tchau. — Ela acenou de volta para as três garotas quando elas pareceram compartilhar um olhar preocupado. — Vejo vocês na próxima festa.

Ela não estava indo a lugar nenhum.

Dormir com Rule não era quase a compensação que tinha imaginado por desistir de sua vida inteira. Que diabos a fez fazer uma coisa tão irracional para começar?

O Calor do Acasalamento devia ser banido de qualquer maneira. Fazia o coração da mulher fazer coisas que sua cabeça sabia que eram desaconselháveis. Coisas que magoavam muito mais do que enfrentar a solidão.

A música mudou, batendo mais duro, mais rápido. Dando as costas às três garotas, Gypsy abriu seus olhos uma vez mais e se achou confrontado um tórax masculino largo.

Não era o peito do Rule.

Seu olhar levantou.

Levantou.

Uau, agora este cara era alto para cacete.

E estava puto.

1,85m de altura, cabelos pretos super longos puxados para trás em um rabo de cavalo baixo e olhos verdes celtas. Olhos tão brilhantes, tão carentes de calor ou piedade que eram como um mar congelado.

— Você está se tornando um incômodo, Srta. McQuade. — E sua voz era como cascalho serrilhado, áspero e afiado com um barítono mortal.

— Oh Deus, estamos mortas. — Esta era Sharone atrás dela.

— Nós teremos essa sorte? — Emma soou completamente apavorada.

— Estamos ferradas. Ele vai contar pro alfa... — Ashley realmente estava sussurrando no silêncio súbito do clube.

— Pare já! — Gypsy virou para as três garotas com um sibilar furioso antes de voltar para o cara com estranhos olhos verdes. — Quem diabos é você afinal?

— Seu pior pesadelo se não deixar este estabelecimento neste momento. — Ele declarou firmemente, gelados olhos verdes como o mar cintilando friamente de volta para ela.

— Vá agora. — Ashley agarrou seu braço.

A dor.

Atacou-a com uma rapidez que a fez empurrar a Coiote violentamente, fazendo com que todas três saltassem atrás quando Gypsy oscilou para longe em um gracioso pivô. Ela esclareceu não apenas às Coiotes, mas também ao moreno alto dos infernos.

Elas olharam fixamente de volta para ela chocadas, quatro olhares lentamente se tornando cada vez mais a perfeita posição militar bem treinada que ela tinha tomado.

E neste segundo, Gypsy percebeu que este homem sabia coisas sobre ela que ainda nem mesmo Rule suspeitava.

A música estava martelando novamente alta e forte, a batida correndo por sua corrente sanguínea e felizmente cobrindo dos outros olhares a perfeita manobra de cautela que a fez oscilar para longe de Ashley como também do macho tentando alcançá-la.

O Casta sorriu, exibindo caninos fortes e brancos perversamente afiados ao lado de sua boca.

— Casta. — Ela murmurou com seus olhos estreitando.

— Você não faz ideia. — Emma estava sacudindo sua cabeça quando Gipsy leu seus lábios.

— Vá! — Os estranhos olhos verdes mudaram de cor e se tornaram mais gelados quando ele fez a exigência.

Ela não teve que ouvir o tom para saber a ordem nele.

— Não.

Ele olhou para ela com uma intensidade que era quase assustadora. Ela tinha que admitir, isso era um maldito olhar esquisito.

Ainda assim, ela girou as costas para ele, jogou seu cabelo para trás e dirigiu-se até o bar. Ela ignorou os olhares. Ignorou Ashley chamando seu nome nervosamente atrás dela.

Suas amigas podiam estar assustadas com o Sr. Esquisito, mas ela não estava.

Hoje à noite, estaria condenada se ficasse com medo de alguém.

Não do Sr. Esquisito, e não de algum companheiro Casta meia-boca que pensava que ela devia estar esperando sempre que decidisse chegar perto para reclamar o que jogou fora, para começar.

— Srta. McQuade. — O profundo sotaque arrastado diretamente atrás dela fez Gypsy virar novamente quando alcançou o bar, raiva a esquentando à visão do Casta alto em cima dela.

— Que diabos quer? E quem é você, afinal? — Ela praticamente gritou para ele quando a música aumentou de volume, trovejando pela multidão enchendo o clube.

— Se não estiver disposta a sair por sua própria segurança, talvez deixe pela do Comandante Breaker. — Sua cabeça abaixou para permitir que ela o ouvisse acima da música. — Ele deve estar parando no estacionamento a qualquer momento...

Ela não esperou para ouvir mais nada.

Um palavrão chiou de seus lábios, fazendo com que o Casta ficasse ereto rigidamente quando ela se virou e moveu-se rapidamente para a entrada.

Droga, ele não deveria ser capaz de encontrá-la tão rápido. Ela passou o dia deixando pistas falsas nos outros locais antes de escolher este bar para dançar, a fim de afastar a dor latejante dentro de sua alma. Ela esteve aqui menos de uma hora, nem mesmo tempo suficiente para tirar a dor em seu peito, muito menos a raiva inquieta queimando dentro dela. Tudo que queria fazer era dançar para esquecer durante algum tempo até que a unidade Coiote que ouviu falar chegasse. Então podia imergir no jogo de extrair as informações que precisava, escutando e chegando a conhecer os Coiotes.

Enquanto corria para saída com a intenção agora de alcançar sua moto e achar outro lugar para se esconder, levou um segundo para perceber que um duro braço musculoso algemou sua cintura antes que ela fosse capaz de reagir.

Não houve dor.

Não houve pânico.

Isso não significava que pretendia permitir que ele a levasse para seja lá onde de repente a estivesse arrastando.

— Deixe-me ir! — Fúria explodiu dentro dela quando o calor dele, a força e o prazer de seu toque começaram a afundar dentro dela.

— O inferno que vou. — Rule rosnou, segurando-a com firmeza apesar de sua luta e tentativa de escapar.

Ela podia ver o Dragoon Desert que ele estava dirigindo ainda ligado, a porta do lado do motorista aberta enquanto a luz brilhante perfurava a escuridão ao lado do prédio. Castas estavam de pé, ao redor, os olhos duros, sem misericórdia, sem compaixão e fortemente armados enquanto observavam a área próxima.

— Vou acabar com você. — O grito foi arrancado dela quando a fome súbita por sentir seus lábios contra os dela doía com uma fome quase debilitante.

Como se sua proximidade súbita, seu toque, simplesmente o fato dele estar ali fosse suficiente para lembrá-la do prazer que ele podia lhe dar com uma força que fez seu sexo ondular, contraindo com a necessidade de ser preenchido novamente.

— Certo, acabe comigo. Faça o que tiver que fazer, querida, porque estarei condenado se te deixar ir agora.

Ela foi empurrada no Dragoon antes de poder se preparar contra a armação para se segurar de volta. Tentou agarrar no volante para se alavancar, mas de alguma maneira ele conseguiu soltar suas mãos de lado.

Estava no banco do passageiro antes de realmente entender como exatamente ele conseguiu colocá-la lá.

Alcançando a maçaneta da porta, Gipsy deu um grunhido furioso que facilmente rivalizaria com qualquer Casta, quando sentiu a curva da mão larga de Rule ao redor da sua nuca para agarrá-la com segurança. A outra pegou seu queixo, virou-a para ele enquanto inclinava sua cabeça para trás, e roubava o beijo que ela mentiu e jurou que nunca teria lhe dado de bom grado.

Chocolate e menta.

Só uma pitada dos doces que ele gostava provocou seus sentidos antes da doçura aquecida de repente a subjugar. A fome aumentou como uma besta voraz, já não mais aquele fogo irritante fervendo dentro dela. Agora era uma chama completa, queimando por seu corpo, apertando suas entranhas e abrindo seus lábios para aceitar seu beijo.

Em vez de lutar, ela estava exigindo mais com uma rapidez com a qual se viu impotente para lutar.

Suas mãos estavam no cabelo dele, apertando, puxando-o para ela enquanto sentia a lambida ardente de sua língua contra a dela.

Menta e chocolate.

Mais uma vez, isso simplesmente brincou com seus sentidos. Tentou-a enquanto sua língua esfregava contra a dela, seus lábios movendo-se sensualmente acima dos dela.

Ela não podia evitar, não podia deter a necessidade de mais dele, mais daquele gosto intrigante.

Sua língua esfregou na dele, o gosto único de seu beijo tornando-se mais quente conforme as línguas acariciavam e lábios devoraram um ao outro com uma fome que estava impotente para evitar ou lutar.

Por que não podia lutar contra ele?

Ela não teve defesa contra ele desde o início, e isso não fazia sentido.

Esta necessidade.

Esta fome.

Isso espetava dentro dela, rasgava longe qualquer mentira que pudesse dizer a si mesma e recusava permitir que ela se escondesse da fome que crescia diariamente dentro dela.

— Não... — Seu gemido era fraco, o protesto encheu com a confusão que a manteve fora de equilíbrio desde a primeira noite que o viu.

Deitando sua testa contra a dela, ele olhou para ela, seus olhos azuis parecendo mais claros que antes, pintinhas de preto parecendo cintilar no fundo azul pálido.

— Você fugiu de mim. — Os lábios repuxando de seus caninos, uma mão apertada em seu cabelo, a outra segurando seu queixo para manter sua cabeça virada para ele. — Você não devia ter fugido, Gypsy.

— Você não devia ter me tratado como uma puta. — Ela disparou de volta, a raiva que floresceu dentro dela durante as últimas horas explodiu com a mesma rapidez com que a excitação e a fome explodiram dentro dela.

— E acha que foi assim que eu te tratei? — Ele franziu a testa de volta para ela, seu olhar brilhando com raiva.

Empurrando para sair de seu aperto, ela estava furiosamente ciente que só conseguiu porque ele permitiu.

Sua mão agarrou a maçaneta da porta e puxou, tentando escapar dele com o mesmo desespero que ele usou para escapar de seu corpo antes.

Exceto que a porta não abriu.

Ao invés disso, o Dragoon saía correndo de sua vaga no estacionamento, a velocidade e poder do veículo assegurando-lhe que não existiria nenhuma fuga até que ele permitisse.

— As portas estão travadas até que eu as libere. Um dos meus Enforcers levará sua moto para o hotel. Você e eu vamos conversar. — Ele rosnou, ambas as mãos no volante enquanto encarava de cara feia a noite atrás do para-brisa de última geração.

Holografias digitais se acenderam no vidro. Velocidade, localização, temperatura do lado de fora, rastreamento de GPS e de satélite foram todos iluminados sutilmente dentro do vidro, dando a ele qualquer informação que pudesse precisar na área que os cercava enquanto fazia a curva na estrada principal e entrava na noite.

— E o que exatamente acha que temos para falar? — Gypsy perguntou a ele então, sua voz de deboche enquanto cruzava os braços na altura do peito e virava de volta para ele lentamente. — Sr. Esquisito, que decidiu garantir que eu estivesse correndo para fora do bar diretamente para os seus braços? Ou que tal por que nem mesmo teve estômago para ejacular enquanto estava fazendo sexo comigo?

Ou podiam discutir o que o fez pensar que ela era sua maldita companheira.

Entretanto revelar seu conhecimento disto, entregaria o fato que ela tinha fontes que não deveria ter.

Fontes que uma garota festeira normal não teria.

— Nós definitivamente podíamos discutir sua percepção de minhas ações. — O som áspero do grunhido retumbando em seu tórax fez um calafrio descer por sua espinha. — Como quem quer que seja a porra do Sr. Esquisito...

— 1,85m de altura, olhos verdes gelados e cabelos pretos que uma mulher mataria para ter?

Nenhuma expressão, nem tanto quando uma careta cruzou seu rosto.

— Rhyzan Brannigan. — ele finalmente declarou. — Que diabos ele estava fazendo lá?

— Você está perguntando a mim? — Incredulidade encheu sua voz quando olhou para ele fixamente com assombro. — Com licença, Breaker, para começar acho que fui eu quem perguntou quem diabos ele era. Não posso nem cuidar da droga da minha própria vida sem um Casta insistindo em se intrometer.

 

O engano.

Ao contrário de outras mentiras, o engano de Gipsy não era tingido com o cheiro de sangue ou podridão, mas ele podia cheirar a mentira do mesmo jeito. E como o resto dela, isso simplesmente o intrigou. Ela era a mulher mais complicada, teimosa e confusa que já conheceu.

Mas naquele momento, o engano, esse assunto e o paradeiro dela depois de fugir adicionou somente uma coisa.

O contato do Desconhecido.

E não havia dúvida na sua cabeça que Rhyzan Brannigan finalmente conseguiu farejá-la. O novo diretor assistente da Agência de Assuntos Castas disse que ele faria isso. Rule acabava de ter certeza que podia impedir isto de acontecer.

— Por que está olhando para mim assim? — Estreitando seu olhar nele, ela o encarou com toda a ira de uma mulher desprezada.

Ela não era apenas uma pequena espiã impiedosa, mas desprezada também, pelo menos no que lhe dizia respeito.

— Rhyzan Brannigan é a escolha preferida de Jonas Wyatt para diretor assistente da Agência de Assuntos Castas. — Disse a ela, dando-lhe uma pequena informação que mais ninguém sabia. — Jonas está se preparando para informar ao Gabinete Governante Casta de sua escolha assim que acabar aqui em Window Rock. Ele também é um dos melhores investigadores da Agência. A única razão para que estivesse naquele bar seria para identificar um espião para um grupo clandestino de Guerreiros Navajos chamado o Desconhecido. Eles o chamam de Whisper.

A expressão dele nem mudou.

— E o que exatamente isso tem a ver comigo? — O tom baixo, ofendido e furioso quase fez um sorriso arquear seus lábios.

Ela era boa.

Filha da puta, era boa para caramba, e também era culpada para caramba.

— Nada. — Ele assegurou. — Mas provavelmente é por isso que ele estava lá. Será o segundo no comando de Jonas se for aceito na posição pelo Gabinete Governante. Identificar Whisper é sua última tarefa antes de tomar aquela posição, assim que a aprovação for formalizada.

— Tanto faz. — Ela suspirou, raiva ainda ardendo em seu tom tanto quanto o engano ardia em seu aroma. — Ainda conseguiu evitar o assunto original com toda a graça de um touro aleijado numa loja de porcelana. Por que simplesmente não me conta como consegui deixar você enojado a ponto de ter que tomar banho, e acaba logo com essa porra?

Quando ela virou o rosto para a frente, o cheiro do engano começou a desaparecer debaixo da...

Dor.

Deus, ele a magoou, e cortaria seu próprio braço antes de fazer isso deliberadamente.

Não — ela se culpava por isto? Ela acreditou realmente que de alguma maneira o enojou? Inferno, Lawe devia ter acabado com ele, quando teve chance, por permitir que isso acontecesse.

— Não teve culpa do que aconteceu naquela cama, Gipsy. — Ele declarou, desgosto por si mesmo o enchendo na chicotada de humilhação que de repente a cercou.

O que ele fez?

Sua ignorância desajeitada a fatiou até a alma de maneiras que ele nunca teria permitido se não se recusasse a aceitar o que a besta dentro dele evidentemente sabia há anos.

— Sério? Então não foi do meu corpo que saltou e correu para o chuveiro como se estivesse sujo? Certo? — A fala arrastada baixa e zombeteira acompanhada pela vergonha, mágoa e desconfiança que chicoteou no ar ao redor dela quase o fez se encolher.

Autocontrole era tudo que continha sua reação quando suas mãos apertaram o volante. Cerrando os dentes contra a repugnância por si mesmo, que podia sentir crescendo dentro dele, Rule lutou para lembrar a si mesmo que isso podia ser corrigido. Seu beijo estava infundido com o hormônio do acasalamento; inclusive agora enchia as glândulas nas laterais da sua língua, esperando para derramar nela mais uma vez quando seus lábios se encontrassem.

Ela teria que perdoá-lo. Eram companheiros. Companheiros não se separavam, pelo menos não por muito tempo, e isso aconteceu só uma vez. Além disso, a separação foi entre um Coiote e sua companheira, não um Leão e sua companheira.

— As razões do por que são complicadas. — Ele se obrigou a dizer, apesar de seu desconforto.

Ele merecia o desconforto, disse a si mesmo. O que sua companheira sentiu era muito pior.

— Eu odeio essa palavra. — O desinteresse estudado em seu tom o fez dar uma rápida olhada em sua expressão enquanto seus lábios apertaram.

Este não era o lugar para discutir o que aconteceu. Não era o lugar para lembrar o que tinha acontecido. Aquelas memórias estavam mergulhadas em tal agonia, em tantos pesadelos, que às vezes se perguntava se algum dia se livraria deles.

— Eu odeio essa palavra também. — Ele assegurou, fazendo uma careta ao som apertado e rouco de sua voz. — Todavia, é a verdade. Espero que assim que chegarmos...

Um alerta vermelho disparou no para-brisa antes que pudesse dizer mais alguma coisa. Um segundo depois, mais dois se juntaram a este enquanto ele manuseava o link para o Controle.

— Controle, identifique veículo 4.6 milhas atrás do meu sinal. — Ele solicitou.

— Não foi possível estabelecer link com Controle. — O computador anunciou.

— Computador, ativar link de satélite. — Rule mandou enquanto mudava uma marcha mais potente do Dragoon e pisava no acelerador.

— Link do satélite congestionado. — A voz computadorizada reportou. — Você tem três veículos se aproximando em alta velocidade. Todos os transponders de identificação estão desativados ou incapazes de responder. Ativando protocolo de cobertura.

As luzes apagaram. Luzes do painel, faróis e lanternas ficaram escuras enquanto as janelas escureceram ainda mais para esconder o brilho da iluminação tênue dos hologramas no para-brisa.

— Computador, ativar Alfa. Navajo. Califórnia. Sete. Seis. Nove.

O computador repetiu o código.

— Afirmativo. — Rule reconheceu o pedido que ele deu o comando correto. — Ative e comece sinal de emergência de pulsar repetido.

— Ativando.

Ele mudou a marcha do veículo novamente, sua velocidade aumentando enquanto Gypsy assistia o display no para-brisas, sua expressão intensa.

— Eles têm bloqueio no Dragoon? — Ela perguntou enquanto assistia os pontinhos vermelhos indicando os veículos não identificados se aproximando deles.

— Computador, processe qualquer meio de detecção de bloqueio em nossa posição. — Ele ordenou claramente.

— Nenhum bloqueio eletrônico, satélite, celular ou radar descoberto. — O computador reportou enquanto Gypsy olhava para fora da janela para verificar a posição deles.

— Computador, exiba o GPS e as marcas. — Rule ordenou em vez de questionar Gypsy. —Responda a todas as questões de McQuade, Gypsy Rum. Código Alfa. Foxtrote. Índia.

— Todas as questões verificadas. — O computador respondeu.

— McQuade, Gypsy Rum. Alfa. Foxtrote. Índia, — Gipsy falou claramente enquanto continuava a assistir o holograma. — Exiba todas as rotas atualmente não mostradas.

 

Ela precisava ver as estradas secundárias. Se não havia radar ou GPS bloqueado neles, então quem estava atrás deles, se estivessem procurando por ela e Rule, estavam contando com eles permanecendo na estrada principal.

— Todas as rotas, mapeadas ou não, agora exibidas.

Seus olhos estreitaram no labirinto das linhas que de repente foram riscadas sobre o holograma.

— Computador, mostre apenas rotas que levem ao Hotel Navajo. Destaque cada direção individual em cores diferentes.

— Todas as rotas conduzindo ao Hotel Navajo exibidas e destacadas como solicitado.

Gipsy assentiu para a nova exibição.

Checando os pontos vermelhos ainda longe o suficiente atrás deles para garantir que não podiam fisicamente ver o veículo, Gypsy voltou a olhar no mapa.

— Apenas diga ao computador o que você precisa. — Rule disse a ela calmamente quando ela usou seu dedo para seguir uma rota em particular.

Dando ao computador as várias rotas de desvio, muitas que nem estavam mapeadas em qualquer lugar, mas só nos sistemas de mapeamento Casta, ela recostou e esperou.

Dentro de segundos, o computador estava dando a Rule a primeira curva da interestadual bem a tempo de evitar que os veículos atrás deles conseguissem avistá-los.

Rodando o volante, Rule fez a curva depressa.

— Daqui a 800 metros tem uma estrada não pavimentada. — Ela aconselhou. — O amanhecer está chegando, eles verão a trilha de poeira a menos que diminua a velocidade.

Ela ouviu o grunhido frustrado em resposta, mas ele diminuiu a velocidade consideravelmente e ordenou ao computador.

— Acione a dispersão de poeira.

— Dispersão de poeira acionada. — O computador respondeu.

Gypsy manteve os olhos no visor enquanto os primeiros raios tênues do amanhecer começaram a surgir. O Dragoon estava se movendo depressa, garantindo que os veículos atrás deles não pudessem avistá-los antes de atingirem a próxima curva da estrada.

Os pontos de alerta vermelho continuavam ao longo da interestadual, ultrapassando completamente a curva que eles tomaram.

— Computador, mantenha os veículos à vista e continue a contatar o Controle...

— Não. — Gypsy disse a ele calmamente. — Eles terão o número do seu transponder, possivelmente do veículo como também seu telefone. Eles têm que ter ou não saberiam que estava indo para o hotel em vez do meu apartamento. Se estiverem usando GPS tradicional, então o transponder do seu veículo ainda parecerá estar na interestadual, entretanto muito em breve perceberão que não está. Bloqueie seu transponder e o número do satélite até que estejamos mais próximos do hotel.

Ele ficou em silêncio por longos segundos antes de dar ao computador o comando e escutar caladamente enquanto era confirmado.

Inferno, ele devia estar confrontando-a sobre as informações que tinha. Jonas iria explodir de raiva porque as rotas de conexão que ela deu ao computador para usar não eram listadas como conexão nos arquivos do GPS da Agência. O que significava que não estavam listadas nos arquivos de ninguém. Aquelas informações, somadas ao seu conhecimento de transponder e rastreamento de sinal de satélite, era como a porra do prego no caixão no que dizia respeito a ela agora.

Porra, isto era uma bagunça.

Uma confusão onde não tinha ideia de como salvar sua companheira.

 

Chegaram nos Hotel Navajo sem incidentes e pararam no estacionamento com manobrista, onde um Casta Enforcer avançou quando Rule deu a volta no Dragoon para abrir sua porta. Ela saiu do veículo de maneira amotinada, olhando de cara feia para ele, completa fúria feminina cintilando em seus olhos.

No instante que a ameaça de perigo passou, ela se recostou na cadeira calada e se recusou totalmente a falar com ele.

Era só o que ele precisava. Sua companheira mais irritada que nunca justamente quando mais precisava de sua cooperação. E não podia culpar ninguém além de si mesmo.

Se não fosse tão estúpido para perceber exatamente o que estava acontecendo durante esses últimos meses...

Se não fosse tão teimoso para reivindicar o que era seu quando teve a primeira suspeita de quem ela era para ele, e oferecido ao invés de negociar sua impotente e vulnerável companheira pela companheira do guerreiro Lawe...

Não é de admirar que seu irmão tenha duvidado que fossem realmente parentes.

Inferno, Rule estava começando a se perguntar por que Lawe até o reivindicava depois daquele oferecimento ridículo. Porque nenhuma mulher podia se encaixar nele mais perfeitamente que sua Gypsy.

E sem dúvida Lawe se sentia do mesmo modo com sua própria ardente companheira.

— Eu preferiria ir para casa. — Ela disse a ele quando a mão dele se curvou ao redor da parte superior do seu braço para acompanhá-la para dentro do saguão de entrada.

— Eu preferiria que não tivesse partido, para começar, e me desse o tempo que eu precisava para explicar o que estava acontecendo. — Rule soltou, furioso consigo mesmo mais do que com ela, mas furioso do mesmo jeito.

— Sim, realmente queria esperar até que você conseguisse se desinfetar antes de me dar uma carona para casa. — Ela estava claramente ofendida.

Sendo rebocada no aperto que ele tinha no seu braço, ela tornou a jornada pelo andar espaçoso a mais dura possível, sem chamar atenção para o fato que estava ali involuntariamente.

— Se fosse você tentaria parar de me deixar puto enquanto ainda consigo manter o controle, querida. — Ele aconselhou. — Porque, confie em mim, não tem ideia do limite em que estou agora.

No entanto, por toda sua raiva, por toda a dor e mágoa que fluíam através dela, o cheiro de seu calor ainda conseguia inebriá-lo. Excitação temperada com uma fome que ele não conseguia decifrar totalmente. Emoções que não podia identificar bem ainda criavam um cheiro estimulante que deixavam seu pau duro como ferro.

Conversar definitivamente teria que vir mais tarde.

Em primeiro lugar, Deus o ajude, precisava mostrar à sua ardente pequena companheira exatamente a quem ela pertencia. Exatamente por que não podia continuar a lutar com ele deste modo. Se isso não parasse, então não existiria uma chance no inferno que pudesse proteger este presente incrível que lhe foi dado.

Era sua vez de protegê-la. E estava começando a suspeitar que ela precisaria de mais proteção do que ele jamais imaginou.

Ela era sua companheira.

Sua companheira.

Ela era sua.

Sua mulher.

Uma mulher que estava começando a suspeitar que podia completá-lo de modos que jamais imaginou.

 

Parar de tentar deixá-lo puto?

Quem diabos pensava que era?

Fitando-o, permanecendo rigidamente ao lado dele enquanto entravam no elevador, Gypsy era muito ciente do fato que não importa o quanto tentasse, não podia realmente lutar com ele.

Podia ter escapado dele uma dúzia de vezes durante aquela maldita carona. Sabia exatamente como desativar as trancas da porta daquele Dragoon estúpido. No entanto, foi incapaz de se forçar a fazer isso.

Ao invés disso, sentou-se silenciosamente, se recusando a responder as suas tentativas de conversar com ela para aliviar a raiva ainda fervendo dentro dela. Para acalmar a mágoa dolorida que ainda lancetava seu coração.

Mas não era só raiva ou mágoa.

Ela sofria por ele.

Especialmente desde que aquele beijo disparou cada maldito receptor neural em seu corpo.

Ela doía por ele com um poder que a chocou e enfureceu. Porque devia odiá-lo.

Devia odiar o que ele estava fazendo com ela. O que seu corpo estava fazendo com ela e sua completa inabilidade para fazer isto parar ou controlá-lo.

A excitação, sua fome pelo toque dele, sua posse, fez com que ela abafasse um grito de indignação.

Porque não era justo.

Sua calça jeans devia estar úmida. Ela sabia que sua calcinha estava encharcada. Seus mamilos estavam tão danados de duros que cada raspada do seu sutiã neles só a preparava ainda mais para seu toque.

Inferno, seu toque era tudo em que ela podia pensar.

Seu toque.

Seu beijo.

Seus lábios nos mamilos dela, entre suas coxas.

Suas coxas se apertaram com este pensamento. Suas fantasias não chegaram perto do prazer que lhe deu, mesmo antes dele saltar como se ela o deixasse doente.

O prazer foi incrível. Chicoteou através dela, chamuscando seu corpo com sensações cada vez mais poderosas até que aquela borda de liberação que ela tinha tocado ficou a um segundo do puro nirvana. Um prazer diferente de tudo que ela imaginou na sua vida.

E ela tinha uma imaginação danada de boa.

As portas do elevador deslizaram abertas no andar onde sua suíte estava localizada. Apertando seu braço mais uma vez, ele só faltou arrastá-la para as portas, onde apertou seu polegar na tranca biométrica — uma nova instalação, ela notou desconfiada — abriu as portas, então a puxou para dentro.

Deus, de alguma maneira ele descobriu que ela estava dentro do seu apartamento...

Aquele pensamento foi cortado abruptamente.

Antes que Gypsy pudesse fazer mais do que puxar uma respiração, ele a empurrou contra a porta, seus lábios cobrindo os dela enquanto suas mãos curvaram na parte de trás das suas coxas e a levantou. Arrastando as pernas dela ao redor de seus quadris, ele usou seu corpo para mantê-la contra a porta enquanto esfregava a cunha dura do seu pau contra o montículo sensível de sua boceta.

O choramingo que saiu dos seus lábios foi embaraçoso.

Necessidade faminta, desesperada. Como a porra de um gato no cio foi como ela soou.

As mãos dela deslizaram em seu cabelo, seus lábios abrindo embaixo dos dele conforme ela aceitava a dura investida de sua língua contra a dela antes do sabor sutil de doçura picante a fazer tentar lamber o invasor exigente, seus lábios se fechando nele para captar o máximo possível.

Cada gosto parecia empurrá-la mais alto. Como se o calor provocante de seu beijo fosse suficiente para golpear seus sentidos a um ponto febril de excitação.

Seus joelhos agarraram os quadris duros dele, outro gemido escapando de sua garganta quando a força aquecida da seta pesada ancorou nela. A pressão firme acariciou o jeans e a seda em cima do botão inchado de seu clitóris quando seus quadris se inclinaram para ficar mais perto da carícia.

Oh Deus, era disso que ela precisava.

Ele era o que ela precisava.

E ela precisava de mais.

Suas unhas se enterraram no tecido da camisa dele. Apertando-o, puxando, ela lutou para ficar mais próxima dele. A sensação de sua carne acariciando a dela, o calor sua pele aquecendo-a.

Ela esteve tão fria. Brutalmente fria. Ela tinha queimado por dentro, congelado por fora enquanto lutava com cada instinto exigindo que ela o encontrasse.

— Você me destruiu. — Ela sussurrou quando seus lábios deslizaram dos dela para dar mordidinhas firmes e acariciar saboreando sua mandíbula. As carícias fizeram suas terminações nervosas gritarem de prazer, a tensão sexual crescendo ainda mais dentro dela à medida que ainda tentava lutar com a necessidade arranhando a carne entre suas coxas.

Sua boceta estava tão inchada, tão sensível, que o calor de seu pau podia ser sentido inclusive através da barreira de suas roupas.

— Porra nenhuma. — Ele rosnou, beliscando a curva superior dos seus seios enquanto puxava as beiradas da bata reduzida. Os botões voaram pelo chão e um grunhido arrastado do fundo do seu peito expressou sua satisfação conforme seus seios eram revelados embaixo da renda sumária do seu sutiã.

O sutiã não durou muito tempo. Ela estava certa que o fecho frontal nunca funcionaria novamente quando ele o empurrou de lado também, enchendo uma mão com a curva inchada de seu seio.

Sensação rasgou através de desconfianças e receios do passado para garantir que não existia nenhuma chance que ela pudesse negá-lo. Em vez disso, as exigências rasgando por seus sentidos a fizeram gritar com medo da rejeição.

A polpa áspera de seu polegar esfregou acima do seu mamilo, o prazer espetando diretamente em seu útero antes de chicotear em seu clitóris.

— Por favor. — O gemido era um apelo chocante.

Gypsy Rum McQuade não implorava a um homem por nada.

Mas, evidentemente, não tinha problema nenhum em implorar a este macho Casta por seu toque.

Devastador, avassalador...

A fome foi montando nela mais duro, mais rápido, e seu toque não estava acompanhando. Ele estava indo muito devagar, empurrando-a muito alto, muito rápido, inundando seu corpo com tal prazer que raiava à dor.

Quando seus lábios cobriram um mamilo duro e inchado, puxando-o no calor de sua boca à medida que ele começava a chupar firmemente, Gypsy jurou que uma carga de puro prazer não diluído explodiu em seu útero.

Sua vagina chorou em necessidade, seu clitóris palpitando com ela enquanto lutava para ficar mais perto do calor e dureza pressionando nela. No entanto, não importa quanto lutasse para chegar mais perto, não conseguia chegar perto o suficiente.

— Pare de me torturar. — Ela gritou, seus punhos apertando no ombro dele enquanto esfregava sua cabeça na porta.

— Você me torturou. — O grunhido áspero de sua voz enviou um arrepio correndo por sua espinha acima; infelizmente, era um arrepio de prazer.

Ela resistiu contra ele, sua respiração ficou presa quando ele beliscou seu mamilo, uma dorzinha erótica que a fez ofegar com a sensação requintada. Ofegando até mesmo enquanto tentava cerrar os dentes contra o desejo selvagem de ceder a ele, submeter-se a tudo que ele queria.

Ela não implorava e não se submetia. Não importa quanto pudesse querer ou quão desesperadamente implorou momentos antes.

Seus dedos deslizaram no cabelo dele, apertaram, puxaram com força.

Seu mamilo estalou da sua boca com um leve som de sucção, o olhar dele se movendo para o dela, estreitando-se.

Havia uma advertência que ela não tinha nenhuma intenção de atender. Uma exigência que não tinha nenhuma intenção de obedecer.

— Não faça...

— Solte-me. — Ela teve que forçar a demanda em sua voz em lugar de implorar como fez momentos atrás.

— Gypsy...

— Não sou um brinquedo. — Ela informou, empurrando seu peito. — Não pode me jogar fora num momento, aí exigir que me submeta a você no próximo. Não farei isto, Rule.

Excitação louca pulsava por cada veia, queimando cada terminação nervosa em seu corpo. Garras de necessidade apertaram em seu baixo ventre, contraindo seu útero quando a sensibilidade de seu clitóris ficou dolorosa.

Ela precisava.

Precisava de muito mais do que ele estava dando a ela...

A mão dele se moveu, muito depressa para evitá-lo. Enterrou-se em seu cabelo enquanto ele a puxava de volta. Seus lábios esmagaram os dela novamente. Sua língua lanceou passando por seus lábios, um gosto de menta e chocolate provocou seus sentidos, tornando mais viciante quando a língua dele lambeu em cima da sua, seus lábios tentando pegá-lo, pegar mais do gosto viciante.

Ela estava só vagamente ciente de sua mão soltando a cintura de sua calça jeans. A seguir a sensação do zíper descendo na lateral de suas botas. Os lábios movendo-se para sua orelha mordiscando, tomando pequenos sorvos pungentes de seus lábios conforme a despia, controlando-a facilmente sem esforço.

— Porra de droga do acasalamento. — Ela gemeu quando seus lábios se moveram para seu ombro enquanto ele a manobrava para soltar o sutiã e o que restava de sua camisa no chão.

Os dentes dele se apertaram no seu ombro, enviando uma onda de sensação ardente por seus sentidos.

A necessidade de sentir seus dentes lá, beliscando mais duro, mordendo...

Choramingando de prazer, a necessidade a percorrendo como um incêndio, Gipsy só podia seguir sua direção quando ele moveu suas pernas, forçando-as para o chão enquanto ele arrastava sua calça jeans por seus quadris.

Quando ele abaixou a cabeça, seus lábios acharam o ponto enrijecido de seu mamilo novamente, chupando-o, cercando-o com tal calor, tal prazer que ela só podia gritar e render-se à fome crescendo dentro dela. O prazer de suas mãos acariciando suas coxas, empurrando o jeans dela até que pôde chutá-lo de suas pernas.

Ela estava nua, queimando por ele.

O golpe de seus dedos ao longo do interior de suas coxas fez com que abrisse as pernas para ele, sua respiração acalmando em seu peito, o coração acelerando.

— Oh Deus, Rule, por favor. — Ela tentou gritar, mas só podia implorar.

Separando as dobras inchadas, seu polegar raspou seu clitóris enquanto seu dedo empurrava de forma exigente nas profundidades famintas de sua boceta. Ele raspou no interior da carne tão sensível que ela sentiu suas pernas enfraquecerem, os joelhos tremendo na sensação furiosa a corrida do êxtase a atravessando.

Seus sucos escorregadios e saturados choraram como mel aquecido junto ao seu dedo, facilitando a penetração enquanto a desesperada ordenha apertando seus músculos tentaram prendê-lo dentro dela.

— Não pare. — A exigência subiu espontaneamente de seus lábios quando ela sentiu a retirada lenta e suave da carícia de seu dedo dentro dela, dirigindo-a mais alto. — Não pare, Rule.

— Nunca mais. — Ele rosnou, seu tom mais duro, mais próximo ao animal que disseram que vivia dentro dele. — Nunca mais, Gypsy.

Antes que ela pudesse fazer mais do que gritar, ele a teve em seus braços, erguendo-a e movendo-se para o quarto ao lado e a cama aguardando-os. Deitando-a no acolchoado, ele girou, sentou-se na cama e removeu apressadamente as botas amarradas nos seus pés.

Os dedos de Gypsy apertaram as cobertas debaixo dela, seus cílios levantando, olhando fixamente para a vasta extensão de suas costas nuas quando ele se levantou novamente. Virando, olhando fixamente para ela, prendendo seu olhar, ele saiu das calças pretas de missão quando seu olhar pareceu mudar, escurecer, então ficar mais brilhante.

O que ela faria se ele saltasse dela novamente? Como suportaria a dor?

— Eu não vou deixa-la ir embora. Não desta vez, Gypsy. — As palavras eram uma lima dura quando ele veio para ela, abrindo suas coxas com suas pernas duras e bem musculosas e curvando-se para ela até que seus lábios podiam tocar os dela novamente.

Seja o que for que o enfureceu, qualquer emoção o rasgando, ela vislumbrou nos olhos azuis ardentes a expressão de dura intenção em seu rosto. Ela queria explicações. Queria saber o que ela fez, por que ele saiu dela tão depressa antes, mas a necessidade rasgando-a calou aquelas perguntas por enquanto.

Erguendo suas mãos, ela deslizou-as sobre os planos lisos de transpiração de seu abdômen duro, a extensão larga de seu tórax até que estava curvando os dedos sobre os músculos apertados e duros de seus ombros.

— Isto não muda nada. — Ela sussurrou, mais porque estava enfraquecendo e podia sentir isto.

Em meio à fome assolando por este Casta, a necessidade viciante de seu beijo e a raiva que rodava dentro dela havia algo mais. Algo que não queria olhar muito de perto. Algo que não podia se dar ao luxo de olhar muito de perto.

— Isso muda tudo. — Ele assegurou.

Antes de poder achar vontade para discutir, a cabeça larga de seu pau estava empurrando nas dobras inchadas de sua boceta, dividindo-as, em seguida estirando a entrada para o interior apertado, faminto e exigente.

Ela deixou escapar um gritinho ofegante novamente, ansiando enquanto sua carne se estendia para ele, separando com tal prazer doloroso que seus cílios tremularam fechando numa fraca tentativa de respirar.

Ela não suportava vê-lo mais, ver aquela pitada de agonia em seu rosto, a sensação que havia um custo que ele pagaria para tê-la.

 

Impotência nunca foi um sentimento que Rule conheceu desde o momento que os laboratórios que ele e Lawe foram confinados foram destruídos. A fuga foi planejada, planejada exatamente por anos, e mesmo assim, nunca conheceu impotência completa. Ele se recusava a sentir isto.

Agora, estava impotente.

O hormônio do acasalamento martelava por seus sentidos, corria por seu corpo como uma droga que ateava fogo em todos os seus sentidos. Tomá-la era imperativo. Marcá-la era uma fome destruindo-o, porque isso significava arruinar a carne perfeita e doce que ele amava tocar.

Cerrando os dentes até que seu queixo pareceu fazer um nó, ele apertou as mãos em suas coxas, mantendo-as bem abertas enquanto se ajoelhava, posicionado na entrada das dobras lisas e ardentes de carne embutindo a cabeça larga de seu membro.

Chamas lamberam a crista sensível, correndo para o saco firmemente colocado abaixo e para o largo eixo pesado e latejando em desespero. O animal que rondava e passeava de um lado a outro dentro do seu corpo tomou o controle e não havia porra nenhuma que ele pudesse fazer a respeito disso.

Exceto apreciar. Apreciar o prazer mais requintado que jamais experimentou na sua vida.

Ela conseguiu se esconder dele por dois dias. Dois miseráveis e agonizantes dias gastos enquanto os demônios do passado o torturavam com visões do destino que ela podia estar enfrentando. Dois dias de uma fome crescendo que deu um nó nas suas bolas, e fez a rigidez do seu pau aumentar até que ele jurou que a necessidade de gozar o mataria.

Não haveria nada mais de fugir desta mulher.

Nada de fuga para sua companheira.

Correndo as mãos ao longo de sua coxa enquanto seus quadris balançavam contra os dela, ele encontrou as dobras doces saturadas com seus polegares. Separando-as para revelar o pequeno broto inchado e distendido de seu clitóris, ele investiu mais duro contra ela, enchendo a entrada de sua boceta com a crista latejante de seu pau.

Deus, não sabia se seria capaz de se conter tempo suficiente para fazê-la se liberar primeiro.

Um grunhido retumbou em seu peito ante o pensamento, negando que tal coisa acontecesse. Nada importava além de sua proteção e seu prazer. Se não pudesse fazer mais nada, ele daria sua vida para protegê-la e cada segundo ele podia implorar, pedir emprestado ou roubar para lhe dar prazer.

Exercendo uma leve pressão nos lados de seu palpitante clitóris, ele balançou contra ela ainda mais, empurrando a ereção dura mais fundo dentro dela à medida que seu gritinho ofegante fez seu abdômen endurecer em prazer agonizante.

Ele nunca conheceu um prazer assim. Nunca soube que tomar uma mulher podia ser tão excitante. Mesmo naquela primeira noite, isto nunca foi tão danado de bom. E isso apenas provava os rumores que ouviu falar do prazer a ser encontrado nos braços de uma companheira.

— Isto é loucura. — Ela gritou, sua cabeça se debatendo na cama enquanto seus quadris empurravam contra os dele, empurrando-o mais fundo enquanto ele via a carne suave abraçando a maior parte da largura pesada do seu pau penetrando-a.

Porra, era erótico prá caralho.

A visão da mancha de orvalho ensopando suas dobras sedosas, confinada em uma camada grossa contra a carne mais deliciosa. Quando sua ereção separou as dobras, estas se agarraram a ele, brilhando na seta cheia de veias conforme forçava dentro dela, cobrindo-o, deslizando nela.

Porém o excesso de sua umidade não fez nada para aliviar a tensão apertando sua boceta. Ela flexionava e ordenhava a crista grossa a penetrando antes de sugá-lo, tentando atrai-lo mais fundo. Ele podia senti-la esticando-se para ele, ouvir seus gritos quando ela tomava cada polegada que ele trabalhava dentro dela.

Ela era tão apertada. Tão apertada, doce e quente que isso era tudo que podia fazer para aguentar. Como um punho pesado abrindo e fechando em torno da cabeça e do eixo sensibilizados enquanto fodia dentro dela.

— Assim, baby. — Ele gemeu quando os quadris dela sacudiram novamente, enterrando-o ainda mais fundo. — Tome-me exatamente assim. Apertada e gostosa prá caralho.

Ele ergueu o olhar para o rosto dela, observando quando seus cílios se abriram. Quando seu olhar encontrou o dela, os dedos dela contraíram fazendo as unhas curtas entrarem na pele de seus braços. Uma exigência sensual, uma garantia que ela estava tão perdida para o prazer quando ele estava se tornando.

— Vou chutar sua bunda mais tarde. — Ela gemeu, seus quadris mexendo, pressionando, trabalhando seu pau mais fundo enquanto ele lutava para se impedir de tomá-la como o animal que sabia que era. Duro e rápido, montando-a até que a explosão levasse ambos.

— Faça isto. — O grunhido em sua voz o advertiu...

Ah Deus, tinha que se segurar, só um pouco. Só um minuto. Ele podia sentir o abraço apertado e contração de sua boceta no seu membro, trabalhando-o, acariciando-o. Ela estava perto. Muito perto de gozar para ele.

Deixe-o tomá-la como o homem que ele queria ser...

— Rule. — Foi aquela pontada de pânico na voz dela que o puxou de volta, isso o lembrou do modo único que o animal tinha de se mostrar.

— Está tudo bem, baby. — Ele prometeu, pressionando mais fundo, a sensibilidade nítida logo abaixo da cabeça do seu pau assegurando-lhe que a liberação estava se aproximando rapidamente. — Eu juro. Está tudo bem.

Uma flexão involuntária dos seus quadris fez a carne sedosa envolvendo-o como uma luva apertá-lo mais, apertar e relaxar, acariciando-o como um punho escorregadio e sedoso, tão apertado que o prazer atravessou rasgando por suas bolas.

O olhar dela estava trancado no seu, o beijo quente dos seus sucos na cabeça do seu pau, um prazer adicional que rasgou a linha frágil do seu controle. Ele não aguentaria muito mais tempo. Não podia fazer isto muito mais tempo.

Puxando atrás até que apenas a cabeça de sua ereção permaneceu dentro dela, Rule investiu nela nitidamente, enterrou a metade, puxou de volta, então dirigiu seu pau com força, fundo, enterrou o comprimento todo dentro da escorregadia e muito flexível bainha da mais doce bocetinha em que já esteve dentro.

O prazer...

O êxtase doce e brutal...

Era tudo que o animal precisava para se liberar.

 

Seus olhos — os azuis brilhantes arderam, escureceram e reluziram um segundo antes de ultrapassarem até o branco dos seus olhos, a pupila se tornando um poço perfeitamente redondo, preto como carvão que refletiam um brilho azul ao redor dele.

Eram os olhos de um leão. Um leão de olhos azuis que a encarava de volta, que a observava com selvagem intensidade.

Pânico ameaçava as bordas de sua mente. Isso a teria subjugado se ele não tivesse recuado, levantado parcialmente dentro dela, em seguida recuado mais uma vez antes de dirigir uma punhalada dura, enterrando-o até o cabo dentro dela.

Ela não podia gritar. Não havia fôlego restante para gritar. Como se aquela punhalada fosse um gatilho, o penetrante prazer/dor explodiu através dos seus sentidos, correu por seu sangue e cegou-a com uma onda incandescente, um êxtase azulado que superou completamente seu mundo.

Isso não era prazer. Não era êxtase.

Era algo tão superior que só pode convulsionar embaixo dele, suas coxas apertando seus quadris, sua respiração suspensa, e o conhecimento, um inato conhecimento distante que algo, até agora tão fora de sua crença para ser completamente inacreditável, tinha ocorrido.

Algo que temia que o tivesse vinculado a ela de maneiras que nunca acreditou que pudesse ser amarrada a alguém. Muito menos um homem.

Ou um Casta.

Sentir o que os tablóides chamavam de lingueta Casta ficando ingurgitado embaixo da cabeça do pau dele, travando-o dentro dela enquanto isso pulsava e latejava, estimulando essa área tão sensível logo atrás do seu clitóris, dentro de sua vagina. Esquentou, acariciando quando Rule gozou dentro dela, os jatos quentes de seu sêmen acrescentando uma sensação adicional que esporeou ainda mais seu prazer.

Era demais para aguentar.

Prazer demais. Muitas sensações.

Demasiadas emoções...

 

Os dois dias que passou fugindo de Rule e seus Castas a deixaram exausta. Tão exausta que lutar com ele uma vez que a encontrasse, teria sido impossível. Pelo menos, esta era a desculpa que usou naquela tarde depois de acordar, enrolada nos braços dele.

Não apenas nos braços dele. Uma perna musculosa estava jogada sobre as dela, ancorando-a na cama. Atrás dela, o comprimento duro, espesso de seu pau pressionava contra suas costas, lembrando-a por que estava lá.

Ele não a quis até que por um pequeno golpe do azar, a natureza decidiu usar algum estranho hormônio para ligá-la a ele. Agora, ele decidiu que a queria? A queria tanto que a ligou a ele como uma esposa bem amada?

Não pensava assim.

— Solte-me. — Empurrou o braço deitado sobre ela, a raiva dos últimos dois dias aumentando dentro dela, mesmo quando a excitação começou uma forte e aquecida fervura entre suas coxas.

Droga, ela nem sequer tomou um banho ainda. Depois que a tinha tomado, depois que “algo” tinha trancado dentro dela e mandou-a espiralando num completo colapso arrebatador, nem sequer teve energia para manter os olhos abertos, e muito menos arrastar o rabo para fora da cama para um banho.

Maldito.  

— Porra, me deixe ir. — Ela bateu seu cotovelo no flanco dele com força suficiente para acordá-lo imediatamente.

— O que? — Murmurando um resmungo, seu braço apertando ao redor dela.

— Tire sua maldita perna de cima de mim, Rule. — Ela estalou, enfurecida. — Tenho que sair desta cama agora.

— Por quê? — Ele se aconchegou sonolento contra as costas dela, o que apenas a emputeceu ainda mais.

— Não preciso de uma maldita camisa de força. — Ela o informou furiosamente enquanto lutava contra ele. — Agora me solte para que possa ir para a porra do banheiro.

Um pequeno rosnado vibrou na garganta dele, mas felizmente, ele a soltou, embora lentamente.

— Depressa. — Ele murmurou, enterrando a cabeça no travesseiro dela, enquanto ela olhava atrás na direção dele.

A irritação aumentou dentro dela. Ele acabava de foder completamente toda a vida dela e tudo que queria fazer era dormir?

— Sim, vou dar um jeito nisso, idiota. — Murmurou com um grunhido silencioso antes de ir rapidamente para o banheiro.

Podia sentir o cheiro dele por toda a parte. Aquele cheiro de homem e tempestade da meia-noite, com uma sugestão de menta e chocolate. Inferno, estava começando a desejar chocolate por causa dele.

Na verdade, precisava se convencer que o odiava. Isso era o que precisava fazer. Talvez então essa coisa de hormônio de acasalamento apenas fosse embora e a deixasse em paz. Porque neste momento, estava fazendo-se notar e sensibilizando seu clitóris e os músculos internos de seu sexo, de um modo que era altamente perturbador.

Ela tinha coisas a fazer hoje. Não tinha tempo para ficar deitada na cama com um Casta louco.

Ele tinha que ser louco. Que outra explicação poderia existir para que pulasse fora dela, como se ela estivesse doente duas noites atrás, então passar dois dias investigando a Nação Navajo à procura dela.

Louco idiota, é isso o que ele é.

E aqueles olhos.

Assim que ligou o chuveiro e ajustou a temperatura, um calafrio percorreu-a com a lembrança dos olhos dele. O branco não existia. Seu olho inteiro era azul com exceção do centro da pupila negra. Como um leão. Como um predador.

Era tão malditamente sexy... não, não era sexy, era esquisito, emendou furiosa.

Coletando os itens necessários para seu banho, entrou debaixo do pinicante jato, abaixou a cabeça e deixou a água escorrer por ela.

Queria chorar agora. Ela não chorava há nove anos, e não iria começar agora, porque certo como o inferno que isto não ajudaria. Não resolveria nada. Apenas faria sua cabeça doer. E a última coisa que precisava era outra enxaqueca. O homem deitado na cama no outro quarto era uma enxaqueca suficiente para qualquer mulher.

Lavando os cabelos rapidamente, antes de passar condicionador na longa massa de fios castanhos escuros, Gypsy tentou manter sua mente fora da dor que seu corpo estava se transformando, e no resto do dia ao invés.

Era fim de tarde.

Ela tinha uma reunião agendada com seus pais no escritório deles em casa, relativo aquele contrato estúpido que estavam assinando com a Agência de Assuntos Castas. Jonas anunciou que um novo escritório seria aberto, mas reteve as notícias que um diretor assistente e vários contatos já tinham sido designados.

Esse anúncio deveria vir após a fase inicial de introduzir Rule, Malachi e Stygian na comunidade empresarial da área de três condados que foi completada.

Sua mãe já tinha uma agenda esboçada que garantiu tirar Gypsy do resto de sua paciência, no que se referia a Rule.

Enxaguando a espuma do corpo enquanto se virava sob o jato, não ficou surpresa ao encontrar algo duro, quando seu ombro bateu no obstáculo imóvel que entrava no chuveiro com ela.

— Tomando banho sem mim? — Ricos e normais olhos azuis olhavam para ela, enquanto a água fumegante jorrava sobre a carne musculosa e bronzeada do corpo dele.

Deus, ele era quase uma obra de arte.

Não havia um grama de gordura em seu corpo. A força debaixo da carne dura era óbvia, da mesma maneira que a inteligência que cintilava nos olhos que não podiam ser esquecidos.

— Eu adoraria. — O sorriso dela era firme e ela sabia disso.

Não queria um confronto enquanto estava nua, mas isto cintilava nos olhos que ele mantinha sobre ela sem dar nenhuma importância.

Filetes de água rolavam ao redor do pescoço dele, correndo em fluxos estreitos abaixo por seu corpo, enquanto o olhar dela os seguia. Eles enrolavam sobre e em torno da larga e pesada ereção dele, antes de cair nas pernas poderosas.

Não que tenha se preocupado em seguir o caminho ao longo de suas pernas. Seu olhar parou no forte e cheio de veias eixo, espetando para fora do corpo dele. O pulsar pesado do sangue por baixo da carne correspondia ao pulsar evidente na crista alargada que apontava exigente em sua direção.

Seu pau gritava de intenção. Pulsando sob seu olhar, apertando enquanto ela lambia os lábios nervosamente, era uma tentação que realmente precisava recusar.

Poderia bancar a sedutora, mas como Rule sabia, até duas noites atrás, nunca esteve com um homem. Não esteve em estacionamentos, não fez sexo, não era uma falsa virgem com experiência para agradar um homem a qualquer momento.

Mas Deus a ajudasse, tudo que queria fazer era encher a boca com o feroz pulsar latejante, do rígido inchaço da crista de seu pau. Queria lambê-lo. Sugá-lo. Queria senti-lo pulsando com sua língua exatamente antes dele começar a foder sua boca, porque ele a quereria tanto que não poderia controlar a vontade de fazê-lo.

Ela sonhou com isso mais de uma vez desde que o viu pela primeira vez.

Um gemido soou através do ar ao redor dela, enquanto sentia o polegar e o lado do dedo dele apertando seu mamilo, puxando-o, apertando o pontinho de carne com uma força que enviava estilhaços de sensações correndo diretamente para sua boceta.

Que diabos estava fazendo?

Lambendo os lábios novamente, obedeceu à necessidade que a fez ficar de joelhos, perdendo o prazer atacando seu mamilo por um prazer que não podia negar a si mesma.

Inclinando-se para a frente, os lábios dela se separaram, sentiu uma mão segurando seu cabelo na nuca, e seus cílios vibraram com a nítida sensação dos dedos dele apertando os fios, enquanto os arrastava por eles.

Sua língua encontrou a crista inchada primeiro, enrolou em torno dela, lambendo-a com seus lábios, em seguida, puxando-o para dentro das profundezas famintas de sua boca.

Ok, ela leu livros.

Viu isto em alguns filmes pornográficos de fim de noite, que assistiu ao longo dos anos. Conhecia o fundamento. E Rule parecia estar apreciando aqueles fundamentos imensamente.

— Ah caralho. — Ele gemeu em cima dela, quando ela segurou a base do eixo com firmeza e começou a mover a boca e a língua sobre a cabeça sensível. — Gypsy, querida. É isso aí. Caralho. É isso aí, baby, me chupe profundamente assim.

Só assim. Tão fundo quanto conseguia levá-lo, enquanto trabalhava os dedos sobre o eixo duro, sentindo o sangue pulsar nas veias espessas embaixo da carne dura como ferro.

A fome atacando-a não era tão estranha quanto queria se convencer que era, entretanto. Ao longo dos anos, seu corpo lembrou-a frequentemente que era uma mulher em vez de apenas uma ferramenta de vingança.

A dor em sua boceta e o clitóris inchado estava amplificada, mas muitas noites passou em sua cama apenas masturbando-se ao ponto das lágrimas, porque o orgasmo que precisava não estava lá.

Sim, também foi uma falsa virgem, não importa quanto sua raiva quisesse afirmar o contrário.

Não era uma virgem de qualquer tipo agora. Não era mais uma ferramenta de vingança, e pagaria por permitir que isso acontecesse mais tarde. Agora, era apenas uma mulher — uma dolorida e faminta mulher. Uma cujos sentidos estavam completamente preenchido com o Casta cujo pau estava viajando entre os lábios dela. Sua língua lambia e acariciava avidamente sobre a carne quente, enquanto o gosto dele e sua fome por ele rugia fora de controle.

A mão dele estava travada nos cabelos da sua nuca, apertando e puxando os fios, enviando arcos de sensações explosivas correndo através dela, sobre ela.

Um forte pulsar flexionou sob a ereção que ela mantinha cativa, uma pitada de macho salgado e meia-noite, provocando seu paladar com o pré-sêmen que escapou da estreita fenda na ponta do seu pau. O gosto trouxe um gemido baixo aos seus lábios, a necessidade de mais do que um provocante toque do prazer dele percorrendo seu sistema.

Segurando mais apertado na base de seu eixo, ela deslizou a mão livre pela coxa dele até entre suas pernas, para encontrar seus testículos tensos. Quando seus dedos o acariciaram lá, encontrando as esferas escondidas sob o toque dela, ele gemeu seu nome.

O som era um rouco e grosso rosnado que enviou seus sentidos espiralando de prazer. O som do prazer do homem não deveria enviar uma sensação percorrendo por ela, com a mesma força que o toque dele faria. Ou com o mesmo prazer.

No entanto, isto o fez.

Seu útero cerrou, seu clitóris inchou ainda mais impossível, quando sua boceta umedeceu por ele.

Chupando a carne grossa mais fundo, Gypsy segurou-o no fundo de sua boca, sua língua trabalhando contra a parte sensível, enquanto chupava a cabeça larga, amando o sabor e a sensação dele na boca dela.

A intimidade dele. O prazer que jurava poder sentir emanando dele, parecia envolver em torno dela, afundando dentro dela e chicoteando uma conflagração de sensações aumentando através de seus sentidos mais elevados do que nunca.

 

Que porra ela estava fazendo com ele?

Rule sentia cada músculo de seu corpo apertando, queimando, o prazer que corria por sua carne como se mil golpes formigassem contra todos as terminações nervosas de seu corpo. A sensação da boca dela chupando a cabeça sensível de seu pau o estava destruindo. O prazer estava traspassando-lhe, agrupando-se através de seus sentidos e dando à parte dele que era selvagem, descontrolada e inconsolável completamente a mulher ajoelhando diante dele.

Quando a língua dela apertou firmemente contra o lado inferior de seu pau, pôde sentir o prazer brutal agrupando-se exatamente debaixo disto. A cabeça flamejante pulsou e inchou ainda mais, até mesmo apertou com prazer agonizante. Podia sentir a lingueta se expandindo uma vez que estava enterrado dentro dela, cercado até o talo pelo calor luxuriante dela, pulsando no tempo do sangue correndo por suas veias.

A adrenalina trazida à tona pelo prazer rasgando-o, encheu seus sentidos. Aquela onda de poder e força era incrivelmente alta durante a batalha, mas correndo por seu sistema agora, alimentando o Calor de Acasalamento, chamejando com o cheiro da fome dela por ele, não era nada como o que já conheceu.

Mesmo os alucinógenos poderosos, os incríveis altos e baixos das drogas entorpecentes que experimentou nos laboratórios, não parecia com nada das sensações que assolavam seus sentidos agora.

Não havia tal coisa como controle. Não havia resistência.

Seus dedos se fecharam nos cabelos dela, o olhar fixo na expressão extasiada do rosto dela, sabia que o controle, a razão ou a resistência não era nada do que ele queria, quando se entregou ao erotismo exuberante desta mulher.

Sua companheira.

— Gypsy, agora é a hora de se afastar. — O animal estava tomando o controle. Rule podia sentir seus sentidos se expandindo, estreitando, concentrando-se na mulher e nada mais. Na fome que arranhava nele, batendo em sua alma e exigindo que a tomasse.

Possuí-la.

Marcá-la pelo fato de que lhe pertencia.

Esta era sua companheira.

Era a mulher do homem. O coração do homem.

Mas era a companheira do animal, e aqui, neste momento, o animal comandava. A criatura que existia dentro de sua genética, dentro da alma de homem, já tinha sido contida por tempo o suficiente.

À medida que os cílios dela se abriram, seus lindos olhos verdes escuros e cheios de fome, cintilaram com desafio feminino, Rule perdeu a batalha.

 

Gypsy podia senti-lo. Ele estava perto. Seus testículos estavam apertados, seu pau pulsando, a crista flamejando e batendo ferozmente como o gosto salgado e a excitação masculina provocando seus sentidos.

Ela perguntou-se como isto seria para ele, amando-o com os lábios, com a língua, a sensação dele enfiando-se por seus lábios até que encontrasse o prazer com ela.

Estava certa de que isto aconteceria dentro de segundos.

— Gypsy, agora é a hora de recuar. — O som da voz dele era tão áspera, em seguida tão forte e animalesca que entendeu o que veria quando abrisse os olhos.

Ela disse a si mesma para manter os olhos fechados. Não queria ver o que encontraria nos olhos dele.

Mas ela nunca escutava aquela voz interior como deveria, então por que deveria começar agora?

Seus cílios abriram.

Um brilhante azul neon enchia o olhar dele, todo o seu olhar. No centro, a íris negra tinha se transformado, uma pequena fenda garantindo-lhe que aquele não era o homem encarando-a. A genética animal dele retraiu-se de observá-la, e cansou de esperar dentro do homem...

— Não. — O protesto foi instintivo quando ele se afastou, retirando o deleite que acreditava que ele estava a poucos segundos de ejacular na boca dela.

Ele rosnou para ela. Um som baixo, feroz que fez os olhos dela se arregalarem, arrancando um suspiro dela, quando de repente se viu olhando para a parede do chuveiro. Atrás dela, uma mão forte agarrou seu quadril para mantê-la no lugar enquanto a outra se plantava entre as omoplatas dela, empurrando-a para frente, com firmeza.

— Maldita seja... — Ela congelou no segundo em que se moveu para forçar-se contra ele.

De repente ele a estava cobrindo, caninos afiados e perigosamente fortes, apertando o músculo na curva de seu pescoço, enquanto rosnava uma advertência baixa e severa.

Ela devia ficar apavorada.

Devia estar lutando.

Ao invés disso, perdeu o fôlego, ofegando com uma onda de prazer tão incrível que seus cílios tremularam num gesto de submissão instintiva a ele.

Ela se odiaria mais tarde, decidiu. Talvez amanhã.

Talvez semana que vem.

Não faria nada para aliviar ou tirar as sensações incrivelmente eróticas correndo por seu corpo. O prazer invadindo seus sentidos. Isto explodiu na carne sensível de seu pescoço, se derramado pelo resto do corpo dela, e quando a crista dura do pau dele pressionou contra as dobras inchadas de seu sexo, seus fluidos a deixaram tão lisa, tão pronta para ele que, quando apertou-se contra sua entrada, a ponta do seu pau enfiou-se facilmente.

Então veio o prazer real.

As costas de Gypsy arquearam, um grito rasgou de seus lábios quando o primeiro impulso forte enterrou apenas alguns centímetro do pau dele dentro dela. A água fumegante fluía ao redor deles, bloqueada apenas ligeiramente pelas costas largas dele. Isto aqueceu ainda mais o cubículo, deixando a porta de vidro esfumaçada, enchendo a área com um calor úmido que apenas sensibilizava ainda mais sua carne.

Afastando-se, ele deu-lhe apenas um segundo para tomar fôlego, antes de mergulhar dentro dela novamente, então novamente. Quatro fortes punhaladas antes de se hospedar completamente dentro dela, estirando-a, enviando espasmos afiados de prazer incrível, perfurando cada terminação nervosa dentro de sua boceta.

Seus dedos se curvaram contra o piso do chuveiro, o azulejo liso e quente debaixo dela. Acima dela, Rule estava mais forte, mais quente. Enterrado dentro dela, seu pau pulsando, batendo contra sua boceta sobrecarregada e nublando seus sentidos como o prazer de uma droga.

Ela estava gritando o nome dele, implorando, e não tinha nenhuma ideia do que estava implorando até que ele começou a se mover.

Os dedos dele apertados em seu quadril, enquanto plantava a outra mão na parede do chuveiro na frente dela. Gypsy apoiou o ombro contra os músculos apertados do braço dele, virando a cabeça e mordendo a carne dura, quando ele começou a empurrar violentamente dentro dela.

Cada penetração era um choque de prazer agonizante. A crista áspera queimando contra os tecidos internos dela, alimentando a necessidade do clímax a um nível doloroso. Estava gritando o nome dele, sua boceta apertando a cada impulso rápido, desesperada para segurá-lo dentro dela. A largura grossa e dura esticando até que cada impulso exercia pressão suficiente para o clitóris inchado deixá-la enlouquecida lá.

Seus sentidos estavam saindo de controle. O prazer intensificado a um ponto que estava certa de que não poderia aguentar nem mais um segundo. Não podia aguentar a necessidade de gozar nem por um instante mais, apenas para ser lançada mais alto. Para pegar fogo.

— Rule, por favor. Maldito seja, deixe-me gozar. — Gritou, sentindo a língua dele lambendo contra a carne entre os dentes, enquanto um rosnado vibrava contra as costas dela e em seu ouvido.

Os quadris dele batiam contra o traseiro dela, seu pau ia e vinha com força e profundamente, acariciando e afagando a carne supersensível de sua boceta, até que achou que iria enlouquecer com as sensações transpassando-a.

— Por favor. — Ela gemeu contra os bíceps dele, sentindo isto flexionar sob seus lábios. — Por favor, me foda com força. Mais forte.

Ele rosnou com o ritmo cada vez maior, a carne dura como ferro impulsionando dentro dela mais rápido, mais forte, acariciando e queimando a carne, enquanto o tecido delicado apertava e apertava em torno de cada impulso, até que sentiu que um fogo, elevando-se dentro dela, atingia um ponto crítico.

A mão segurando seu quadril deslizou entre suas coxas, encontrando o botão dolorosamente inchado de seu clitóris, com a ponta dos dedos calejados.

Aquele toque contra as vivas terminações nervosas gritou para que ele a despedaçasse. Começou com uma rápida implosão de fogo que roubou o fôlego dela. O êxtase colidindo com seus sentidos, deixando seu corpo apertado, enquanto os dentes dela mordiam a carne dura de seu bíceps.

Um raio atingiu seu clitóris, espetando em sua boceta, então se reunindo com força apertando seu ventre, e isto de repente passou de um fluxo interno de puro prazer a uma série de explosões com tremenda fúria, em êxtase, que a visão dela turvou com uma explosão incandescente de luz brilhante.

Ela não tinha ideia do quão duro mordeu o bíceps dele, quando sentiu as detonações internas esmagando-a. Mal ficou ciente dos dentes dele penetrando a carne na curva de seu pescoço e ombro. Cada sensação era apenas outra explosão incandescente de arrebatamento estremecendo por seu corpo, empurrando-a para o controle dele, enquanto sentia o aumento da espessura daquela adicional ereção dentro dela, prendendo-o dentro dela.

A lingueta do Casta felino.

Ela podia sentir isto bloqueando na área de seu ponto G, áspera e acariciando a carne tão bem escondida em uma mulher, que apenas um amante muito experiente encontrava e acariciava-o corretamente.

A natureza deu ao Casta felino uma pequena ajuda adicional lá, da mesma maneira que fez em outras áreas. Várias explosões de sensações golpearam seus sentidos, enquanto Rule estava preso dentro dela. Elas ampliavam o orgasmo rasgando seus sentidos, mandando-a voando mais alto, até que não era nada além de uma criatura de pura sensação. Ela procurou e precisou, nada além deste prazer.

Este Casta a possuindo.

Estava perdida e sabia disso.

Gypsy podia sentir a marca daquela verdade chamuscando dentro de sua alma. Estava perdida por ele. Não havia como escapar dele, porque sabia que, se fosse condenada ao acasalamento, nunca poderia passar sem este prazer novamente. E isso a apavorou. Porque tudo o que uma mulher não podia passar sem, era a garantia para destruí-la, quando fosse tirado dela.

 

Que caralho ele fez?

Que caralho estava acontecendo?

Filho da puta.

Filho da puta.

Isto era tudo que podia fazer para manter o peso dele acima dela, para que ambos não desmoronassem no chão do chuveiro. A água morna ainda fluía ao redor deles, entretanto o calor que preenchia isto anteriormente estava ausente.

E ele precisava conseguir seu rabo fora de sua companheira e fechar a água antes dela ficar gelada.

O pensamento de que realmente tinha mudado. Todos os instintos dentro dele o advertiram que a protegesse, não importa o quão leve fosse o perigo ou o efeito na saúde dela, era de suma importância.

O que ela fez com ele?

Isto não era o Calor de Acasalamento. O Calor de Acasalamento era a incapacidade de se separarem. Era a necessidade de foder, procriar, não importavam os obstáculos.

Isto não era o Calor do Acasalamento. Era a resposta do animal aos pensamentos automáticos do homem sobre a mulher, que estava desesperadamente tentando não amar. E ele já tinha falhado.

Forçando seus músculos ao estágio da flacidez que eles provavelmente jamais conheceram, Rule ficou de pé, rapidamente fechando a água, então se ajoelhou para erguer sua companheira do piso do chuveiro.

— Apenas vá embora. — Ela murmurou quando ele levantou-a em seus braços, antes de colocá-la no assento amplo incorporado ao chuveiro e pegando uma toalha.

Ela afundou contra o canto, de olhos fechados, seus encharcados cabelos longos pendurados ao redor de seu rosto, e pingando água em seus seios e suas coxas. Sua cabeça descansava contra o canto do chuveiro, o verde de seus olhos cintilava entre seus cílios abaixados.

— Vista-se ou algo assim. — A voz dela ainda estava sonolenta, preguiçosa, nenhuma dúvida da razão por que o surpreendeu, quando a mão dela ergueu-se e puxou a toalha de seu aperto.

Isto era uma coisa ruim, pensou enquanto ela drapejava o material sobre ela, cobrindo seus seios e coxas. Ninguém mais, não importando como, não importando as circunstâncias, poderia ter puxado aquela toalha dele tão facilmente. Ele nunca permitiria baixar sua guarda a este ponto.

Isso não desculpava o fato de que ela moveu-se muito mais rápido, e com uma precisão que nenhum civil poderia possuir, permitindo que pegasse a toalha dele. E ela nem ao menos notou o fato de que moveu-se com tanta facilidade, e com um treinamento que estava certo de que não queria revelar.

— Por que está olhando para mim assim? — O cheiro de sua desconfiança era ofensivo.

Rule franziu o cenho. O animal ainda estava extremamente perto da superfície, o prazer de momentos antes ainda permaneciam com extrema força dentro de seus sentidos.

— Vamos secá-la, sabichona. — Disse a ela, ajoelhando-se na frente dela e pegando a toalha dela, apesar dela lutar com ele.

Começando com seus cabelos, secou o excesso de água gentilmente, ciente, longos momentos depois, que ela estava ficando frustrada com os cuidados dele. Os longos cachos, pesados de água estavam particularmente lindos, no entanto. O efeito liso que às vezes ela conseguia era bonito também, mas gostava das ondas e pequenos cachos. Secá-los rapidamente, muito grosseiramente poderia deixar os fios crespos. Sabia que ela não iria gostar disso. Nunca tinha visto os cabelos dela crespos ou nada menos do que como seda e saudável.

— Rule, o que diabos está fazendo? — Ela o observava com muito mais desconfiança do que momentos antes.

— Apenas secando seu cabelo. — Terminando o último dos longos cachos, escovou-os suavemente para trás dos ombros dela, enquanto evitava as tentativas dela de agarrar a toalha de volta.

— Muito bem, você já os secou. — Ela olhou para ele. — Agora me dê à maldita toalha. Vou me secar sozinha.

O cheiro da desconfiança dela apenas aumentou, ainda mais perturbador, assim como uma sensação de medo, enquanto ele continuava a tentar secá-la. Por que cuidar de sua deliciosa pequena companheira causava-lhe tanta angústia?

Estreitando os olhos, Rule fez como ela pediu, alcançado e puxando outra toalha fora da prateleira do outro lado da parede, para terminar de secar seu próprio corpo.

Segundos mais tarde ela encontrou forças em suas pernas, para erguer-se e rapidamente enrolar a toalha em torno das curvas esbeltas, que ele teria apreciado observar um pouco mais.

Jogando sua própria toalha para um canto do chuveiro, ele saiu do cubículo e dirigiu-se para o quarto. O cheiro da desconfiança contínua e aquela pontada de medo, juntou-se ao toque de dor.

Porra. Ela estava tentando libertar aquela porra louca da genética animal novamente. E isso era algo que ele preferia garantir que nunca mais acontecesse. Bem, a menos que estivesse enterrado profundamente dentro dela novamente.

Puxando um par de calças jeans, fechou o zíper rapidamente, ciente que seu pau estava ainda duro o suficiente para assegurar que não demoraria muito, antes dele estar realmente enterrado dentro dela novamente.

Até então, iria esperar pacientemente.

Não demorou muito para que ela entrasse no quarto, olhando-o com nervosismo antes de se mover para a cômoda. Aí estava — sua testa franziu quando ela encontrou a gaveta que continha as camisas dele na primeira tentativa.

Erguendo uma camiseta cinza escura do topo da pilha, desdobrou-a e colocou-a por cima da cabeça, então empurrou os braços nas mangas e deixou-a cair por seu corpo, antes de soltar a toalha.

Aquela genética animal.

Ele normalmente as amaldiçoava; neste segundo, ele estava fazendo mais do que amaldiçoá-las. O animal estalou dentro dele. Uma pontinha de um cheiro. A consciência de que algo não apenas não estava certo, como seus sentidos normalmente confiáveis falharam com ele.

Ele esteve neste quarto semanas antes, ciente do mais leve cheiro que deveria ter reconhecido, apenas para isto tê-lo iludido.

Isto não o estava iludindo agora.

— Onde conseguiu o bloqueador de cheiro na noite em que vasculhou meu quarto, companheira? — Ele perguntou-lhe suavemente. — E quem o forneceu?

 

Como ela se entregou tanto?

Seu olhar estava trancado no dele, normal agora, toda evidência do animal com o qual ele compartilhava sua genética não mais presente. Mas não existia como ela pudesse esconder sua resposta e sabia disso. Ela foi pega. Podia sentir. Podia ver isto na labareda de raiva que acendeu os olhos dele e enrijeceu seu corpo.

— Sobre o que está falando, Rule? — Isso não significava que ela tinha que se entregar fácil.

Ele já destruiu os planos que fez para sua vida tantos anos atrás. Nove anos que passou jurando vingar o assassinato do seu irmão e compensando por ser a causa disso.

Ele riu.

Não era um som confortável, ela observou, olhando-o nervosamente. E realmente queria que ele fechasse sua calça jeans e colocasse a droga de uma camisa. Meias. Talvez sapatos também. O que definitivamente faria com que ela se sentisse mais confortável. Porém em menos dificuldade, ela apostava.

— Você sabe. — Encostado na cômoda de que ela acabava de puxar uma camisa, ele a observou curiosamente enquanto cruzava os braços no peito largo e nu. — Várias semanas atrás meu quarto foi vistoriado. Um bloqueador de odor foi usado, mas o que o intruso não estava ciente era que a transpiração que deixou pelo quarto não estava a salvo da detecção quando o quarto pertencia ao companheiro não acasalado do intruso.

Companheiro não acasalado? Ela quase teve que se esforçar para não revirar os olhos, mas estava cansada para caramba. Seu sexo no banheiro quase minou a pouca energia que ganhou quando dormiu mais cedo.

— Está sonhando, Rule. — Ela suspirou rudemente, certa que não existia realmente como sair disso, pelo menos sem mentir para ele de verdade, e isto achou de repente desagradável.

Uma espiã que não podia mentir? Inferno, essa não era a primeira vez?

Seu olhar focou nela como um laser, brilhando, a íris azul alargando só o suficiente para fazer seu coração acelerar.

— Então — ele continuou como se ela não tivesse falado — quando tivemos esses caras atrás da gente na noite passada, você sabia exatamente como arrumar o GPS no Dragoon e se esquivar de quem quer que estivesse nos seguindo. Como sabia disso, Gypsy? Ninguém fora dos Enforcers que usam aqueles veículos sabem sobre os novos sistemas que entraram justamente antes de deixarmos a operação em Window Rock. Isto e os transponders e telefones de satélite para perseguidores que levamos. Especialmente nenhum civil humano.

Ela deu de ombros despreocupadamente, apreciando bastante o jogo que ele começou. Pelo menos no momento. Porém estava certa que chegaria o momento quando não permitiria que ela negasse seu conhecimento de onde recebeu suas informações por tanto tempo. E Deus a ajudasse, só podia rezar que não envolvesse Jonas Wyatt nisto.

— Alguém deve saber sobre isto. — Ela o informou, como se o assunto não fosse mais que divertido. — Porque devo ter ouvido sobre isto em algum lugar. Apesar disso realmente não ser tão diferente dos GPS e sistemas de apoio usados pela Execução de Lei Nacional.

— E como saberia sobre o GPS e sistemas de apoio deles? — Ele focou toda sua atenção nela imediatamente. — Até onde sei, Nacional é tão controlador a respeito de suas informações técnicas quanto os Castas são.

— Muito mais, realmente. — Ela sorriu. — Acho que isto depende de quem tem como amigo, Rule. Eu tenho muitos amigos. E lembre-se, trabalho meio período na Agência de Polícia Secreta Navajo.

Ele realmente sorriu. Abaixando sua cabeça por um momento, ele olhou fixamente para um ponto que podia ser seus pés descalços. Porém ele estava balançando sua cabeça, e aquele sorriso estava mostrando um pouco mais dos caninos saudáveis ao lado de seus dentes que ela achou confortáveis.

Sua cabeça ergueu o suficiente para encará-la através do véu daqueles cílios espessos e bem pretos. O cintilar daqueles olhos azuis, mal vislumbrados pelos longos cílios, era inteiramente e maldosamente sensual. Isso fez seu estômago dar um tipo um salto.

— Sim, tem um monte de amigos, baby. — Ele disse suavemente, fazendo seu coração tropeçar nervosamente. — E quem quer que treinou você fez um trabalho bom para caralho. Se qualquer outro Casta, que não Jonas questionasse você, então não tenho dúvida que os convenceria que era apenas a garota festeira que finge ser. Mas nenhum outro Casta teria visto sua resposta no movimento que usou ontem à noite quando Rhyzan cometeu o equívoco de tocá-la naquele bar. E sim, um dos Enforcers observando aquele pequeno movimento descreveu-o perfeitamente quando eu estava entrando.

Gypsy arregalou os olhos ingenuamente.

— Aquele é um Casta esquisito, Rule. Deve mantê-lo afastado do público em geral, se realmente quiser convencer o público que é inocente.

— É isso que estamos tentando fazer? — Ele perguntou a ela.

— Não é? — Ela manteve sua aparência divertida, uma sobrancelha arqueando zombeteiramente, e rezou para que pudesse disfarçar seu coração acelerado e seu nervosismo na excitação fervilhante ainda vibrando por seu corpo.

— Não está me distraindo. — Ele a advertiu então. — Está calma, dando toda a aparência de estar ligeiramente confusa, um pouco nervosa mas entrando no jogo. Um treinamento danado de bom, exatamente como eu disse. Mas provavelmente sou a única pessoa no mundo que nunca vai poder fazer de bobo sempre que tentar mentir para mim. Eu conheço seu aroma mais intimamente que qualquer outra Casta jamais conhecerá, e pegarei essa pitada de engano escapulindo. Você não tem que dizer uma palavra. Saberei que está se preparando para me enganar antes das palavras deixarem sua boca.

Bem, ele não era simplesmente tão seguro de si mesmo?

Gypsy moveu-se para o outro lado do quarto então, observando-o cautelosamente como se ela estivesse realmente tão confusa e nervosa quanto ele indicou que estava jogando. Eles dois sabiam que ele estava certo, mas nada podia machucá-la, ou a ele, se ela não admitisse isto.

— Olha. — Ela deu uma risadinha nervosa que não era completamente falsa. — Isto foi realmente interessante, Rule, mas acho que preferiria que achasse outro jogo para jogar.

Ele a seguiu apenas com os olhos, mas quando ela alcançou a porta, um estrondo sombrio de repente encheu o quarto, fazendo-a parar e encará-lo de volta com surpresa.

— Ainda não negou que esteve procurando por meu quarto, companheira. — Ele lembrou a ela.

Gypsy inclinou o quadril, imitando sua postura com os braços cruzados no peito e encarou-o de volta.

— Não perguntou se eu fiz uma busca no seu quarto, Rule. — Ela ressaltou o nome dele em vez de usar o título de companheiro no tom zombeteiro que quis usar. — Fiz exatamente isso na primeira vez que me jogou na cama e conseguiu o que queria comigo, logo depois que deixou o quarto. E nem precisei de um bloqueador de odor para fazer isto, nem tive que invadir, se você se recorda. Entretanto não sei o que acha que eu estava procurando. Eu queria um copo d’água, e queria saber exatamente onde poderia encontrar as camisetas para quando precisasse de uma. — Ela puxou a frente da camiseta cinza ironicamente. — Existe algo mais que quer saber?

— Quero saber por que, mesmo depois de revelar que realmente esteve no meu quarto naquela noite, o cheiro da sua mentira ainda está derramando de seu corpo?

— Que mentira? — A aflição enchia sua voz agora. — Do que você está me acusando, Rule?

Ela sabia muito bem do que a estava acusando, e o próprio fato de que era confiante para caramba, e empurrando um pouco mais a cada frase que saía da sua boca, deixou-a conscientemente batalhando com seus nervos crescentes.

— Jonas está procurando por alguém, Gypsy. Um informante para uma seita secreta de guerreiros localizados dentro da Nação, que é conhecida por ajudar Castas e humanos a escapar e desaparecer para sempre do Conselho de Genética. Achar esse informante é imperativo. Pode ser tudo que está entre a vida ou a morte para Amber.

Ela odiava Castas.

E estava começando a odiar esta merda de acasalamento e nem sequer entendia o que era. O que sabia era que isso era tudo que ela podia fazer para se impedir de lhe dar o que ele queria. Queria dizer a ele toda a merda da verdade que mal podia suportar.

— E acha que se eu fosse este todo-importante informante eu aguardaria caladamente e permitiria que Amber morresse? — Isso realmente a aborrecia. Ela nunca aceitaria qualquer um que assistisse aquela criança sofrer.

Descruzando os braços, ele se endireitou de sua posição descontraída e a encarou de forma direta.

— Acredito que questionaria seja quem for para quem você trabalhe, perguntaria se têm o que precisamos e eles mentiriam para você. Você é humana, baby, não saberia quando um mentiroso experiente está mentindo.

Seus punhos apertaram com a raiva, que estava tentando segurar dentro dela desde que ele ousou deduzir que ela permitiria que qualquer coisa acontecesse com Amber, e começou a queimar dentro dela.

— E acha que eu simplesmente aceitaria a palavra de alguém se fosse esta informante tão procurada? — Ela o acusou, sentindo sua expressão enrijecer, a tensão começando a subir como um foguete através dela. — É isso que pensa, Rule?

— Penso que confiaria no seu contato. — Ele suspirou cansado. — E sua confiança não é fácil de adquirir. Mas se te disseram que não podem ajudar Amber, então estão mentindo, querida. Eles estão escondendo dois indivíduos conhecidos por serem parte da experiência que criou a droga que foi injetada no bebê. Ambos tinham, e muito provavelmente ainda tem, memória fotográfica, e eles dois sabem exatamente como ajudá-la.

— Então por que não procuram por eles? — Virando, ela abriu a porta empurrando e a atravessou um segundo à frente dele enquanto ele tentava pegá-la.

E então soube por que ele tentou impedi-la de entrar no quarto. Sentado do outro lado da porta estava seu irmão Lawe; a noiva de Lawe, Diane; e a fêmea Coiote Ashley.

Seu olhar estreitou neles. Teriam ouvido claramente a conversa no outro quarto.

— O que estão fazendo aqui? — Ela perguntou sucintamente, lutando para conter seu temperamento quando virou para enfrentar Rule acusadoramente. — O que está armando aqui, Rule?

Ashley se adiantou, sua expressão preocupada quando agarrou as armas presas com fivelas em ambas as coxas com as mãos tensas.

— Eu pedi a Lawe e Diane para conseguir que eu pudesse vê-la. Não deve ter ouvido a batida na porta. Quando não respondeu, implorei que me permitissem entrar neste quarto para esperar você.

— Por que? — Esta era sua amiga, embora Gypsy tenha aprendido ao longo dos anos que aqueles em que você mais confiava eram muitas vezes aqueles mais determinados a te enganar.

Apoiando as mãos nos quadris, Ashley a encarou com frios olhos cinzas agora.

— Eu posso cheirar sua desconfiança, Gypsy...

— Eu realmente gostaria que todo mundo parasse de falar sobre a porra do meu cheiro. — Ela estalou, captando a diversão no olhar de Diane e a suspeita no de Lawe. — Estou ficando realmente cansada de ouvir sobre isto.

— Tudo bem. — Ashley pigarreou. — Não posso negar que escutei aquela conversa e a acusação do seu companheiro que está trabalhando com o Desconhecido. Não concordo com ele. — Ela lançou a Rule um olhar duro. — Mas tinha que falar com você antes que soubesse algo de alguém que talvez não acredite que seja sua amiga. — A angústia escureceu seus olhos quando uma pitada de incerteza encheu sua expressão. — Diga-me, por favor, que sabe que ainda que nenhum outro Casta acredite nisto, que eu acredito que você seja minha amiga e uma amiga para a comunidade Casta. Por favor, Gipsy. — Ela olhou para Rule se desculpando antes de voltar para ela.

— Do que está falando agora? — Isto ia deixá-la louca. Jogando para trás as longas mechas de cabelo que caíram em seu ombro, ela enfrentou a fêmea Coiote furiosamente, perguntando-se se existia inclusive uma razão para estar zangada com ela.

— Por favor, Gypsy. — Existia algo tão vulnerável, tão desesperado no olhar de Ashley que Gypsy não podia mentir sobre algo tão elementar.

— Acredito que você seja minha amiga, Ashley. — Ela respondeu franzindo o cenho, pressentindo um aumento acentuado dentro dela. — E sabe que eu sempre considerei você minha amiga.

— Ashley. — Rule avançou, sua expressão, seu tom gentil como se ele soubesse o que estava vindo. — Está tudo bem. Eu prometo. Cuidarei disso.

Os lábios de Ashley afinaram.

— Este não é o momento para você se enfraquecer ainda mais com sua companheira, Chefe. — Ela informou a ele enquanto Gipsy observava a expressão de Rule com olhos estreitados. — Acredito, muito mais agora do que quando soube desta informação, que você é a pessoa errada para lidar com este assunto.

O modo como ele esfregou a parte de trás do seu pescoço e fez careta, seu olhar se movendo suplicante para seu irmão enquanto Lawe lhe dava um olhar que parecia sugerir que era louco em pedir ajuda, teria sido agradável se ela não estivesse bastante certa que isso a afetaria negativamente.

— Eu disse a você, Ashley...

— E eu disse a você, Chefe. — Ashley endireitou-se para a rigidez militar quando olhou de volta para ele de cara amarrada. — Você é a escolha errada. Por favor, permita que eu cuide disso; como amiga dela, exijo o direito de fazer isso agora.

Rule fez uma careta.

— Eu cuidarei disto, Ashley.

— Escutando uma conversa que você começou me convenceu do contrário. — Ashley bufou. — Assim como Cassie. Ela me persuadiu a vir aqui esta noite e cuidar do assunto. Ela e eu concordamos, sua tentativa de protegê-la é digna de você e de seus sentimentos por ela. Mas esconder isso dela não a protegerá. E agora, isso só prejudicará seu lugar no coração dela. Portanto, pode levar isto para Cassie se não gostar.

O sotaque russo dava à voz da garota, até mesmo com raiva, uma cadência quase encantadora.

— Vamos deixar isso para lá. — Gipsy sugeriu quando Rule pareceu pronto a negar a Ashley a oportunidade de discutir seja lá o que for com ela mais uma vez. — Estou com fome e estou puta e realmente só quero chutar a bunda do Breaker com um pouco de privacidade, se ninguém se importar.

— E eu aqui queria vender ingressos. — Lawe murmurou.

— Bem, isso não é uma merda? — Quem ficou mais surpreso, ela se perguntou, quando virou-se para o Casta ferozmente divertido.

Definitivamente, sua noiva — ou companheira? — estava achando graça, mas surpresa. Porém Lawe Justice estava mais do que apenas surpreso. Seu olhar estreitou, tornou-se mais azul, mais zombeteiro que nunca e só ligeiramente mais caloroso talvez, quando olhou para seu irmão.

— Vamos só acabar com este inferno. — Gypsy estalou antes de virar e liderar o caminho de volta para o quarto. — Vamos lá, Ashley, seja lá o que for que tem que botar para fora, vá em frente e derrame para que eu possa descobrir o que aconteceu com a porra da minha vida.

Isso estava ficando cada vez pior, era exatamente o que estava acontecendo, e era tudo culpa do Rule Breaker.

Cada maldito segundo disto.

—Gypsy, sinto muito. — Ashley fechou a porta do quarto, enfrentando-a com um brilho de simpatia em seus olhos enquanto Gypsy se jogava numa cadeira ao lado da cama, largada no encosto e observando sua amiga com algo menos que paciência.

— Só diga, Ash. — Ela suspirou, sabendo que não gostaria disso. Pelo que entendeu, a qualquer hora que Cassie Sinclair era envolvida na vida de qualquer um, as coisas aconteciam de qualquer maneira. Mas parecia que isso se aplicava a qualquer Casta, não apenas uma em particular.

— No dia que esteve aqui para a reunião com Jonas, junto com seus pais. — Ashley não se mexeu nervosamente ou pareceu de qualquer forma incerta. Ficou ereta e falou em voz baixa.

— Sim. Eu me lembro. — Gypsy assentiu, seus dedos apertando onde descansavam nos braços da cadeira. — O que é que tem?

— Lembra o quanto sua mãe estava nervosa com a liberação da sua bolsa?

Gipsy se endireitou na cadeira, debruçando adiante quando uma premonição começou a formigar na sua espinha.

— Ela estava nervosa com a reunião com Jonas. — Gypsy disse, lembrando até naquele momento quanto foi estranho o comportamento da sua mãe. — Isto foi mais de uma semana atrás, Ashley; o que isso tem a ver?

— Achamos um transmissor de áudio costurado no forro da sua bolsa, Gipsy, e o cheiro dela não era de nervoso, era de fraude.

Gypsy se sentiu congelar por dentro.

Lá vinha essa coisa de cheiro de novo, ela pensou friamente. Castas estavam sempre cheirando coisas. Ela se perguntou se nunca ficavam cansados de ter as emoções de todo mundo enchendo o ar com tais odores.

— Tem que estar errada. — Ela não podia nem olhar para a outra mulher quando sussurrou as palavras. Olhando fixamente para a parede do outro lado do quarto, lembrou daquela reunião. Como sua mãe estava nervosa, quase assustada quando sua bolsa foi levada.

Até Gypsy notou seu comportamento estranho e ficou confusa por isto.

Mas isso?

Sua mãe tentou deslizar um dispositivo auditivo na reunião com Jonas Wyatt? Por que? Por que sua mãe ou qualquer outra pessoa estaria interessada numa simples reunião de negócios? Isso não fazia sentido.

— Isso não é tudo, Gypsy. — Ashley disse a ela. — Desde aquele dia, eu, Emma e Sharone temos investigado o motivo pelo qual sua mãe faria isto. Soubemos que ela não desconhecia aquele dispositivo como esperávamos. Em vez disso, concordou em escondê-lo em sua bolsa, e ela e quem quer que seja alinhavaram um plano de ter outro escondido ainda mais discretamente na próxima reunião.

Isso não podia ser verdade.

Gypsy não podia tirar os olhos da parede diante dela, não podia encontrar os olhos da mulher que chamava de sua amiga. Podia ouvir a simpatia na voz de Ashley, a bondade, e sabia que se visse piedade nos olhos da sua amiga, então simplesmente não seria capaz de suportar.

— Como...? Como sabe disso? — Ela perguntou simplesmente, perguntando-se por que não estava negando veementemente a culpa da sua mãe nisso. Por que não estava chamando Ashley de mentirosa como teria chamado em algum outro momento? Por que não estava brigando pelo crime que sua mãe cometeu?

— Eu sei porque Castas são muito melhores em dispositivos de escuta que são consultores de imagem. — Ashley sussurrou, a miséria enchendo seus olhos. — Emma, Sharone e eu temos a gravação de sua mãe discutindo isto em sua casa com um macho que não pudemos identificar. Ela pretende tentar novamente na próxima reunião. Acredita que os Castas são responsáveis pela morte do seu filho. Acredita que vai se safar dessa agora se for pega, por causa de sua associação com o Comandante Breaker.

Gypsy estava bem ciente da Lei dos Castas, bem como estava ciente do fato que Jonas Wyatt podia ter seus pais presos por crimes contra a Lei dos Castas por tentar trazer aquele dispositivo na reunião. O fato que não o fez e que Ashley estava vindo para ela agora, fez com que se perguntasse o que exatamente o diretor estava planejando ou o que iria querer dela posteriormente.

— Isto é tudo? — Gypsy perguntou então, ouvindo o esgotamento em sua voz à distância.

Ela esteve neste lugar, dentro de sua própria mente, somente uma outra vez na sua vida. Na noite que Mark morreu. Rezou para nunca se encontrar lá novamente.

— Não, não é tudo. — Ashley declarou. — Por favor, olhe para mim, Gypsy. Não me odeie por isto. Exigi que fosse eu quem te contasse estas coisas por causa da nossa amizade. Não quero perder o vínculo inigualável que encontrei com você, minha amiga. Mas se eu tiver que perder, garanto que a verdade foi dita com o respeito que acredito que você mereça, então vou arriscar.

Gipsy virou para ela então, a distância ainda a puxando de volta da situação, apesar da declaração de Ashley a forçar a retornar à realidade.

— O respeito que eu mereço? — Ela perguntou confusa.

Ashley engoliu em seco firmemente, seus olhos cinza se enchendo com pesar sombrio, mas felizmente, nenhuma piedade.

O sorrisinho triste de Ashley fez realmente seu peito doer.

— Se existe qualquer pessoa neste país que sei que nunca trairia os Castas, Gipsy, então acredito que essa pessoa seja você. Seja qual for o aroma de enganação que Rule detectou, e que eu captei uma sugestão em alguma ocasião, sei que não é um desejo de ferir ou de uma maneira ou outra de ver os Castas prejudicados. Isto não está em sua natureza. Você ajudou a mim e a Emma tantas vezes durante nossas visitas aqui. Você nos apresentou a amigos, para aqueles que nos ajudaram inúmeras vezes. Merece receber esta informação por um amigo. Por alguém que entende a dor que sente quando acredita que sua honra foi traída por um ente querido.

— Acredita que foi traída? — Gipsy sussurrou, passando pela dor que apertava seu peito.

— Vim a conhecer sua mãe um pouco nas vezes que vim para Window Rock. — Ashley a lembrou. — A confeitaria de Kandy é a favorito de muitos Castas, e muitos de nós falamos e rimos com ela. Ela não é uma pessoa cruel ou maliciosa. E não posso pensar que intermediaria prejuízo para os Castas. Mas uma explicação deve chegar logo. Ver sua mãe sofrer as repercussões públicas de seu ato destruiria a loja da Kandy, bem como os negócios dos seus pais. Creio que não é do interesse dos Castas ou do seu.

Castas não eram frequentemente conhecidos por suas meias palavras, mas essa era uma extraordinária, uma fofa.

Gypsy se viu balançando a cabeça concordando, fazendo a ação sem uma decisão consciente de fazer, ainda se sentindo desligada do que estava acontecendo ao seu redor.

— Eu cuidarei disto, Ashley. — Ela prometeu. — Obrigada por ser quem me contou.

Teria suportado se Rule desse esta informação? Já era ruim o suficiente estar ciente que ele sabia.

— Rule estava com raiva que Jonas ordenasse que você fosse informada. — Ashley disse a ela. — Ele queria que a informação fosse retida de você, como eu também queria a princípio. Acreditava que quaisquer que fossem as razões dela, ações de sua mãe podiam ser ignoradas, já que nenhum dano foi feito. E acredito que Jonas teria atendido nosso pedido se não soubéssemos que, por alguma razão, sua mãe estava determinada a deslizar aquele dispositivo na próxima reunião com Jonas e que ela culpa a todos nós, apesar das aparências, por uma morte que afetou a todos. Uma que entristeceu muitos.

Um transmissor de áudio? O que isso podia fazer além de permitir que alguém ouvisse o que estava sendo dito?

Uma memória surgiu então. Deslizando tal dispositivo que seu contato Desconhecido tinha dado a ela numa reunião com um suspeito chefe de Sangue Puro. Não disseram a ela para o que era. A reunião fora um mero almoço de negócios com uma pequena empresa de publicidade que estava em Window Rock por mais de uma década.

Poucas horas depois que Gipsy partiu, os computadores daquele escritório afundaram e na manhã seguinte a Polícia Secreta Navajo invadiu o prédio, não prendendo apenas o dono, mas muitos dos funcionários também.

De acordo com o relatório que havia filtrado depois das prisões, aqueles computadores tinham de forma autônoma, enviado arquivos para a Agência Secreta de Execução da Lei que não implicou apenas o proprietário, mas muitos dos empregados atacando os Castas, como também colaborando com soldados que trabalhavam para o Conselho de Genética para trair Castas suspeitas de se esconder de seus antigos criadores na Nação Navajo.

Isso confirmava as informações que descobriu que os dispositivos de áudio do Desconhecido eram muito mais que simplesmente ferramentas para escutar as várias reuniões. Eram armas tecnológicas e foram usadas com extrema eficiência.

Se aquele dispositivo funcionasse e os computadores de Jonas Wyatt fossem atacados, então ela e seus pais seriam presos imediatamente por crimes contra a Lei dos Castas.

O que estava acontecendo? Quem esteve usando sua mãe e como diabos conseguiram convencê-la a fazer algo tão louco, não importa suas convicções?

— Gypsy, não lamento que escolhi ser quem contou a você...

Foi essa estoica e desesperada expressão que fez Gipsy se mover. Saltando de sua cadeira, ela se moveu depressa para a pequena fêmea Casta Coiote e imediatamente a abraçou, mal contendo um estremecimento com a dor que contato lhe trouxe.

Dizer que Ashley ficou surpresa foi mais um eufemismo que antes, mas Gipsy reconheceu que ela se surpreendeu ainda mais. Não tinha percebido o quanto se tornou íntima das fêmeas Castas até este momento. Até que viu o remorso e o medo nos olhos de Ashley que ela tivesse destruido sua amizade com Gipsy.

— Pare. — Gypsy ordenou quando se afastou e soltou a outra garota lentamente. — Isto não foi sua culpa, Ashley, e está certa, não teria suportado que qualquer outra pessoa me contasse.

O conhecimento que seus pais tentaram trair Jonas, Rachel e aquele bebê precioso, Amber, estava rasgando sua alma. Seu estômago estava em cólicas com isso, construindo uma pressão atrás de seus olhos que não sentiu realmente em anos.

Lágrimas.

Ela realmente não chorou desde o enterro do Mark. As lágrimas viriam agora? Esperava que não. A agonia que lembrou sentir da última vez que chorou era uma emoção que nunca mais queria sentir.

— Gipsy, talvez ela tenha uma razão muito lógica. — Ashley tentou confortá-la, sua expressão delicada enchendo com dor.

— Talvez, Ashley. — Ela tentou concordar enquanto se movia devagar para onde sua roupa ainda estava amarrotada no chão e a pegou. — Mas vou cuidar disto, prometo.

— Se precisar conversar, Emma e eu somos realmente suas amigas. Espero que se lembre disso e não fique muito zangada assim que tiver tempo para considerar o que eu te contei.

Ela só pode sacudir sua cabeça enquanto se virava para a garota.

— Acha que vou mudar de ideia e odiarei você mais tarde?

— Acho que talvez fosse assim que me sentisse se tivesse uma mãe e ela não confiasse em mim a respeito de tal decisão. — Ashley concordou.

— Mas mães nem sempre confiam em suas filhas, Ashley. — Ela disse à garota amargamente, com tristeza. — Às vezes coisas acontecem — filhas cometem erros que às vezes seus pais não podem perdoar.

— Não, Gipsy. — A outra garota se mexeu para cruzar o quarto quando a porta abriu.

Rule permaneceu na entrada com a expressão pesada e dilacerada. Seus olhos azuis enfurecidos nela, brilhantes e preocupados enquanto Ashley se virava para ele depressa.

— Ashley, devia sair agora. — Ele disse a ela suavemente à medida que entrava no quarto, seu olhar movendo-se para a fêmea Casta com uma pitada de gentil exigência. — Lawe e Diane estão esperando que você os acompanhe no jantar, acredito.

Ashley assentiu, então virou-se para Gypsy.

— Se precisar de mim...

Gypsy deu-lhe seu sorrisinho falso, mas não podia prometer conversar mais tarde. Não podia prometer nem sequer ver a garota mais tarde. Tudo que queria fazer agora era correr. Queria que o silêncio do deserto a envolvesse, o consolo que sempre encontrou na terra selvagem e estéril a cercando para afundar nas feridas dilacerantes que estavam sendo descobertas em seu coração.

Deitando sua roupa na cama, Gipsy enfrentou o homem que parecia determinado a reivindicá-la agora.

— Onde está minha moto? — Ficou chocada com a borda irregular em sua voz quando alisou com as mãos o tecido da camisa cobrindo seus quadris.

— Se precisar ir a algum lugar, então vou levá-la. — Ele parou de pé, relaxado, mas seus olhos a observavam muito de perto, e ela estava com muito medo que visse muito mais enquanto segurava seu olhar.

— Quanto tempo acha que isso vai funcionar, Rule? Por quanto tempo acha que vou suportar você tomando minha independência e escolha de mim? Quero minha moto na frente deste hotel em trinta minutos, e você permitirá que eu saia daqui sozinha. Preciso ver meus pais.

— Sozinha não. — Sua voz aprofundou, o grunhido que a fez recuar antes ecoando em seu tórax novamente.

Aquele grunhido não a assustava mais do que permitiria que qualquer outra coisa a assustasse.

— Não me faça fugir, Rule. — Em vez disso, ela o avisou. — Prometo que nenhum de nós apreciará a experiência.

Fúria cintilou imediatamente no olhar dele. O branco desapareceu debaixo do azul total, a pupila preta dilatando, e ela sabia que estava diante de um macho Casta que era mais animal que homem.

— Fuja. — Ele de repente estava em seu rosto, desafiando-a, o desafio evidente na voz rouca animalesca. — Vá em frente, companheira, fuja. Apreciarei a perseguição e quando te capturar, prometo que terei a maldita certeza que nunca considere essa porra de ação precipitada novamente. Você me entendeu?

Ela retrocedeu antes do que pretendia. Não era medo o que a encheu, mas nervoso.

Porque este homem, este Casta, manteria sua palavra de maneiras que ela tinha certeza que nunca esqueceria.

 

Esgotamento filtrou-se por Gypsy depois das horas que ela e Rule passaram num enfrentamento silencioso e exasperante em seu quarto. A reunião prevista com seus pais foi cancelada. Nenhuma surpresa, ela pensou dolorosamente quando Rule e Jonas discutiram a opção justo depois de Ashley partir.

Finalmente, desesperada para encontrar um momento para respirar que não incluía um olhar fixo, ela deitou-se na cama.

Precisava pensar, considerar uma forma de evitar o que não podia acontecer. Rule empregaria todos os meios para encontrar uma maneira de evitar que saísse do quarto. Isso significava que teria que encontrar uma maneira de fugir e fazer seu caminho até a casa de seus pais.

Deus a ajudasse, o que estava na cabeça de sua mãe para correr este risco? O que ela fez, perguntou-se Gypsy, para que sua mãe jogasse com sua vida assim?

Onde ela errou?

Gypsy sabia que deve ter feito algo, que deve ter cometido um erro em alguma parte. O que ela fez para dar a oportunidade de usarem sua mãe desta forma? E sem duvida era sua culpa. Sua mãe faria qualquer coisa para proteger suas filhas depois de perder seu filho mais velho e Gypsy sabia que sua mãe suspeitava há anos que havia uma razão para sua filha mais velha continuar indo a festas e clubes que inicialmente deram aos Coiotes a chance de capturar e matar Mark.

Ela agora seria responsável pela morte de sua mãe? Eram suas ações que arriscavam o resto de sua família, apesar de todas suas precauções?

Poderia suportar perder alguém que amava por causa de suas próprias decisões imprudentes?

Debaixo dos cobertores, com os olhos secos, sentindo dor, via o quarto escurecer lentamente, sem perceber o momento em que seus olhos finalmente se fecharam e o sono a reivindicou. No entanto, raramente encontrava paz em seus sonhos.

Especialmente a noite.

Gypsy adquiriu o hábito ao longo dos anos de ficar acordada até o amanhecer iluminar o céu. Descobriu que se não era noite, então os pesadelos não vinham de tão longe.

O quarto estava quase escuro quando o sonho apareceu desta vez e a escuridão começou a propagar-se através dela, arrastando-se em lembranças que guardava no fundo de sua mente.

Seus pais levaram Kandy para Nova Iorque com eles nesta semana. Era a primeira vez de sua irmã ao fazer compras. Deixaram Gypsy com seu irmão mais velho, Mark. Dez anos mais velho, forte, sempre sorrindo, ele a mimava e cuidava dela. Todos sabiam que se mexesse com a irmã selvagem de Mark McQuade, então teriam que lidar com Mark.

Naquela noite ela e Khileen Langer, a enteada do Casta Lobo Reever, planejaram ir a uma festa no deserto onde muitos dos amigos de Gypsy estavam. Mas também era uma festa para adultos e Mark sempre as frequentava e ela não.

—Mark. — Ela entrou na sala de estar, onde ele estava trabalhando atentamente em seu computador. —Vou sair com Khileen para uma festa em...

Sua cabeça levantou-se, seus olhos verdes febris, fazendo-a se perguntar se tinha bebido naquela noite.

—Não! — A negação severa a surpreendeu.

Ela escutou seus pais conversarem sobre o quanto Mark ultimamente bebia e o quão preocupados estavam. Olhando fixamente para ele em choque, Gypsy sentiu a dor em cada palavra afiada que seu precioso irmão disse. Não que foram muitas e por isso ela parou em seco.

—Mas você disse...

—Eu disse não, Gypsy, volte para seu quarto agora! E fique por lá ao invés de jogar esta merda em mim. — Então ele lançou a garrafa de uísque que estava bebendo na parede ao lado.

Ela ficou pálida.

Lágrimas encheram seus olhos e por um momento, houve algo em seu olhar que a fez sentir medo. E um remorso agonizante. Tão depressa quanto entrou ali, saiu.

—Vá para seu quarto, Gypsy. — Ele disse com a voz rouca, com uma expressão dura por um instante. —Nós discutiremos sobre estas festas mais tarde.

Seus lábios tremeram enquanto corria para seu quarto, fechando a porta atrás de si antes de passar diretamente para a janela. Seu temperamento era o pesadelo de sua existência. Entrou em mais problemas nos últimos anos devido à sua incapacidade de controlar a ira que por qualquer outra coisa. Era pior quando seus sentimentos eram feridos.

Mark a machucou.

Colocando algum dinheiro no bolso de sua calça jeans, ela se moveu para a janela, abriu-a sem fazer barulho, então subiu no peitoril. Khileen estaria lá em alguns minutos. A outra menina ligou alguns minutos antes quando ela entrou na cidade. Com os pais de Gypsy viajando e seu irmão amoroso em casa, Gypsy tinha a intenção de pedir que fosse com elas na festa naquela noite no deserto.

Era um acordo que ela e Mark fizeram depois da primeira vez que ele a pegou tentando escapar sorrateiramente. Ele iria com ela sempre que pudesse, vigiaria a ela e Khileen, tendo a certeza de não serem machucadas ou fazerem algo estúpido, e ela concordou em nunca ir sem ele.

Aquele acordo funcionou por um ano, até esta noite.

Movendo-se depressa, Gypsy fez seu caminho para a casa da frente, contornou a loja de doces de seus pais que se chamava Gingerbread House.

A grande casa de dois andares e apartamentos uma vez foi a casa de seus pais, um presente da família de sua mãe quando se casou. Ela estava esperando na frente da loja quando Khileen virou na rua no pequeno conversível que seu padrasto possuía, com a música bem alta.

Gypsy viu a si mesma dentro do sonho. Ela podia sentir as lágrimas que segurou esta noite e o medo que sentiu quando seu irmão agiu de forma estranha.

Viu quando entrou no pequeno carro de sua amiga, temerosa por irem à festa, sem Mark com elas. Ele sempre ia com elas e certificava-se de que os homens mais velhos e os jovens não as incomodassem.

A música estava a todo volume e todos riam muito, mesmo que Gypsy ainda sentisse o medo se acumulando. Não foram conscientes das motocicletas que chegaram por trás fazendo as pedras levantarem até que de repente os faróis bateram no retrovisor, cegando Khileen.

Tudo aconteceu tão rápido então.

Dois dos homens saltaram da motocicleta e foram até o carro, foi quando Khileen gritou e começou a virar o volante. Um deles atirou da estrada, mas o outro conseguiu atingir a roda, fazendo o veículo quase tombar e parar ao lado da estrada.

Mãos ásperas, cruéis agarraram o cabelo de Gypsy quando um deles começou a puxá-la pela janela. Atrás deles um antigo modelo Dragoon parou quando Khileen xingou pior que os vaqueiros de seu pai e as engrenagens do carro fez um ruído forte.

Enquanto Gypsy gritava e lutava, podia sentir a força de seus pés deslizando pela pequena porta do carro, quando o pequeno carro disparou novamente na estrada. Perigosamente desviou, e então numa explosão de velocidade, desapareceu de sua visão.

Khileen fugiu.

Graças a Deus, sua amiga conseguiu escapar.

Mas Gypsy não conseguiu.

Gritando, apavorada, foi jogada no chão quando um par de botas pesadas parou na frente dela. Mãos fortes agarraram seu cabelo, levantando-a em pé, enquanto a dor percorria sua cabeça.

—Gypsy Rum McQuade. — Uma voz severa zombou dela quando um sorriso encheu o rosto cruel, cicatrizado. —Vamos ver se é tão doce e inocente como parece, bebê?

Ela olhou fixamente para ele, vendo suas presas, a crueldade em seus olhos, que cintilavam vermelhos na luz da lua cheia, e o veículo funcionando vários metros atrás deles.

—Deixe-me ir. — Ela gritou, lutando para romper o aperto dele.

E ele riu. — Depois de procurar por você tanto tempo? Acho que não. Esperei muito para convidar você para minha pequena festa hoje à noite.

Ela não viu sua outra mão recuar, mas o golpe ao lado de seu rosto entorpeceu sua mente, seus sentidos, com uma dor horrível que de repente explodiu através dela.

Escuridão encheu sua vista quando as luzes sumiram de repente, e Gypsy ficou num poço negro sem sentido com a agonia perto da consciência.

Eles não seriam misericordiosos.

Levou horas para acordar novamente. Quando voltou a consciência, percebeu que estava dentro do deserto. Ela era vagamente consciente de ter sido arrastada do veículo, então amarrada ao para-choque. Movendo-se em um mundo de dor.

Piscando, com o olhar embaçado a principio, levou alguns segundos preciosos para enfocar seus olhos no homem ajoelhado na terra mais ou menos vinte metros longe dela. Parecia mais velho de alguma maneira, e machucado. As contusões e sangue em seu rosto eram horríveis.

—Mark? — Sua voz era fraca, trêmula. —Mark, quero ir para casa.

Havia muito que deixou a casa. Não deveria ter saído. Ele teria a escutado se houvesse esperado e conversaria com ela novamente.

—Eu sei, Gypsy. — Ele olhou fixamente para ela, seus olhos tão tristes, tão cheios de dor.

—Você fez merda, McQuade. Confiou na pessoa errada. — A voz dura do Coiote que bateu nela a fez estremecer de terror quando o olhar de seu irmão de repente ficou sombrio e Gypsy sabia que nunca se esqueceria disto.

—Deixe-a ir, Grody. — Seu irmão exigiu, entretanto sua voz não estava tão forte como normalmente era. Soava muito derrotado.

Grody riu, um som tão maldoso que Gypsy não pode segurar o choro. E odiou aquelas lágrimas. Porque quando Mark as viu fez uma careta e ela estava certa que ficou desapontado com ela. Ele sempre disse a ela que tinha permissão para chorar, que era seu trabalho ser valente. As meninas precisavam chorar. Ela podia ainda pensar e planejar, até com lágrimas, ele prometeu. Mas sua cabeça doía muito e estava tão assustada que não podia pensar.

—Não podia acreditar que era você, McQuade. — Grody riu novamente quando se moveu por detrás dela e caminhou lentamente para onde seu irmão estava ajoelhado. — Fiquei chocado como o inferno quando nosso contato identificou você. Você apenas não parece ser o tipo louco.

Seu irmão não era realmente louco, apenas sabia fazer um computador dar a ele o que queria. Suas mãos largas e fortes podiam voar sobre o teclado e dentro de segundos estaria cantando, acariciando com sua voz de uma forma que fazia Gypsy rir dele.

—Quem me identificou?— Mark perguntado então, e até mesmo Gypsy podia ler a derrota em sua voz, em sua expressão.

Oh Deus, se Mark estava desistindo, então isto era realmente ruim. Mark não podia desistir.

Ela não pode ouvir o que Grody disse quando se inclinou e sussurrou o nome no ouvido de seu irmão. Mas viu seus lábios. Prestou muita atenção querendo saber quem deveria matar depois. A palavra se formou em câmera lenta e ela sabia, como sempre soube, o que Grody estava sussurrando para seu irmão. Sabia, mas de alguma forma, por alguma razão, era como se sua mente estivesse em branco, sem nenhuma imagem. Exceto que desta vez, era mais fácil, a escuridão mais sombreada, quase revelando o segredo que lutava para se lembrar já há nove anos. Então, Grody levantou e riu pela expressão de choque e tormento de Mark, uma expressão de traição.

Ela sabia quem era, então por que não podia entender o nome? Sabia que o homem que traiu seu irmão era seu amigo. Podia dizer pela expressão de Mark que era alguém muito próximo dele.

Mark movimentou a cabeça lentamente, seu olhar foi para Gypsy, uma mensagem em seus olhos verdes que ela tentou decifrar.

—Suas últimas palavras, crianças?— Grody perguntou então, com diversão, sua voz fazendo-a se arrepiar.

—Mark? — Sua voz tremeu, o terror a balançando enquanto lutava para não gritar novamente, não perder o controle, ainda que não pudesse evitar as lágrimas.

—Não chore, Gypsy. — Ele disse a ela quando o Coiote, Grody, riu dele. — Não chore, e seja valente, Amendoim. Você me ouve?

Grody moveu-se atrás de Mark então, agarrando seu cabelo longo e de repente empurrando seu irmão para trás até que seu pescoço se esticou dolorosamente. E um segundo depois uma faca se apertou contra seu pescoço fazendo-o sangrar.

—Não! Oh Deus, por favor. Por favor. Não! — Gypsy gritou, implorando, chorando enquanto lutava contra as cordas que a prendiam no para-choque dianteiro do veículo. —Oh Deus, por favor. Por favor, não o machuque.

—Escute-a implorando, Mark. — Grody riu quando o olhar de seu irmão encontrou o dela.

— Seja valente, Amendoim... — Ele disse. — Eu te amo.

Ele nunca disse para ela ser valente. Sempre a confortou e disse que tinha permissão para chorar. As irmãs mais novas não tinham que ser valentes, os irmãos eram assim. E agora, ela tinha que ser valente.

—Por favor. Por favor. — Ela implorou, gritando enquanto lutava contra as cordas até que seus pulsos queimaram e ela pode sentir o sangue descer.

—Ela implorará assim quando eu a foder, McQuade?

Seu irmão não teve a chance de responder. Imediatamente, Grody moveu a faca, cortando a garganta de seu precioso irmão.

Ela estava gritando. Gritando e lutando contra as mãos fortes que estavam nela, enquanto alguém chamava seu nome...

 

—Acorde de uma puta vez Gypsy, acorde agora.

Rule podia sentir algo explodindo em sua alma enquanto lutava para acordá-la, olhando em seus selvagens olhos verdes sem saber que estavam abertos, a forma como ofegava como se quisesse gritar, ainda que nenhum som saísse.

O terror em seus olhos despertou seu instinto animal em uma onda de tal fúria que o chocaria mais tarde. Até então, estava determinado a acordá-la. Agitando-a, segurando-a enquanto gritava com ela, apavorado por estar perdendo-a para qualquer demônio que a controlava.

Com rapidez seus olhos se abriram, sem ver, uma máscara agonizante de terror a percorreu enquanto se despertava.

Piscando, transpiração e lágrimas mudas escorrendo de seu rosto, ela separou os lábios enquanto ofegava em busca de ar. Rule podia sentir suas unhas de repente picando a carne e a observou enquanto ela rapidamente percebeu o que tinha acontecido.

Pesadelos da noite que seu irmão foi assassinado. A noite em que foi sequestrada no deserto, onde um Coiote não apenas assassinou seu irmão diante de seus olhos, mas quase a estuprou antes dos Castas chegarem e se certificarem que nunca mais assassinasse ou estuprasse ninguém.

—Minha culpa. — Ela sussurrou, com a voz rouca pelas lágrimas enquanto olhava para ele agora, tremendo com tanta força que o surpreendeu que seus dentes estivessem iteiros. —Minha culpa.

 

Gypsy podia sentir as lágrimas que ainda saiam de olhos, a dor saindo de controle, tirando-a do pesadelo.

Nunca foi acordada por ninguém enquanto o pesadelo a segurava em seu aperto. A princípio, porque seus pais não sabiam sobre eles. Passaram-se anos antes dela gritar num deles. E nunca a haviam despertado e logo a puxado para seus braços como Rule fazia agora.

Sua bochecha estava apertada contra seu peito nu, lágrimas umedecendo a pele dura enquanto a mão estava na parte posterior de sua cabeça e a outra passando por suas costas para confortá-la.

—Tenho você, bebê. — Ele sussurrou, balançando-a um pouco. — Tudo bem Gypsy, tenho você.

Ele a tinha?

Sua respiração estava presa enquanto tentava conseguir um descanso para parar as lagrimas que não derramou antes.

Ela queria empurrá-lo para longe. Estava brava com ele, lembrou a si mesma. Mas não podia se obrigar a fazê-lo. Ninguém a consolou desde a morte de Mark. Não porque seus pais não quiseram, eles tentaram. Porque ela não merecia escapar da dor e o terror.

Porque seu egoísmo causou a morte de Mark, e ela não podia se esquecer disto.

Mas ela esqueceu.

—Deixe-me ir. — Ela não podia se debilitar ainda mais, mas nem podia se obrigar a elevar a voz. Porque o terror estava ainda lá, hospedado dentro de sua alma e queimando suas lembranças. Um medo que a deixava em agonia e desgarrava porque não podia fazê-lo parar. Não podia fazer o sentimento de culpa e a dor desta decisão de muito tempo atrás, por desobedecer seu irmão, desaparecer.

—Tudo bem, bebê. — Rule sussurrou, suas carícias suaves, gentis, ainda que sua voz estivesse áspera e seus olhos começassem a mudar, quando o lado animal de sua genética começou a se mostrar.

—Estou bem. — Mas ela não estava. Passaram-se anos desde que teve um pesadelo. Claro, foram anos desde que ela se permitiu dormir profundamente também.

Empurrando seu peito ela tentou colocar distância entre eles, tentando afastar seu corpo dele. Porque de repente não estava mais lutando com as sobras daquele pesadelo. Agora, já não estava lutando contra um pesadelo. Agora, estava tentando dizer a si mesma que deveria estar lutando contra a excitação crescente em seu interior. Não que seus sentidos estivessem prestando alguma atenção a ela. Estavam em queda livre para o êxtase, sem intenção de diminuir a velocidade.

Tinha que ter uma ideia do que significava esta necessidade por ele, especialmente depois do que descobriu na noite anterior. Tinha que pensar, averiguar o que sua mãe estava fazendo e como evitar que a mulher perdesse mais um filho.

Além disso, ela não podia se permitir depender dele, ou acreditar que ele nunca iria embora novamente. Ele já a havia deixado uma vez.

E foi tomar banho como se houvesse se sujado depois de ficar com ela.

Infelizmente, lembrar-se disso não era suficiente para atenuar a fome que sentia.

—Poderia, por favor, me soltar? — Não havia maneira de obrigar seu corpo a não doer por ele, se ele não a obedecesse e continuasse a abraçá-la como se pudesse se romper se não tivesse cuidado.

—Soltar você? Quando posso sentir sua necessidade? — Ele perguntou, o som de sua voz rouca, produzindo um som mau, sexual.

—Sente minha necessidade, eh? — Seus dedos se enrolaram contra seu peito, sentindo sob seu toque os pelos que cobriam seu corpo. — É outra palavra para eu cheiro isto?

—Quando digo que sinto seu cheiro, você fica irritada. — Ele murmurou enquanto seus lábios roçavam seu pescoço e ombro onde ele a mordeu na noite anterior, no chuveiro.

—Gostaria que eu sentisse o cheiro de cada emoção ou reação sua? — Ela perguntou, contendo a respiração enquanto sua língua lambia a pequena ferida.

O prazer que se apoderou dela roubou seu fôlego. Como mil diminutas caricias sobre sua pele. Quente o suficiente para enfatizar o prazer e aumentar a tensão sexual em seu ventre enquanto sua vagina se apertava.

—Hmm, isso poderia funcionar para mim. — Ele respirou contra seu pescoço. —Talvez seria mais fácil para você confiar em mim.

Confiar nele? Ela confiou nele e ele afastou-se dela antes de alcançar o orgasmo. O fato dele trazê-la de volta foi apenas devido a essa coisa hormonal rara que acontecia entre eles, não porque a queria.

Não com a mesma fome que ela sentia.

Doía por ele.

Entre suas coxas, sua carne estava inchada, a umidade deslizando, preparando-a para ser preenchida por sua grossa ereção, que podia sentir contra a parte interna de sua coxa.

Segurando as curvas de seu traseiro e aproximando-a, abriu suas pernas e se estendeu sobre suas coxas num instante. Antes dela poder evitar seu beijo, os lábios tocaram os dela, o calor picante fundindo seus sentidos e arrastando-a para um mundo caótico e de pura fome.

—Isto tem que parar. — Ela sussurrou quando ele colocou as mãos sobre seu traseiro e puxou-a contra ele, fazendo sua ereção se esfregar contra as dobras úmidas de sua boceta e seu inchado clitóris.

Era quase divertida a forma como ele a movia contra ele, mordendo seus lábios antes de tomar, dando beijos que aturdiam sua mente profundamente. Acariciando suas costas e dos lados, fazendo-a arquear o corpo enquanto seus beijos desciam por seu pescoço.

O que era isto?

Agarrando seus antebraços, ela admitiu que eram suas mãos que a seguravam firmemente. Não havia força nela enquanto seus lábios se moviam por seu pescoço. Arqueou-se para ele quando uma mão se moveu ao longo de seu lado até que ele segurou a curva inchada de seu seio. Imediatamente, encontrou o apertado mamilo, altamente sensível. Dolorido pela necessidade de seu toque, como seu clitóris estava. Inferno, como o resto de seu corpo estava.

Necessitava do toque de seus dedos calosos e mãos onde quer que pudesse senti-las.

Inclinou seus quadris mais perto da ereção dura como ferro quente e esfregou-a entre suas coxas, Gypsy gemeu de prazer quando seus lábios se moveram para a parte superior dos seios, sua língua lambendo a pele, murmurando seu apreço por ela enquanto deixava uma trilha faminta até o outro mamilo.

Quando seus lábios cobriram o bico apertado, Gypsy sentiu os fortes impulsos da excitação aumentando em seu interior como uma onda violenta. Golpeou do mamilo ao seu ventre, então até sua boceta, depois seu clitóris com uma necessidade tão intensa, tão profunda, por sua posse que beirava a dor.

Não podia manter seus quadris quietos. Inferno, não queria mantê-los quietos. Enquanto seus lábios e língua trabalhavam o mamilo num ponto ardente de prazer, ela moveu-se contra ele, levantando os quadris até a cabeça de seu pau escondido na entrada de seu sexo.

—Isso é bom. — Ela gemeu. Como podia ter esquecido, entre a última vez e agora, como incrivelmente erótico era sempre que ele a tocava? Sempre que ele a queria?

As sensações eram dor e prazer, tão afiados e cheios de fome.

—Assim, bebê. — Ele sussurrou em seu seio, movendo as mãos para agarrar seus quadris quando ela começou a se mover sobre seu pau. —Tenha-me, Gypsy, amor. Tome tudo de mim.

 

Sofreu por isto toda a noite. Ao lado dela, observando-a dormir, descansar seu corpo depois da liberação da véspera, Rule achou que ficaria louco.

Agora, sabia que estava ficando louco.

Sentindo-a tomar um pouco de cada vez enquanto queria se enterrar dentro dela era uma tortura. Sua ereção estava tão condenadamente sensível que tudo que tinha a fazer era pensar nela tocando-o e estava pronto para foder. E tudo isso ser culpa do calor do acasalamento era impossível. Devido ao que o calor não começou até que realmente a tomou. Até que percebeu que ela estava em nível tão profundo de sua alma que não a deixaria ir.

Seus quadris se moveram acima, logo abaixo. A umidade que enchia sua boceta ajudou quando ele deu uma estocada, apertando-o como um punho e não fez nada para diminuir o agarre que tinha sobre ele. Sua carne ordenhava a cabeça de seu pau, acariciava o eixo palpitante e chupava-o de forma que fazia com que quisesse voar imediatamente. Suas bolas estavam apertadas de forma que chegou a ficar surpreso por conseguir se conter.

Lento e fácil, ela o tomou. Uma polegada de cada vez afundou dentro dela, saiu, apenas para ela tomá-lo mais profundamente. Com cada movimento lento de seus quadris um gemido saia de seus lábios com o prazer que ele dava a ela.

Ele podia sentir seu prazer. Estava tão envolvido em suas sensações que não podia dizer onde seu prazer terminava e começavam suas próprias emoções. Ele nunca conheceu um sexo assim. Nunca soube que poderia ser assim. Tão fodidamente íntimo com o prazer enterrado no fundo de seu peito, até que descobriu que não sobreviveria se a perdesse.

Com cada estocada, cada movimento de seus quadris e gemidos que saiam de seus lábios, Rule sentia-se deslizar mais profundamente em um mar de emoções. A tensão começou a apertar seus músculos quando o prazer se tornou uma necessidade imperativa e enviou ondas de calor para cada terminação nervosa de seu corpo.

Até que ele não pode suportar mais. Até a necessidade de liberar-se em seu interior, de empurrar os dois a um êxtase profundo, rompeu o ultimo fio de controle que ele possuía.

Músculos se contraíram e se moveram rapidamente. Sem sair dela, a tinha presa pelas costas, as pernas abertas, os braços rodeando-o como seda enquanto começava a fodê-la com golpes fortes e profundos, caminhando para a explosão de um poder que fez Rule grunhir de forma primitiva quando a imperiosa necessidade de agarrar seu pescoço com os dentes novamente e mordê-la o alcançou.

E Deus, que prazer.

Ele estava submerso nela.

Seu prazer, sua própria liberação, um caos selvagem de uma tempestade sensual que não podia controlar. Neste momento, quando a lingueta se estendeu, ficou mais duro e travou dentro dela, percebeu que estava sendo domado por ela. Foi superado por esta pequena mulher com muitos segredos.

E era consciente em muitos sentidos de que era vulnerável a ela.

 

Era meio-dia em ponto quando Gypsy despertou novamente, seus sentidos mais claros, sua raiva não mais fervendo, mas completamente cimentada, e o traço de independência que seu irmão frequentemente declarava, estava com um metro de largura, endurecido dolorosamente dentro dela.

Quando abriu os olhos e olhou em torno do ainda escuro quarto, as estreitas frestas da luz do sol que derramavam por trás dela, refletiam na parede a sua frente. Estavam zombando das lembranças que o perigo de perder tudo que estimava, olhando fixamente para o rosto dela.

Suas escolhas, sua capacidade de viver com sua escolha, sua própria independência estava em perigo de ser tirado dela. Mesmo nos nove anos que continuamente se tornou um dos melhores contatos do Desconhecido, nunca arriscou sua vida ou arriscou seu disfarce. Nunca teria que temer sua liberdade ou sua independência.

Até agora.

Rule negou-lhe a chance de partir na noite anterior sem nem ao menos uma explicação, ou a oportunidade de discutir seu ponto. Ela viu isto no olhar dele. Não estava disposto a ouvir nenhum argumento, suas ideias decididas.

Ela não iria a lugar nenhum.

Gypsy estava determinada a mostrar sua diferença na primeira oportunidade.

Mas primeiro, apesar disso ofender seu orgulho e lealdade, teria que deixá-lo pensar que ganhou. Além disso, precisava de respostas, primeiro. Antes de escapar dele, precisava saber exatamente os efeitos que experimentaria uma vez que se separasse dele.

Exatamente o que, de fato, eram fofocas de jornaleco no que dizia respeito a este fenômeno?

Olhando para o teto, com o lençol que Rule tinha puxado sobre eles em algum momento durante a noite, mantido confortavelmente sobre seus seios, enquanto o calor do grande corpo dele escorava suas costas, considerou exatamente como abordar o assunto. Porque podia sentir a rigidez de sua ereção contra a parte inferior das costas dela, e a resposta dolorosa elevando-se entre suas coxas. E Deus sabia que não queria nada mais do que se esfregar contra ele como um gato, e sentir aquela carne dura como ferro, pressionando-a e transpassando-a. Mas uma mulher tinha que delimitar uma linha em algum lugar.

— Gostaria de explicar-me exatamente o que acontece lá no final? — Gypsy se certificou que seu tom estivesse tranquilo e controlado.

Afinal, não curtia histeria muito bem, e saber que as histórias inverossímeis escritas nos jornalecos de fofocas, tinham uma chance de ser verdade era fundamentos definitivos para deslizar para a histeria.

Se havia alguém com aquele modo de vida ou não.

O braço deitado em sua cintura apertou momentaneamente, quando ele respirou fundo por trás dela.

— Você leu os malditos jornais. — Ele rosnou.

— Os jornalecos de fofoca, você quer dizer? — Dando uma risadinha zombeteira e desesperada, Gypsy sentiu seus dedos apertaram os lençóis. — Nós os chamamos jornalecos de fofoca por uma razão, Rule. Porque as histórias neles deveriam ser mentiras. Lembra?

— A maior parte delas, é. — Ele admitiu, entretanto seu tom de voz estava tudo menos relaxado ou divertido, como normalmente estava.

— Por que não me conta apenas o que posso esperar. — Ela exigiu, imóvel e inflexível contra ele, enquanto sentia a adrenalina começando a reunir-se por trás da raiva que estava determinada a conter. — Exatamente o que é verdade e o que é mentira? Porque aquela coisa toda de orgia, não vai funcionar comigo.

— Não há porra de orgias. — Sua palma achatou em seu estômago, acariciando a carne macia, enquanto Gypsy fechava os olhos e tentava dizer a si mesma que não iria permitir que ele a distraísse.

— Então o que exatamente há? — A pergunta foi empurrada por entre seus dentes, enquanto os dedos dele encontraram a extremidade dos cachos íntimos que levavam ao dolorido e inchado feixe de terminações nervosas pulsando abaixo.

— O Calor do Acasalamento. O que sentiu quando ejaculei dentro de você é a lingueta de acasalamento. Do tamanho da extremidade do dedo polegar de um homem, fica ereta debaixo da crista do pau do Casta felino, e nem sempre precisamente no mesmo local. De acordo com nossos cientistas, o aperto da boceta da companheira determina onde engrossa, porque seu propósito principal é alcançar aquele pequeno lugar atrás de seu clitóris, rico em eróticas terminações nervosas. — A aceitação preenchia seu tom, surpreendendo-a. — E assim como os artigos sugerem, os Castas liberam um hormônio de minúsculas glândulas em suas línguas. Estes hormônios preenchem o sistema de sua companheira, criando uma inabilidade de esconder ou fugir das obrigações que estão sendo criadas entre eles. Aumenta a estimulação como também o prazer, e faz com que seja impossível para o casal se separar por muito tempo.

Grande. Simplesmente maravilhoso.

— E o que acontece se eles ficarem separados? — Ela replicou, suas coxas apertando quando o toque dele tentou mover-se mais abaixo.

Como se aquele prazer, aquela tentação não fosse suficiente, os lábios dele apertaram a área que mordeu na noite anterior, sua língua lambendo acima do pequeno ferimento com resultados devastadores. Com um prazer líquido e brutal que não conseguia lutar.

— Se eles se separarem, — ele sussurrou, sua voz áspera com um prazer sensual enquanto Gypsy sentia suas coxas enfraquecerem, abrirem e dar-lhe acesso à carne a qual seus dedos estavam procurando, — então a estimulação apenas aumentará até que fique muito doloroso para suportar. Especialmente para a companheira.

Talvez ela estivesse apenas tentando distraí-la, disse a si mesma. Estava dando-lhe o que queria, assim ele continuaria falando e ficaria completamente inconsciente de seu intento de escapar do hotel mais tarde.

— Isso não soa particularmente justo. — Ela engasgou quando os dedos dele deslizaram passando por seu clitóris, para encontrar o excesso de umidade elevando-se entre as dobras rechonchudas abaixo. — Não há nenhuma maneira de fazer isto parar?

— Apenas com sua companheira. — Ele assegurou-lhe. — Alguns conseguiram aguentar isto mais tempo do que a maioria, mas o Calor sempre os reúne novamente, forçando-os a confrontar o que quer que os mantenha afastados, e encontrarem um compromisso que funcione para o dois.

— E se... — Ela engasgou quando aqueles conhecedores e experientes dedos separaram as dobras escorregadias e deslizou para esfregar contra a entrada fechada de sua boceta.

Ela queria os dedos dele dentro dela, pensou desesperada. Corpo estúpido e traiçoeiro. Estava respondendo a ele, seus quadris movendo-se, sua perna erguendo, guiada pela larga palma debaixo de seu joelho, para descansar sobre ele, enquanto se movia mais abaixo.

— O que, bebê? — Os lábios dele se moveram contra seu pescoço, enquanto a crista larga de seu pau entrava entre suas coxas e a ponta de dois poderosos dedos másculos, entravam dentro dela começando a esfregar, acariciando quando o prazer começou a apertar seu corpo ainda mais.

— E se não houver compromisso? — Ela sussurrou, o medo que a ameaça à sua independência pudesse destruí-la, tornando-se um pensamento nebuloso, quando os dedos dele, alcançaram mais dentro dela, enchendo-a, aumentando sua fome para ser preenchida.

— Sempre há um compromisso. — Ele prometeu.

Seus lábios se separaram para refutar isto, quando os dedos dele de repente empurraram dentro dela, enviando um choque de sensações espiralando e rasgando seus sentidos.

Um gemido partiu de seus lábios, enquanto seus quadris pressionavam em um forte impulso, a cabeça inclinando para trás no ombro dele para dar-lhe mais acesso aos seus lábios.

  — Você não se comprometeu, Rule. — Ela gritou, forçando as palavras a saírem, quando os dedos dele começaram a se mover, fodendo-a profundamente, até mesmo golpeando. Seus dedos agarraram a parte inferior do braço dele enquanto ele o empurrava sob a cabeça dela, apoiando-a mais firmemente contra ele, abraçando-a firme.

— Você não tem ideia, Gypsy. — Ele gemeu, seus dedos deslizando livremente nela, um instante antes da cabeça de seu pau pressionar no calor ardente começando a queimar dentro dela. — Oh bebê, você simplesmente não tem ideia.

Um duro impulso de seus quadris e a crista latejante interpôs dentro dela, estirando-a com requintado prazer ardente que beirava a dor e a ergueu em um acumulo de tortura em fase de êxtase. Cada retirada e estocada apenas aumentava o prazer, assim como a forte presença dentro dela. A largura da crista abrindo caminho para o talo pesado a seguir, quando ele empurrou dentro dela, lenta e progressivamente mais fundo.

A grossura da ardente cabeça acariciando terminações nervosas hipersensíveis, e a carne esticada requintadamente apertada em torno dele, estava lhe deixando louca. Cada impulso, cada giro de dos quadris dele que acariciava sua carne interna, com a crista de dura como ferro, enviando gigantescos foguetes de afiadas sensações internas, cruzando seu clitóris antes de fazer seu ventre flexionar e apertar com a explosão iminente, que podia sentir elevando-se através de seu corpo.

— Deus, você é bonita para caralho. — Ele gemeu, forçando-a a abrir os olhos e virar a cabeça o suficiente para olhar para ele com a consciência nublada. — Tão bonita, Gypsy, que me tirou o fôlego na primeira vez que te vi.

Seus olhos azuis cintilaram, tão brilhantes e cheios com um fogo tão interno, quando a cor começou a ultrapassar o branco, e uma memória distante provocou seus sentidos.

Isto foi embora com a mesma rapidez que outro pico de prazer queimou através da entrada de sua boceta e do clitóris inchado, quando isto roubou seu fôlego por um instante precioso.

Os dedos dele acariciaram de seu quadril até os seios, testando o peso da primeira curva inchada antes de se mover para o outro. Erguendo-se o mais próximo dele, a cabeça dele abaixou, os lábios de repente em torno do pico dolorosamente apertado de um mamilo, enquanto seus quadris forçaram contra os dela, empurrando o comprimento grosso de seu pau dentro dela com um golpe firme, controlando o impulso que acariciava aquele escondido e ultrassensível ponto dentro de sua boceta.

Ela se ouviu gritar de prazer, incapaz de conter o som quando os quadris dele flexionaram, moveram-se, causando uma pressão contra aquele ponto nevrálgico interno sobrecarregado, até que tinha certeza de que explodiria em um clímax.

Os dentes dele raspavam seu mamilo, sugando-os primorosamente enquanto torturava a carne interna, até que seus quadris se moviam contra os dele, empurrando de volta. Choramingando e impulsionando para completar o prazer insano perfurando as sensações elevando-se dentro de sua boceta, Gypsy ergueu seus quadris contra os dele, enquanto uma mão deslizava inconscientemente entre suas coxas até o broto inchado de seu clitóris.

  — É isso aí, bebê. — Ele gemeu erguendo a cabeça, quando ela forçou os olhos a se abrirem o suficiente para seguir o olhar dele, até onde os dedos dele estavam pressionando contra seu clitóris. — Esfregue o seu lindo clitóris. Deixe-me ver. Deixe-me vê-la encontrar seu prazer lá, enquanto fodo com sua bocetinha apertada até gozar.

A malícia erótica das palavras sujas e o encorajamento, roubou o resto de seu bom senso. Nada importava mais agora do que provocá-lo, pedindo-lhe para tomá-la mais rápido, mais forte.

— Foda-me. — Ela implorou, os dedos dela movendo-se contra seu clitóris, quando um prazer desesperado começou a atravessá-la. — Oh Deus, Rule. Foda-me com mais força. Mais rápido.

Um grunhido ecoou ao redor dela, quando os dentes dele agruparam-se contra a marquinha de mordida em seu pescoço. Até que enviou um prazer agonizante pulsando por seu sistema.

— Eu amo... isto. — Oh Deus, ela quase se traiu. — Amo isto. É como empurrar o prazer por minha alma.

Ele estava martelando dentro dela agora, os fluidos dela derramando mais rápido, mais escorregadios, quando de repente ele a puxou pelo estômago, forçando-se entres suas coxas separadas, e entrando nelas sem nunca retirar-se completamente dela.

Mãos duras ergueram seus quadris, forçando-a a puxar os joelhos para cima, para desenterrá-los do colchão, enquanto seu clitóris inchava ainda mais entre os afagos dos dedos dele, o prazer acumulando no pequeno broto até que estava gritando com ele.

Ou ela estava gritando pelo prazer embolando dentro de sua boceta, empurrando duro, fodendo rápido e profundamente dentro dela, enquanto sentia a expansão da crista raspando sobre o gatilho escondido dentro de sua boceta uma última vez.

Ela explodiu.

Seu clitóris implodiu pelos golpes dos dedos dele, fragmentos da sensação golpeando profundamente dentro de sua boceta, passando por seu ventre até que a energia pulsante da erupção interna do êxtase, tomou conta dela completamente.

Tremendo, seu corpo foi retirado de seu controle quando sentiu os dentes dele morderem seu pescoço, seu pau conduzindo-se para as profundezas dela, quando aquela adicional ereção por baixo da cabeça do pau dele trancou dentro dela, e o liquido ardente do sêmen dele jorrou na boca de seu ventre, mandando-a voando mais alto.

Ela estava queimando. A chama que não conseguia controlar explodindo e percorrendo através dela, lambendo cada terminação nervosa que possuía, enquanto se remexia debaixo dele, clamando seu nome quando sentiu a lingueta acariciando e apertando dentro dela.

Não havia como escapar disso.

Não havia como escapar dele.

E quando entendeu isto, não havia duvida nenhuma que não escaparia do Calor do Acasalamento.

 

Rule sentiu a desconfiança de sua companheira, sentiu que algo estava mudando, algo endureceu dentro dela. Não era um cheiro, era uma sensação, como Jonas havia explicado. Um sentimento indefinível sempre que a companheira estava fora de sincronia, ou inadequada com o Casta dela.

O diretor sorriu, uma curvatura de seus lábios ao mesmo tempo desconhecida, suavizou e aterrorizou por todo o amor que detinha, quando seu olhar encontrou os olhos de sua companheira, enquanto ela brincava com sua filha.

Ele entendeu aquilo agora, Rule pensou quando pediu a ela que fosse para o chuveiro com ele, para que pudesse lavar-lhe os cabelos, lavar o corpo dela. A necessidade de fazer estas coisas para ela confundiu-o como o inferno. Ele riu, sem acreditar no rumor de que outro companheiro e benfeitor dos Castas, Seth Lawrence, tivesse comprado requintadas calcinha de seda feitas â mão, bem como exclusivos sabonetes artesanais de um tipo de aroma único ao redor do mundo, para sua companheira durante os dez anos em que foi incapaz de reclamá-la.

Diziam que os odores infundidos na pele de Dawn Daniels Lawrence eram tão inigualáveis, que alguns Castas ofereceram uma fortuna para descobrir como foram feitos.

Seth recusou. Tinha uma companheira única, ele declarou, e desde que isto estava em seu poder, asseguraria que ela tivesse odores únicos.

Rule desejou ter um cheiro único para dar-lhe. Algo que pudesse possuir que ela saberia que ninguém além dele poderia lhe dar. Algo além daquele animalesco acasalamento que se apossava dele cada vez que a tocava.

— Você não tem que me secar, Rule. — A irritação estava florescendo no tom de voz dela, quando ele pegou a toalha e começou a secar os cabelos encharcados, observando as ondas que enchiam a massa sedosa, enquanto secava a água neles.

— Quer parar de reclamar de cada coisinha? — Ele suspirou asperamente quando os instintos que o arranhavam em desgosto, se recusaram a ceder.

Era óbvio que o espírito do Casta que se abrigava dentro dele, não estava feliz com ele no momento. Mas inferno, não estava feliz consigo mesmo desde a noite em que a vislumbrou, na primeira vez há nove anos atrás.

Oh sim, ele lembrou agora.

Percebeu o quão perturbado ficou meses mais tarde, e não ligou esta inquietude à jovem, que foi brutalizada por aqueles bastardos Castas do Conselho, naquela noite. O fato que se moveu para puxar sua arma mais rápido do que já fez em sua vida, deveria tê-lo advertido, entretanto. Se isso não o advertiu, então o fato que disparou na cabeça do Casta se preparando para estuprá-la, antes de receber a ordem de Jonas, devia ter.

Tudo aconteceu tão rápido naquela noite, entretanto. Tudo que se lembrava era de ver aqueles horrorizados olhos verdes cheios de choque, quando o Coiote caiu diante dela, um segundo antes dos outros quatro Coiotes caíram mortos também, como o filho da puta.

Então Lawe e Jonas a tinham escondido da visão dele. Rule virou-se e saiu correndo da caverna. Ligou para o rancho Reever para o médico deles, uma fêmea que sabia que cuidaria dela. Ordenou cobertores aquecidos e correu para dentro, fez os arranjos para os pais dela, garantiu que o corpo de seu irmão fosse tratado com cuidado. E quase tinha batido no Coiote Loki até a morte, antes de Lawe e vários outros o afastarem do Casta. Ele recusou-se a ouvir o Coiote quando ele jurou que foi o único contato com Jonas naquela noite.

Rule quis matá-lo. Queria matar cada fodido Coiote filho da puta lá, que não manteve Mark McQuade vivo para sua frágil e ferida irmãzinha.

Tudo que poderia tê-la ajudado ou significado alguma coisa para ela, ele cuidou disso, nem ao menos pensou em admirar-se com os impulsos que o levaram a assumir o comando de tal forma. Para assegurar que nada mais pudesse machucá-la, que ninguém mais pudesse prejudicá-la.

Quando os pais dela chegaram e se recusaram ir até a criança vulnerável e ferida, que esteve sozinha no deserto, olhando fixamente para eles, infeliz, aquele animal quase correu para ela. Não até que Jonas e Lawe a ladearam — seu irmão, junto com o único homem que eles chamavam de amigo no momento — posicionaram-se como uma barreira protetora ao lado dela, foi que o animal recuou. Pelo menos um pouco.

Rule se lembrou de sua raiva dos pais dela, seu desgosto com a hesitação deles de se apressarem até ela, em vez de ficarem de pé ao lado do filho, como se de repente ele fosse abrir os olhos e declarar que aquela noite foi uma piada. Não foi nenhuma fodida piada. Seu filho se foi; melhor proteger e assegurar a vida da criança viva e se lamentar mais tarde, que deixar a viva no frio enquanto tentavam aquecer os mortos, ele pensou na época.

Fazendo uma careta com a memória, terminou de secá-la, depois que permitiu que se afastasse dele, enquanto ela passava os dedos através das longas tranças de seus cabelos. Ele realmente pediu a Lawe para comprar uma escova especial, quando ele e Diane saíram na noite passada. Uma que pudesse usar nas sedosas ondas suaves, sem prejudicar os fios delicados do cabelo.

Ele olhou para a frente usando-a uma vez que o choque impenetrável da noite anterior passou.

Queria ir até ela ontem à noite, quando estava em sua cama sozinha e silenciosa. A dor de ser incapaz de confrontar os pais dela e a verdade do que a mãe dela fez a enfureceu. Às vezes a raiva era o melhor sonífero, aprendeu ao longo dos anos. E embora a raiva tivesse ido, pensou que talvez tivesse cometido um engano, porque algo endureceu dentro dela ao invés disso.

— Estou autorizado a sair da minha perfeita prisãozinha hoje? — O tom cáustico na voz dela, enquanto passava os braços pelo sutiã e fechava o fecho da frente, tinha acalmado o animal, enquanto o homem a observava com atenção.

Ele estremeceu com a súbita sensação afiada que veio e foi tão depressa para ser algo além do que aqueles instintos animais extraindo vingança, por causar à sua companheira a sensação de ser uma prisioneira.

Droga, ele era o homem, era o responsável, mas jurava que podia sentir um substituto, o espírito destacado dentro de sua alma rosnando uma refutação desse pensamento.

— Você não é nenhuma prisioneira, Gypsy. — Disse-lhe carrancudo, enquanto aqueles instintos povoavam marginalmente dentro dele.

Instintos animais do caralho. Se pudesse enrolar as mãos em torno da garganta daquele ser e sufocar a vida fora dele, então faria exatamente isso com o que estava deixando-o um porra louca.

— Posso ir e vir quando eu quiser, então? — A expressão de confronto e o tom o deixou tenso, ao saber que ao chatear a mulher, estaria emputecendo o lado animal de sua companheira.

Ou seja ele.

Puxando seu jeans do balcão, ele empurrou um pé na perna antes de fazer o mesmo com o outro, e puxar o jeans pelos seus quadris. Ele lançou-lhe um olhar quando se sentou no banquinho confortável no canto, e colocou as meias pretas absorventes, em seguida, recusando-se a dar-lhe o que estava procurando.

Pelo menos, desde que pudesse evitar responder aquela pergunta.

— Não penso assim. — Ela fez o mesmo, puxando a calcinha de cós baixo de seda verde hortelã, antes de vestir seu jeans.

— O cheiro do acasalamento é detectado por cada Casta com um nariz para detectar isto. — Disse a ela com cautela. — Não há como esconder, Gypsy. E o seu envolvimento com o Desconhecido...

— Meu envolvimento com quem? — Ela virou para ele furiosa, enquanto puxava uma camiseta cinza escura sobre a cabeça, antes de olhar para ele afrontada. — Você está me mantendo trancada aqui porque acha que estou dando alguma informação sobre os Castas para um grupo de conto de fadas?

A mandíbula dele apertou enquanto seus lábios se separaram para oferecer uma réplica mordaz. Um grunhido retumbou do peito dele, uma vez que as palavras se recusaram a sair de seus lábios.

Animal do caralho. Filho da puta, ele estava ficando louco. O único Casta existente com uma personalidade alternativa que era literalmente todo animal. Ele apenas faria parte da lista como o mais estranho Casta que já existiu?

Não exatamente, onde significava ter seu nome em destaque.

— Por que não me deixa saber quando estiver disposta a me confrontar com honestidade, companheira. — Disse-lhe quando a raiva se formando dentro dele começou a ferver.

Seu pau estava tornando a se erguer, e quando ela se virou para ele, depois de atirar-lhe um olhar repugnado e dar-lhe um vislumbre das perfeitas bochechas arredondadas de seu traseiro, debaixo daquela confortável calça jeans, a urgência de foder aquele atraente pequeno rabo quase o dominou.

— Tenho sido muito mais honesta com você do que você foi comigo. — Ela o informou, o rosto dela corado de raiva com os braços cruzados sobre os seios protetoramente.

Podia sentir os segredos que ela mantinha. Neste ponto, ele não estava inalando o cheiro da maldita coisa, estava sentindo isto. Ela era sua companheira e ainda assim não tinha nenhuma ideia dos vínculos que estavam começando a crescer entre eles.

Da mesma maneira que sabia do voto que ela quase fez, enquanto a boceta dela apertava seu pau. Ela quase jurou seu amor. Percebeu isto, sentiu isto, a emoção enrolando ao redor dele, mesmo quando parou bruscamente as palavras, para declarar que amava o que ele estava fazendo com ela, ao invés.

Sua linda pequena mentirosa.

Toda cabelos longos, grandes olhos verdes e segredos em fúria. Os segredos que ela teria que revelar logo, antes que fosse muito tarde para que ele e Jonas a ajudasse ou a seus pais.

— Escute-me, Gypsy. — Ele rosnou, se movendo antes que ela pudesse afastar-se dele, e agarrando o braço dela para segurá-la junto a ele, antes que pudesse virar-se e espernear.

A raiva dela apenas aumentou, assim como a fúria na direção dele, que fez os instintos dele começaram a despejar para fora dele. Sua companheira estava puta com ele, e o companheiro dela estava puto com ele.

Ele estava ficando cansado da porra destes dois.

— Escutar o que? Mais de suas acusações? — Ela gritou.

— Mais das minhas verdades. — Ele tentou suavizar seu tom, algo que nunca fez com outra pessoa em sua vida. — Posso sentir suas decepções, companheira. De todas as pessoas no mundo a quem nunca poderá mentir, a quem nunca poderá enganar com porra nenhuma, esta pessoa sou eu. Você me ouviu? Escute-me bem, maldita seja, se não for honrada comigo, então não poderei protegê-la e não poderemos proteger sua família. Não sem saber exatamente o que estamos enfrentando e do que estou protegendo-os.

— Minha família não precisa de sua proteção. — Mas ele pôde ouvir a hesitação, o medo súbito que a encheu.

— Gypsy. — Soltando-a, passou os dedos pelos cabelos frustrado, enquanto tentava uma última vez. — Querida. Seu irmão morreu porque se recusou a confiar naqueles que poderiam ajudá-lo...

— Meu irmão morreu porque sua irmã o traiu. — Áspera e dura, ela falou as palavras como se fosse uma resposta treinada.

— Bebê, não. — A suavidade na voz dele o chocou, quando estendeu a mão para tocar o rosto dela, apenas para tê-la recuando para longe dele.

— Vá fazer as coisas Castas que você faz quando não está acusando pessoas inocentes de mentir. — Ela provocou, afastando-se dele, o sentido insultuoso da completa desconfiança dela fazendo com que o animal reagisse antes do homem poder retraí-lo.

Ele a tinha contra a parede, usando seu corpo mais forte, mais pesado para mantê-la lá, enquanto ela o olhava em choque.

— Fiquei obsevando minha mãe deitada gritando em agonia desumana, enquanto seu corpo vivo era dissecado, poucas horas depois de seu companheiro. — Ele rosnou no rosto dela, ignorando o lampejo de horror em seus olhos. — Seus gritos cortavam dentro da minha alma como uma lâmina, cuja borda afiada eu nunca pude escapar, porque fui incapaz de avisar o companheiro que poderia tê-la salvo. Era muito jovem, e era muito lento para passar pelos guardas conspirando contra eles, ou sentir o membro de bando, a porra do irmão de Lawe, que apenas queria se proteger. Aquele cuja lealdade para com o Conselho excedeu sua lealdade para com sua mãe. Não há nada, companheira, nenhuma coisa do caralho que possa me ensinar sobre culpa, memórias escuras ou pesadelos. Mas não tenho dúvida que tenho muito para ensinar sobre a porra da lealdade com uma única pessoa, que sente em seu coração que pode ajudá-la, sem traí-la.

O olhar dela cintilou. Por um momento, por um breve momento, ele podia jurar que estava enfraquecendo, que a confiança que sabia que ela sentia, que podia sentir nela prestes a ceder, de repente foi empurrada de volta.

Os olhos verdes dela endureceram, sua expressão esvaziando com raiva de si mesma, dele, de qualquer pensamento ou dor brutal assolando seu coração.

— Quis trair sua mãe? — Ela perguntou em seguida, as lágrimas engrossando a voz dela espontaneamente e odiada por ambos. — Foram suas ações que causaram a morte dela e de seu companheiro?

— A minha incapacidade...

— Sou a irmã que traiu sua mãe. — Ela respondeu furiosamente então, a agonia que alastrava dentro dela como sua própria besta, chocou-o com a força delas. — Você me ouviu, Rule? Sou igual àquele insignificante covarde...

Os lábios dele cobriram os dela.

O beijo, cheio de fúria, de dor, de necessidade de arrancar o tormento agonizante de uma criança que fizeram acreditar que era um monstro, estava infundido com o hormônio que enchia as glândulas debaixo de sua língua, com uma rapidez que nunca tinha ouvido falar.

Qualquer coisa para conter as palavras que ela teria derramado entre eles. O conhecimento que sua companheira não podia diferenciar entre as ações de uma menina e uso de um Coiote depravado delas.

Separando os lábios dos dela, olhou para ela, observando enquanto as lágrimas que ela deveria ter derramado, permaneciam trancadas em sua alma, o açoitando como o farpado chicote que os soldados do laboratório tinham usado contra ele, quando era apenas um filhote. Ela não derramou lágrimas, mas elas escorriam na alma dela, cortando-a e deixando feridas que sangravam noite e dia. O soluço que mantinha dentro dela estremeceu através de seu corpo, fazendo-a recuar repetidamente em pequenos empurrões quase imperceptíveis que destruíram o controle dele.

— Diga-me tal coisa novamente e juro por Deus que me certificarei que se lamente disso. — Ele advertiu furioso que ela acreditasse em tal coisa. — Nunca, jamais, Gypsy, deixe-me acreditar que esteja até mesmo considerando tais pensamentos dentro desse seu extremamente complicado cerebrozinho, ou a batalha que terá comigo é uma que nunca vai querer enfrentar.

Os lábios dela tremeram, em seguida endureceram.

— Vá para o inferno, Casta. — Ela respondeu sem rodeios. — Melhor ainda, saía do meu inferno e me deixe em paz.

Deixá-la em paz?

A mão dele se moveu em uma rápida ação reflexa que o fez agarrar a curva da bunda dela, e puxá-la para dentro do berço das coxas dele.

Ele seria um fodido se ela iria desafiá-lo desta forma. Ele que se danasse se permitiria que tivesse outro pensamento destes sobre si mesma, para ver a luz do dia, sem falar no escuro de um pesadelo, enquanto ele vivesse.

Os lábios dele se curvaram sobre os caninos afiados no canto da boca, um grunhido de intenções perigosas soando em seu peito e escoando, quando os olhos dela se arregalaram antes de seus cílios piscaram nervosamente.

Levou um segundo para arrancar as roupas do corpo dela e mostrar-lhe, provando-lhe exatamente por que nunca iria querer forçá-lo a tal ponto novamente. Sua mão livre estava a apenas um segundo de abrir a calça jeans dela quando o vibrador do dispositivo de comunicação sobre o balcão anunciou um codificado som distinto, uma advertência que sabia que não teria condições de ignorar.

— Fique longe de mim. — Ele quase sussurrou, embora o profundo som animalesco de sua voz enviasse uma acentuada onda de submissa cautela, instantaneamente atacando seus sentidos.

— Fique longe de mim agora, companheira, e reze a Deus que no momento que eu terminar com isto, possa esquecer o fato que não está apenas tentando nos destruir, mas por Deus, quase destruiu a si mesma, o que não vou tolerar.

Com isso, ele se afastou dela, estendeu a mão e pegou o comunicador do balcão, enquanto se virava para a saída e se afastava dela, colocando o comunicador de forma competente em seu ouvido e latindo um “Que diabos está acontecendo?” para o Casta azarado o suficiente para enviar um apelo imperativo.

— Os McQuades foram presos por trazerem outro dispositivo para o hotel depois de terem pedido uma reunião particular com Jonas. — Lawe afirmou furiosamente, enquanto um rosnado enfurecido podia ser ouvido no fundo, junto com vozes elevadas. — Desta vez foi um vídeo e um áudio programado com uma nano-unidade eletrônico. Jonas está simplesmente perdendo a porra da cabeça. As garras estão de fora, e preciso de alguma ajuda aqui, caralho.

Rule bateu a porta atrás dele enquanto corria da sala, carregando suas botas em vez de perder tempo para realmente colocá-las.

Uma nano-unidade era sério.

O minúsculo robô eletrônico, quase demasiado pequeno a olhos nus, pegava carona na traseira de dispositivos de áudio ou vídeo para o local desejado, onde era simplesmente ativado uma vez que o dispositivo principal fosse. Em seguida, fazia seu caminho a partir do dispositivo para juntar-se a uma fonte elétrica para ligar-se, antes de seguir a corrente e ativar-se com o identificador elétrico específico para o qual foi programado para se infiltrar.

Uma nano-unidade era quase impossível de se detectar, esta era a razão pela qual Jonas tinha tudo que entrava nos elevadores digitalizado por áudio ou vídeo, antes de alcançar o oitavo andar. Fazendo isso, assegurava que as pequenas escutas ocultas não tivessem chance de infiltrar-se nas instalações elétricas, e nas fiações independentes e nos sistemas de redes no qual estavam programados todas as câmeras e dispositivos eletrônicos sem fio.

A própria tentativa de chegar ao oitavo andar com tal dispositivo era uma infração da Lei dos Casta. Ser pego com uma unidade era punível com pena de prisão e até mesmo em alguns casos, a morte.

E os pais de Gypsy foram capturados, não apenas uma vez, mas duas vezes, tentando colocar um dispositivo na suíte de Jonas. A segunda tentativa neste sentido incluía uma das perigosas pequenas unidades, que colocava Gypsy numa posição tênue, a de ser forçada a observar seus pais serem presos, julgados e condenados por quebrarem a Lei dos Castas, sem que houvesse nenhuma circunstância atenuante. Ou negociação com Jonas. Qualquer uma das quais, Rule sabia, destruiria a confiança frágil e o amor por ele, o qual sabia que sua companheira já estava lutando.

Mas também tinha um potencial para destruir sua companheira.

 

Gypsy passeava pela sala de estar do apartamento, mordendo uma unha como uma inquietude estranha e imperativa, que a agarrou. Estava aumentando desde a partida abrupta de Rule, exigindo que ela fizesse algo.

Deus, se ela apenas soubesse o que.

Junto com a inquietude havia uma sensação opressiva de medo, e uma necessidade interior dele quando percebeu que a assombrava desde que o viu dois meses antes. Do outro lado do bar ruidoso, cheio de gente, seus olhos se encontraram, e ela sentiu algo que não havia sentido durante tanto tempo, que quase se esqueceu como era.

Segurança e calor.

Arrasou seus sentidos, persuadindo-a a diminuir a distância, aceitar o convite mudo que enchia seus olhos muito azuis e os traços selvagens de seu rosto. Descansar a cabeça contra seu peito, deixá-lo segurar seus pesadelos durante algum tempo.

Em lugar de reconhecer a sensação, entretanto, ela correu dela. Da mesma maneira que ainda estava correndo. Como uma criança assustada, com medo dos sentimentos crescentes dentro dela e da responsabilidade familiar que supunha que tinha.

Da mesma maneira que estava preparando-se para correr novamente, sabia.

Sabia de quem e do que estava fugindo, mas não podia explicar.        —Seja valente, Amendoim...

E seu irmão nunca esperou que fosse valente. Assim eram os irmãos e ele sempre lhe dizia. —Seja valente, Amendoim...

E se ele não pode protegê-la, então...

O pensamento de repente desapareceu quando um golpe firme interrompeu a lembrança, tirando-a dos pensamentos que começavam a arrastá-la para o inferno da caverna.

Isto nunca aconteceu fora de um pesadelo, pensou, ofuscada pelo golpe repentino de forma pronunciada, que a fez estremecer ante o som.

Empurrando o passado de volta à escuridão onde não podia a destruir novamente, Gypsy girou e moveu-se de depressa para a porta, abrindo-a sem importar-se com quem estava do outro lado. Se fosse alguém decidido a atacá-la, então agora teriam uma briga mão a mão, ela decidiu.

Ficou ali de pé, piscando em choque com a visita, entretanto, quase incapaz de acreditar que estava ali a olhando.

—Bem, pelo menos vejo que está viva. — Kandy anunciou, irritação em seu tom enquanto entrava no lugar. —E mamãe e papai, evidentemente, não mataram você por quase matá-los de susto.

Girando, ela fechou a porta, vendo como Kandy parava no meio da sala antes de olhar fixamente ao redor com uma careta. —Onde eles estão de qualquer maneira?

—Quem?— Gypsy balançou a cabeça, incerta sobre o que fazer com a chegada de sua irmã. —O que está fazendo aqui?

—O que quer dizer com quem? — Kandy exigiu em vez de responder. —Mamãe e papai, claro. Chegaram a se reunir com Jonas Wyatt, pois tinham certeza que o Comandante Breaker a tinha sequestrado, sem sua permissão, no bar, na outra noite. Todos estão falando sobre isto, sabia? Mamãe está lívida e jura que isso vai comprometer totalmente a MacQuade Consultoria. — Kandy rolou seus olhos com o pensamento. — Eles tem certeza que você está presa aqui. Presa ou sendo seduzida? — As sobrancelhas de Kandy se ergueram sugestivamente. —Não quiseram esperar quando Loki me parou no salão de entrada para descobrir por que eu estava lá. Eles desapareceram enquanto nós estávamos conversando.

A sensação de pânico aumentou, apertando seu peito e a enchendo com tal medo que ela mal podia respirar.

—Eu não vi mamãe e papai. — Ela disse sua irmã.

Kandy olhou fixamente para ela como se de repente estivesse falando em um idioma estrangeiro.

—O que quer dizer com não os viu? Foram para o elevador com Thor... — Kandy verificou o relógio em seu pulso. — Inferno, foi quase uma hora atrás, para se encontrarem com Wyatt. Tinha certeza de que você estaria lá.

O olhar de Gypsy girou para o relógio digital na parede em frente à ela. Rule saiu quase uma hora atrás.

—De fato, no relógio acima do elevador mostrava meia hora. — Sua irmã anunciou. —Eu notei porque Loki disse que tinha apenas alguns minutos para conversar antes de ir para a reunião à uma e quarenta e cinco. Mas foi cancelada... — Sua irmã olhou ao redor do apartamento novamente. —Onde eles poderiam ter ido?

A respiração pareceu ficar presa em seu peito, ameaçando a sufocar quando Gypsy de repente soube exatamente onde eles estavam.

—Não. — Ela sussurrou, o conhecimento de que sua mãe devia ter feito algo incrivelmente estúpido novamente vociferava fora em seus sentidos, gritando para ela fazer algo, protegê-los. —Oh Deus, não.

Antes das palavras passarem por seus lábios ela girou, foi para a porta enquanto ignorava o grito surpreso da sua irmã e começou a descer as escadas, rumo ao apartamento de Jonas.

Rule foi chamado, uma evidente convocação, imperativa o suficiente para ele deixá-la quando sabia que não tinha nenhuma intenção de fazer isto. Estava furioso com ela e tinha a intenção de convencê-la de algo que sabia não era verdade, quando foi chamado. Ao mesmo tempo, seus pais deveriam ter batido na porta do apartamento de Rule.

Dobrando a esquina, ela quase trombou com Loki, surpreendendo o Coiote que obviamente se apressava pelo corredor na direção do apartamento de Rule. Ele estendeu a mão para ela, sua expressão surpresa e conhecimento relampejou através de seu rosto, o que fez com que recuasse, ficando fora de seu alcance, e ela disparou sobre seus pés e correu até o final do próximo corredor.

—Gypsy, não. Espere. — Ele gritou, raiva vibrando em sua voz quando ela ouviu Kandy gritar seu nome em confusão.

Adrenalina estava correndo por ela agora, encontrando o final do corredor, quando percebeu que alguns Castas bloqueavam a porta de Jonas.

Ela fez uma parada dura, percebendo que os sete machos Castas não tinham nenhuma intenção de se moverem quando ela chegou.

—Fora do caminho, Flint. — Ela ordenou como sabia fazer, seus escuros olhos brilhantes enquanto a olhavam com gravidade.

—Não posso fazer isto, Gypsy. — Ele balançou a cabeça, sua expressão nunca suavizando e mantendo um olhar cuidadoso sobre ela. —Seja paciente...

—Paciente?— Ela disse, enfurecida agora, sabendo que não tinha que ser paciente. — Saia do inferno do meu caminho antes que eu mesmo o mova.

Como faria aquilo não tinha nenhuma ideia, mas sabia que iria com certeza tentar.

 

A tecnologia nano-nit era engenhosa, Rule pensou enquanto inspecionava o dispositivo que os McQuades tinham, vendo pelo microscópio fixo que estava seguro dentro de uma concha, impenetrável apenas para estes tipos de produtos eletrônicos ou dispositivos robóticos.

Estava preso a uma linha microscópica que conduzia a uma plataforma dentro da concha. O acesso à tecnologia era protegido por um conjunto de portas de látex selado que aderia à mão do usuário quando entravam e assegurava que um ambiente sem saída de ar ficasse cheio de nits.

—A capacidade de armazenamento excede os padrões conhecidos. — Ele murmurou quando finalmente conseguiu decifrar a criptografia na tecnologia do nano-nit. A segurança não era realmente forte. O nit podia ultrapassar quase todas as medidas de segurança conhecidas, mas não podia evitar o acesso à sua própria programação. — A programação consiste em ativação por sinal remoto, desprendendo o dispositivo e fazendo seu caminho para a fonte elétrica mais próxima antes de entrar e ir direto para o receptor designado para armazenar áudio e vídeo. Em doze horas viajaria ao longo da corrente elétrica para o chão, para o dispositivo mais próximo capaz de transmitir, inclusive satélite ou até mesmo o celular.

Levantando o olho do microscópio eletrônico, ele enfrentou Jonas, Lawe, o Alfa felino Callan Lyons; o Alfa lupino Wolfe Gunnar; o Alfa coiote Del Rey Delgado, como também um dos mais poderosos líderes da manada, Dash Sinclair, que chegou na noite anterior para as reuniões programadas desta semana com a nova divisão em Window Rock.

A presença da hierarquia dos Castas não era um bom sinal para os McQuades, que estavam ainda presos num quarto seguro, sem qualquer sinal eletrônico, digital ou acesso. Blackout, como se denominava, era padrão em todos quartos de conferência de hotel desde que as notícias sobre o nano-nit foram anunciadas, vários anos antes.

Até agora, não havia nenhuma criptografia ou segurança que fosse inventada que pudesse impedir até o mais fraco nano-nit de acessar arquivos ou até mesmo sistemas de rede. Se o nit conseguisse entrar, então o sistema estaria completamente comprometido e não havia forma de destruí-lo ou mesmo seguir o diminuto robô, uma vez no interior.

Apenas a paranóia do Diretor e seu hábito de colocar áudio e vídeo da melhor tecnologia nas áreas de segurança permitiram que o nit fosse encontrado.

Apesar de sua avançada habilidade para acessar um sistema, o nit era débil, pelo fato que podia apenas ficar preso a certos dispositivos. Quanto mais simples o dispositivo, mais fácil era se unir e separar e obedecer sua programação sem ficar confuso com a programação já instalada. O único caminho para encontrar o nit era descobrir sua conexão; então, usar o microscópio digital e prendê-lo a um nano-leitor, que poderia detectá-lo. O gasto em tecnologia e força de trabalho para esquadrinhar cada e todo dispositivo que pudesse ser utilizado como sede para o nit seria astronômico para a maioria das companhias.

Afortunadamente os Castas eram um inferno de muito mais experientes que qualquer empresa e tinham uma fonte quase ilimitada de peritos.

Todos e cada Casta aprenderam sobre a nano-tecnologia antes de alcançar sua adolescência. Mentes do Conselho os criaram e agora os Castas estavam trabalhando para deixá-lo obsoleto.

Jonas foi primordial em dizer que os McQuades tentaram levar isto para seu apartamento. Suas garras ainda estavam sob as unhas; as pontas afiadas e ainda ensaguentadas por rasgarem a pele fina que se curaria rapidamente assim que voltassem.

A prata de seus olhos como mercúrio vivo, enquanto pareciam quase se misturar com a cor de seus olhos. Olhos que estavam cravados em Rule, exigentes e negando-se a permitir retratar a confrontação que os dois sabiam que viria.

Uma confrontação não apenas com o Casta que permaneceu em suas costas, não importando a batalha, mas também com a companheira a quem Rule se negava a virar as costas.

—Não deixarei isto passar. — Jonas declarou; a mensagem que enviava para Rule era clara. Os pais de Gypsy seriam acusados pela Lei dos Castas. —Serão castigados por tentar trair o povo que sabiam que salvaram sua filha de um destino que nenhuma criança deveria ter que sofrer. Os Casta na área sabem que me devem um favor pessoal nos últimos nove anos, e os trataram conforme. Os protegeram. Agir assim é inconcebível.

E isso destruiria Gypsy de formas que Rule sabia que não se recuperaria.

—Gypsy sofreu o suficiente, Jonas. — Ele tranquilamente declarou, sabendo que não havia uma chance no inferno que o argumento tivesse qualquer peso com o outro Casta.

Por uma vez, seus instintos animais estavam se contendo, equilibrados da mesma maneira que o homem estava e esperando para ver o perigo que sua companheira enfrentaria em vez de deixar obscurecer a lógica que poderia ser capaz de salvá-la.

—E Âmbar não? — A desconfiança na voz de Jonas foi escutada por todos e sabiam que animal e homem estavam em perfeito acordo naquele momento. —O que acontece com minha companheira, Rule? E a criança que se vê forçada a ver sofrendo todos os dias, perguntando-se quanto mais seu corpo minúsculo poderia tomar? O que você arriscaria? Quem você arriscaria, para salvar sua criança?

Ele arriscaria tudo por sua companheira, até sua honra, para salvar sua criança e Rule sabia disto.

Âmbar poderia não ser filha biológica de Jonas, mas isso não importava para o Diretor. Seu laço com aquela criança era tão forte quanto qualquer um que Rule conhecia entre um macho e seu bebê.

Rule não podia lutar contra os argumentos de Jonas.

Gypsy sofreu, mas seu sofrimento, pelo menos o emocional, terminou naquela noite nove anos antes, depois que os Castas despejaram na área.

Âmbar e Rachel tinham poucas esperanças depois da morte horrível que Phillip Brandenmore sofreu, sete meses antes.

—Deixe os pais irem. — Dane falou então, sua voz baixa, a firme demanda acentuando o sotaque sul-africano. —Proíba sua presença em todas as instalações dos Castas e proíba todos os Castas de interagirem com a família ou seus negócios. — Seu olhar encontrou o de Rule. —Como também quaisquer companheiras Castas ou sua filha. Corte toda conexão com eles, e isso conteria a ameaça que representam.

Jonas grunhiu pela sugestão. — Acredita que os afastando de sua filha nos dirão alguma coisa? — A fúria apertou sua expressão. — Inferno, não estava lá na noite que seu filho foi morto e sua filha quase estuprada. Eles olharam fixamente para ela como se não a conhecessem enquanto seguravam as mãos mornas de seu filho. Ela ficou de pé no maldito frio sozinha, Dane, o cheiro de sua dor e a rejeição que sentiu correndo tão profundo que foi o suficiente para fazer-me querer chorar por ela. Com certeza não choraram por ela naquele momento e duvido que derramem uma maldita lágrima por ela.

Jonas afastou-se de seu irmão quando o punho de Dane se apertou sobre a mesa onde estava sentado, uma careta tocando seu rosto, enquanto Jonas ia até a janela fortemente reforçada ao lado do quarto.

— Prometi que ela sempre seria protegida pelos Castas se seus pais não a quisessem. — Ele suspirou. —Que sempre estaria segura comigo. — Passando os dedos com garras na parte detrás de seu pescoço, Jonas exalou com cansaço. —Então parti e nunca olhei para trás. Não comprovei como ela estava, não enviei ninguém para cuidar dela. E deveria tê-lo feito. — Ele voltou para eles, sua expressão pesada. —Tanto como lamento essas ações, no entanto, não sou responsável pela traição de seus pais, nem antes nem agora. — Sua voz era dura. —E não serei responsável pela liberação deles e oportunidade de destruir os Castas. — Seu olhar foi para Rule uma vez mais. —Ou um amigo, futuramente.

Rule sempre acreditou que a responsabilidade de Jonas para com a comunidade Casta não era fácil, mas não havia pesar. Neste momento, soube sem sombra de dúvida que o remorso estava fortemente com ele, como a responsabilidade. Ele aceitava ambos, sabendo que isto era o único caminho para assegurar a sobrevivência dos Castas.

—Mas quer que fique de lado e deixe você destruir minha companheira? — Rule perguntou, pensando se alguma vez seria capaz de lidar com esta parte da responsabilidade que aceitou como Diretor da Divisão. —Se condenar seus pais, Jonas, você a destruirá.

—Eu os crucificarei. — Jonas disse em acordo, seus caninos aparecendo numa promessa de retribuição. —Se não puderem ou quiserem contar quem lhes deu o dispositivo, então com certeza serão castigados por isto. Se não, então vou dar a todos os filhos da puta que tem rancor contra os Castas permissão para usarem as famílias de nossas companheiras contra nós. E isso não farei, Rule. Nem mesmo por um amigo. Nem mesmo por sua amizade.

Jonas era conhecido por fazer concessões aos seus Enforcers, especialmente aqueles que eram leais a ele, como faria com sua própria companheira. Sempre dizia que havia poucas linhas a serem cruzadas por eles.

Evidentemente, Jonas finalmente encontrou uma linha.

—Rule, ele está certo. — Lawe falou do outro lado do quarto, onde estava de pé ao lado de sua própria companheira, seus sentidos alcançando Rule, persuadindo-o a se abrir ao vinculo de gêmeos que negou por tantos meses antes. Era uma demanda que Rule continuava negando. —Se não nos movermos agora para mostrar nossa determinação em nos proteger, então daremos aos nossos futuros inimigos a munição que precisam para escapar da justiça mais tarde.

A Lei dos Castas era como um ser vivo, uma entidade em potencial para crescer, ou murchar, a cada decisão que as Castas tomavam.

—Infelizmente, até eu tenho que concordar com Jonas. — Callan suspirou, seu olhar âmbar cheio de compaixão quando olhou para Rule. —Se Jonas ceder, então qualquer companheira cujos membros da família estão contra nós terão precedência para saírem incólumes mais tarde. Da mesma maneira como a lei humana, estabelecemos a fortaleza ou debilidades de nossos próprios mandatos a cada ação que tomamos, da mesma maneira que estamos fortalecendo nossa honra e o exemplo do que fazemos com nosso povo se tentarem ignorar as leis que criamos.

—Isto é um disparate total. — Dane se inclinou para a frente, seus olhos verdes relampejando furiosamente quando enfrentou o grupo. —Ninguém sabe além de nós neste quarto e seu Enforcer Thor, que qualquer coisa está mal. Ao não admitir, os McQuades estariam assinando sua própria sentença de morte. Não há nenhuma razão em destruir uma mulher jovem, Jonas, que fez tudo para assegurar o sucesso das comunidades dos Castas e trabalhou com esta seita de guerreiros que está tão certo que levará a Gideon. Mostre sua vontade de ater-se à lealdade tentando retificar isto de uma maneira razoável, e talvez construir tal confiança que Rule poderia convencê-la a dar informações.

Neste momento, nesta reunião, Dane era um vínculo direto de seu pai, o primeiro Leo, que estava vigiando a reunião através de um comunicador que Dane usava especialmente projetado com um monitor de vídeo no ouvido. E a opinião de Leo nunca era descartada.

Freqüentemente discutia, raramente obedecia, mas nunca ficava em desacordo.

Jonas olhou para seu irmão antes de voltar para Rule. —Funcionaria?

A pergunta era de certa forma um acordo, mas também um sinal de consideração. E apenas por isso, Rule se recusava a mentir para ele. Ele devia a Jonas muito mais que apenas a verdade para esta pergunta.

—Neste momento? — Rule exalou fortemente quando agarrou o encosto da cadeira na frente dele. — Não. Ela é leal a eles, acredita implicitamente neles. Nem sequer posso fazer com que admita trabalhar para eles e muito menos dar-lhe o que precisa para identificar um deles.

Jonas voltou para Dane. — Alguma outra sugestão, Júnior? — Ele perguntou, sarcástico.

— Fodido arrogante. — Dane murmurou enquanto se sentava de volta em sua cadeira fortemente. — Você será minha morte, sabe?

Apenas Deus sabia o que seu pai estava murmurando. Ambos, pai e filho legítimo tinham seus assuntos com Jonas. E era bem conhecido que ele tinha seus assuntos com eles também.

Jonas olhou para ele por um momento antes de voltar para o quarto.

Um frio pressentimento percorreu Rule quando o Diretor endureceu o olhar e ele soube que algo viria.

Da mesma maneira que sabia que a dor que causaria em sua companheira seria muito para ela enfrentar.

—Ninguém aqui lamenta isto mais que eu. — Jonas declarou quando girou para os alfas que estavam silenciosamente escutando, considerando cada argumento e seus méritos. — Como Diretor da Agência de Assuntos Castas, cavalheiros, precisarei de suas assinaturas para decretar a prisão dos McQuades.

—Ficarei no lugar dos McQuades. — A decisão cortava sua alma, e Rule sabia que se fosse aceita, isso o destruiria. O separaria de sua companheira, de seu irmão, e da liberdade que custou a conquistar. Isso tudo seria tirado dele e passaria o resto de sua vida numa prisão.

Era uma decisão que o homem estava disposto a tomar.

Era uma decisão que o animal aceitava com uma resignação silenciosa.

A Lei dos Castas era complicada, a honra impulsionava os mandatos criados para se adaptarem e fortalecer a comunidade como um todo. Mas foi escrita por homens compassivos que acreditavam na força interior e na honra dos Castas que deveriam ser protegidos. Também foi escrita para proteger o que consideraram o coração da comunidade como um todo. Suas companheiras e filhos. E o fato de haver momentos em que certas circunstâncias podiam surgir, que ameaçariam suas companheiras ou filhos, dentro da Lei dos Castas. Para essas eventualidades, um Casta podia comprar um passe apenas uma vez para o que quer que sua companheira tivesse que enfrentar. Um passe que o prenderia e o proibiria de qualquer associação com os Castas.

Choque reverberou no quarto por longos minutos. Nunca um Casta fez isto ou até mesmo sugeriu solicitar isto para alguém. Que alguém estivesse fazendo isto agora, não por sua companheira, mas para assegurar que sua companheira não enfrentasse a dor das ações de seus pais, era inconcebível.

—O inferno que irá. — Lawe se lançou a frente, de repente furioso quando sua companheira ofegou segurando seu braço e quase o arrastando atrás, fazendo com que Lawe parasse. — Não permitirei isto, por Deus, você não fará isto.

—Você não tem o que dizer sobre isto. — Rule o informou, entretanto nenhuma vez seu olhar encontrou o de Jonas. —Se os McQuades se recusarem ou não tiverem as informações que os absolvam e se Gypsy se recusar a dá-las, então posso fazer isso. Receberei o castigo como meu próprio.

—Por que? — Lawe perguntou, enfurecido, seus olhos queimando quando Rule encontrou calmamente seu olhar. —Pelo amor de Deus, Rule, diga porque daria a vida por estes bastardos?

—Ela é minha companheira. — Rule suspirou fortemente. —O fardo que carrega desde a morte de seu irmão a está destruindo a cada ano, Lawe. Corrói sua alma como ácido. Se perder seus pais pela Lei dos Castas, não poderia viver com a culpa disto. Eu a perderia de qualquer maneira. Pelo menos deste modo, ela terá uma chance...

—Não. — Lawe grunhiu, tentando soltar-se do aperto de sua companheira para se aproximar de seu irmão e tentar fazer com que o juízo que lhe foi tirado pelo Calor do acasalamento, voltasse. — Maldição, Rule, não aceitarei...    

—Não há ninguém mais em quem possa confiar para cuidar dela, Lawe. — Ele declarou fortemente, conhecendo o fardo que seu irmão carregaria com o pedido que estava fazendo. —Ninguém mais pode ver o que vejo em Gypsy, mas você...

—Eu não farei isto. — Lawe disse furioso. —Não existe uma chance no inferno.

Dor se apoderou de Rule, enquanto abria uma pequena parte de si mesmo às emoções ao redor. Abriu-se ao seu irmão e o deixou por alguns segundos vislumbrar o que estava dentro dele, desde o momento que encontrou Gypsy, naquele bar lotado.

A dor que sentiu dentro dela, a profundidade da dor em sua alma. Os pesadelos de sua companheira que o animal dentro dele tentou aliviar e o amor que sentiu por ela desde a noite que seus instintos animais se uniram a ela, nove anos atrás.

O som que saiu da garganta do Lawe foi um rugido de pura ira, chocando todos, exceto Rule. Havia uma razão para não permitir que seu irmão o visse nos últimos dois meses. Uma razão para manter aquela proteção firmemente no lugar. Porque a dor de sua companheira, seus pesadelos e sua inabilidade para aceitar que merecia toda devoção que ele sentia por ela, estava ali dentro.

Gypsy não o amava, não como ele a amava. Isto poderia acontecer, ele acreditava. Se tivesse um pouco mais de tempo, poderia ajudá-la a se curar o suficiente para aceitar seu amor por ela, e aceitara que ela podia amá-lo de volta. Mas agora, as chances de ter este tempo estavam diminuindo a cada segundo.

Jonas não falou por um momento. Então andou com rigidez até os monitores e ativou a comunicação.

—Sim, Diretor? — Thor respondeu imediatamente.

—Solte-os. — Jonas disse.

Que diabos estava fazendo?

Menos de um minuto mais tarde, Hansel e Greta McQuade saíram do quarto escuro e entraram na visão do monitor de teleconferência.

Greta chorava, enquanto Hansel ficou ao lado dela.

—Você entrou consciente com um dispositivo sigiloso num local protegido por Castas, verdade? — Jonas perguntou.

— Sim. — Hansel respondeu pelos dois.

 

— Minha paciência está na porra do final, Flint. — Ela informou ao Casta, furiosamente. —Aqueles ali são meus pais e estarei condenada se vou permitir que Jonas Wyatt ou Rule Breaker os intimidem a admitir algo que podem não ter tido escolha.

Um franzido marcou a testa de Flint conforme a surpresa reluzia em seus olhos, por um indisfarçável segundo.

— É isso que eles fazem, Gypsy? Estranho, sempre soube que tanto Jonas quanto também Rule, são altamente improváveis de intimidar qualquer pessoa, especialmente quando uma companheira está em causa. Jonas fez o impossível para acomodar cada Enforcer Casta em suas equipes e suas companheiras. E Rule é um de seus chefes de mais confiança; não posso vê-lo fazendo nada menos com sua própria companheira. Ou seus pais.

Vergonha ameaçou sugar a fúria dela, mas nada podia penetrar o núcleo frio e duro do medo rasgando suas entranhas em pedaços.

— Se estão em apuros... — sua respiração engatou. — Por favor, Flint, deixe-me vê-los. Deixe-me ajudá-los. — Ela sussurrou, ciente de Loki e Kandy vindo atrás dela. — São meus pais.

— São? — Ele perguntou gentilmente, talvez gentilmente demais. — Vi uma pequena prova disso, Gypsy. Mas se me der dois minutos, vou contatar o Diretor Assistente Brannigan e ver se ele não pode entrar para conversar com Jonas. Porque esta suíte está totalmente bloqueada. O único modo de conseguir passar por algum de nós é nos matando. Você pode fazer isto?

Ela não chorou em nove anos. A agonia presa dentro dela não pode ser liberada por tanto tempo que Gypsy esqueceu como era sentir a umidade em seus olhos.

Até que teve que piscá-la de volta.

Ela olhou por cima do ombro dele para a porta, sabendo que não conseguiria entrar ali, mesmo que desse um jeito de matar cada Casta bloqueando-a.

— Você não entende.

— Conheço você há muito tempo, Gypsy. — Ele declarou naquele tom suave e bondoso que a rasgava, lembrando-a de quantas vezes Rule falou com ela com a mesma gentileza, aquela mesma compreensão, que se forçou a ignorar. — E sabe o que? Vi os pais de Kandy correrem para o lado dela muitas vezes. E ainda estou para vê-los correr para o seu lado uma vez. Mesmo enquanto sei de fato que você precisou deles.

Isso não importava. Kandy precisava deles, ela os merecia. O que Gypsy merecia depois de levar Mark para a morte? Além disso, nunca pediu aos seus pais para vir por ela, não é?

— Só me deixe entrar ali, Flint. — Ela exigiu, sua voz tão rouca, tão cheia de medo que mal a reconheceu.

— Sobre o que ele está falando, Gypsy? Gypsy, o que está acontecendo? — Kandy sussurrou atrás dela, o medo tremendo no seu tom de voz. — O que aconteceu com a mamãe e o papai?

O punho de Gypsy cerrou aos lados do corpo. Não precisou que Flint ou Rule dissessem a ela o que aconteceu. Ela conhecia seus pais. Ou melhor, conhecia sua mãe. Greta McQuade conseguiu escapar ao deslizar o dispositivo antes, ela acreditou. Teria sido convencida que podia fazer o mesmo novamente.

Deus, por que não foi na noite passada quando Rule se recusou a permitir que ela fosse sozinha? Se o confrontasse, se tivesse exigido, ele a teria levado, percebeu. Conhecia Rule quase tão bem quanto conhecia muitos outros Castas. Mas dormiu com Rule, e sabia coisas sobre ele que uma mulher só sabia sobre o homem que escolheu como seu amante.

Dando um passo ao lado da porta enquanto os outros seis Castas cobriam o painel, ela observou enquanto ele tocava o fone na sua orelha e sacudia abaixo o pequeno bastão que descansava ao lado de sua bochecha.

— Sim senhor, as filhas do Sr. e da Sra. McQuade estão na porta. Gypsy pede acesso para averiguar as acusações apresentadas contra seus pais e se assegurar do bem-estar deles.

Deus, não.

Oh Deus, se processassem seus pais com a Lei dos Castas, não existiria conserto para o dano que isso faria em suas vidas.

— Gypsy, sobre o que ele está falando? — Kandy gritou, entretanto sua voz era baixa atrás dela. — Quais são as queixas?

Quando ela não respondeu, sua irmã agarrou seu braço com firmeza, enviando uma onda de dor quase violenta apunhalando sua carne antes dela rapidamente empurrá-la de volta, virando-se para enfrentar a jovem que sempre tentou proteger.

— Sobre o que ele está falando? — Sua irmã exigiu, lágrimas brilhando e ameaçando cair de seus olhos enquanto o Coiote atrás dela, Loki, permanecia de pé com suas costas para a parede, sua cabeça abaixada enquanto aparentemente olhava fixamente para as pontas de suas botas gastas e empoeiradas.

Por um segundo, podia jurar que o encontrou antes de sua chegada em Window Rock dois meses atrás. Algo sobre seu cabelo loiro escuro desgrenhado continuava puxando por sua memória antes de ser forçada a focar sua atenção em sua irmã, ao invés disso.

— É uma longa história, Kandy. — Ela murmurou, passando os dedos por seu cabelo solto, e olhou de volta para Flint.

Ela queria ouvir o que ele estava dizendo, mas sua irmã se recusava a esperar.

— Então comece a falar. — Mais nova, mas nem por isso menos determinada, sua irmã a encarava de volta furiosamente, as lágrimas em seus olhos ameaçando cair a qualquer minuto.

— Ele sabe. — Ela olhou para Loki. — É por isso que te distraiu e segurou você quando chegou com mamãe e papai. Não é, Loki? Você já suspeitava do que iam fazer. Por que não disse à Kandy antes dela me avisar que estavam aqui?

Ele olhou para ela através do comprimento generoso de seus cílios com as pontas douradas, suas feições impassíveis, seus olhos cinza-escuros inexpressivos e deliberadamente frios.

— Como eu ia saber, Gypsy? Pretendia levar Kandy para almoçar quando seus pais chegaram com ela, preocupado sobre os rumores que Rule sequestrou você naquele bar. Eles já tinham requisitado a reunião com Jonas depois que foram chamados e assegurado sua segurança. Garantiu que você entraria em contato com eles mais tarde. Não esperaram que Kandy e eu conversássemos um minuto; nem sequer reconheceram que ela parou para falar comigo. Só caminharam para os elevadores e exigiram ver o diretor. — Ele disse a ela baixinho, seus olhos se deslocando com um movimento tão leve para os Castas atrás dela que duvidava que até soubessem que ele fez isso. Quando voltaram para ela, existia uma advertência neles antes dele então permitir o deslocamento para se mover em direção à Kandy.

A mensagem estava clara. Deixe o assunto ou Kandy podia se ver envolvida também.

Ele deliberadamente demorou em Kandy, não havia nenhuma dúvida sobre isto, só para o caso dos seus pais serem estúpidos o suficiente para puxar a mesma merda que puxaram da última vez que chegaram ao hotel para falar com Jonas.

— Gipsy. — Flint chamou sua atenção quando andou de sua posição, encostado na parede distante, seu olhar solene enquanto ela sentia sua garganta apertar com apreensão.

Enfiando as mãos nos bolsos de sua calça jeans e curvando os ombros protetoramente contra seja qual fosse a notícia ruim que pudesse estar dando, ela o enfrentou ansiosamente.

— O Diretor Assistente Brannigan está a caminho. — Ele informou, observando-a cautelosamente agora. — Agora me escute, ele não é Jonas. Jonas conhece você. Ele se sente protetor em relação a você, e isso permitiu que escapasse de muita coisa desde que ele chegou aqui, coisas que Brannigan não vai tolerar.

Estava mais do que claro que ele estava preocupado enquanto Gipsy franzia o cenho, fitando-o de volta.

— Que diabos está tentando dizer, Flint? — Suas mãos saíram dos bolsos e cruzaram acima de seus peitos.

Ela o observou de forma militante, de repente zangada na implicação que ela não sabia ser educada.

— Eu acredito — uma familiar e imponente voz falou antes que Flint pudesse responder, fazendo-a dar meia volta em surpresa — que você é um pouco rude, Srta. McQuade, a menos que lhe convenha se educada. O que, pelo que eu entendi, raramente faz.

O Sr. Esquisito do bar.

Justamente o que ela precisava, outro Casta espertinho.

Seu sorriso era todo dentes e caninos curvados.

E um Coiote para começar. Justo o que ela precisava. Diferente de certas pessoas, ela não se dava muito bem com Coiotes.

— Loki, poderia por favor escoltar a Srta. McQuade mais nova para sua suíte até que eu entre em contato com você? — Pode ter sido formulado como um pedido, mas era claramente uma ordem.

Loki deu um acentuado aceno com a cabeça quando se endireitou, seu olhar encontrando o gelado verde celta do diretor assistente cautelosamente, antes de virar para Kandy e estender sua mão para ela.

— Gypsy, por favor, diga-me o que está acontecendo. — Kandy sussurrou aos prantos, partindo o coração de Gypsy. — Estou com medo.

— Eu quero ir pra casa. — ela sussurrou quando Mark a encarou, seus olhos cheios de tristeza. — Estou com medo, Mark.

Não chore. Seja corajosa, Amendoim, ele articulou com a boca sem som, seu olhar perfurando os dela, e soube que ele estava tentando dizer algo a ela. Algo que não entendeu.

— Não chore. Seja corajosa, Amendoim.

— Srta. McQuade? Se vai vir comigo, então agora é a hora. — O tom de Brannigan endureceu com a exigência.

— Eu prometo que vou explicar tudo mais tarde, Kandy. — Ela jurou. — Vá com Loki, logo estarei lá. Eu juro.

Ela virou de volta para Brannigan, encarando-o diretamente, recusando-se a desanimar sob a consideração glacial enquanto ele a olhava conhecedoramente.

— Nem Jonas nem seus pais estão na sua suíte. — Disse a ela, a seguir virou e começou a descer o corredor. — Venha comigo. Jonas está numa das salas de conferência em outro andar, enquanto seus pais estão em outra, ao lado da dele. Acredito que poderia reconhecer o título que eles deram. O quarto do blackout.

Ela jurou que sentiu como se fosse desmaiar. Uma onda de entendimento nauseante tomou conta dela quando um suor frio de repente brotou em sua testa, e uma sensação de irrealidade ameaçou cobri-la completamente.

Livrar-se disso não foi fácil.

Estendendo a mão, se firmou enquanto o seguia espalmando a mão na parede conforme caminhava, certa que não queria cair na presença deste Casta.

Ele se aproveitaria imediatamente do sinal de fraqueza.

Ele nem sequer olhou de relance atrás, enquanto abria caminho para o elevador privado no próximo corredor e dava um passo para dentro, acenando para ela entrar.

Gypsy se moveu para dentro do cubículo estreito, esperando enquanto ele entrava com ela, permanecendo em silêncio enquanto as portas fechavam atrás deles. Porém o elevador não começou a se mover imediatamente.

Primeiro, um estranho zumbido encheu a área quando uma luz branca e fraca começou a se mover acima deles dois.

Seus olhos fecharam por um segundo em aceitação. Quando forçou-os a abrir, ele a estava observando, seus braços descansando confortavelmente ao seu lado.

Isto demoraria para sempre, ela pensou fatalisticamente. O scanner era, sem dúvida nenhuma, um dos novos sobre o que seu contato a advertiu semanas antes dos Castas chegarem. Projetado para pegar quaisquer anomalias.

— Nunca traí os Castas. — Ela sussurrou. — E nunca teria ajudado qualquer outra pessoa a fazer isso.

— Mas fará tudo que puder para proteger seus pais, não importa as ações que tomaram? Correto? — O brilho clínico como se estivesse considerando, em seu olhar, fez seu estômago apertar de medo.

O que esperava que ela dissesse?

— Se tiver alguma maneira possível.

Ele acenou com a cabeça para aquilo.

— Acho que esta é talvez a parte mais difícil deste trabalho, de certa forma, dos Enforcers até a posição do Jonas. Entender essa lealdade para os pais quando nós nem sequer tivemos pais adotivos, irmãos ou filhos. Mas tentamos nosso melhor para levar isso em consideração quando necessário.

Gypsy sustentou seu olhar, sabendo que ele podia ler o medo crescendo dentro dela claramente.

— Só me diga o que preciso fazer. Não brinque comigo.

Seus lábios curvaram, seus olhos escurecendo de maneira avaliadora.

— E faria qualquer coisa que precisasse? — Ele perguntou em voz baixa, advertindo.

Gypsy se preparou para a batalha por vir com sua própria consciência.

— Farei o que tiver que fazer, Sr. Brannigan.

— Mesmo que isso signifique sacrificar seu companheiro? — Ele inclinou sua cabeça de lado enquanto se encostava na parede do elevador. — O único homem, talvez a única pessoa no mundo, que estaria disposta a dar sua vida por você?

O elevador começou uma lenta descida enquanto os scanners continuavam seu trabalho.

— Já chega. — Ela forçou a ordem a passar pelos lábios que de repente estavam dormentes pela acusação.

Ele assentiu devagar.

— Diga-me, ouviu falar muito da Lei dos Castas?

— Um pouco. — Ela admitiu, de repente cautelosa com a pergunta. — Por que?

— Já ouviu falar de Automandato? — Algo pareceu faiscar em seu olhar ante a pergunta.

Gypsy sacudiu a cabeça lentamente.

— Eu não ouvi.

— É uma parte da lei dos Castas de acasalamento. — Ele admitiu. — Talvez não tenha ouvido. Acredito que esses mandatos são mantidos seguros em audiências Castas, se necessário.

— Então por que pergunta?

— Automandato é um cartão único de saída da prisão que um Casta pode usar para sua companheira ou filho, caso um deles quebre a Lei dos Castas, sério o suficiente para que a sentença que enfrentem seja mais que o Casta acredite ser suportável. Também pode ser usado em outras situações. Tal como pais da companheira enfrentando um diretor enfurecido da Agência de Assuntos Castas que está considerando usar a completa extensão da Lei dos Castas contra eles pelos crimes que cometeram.

— Não entendo. — Ela sussurrou, mas estava com muito medo do que fez. — O que isso tem a ver comigo?

Sua sobrancelha levantou preguiçosamente.

— Ouça e saberá o que isso tem a ver com você. Para garantir que a humana não sofra totalmente os efeitos do Calor do Acasalamento, ela seria levada para seu Casta mensalmente. Seria o bastante para mantê-los sãos, mal e porcamente — embora a fêmea tenha opções com os tratamentos hormonais que nossos cientistas e médicos apresentaram, o que o macho não tem. Fora isso, o Casta é trancado numa cela semelhante à dos laboratórios em que foi criado, porque a necessidade de liberdade logo o tornaria furioso. Desde que fique calmo, pode ter sua companheira uma vez por mês. Mas pelo resto de sua vida, a não ser por essas poucas horas, não fala com ninguém. Sem cartas de casa. Sem televisão, sem sala de musculação, biblioteca ou privilégios de computador. — Ele zombou. — Castas não sofrem bem de idiotice. E se um Casta voluntariamente desiste de sua vida pela proteção de sua companheira, para servir tal sentença por pais que obviamente não tem amor por sua companheira, para começar, então por que devíamos mostrar misericórdia por ele? Ensinaria a outros que vierem atrás dele a temeridade de tal decisão.

— O que está tentando dizer, droga? — Ela estalou, cansada deste jogo. — O que Rule fez?

Oh Deus, ele não faria isto. Ele não sacrificaria a si mesmo de tal modo, não é?

— É o que seus pais fizeram, Srta. McQuade. — Ele grunhiu. — E o que aquele Casta está disposto a fazer para poupar você da dor do julgamento e castigo deles. Segundo a Lei dos Castas, qualquer humano ou Casta tentando trazer um nano-dispositivo em qualquer área marcada como segura para os Castas convida a punição por morte nos termos da Lei dos Castas. O que Rule faria para poupar você da dor de ver seus pais morrerem por tentar ameaçar a filhinha do diretor de Assuntos dos Castas, quando trouxeram uma microunidade programada para ativar e registrar, mediante o som da voz inocente de uma criança?

Não. Não, seus pais não fariam isto.

Mas fizeram. Ela conhecia sua mãe, e sabia que sua mãe faria qualquer coisa, se Kandy fosse ameaçada, para protegê-la. E todo mundo sabia que Kandy era a fraqueza de seus pais.

O que Rule faria?

Ela olhou fixamente para o macho Casta com horror, vendo seus olhos verdes irem de gelados para ardentes num piscar de olhos antes de mais uma vez ficarem gelados acima do fogo aquecido da raiva que nunca os tocou.

— O que seus pais fariam se acreditassem que você enfrentaria esse castigo no lugar do seu companheiro? — Ele perguntou então.

As portas do elevador deslizaram abrindo numa sala de conferência repleta de Castas. Em frente à ela, Rule permanecia de pé enquanto um grande monitor de tela plana mostrava seus pais, a voz amplificada de sua mãe, e a acusação cheia de dor que abriu a alma de Gypsy como um bisturi afiado e deixou suas emoções, a raiva, o medo e a própria culpa voraz inundar seu sistema como uma onda enorme que destruía tudo em seu rastro.

— Sra. McQuade, não admite trazer um dispositivo furtivamente para dentro...

— Eu trouxe. — Greta exclamou dolorosamente. — Eu disse a você que o fiz.

— E se eu dissesse a você que sua filha será punida — pelo resto de seus dias conhecerá um inferno diferente de tudo que possa imaginar, em pagamento pelos seus crimes, a menos que divulgue o nome da pessoa ou pessoas que te ajudaram nisso, — então nos daria as informações que pedimos para processá-los em vez disso?

—O que? O que está dizendo? — Hansel balançou sua cabeça, obviamente lutando para entender as implicações do que Jonas estava dizendo.

— Estou dizendo, Sr. McQuade, que se sua filha aceitasse o estatuto da Lei dos Casta que permite que ela suporte sua punição por seus crimes, você de boa vontade permitiria que ela fizesse isso? Permitiria que ela sofresse, em dor, em isolamento, pelo resto de sua vida para proteger seja quem for que deixou vocês neste curso de ação? Ou nos dariam as respostas para as perguntas que foram submetidas a vocês, quando foram detidos na primeira vez por tentar trazer aquele condenado dispositivo, no que é eficazmente minha maldita casa e não arriscando só minha vida, mas da minha esposa e da minha filha? — Ele exigiu, a ira crescendo em sua voz a cada palavra.

— Não... não pode fazer isto. — Hansel sussurrou com horror e descrédito.

— Ela não tem sido nossa filha desde a noite que ajudou aqueles desgraçados a matar meu filho. — Greta soluçou, sua expressão se retorcendo em agonia enquanto cada Casta a assistia, mudos em estado de choque. — Minha filha morreu com ele naquela noite.

— Não, Greta. — Hansel olhou estatelado para sua esposa com horror quando ela deu voz à raiva que carregava em relação a uma criança que não teve nenhuma parte no horror que ela sofreu também.

— Você sabe que é verdade. — Greta soluçou, quase histérica. — Tudo que importava na época era a próxima festa, e isto é tudo que importa para ela agora. A próxima festa, a próxima noite de bebedeira selvagem e vagar com Castas que não valem nada com quem ela possa transar. É assim que ela honra o irmão que morreu por causa de sua estupidez. — Seus olhos de repente dispararam passando por Jonas, horror enchendo seu rosto enquanto seguia os de Hansel McQuade. Os olhos do seu pai de repente se encheram de lágrimas quando encontraram com os de Gypsy, através do monitor de vídeo de duas vias.

Ela se sentiu congelada. Presa no lugar enquanto todos os olhos giraram para ela, encarando-a com variados graus de piedade.

— Porra! — Alguém sussurrou, uma voz masculina baixa, um sibilar de fúria crua um segundo antes de Rule rugir de raiva, erguer um objeto da mesa de conferência diante dele e lançar na tela.

Ela espatifou, lançando fragmentos de vidro para fora quando Jonas se abaixou, e aqueles mais próximos giraram suas cabeças rapidamente para evitar os projéteis pontiagudos.

Algo picou sua testa, sua bochecha, mas não estava certa do que.

A constatação repugnante que seus pais acreditaram no ato não a surpreendeu; tinha sido boa pra cacete em seu trabalho ao longo dos anos. Mas tê-los expressando isto para estes homens que a respeitavam o suficiente para enxergar através do ato de garota festeira a destruiu. Saber que podiam suspeitar ou até reservadamente culpá-la era uma coisa, mas ter sua mãe acusando-a tão violentamente, com tal desgosto e falta de calor, ela teve que admitir, deixou sua alma nua.

Essa era sua mãe.

A mulher que a criou...

Não, seus pais não a criaram, finalmente admitiu.

Foi Mark.

Estiveram ocupados construindo seus negócios ou brincando com Kandy, a garotinha patricinha das duas irmãs que gostava de se vestir bem, não ficava suja e não implorava pra ir caçar com seu amado irmão.

Foi Mark quem a ensinou como andar de bicicleta, andar de patins, caçar e fazer corrida de bicicleta no deserto. Ele a ensinou como espionar fazendo disto um jogo, como ficar quieta, como escapar de casa e como abrir uma fechadura.

Ele estava ensinando-a como saber o que ele estava pensando só com um olhar...

Seus olhos encontraram os do Rule enquanto sentiu aquele medo paralisante que sentiu nove anos atrás na primeira vez que viu seus olhos ficarem ferozes assim. Todo azul sem branco, a pupila retraída com a raiva.

Ele esteve lá então, ela percebeu, seus olhos presos com a raiva e a dor nua nos brilhantes e muito afiados azuis dos olhos dele. Com o mesmo olhar naquele estranho olhar colorido, a mesma fúria selvagem que podia ver lá agora.

E o mesmo aviso.

O mesmo aviso que esteve nos olhos do Mark logo antes dele morrer.

— Não chore. Seja corajosa, Amendoim. — Seus lábios se moviam lentamente, certificando-se que sabia o que ele queria que ela visse, encarando-a, seu olhar preso no dela, atento, advertindo. Uma mensagem que não podia não ler, não importa o quanto ela tentasse. —Não chore. Seja corajosa, Amendoim.

Ela raramente era chamada de Amendoim, percebeu naquele segundo, e nunca por Mark. Ele nunca lhe deu apelidos fofos. Ela era sua Gypsy Rum, irmãzinha ou garotinha. Nunca, jamais a chamou de Amendoim.

E irmãzinhas não tinham que ser corajosas, ele disse a ela inúmeras vezes, isso era trabalho do irmão mais velho. Ele podia ser corajoso por eles dois, e ela podia chorar o quanto quisesse.

E mesmo assim, ela não podia chorar. Era corajosa, até mesmo imprudente. Assumiu o trabalho do seu irmão, protegeu sua irmã enquanto dizia inúmeras vezes que Mark iria querer que fizesse isso.

Mark morreu por você... Quantas vezes essa acusação foi nivelada pra ela em forma de castigo?

Não foi sua culpa, Gipsy, eles conheciam as fraquezas do Mark...

Ela era irmã dele, mas todo mundo observou enquanto ela crescia, como Mark sempre a tratou mais como sua filha do que uma irmã.

— Eu deveria ser corajosa. — Ela sussurrou, nove anos de dor agonizante não derramada arranhando sua garganta.

Rule sacudiu a cabeça lentamente enquanto uma careta atormentada esticava seu rosto.

— Você tem sido corajosa suficiente por todos nós, por muitos e muitos anos.

Cortando, agonizando, a onda de dor que se precipitou nela empurrou sua cabeça para o lado, à medida que fechava os olhos contra a realidade fria como pedra de escolhas que não podia controlar, quase a fez perder o controle daquele grito interno de negação ela queria soltar.

Quando seus olhos abriram, foi para encontrar as feições atormentadas na expressão de Jonas Wyatt. A dor que compartilhavam, ela imaginou. Escolhas e decisões que talvez não saíram como planejado, vidas que foram perdidas porque ele não fora o Super-homem naquele dia. Ela podia ver isso tudo em seu rosto.

O diretor que lutou por mais de dez anos para criar a conscientização dos Castas e assegurar a sobrevivência de sua gente. O amigo que prestou assistência aos Castas sob seu comando e que sofria como ninguém, mas sua companheira podia entender quando ele perdia um.

E o pai.

O pai forçado a ficar parado e assistir como sua filha possivelmente morria diante de seus olhos.

Estes Castas juntos salvaram sua vida. Jonas, Lawe, seu companheiro Rule, Flint e talvez até Loki. Ela agora sabia que eles estiveram lá aquela noite. Eles estiveram lá, e sem eles ela não teria vivido. O sacrifício de Mark, não importa o quanto ela era indigna, teria sido em vão, assim como sua mãe acreditava.

— Como sua companheira, me recuso a aceitar sua demanda por Auto-mandato e pedir que você faça o mesmo. — As palavras deixaram seus lábios inclusive antes dela estar ciente de sua intenção de dizê-las. — O crime não é seu, e a punição não seria apenas indigna, mas também desprovida de gratidão.

Sua mãe jamais entenderia o sacrifício de Rule. Mas Gipsy sim. Ele não estava fazendo o sacrifício por eles, mas por ela. Estava fazendo o que todo mundo imaginava que Mark fez. Dando sua vida por ela.

— Droga, Gypsy. — Rule rosnou enquanto ela jurava que ouviu Lawe murmurar. — Graças a Deus.

— E — ela continuou — peço clemência pelo crime cometido por meus pais até que uma explicação seja dada e possível exoneração baseada em circunstância seja ouvida pelo Gabinete Governante dos Castas.

Os olhos do Jonas arregalaram. Ela tinha acabado de se entregar e sabia disso. Não devia saber sobre esta lei, mais do que sabia sobre a que Brannigan a informou.

Jonas balançou a cabeça concordando lentamente enquanto ela via Rule se movendo com o canto dos olhos, rondando, perseguindo-a de perto como se ela fosse fugir a qualquer segundo.

E Deus sabia, ela não queria nada além de escapulir.

Queria afundar no poço da dor e da raiva que ela conteve por nove anos, mas primeiro tinha que terminar o que acabava de começar.

— Concordo, Srta. McQuade. — Foi o Alfa Principal, Callan Lyons, quem aceitou seu requerimento.

— Concordo. — Jonas repetiu. — E eu solicito a liberação deles e uma mordaça colocada em qualquer anúncio de seus crimes até que essa audiência possa ser realizada, com uma oferta de informações em troca de disso e a promessa da garantia que cheguem prontamente na audiência para responder por seus crimes, e nenhuma exoneração possa ser feita depois deles serem questionados.

— Não sou uma boa mentirosa. — Ela sussurrou, lembrando de seu irmão rindo com a facilidade que ela se entregava. — É melhor apenas se certificar que ninguém saiba o que está fazendo; aí eles não terão perguntas que você não possa responder, certo?

— Pare com isto. — Rule rosnou furiosamente quando ela se afastou dele, a intenção em seu olhar assegurando que ele a deteria agora se pudesse. Detê-la, até que ele aprendesse o que ela tinha para trocar antes que alguém pudesse ter uma chance de segurá-la.

— Não deixarei você se destruir por mim. — Seu olhar borrou pelas lágrimas que encheram seus olhos, Gypsy apertou seus punhos fechados em seu estômago, quase vomitando com a dor que rasgava. — Eu não serei a causa disso. Nunca mais, Rule.

Ele rosnou furiosamente quando Lawe subitamente agarrou o braço dele, puxando-o para uma parada antes que ele pudesse alcançá-la, e sussurrou rapidamente na sua orelha.

Ela se voltou para Jonas depressa.

— Eu não sei a identidade do meu contato. — Ela declarou, tentando respirar através do aperto em seu peito. — Mas não muito tempo atrás, vi os dois homens com quem ele se encontrou do lado de fora do meu apartamento. Me dê 48 horas, Jonas, e juro que se você não tiver o que está procurando para salvar sua filha, então vou te dar a identidade desses dois homens e você mesmo pode perguntar a eles.

— Não. — A fúria na voz de Rule a surpreendeu, fazendo com que se sacudisse em protesto quando o medo começou a surgir dentro dela novamente ao ver Jonas balançando sua cabeça.

Oh Deus, tinha certeza que ele aceitaria a oferta. Certa que poderia salvar seus pais de outra maneira.

— Realmente acredita que salvei sua vida nove anos atrás para vê-la jogar fora encontrando-se com só com Deus sabe quem e possivelmente conseguindo que tanto você como seu companheiro sejam mortos? — Jonas grunhiu em seguida, permitindo que o sangue e o ar corressem de volta para sua cabeça numa onda vertiginosa. — Acredito que já tive experiência suficiente com companheiras cabeçudas e seus Castas machos teimosos como uma mula para saber ao certo que uma confusão assim não é nada que eu queira fazer parte este ano, muito obrigado. Pense novamente, Whisper.

Ela sabia que o codinome que lhe deram era uma péssima ideia.

Ela sacudiu sua cabeça desesperadamente.

— Tudo que tenho a fazer é enviar uma mensagem. — Estava dando essa mensagem agora, e ela e Dane Vanderale sabiam disso. — Me dê 48 horas. Não deixarei a suíte de Rule, e pode encher a porra do lugar com Castas, se for isso que quer. Mas te juro, Jonas, de uma forma ou de outra, terá as respostas que posso te dar quando esse tempo acabar. Por favor. — Ela sussurrou, sabendo que estava perdendo o controle das lágrimas que foram guardadas por tantos anos. — Eles ainda são meus pais. E eu ainda os amos... os dois. — Sua respiração engatou quando o remorso que bateu por seu sistema quase roubou sua respiração e enfraqueceu seus joelhos com a incerteza do que ele faria agora. — Jonas, por favor, eles ainda são meus pais.

Ela não se atreveu a dar uma olhada em Dane ou em Dog, que estava sentado próximo ao sul africano. E com certeza não tinha intenção de encontrar os olhos de Rule enquanto ele permanecia imóvel por seu irmão Lawe. Se o fizesse, botaria tudo a perder e sabia disso. No segundo que ela olhasse, Rule saberia. Ele a conhecia muito bem, ela percebeu.

E conhecendo tanto Dane quanto a Dog, como também suas reputações, achariam um modo de garantir que Jonas ficasse satisfeito sem sacrificar suas próprias identidades.

E precisava fazer isto sem sacrificar a promessa que fez para o homem que confiou no seu irmão tão implicitamente, que deu a uma adolescente de quinze anos, numa trajetória para as portas da morte, uma razão pra viver.

Mas o mais importante, tinha que fazer isto sem colocar o fardo das punições dos seus pais sobre a chance que ela finalmente estava recebendo, de ter uma vida própria. Uma vida sem culpa, sem mentiras e sem os atos traiçoeiros de um homem que tentou destruir isso, para começar.

O mesmo homem que traiu seu irmão nove anos atrás e a usou para garantir sua morte.

 

PROPRIEDADE do LOBO REEVER

NAQUELA MESMA NOITE

—Eu sei quem você é. — O Casta pendurado na parede, seus pés mal tocando o chão, disse no deveria pensar ser um tom intimidante.

Gideon, Graeme para aqueles da fazenda Reever, sorriu. O nome queria dizer hora de jogar.

E ele adorava a hora de jogar.

Ignorou o Coiote por um momento, pegando algumas ferramentas que precisaria mais tarde. Alicates de diferentes tamanhos e usos, um martelo pesado, uma mordaça em formato de bola, porque às vezes os bastardos não paravam de gritar.

Estava procurando sua faca especial que emprestou a Khi — Khileen como alguns a chamavam, enteada de Lobo, que a usou durante o interrogatório do companheiro do Coiote duas semanas atrás, quando seu telefone por satélite começou a vibrar em seu cinto com insistência.

Puxando o telefone, olhou fixamente para o número e fez uma careta de irritação. Realmente não estava com humor para lidar com isto agora mesmo, mas maldito fosse se não soubesse que era sua obrigação.

Encontrar sua companheira pode ter começado o processo de devolução de sua sanidade, mas alguns poucos indivíduos foram fundamentais para completar o processo e ter a certeza que encontrou seu caminho para o rancho de Lobo Reever com suficientes credenciais e referências para assegurar ser contratado na propriedade.

—Sim? — Ele respondeu ao telefone, esperando que não levasse muito tempo. Uma esperança inútil, na maioria dos casos, quando este híbrido estava envolvido.

—A festa acabou velho amigo. — Divertido e inerentemente irritante, aquele sotaque estrangeiro preguiçoso nunca deixava de fazer os pelos de sua nuca se arrepiarem.

Desta vez, não se arrepiaram, fizeram uma festa na parte de trás de seu pescoço.

—Que festa? — Ele grunhiu, embora tivesse a sensação que sabia exatamente qual era a “festa”.

—Entre em contato com Jonas. — Ordenou a voz firme com a demanda. — Ou vamos todos cair em água fervente, com mais Castas em nosso traseiro do que seremos capazes de lidar. E sinceramente não estou com humor para ter que explicar nada para meu pai.

Graeme bufou com a ordem.

—Deixe-me adivinhar, conseguiu fazer merda antes que eu pudesse salvar a vida da criança? Por que não me surpreende, seu pequeno idiota?

Por que não o surpreendia?

Esta não era a primeira vez que trabalhava com o bastardo, e ainda que o híbrido fosse malditamente competente, havia momentos, momentos extremamente inconvenientes, quando ele tinha o hábito de soltar alguns macacos durante o jogo e lançar tudo para o inferno.

Graeme sempre pensou que era melhor disparar contra o maldito macaco, mas que demônios sabia ele? Era apenas um Casta que conseguia se esconder debaixo do nariz de todo mundo. E como conseguia isto, se perguntou com sarcasmo, em silêncio. Vamos ver, ficando fora da merda dos negócios de todos, talvez?

— Quando vence a próxima injeção e qual o número antes de acabarmos? — Inferno, agora deu um jeito do sotaque desaparecer completamente; este realmente não era um pressagio bom. Significava que, provavelmente, poderia ser sacrificado se precisasse de uma vitima. E esta não era uma parte que Graeme tinha intenção de jogar.

— A última injeção acaba dentro das próximas dezoito horas. — E ele estava malditamente contente por ser a última. Ouvir os gritos cheios de dor do bebê e o amor incondicional e a dor na voz de sua mãe estavam acabando com sua saúde mental, duramente conquistada.

— Temos quarenta e oito horas. — Ele informou imperiosamente. —Consiga para Jonas as informações que ele precisa ou eu e meu sócio seremos história aqui. Alguém testemunhou uma reunião que tivemos com nosso contato do Desconhecido. Se não conseguir os segredos, meu amigo, estaremos todos fodidos.

Um grunhido escapou antes que ele pudesse controlá-lo. Passando a mão nos nervos tensos atrás de seu pescoço, Graeme olhou para o espelho que tinha na parede ao lado de sua área de trabalho.

Merda. Merda. Isso era uma sombra em seu rosto? Ele iria matar o pequeno bastardo do outro lado da linha antes que pudesse respirar.

— Você é a pessoa que foi pega. — Ele lembrou ao outro homem calmamente. — Diferente de você, não estou nos malditos jogos e maquinações que você e seu irmão jogam. Posso manter meu nariz fora de todos os demais negócios e ainda me dar malditamente bem. Se entrar em contato com Jonas antes da injeção final, não há meio no inferno que me fará entrar ali e terminar o trabalho. E não estou disposto a sacrificar a vida daquela criança pela sua, idiota.

—Termine isto, então entre em contato com ele. — Ele ordenou. — Mas faça isto dentro do tempo que temos, Graeme. Porque se nossa testemunha identificar a mim e meu sócio, então desistiremos de você para salvar nossos próprios traseiros. Nunca duvide disto.

— Então cuide de seu fodido traseiro. — Ele grunhiu, rolando seus olhos ao ver o prisioneiro que arrastou para as celas de Reever menos de uma hora atrás. — Tenho coisas a fazer. Lidar com Wyatt não é uma dessas coisas.

—Então faça com que seja. Nosso assunto é Whisper. Exatamente como espera que eu cuide disto?

Filho de uma cadela.

Beliscando a ponte de seu nariz, jurava que podia sentir as faixas que uma vez arruinou a carne de seu rosto começando a sombrear sua pele novamente, enquanto a fúria surgia dentro dele. Não podia tocar em Whisper e ambos sabiam. Inferno, ele lhe devia sua vida e a vida de sua companheira. Whisper foi a criança que ouviu sobre o plano para matar Judd, Honor e Fawn antes do Desconhecido conseguir esconder suas identidades. Se não fosse por seu contato com o homem com quem seu irmão falecido trabalhou, então Fawn estaria morta. E Gideon Graeme nunca teria encontrado sua sanidade.

Ele mataria por ela, mas nunca consideraria matá-la.

O bastardo do outro lado da linha já era outra história, entretanto.

— Vou tirar sua pele, imbecil. — Graeme o advertiu.

— Entre na fila. — A sugestão era engraçada e cheia de confiança.

Graeme não tinha certeza sobre isto.

— Você realmente tem quarenta e seis horas. — Ele informou então. — Espero ouvir os rugidos de ira muito antes deste prazo acabar.

Sim, apostava que o bastardo queria.

Desligando o telefone, girou para o soldado que o olhava com malevolência, perguntando-se como este bastardo ficaria irritado se a filha de Lobo vencesse essa merda.

Ela o tocou, Graeme admitiu. A pequena criança lentamente estava se tornando uma Casta. Uma vez que explicasse tudo a ela de forma que pudesse entender, ela conseguiria. Sabia que iria machucar a princípio, o suficiente para que não parasse de chorar talvez. Sentiria-se muito mal, mas uma vez terminado, ela seria a menina do papai com certeza.

A primeira injeção que Brandenmore deu ao bebê começou o processo de modificar seu DNA. Durante quase toda a noite sua habilidade de entender e raciocinar aumentava exponencialmente. Se alguém soubesse como se comunicar com a criança, logo veria o mundo por seus olhos, por suas observações, quase fazia um Casta acreditar em milagres.

Agora, quatro injeções mais tarde, a última e, sem dúvida, a mais dolorosa, se aproximava. O que Brandenmore fez deveria ter destruído a criança da mesma forma como o destruiu. O que ninguém sabia era que Graeme encontrou nas amostras de sangue e tecido de Phillip Brandenmore colhido naquele noite, que Âmbar logo seria diagnosticada com o mesmo tipo de leucemia que quase matou Honor Roberts.

Os cientistas começaram as injeções em Honor antes, então a dor da inversão era muito menor, bem menor que os níveis que Âmbar estava experimentando.

Mas ouvir esta pequena criança chorar, ver a dor em seus olhos quando voltava com cada injeção de manutenção, o estava matando.

Ele se acreditava um monstro. O que fazia isso dos cientistas que criaram e torturaram os Castas por tanto tempo?

— Está com problemas, Gideon? — O nome saiu tão facilmente dos lábios do Coiote que fez Graeme girar devagar, o monstro dentro dele fazendo sua presença ser notada.

Graeme sentiu a queimadura em sua carne, a resposta primitiva que acessava um código genético e mostrava as faixas escuras de seu rosto, seus quadris e ao lado de sua perna esquerda.

Tão logo perdeu o controle, ele se afastou esperando, segurando-se desesperadamente antes pudesse escapar para sempre como aconteceu antes.

O Coiote percebeu, no entanto. Seus olhos se abriram, engoliu com força, e um instante depois Graeme estava perto de seu rosto, as presas aparecendo, os olhos de diversas cores, o Casta lutando para esconder o medo que apareceu quando sentiu as garras em seu pescoço, exercendo pressão suficiente para furar a pele e ameaçar a artéria, enquanto o som retumbava em sua garganta e fazia eco na caverna, como em um pesadelo.

—Diga o nome novamente. — Graeme disse. — Até mesmo pense e poderemos ver o quão fácil sai sua pele. — Com a outra mão ele usou a garra para abrir sulcos na pele, deixando a carne viva.

Ele sabia como se sentia. Tinha suas próprias cicatrizes que os cientistas deixaram em sua pele.

—Então dissecarei você como fizeram com o bom Gideon. Vivo. Gritando. Suas entranhas ensaguentadas saindo de seu corpo, os fluidos sendo filtrados e a dor tanta que vai fazer você urinar. E isto seria apenas o início. — Ele disse, sentindo seus olhos começarem a ficar vermelhos. — Dentro de segundos você irá implorar por clemência, mas a dor é tanta que nenhuma palavra poderá se formar, seu cérebro não mais reconhecerá a fala, a forma de racionalizar, conhecerá apenas uma coisa. A agonia, o horror e a imobilidade. A crua realidade de que não pode mover um músculo, não pode levantar um membro. Você não pode nem mesmo controlar a batida de seu coração à medida que começa a tocá-lo, cortando seu cérebro com um golpe tão brutal de agonia que transforma-se em seu animal e começa a uivar para a morte.

Um segundo mais tarde sentiu a urina do soldado Coiote começar a vazar de seu corpo.

Maldição, e ele ali pensando que tinha um soldado melhor que os demais. O cheiro o fez voltar, no entanto. A consciência penetrou sua mente novamente, a lógica e a capacidade de pensar inundou seus sentidos mais uma vez.      — Não me coloque a prova. — Ele grunhiu, afastando-se do Casta Coiote obviamente apavorado. Lançando um olhar sarcástico, ele perguntou com desgosto. — Vocês, bastardos, costumavam ter mais ferro em suas espinhas. O que eu fiz? Matei a todos os loucos?

Ele estava começando a pensar que sim.

 

Isto era uma complicação.

Dane inalou o cheiro de cereja doce de seu negro e fino cigarro e considerou seu próximo movimento.

Não era que gostasse desse jogo em particular, e Deus sabia que não gostava. Conhecia seu irmão extremamente bem, e seus pais tinham certeza que no momento não havia alternativas.

Dane inclusive sugeriu a Jonas que enviasse uma mensagem a Gideon e Judd, pedindo as injeções em vez do código, um ou até ambos ajudariam. Tanto Jonas como Rachel imediatamente rejeitaram tal ação, entretanto.

E Ely, a médica dos Castas, não tinha ainda sua confiança nem a de Jonas. Isso deixava para Dane o trabalho sujo, como acontecia normalmente.

Ele não se importava em sujar as mãos, mas se Gideon ou Graeme como era chamado agora, não desse a Jonas o que ele queria dentro de quarenta e oito horas, então Dane poderia se despedir de sua família americana e amigos de merda, porque a companheira de Rule faria dele uma piada para crianças de cindo anos.

—Lembre-me de ficar longe de seus joguinhos de merda daqui para a frente. — Dog se moveu para perto e acendeu um cigarro. — Ouvi que conspirar com você poderia ser perigoso. Estranho, mas nunca ouvi falar de você ser pego antes, no entanto.

Dane lançou um sorriso descuidado, confiante. — Está tudo sob controle, meu amigo. — Ele disse arrastando as palavras com muito mais segurança do que sentia. —Tudo ficará bem.

—Espero que Leo me dê boas vindas quando Jonas der a ordem de execução contra mim. — O outro Casta suspirou em resposta. — Estou muito entediado na América, de qualquer maneira.

Dane quase bufou ante isto. Dog? Entediado? Duvidava muito. Dog vivia para os jogos que se jogavam dentro das sociedades Castas ali. Como todos os filhos de Leo, Dog era um mestre da manipulação e um filho da puta calculista. Tanto era assim que quando Leo percebeu que Dog estava na América, trabalhando para livrar os Castas, não só os ajudando a se instalar em sociedades, mas os encorajando, ficou lívido e mandou o Coiote retornar.

Leo estava ainda um pouco irritado com aquilo.

O patriarca se preocupava incessantemente com a segurança da família na America e acreditava que o mundo ainda não estava pronto para descobrir sobre o Calor do acasalamento e manter isto em segredo por muito mais tempo, seria impossível.

Dane estremeceu ao considerar o que seu pai faria se descobrisse que seu filho, seu herdeiro legítimo, financiou a aventura do Coiote. Ele frequentemente se perguntava se Leo, como ameaçava, realmente o deserdaria.

Tinha medo que seu pai realmente o fizesse.

— Você se preocupa demais, Dog. — Dane disse distraidamente enquanto fumava seu cigarro e observava a noite pensativo. — Deveria relaxar um pouco.

— Por isso nunca fomos amigos, Dane. — Dog lembrou-o com sarcasmo. — Inferno, por isso fiquei de uma puta vez longe de você. Você provoca o caos aonde vai.

Claro que o fazia, esse era seu trabalho, Dane pensou enquanto seu olhar se estreitava enquanto via uma sombra de cabelos castanhos e uma virada particular de cabeça.

Quando a mulher se virou para ele, o rosto estava errado, o corpo esbelto muito suave, sem o jogo de músculos femininos bem afiados sob a pele.

Alguma vez deixaria de procurar por ela, ele se perguntou, um pouco sombrio. Toda vez que ficava pela área, esperava, certo de que em algum momento pegaria um vislumbre dela.

No entanto, isso nunca aconteceu.

Rezava para que nunca acontecesse.

Deixá-la ir foi a coisa mais difícil que fez em sua vida. Permitir que ela tivesse o companheiro que ansiava, a vida que sonhou, partiu seu coração embora sua felicidade fosse tudo para ele.

Por desgraça, se esqueceu de incluir a si mesmo neste desejo.

Ele respirou lentamente, fortemente.

— Nunca fomos amigos porque verdadeiramente nunca conhecemos um ao outro. — Ele replicou para a declaração anterior do Casta. — Meu pai foi inteligente o suficiente para assegurar que ficássemos longe um do outro.

O Coiote apareceu quebrado, imundo e sofrendo de desidratação e febre primitiva juvenil. Dane estava em Londres, no momento, verificando várias das propriedades de Leo, mas ouviu falar do Coiote mais selvagem que treinado, que foi à procura do lendário primeiro Leo na idade tenra de seis anos.

— Leo vai nos matar se descobrir sobre isto, Dane. — Dog disse.

Dane balançou a cabeça. — Ele lamentará. Odiará a traição, mas é tão consciente quanto nós de que a criança morreria sem a garantia que demos a Gideon de proteção, se ele ajudasse a criança. Nós nunca especificamos como faríamos.

Dog grunhiu ao ouvir isto.

— E agora?

— Agora, esperamos. — Dane informou, cruzando seus braços acima de seu peito enquanto se inclinava contra a pedra áspera da parede exterior e continuava olhando os hospedes chegarem de todas as partes.

— Você faz isto muito. — Dog observou.

— O que? Esperar?— Dane perguntou.

Ele realmente fazia muito isto.

— Não, fica tenso sempre que vê uma cor e estilo particular de cabelo. — Dog assinalou quando Dane ficou mais tenso ainda, amaldiçoando em silêncio quando o SUV negro militar lentamente se aproximou do hotel.

Vários Castas estavam sentados na frente; atrás deles, sabia quem era a pequena família.

Ele esperou faminto pela visão dela. Observando quando Lance Jacobs saia do SUV antes de levantar um garoto nos braços e logo ajudar sua companheira, sua esposa adorada, a sair do veiculo.

Jacobs era um bom companheiro, tinha que admitir. E aquele menino, era uma combinação de ambos. A criança que finalmente domesticou Morte. Cabelos castanhos e um pouco compridos. Calça jeans soltas e uma camiseta azul. Ele se parecia com seu pai, por sorte, apesar de ter os olhos de sua mãe.

Então ela saiu.

Deus o ajudasse, o quão bonita ficou durante os últimos anos. Ainda mais graciosa, com uma beleza deliciosa e mais perigosa... sua garganta se apertou, o peito doeu ao ver sua barriga levemente arredondada sob a bonita blusa de seda dourada que usava com uma calça jeans.  

Grávida.

Uma vez mais, estava grávida e como antes, tinha um brilho no rosto que a deixava incandescente. Seu peito se inchou com tanta emoção que uma vez mais se perguntou se os Castas híbridos tinham a habilidade de encontrar seus companheiros, ou se era natural o atraso, uma vez que alcançavam a idade adulta e também sinalizava que, como suas contrapartes humanas, corriam o risco de perder o coração que significava muito para eles?

Da mesma maneira que ele perdeu seu coração.

—Harmony Lancaster. — Dog murmurou. — Filho de uma cadela, o que ela está fazendo aqui?

— Âmbar. — Dane sussurrou quando sentiu seu estômago se encher com a risada. — Ela ficou próxima de Âmbar da última vez que a família ficou no Santuário.

— Há muitas Castas importantes aqui, Dane. — Dog protestou. —Alguém vai se tornar um objetivo. Seu companheiro já foi baleado duas vezes. Não acho que sobreviveria a muitos mais.

O maldito bastardo era saudável como um cavalo, pensou Dane furiosamente. Como se depois de ter encontrado o Criador duas vezes, se fortalecesse para assegurar que sua companheira e filhos nunca ficassem desprotegidos.

Eles nunca ficariam desprotegidos, Dane sabia enquanto observava os dois veículos escuros atrás do SUV. Seis Castas de olhares duros, frios como aço saíram dos veículos e ficaram vigilantes em seus lugares como um escudo permanente.

Dela e de seu companheiro.

Eles entraram no hotel enquanto Dane observava, levantando sua cabeça quando ela pareceu parar por um momento, olhando atrás, depois os guardas a cercaram e seu companheiro a fez entrar.

Dog tinha razão. Havia muitas Castas do alto escalão ali e uma mais importante para ele que os demais.

— Ouvi os rumores. — Dog disse. — Mas até agora, nunca acreditei neles.

— E que rumores seriam? — Acalmar a ira que crescia dentro dele nunca foi fácil.

— Os rumores de que você era apaixonado por ela.

Dane se endireitou lentamente. — Isso ensinará você a escutar os rumores.

Jogando o cigarro no chão, ele andou a passos largos longe do Coiote e do hotel, indo para o estacionamento e o veículo que estava ali.

Ele não era, pensou furiosamente enquanto colocava as mãos nos bolsos de sua calça comprida e deixava a escuridão o envolver.

Ainda a amava e temia que sempre a amaria no futuro.

Ela era sua debilidade, e ele não ousava permitir que alguém descobrisse este segredo.

Não novamente.

 

Rule teria perdido isto se Lawe não o forçasse a parar, o obrigasse a usar seus sentidos e o conhecimento que ganhou ao longo dos meses no que dizia respeito à sua incrível pequena companheira. E Lawe não saberia se Cassie, que Deus abençoe seu coração, não tivesse entrado em contato com ele pouco antes de Rhyzan permitir que Gypsy escutasse as palavras destrutivas e cruéis que foram vomitadas dos lábios de sua mãe.

Conforme Gypsy ficou parada ali em pé, seu olhar fixo na tela estilhaçada, a alma da mulher que percebeu que era mais do que simplesmente sua alma, rompeu-se em tal conhecimento agonizante que Rule quis uivar de fúria. Entretanto, apressar-se era algo muito mais perigoso, mais destrutivo que sua dor. O vínculo que não sabia que tinha estabelecido com sua teimosa e independente diabinha estalou baixinho, entrou em vigor tão naturalmente que se Lawe não o forçasse a esperar, não teria percebido que estava lá até que fosse tarde demais.

E teria perdido talvez, o segundo momento mais importante não só da sua vida, mas também de Gipsy.

Gypsy percebeu algo muito mais do que a crença de sua mãe que sua filha foi a causa da morte do filho.

Percebeu algo muito mais perigoso, para si mesma.

Virando no corredor para sua suíte quase uma hora depois, Rule observava com olhos estreitados como Lawe ficava de pé do lado de fora da sua porta com vários outros Castas.

Ele podia sentir Gypsy ficando tensa, a incerteza crescendo dentro dela à medida que Lawe acenava com a cabeça para o Enforcer mais próximo. O lobo deu um passo para a porta, destrancou-a depressa e empurrou-a abrindo.

— Preciso falar com Kandy. — Gypsy protestou, embora sem muito entusiasmo, percebeu enquanto a arrastava para dentro do quarto.

A porta fechou atrás deles.

— Dizer adeus para ela? — Usando seu domínio no pulso dela, ele a girou para dentro dos seus braços, uma mão indo para sua nuca para garantir que seu olhar encontrasse o dela, quando ela levantou o olhar para ele com surpresa.

E numa subcorrente de suspeita nervosa.

— Adeus? — Bravata de repente cintilou em seus olhos. — Por que eu precisaria dizer adeus?

— O que lembrou, Gypsy, que a fez se preparar para morrer? — Ele perguntou, em vez de responder sua pergunta. — Por que de repente senti a criança de quinze anos que uma vez foi, cheia com tal culpa e ódio por si mesma, de repente ficar quieta, antes de afastá-la num piscar de olhos como se nunca tivesse existido? Será que ela finalmente percebeu que o que aconteceu naquela noite não foi sua culpa? — Sua cabeça abaixou, os lábios dele puxando atrás, mostrando seus dentes furiosamente. — Será que ela finalmente descobriu que a mesma pessoa pode ter traído tanto a ela quanto ao seu irmão?

 

Como ele soube? Como pode saber?

Gipsy olhou fixamente de volta para o Casta, cuja presença em sua vida, mudou tantas coisas; muitas coisas rápido demais; sentiu uma parte de sua alma que jazia tão indefesa, tão em carne viva e sangrando desde o momento que percebeu quem e o que tomou a única segurança da criança, preenchida com algo muito mais forte, muito mais intuitivo que qualquer coisa que já conheceu.

De repente tudo era mais intenso, mais intencional.

Cada som, cada cheiro, o roçar do ar pela sua carne, o calor do corpo do seu companheiro ao lado dela, senti-lo dentro do seu espírito, onde ninguém devia existir além dela mesma.

Contudo, Rule estava lá. Um conforto. Uma força que a ancorava como nada jamais fez antes.

Ela não conseguia desviar o olhar dele.

Gipsy sentiu sua respiração ficar mais devagar, sentiu os batimentos que não sabia que aceleraram com medo, de repente ficarem lentos e calmos.

— Lawe e eu sobrevivemos por causa do vínculo que ninguém sabia que tínhamos. — Ele rosnou, satisfação brilhando em seus olhos por aquela presença dentro dela se recusar a sair. — Porque podíamos fortalecer um ao outro. Porque podíamos nos abrir e permitir um ao outro a força que precisávamos, fosse física ou psicológica, e podíamos fornecê-la. Até que ele acasalou. Até que percebi que ele estava construindo um vínculo muito mais forte, muito mais intuitivo com a mulher que chamava de sua companheira.

Ela sacudiu a cabeça, emoções se revolvendo nela conforme percebia que não havia nada que pudesse esconder deste homem, desse macho Casta. Não existia nada que pudesse fazer para esconder dele, e nada que pudesse fazer para protegê-lo.

Ela não podia empurrá-lo para fora. Não podia segurar o medo, a fúria a conduzindo ou a ânsia de vingança. Não podia fechar a porta interior emocional para o Casta que esteve ao seu lado desde a noite que ela olhou dentro dos olhos do outro lado de um bar lotado...

— Muito mais tempo do que isto. — Ele revelou à medida que seus olhos arregalavam com descrença. — Estive ao seu lado, Gypsy, desde que tinha quinze anos de idade. Se não estivesse, então mais tarde Cullen Maverick. Ou devo dizer, o Bengala Judd.

Ele sabia do que ela suspeitava? Que Cullen Maverick era o Casta que Jonas procurava tão desesperadamente?

Gypsy balançou a cabeça, sua respiração dificultosa.

— Não...

— Seu contato é o Bengala Judd, Gypsy. — disse a ela calmamente, sua expressão cheia com tal emoção que ela não tinha ideia de como combater isto. — Posso não ter percebido que era seu companheiro, mas os instintos dentro de mim, esse animal que garante que nunca ferre as coisas completamente, sabia. Ele sabia, foi conivente e conspirou dentro do meu subconsciente, até que fiz exatamente o que tinha que fazer sempre, que era vigiar o que me pertencia. Inclusive conspirar com um Casta que se tornou querido por cada agência, cada equipe do Conselho, cada porra de cientista no mundo, e até mesmo com o homem a quem eu devia cada pingo de lealdade, Jonas Wyatt. Conspirei a tal ponto que pedi a ele para fazer uma barganha de trabalhar com ele por você, com a condição que nenhum outro homem a tocasse. Que não tivesse amantes, que ninguém permanecesse entre você e seu companheiro quando a hora chegasse para que eu reivindicasse o que era meu. E mais tarde, quando Jonas começou a procurar por aquele Casta, escondi meu conhecimento disso até do meu próprio irmão. Confiante. Acreditando que ele enviava tudo que tinha para Jonas. Sabendo que sem ele, você teria se afastado para longe deste mundo depois de um ano da morte de Mark.

Ele era a razão daquela exigência que foi feita a ela?

Podia sentir a adrenalina bombeando em seu corpo — descrença, perplexidade, estava tudo lá, mas seu coração não estava disparado e não podia sentir a traição. Não podia senti-la porque estava tão arraigada no coração dele como ele estava no seu agora. Sentindo-o.

Respirando-o.

— Eu era uma parte de você antes sequer de chamar sua atenção naquela noite. — Ele prometeu com sua mão livre se movendo para espalmar o lado do seu rosto, seu polegar roçando seus lábios. — Sempre estive aqui, Gypsy. Só a um piscar de olhos longe de você. Mais assustado pelo que estava sentindo do que você possa imaginar, porque te perder teria destruído até o animal que espreita debaixo da minha pele. O animal que lutou com cada batimento do coração, com cada fôlego, para assegurar sua proteção a cada segundo após a noite que você perdeu o que era mais querido ao seu coração. Porque você, companheira, é a mais querida para o meu coração.

Ela teve que piscar para não chorar.

Gypsy não podia acreditar que estava à beira de derramar lágrimas.

Sua respiração ficou presa, um soluço rasgou do seu peito quando a cabeça dele abaixou, seus lábios tocando os dela.

— Não tente me botar para fora, Gypsy. Não tome isso de mim. Não tome o que me completa ou permite um conhecimento que você se recusa a compartilhar para destruir o único vínculo que jamais me permiti, diferente daquele que me conecta ao meu gêmeo.

Aí seus lábios tomaram os dela. Entrincheirado dentro de seu espírito como ele estava, não apenas dando prazer, mas compartilhando o dele. Parecia como se nitrogênio líquido disparasse diretamente com a exigência já aquecendo as profundezas de sua boceta.

Seus sucos começaram a escorrer de seu âmago, amortecendo os músculos internos antes de derramar a umidade para as dobras externas inchadas.

Os lábios dele se moveram sobre os dela, sua língua afundando, passando por eles, enchendo seus sentidos com o gosto de chocolate e menta, e uma fome que não podia negar a si mesma. Uma que não podia negar a ele.

Antes que pudesse impedi-las, suas mãos se enterraram no cabelo dele, a batalha ainda furiosa dentro dos seus sentidos para segurá-lo, empurrá-lo dela, assegurar que nada o colocasse em risco. Especialmente o fantasma do passado que sabia que tinha que enfrentar sozinha.

O beijo, a fome derramando por ela de repente estava ausente quando sua cabeça foi empurrada para trás. Um grunhido soou do seu tórax, fazendo com que seus olhos se arregalassem enquanto seus cílios se abriram de um estalo.

— Não pode se esconder de mim, companheira, não com um segredo tão importante quanto sua vida. — O som de sua voz era animalesco. Mais animal que homem, e com a intenção mais primitiva que ela já ouviu antes. — Vai aprender a partir de agora. Nunca mais vai tentar algo tão imprudente, Gypsy.

O próximo beijo travou sua alma à dele, ela jurou que o fez. Ele se enterrou dentro dela, segurou-a para si, abrindo-a para emoções, necessidades, anseios que ela nunca soube que existiam dentro dela. Que nunca conheceu até que sofreu pela falta disso.

Segurando-se nele, ela estava apenas vagamente consciente de suas roupas só faltando ser arrancadas dela. Em alguns casos, as costuras rasgaram. Alguns botões estalaram fora e rolaram para o chão.

Quando Gypsy se viu no quarto com ele, uma trilha de roupas — tanto suas quanto dele — estavam no chão atrás deles.

Nu, o calor musculoso de seu corpo a envolveu à medida que o gosto de seu beijo a embriagava, subjugava e a amarrava de um jeito que estava certa que protestaria mais tarde.

E ela adorou.

Devia odiar a perda de controle.

Devia lutar com o domínio que ele estava assegurando dentro dela. Ela deveria, exceto que era a primeira vez em nove anos que se sentia realmente, fundamentalmente segura em algo diferente da tristeza.

— Deus me ajude. — Ele gemeu, arrancando seus lábios dos dela, espalhando beijos, mordiscando, as pontas afiadas dos seus caninos raspando no seu pescoço enquanto ela inclinava sua cabeça para dar a ele acesso mais fácil.

Arrepios trabalharam sobre sua carne, um calor gelado atingindo suas terminações nervosas antes das chamas começarem a lamber entre suas coxas. Seu clitóris doía, pulsando ao mesmo tempo que o sangue bombeando por suas veias, correndo com uma excitação faminta que apenas incrementava o fluxo erótico de seus sucos e a necessidade. Uma necessidade que sensibilizava sua carne, que só aumentava o domínio que não percebeu que ele tinha sobre ela.

Fome derramou através dela.

Sua fome por ela.

A dela por ele.

Deus, onde estava a linha entre seus sentidos e os dela, o que ele sentia, o que ela sentia?

Ela não podia encontrar isto, tudo parecia se fundir, misturar facilmente até que o prazer fosse um caos torturante de sensação que ela não tinha nenhuma esperança de escapar.

Exigente e quente, seus lábios cobriram um mamilo enquanto ele a pegava no colo. Erguendo os joelhos dela até seus quadris enquanto sua ereção ficava presa entre seus corpos, arrancou um gemido choramingado de seus lábios. O eixo pesadamente cheio de veias esfregou no seu clitóris, distraindo-a, deixando-a louca agora para ser tomada, para ser preenchida. Experimentar o prazer que podia sentir emanando dele para dentro dela, e dela nele.

Combinando sensações, uma mistura de necessidade desesperada que invadiu seus sentidos, invadiu seu corpo até que estava pronta para voar além do prazer quando sua língua raspou no seu mamilo um segundo antes de um grunhido faminto vibrar na sua carne.

Gypsy agarrou ainda mais nos quadris dele, erguendo-se para ele quando o grande eixo do seu pau esfregou no seu clitóris. Essa não era a pressão que queria, droga. Ela o queria dentro dela. Estava desesperada para dirigir aquela crista larga entre as dobras rechonchudas e escorregadias de sua boceta.

— Oh, isso não chega nem perto de ser fácil. — Rule rosnou. — Estarei condenado se vou deixar você escapar tão facilmente.

Deixá-la escapar? Ele a estava matando com necessidade.

Erguendo-a dele apesar de suas tentativas de ficar onde estava, ele a girou, empurrando-a para cama mesmo enquanto ela lutava com ele, determinada a conseguir o controle da situação. Uma onda de domínio de repente correu dele para ela, puxando-a de uma necessidade obscura e poderosa só para se submeter, para levantar sua bunda para ele e deixá-lo fazer o que diabos quisesse. Se apenas a fizesse gozar.

Seus olhos abriram em chamas.

Submeter?

Um segundo depois se encontrou de bruços, o corpo dele maior pressionando-a nos lençóis. Gypsy sentiu seus olhos arregalarem, impressões, sensações, uma sombria demanda atraindo um arquejo chocado de seus lábios.

— Ah sim, baby, sabe exatamente o que está vindo agora, não é? — Ele sussurrou antes de beliscar seu ombro eroticamente. — Antes que você algum dia considere fazer tal ação novamente, com toda maldita certeza vai reconsiderar isto primeiro. Vou garantir isto antes de você sequer deixar esta cama.

Sua mão alisou a curva da sua bunda, calejada e aquecida, uma carícia áspera que enviou arrepios de sensibilidade inundando seus sentidos, seus sucos inundando sua vagina.

— Não fiz nada, Rule. — Ela protestou em desespero ou isto era pura antecipação engolfando seus sentidos?

Raiva, uma pitada de apreensão masculina, quase medo, deslizou em seus sentidos quando sentiu a crista larga e bulbosa do seu pau pressionando entre suas coxas, dividindo as dobras escorregadias e inchadas de sua boceta e pressionando na entrada. Deslizando através da camada pesada de orvalho ali colecionado, escorregando, preparando-se para tomá-la quando um som de prazer metade animal, metade masculino ressoou, chocando seus sentidos.

E ela estava indefesa contra ele. Deus, nunca sentiu esta impotência, assim completamente dominada, completamente segura e imersa em prazer como se sentia agora.

— O que está fazendo comigo? — Fechando seus dedos nas cobertas debaixo dela, não pode evitar se erguer para ele, mesmo sabendo exatamente o que estava por vir.

Ela sabia porque podia senti-lo, sentir, antecipar cada movimento, mas foi incapaz de conter qualquer coisa. Inferno não, tudo que podia fazer era erguer a bunda, mexer os quadris e tentar forçá-lo mais fundo dentro dela.

Os dedos dele separaram as curvas da sua bunda, um polegar calejado achando aquela entrada proibida e extremamente sensível escondida entre a carne arredondada.

— Reivindicar você. — Gutural, intenso, o tom era um grunhido primitivo que enviou calafrios correndo ao longo de sua espinha. — Reivindicando o que é meu, até a sua alma.

Entretanto, ele não estava só reivindicando-a. Era muito mais que reivindicar. Estava dominando-a de uma forma que só um ser tão intensamente protetor, tão completamente primitivo quanto um macho Casta podia ser, podia reivindicar uma mulher que havia negado os anseios sensuais e eróticos que a atormentavam. Uma mulher que lutou tanto tempo sozinha e que não queria nada além de ser tomada, submetida, pelo menos uma vez na sua vida, simplesmente existir para o homem controlando seus sentidos.

— Isto não vai funcionar. — Ela arquejou, lutando para respirar, lutando para separar sua fome da dele, as necessidades dele das suas. Para achar uma linha, um limite que dividisse o vínculo que ele estava estabelecendo dentro de sua alma.

— Acha que não vai? — Uma pressão pesada de seus quadris e a cabeça do seu pau violou sua vagina ainda mais, separando o tecido sensível e os músculos apertados quando um grito de puro prazer escapou de seus lábios. — Vamos ver se podemos fazer isto funcionar, companheira.

Suas mãos alisaram seus flancos antes da carícia ir embora. Movendo-se sobre ela, ele enfiou mais fundo dentro dela, os golpes curtos e suaves do seu pênis criando uma passagem para a pesada largura de sua carne, enquanto a extensão aquecida de seu tecido enviou uma impressionante onda de dor e prazer em um aprofundamento também de fome.

Seu corpo muito maior, duro e musculoso, estirou em cima dela por um momento quando ele empurrou mais, mais fundo, enchendo-a, tomando uma polegada de cada vez. Uma queimação como a sensação aguda de um raio de cada vez, até que estava completamente enterrado dentro dela.

Acomodado até o cabo com o saco tenso de seus testículos pressionados em seu clitóris, Rule não fez nenhuma concessão, nenhuma misericórdia no combate erótico jogado entre eles agora. Quanto mais ela tentava romper essa ligação evoluindo continuamente que ele fez com sua alma, mais firmemente arraigada isso se tornava.

— Pense nisso, Gypsy. — Seus lábios queimaram a carne macia no ponto entre o pescoço e o ombro onde ele a marcou na noite anterior. — Lembre-se disso. Se algum dia tentar roubar de mim a companheira que matarei para proteger, a companheira por quem trairia todo mundo para proteger, lembre-se que diabos está roubando de nós dois.

Endireitando-se atrás dela, sentiu-o se estender para alguma coisa, sabia o que estava fazendo, sabia que se imprimiria em sua alma, e ainda assim não pode impedi-lo. Seu toque retornou entre a estreita fenda do seu traseiro, seu polegar, agora liso com lubrificação, pressionou firmemente a entrada bem apertada ali. Esfregando, pressionando, excitando terminações nervosas que ela nunca soube que podiam ser tão eroticamente sensíveis, ele começou a prepará-la.

Sem vontade consciente, sem qualquer tentativa de aceitar e com toda a intenção de rejeitar, ainda assim ela sentiu a entrada firmemente enrugada relaxar e permitir que a ponta larga do seu polegar a penetrasse lentamente.

Gypsy estava impotente contra os gritos que escaparam de sua garganta. Impotente contra a suave queimadura que separava a abertura aquecida e começou a estirá-la, acariciando o interior, alimentando uma fome que ela não devia conhecer, não devia sentir.

Os quadris dele se moveram, a cabeça larga do seu pau deslocando e acariciando o interior de sua boceta com tal resoluta destruição sensual que ela quase gozou para ele naquele instante.

Aquele polegar diabólico apertou mais fundo dentro dela, puxou de volta, então deslizou novamente. Ele a tomou de um modo que ela não podia lutar, nem mentalmente nem emocionalmente, e essa borda emocional estava indo destruí-la.

Gypsy podia sentir isto crescendo dentro dela, lavada por tantas emoções...

— Não. Por favor, Rule. — Ela se sacudiu contra ele quando sentiu isto chegando, sentiu as barreiras que ela construiu ao longo dos anos quebrando quando a conexão com ele começou a apertar, a se fortalecer.

Sua cabeça sacudiu quando a pressionou ainda mais no travesseiro, seus dedos apertando com mais força, uma faixa de sensação começando a apertar em seu peito.

— Estou com você, Gypsy. — Ele sussurrou atrás dela, aquele perverso polegar malvado aliviando atrás quando ela sentiu seu pau acariciando-a internamente de um modo que fez sua respiração ficar presa no êxtase próximo.

Uns segundos mais tarde, seus dedos retornaram.

Separando suas nádegas, sentiu um deslizar dentro dela, estirando-a novamente, enchendo-a à medida que mais lubrificação alisava seu caminho.

Ele repetiu a penetração. Puxando completamente, ele voltou segundos depois, outra camada de gel escorregadio revestindo sua carne interna e intocada enquanto arquejava debaixo dele. Mas desta vez não foi só um dedo, mas dois. Abrindo-os, estirando a entrada e músculos internos de seu ânus ainda mais, ele desbravou uma trajetória de completa rendição por seus sentidos.

Ela devia dizer não a ele. Isso era tudo que tinha a fazer.

Podia fazer isto, ela disse a si mesma desesperadamente.

Em vez disso, seus quadris ergueram quando seu pau saiu dela, um grito irrompendo de sua garganta que a chocou. Um som de tal fome selvagem, de tal necessidade que não conseguia dar sentido a isto.

O que podia fazer sentido era o fato que mais uma vez isto estava terminado, ele a possuiria.

Perdeu o fôlego, o medo bordeando o limite do prazer...

— Oh Deus. Rule. — Ela gritou seu nome quando aquela crista larga de seu pau pressionou a suave entrada que ele preparou tão cuidadosamente.

— É isso aí, baby, tão doce e quente. — Ele gemeu quando a carne virgem começou a se separar, estirando com um calor tão incrível que Gypsy se achou tremendo em antecipação enquanto a aconchegante entrada firmemente estirada ondulou com a intensidade da sensação. — É tão minha. — Os dentes dele estavam no seu ombro, raspando a marquinha que deixou lá, arranhando-a com os dentes. — Sinta-me, Gypsy. Sinta-me todo dentro de você.

Ele estava todo dentro dela.

Um grito rasgou de sua garganta.

Sensação a atravessou como uma tempestade de lava rica e espessa. Ela transbordou não apenas com seu prazer, mas o dele. Vinculados não apenas pela emoção aveludada com a qual ele a estava embrulhando, mas também os fios bem tecidos que o conduziam a ela. Dela para ele.

— Rule, por favor... — Ela clamou, sua voz rouca enquanto estremecia a cada sensação. O calor enorme e brutal de seu pau afundando onde ela nunca tinha imaginado que permitiria que um homem a tomasse, fez seus sentidos girarem.

Isso foi simplesmente tão sensual, tão excitante como ouviu dizer que poderia ser, sem nenhum dos sentimentos de degradação ou controle repulsivo que temia que pudesse manter.

O que ele manteve foi sua submissão, e foi completa.

Essa percepção tomou conta dela quando o comprimento pesado empurrou mais fundo, a cabeça avultada de sua ereção relaxando aquele anel mais apertado de músculos, mais sensível, afundando dentro do seu ânus que alargou o suficiente para tomá-lo completamente. Quando a cabeça estalou passando a última barreira, ele se enterrou completamente dentro do canal apertado até o cabo antes de fazer uma pausa, antes de deixá-la saber o que ele fez.

— Rule. — Ela não podia gritar, não podia chorar.

O som era áspero, o soluço que engatou sua respiração algo que ela não se ouviu fazer em tantos anos.

E estava terrivelmente certa que poderia ficar apavorada. Existia algo sobre ser empalada de tal forma, tomada com tal intimidade que estava quebrando algo dentro dela.

— Eu tenho você, Gypsy. — Seus lábios apertaram naquela marca e prazer contraiu mais cada músculo, esticando suas defesas já esfarrapadas. — Você se conteve por nove anos, baby. Cada dia, cada noite escura e solitária que fui teimoso para caralho para te reivindicar. — Aí ele lambeu o pequeno ferimento e ela sentiu os músculos agarrando-o de repente, apertando com a onda de sensação que correu por seus sentidos. — Estou aqui agora, baby. Não tem mais que ser corajosa sozinha, Gypsy.

Corajosa?

Ela se empurrou em seus braços, gritando quando sentiu a parede final entre eles começando a cair. Os quadris dele se moveram com movimentos calmos e poderosos enquanto ele a fodia com tal erotismo elementar que era impossível lutar.

Sentir o comprimento largo do pênis dele empalando seu ânus, indo e vindo através das terminações nervosas nunca antes acarinhadas de tal forma, inflamaram seus sentidos.

— Acho que não quero isto. — Seus dedos cerraram mais apertados nas cobertas embaixo dela quando ele começou a se mover, estocadas curtas e superficiais que começaram a intensificar cada sensação na aquecida e ultrassensível carne, a tal ponto que ela teve que lutar para lembrar o que ela não poderia querer.

— Tem certeza? — Sua voz era um sussurro pesado, indolente, com perversa intenção sensual e primitiva demanda quando suas punhaladas começaram a prolongar, aumentar. — Tem certeza que não quer isto, baby? Tem certeza que nós dois não precisamos dessa porra?

Seus dentes apertaram na marca, sua língua acariciando-a, aliviando qualquer medo, aumentando o prazer, a necessidade erótica pulsando por ela.

Seguindo a liderança dele agora, seus quadris se ergueram para ele quando a puxou de joelhos, endireitando-se atrás dela mais uma vez, suas mãos agarrando seus quadris, segurando-a firme quando começou a investir mais duro, mais rápido dentro dela.

Cada profunda e alongada punhalada derramava uma onda atrás da outra, não apenas de prazer, mas de algo mais, algo mais obscuro, algo tão intenso, tão quente, e consumindo completamente tudo que conhecia, e sabia que estava perdida.

— Deus, sim, Gypsy. — Ele rosnou atrás dela, cada golpe empurrando-a mais perto, investindo como um pistão dentro dela com uma pesada intenção que Gypsy sabia que a estilhaçaria.

Não tinha como lutar com isto.

Estava ardendo por seus sentidos, levando-a, devastando-a com sobressalto, temor, a qualquer coisa exceto o conhecimento que nunca mais teria que encarar a noite sozinha.

— Você é minha. — Seus lábios estavam na sua orelha, sua voz mais sombria agora, mais profunda quando o animal que governou tanto tempo seus sentidos veio à superfície. — Você me ouviu, sua maldita? Minha, porra.

E ela sentiu isto. O animal, a besta que espreitava dentro dele que a marcou, determinado a se imprimir tão profundamente dentro dela como o homem fez.

Escuridão. Propenso a selvageria, mas controlado por uma honra feroz cada vez mais profunda que guiava isto dentro do homem. Primitivo e primal, e ele estava reivindicando-a.

Seus olhos abriram de estalo.

Dedos experimentes e conhecedores empurraram nas profundezas molhadas de sua vagina, fodendo-a e enchendo-a com mais do que apenas prazer. Mais do que apenas o alternado calor estirado das estocadas dele entre suas coxas, mesmo quando seu pênis reivindicava seu traseiro.

As sensações adicionais foram muitas. Demais.

Era calor demais, ondas demais, espetaculares raios extáticos de hiperprazer sendo arremessados por ela.

Antes que Gypsy pudesse contê-las, antes que pudesse se equilibrar, subitamente foi lançada no coração de uma chama tão intensa, tão arrebatadora que jurou que sentiu a marca que isto deixou em sua alma.

 

Ele não podia segurar muito mais tempo.

Rule cerrou os dentes quando o doce aperto e ardor rodeando seu pau começou a ondular à medida que tremores começaram a torturar o delicado corpo embaixo dele.

Não era simplesmente prazer físico, este vínculo que seus instintos estabeleceram com sua companheira com tanta rapidez. Era uma intensidade de prazer. Um conhecimento disto. A certeza que embora o acasalamento tirasse a escolha de suas mãos, ainda assim essa escolha foi feita antes disto acontecer.

Isto era estar dentro dela, enterrado nas profundezas quentes do seu traseiro, seus dedos afagando e acariciando o tecido cálido de sua boceta enquanto a palma da sua mão pressionava seu inchado e hipersensível clitóris.

Isto era senti-la explodir enquanto ela ficava sem fôlego e uma onda brilhante de calor incrível engolfava, ardendo seus sentidos e os dela.

Seu prazer fundiu com o dela. Tornou-se uma faca de dois gumes de tal prazer, tal êxtase desesperado, que ele se perguntou se poderia sobreviver.

Uma onda de energia ofuscante correu por sua espinha; quando atingiu seu cérebro, uma tempestade de intensa e brilhante sensação começou a tomar conta do seu corpo. Ele tinha segundos. Outra punhalada, duas...

Um rosnado brutal escapou de seus lábios quando ele sentiu a lingueta estender, trazendo suas punhaladas a uma parada imediata enquanto a primeira ejaculação disparou das profundezas das suas bolas. Quando a mais tênue, mas não menos intensa ejaculação veio da lingueta, ele não tinha certeza. O que tinha certeza era do puro e não diluído êxtase de sentir seu prazer conduzindo tão perto do dela, mesmo quando sentiu o conhecimento dela disso e as sensações de seu prazer a engolfando.

Um círculo brutal e interminável de êxtase.

Ele nunca ouviu falar disso existindo com outro casal antes. Para seu conhecimento, nenhum outro atingiu este vínculo com seus companheiros.

Um acasalamento tão profundo, tão interminável, que enquanto as pulsações finais de sua liberação estremeciam por seu corpo e ela relaxou debaixo dele, Rule sentiu seus sentidos penetrarem profundamente nela.

E sentiu os tênues tentáculos do conhecimento enquanto isso rastejava de seu subconsciente, buscando o calor dos sentidos animais que eram agora uma parte dela.

Uma visão se formou em sua mente. Um fato, uma história, uma traição tão profunda, tão resoluta que Rule sabia que antes da noite acabar, ele faria o que doía para fazer nove anos atrás. Hoje à noite, ele derramaria o sangue de um homem, defenderia uma criança cujo irmão morreu para protegê-la.

O mesmo homem que comprou a morte do irmão dela.

Assustada, incerta, aquela parte escondida de sua companheira tocou seus sentidos quando ele a sentiu ir à deriva para o sono. Ela se estendeu para ele, e ainda travado nela, enterrado profundamente nela, sentiu as lágrimas ainda presas dentro dela, sentiu a dor, a ira e as incertezas esfarrapadas que enchiam aquele canto escuro de sua alma.

— Não chore. Seja corajosa, Amendoim. — a voz do Mark sussurrou na sua cabeça, como fazia cada vez que ela tentava dormir, tentando escapar da culpa que a atormentava há tanto tempo.

Ele estava tentando lhe dar uma mensagem que tinha sido incapaz de penetrar os sentidos chocados e apavorados de uma criança de quinze anos de idade.

Ele sempre dizia a ela que as lágrimas curavam todas as feridas. Dizia que ela não tinha que ser corajosa o tempo todo, isso era para os irmãos mais velhos. E ele odiava o apelido bobo, Amendoim, que o melhor amigo dele deu a ela.

Esta era a única pista que ele tinha para lhe dar.

Jason os traiu.

— Estou com você, Gypsy. — Rule sussurrou na sua orelha em seguida. — Você pode chorar agora, baby. Você não tem mais que ser corajosa sozinha. Nunca mais, querida. Você nunca vai estar sozinha novamente.

 

Kandy não estava esperando por ela como Gypsy assumiu que estaria, na manhã seguinte, quando foi levada do hotel até a base segura onde seus pais estavam sendo mantidos até terminarem as 48 horas que Gypsy pediu.

Até agora, nem Dane Vanderale nem Dog apareceram, mas com o coração pesado, sabia que isso não importava mais. Rule cuidaria da situação antes do tempo acabar.

Inalando lenta e profundamente, deu um passo para dentro dos surpreendentes aposentos confortáveis em que estavam esperando. O quarto era decorado com muito bom gosto, com banheiro privado e quartinho ao lado.

Sua mãe estava sentada sozinha no sofá, enquanto seu pai permanecia de pé na pequena janela do lado esquerdo do quarto que dava para o deserto.

Não havia nenhuma câmera de segurança, nem segurança eletrônica no edifício que foi levada. As fechaduras antiquadas e rádios eram usados, porém as armas que os Castas carregavam eram tudo, menos antiquadas.

Sua mãe olhou para cima quando as portas se fecharam, com o rosto inchado de chorar, ainda parecendo muito mais jovem que sua idade real, enquanto seus olhos verdes estavam escuros com pesar.

— Gypsy. — Foi seu pai quem se moveu depressa para ela, parando um segundo antes de tocá-la, seu olhar de repente frenético quando a olhou de cima abaixo. — O Sr. Wyatt disse que não podíamos tocar em você. — Ele disse com a voz rouca, a mão que tinha deixado cair de lado levantando, em seguida caindo desamparada antes dele passar ambas as mãos pelo cabelo. — Não abracei você por tanto tempo, não é, garotinha?

Garotinha. Era assim que Mark a chamava. Era como seus pais chamaram a minúscula e delicada trouxinha que depois deram o nome de Kandy Sweet.

Gipsy sentiu sua garganta apertar, as lágrimas, que podia sentir crescendo nas profundezas estraçalhadas de sua alma, ameaçando derramar a qualquer momento.

Ela engoliu em seco firmemente quando uma dura e única sacudida de sua cabeça não fez nada para dissipar as emoções rasgando-a em pedaços.

— Jonas liberará vocês em algum momento amanhã. — Ela declarou, incapaz de responder à pergunta. — Há uma ordem de silêncio para os crimes pelos quais estão sendo mantidos, até que possam ser questionados a respeito do motivo para tentar trair os Castas...

— Sempre significaram mais para você do que qualquer outra pessoa. — O tom de sua mãe era rouco, lágrimas e raiva enchendo sua voz quando se levantou tremendo.

— Já chega, Greta. — Hans exigiu, virando-se para ela com sua expressão torturada. — Pelo amor de Deus, deixe isto para lá.

— Quando você tinha cinco anos e os Castas se revelaram, você chorou por eles e disse a Mark que tudo que queria era que alguém os salvasse. Até então, Mark não tinha se envolvido em hackear ou tentar salvar ninguém. Ele era um bom menino que amava sua família.

— Mark ainda amava sua família. — Gipsy declarou com seu coração partido, queimando de dor enquanto a acusação aprofundava nos olhos de sua mãe.

— Pelo amor de Deus, ele agia como se você fosse filha dele. — Sua mãe chorou dolorosamente enquanto seu pai virava e andava para longe, uma careta contorcendo seu rosto. — Desde o momento que nasceu. Ele até trocou fraldas e deu banho em você.

— Porque senão ela chorava de dor constantemente, porque sua fralda não era trocada vezes suficientes, ou fedia a urina porque não era banhada regularmente. — Seu pai finalmente deixou escapar, voltando para o quarto quando o olhar de Gypsy voltou para ele com surpresa. — Nós estávamos muito ocupados construindo um negócio que não deu em nada e gerenciando uma loja que não era mais do que uma fodida piada.

A raiva encheu seu tom de voz enquanto as lágrimas caíam pelo rosto da sua mãe mais uma vez.

— Isto não é verdade. — Sua mãe soluçou.

— Deus, Greta, é verdade. Mark tinha apenas dez quando Gypsy nasceu, e dentro de meses era o único cuidando dela, porque nós estávamos ou bêbados demais ou ocupados demais. — Ele assegurou a ela com uma gentileza tão amorosa que Gipsy tinha que se afastar dessa visão ou perderia o controle das lágrimas que mal estava segurando. — Quando Gypsy tinha quinze anos, nenhum de nós sequer sabia quem ou o que nossa filha estava se tornando, exceto que ela era do Mark. E Mark se certificou que não esquecessemos disso se tentássemos entrar em cena.

— Não... — Greta lutou para discordar, a dor que encheu sua expressão tão grande que o pesar vazio em seus olhos estava quase vivo.

— Pelo amor de Deus, admita.

Gipsy se enconlheu com a raiva na voz do seu pai enquanto esta se levantava em resposta à negação contínua.

Greta se abaixou de volta no sofá, sacudindo a cabeça enquanto erguia as mãos trêmulas para cobrir seu rosto banhado de lágrimas.

— Wyatt nos contou o que aconteceu naquela noite. — Ele disse furiosamente, indo até o sofá para ficar de pé acima de sua mãe, sua rara exibição de raiva chocando Gypsy. — Se Gypsy estivesse em casa naquela noite, teria morrido também, e você sabe disso. Assim como Mark teria...

— Se ela não o fizesse hackear aqueles desgraçados, então isso não teria acontecido. — Sua mãe saiu do sofá, a raiva a engolindo conforme apontava um dedo trêmulo para sua filha e enfrentava seu marido com pesar cego. — Ela o fez fazer isto.

— Estou começando a me perguntar se seus pais não estavam certos a respeito de suas habilidades mentais. — Ele a acusou grosseiramente. — Porque Deus é minha testemunha, Greta, nós dois sabemos, inclusive agora, que não havia força nesta Terra que o teria convencido a fazer seja lá o que fosse que ele não queria fazer. E é esta mesma lição que ensinou à criança que criou. Ele a criou, e fez um trabalho danado de bom fazendo isso, porque pelo que eu ouvi, ela não fez nada além honrá-lo desde sua morte.

— Você é tão cego em relação à ela quanto Mark. — Greta gritou enquanto Gypsy assistia a raiva agora fluindo entre seus pais.

— E você ainda está tão cega para o fato que sempre culpou uma criança inocente pelo fato que Mark tinha muito mais de uma vida do que a que nós o forçamos quando ele a pegou para criar.

Ela nunca os viu se manifestarem assim, mas enquanto os assistia, percebeu que a tensão que sempre sentiu perto deles podia não ser apenas a raiva que sua mãe sentia pela morte de Mark, mas talvez sua raiva um com o outro também.

— A pessoa que traiu Mark é a culpada, ninguém mais. — Gipsy intercedeu durante a calmaria aparente na discussão. — Mark viveu a vida que quis viver, até eu sei disso.

— Eu era muito irresponsável. — Seu pai meteu as mãos nos bolsos de sua bermuda cargo antes de andar até a janela e voltar mais uma vez. — Estúpido para cacete para ser o pai que eu devia ter sido. — Ele balançou a cabeça enquanto dava as costas para elas. — E sua mãe não era melhor. Ela simplesmente se recusa a aceitar isto.

A respiração de sua mãe se prendeu num soluço enquanto sentava mais uma vez, olhando fixamente para o chão.

— Onde está Kandy? — Greta sussurrou um segundo depois, sua cabeça levantando para olhar de volta para Gypsy miseravelmente. — Eu continuei tentando me manter à frente dela no hotel para que ela não entrasse no elevador conosco, no caso se sermos pegos. Ela não sabia sobre o dispositivo. Você não pode puni-la.

— Não estou punindo ninguém, mamãe. — Ela suspirou dolorosamente, sofrendo pelos pais que nunca teve, e os que nunca existiram. — Pensei que Kandy estaria aqui, mas ela deve ter decidido esperar.

— Ela decidiu que não pode encarar nenhum de nós. — Hans suspirou, suas costas ainda viradas para elas. — E não a culpo. Não culpo nenhuma de vocês.

Cansada aceitação encurvou seus ombros enquanto Greta cobria seu rosto com as mãos uma vez mais, e perdia a batalha com seus soluços.

Ele voltou, olhou de relance pesadamente para sua esposa, então voltou a encarar Gipsy.

— O que acontecerá com sua mãe, Gypsy?

Ele a amava, Gypsy sabia. Amava sua mãe até que nada ou ninguém mais importasse. Ou tinha importado.

— Como eu disse, serão liberados logo, até amanhã à tarde, sem falar que ninguém verá vocês serem presos publicamente e as acusações formais arquivadas. — Ela enfiou as mãos nos bolsos de trás da sua calça jeans. — Não diga nada, finja que isto nunca aconteceu, e se formos extremamente sortudos, talvez eu possa fazer isso tudo isso desaparecer.

— Você? — Sua mãe questionou, sua voz áspera e cheia de dúvidas. — Como pode fazer qualquer coisa?

— Do mesmo jeito que consegui que fossem liberados de uma entrevista pendente pelo Gabinete Governante dos Castas das acusações, e uma decisão tomada relativa a se a justiça seria melhor servida pela morte dos meus pais por quebrar a Lei dos Castas ou convencendo-os a cooperar entregando a pessoa que te deu uma unidade equipada com uma tecnologia mais avançada do que qualquer outra que eles viram até agora. — Ela informou à outra mulher, percebendo que o vínculo que sempre ansiou com sua mãe nunca esteve ali.

Ela realmente se tornou órfã quando seu irmão morreu.

— E pode fazer isto como? Uma divertida garota de festa. Como fez os Castas te deverem tanto que fariam isso por você? — O descrédito de sua mãe em sua habilidade de fazer qualquer coisa exceto ir a festas era aparente.

— Acho que garotas de festa têm seus usos. — Ela suspirou, resignada com o fato que sua mãe nunca aceitaria a verdade.

Por que ela não viu nada disso ao longo dos anos? Se perguntou. Inferno, nem sequer ouviu rumores que sugerissem a mulher que sua mãe realmente era sob sua fachada tranquila e generosa. Ou talvez realmente fosse apenas sua filha mais velha que ela tanto odiava.

— Obrigado, Gypsy. — Seu pai disse suavemente, o remorso e, surpreendentemente, o amor paterno, ecoando em sua voz. — Até eu vi a relação que desenvolveu com eles. E quis dizer o que disse mais cedo, Mark estaria incrivelmente orgulhoso da mulher que ele criou.

— Dê a eles o que precisam, papai. — Ela praticamente implorou. — Por favor. Não deixe que isso aconteça com você.

Ele deu à sua mãe um olhar cansado então.

— Eu nem sabia que ela tinha a maldita coisa. — Ele disse suavemente. — Só ela pode responder a isto, e ela nem sequer vai me dizer.

Porque acreditava que tinha achado o mais próximo que podia chegar do filho que perdeu, Gipsy pensou tristemente.

Talvez, ela pensou. Se simplesmente não tivesse levado nove anos para compreender o que ele tentou dizer à ela.

— Precisamos chamar Jason. — Sua mãe disse então. — Ele terá que tomar algumas decisões em relação à empresa. Talvez Kandy possa lidar com a conta dos Castas...

— Mãe, sabe que a conta se foi agora. — Gipsy suspirou enquanto lutava para empurrar de volta a fúria ao som do nome de Jason. — O contrato que assinou tornou-se nulo e sem efeito no segundo que você trouxe aquele primeiro dispositivo para dentro da suíte do Jonas. Certamente percebe isto?

O olhar que sua mãe disparou nela era de ressentimento e raiva.

— Como vamos lidar com a perda do contrato se não podemos dizer nada? — Hansel perguntou então, confuso e desconfiado. — O que vamos fazer, Gypsy?

— Eles não podem se dar ao luxo de tomar esse contrato. — Sua mãe explodiu em seguida, sua expressão tornando-se calculista, conspiradora. — Há muito mais nisso do que meramente nos ajudar por causa dela. — Ela lançou uma mão em direção a Gypsy. — Ela está mentindo e todos nós sabemos disto.

Culpa, raiva e pesar destruíram sua mãe, Gipsy pensou tristemente, perguntando se havia alguma maneira de reparar o dano que Jason Harte infligiu quando traiu seu melhor amigo.

Hansel McQuade ignorou a declaração da sua esposa, mas continuou a olhar fixamente de volta para Gypsy.

— Jonas discutirá tudo com vocês antes de serem liberados. — Ela prometeu cansada, esgotada pelo conhecimento que nada jamais poderia convencer sua mãe que não havia como salvar seu único filho assim que seu melhor amigo descobriu seus segredos.

— Gypsy. — Seu pai suspirou, o remorso, o desespero em seu olhar, partiu seu coração.

Ela balançou a cabeça ante seja o que for que ele teria dito.

— Preciso saber para quem ela estava trabalhando, papai. — Ela não se deu ao trabalho de perguntar à sua mãe. Existia raiva demais ali e ela precisava ouvir isto. Precisava ouvir o nome dele.

— Ele não sabe. — Sua mãe proferiu então, furiosa. — Eu nunca disse a ele. E não direi a você.

— Já perdeu um filho. — Gypsy declarou, o calafrio crescendo dentro dela agora implacável. — Papai será condenado ao seu lado. Ele morrerá com você. É isso que realmente quer?

Os olhos de Greta se arregalaram quando as lágrimas começaram a cair mais uma vez, soluços sacudindo seus ombros.

— Se apenas tivesse ficado em casa. — Sua mãe chorou entrecortadamente. — Mark chamou Jason naquela noite. Disse a ele que tinha que encontrar você. Você nem sequer disse a Mark que estava saindo como deveria. Jason nos contou tudo sobre isto, Gypsy. — O grito estrangulado de Greta foi acompanhado por um dedo acusador apontando para ela com trêmula determinação. — Jason nos disse como você foi a responsável.

Gypsy sacudiu a cabeça, a fúria crescendo, rasgando-a.

— Mark sabia para onde eu estava indo. — Ela rebateu de volta para sua mãe, furiosa agora. — Nunca teria saído sem dizer a ele, mãe. Nunca. Ele sabia da única festa no deserto aquela noite, e sabia que eu queria ir. Assim como sabia que se gritasse comigo e me pedisse para não ir sem discutir isto comigo, eu escaparia e iria de qualquer maneira. — Gypsy teve que engolir em seco para passar o ódio queimando dentro dela agora. A necessidade de matar. De destruir Jason como ela foi destruída. — Mark me conhecia. Ele me criou. Assim como Jason conhecia você. — Ela não conseguiu conter o desprezo em sua voz agora. — Ele te conhecia tão bem que sabia que podia mentir para você e nem sequer me enfrentaria com isto. — Gypsy gritou. — Você nem sequer podia me enfrentar com suas mentiras. Você deixou eu me rasgar aos pedaços dia após dia por nove anos e nunca me disse...

Ela se virou lutando para respirar, achar aquele lugar em seu coração onde sempre se lembrava: eles eram seus pais!

— Tenho que ir. — Ela finalmente sussurrou, a percepção que Jason destruiu mais do que ele provavelmente jamais saberia queimou por sua mente.

— Gypsy, eu sinto tanto. — Seu pai sussurrou, e a tristeza que ele sentia encheu seus olhos, sua expressão. — Diga ao Sr. Wyatt que faremos tudo que ele precisar. — Ele olhou para sua mãe antes de voltar para ela. — Diremos tudo que ele precisa saber.

Ele olhou para ela com tal resignação e remorso que seu coração partiu por ele.

— Eu queria... — Sua voz quebrou, levando momentos preciosos para encontrar seu controle uma vez mais. — Queria poder ter impedido isso de acontecer.

— Você não pode impedir o que desconhece, querida. A culpa não é sua, é minha. — Sua voz estava pesada com remorso, com dor e uma resignação nascida do conhecimento que algumas coisas nunca podiam ser corrigidas.

Ela assentiu brevemente, virou e foi para a porta.

— Gipsy? — A voz de sua mãe a fez parar, seus dedos na maçaneta da porta, entretanto não se virou. — Fique longe de Kandy, não a destrua também.

— Deus, Greta. — O choque enchia a voz do seu pai agora.

Ela não esperou para ouvir mais. Abrindo a porta ela saiu, fechou-a atrás dela, então ficou de pé tão imóvel quanto uma pedra para puxar uma respiração trabalhosa.

— Mark adorava você, Whisper.

Sua cabeça empurrou para cima, seu olhar encontrando as profundezas tranquilas cor de esmeralda dos de Dane Vanderale, compassivo de onde estava encostado na parede mais distante com os braços cruzados em cima de seu tórax largo, negligentemente.

— Sei que ele adorava. — Concordou com a cabeça antes de olhar ao redor, percebendo que o Casta guardando a porta discretamente desapareceu.

— Tenho em minha posse um vídeo feito da sua casa na noite em que seu irmão morreu. — Ele disse enquanto ela piscava de volta para ele. — Ele estava, na verdade, no telefone comigo naquela noite enquanto eu mandava forças para sua casa. Como Jonas te disse, os Castas não tinham conhecimento de sua localização. Até que ele soube que você estava em perigo. Ele me ligou pouco antes de você deixar a casa, e me disse como pretendia levá-la ao rancho do Lobo Reever por falar tão cruelmente com você. Eu o aconselhei a pegar você e fugir ao invés disso, mas ele estava extremamente certo que seria incapaz de proteger você tempo suficiente para minhas forças te alcançarem.

Um choque após o outro, pensou Gypsy. Ela poderia aguentar mais surpresas?

— Por que não me contou? — perguntou a ele, sem saber que as palavras eram sequer um pensamento. — Por que ninguém me contou?

Respirando profundamente, ele abaixou a cabeça por longos minutos, a tensão que ela nunca viu ao redor deste homem cintilando no ar por um instante, antes dele mais uma vez se tornar o preguiçoso desleixado que fingia ser.

— Teria feito alguma diferença? — Seu olhar ergueu para o dela depressa, sem dúvida captando sua resposta antes dela mesma estar ciente.

— Ele era meu irmão...

— Ele me disse uma vez que era o pai que sempre imaginou que seria. — Ele a interrompeu, seu tom suave e gentil enquanto um sorriso saudoso repuxava seus lábios. — Ele me contou da menina que tomou quando era um bebê, deu banho e passou talco nela, confortou e segurou quando ele mesmo era nada além de uma criança. Dez anos, eu acredito.

Ela assentiu.

— Ele tinha dez anos quando eu nasci.

— E ele deu uma olhada naquele minúsculo pedacinho de gente que você era e te quis desde aquele primeiro olhar. — Disse a ela. — Nós conversamos muitas vezes. Eu posso não ter sabido onde ele estava ou quem exatamente era, mas sabia muitas coisas sobre ele.

— Sabia quem o traiu?

Este homem permitiu que Jason vivesse depois que Mark morreu?

Uma chama acendeu em seus olhos então, só para desaparecer um segundo mais tarde. Mas ela viu isso, a ira que inflamou por aquele breve momento.

— Se eu soubesse quem traiu Mark McQuade, prometo a você que eu, Dog e Cullen Maverick o teríamos despedaçado, pedaço por pedaço cheio de sangue. — O sotaque do sul da África aprofundou, engrossou com a fúria que não se deu ao trabalho de esconder agora. — Não existiria nenhum buraco, nenhuma fenda que ele pudesse ter se escondido, Gypsy. Juro a você.

Ela assentiu.

— Diga-me quem ele era.

Ela quase respondeu. No último segundo, as palavras travaram na garganta quando a determinação apertou dentro dela, subjugando-a.

— Ele é meu. — Ela jurou categoricamente. — Ele me deve muito mais do que deve a você.

Os olhos de Dane se estreitaram sobre ela, o verde cintilando sinistramente quando o encarou de volta, os dedos dela se fecharam em punhos ao seu lado enquanto lutava para frear a fúria pulsando, a dor lancinante...

Subitamente, as emoções arrebatadoras ameaçando seu controle acalmaram, aliviaram, e ela sentiu Rule.

Deus, ela o sentiu. Bem ali no seu coração, envolvendo-se em torno dela, de alguma maneira ciente da luta acontecendo dentro de sua alma.

Os lábios do Dane se torceram como se estivesse ciente do que estava acontecendo. Ele podia saber, ela se perguntou?

— Ele não vai deixar você ir sozinha. Sabe disso, não sabe, Gypsy? A vingança será diluída por um companheiro que se recusará a permitir que você mate. Um que forçará você a se retirar e ele mesmo derramará esse sangue.

— Acha que isto vai me convencer a deixar você derramá-lo em vez disso, Dane? — Debochadamente ela o observou, vendo o cálculo, as gentis manipulações que o Casta usava quando os outros usariam uma arma. Eficazmente, sem piedade.

— Só estava esperando. — Ele deu de ombros.

— Curiosamente — disse a ele, —realmente não dou uma merda para quem corta a garganta dele, desde que alguém o faça. E contanto que esperem até que eu consiga as respostas que quero. Então não me importo como será enviado para o inferno.

— Compreensível. — Ele concordou antes de respirar fundo e se endireitar contra a parede. — Faça-me um favor, querida, não conte a ninguém além do seu companheiro que estive aqui, se não se importar. Eu aprecio bastante minha família americana, e saber quem você viu na noite que seu contato se reuniu com Dog e comigo pode pôr em perigo nossos vínculos lentamente amarrados. — Seu sorriso era zombeteiro. Muito zombeteiro.

— Não é da minha conta, Dane. — Ela prometeu a ele. — Contanto que Jonas consiga o que quer e meus pais saiam disso, então isto realmente não é da minha conta.

— E eles merecem ir embora? — Ele perguntou quando ela se virou para partir.

Gipsy abaixou sua cabeça, muito consciente do fato que entrelaçou seus dedos diante dela nervosamente.

— Não merecem isto. — Ela respondeu honestamente. — Mas ninguém foi ferido, Dane. Nenhum dano foi feito. E não acho que eu possa sobreviver vendo-os ser punidos quando eu deveria saber o que estava acontecendo. Quando devia ter lembrado o que Mark estava tentando me dizer.

Se ela tivesse, então nunca teria gasto nove anos acreditando em uma culpa que não possuía. E talvez, só talvez, sua mãe não acabasse a odiando.

Com isto, se virou e foi pelo curto corredor até o aposento principal da instalação onde seus pais estavam sendo mantidos. Lá, Lawe e Diane esperavam junto com meia dúzia de Castas para escoltá-la de volta ao hotel.

— Pronta? — Lawe se levantou, sua expressão preocupada.

— Estou pronta. — Ela assentiu antes de virar para Diane. — Minha irmã foi encontrada?

— Ela ainda está no hotel. — Diane acenou com a cabeça. — Está se recusando a vê-los.

Gypsy entendia aquilo. Ela mesma desejava ter ficado no hotel agora.

— Alguém já contatou Jonas? — Ela perguntou a Lawe então, sabendo que Dane esteve ali por alguma razão.

Lawe fez uma careta.

— Desculpe, Gypsy, ainda não. Você tem certeza que eles vão?

Ela assentiu brevemente, lembrando do olhar nos olhos de Dane quando se afastou dele.

Ele era um calculista filho de uma puta, ela suspeitava, mas sua compaixão, a empatia que percebeu que ele sentia, e seu amor não só por sua espécie, mas também a família de quem falou, foi como uma chama se recusando a ser extinta.

— Eles vão. — Ela afirmou resolutamente. — Alguém irá. Não podem se permitir não fazer. — Então, enquadrando os ombros, ela se moveu para a porta. — Eu preciso sair agora, existem coisas que tenho que fazer.

Tinha que ver um homem a respeito de uma traição e o sangue que devia a ela. Mas primeiro tinha que achar o homem acariciando seus sentidos à distância, o que deveria ser um coisa impossível.

O Casta que possuía seu coração.

 

Rule entrou na suíte de Jonas, achando o Diretor imediatamente onde permanecia de pé, olhando fixamente pelas janelas altas para o deserto abaixo.

— Eu devia acabar com a porra da sua raça. — O grunhido animalesco na voz do Jonas deveria tê-lo enchido de cautela. Era um sinal, um sinal que Jonas podia estar fazendo uma viagem para um vulcão faminto muito em breve.

Porém ele não era uma refeição adequada para Madame Lava, Rule assegurou a si mesmo enquanto encarava o conjunto rígido dos ombros do outro Casta.

— Você tem todas as informações que ele tem, Jonas. — Rule garantiu a ele. — Estou certo disso. Não há nada que o Desconhecido, ou o Bengala Judd tenham, que possa ajudar Amber ou a Agência.

— E aliás, como sabe disso? — Jonas virou então, as pupilas dos seus olhos obliteradas pela escuridão, redemoinhos tempestuosos de cor tremeluzindo ali.

Esquisito para caralho, Rule sempre tinha pensado, mas estava acostumado a isto.

— Eu me certifiquei disso. — Ele lembrou ao diretor. — Está tudo no meu relatório. Nove anos dignos de notas, bem como tudo que Judd roubou daqueles laboratórios. Ele nunca foi uma ameaça ou uma ligação de volta a Gideon. Era uma ferramenta, nada mais. Ele atraiu Gideon até aqui, mas você e eu sabemos que Judd não pode forçar Gideon a se mostrar. Se Gideon o quisesse morto, então sem dúvida nenhuma, ele estaria morto.

As aristocráticas narinas de Jonas inflamaram à medida que suas feições esticaram ainda mais. Rule não conseguiu detectar nenhuma emoção, tensão ou intenção no Casta. Era raro que Jonas deixasse qualquer coisa de graça para qualquer um, exceto sua companheira e sua filha.

— Sabe o que Gideon era naqueles laboratórios? — Jonas perguntou em seguida.

— Uma cobaia? — Rule teve a sensação que não estava longe da resposta verdadeira, entretanto.

Jonas inclinou sua cabeça em concordância.

— De certa forma. — Revelou antes de dar um passo à frente e ir para sua escrivaninha.

Não que o perigo tivesse passado, Rule o conhecia bem. O animal de Jonas espreitava perto demais da pele.

Movendo-se para a cadeira confortável, Jonas sentou-se e o encarou por longos minutos antes de acenar com a cabeça para a cadeira em frente a ele.

Rule se sentou devagar.

— Gideon, como muitos Castas realmente, era simplesmente excepcional em sua criação. Porém o que tornou Gideon único, foi o fato que em vez de viver de acordo com sua genética assassina, sua mente tomou uma rota muito diferente.

Jonas fez uma pausa, seus lábios franzindo por longos minutos antes de relaxar de volta na cadeira e virar lentamente para olhar para fora das janelas. Rule deu uma olhada para lá, perguntando-se o que atraiu a atenção do diretor.

— Você o sente observando? — Jonas perguntou calmamente então.

— Gideon? — Rule perguntou.

O Casta assentiu.

— Ele observa, espera, e eu suspeito que escuta também. — Voltando-se, Jonas olhou de cara feia de volta para Rule. — Ele quer muito o Judd, Rule. Acha que Judd tomou algo que pertence a ele. Ele quer atrai-lo para fora.

Rule sacudiu sua cabeça.

— Gideon está por aqui durante algum tempo agora, Jonas. Se quisesse Judd, então já o teria. Agora, o que está tentando decidir me dizer no que diz respeito a Gideon?

A expressão do Jonas não mudou.

— A genética de Gideon mantém um antepassado único conhecido por sua inteligência excepcional e curiosidade dirigida ao mundo da ciência. Foi Gideon quem ajudou em cada fase do soro de Brandenmore. Ele conhece o código, as fórmulas, a criptografia, e suspeito que se ele quisesse fazer, e provavelmente ele fez, poderia recriá-lo exatamente só de memória.

Rule se recostou, surpreso.

— Isto não está no arquivo dele.

Desgosto cintilou no olhar de Jonas.

— Isto é informação que eu permitiria que ficasse livre, Rule?

— Não, não é. — Rule concordou. — Mas informação que eu deveria saber. Com o jogo que está fazendo com Gideon, me enviar contra ele sem essa informação foi estupidez.

As sobrancelhas de Jonas levantaram.

— Acha que eu queria que você o trouxesse para dentro?

Rule quase riu.

— Não, Jonas, seja qual for o jogo que está fazendo, não tem nada a ver com Gideon capturado. Então por que não me diz do que está atrás?

— A vida da minha filha. — Jonas se endireitou na cadeira. — Nada mais, Rule, nada menos.

E isso era uma mentira tão grande que Rule jurou que podia quase pegar o cheiro dela. Mas só acenou com a cabeça. Ele tinha a sensação que sabia do que Jonas estava atrás, e se estivesse certo, então o jogo que o diretor estava jogando seria muito mais abrangente do que se imaginava.

— Quero que Stygian pegue duas equipes e vá para a casa segura que instalamos para a companheira dele. Então quero duas equipes para levar Claire para a que nós instalamos para ela também. Eu quero que isso seja cuidado hoje à noite.

— Muito bem. — Rule acenou com a cabeça. — Mas diga-me, quando Gideon fizer o movimento que você está atrás, Jonas, como assegurará que ele sobreviva?

Os lábios do Jonas se contorceram.

— Quem disse que eu quero que ele sobreviva?

Jonas suspeitava que Gideon tinha ouvidos neste quarto, o que significava que honestidade não era algo que ele queria no momento. Uma coisa danada de boa, Rule pensou, porque tinha a sensação que a chance disto sair pela culatra com Jonas estava crescendo a cada dia.

— Eu cuidarei disso. — Rule garantiu a ele.

Jonas ficou em silêncio por longos momentos então, encarando Rule, avaliando, estreitando os olhos.

— Sabia quem era Cullen o tempo todo. — Ele disse.

— Você também, Jonas. — Rule suspirou. — E nós dois sabemos o que você fez.

Os lábios do Jonas arquearam.

— Dane acredita que está escondendo isto de mim, e Dog está tão divertido por toda a aventura que quase dá gargalhadas sempre que estamos todos juntos. Se essa porra de situação não fosse tão imperativa por causa da vida de Amber, eu teria simplesmente dito a eles exatamente o quão pouco estão se escondendo.

Mas isso era imperativo. Por todo o jogo rolando e manobras, Rule sabia que Jonas levava isto mais a sério que qualquer outra coisa que já enfrentou.

— A equipe que enviou atrás de Jason Harte. — Rule perguntou. — Eles retornaram?

Tempestade tremeluziu nos olhos do Jonas.

— Ainda não. Ainda estamos procurando por ele. Quando Gypsy voltar, traga-a para mim e veremos se podemos descobrir para onde ele foi.

Ele saberia que a mãe de Gypsy seria pega, e teria esperado que Gypsy ou Kandy fossem até ele, Rule percebeu. Quando nenhuma foi, sem dúvida ele fugiu. Agora, teria que ser encontrado.

E sem dúvida, Jonas estava de alguma forma usando aquele desgraçado também. Ele se perguntava se Jonas algum dia ficou confuso com relação a quem estava envolvido em qual dos seus joguinhos.

Quando começou a se endireitar, um estridente grito de alarme atravessou o quarto; vinha do hotel.

Oscilando seu olhar para Jonas, ele observou o segundo dos Castas perceber de onde estava vindo e jurou que Jonas empalideceu.

— Amber. — O rosnado era um rugido animal de fúria.

Eles se moveram ao mesmo tempo.

As armas de Rule já estavam fora do seu coldre quando ele bateu seu corpo na porta, jogando-a no chão, sabendo que Jonas o cobriria enquanto sua arma varria o quarto.

O quarto de Amber.

Rule não se atrevia a disparar sua arma enquanto não achasse o alvo, não mais do que Jonas podia.

— Pa, Ga, ma. — Amber gargalhou enquanto Gideon a segurava perto do seu peito, seu corpo minúsculo parecendo mais delicado do que o normal contra o tórax largo.

Listras primitivas escureciam o rosto do Casta como cicatrizes provocadas pelo fogo. O cabelo loiro escuro caía por cima de sua sobrancelha, as mechas escuras incomuns de castanho dourado entremeadas como listras de um tigre.

— Gideon. — A tensão na voz do Jonas era inconfundível agora. — Onde está minha companheira?

O olhar de Gideon se voltou para o canto do quarto, onde Rachel estava caída contra a parede, seu rico cabelo vermelho escuro caindo sobre seu rosto.

— Ela está viva e incólume. — Gideon arrastou as palavras lentamente quando Jonas correu para ela, nunca tirando seus olhos do Bengala, enquanto Rule ficava ciente de mais de uma dúzia de Castas Enforcers de repente enchendo a área atrás dele. Estavam respirando no seu pescoço, todos os olhos em Gideon enquanto o Bengala dava a eles um olhar divertido por cima do ombro de Rule.

— Deixe o bebê ir, Gideon. — Rule ordenou suavemente conforme Amber brincava com as longas mechas do cabelo do Casta, enquanto sua deliciosa conversa de bebê parecia ser dirigida a Gideon.

— Amber e eu somos excelentes amigos, não é, duende? — Gideon falou com um calafrio enquanto Amber dava uma risadinha de volta para ele.

— Cê Ga ma. — Ela parecia acusá-lo quando Rule tentava dar sentido ao que ela estava realmente dizendo e por que parecia achar tanta graça.

Se não soubesse, poderia jurar que estava chamando Gideon de “gatinho mau” — cada vez que ele falava naquele tom implacável.

Rule caiu de joelhos, muito ciente de Gideon se movendo lentamente para mais perto da porta aberta da sacada, Amber mantida firmemente na frente dele, protegendo-o como nada ou ninguém mais poderia.

— Solte-a, Gideon. — O rosnado do animal estava na voz do diretor agora, fúria animalesca martelando em ondas de tensão pelo quarto.

— Pa? — Amber se virou rapidamente preocupada, seus olhos brilhantes indo entre seu pai e Gideon. — Gi gi, cê ga ma. — Havia uma leve sugestão de explicação em seu tom.

Rule procurou o link com seu irmão, achou-o imediatamente e puxou-o. Imediatamente Lawe estava lá, não em espírito, mas em força, sentidos e intuição animal.

O olhar de Gideon balançou para ele imediatamente enquanto andava para a porta aberta, seu olhar estreitando como se pudesse sentir esse vínculo.

— Interessante. — Ele murmurou como se também pudesse sentir o que Rule estava fazendo, e como estava fazendo.

Essa intuição, os sentidos animais que eram fortes para começar, de repente estavam fora dos padrões normais, e o que Rule sentiu era muito mais do que ele apostava que Gideon compreendeu.

Esta não era a criatura insana que os Castas enfrentaram antes. Não existia nenhuma loucura aqui. Astúcia, inteligência, determinação e...

Filho da puta, aquele desgraçado listrado mantinha tanto carinho por Amber que Rule quase cambaleou com o conhecimento disto.

Gideon sacudiu a cabeça e suspirou antes de virar de volta para Jonas.

— Ela ficará doente por mais alguns meses. — Disse para o diretor com naturalidade. —Ela não estava escorregando para longe de você, Diretor, estava simplesmente escapando das amarras humanas que uma vez manteve. Uma vez que Brandenmore a injetou, ele começou a mudar as coisas dentro dela. Para assegurar sua saúde futura, assegurar sua vida, eu mesmo resolvi completar o que ele começou.

As costas dos seus dedos escovaram o rosto da menininha.

— Você fez o que? — Isso era medo na voz do Jonas, Rule pensou.

Os lábios do Gideon arquearam.

— Você vê esses segredos, essas formas de como fazer um homem acreditar que ele enlouqueceu. O que não viu, ainda não pode ver, foi o fato que esta doce criança estava morrendo antes que Brandenmore a tocasse.

— Ele está mentindo. — Rachel ofegou fracamente. — É um truque, Jonas.

Gideon olhou de relance para ela com simpatia antes de voltar para o diretor.

— O arquivo está no berço dela. Códigos de Brandenmore, criptografias e fórmulas para este soro em particular. O mesmo soro que tanto Honor quanto a outra receberam. — Fúria demoníaca faiscou momentaneamente em seu olhar quando Amber deitou sua cabecinha no tórax dele e tagarelou algo suavemente.

— Sim, duende, Gi-gi é bom. — Ele prometeu gentilmente, quase sorrindo de volta para Jonas. — Você tem aqui um tesouro, Jonas. — Ele declarou então. — Um muito singular. Entregue os arquivos para Ely. O soro que completará sua recuperação está contido lá também. Como ambos sabemos, ela não está completamente recuperada de sua provação. Você vai saber por que, nos documentos que eu deixei.

— Você não vai partir. — Jonas rosnou.

Gideon riu.

— Foi um ótimo jogo que estivemos jogando, meu amigo, e talvez um dia, em breve, possamos nos sentar e discutir isto, mas esse dia não é hoje.

— O inferno que não é. — Rebateu Jonas furiosamente.

Rule soube o momento que o Bengala decidiu que a discussão chegou ao fim. E exatamente como pretendia acabar com ela.

— Pegue.

Amber voou de seus braços enquanto Gideon saltava através das portas abertas da sacada para os dois homens furtivos no helicóptero que de repente passou voando.

Só que rapidamente ele se foi.

Tão rápido, que tanto Jonas quanto Rule perderam a minúscula criança voando pelo quarto enquanto ela dava uma risadinha alegre.

Ela não foi arremessada na parede. Ela não caiu no chão.

Rule assistiu com espanto como ela de repente estava suspensa no teto, as linhas quase invisíveis segurando-a no alto era uma sensação familiar para a criança, se ele não estava enganado.

— Como? — Jonas sussurrou enquanto ele e Rachel assistiam como sua filha saltava toda contente no ar. — Como diabos ele tirou isso?

Rule olhou do bebê para Jonas, então de volta novamente.

Ele pigarreou.

— Acha que ele está relacionado com Dane? — Ele perguntou então, sabendo que Jonas não perderia o insulto indireto.

O Diretor era relacionado a Gideon?

Inferno, Rule estava começando a pensar que Jonas e Gideon não compartilhavam somente a genética, mas os pais, se não fosse pelo fato que ele era um Bengala em vez de um Leão.

O rosnado que deixou a garganta do Jonas o fez estremecer.

— Talvez não. — Rule mentiu, entretanto agora estava convencido que era altamente provável.

 

Gypsy soube, no segundo que o Dragoon aumentou a velocidade e começou a correr para o hotel, que algo estava errado. Não mais do que um segundo depois ela sentiu algo mexer dentro de seus próprios sentidos. Uma porta abrindo tão rapidamente dentro dela que não tinha nenhuma ideia de como fechá-la ou o que fazer com isto.

— Não lute contra isto, Gypsy. — Lawe de repente ordenou enquanto o Dragoon rugia pela estrada. — Rule está com problemas.

Rule estava com problemas?

Em perigo?

Ela se concentrou naquele link, ignorando a entrada que abriu dentro dos sentidos de Lawe e se concentrando totalmente em Rule, ao invés disso.

O que devia fazer? Como deveria fazer isto?

Centrando sua atenção nele, lembrou quando ele disse que podia pegar emprestada a força de Lawe, mas estava tentando pegar emprestado a dela?

Com toda a certeza não era sua paciência, porque ela chutaria sua bunda por fazê-la esperar para descobrir o que estava acontecendo.

De olhos fechados, ela sentiu um vislumbre de diversão tocar sua mente quando Rule se tornou tão firmemente entrincheirado dentro de sua alma que ela jurou que podia sentir raios de aço ancorando-o a ela.

Força mental, percebeu. Se ele quisesse teimosia, ela tinha aos montes.

Isso foi uma risada sem som ecoando por sua cabeça? Oh Deus, ela o mataria por isto.

— Interessante. — Ela ouviu a voz, sentiu o nome de Gideon sussurrando em sua mente. Um segundo mais tarde sabia o que estava acontecendo e sentiu seu coração quase parar de medo, ao saber que o maluco, que Rule descrevia como Gideon, segurava o bebê de Rachel nos braços.

Ela não podia “ver” o que estava acontecendo. Eram impressões, uma sensação de Castas enchendo a suíte, a diversão de Gideon e a fúria de Jonas. E um segundo de terror completo ao saber que Gideon arremessou a criança para longe dele enquanto saltava da porta aberta da sacada, por cima do parapeito, para duas pessoas num helicóptero, obviamente lá para recuperá-lo.

Lobo Reever tinha um helicóptero. Era o único na área, pensou. Pelo menos, o único que ela conhecia. Com exceção daquele que a Agência de Polícia Secreta Navajo possuía.

O link entre eles foi imediatamente encerrado enquanto Gipsy piscava de surpresa.

— Filho da puta. — Lawe sibilou entredentes, seu olhar se juntou ao dela no espelho retrovisor por um breve segundo. — Diga-me, Gypsy, quantos malditos segredos meu irmão está escondendo de mim?

Uh-oh. Ela teve a sensação que Lawe só podia estar um passo à frente para o fato que Rule esteve escondendo Judd nos últimos nove anos mais ou menos.

Rule mau.

— Ele é seu irmão. — Ela debochou, olhando de relance para ele. — Aceite isso dele.

Seu olhar disparou para o dela pelo espelho mais uma vez, uma descrença suspeita reluzindo brilhantemente no mais leve tom de azul.

— Sabe, Gypsy — ele assinalou, seu tom mais áspero, frustrado quando voltou sua atenção para a estrada, — eu teria cuidado. Mesmo como sua companheira, vai aprender que não está isenta das manipulações de Rule.

— Eu podia jurar que ouvi a mesma coisa dita para Rachel num certo ponto, relativo à Jonas, justamente nas últimas semanas. — Ela meditou, voltando sua atenção para fora da janela do Dragoon de novo.

Por um momento, seus pensamentos foram distraídos de seus pais, do crime deles e da decisão que enfrentava em relação ao traidor do seu irmão.

Oito anos antes, atirou num informante do Conselho que o Desconhecido esteve certo que traiu seu irmão. Ele merecia morrer pelos outros crimes contra os Castas e os Navajos, mas saber que estava errada acabou com ela.

O homem que traiu Mark merecia sofrer. Ele merecia sentir o mesmo inferno que Mark sentiu, sabendo que sua irmã seria estuprada e morta, e até mesmo a chance de ajudá-la foi negada a ele. O fato que foi salva no último instante não ajudou Mark. Não acalmava sua fúria agora.

Anos de desconfiança faziam sentido agora. Ela ficou com tanta raiva enquanto assistia seus pais permitirem que ele tomasse o lugar de Mark. Ele tentou ser um irmão para as irmãs de Mark, casou com a noiva de Mark, assumiu o comando da companhia de Mark.

Pensou que poderia viver a vida de Mark.

Suas unhas enterraram nas palmas das mãos quando percebeu que elas enrolaram em punhos, preparadas para infligir qualquer dano possível.

Maldito.

Ela queria escapar agora. Queria achá-lo, ela mesma queria rasgar sua garganta.

A única coisa a impedindo era o conhecimento que ele desapareceu, justamente como sabia que faria. A equipe Casta enviada para encontrá-lo aquela manhã reportou que não podia ser encontrado nem em sua casa, nem no seu escritório.

Aonde iria? Ela se perguntou. Onde Jason se esconderia?

Com os olhos estreitados, esquadrinhou o deserto enquanto o percorria, examinando cuidadosamente os antigos points que Mark uma vez mostrou a ela, relembrando pequenos pedaços de sua infância que se recusou a permitir lembrar antes.

Enquanto fazia, podia “sentir” Rule. Como se o simples fato que considerasse onde ele podia estar, onde achá-lo, como fazê-lo pagar, alertasse Rule para seu desejo não-tão-escondido de matá-lo ela mesma.

Ela quase sorriu quando o sentiu. Nossa, esse era o sentimento mais estranho. Apenas estava lá, como a carícia de uma brisa, mas na sua mente. Ela realmente não tinha certeza se gostava disso ou não.

Uma coisa porém tinha certeza, pensou com um súbito suspiro; não tinha como ir atrás de Jason sozinha, e não existia uma chance no inferno que Rule permitisse que ela mesma o matasse como Cullen fez. E se perguntou se qualquer outra coisa exorcizaria os fantasmas do seu passado.

 

Será que ela o amava?

Ela apenas aceitou o acasalamento, nada mais?

De pé no saguão do hotel enquanto se encostava numa das imponentes colunas que sustentavam o átrio, Rule cruzou os braços na altura do peito e olhou para as portas enquanto esperava que Lawe atravessase o pátio com sua companheira. Permitir a ela fazer aquela viagem sem ele foi um inferno.

Ele tinha sido uma parte dela de uma forma ou de outra desde sua rendição final para ele na noite anterior. Explodindo como no quatro de julho e gritando seu nome, ela abriu cada parte de si mesma para o link que ele forjou dentro de sua alma. E ainda assim, estaria condenado se pudesse sentir se aquele amor estava lá.

— Malditas criaturas. — Dane murmurou enquanto se esgueirava para o lado dele. — Posso dizer pelo seu olhar fixo cravado no espaço, que a adorável Gypsy McQuade está, sem dúvida nenhuma, conduzindo-o à distração.

— Você voltou rápido demais. — Rule murmurou. — Como?

Dane riu.

— Meu pai garante que eu tenha os veículos mais rápidos, de tecnologia mais avançada possível, sempre que estou fora da sua vista. De alguma forma se convenceu que isso diminui o perigo que posso me encontrar.

— Ou isso apenas deixa você lá mais rápido? — Rule grunhiu. — Diga-me, Dane, foi no seu helicóptero pessoal tecnologicamente avançado que Gideon pegou uma carona mais cedo?

— Estava me perguntando se existiria um modo que eu pudesse levar crédito por aquilo. — O Casta suspirou melancolicamente. — Infelizmente, não era para ser. E o desgraçado de coração negro está se recusando a responder minhas chamadas.

— Bem, vá entender. — Que diabos o fodido híbrido esperava? Ele estava lidando com um psicopata, não apenas outro Casta manipulador e calculista como sempre fazia.

— Gideon estava quase morto quando o encontrei. — A voz de Dane abaixou enquanto ele também encostava um ombro no pilar. — Magro a ponto de morrer, tão selvagem que meu pai temia que tivesse que colocá-lo numa jaula. E Leo não mantém jaulas em nenhuma de suas propriedades, você sabe.

Rule lançou-lhe um olhar.

Suas sobrancelhas loiras escuras estavam abaixadas, seus olhos verdes distantes como se examinar seu passado não fosse agradável.

— Os segredos que ele sabe. — Dane sussurrou. — Tanta inteligência, Rule. Descobertas da fisiologia dos Castas diferente de tudo que possa imaginar. Nos poucos meses que esteve se curando na América do Sul, depois que o achamos, mamãe estava no paraíso científico só com as divagações dele.

— E assim que se curou? — Rule perguntou.

Dane inalou pesadamente.

— Uma noite ele estava com febre e divagando sobre uma transfusão e como isso o deixou louco, falando da criatura andando de um lado para o outro, à espreita e se libertando. Minha mãe deixou o gravador ligado e foi verificar outros Castas desafortunados que estávamos tentando que restabelecessem sua saúde. Quando ela retornou, o gravador tinha sido desligado, parte dele obviamente apagado, e Gideon simplesmente desapareceu através de uma porta de aço ou paredes de concreto. Nós realmente não estamos certos como, porque estranhamente, a gravação da câmera apontada para ele foi destruída quase uma hora até o momento que minha mãe retornou. — Dane riu. — O filho da puta esperto perdeu um tempo para pegar a câmera e cortar a programação dentro do próprio dispositivo. Embora como ele apagou o equipamento antes de fazer isso me escapa.

— O que está aprontando aqui, Dane? — Rule perguntou quando a explicação terminou. — Por que simplesmente não ir até Jonas, contar que podia adquirir o que ele precisava e permitir que Ely continuasse as injeções?

— Jonas nunca teria permitido isto. — disse Dane, seu tom de repente cansado. — No máximo, ele mesmo teria injetado para tirar a responsabilidade dos ombros constantemente enfraquecidos de Ely, e só Gideon verdadeiramente entendia o que ele estava fazendo. Era muito melhor manobrar meu irmãozinho em vez de assistir aquela doce criança, ou Jonas e Rachel, sendo destruídos de dentro para fora caso algo desse errado.

Rule olhou fixamente para o lado de fora das portas principais por longos momentos mais uma vez, seus olhos estreitados por causa do clarão do sol enquanto este se estendia pelo piso brilhante do saguão de entrada.

— Callan se assemelha tanto ao meu pai que há momentos que sinto uma ponta de ciúme crescendo dentro de mim. — Dane disse, sua voz cheia de divertido desgosto consigo mesmo. — E Leo tem muito orgulho dele, apesar de suas diferenças. Mas se alguém conhecesse o Leo como só eu e minha mãe fazemos, então veriam a dor que sofre com tudo a respeito de Jonas. A culpa e a auto-recriminação, os pesadelos indescritíveis que o perseguiram por anos, que dizia respeito a um de seus filhos. E isto foi antes de sabermos através dos relatórios que ele recebeu, que a genética materna de Jonas era da mamãe em vez de Madame LaRue, como acreditávamos. Desde que soube essa pequena informação, sua raiva por si mesmo muitas vezes preocupa minha mãe.

— Leo não parece ser do tipo que se estressa com os erros do passado. — Rule ofereceu. — Ou crianças que foram criadas em vez de concebidas por ele.

— Ah, mas quanto todo mundo, menos eu e minha mãe, o conhece pouco. — Dane retrucou ironicamente. — Meu pai sofre por erros do passado, decisões que resultaram em menos que as situações que ele antecipou, e os filhos que carregam sua genética. Seu orgulho por Callan é absoluto. Mas seu orgulho por Jonas é cada vez maior, meu amigo. Um orgulho que exige que Jonas reconheça que as escolhas são muitas vezes feitas com um conhecimento do resultado e sua tragédia, mas nunca são feitas sem remorso e sem pesar.

— Jonas entende isto. — Inferno, de todas as pessoas, Jonas sabia disso melhor que qualquer um que Rule pudesse pensar. — Leo tem compensações a fazer, Dane. Muitas delas.

— Jonas se ressente de Leo por deixá-lo nos laboratórios quando sentiu que ele podia tê-lo tirado de lá.

Rule sacudiu cabeça, encarando de volta o outro homem com surpresa.

— É isso que ele acha?

— É isso que Jonas afirma. Frequentemente. — O olhar de Dane era contundente.

— Não, Dane. — Rule foi quem bufou grosseiramente agora. — Não foi por que Leo o deixou nos laboratórios. Foi por que Leo deixou Harmony lá. Que Harmony sofresse daquele jeito e que fosse forçado a dar as costas a ela para garantir sua sobrevivência. Ele nunca perdoará Leo pelo preço que ele pagou quando perdeu o amor de sua irmã. Uma condição que continua, até agora.

O silêncio se estendeu entre eles agora. Pela primeira vez desde que o conhecia, Rule viu como Dane parecia entristecido. Sem manipulação. Sem calcular. Só inexplicavelmente triste.

— Parece então, que tanto eu quanto Jonas, temos um particular rancor contra nosso pai. — Finalmente disse suavemente antes de virar e espetá-lo com um olhar afiado e feroz. — Tome isso como lição, meu amigo. Não espere que sua companheira declare seu amor. Não espere que ela perceba seu amor. Entregue-se primeiro, se acha que deve. Talvez quando fizer isso, ela vá perceber que está se recusando a se permitir ver, pelo medo de perder mais uma vez o que a sustenta.

Rule estreitou seus olhos de volta para o híbrido quando Dane se virou e afastou-se dele, voltando para os elevadores, seus ombros não tão retos, sua cabeça não tão lançada atrás, tão arrogantemente como sempre.

Ele sabia que Dane tinha sentimentos por Harmony, a irmã de Jonas, assim como sabia muito bem que o amor que Harmony sentia por seu companheiro, Lance Jacobs, era absoluto. Um companheiro que foi dada uma chance de encontrar através das maquinações de Dane e Jonas, separadamente, embora de forma não menos eficaz.

Ele quase sorriu.

Podia cheirar o verdadeiro afeto e sensação de perda e arrependimento que Dane sentia, mas amor... não, não era amor. Chegou perto. Talvez o mais perto que Dane já chegou ou já chegaria. O homem cruzava os continentes como outros homens viajavam pela cidade. As chances de encontrar sua companheira, ou de encontrar o amor, não seriam altas.

Entretanto, Rule tinha a sensação que quando e se isso acontecesse, Dane agradeceria ao seu pai pela mão que deu, tirando Harmony da vida do seu filho, em vez de se ressentir disso.

Endireitando-se enquanto o Dragoon disparava abaixo do toldo do hotel, Rule andou a passos largos depressa para as portas, o comentário de Dane correndo por sua mente.

Deixá-la saber como ele se sentia. Deixá-la sentir isto, ele pensou. Talvez, apenas talvez, ela percebesse que não tinha que esconder seu terno coração dele. Nem seus medos.

Ele estava na retaguarda dela, e estava prestes a provar isto.

Dane não era o único a quem Gideon devia um favor ou dois.

 

A pesada porta de ferro fechou batendo com tanta força que a própria caverna pareceu estremecer com o impacto.

Um rugido atravessou o espaço subterrâneo, afundando na pedra antes de ecoar de volta, só para ser seguido por outro.

Uma proveta de vidro quebrou contra as portas, derramando um líquido escuro que imediatamente se transformou em névoa e encheu a área com um toque de sândalo e um cheiro masculino genético que teria enganado qualquer Casta vivo, menos a pessoa que fez isto.

— Filhos da puta. — O rugido era quase incoerente enquanto o animal emprestava sua voz para o palavrão explícito.

Outra proveta quebrou, desta vez o cheiro evocativo das noites no deserto com um toque de rosa. Veneno devia ter cheiro doce, ele sempre alegou.

Sua cabeça inclinou para trás, seus lábios se curvaram mostrando seus dentes, e desta vez o rugido só faltou sacudir as vigas, e poderia realmente ter causado a chuva de pó caindo do teto da caverna.

— Oh realmente, Graeme, que diabos pensou que aconteceria? — Khileen apoiou as mãos nos quadris e observou o Bengala primitivo com uma dose saudável de divertida cautela. —Realmente acreditou que tinha nos enganado? Que não estávamos muito bem informados sobre onde exatamente o Bengala Gideon estava se escondendo?

Encostada contra a curva mais distante da entrada, ela inclinou a cabeça e deixou um sorriso curvar seus lábios quando ele deu meia volta para ela, sua cabeça abaixando, seus olhos âmbar se transformando no mais incrível verde.

Era realmente uma pena que ela não pudesse suportar o toque de outro homem, ela pensou pesarosa, porque Gideon era sem dúvida um inferno na cama. Ele era simplesmente macho demais, animal demais, para não ser.

— Saia. — A ordem foi dita entredentes com um grunhido rouco que só um animal podia ter feito.

Ela cruzou seus braços por cima dos peitos e estreitou seu olhar de volta nele.

— Não. Nós simplesmente temos que discutir isto. Porque eu sei o que você vai fazer... — Ela ofegou quando de repente se achou cara a cara com as faixas primitivas, e o reluzente e sanguinário olhar de um tigre de Bengala encarando-a do rosto do homem.

— Agora. — O profundo grunhido gutural que retumbou quase a fez obedecer.

— O show é bastante impressionante. — Ela prometeu com um ar de tédio. — Mas se eu partir, então você pegará as malas e desaparecerá, e não posso permitir que faça isso. Simplesmente não é o melhor para você, nem para mim. Então controle essa criatura muito selvagem, e muito impressionante que está tentando libertar e vamos discutir isto, não vamos?

Espanto reluziu em seus olhos à medida que eles arregalaram. Um segundo depois, suas mãos dispararam para cima, dedos como garras raspando por seu cabelo quando um grunhido rosnado, que soava verdadeiramente horripilante, irrompeu de seus lábios enquanto ele se afastava dela.

Ela fez uma careta para a visão e o som disto.

— Lobo faz isto com bastante frequência, você sabe. É só comigo?

Tiberian certa vez fez isto também quando esteve lá. Antes de sua vida acabar numa merda e ele começar a perseguir a vadia que destruiu todos eles.

— Você é maluca de carteirinha. — Ele estalou, voltando-se para ela. — Não é de se admirar que Tiberian partisse. Ele provavelmente está fugindo para salvar sua própria vida.

— Sem dúvida. — Ela concordou com a cabeça lentamente, silenciosamente concordando com ele.

Sem dúvida isso era exatamente o que Tiberian estava fazendo, de certa forma.

— Porra! — Uma tigela de vidro se espatifou do outro lado da sala enquanto ela erguia sua sobrancelha para a raiva inerente na destruição.

— Realmente, Graeme-Gideon? — Suas sobrancelhas ergueram em diversão. — Não é tão ruim. — Ela o repreendeu. — Não é como se nós virássemos contra você ou algo parecido. Ninguém sabe que você está aqui.

— Você tem que ser a porra da fêmea mais maluca que já coloquei meus olhos. — Ele gritou com ela, voltando-se para encará-la com espanto. — Maluca para caralho, Khileen.

Ela teve que rir disso.

— Ainda não conheceu minha melhor amiga Claire. — Disse a ele. — É tão doce que te daria uma dor de dente até que vestisse aquele atrevido traje preto colado na pele que usa sempre que rastreia Coiotes renegados no deserto. É realmente bastante divertido.

Ele se acalmou, sua cabeça balançando de volta para ela.

— Quem?

— Claire Martinez. — Um súbito pensamento a atingiu. — Oh, não me diga que vocês dois não estiveram atrás do mesmo renegado? Deixe-me adivinhar, ela te passou a perna com ele? — Ela teve que rir disso. — Ela é muito bem treinada, sabe? Gostaria de ser metade tão cruel quanto ela pode ser quando está seguindo-os. Amo assistir o show.

Algo reluziu selvagemente nos olhos dele.

Oh querido, talvez essa não fosse uma piada para o felino grosseiro. Bem, agora, imaginem isto.

Ele ergueu o lado do seu lábio num insultante desprezo antes de virar para se afastar dela.

— Nenhuma mulher rastreia melhor que eu, Khileen, e sabe disso.

— Eu não posso te rastrear. — Ela admitiu com uma risada leve. — Mas confie em mim, Claire tem habilidades de rastrear malucas. Estou muito orgulhosa dela. Se o Desconhecido realmente existisse, então diria que ela é sua próxima candidata a guerreira.

— Estou partindo. — Seu passo largo ficou determinado quando começou a se mover para a saída que levava além das montanhas.

Tão rápido?

— Nenhuma explicação? — Ela o questionou de forma incisiva. — Bem, isso não é um agradável agradecimento por todos os problemas que tivemos para esconder seu belo traseiro aqui.

Ele deu meia volta novamente, os dedos em garra se enrolando como se não quisesse nada mais que cravar suas garras até arrancar sangue.

— Esconder meu traseiro? — Ele rosnou novamente. — Porra nenhuma, garotinha. Eu estava me escondendo bem para caralho quando seu papai — ele zombou da palavra — decidiu que precisava que um trabalhinho fosse feito, com seu irmãozinho fora correndo atrás da sua mãe, e tudo isso depois que ela muito convenientemente falsificou sua morte.

Os olhos dela estreitaram.

— Cuidado, Gideon. — Ela o advertiu calmamente. — Eu devo-lhe muito, mas nenhuma dessas dívidas te dão o direito de me tratar tão desrespeitosamente. Porque nunca te tratei com nada menos que respeito absoluto.

E ele não podia negar isto.

— Que porra você e sua maldita família querem de mim? — Ele rugiu de volta para ela, seus músculos se juntando, mudando perigosamente debaixo da fina camisa branca e calça de amarrar que vestia.

Ele era realmente um macho excepcional, embora ela soubesse que era um mais tão... Ela cortou esse pensamento depressa.

— Sua amizade. — Ela respondeu sinceramente, acalmando a raiva que podia ter crescido dentro dela, lembrando-se que amigos eram algo que Gideon, o Casta que agora se chamava Graeme, tinha muito poucos. — Você deve ter muitas dívidas; considere a solicitação que Rule fez meramente a absolvição de uma dessas dívidas. O pedido não é tão oneroso, e você ganha um favor do Casta que está para se tornar o diretor adjunto da Divisão Oeste da Agência de Assuntos Castas. — Ela deu uma pequena risada. — Diga isso três vezes depressa. Eu te desafio.

Ele a encarou em vez de compartilhar sua diversão como ele uma vez teria feito.

Endireitando-se, ela soltou os braços, enfiou os dedos nos bolsos de sua calça de montaria e o enfrentou diretamente.

— Tudo bem, Rule nos deve um favor então. Você, por cuidar deste assunto para ele, e por permitir que ele e sua companheira fossem parte disso. Ele me deve por assegurar que houvesse um lugar seguro para lidar com seu assunto, e que outros olhos ou ouvidos não fossem cientes do evento. Posso ter necessidade desse favor no futuro.

— Quando seu companheiro for trazido sob a acusação de violar seu acordo com a Agência quando ele encobriu os crimes do irmão dele, você quer dizer? — Ele zombou. —Realmente, Khileen, você pensa que este favor é tão grande? Grande suficiente para salvar o homem que você...

— Não. — Ela manteve sua voz suave e firme, se bem que a dor que subiu em seu peito era como um brutal ferro em brasa queimando sua alma. — Não nos torne inimigos. Você está apenas com raiva porque descobri seu segredo e fui esperta o suficiente para segui-lo e garantir sua fuga.

— Eu tinha minha fuga coberta, garotinha. — Ele disse entredentes. — E estou com raiva porque me fez quebrar a promessa que fiz ao seu companheiro, de garantir que ficasse fora de perigo. Você é a porra de um perigo em potencial em letras garrafais.

— E a vulgaridade não combina com você. — Ela suspirou. — Agora, voltando à sua pergunta original. Sim, este favor vai contribuir bastante com uma grande quantidade de pontos com o diretor da divisão. Eu juro. Afinal, ele entrou em contato com você, não é? Jonas não está aqui exigindo que você se mostre. — Ela espalhou os braços para indicar a propriedade como um todo, bem como a casa de Lobo Reever. — Você simplesmente está com um humor sarcástico porque sabe que esta última injeção fará a criança chorar por você, e não poderá ir até ela. Eu entendo isto. E te disse uma vez que se você precisasse de ajuda em seus empreendimentos, eu estaria lá para ajudar você também, não é?

Ele pestanejou de volta para ela.

Deu as costas para ela, olhou por cima do ombro com descrença, então passou seus dedos através do cabelo novamente antes de ir atrás de sua poltrona reclinável favorita, a que ele não devolveu ao depósito, então se jogou nela, espreguiçando preguiçosamente com tal falta de respeito que ela só pode sacudir sua cabeça para ele.

— Você me espanta. — Ele disse, sua voz um pouco mais normal agora. — Absolutamente me espanta para caralho, Khi.

Pelo menos a estava chamando de Khi novamente.

— Ora, obrigado, Graeme. — Ela sorriu de volta para ele com todo o charme que sua mãe passou para ela quando era mais jovem. — Estou bastante orgulhosa da minha habilidade de fazer isto com um homem tão extraordinariamente inteligente, sabe?

Ele pestanejou novamente antes de estreitar seus olhos, aquela brilhante cor verde claro cintilando de volta para ela com um toque, uma promessa de troco se não fosse extremamente cuidadosa.

No entanto, ela não foi realmente bem cuidadosa.

— Ligue pra ele. — Ele rosnou. — Ponha seu rabo na reta comigo se tem tanta certeza com ele. Chame-o, diga que ele achará as coordenadas enterradas na programação da nano-unidade atualmente conectada ao iPad dele. A hora será aos trinta minutos antes da hora que Mark McQuade foi morto. Se não souber a hora exata, pode perguntar à sua companheira. Tenho certeza que ela se lembra.

Ela assentiu lentamente.

— Isso não te dá muito tempo.

Gideon deu de ombros, bufou de forma grosseira, ficou de pé, ajeitou os ombros remexendo inquieto, em seguida caminhou a passos largos até a porta de metal segura do outro lado do quarto.

Khileen o seguiu curiosa quando ele a encarou de volta como se impaciente com sua falta de pressa.

Balançando a porta aberta, ele permitiu que ela olhasse fixamente para dentro do quarto escuro, minúsculo ao ponto da claustrofobia, que mantinha um único homem amarrado, amordaçado e vendado. O mesmo homem por quem Rule Breaker estava procurando.

Erguendo a mão e entortando seu dedo num sinal de “venha cá”, ele então liderou o caminho até um monte de monitores de segurança no outro lado do quarto, virou um e a surpreendeu novamente.

— A esposa? — Ela levantou o olhar questionador para Gideon. — Por que matar a esposa?

— Matá-la? — Gideon sorriu. — Meu bem, eu não vou matá-la. Eu vou deixá-la ouvir a confissão do desgraçado quando ele começar a botar para fora seus segredos. Agora faça essa porra da chamada antes que eu faça o que ia fazer quando cheguei. Matar o canalha, soltar a esposa da cidade e cair fora de Dodge.

Ela teve que rir disso.

— E deixar a companheira que você obviamente está bem ciente que existe? — Ela perguntou suavemente.

Ele ficou quieto. Nem um músculo se moveu, e até a pulsação em seu pescoço pareceu aquietar.

Ela sorriu suavemente.

— Eu disse a você, não sou boba. Mas também não sou sua inimiga. Pense nisso, pense muito, muito de perto e vai perceber, Graeme, que provavelmente sou a melhor amiga que algum dia esperaria ter.

Com isto, ela se virou e caminhou devagar para longe dele, mostrando-lhe as costas, dando a ele a chance de acabar com ela, se fosse isso o que queria fazer.

Inferno, ele estaria fazendo um favor a ela se fizesse.

 

QUATRO HORAS MAIS TARDE

A caverna estava escura, sombreada. Tinha obviamente sido usada para mais que simplesmente manter um covarde bastardo debaixo do clarão de uma lâmpada descoberta. Funcionava para isso também, entretanto. Muito bem realmente.

Gypsy andou na direção da luz, lentamente, ciente de Rule, Lawe e Diane atrás dela, assegurando sua proteção.

Isto seria igual, ela perguntou-se, não se preocupando em censurar seus pensamentos, quando sentiu a presença de Rule dentro dela. Seria igual a uma caçada, a corrida inebriante de adrenalina uma vez que ele fosse pego?

Ele não teria fugido.

Não, ela pensou quando um sussurro de certeza tocou sua mente. Ele não teria fugido. Teria mentido. Teria se virado para Thea e seus pais e eles teriam acreditado nele, sem nenhuma dúvida.

— Aí, já é o suficiente. — A voz veio da escuridão, fazendo-a estancar subitamente, enquanto seu olhar procurava na escuridão atrás da luz.

Gideon.

— Ele não está em seu estado mais apresentável. — A voz era irônica e cheia de desgosto, um som primitivo que fez Jason Harte vacilar, um gemido deixou sua garganta quando o cheiro de urina se tornou resolutamente mais forte.

Um suspiro pesado soou na voz desencarnada, um segundo antes de dedos largos curvarem-se sobre os ombros dele. Onde deveriam estar suas unhas, garras fortes e afiadas manchadas de sangue seco se estendiam no lugar.

— Ele não consegue segurar a água muito bem. — Gideon falou lentamente em seguida. — Lembro-me quando estávamos nos laboratórios, lutando pela porra do Conselho. Os bastardos que eles enviaram-nos de encontro não se irritavam tão facilmente, não é Comandante?

— Não, não se irritavam. — Rule concordou enquanto Gypsy sentia o peso da tristeza remanescente, pela lembrança da fúria e da dor ecoando dele, enquanto tentava encontrar um caminho para confortá-lo como ele fazia com ela.

Ela estendeu a mão para ele, sentindo os dedos dele se fecharem com os dela, enquanto continuava a olhar para o apavorado Jason.

Seus olhos castanhos estavam injetados de sangue, as pupilas dilatadas com terror. A carne bronzeada de seu rosto estava surpreendentemente clara, a uma vez imaculada camisa e a calça penduravam em sua estrutura, rasgadas e manchadas com sujeira e sangue.

— Mark foi valente quando morreu. — Ela sussurrou, não vendo nenhuma desta qualidade no amigo em que tanto confiou. — Ele não tinha medo por si mesmo, apenas por mim.

Ela lembrou-se disto. Lembrou-se da dor e do remorso, da tristeza e como seu olhar ficou tão pesado com a falta de esperança.

A mão no ombro dele se moveu.

Outro choramingo deixou a garganta de Jason, filtrado pela mordaça amarrada sobre seus lábios, um pouco antes disto ser retirado.

— Gypsy? — Frenético e apavorado, ele procurou nas sombras onde ela estava. — Deus Gypsy, querida, o que está fazendo aqui?

Ele tentou muito parecer sincero, confuso. Não estava confuso, nem um pouco.

— Mark sempre me dizia para chorar quando precisasse. — Ela pensou, sentindo uma pesada e escura fúria enchendo-a. — Ele dizia que isto iria curar meu coração. Dizia que eu não tinha que ser corajosa, que isso era para que os irmãos mais velhos serviam. E nunca me apelidou. Mas você sempre riu de mim. Dizia-me para ser uma menina crescida, quando me pegava chorando sobre algo. Sempre zombava de mim dizendo que eu não era valente. E eu odiava para caralho ser chamada de Amendoim. — Desembuchou para ele. — Acabou Jason. Lembrei o que Mark estava tentando me dizer quando me disse para ser corajosa, para não chorar, e me chamou de Amendoim. Mais ainda, lembrei-me o que vi quando observei Grody sussurrar o nome do amigo que o traiu em seu ouvido. A dor. — Isto a transpassou, rasgando sua alma. — Ele o amava como um irmão.

As narinas de Jason flamejavam enquanto ele olhava para ela, apesar da escuridão que a rodeava. O olhar dele procurou na escuridão por algum sinal de fraqueza, por uma saída. Ela reconheceu aquele olhar. O olhar de culpa, de intenção e puro medo.

— Gypsy, você está errada...

— Esqueça. — Rule estalou. — Ela não está sozinha Harte, e o fedor de suas mentiras me faz querer rasgar sua garganta.

— Gypsy, por favor... — Jason gritou, apenas um choramingo enquanto aquela mão com as pontas em garras aterrissava no ombro dele novamente.

— Tenho uma ideia melhor. — Gideon murmurou irônico, apesar da raiva que podia sentir pulsando nele. — Você quer a verdade, mas este homem nunca irá te dar uma coisa dessas sem uma ajudinha. E homens como este, nunca dão essas coisas de bom grado.

— Não. — Jason sussurrou estremecendo, choramingando quando as garras cravaram em seu ombro.

O sangue vazou pela camisa, nos pontos onde as unhas afiadas cravaram em sua carne.

Gypsy inalou, a fúria batendo nas extremidades de seu cérebro, apesar do escudo que sentiu Rule lançar entre seus sentidos, e as irregulares e furiosas emoções arranhando nisto.

— Pare. — Ela sussurrou para ele. — Não me esconda isso.

— Gypsy, você não tem que se magoar como isto. — Ele rosnou, o som poderoso, comandando.

— Eu e minhas emoções somos velhos amigos, Rule. — Ela lhe disse. — Esperei nove anos por este momento. Não quero perder uma única emoção, um único segundo disto.

Lawe murmurou algo para ele, e embora o escudo desaparecesse de repente, sentiu Rule com ela mais forte que nunca.

Ela podia lidar com isto, entretanto. Isto a manteve ancorada, impedia a raiva agonizante de envenenar cada partícula de seu ser, quando um baixo e enfurecido grito escapou dos lábios dela.

— Porra Gypsy, eu amava Mark como um irmão...

Grody inclinando-se para Mark, mas seu olhar estava sobre ela quando sussurrou as palavras. Observou os lábios dele, ela viu as palavras se formarem e o olhar dela se encontram com os olhos de seu irmão.

Uma tristeza resignada enchia o olhar de seu irmão.

— Quando Grody sussurrou o nome do amigo que o traiu, Mark teve um último minuto para dizer-me algo, de uma maneira que se Grody fosse ter misericórdia, ele nunca saberia o que Mark me disse. “Seja valente. Não chore Amendoim". — Ela cuspiu de volta para ele. — Você, seu miserável filho da puta. Apenas você me chamava disso. Apenas você.

A mandíbula dele apertou, a fúria brilhando em seu olhar quando os lábios dele se curvaram em desgosto. — Ele a tratava como se fosse à porra da filha dele...

— Ele o tratou como a porra de um irmão. — Ela atacou furiosamente. —Você o matou, Jason. Tentou roubar a família dele, roubou sua noiva, você tinha realmente tanto ciúmes dele?

— Você está louca. — Ele gritou de volta para ela. — Tentei ajudar sua família...

— Ele está mentindo. — Gideon declarou com um ar de enfado. — Tenho uma maravilhosa droga que assegurará que ele diga a verdade, entretanto.

— Seu filho da puta! — Jason gritou, a saliva voando de seus lábios enquanto o Casta ria atrás dele.

— Diga a verdade a ela ou te darei a droga. Isso o deixará comprovadamente insano, mas chegaremos à verdade. E é bastante doloroso. Agonizante, pelo que me lembro. Você escolhe.

— Foda-se.

— Prefiro que não. Você fede a urina.

Jason abaixou a cabeça.

— Posso ser misericordioso, Sr. Harte. — Gideon disse suavemente. —Especialmente quando realmente não tenho nenhum desejo de agravar os pesadelos de uma delicada jovem. Mas também sou bastante egoísta. Quero a verdade, assim como ela. Apesar de ser ruim feri-la, ou a você, eu conseguirei isto.

Gypsy deu um passo adiante.

— Por que você o traiu, Jason?

Ele balançou a cabeça, sua respiração engasgando quando Gideon rosnou.

— Estava trabalhando com o Conselho. — Ele sussurrou. — O Conselho de Genética. Era um de seus espiões na Nação, os ajudei a identificar vários reprodutores com certas características que estavam procurando, junto com um dos líderes da Nação. Mark estava chegando muito perto de mim, mas também estava chegando muito perto de identificar o mais importante contato político dentro da Nação. Plantei o vídeo e os dispositivos de áudios em suas estações de trabalho, porque ninguém podia colocar aquela merda naquele fodido computador sem que ele soubesse. Quando o vi invadir os outros registros telefônicos do celular do espião, soube que era apenas uma questão de tempo.

— Sabia o que ele estava fazendo? Que estava invadindo os registros do Conselho e não o entregou antes disso? — Ela zombou.

— Deus Gypsy, ele era meu amigo, porra. — Ele chorou, a voz dele dilacerada agora, irregular. — Eu o amava como um irmão. Mas ele descobriria que eu estava trabalhando com eles. Teria descoberto coisas que não poderia arriscar que alguém descobrisse. — Ele estava chorando agora. A deixou doente ver as lágrimas dele, ver o que sabia ser uma sinceridade falsa.

— Você não amava Mark. — Ela sussurrou. — Mark o beneficiou , nada mais.

— Não. — Ele balançou a cabeça, sua expressão vincada com dor agora. — Eu o amava, Gypsy. Mas amava meu pai, minha vida, e amava Thea. — Ele inalou ofegante. — Meu pai trabalhava para eles também, foi assim que acabei trabalhando com eles. Papai foi à pessoa que escolheu Morningstar Martinez para ser levada por eles, como também várias outras jovens de outras partes da Nação. Ele e quem seja seu amigo dentro do Conselho Tribal Navajo. — Sua cabeça abaixou novamente, lágrimas gotejando pela mancha de urina em suas calças. — Fui atribuído para juntar informações sobre quaisquer Castas entrando na Nação. Pouco antes, ele invadiu aqueles arquivos telefônicos do celular do oficial disfarçado da agência, Mark estava rastreando duas garotas adolescentes e dois Bengalas, que estavam sendo deslocados pelo Desconhecido. Ele trabalhou muito com eles. Uma vez que entendi isto, soube que teria que vigiá-lo, então fixei o áudio e o vídeo nos dois lugares que sabia que trabalhava com mais frequência.

— Como sabia quem ele estava ajudando? — Ela teve que agarrar a mão de Rule com toda força para se conter, para evitar matá-lo agora, antes que descobrisse toda a verdade.

— Quando descobri que Mark estava invadindo os arquivos do Conselho. — Ele disse asperamente. — O Conselho estava procurando por um hacker e ouviu rumores do Desconhecido. Estavam procurando por ele há anos. — Sua cabeça saltou para trás. — Soube por mais de dois anos o que estava fazendo e nunca suspirei uma palavra sobre isso. — Ele clamou. — Nem uma vez, Gypsy.

— As ordens de Grody foram para nos matar. — As lágrimas não a perturbaram. Ele iria morrer. Como Gideon disse, era apenas questão de como.

— Sabia do quão próximo ele era de você. — Disse asperamente, sua cabeça ainda abaixada. — Não sabia o quanto você sabia, e não podia arriscar que suspeitasse que fosse eu. Quando o Conselho enviou a ordem para pegá-lo, você não estava incluída nisto, embora eu dissesse a eles o quão próximo vocês dois eram. Você não era considerada uma ameaça. Eu mesmo liguei para Grody e dei a ordem.

— Então você se moveu direitamente para dentro, assumiu o comando da vida dele, sua empresa, seus pais e sua noiva. — Ela riu ironicamente. — Isto valeu a pena, Jason? Conseguiu o que procurava?

Ele balançou a cabeça.

— Ela nunca o esqueceu. Nunca me amou como amava Mark.

Não houve nem ao menos um segundo de advertência. Entre um batimento cardíaco e o próximo ela conteve a si mesma de matá-lo, recuando, abrigando-se no corpo duro de Rule quando um tiro ecoou.

— Caralho! — Gideon amaldiçoou.

Luzes flamejaram, baixas, mas dissipando muitas das sombras quando Gypsy, lutando para obter espaço suficiente sob o corpo de Rule e a cadeira em que ele se abrigou atrás.

— Thea? — Ela sussurrou, chocada. — Solte-me, Rule.

Diane estava se movendo em direção à outra mulher, enquanto ela permanecia parada, muda, a arma agora pendendo livremente de suas mãos, enquanto olhava fixamente para o homem com quem se casou sete anos atrás.

Rule a deixou erguer-se devagar, abraçando-a até que Diane agarrou a arma e tirou-a lentamente da mão da Thea.

— Thea. — Gypsy se apressou para a mulher que seu irmão amou tão profundamente, pelo qual tentou começar a afastar-se do grupo obscuro com quem trabalhava.

— Thea? — Ela sussurrou novamente quando a delicada loira ergueu a cabeça, os olhos violeta olhando para ela estupidamente.

— Na noite que Mark morreu, — Thea sussurrou — fui atacada do lado de fora de meu quarto.

— Eu sei. — Gypsy franziu o cenho atrás dela, ouvindo a dor desgastada ainda ecoando na voz dela.

— Estava grávida do bebê de Mark. — Lágrimas derramaram dos olhos dela então, correndo em riachos pelo rosto dela, quando um grito rasgou de seus lábios. —Eu abortei. Perdi nosso bebê e eu sempre soube. — O punhos de Thea cerraram e apertaram em seu estômago, quando sua expressão desmoronou em agonia. — Sabia que quem matou Mark enviou alguém para que me machucasse também. — Ela olhou balançando para onde Jason se sentava frouxamente na cadeira em que estava amarrado, a frente de sua camisa agora encharcada com sangue da bala que rasgou o coração dele. — Eu sabia, e jurei que se tivesse chance, eu o mataria. — O ódio enchia seu tom agora. Seus olhos estavam tão escuros que pareciam contundidos, feridos. — Ele traiu tudo que acreditei em minha vida inteira, e destruiu tudo que amei. Se pudesse matá-lo novamente, eu o faria.

Ela embrulhou os braços em torno da mulher que sempre lamentou nunca ser sua cunhada, e a abraçou. Rule moveu-se por trás de Thea, olhando fixamente para ela, a compaixão, o remorso sombrio e uma pergunta em seus olhos.

— Está terminado. — Ela sussurrou, não apenas para Thea, mas para Rule também. — O monstro está morto agora. Está terminado.

Com isto, Rule deu um firme aceno com a cabeça, e quando Gypsy e Diane colocaram Thea na solitária cadeira na sala, ele e Lawe começaram o trabalho de dar fim ao corpo de Jason.

Gideon estava parado silenciosamente, vigilante.

Esperando.

Obrigado, ela murmurou silenciosamente, perguntando-se se ele entenderia que o presente que lhe deu assegurou que não fosse forçada a batalhar com Rule pelo confronto que se daria com Jason.

Ele assentiu com a cabeça uma vez, seu olhar retornando para Rule e Lawe.

— Dê-nos uma mão, porra. — Rule ordenou. — Precisamos despejar o corpo dele...

— Deixe isto. — Gideon rosnou, e ela jurava que as faixas através do rosto dele não estavam tão escuras quanto tinham estado, quando teve um primeiro vislumbre dele. — Sei o que fazer. Tire estas mulheres daqui e cuidarei disto. Apenas tire a porra do cheiro da dor dela para longe de mim.

Virando-se, ele espreitou para a outra extremidade da caverna, cruzando os braços sobre o peito e esperou.

— Vamos. — Rule decidiu, obviamente mais que disposto a aceitar a oferta dele. — Já tive o suficiente deste filho da puta fedorento por uma noite.

Lawe ergueu Thea em seus braços, enquanto ele e Diane se moviam em direção à entrada da caverna. O braço de Rule estava ao redor de Gypsy, puxando-a para sua lateral e saindo rapidamente.

Jonas nunca poderia saber sobre isto, ela sabia. Era um acordo que Rule fez com o diabo nove anos atrás, a primeira vez que traiu seu amigo, quando identificou o Bengala Judd e chegaram a um acordo. E agora mais uma vez, ele suspirou asperamente, depois que a mensagem de Gideon chegou há horas atrás. Afinal, os arquivos que o Bengala deixou para Jonas, tinha lhes dado tudo que precisavam para assegurar a saúde de Âmbar. Ela viveria. Algo que não aconteceria se não fosse por Brandenmore.

Quem poderia saber que Âmbar estava apenas a algumas de semanas de ser diagnosticada com a mesma leucemia virulenta, que quase matou uma das jovens que Jonas tinha procurado, Honor Roberts?

Mas Brandenmore provou isto. Os frascos de sangue que tirou do bebê antes de dar-lhe aquela primeira injeção, mantinha a prova. As amostras de sangue que Gideon deixou com os arquivos, junto com os registros de seus próprios testes nele.

Sua idade, a doença e um pequeno cromossomo que Gideon identificou e anotou, e uma observação que ele deixou que precisava ser estudada, eram as razões para o soro não matar o bebê, mas mataria um adulto por sua vez.

A razão por que Âmbar estava lentamente se tornando uma Casta também.

 

Acelerando para longe da caverna e de volta para o hotel, sentada imóvel e silenciosa, sentia uma inquietude prendendo sua atenção agora que tudo estava terminado. Uma inquietude que não tinha ideia como identificar. Nunca sentira isto antes. Nunca soube que existia.

Mas isto queimava em seu peito, enrolando-se ao redor de seu coração, e persuadindo-a a...

Ela olhou fixamente para o deserto, fechou os olhos e se perguntou como diabos possivelmente seria capaz de fazer isto.

 

A genética era uma vadia, especialmente a genética Casta.

Rule estava sentado nas sombras do bar naquela noite, batendo os dedos contra a mesinha redonda onde se sentava e fez uma careta para o grunhido baixo que ressoou em sua garganta.

Gypsy estava com sua família novamente. Seus pais, e em seguida sua irmã, ela afirmou. Tinha decisões a tomar. Ele tinha um pressentimento que aquelas decisões o afetariam mais do que ela estava dizendo.

Ela era a porra de sua companheira. Qual a porra do problema aqui? Não era como se houvesse um divórcio. Ela não podia fugir e nunca mais vê-lo novamente.

E ela o queria. O cheiro doce de sua boceta o tentou a convencê-la a esperar para lidar com sua família. O calor se elevando dela, dentro dele, tentando-o a reivindicar o que era seu e apenas dizer-lhe como caralho iria ser.

Isso não funcionaria com Gypsy entretanto, pensou com um suspiro. Ordene-lhe, e ela faria exatamente o oposto. Naqueles momentos preciosos em que passou enterrado profundamente dentro da alma dela, em que não havia nenhum início nem fim entre eles, aprendeu bastante sobre sua teimosa e determinada companheira.

Ele aprendeu o suficiente para saber que a distância que ela impôs entre eles, podia apenas significar uma de duas coisas. Ou estava decidindo como aceitar um futuro com ele, ou estava decidindo como expulsá-lo de sua vida.

Percebeu que estava rosnando novamente, aquele baixo estrondo perigoso erguendo-se em seu peito.

Genes de Leão filho da puta. O bastardo dentro dele estava puto e não estava disposto deixá-la ir, mais do que Rule estava disposto a deixar sua companheira ir. Infelizmente, a besta dentro dele estava brigando com o homem que Rule era, enfurecido com ele por dar à sua companheira o tempo que ela precisava.

Ele quase rolou os olhos ao pensamento. Como se fossem uma porra de entidades separadas ou algo assim.

A irritação que se erguia do animal enviava um desejo opressivo dentro de Rule de compassar, para satisfazer a inquietação arranhando.

Para encontrar Gypsy.

Para encher o beijo deles com o gosto de menta e chocolate que o hormônio de acasalamento parecia infundir — não admirava que não tivesse reconhecido a pequena quantidade que deslizou das glândulas quando a perseguiu.

Seus lábios ergueram-se, um grunhido quase soando em sua garganta novamente.

Maldito seja, sossega caralho.

Dirigindo uma ordem feroz ao animal agachado e pronto para pular, ele estava à beira de rosnar para si mesmo.

Nem pense nisto.

Aquele involuntário silencioso rosnado retumbou em seu peito, quando seus instintos estalaram novamente, como dentes afiados arranhando sua mente.

Podia sentir cada instinto como se fosse uma personalidade alternativa, compartilhando com ele a irritação e a inquietude que queimava dentro dele.

Nunca se incomodou em perguntar aos outros Castas se podiam sentir seu animal de tal modo. Inferno, nem tinha certeza que conseguiria a resposta que queria ouvir, e neste caso, não estava certo de que queria aceitar qualquer outra resposta.

Inteligente. Esperto. Às vezes enfurecido. Sempre inquieto.

No que dizia respeito à Gypsy, apenas puto da vida e ávido para voltar para ela.

O animal estava pronto para compassar neste momento, ou lutar. Uma briga pareceria bom para caralho. Punhos amontoados e batendo em carne, rugidos enfurecidos ecoando ao redor dele.

Inferno. A briga só aliviaria o agravamento queimando do ser bloqueado dos sentidos de sua companheira. Como caralho ela conseguiu fazer isto de qualquer jeito?

Roçando a língua contra os dentes para aliviar a irritação nas pequenas glândulas inchadas, Rule fez uma careta quando percebeu que estava apenas se torturando. Afinal, cada vez que as glândulas eram tocadas, mais do hormônio de acasalamento era derramado.

Glândulas Hormonais do Acasalamento.

Ele queria bufar para o título, quando se largou atrás em sua cadeira uma vez mais, e pegou a cerveja na frente dele e bebeu. Balançando a garrafa, apreciou a mordida fria do amargo, enquanto isto escorria sobre suas papilas gustativas, desejando que os efeitos disso sedassem o animal que de repente queria grunhir em desagrado.

Que diabo pensa que quer? Ele pensou com um estalo de raiva, questionando sua própria sanidade, enquanto tentava empurrar atrás a presença irritada.

Um grunhido retumbou em seu peito, fazendo seu cenho franzir imediatamente, enquanto olhava para o bar vagamente iluminado em que entrou, mais ou menos quatro cervejas atrás.

Volte a dormir, por que não faz isso? Ele ordenou à criatura. Foi isso que conseguiu por jogar a porra dos jogos de “Jonas” comigo por nove fodidos anos.

Manipulador, calculista filho da puta. Isto mordeu seu rabo por se imaginar uma criatura esperta o suficiente para esconder a porra do que estava acontecendo em seu subconsciente, dele. Como se a genética animal fosse separada. O que caralho estava acontecendo com isso?

Ele olhou para a cerveja. Quantas tomou?

Muitas, estava começando a acreditar.

Outro estrondo ecoou logo abaixo de sua respiração.

Um som de irritação e impaciência.

Feche o caralho da boca antes que eu cace aquelas pílulas que Merc tomou, para não ter que lidar com este merda!

Por anos, Mercury Warrant, um dos mais primitivos Castas Leão deles, foi forçado a tomar diariamente um medicamento para conter a última fase da insanidade dos Castas, conhecida como febre feral.

Aquelas drogas mantiveram seus instintos animais em cheque, de tal forma que era como colocar o animal dentro dele num sono profundo e frio.

Ele quase deu um rugido bem louco de riso, quando a genética de Leão altamente avançada de repente acalmou, como se surpreso pela ameaça. Teve a súbita e vaga impressão do animal que espreitava dentro dele, sentado sobre suas ancas, e encarando-o duvidosamente, como se debatendo se executaria realmente a ameaça.

— Aí vai você. — Ele rangeu para fora, tomando outro longo gole da cerveja fria, antes de expirar fortemente.

A reação poderia ser um pouco estranha demais para o gosto dele, mas pelo menos a besta pareceu disposta a se sentar, em vez de agravar a merda dele.

Inferno, não deveria estar aqui bebendo. Devia estar com sua companheira. Tocando-a. Amando-a. Fazendo o que pretendia e sussurrando seu amor por ela, dando-lhe a chance de perceber que era o que ela sentia por ele também.

Ele sabia que ela sentia. Sentiu isto no caminho de volta para o hotel, mais cedo naquela noite. Como uma pulsação de calor que ela perdeu o controle, queimando pelo coração dele, por sua alma, por um leve segundo.

Apenas o suficiente para deixá-lo faminto, ávido por mais.

Seu peito apertou, e o animal saltou para a frente novamente como se tomando completa vantagem da leve debilidade.

Para trás caralho!

Com as narinas chamejando e tencionando, ele conteve o animal interno violentamente, enquanto se perguntava se deveria tentar entender a causa da genética erguendo-se de repente dentro dele.

Mas fazer isto exigiria o agendamento de uma consulta com a Dra. Morrey, a Casta Leão especialista em fisiologia e a pequena espiã de Jonas. E não confiava nela muito, depois que tentou destruir Mercury.

Na verdade ela foi drogada e não estava trabalhando 100%, mas ainda assim. Aconteceu. Rule estava bem certo que não queria ter que experimentar isto por si mesmo.

Quando terminou a cerveja e colocou a garrafa apoiada com as outras quatro garrafas vazias, seu olhar foi atraído para o Casta entrando no estabelecimento.

Lawe nunca mais se juntou a ele para uma bebida, como costumava.

Esta besteira de acasalamento, Rule pensou furiosamente, enquanto tinha a vaga impressão do Leão dentro dele olhando para ele furiosamente.

Vá dormir, caralho.

Os olhos azuis de Lawe estavam estreitados nele, sua expressão pensativa.

Pegando o olhar do barman, Rule deu um pequeno aceno com a cabeça para indicar outra rodada de uísque e cerveja que estava bebendo. Lawe puxou uma cadeira, sentando-se antes de dar uma olhada para o barman também, e apontar para as quatro garrafas vazias que Rule colocou atrás das doses, indicando a cerveja que queria.

Voltando-se para ele, Lawe escorou os braços na mesa, debruçando-se atentamente, enquanto Rule permanecia largado atrás com toda a preguiça aparente.

A preguiça era uma ilusão. O animal dentro dele estava rosnando, rugindo e estalando furiosamente porque se recusava a buscar sua companheira. Recusava-se a exigir e implorar, o que fosse necessário para assegurar que ela não fosse embora.

Ela está acasalada conosco, ele lembrou a criatura distraidamente. Não pode ir embora.

Tão teimosa quanto ela era...

Caralho. Outro grunhido soou, este aqui mais perigoso que o de antes.

Lawe ergueu uma sobrancelha ironicamente.

— Rule, já considerou o fato que há uma grande probabilidade, no que me diz respeito, de considerar sua propensão para estes joguinhos de você estar relacionado ao Jonas?

Ele estava falando sério?

Rule olhou para seu irmão ressentido.

— Vá para inferno. — Murmurou, perguntando-se seriamente se Mercury tinha alguns daqueles sedativos de instinto que uma vez teve em seu poder.

Só que rapidamente seus instintos recuaram, o fazendo se perguntar seriamente se os genes animais não estavam de alguma forma tentando se separar em uma personalidade distinta.

 

Lawe coçou o queixo, ainda observando seu irmão de perto.

— O que está acontecendo, Rule? — Ele perguntou em voz baixa. — Por que está aqui em vez de estar com sua companheira?

Rule balançou a cabeça lentamente antes de correr os dedos por seus cabelos, num gesto de irritação.

— Precisava de uma bebida.

Ele precisava? Lawe o observou mais de perto, ainda sentindo aquela porta fechada para os pensamentos de seu irmão.

— Não posso, nem sinto quando está mentindo para mim mais. — Lawe declarou, parando quando o garçom trouxe suas bebidas.

Rule pegou primeiro o uísque, engolindo isto com uma careta e apertando os dentes, quando a queimação ardeu como fogo em suas entranhas.

O olhar de Lawe estreitou, seguindo a mão dele, quando colocou o copo ao lado dos outros quatro, assentados na frente das quatro garrafas da cerveja que já consumiria.

— Que diabo faz você pensar que estou mentindo? — Rule bufou como se a declaração não estivesse nem perto da verdade.

— Instinto? — Lawe sugeriu. — Conheço você, Rule. Me tirou de sua mente no minuto que percebeu que encontrei minha companheira. Aprecio o tempo que me deu para construir os limites ao redor de Diane, mas fiz isso dentro de semanas. Continua a não me deixar entrar, entretanto. Por que se trancou para mim, Rule? — Ele finalmente perguntou a Rule a questão que sabia que estava vindo.

Levantando a cerveja, Rule tomou vários longos e fortes goles, antes de soltar a garrafa com um baque forte de volta na mesa.

O olhar de Lawe moveu-se para a garrafa, então de volta para Rule. Quando ele se inclinou lentamente, seu corpo alto e largo movendo-se até que sua posição estivesse na mesma que Lawe. Os braços dobrados na mesa, debruçando-se para frente atentamente.

— Sabe por que fechei esse vínculo, Lawe? — Rule rosnou, o som tão animalesco, tão cheio de alguma emoção anônima que Lawe quase vacilou.

— Eu perguntei. — Lawe o lembrou. — Se recusou a me dizer.

— Apreciaria saber que sentia sua luxúria e ânsia por sua companheira? Ou que sentia seu prazer com ela quando você a tomava?

Lawe endireitou-se, apenas contendo o choque e o grunhido instintivo de rejeição que subiu em seus lábios.

A risada que veio de Rule era profunda e sombria, uma lembrança zombeteira de que às vezes Lawe suspeitava que o vínculo que estabeleceram, possivelmente poderia ser mais profundo do que pensou, no que dizia respeito à Rule.

— Não se preocupe, irmão. — Rule recostou-se de volta, uma zombaria curvando seus lábios, por Lawe nunca desconfiar que seu irmão sentisse o tesão dele. — Esse arrombado Leão dentro de mim certificou-se que não espiássemos você. Além disso, ele estava muito ocupado me importunando, com as desculpas para viajar para fora daqui, para averiguar minha própria companheira.

Lawe piscou para Rule, enquanto ele pegava sua cerveja e terminava isto num longo gole.

Rule não esteve com ele naquela missão para rastrear a irmã da companheira de Jonas. Lawe entrou com Mercury, Dog e vários outros da Agência de Execução para encontrar Diane.

No segundo que pegou o cheiro da solitária prisioneira algemada na escura e úmida cela, soube que era sua companheira. Soube que estava machucada, sentiu o cheiro de suas lágrimas. Segundos antes de seus instintos enfurecidos pela afronta das lágrimas de sua companheira e sua dor serem suplantados pela raiva, se lembrou daquele vínculo estalando no lugar.

Eles raramente lutavam separados. Ele e Rule sempre souberam que lutar juntos os deixava mais fortes. Lawe não sabia que o vínculo dele poderia alcançar tal distância até aquele momento, entretanto. A força de seu irmão foi para ele naquele segundo. Seu controle, sua habilidade de conter todas as emoções, forçar de volta qualquer debilidade infundida em Lawe.

Ele sentiu o animal de Rule em seguida, também. Ele tinha centrado o seu, mantendo-o atrás com propósito de aço, enquanto Lawe conseguia levar sua equipe para salvar a mulher, cujo cheiro enrolou-se ao redor de sua alma, e abriu seu coração.

No segundo, no momento que teve Diane no heli-jato e o perigo para ela diminuiu significativamente, o vinculo que não sabia que estava efetivamente em suas vidas, de repente desapareceu.

Sabia que estavam lá quando enfrentavam o perigo, quando seus instintos estendidos e combinados, criavam os temidos guerreiros que se tornavam. Mas até aquele momento, não percebeu que ele e Rule nunca foram uma entidade completamente separadas.

Até o momento que sentiu um isolamento total e completo.

Uma respiração mais tarde, aquele isolamento foi infundido com o conhecimento e o cheiro de sua companheira, entretanto. Ele estava tão pasmo com isso, tão surpreso pelo guerreiro que sua mulher era, e sua inabilidade para controlar a necessidade do animal de protegê-la, que esqueceu o único sopro de tempo em que sentiu a escuridão total, a total solidão dentro de suas memórias, seus tormentos.

Aquela solidão que seu irmão conhecia desde aquele momento.

A maldição que chiou dele fez Rule olhá-lo com uma distância, que Lawe não mais se ressentia.

Como poderia se desculpar? Dizer que sentia muito seria mais uma mentira como qualquer outra que já falou, porque significaria dizer à sua companheira que estava arrependido pelos entendimentos, o amor e a união completa que encontraram juntos.

— Não há nada para se lamentar. — Rule declarou distraidamente enquanto gesticulava para o barman novamente.

Lawe olhou fixamente para as cinco rodadas, as cinco garrafas de cerveja que estavam vazias na mesa, junto ao cotovelo de Rule novamente, e percebeu que não falou aquelas palavras em voz alta.

Fortalecendo as proteções ao redor de seus pensamentos, perguntou-se o quão forte aquele vínculo com seu irmão realmente era. E de repente, não ficou tão surpreso que Rule tivesse aprendido tão bem a manobrar os outros tão facilmente.

— Você já teve o suficiente. — Lawe finalmente disse a ele, percebendo que Rule parecia determinado a beber até ficar um lutador bêbado.

Não era uma boa coisa.

Que diabo estava acontecendo aqui?

— Ainda não, não estou. — Rule suspirou. — Ainda estou consciente.

 

Não era a escuridão sombria do que tinha bebido que o enchia. Não era a raiva ou o ressentimento; ele até mesmo entendia por que Gypsy precisava deste tempo com sua família, primeiro.

Mais ou menos, de qualquer maneira.

Era aquele maldito Leão o deixando louco. Podia sentir seus instintos — os fodidos instintos podiam sentir o Leão estalando nele furiosamente, exigindo que fosse até Gypsy agora. Que forçasse toda aquela “você me ama?” questão.

Isto seria repugnante. Seria um filho da puta se fizesse isto. Ele não ia implorar para ela por merda nenhuma.

Ele franziu o cenho pensativamente. Inferno, talvez estivesse ficando louco.

Mais de um Casta de Leão ficou feral depois de escapar dos laboratórios do Conselho de Genética. Não era desconhecido que alguns Castas deslizaram para a fúria selvagem e nunca retornaram. Isso era o que estava acontecendo com ele agora?

Exceto que os Castas acasalados não ficavam ferais.

Não havia uma única instância de Castas acasalados deslizando para a febre feral. Como se o acasalamento propriamente estabilizasse a raiva da criatura.

— Retorne para sua companheira, irmão. — Rule suspirou cansado, quando o barman colocou o uísque e a cerveja na frente dele.

— Não é seguro aqui. — Lawe suspirou. — Se vai embebedar-se até o estupor, então ficarei com você até que esteja pronto para retornar ao hotel.

Rule balançou a cabeça.

— Não retornarei ainda. Se não estiver um pouco mais bêbado, então poderei envergonhar a mim mesmo.

Ele seria um amaldiçoado se ia implorar que ela o amasse. Tinha algum orgulho. Tinha um pouco de autocontrole.

Ergueu a dose, e lançou isto para dentro, e pensou com uma medida de conforto, que a mordida do álcool não era quase tão feroz neste momento.

Olhando de volta para seu irmão, Rule estava divertido vendo a preocupação nos olhos de Lawe. Sem dúvida, na primeira oportunidade — ele riu silenciosamente para os dois Castas que entravam no bar. Ah bem, talvez ele tivesse sido esperto o suficiente para chamar reforços antes de entrar.

Ele virou seu olhar para seu irmão pensativo.

— Babás? — Ele perguntou.

Lawe encolheu os ombros, em um gesto de desprezo.

— Suponho que estejam aqui para uma bebida.

Eles estavam agora?

Loki — aquele mentiroso Coiote do caralho e seu mestre Dog — ou Jonas era o mestre de ambos? Alguns dias se perguntava que Casta sabia seu próprio caminho, e que Casta meramente se contentava em permitir que Jonas o guiasse.

Ele sorriu ironicamente para os dois Coiotes.

— Como conseguiram escapar do casamenteiro do Jonas é o que eu quero saber.

As sobrancelhas de Dog se arquearam com uma medida de indulgência educada, antes de olhar para Lawe.

— Ele já está bêbado?

— Ele está chegando lá. — Rule assegurou aos três.

Lawe grunhiu para isto, lanceando um olhar em direção a Dog como se compartilhassem alguma mensagem não dita.

Colocando o copo de lado, Rule ergueu a cerveja para seus lábios, e uma vez mais, quando abaixou isto, apenas metade da bebida fermentada permanecia.

— Acredito que a razão de seu irmão vir procurar por você... — Loki foi o único a falar, o tom áspero de sua voz sempre fez Rule se perguntar quais torturas os cientistas do Conselho inventaram para destruir a voz dele de tal modo, — ...era para arrastá-lo de volta para nosso estimado diretor para um esclarecimento.

— Eu me tornei meu relatório. — Ele franziu o cenho, mas a declaração antecipou a próxima ordem.

Por que esperar entre cada bebida? Por que inferno estava ficando bêbado lentamente, quando podia fazer isto em poucas horas, em vez de uma bebida por hora?

Eficiência, lembrou a si mesmo, começando a erguer a mão para indicar mais, quando a mão de Loki de repente estava segurando seu pulso.

O animal reagiu, chegando extremamente perto da pele no momento; a afronta se tornou um insulto de proporções inimagináveis. Antes de qualquer um saber seu intento, ele arremeteu com seu braço direito, os dedos enroscados num punho de ferro que se chocou com o rosto de Loki, antes do Coiote poder evitar isto.

Ele nem sequer teve um segundo para apreciar a surpresa que imediatamente transformou o rosto do Coiote, antes dele ser lançado para trás com cadeira e tudo — Rule não pode evitar rir da visão — de vê-lo voando para trás.

Rule golpeou a coxa, rindo tão forte que admitiu que só pudesse estar um pouco bêbado afinal.

Olhando para Lawe e Dog, o choque completo em seus rostos, os olhos deles arregalados, enquanto suas cabeças sacudiam com a visão de Loki esparramado no chão para a risada de Rule, o que o fez rir mais forte.

Até um grunhido animalesco soando pela sala, de repente se chocar com ele.

Ele não foi voando.

Rule balançou as súbitas luzes espalhadas em sua visão, antes de virar a cabeça, bem lentamente, e soltar o animal que estalava em seus sentidos.

— Caralho. Rule. Você atacou primeiro. — Lawe de repente estava entre eles, dirigindo um olhar para Dog. — Contenha seu homem.

— Conter meu homem? — Ele puxou um charuto fino do colete de couro que usava, seu sorriso apertado, enquanto o inseria entre os lábios e pegou uma caixa de fósforos do outro bolso.

Todos observavam, fascinados, enquanto ele acendia o tabaco. Até Rule olhou sobre o ombro de Lawe para olhar para Loki, os lábios dele puxaram atrás das curvas presas, seus olhos iluminados com um fogo interno que era francamente estranho.

Rule teve que rir da visão.

Então Loki agarrou Lawe e o lançou para fora do caminho, antes de seu irmão poder antecipar o movimento e revidar. Perdendo o equilíbrio, ele caiu de bunda no chão, rosnando. — Foda-se. Chute o rabo dele, Rule.

Seus sentidos se abriram. Inferno não, ele não lutaria justo. A companheira de seu irmão não estava aqui agora, e nem estava a sua, e ele estava bêbado. Poderia precisar de uma pequena ajuda extra...

Fez tudo que pôde para não rir, quando seu punho esquerdo foi para o rosto de Loki, atingindo e lançando o Coiote em seu comandante. O charuto foi para um lado e Dog foi para outro com um rosnado...

— Inferno que sim. — Ele gritou. — Vamos pegá-los.

 

Gypsy olhou para a visão do seu machucado, espancado amante de banho tomado. . . companheiro, ela emendou, e teve que conter um sorriso ao vê-lo dormir.

Forçá-lo a entrar no chuveiro não foi tão duro como ela previu. Claro, teve que aguentar as mãos dele tateando, tentando puxá-la com ele. Felizmente, seu macho adulto Casta leão tinha simplesmente estado condenadamente bêbado para realmente colocar muita força nisso.

De manhã, seu olho estaria terrivelmente inchado, e seu lábio rachado. Ele jurou que Loki tinha uma costela quebrada, enquanto devia ter perfurado o pulmão de Dog com um punho.

Lawe ainda estava rindo como um louco quando ele e Jonas jogaram Rule dentro da suíte e olharam para ela como se fosse tudo culpa dela.

E talvez fosse.

Ela sentiu a solidão horrível circulando enquanto lidava com sua família e suas próprias emoções. Seriam apenas algumas horas, disse a si mesma, e, em seguida, ela pretendia consertar isso.

Ela não tinha intenção que ele ficasse completamente bêbado e desordeiro, enquanto esperava, mas isso era exatamente o que ele fez. Embora Lawe assegurasse que Dog e Loki pareciam piores.

Pensar em Loki trouxe sua irmã à mente. Kandy escutou como Gypsy explicou a morte de Mark, e seu pai explicou, ou tentou explicar, à sua mãe.

Quando acabou, Kandy sacudiu a cabeça, virou-se e saiu da casa dos pais dela. Quando Gypsy saiu também e olhou para os apartamentos, percebeu que a picape pesada preta que estava estacionada na mesma rua não estava mais lá.

Loki esteve com sua irmã durante semanas e Gypsy não percebeu isso. Até agora.

O que aconteceu que o Casta Coiote não estava mais ocupando espaço num dos poucos lugares de estacionamento na rua detrás, ou no apartamento de sua irmã?

Ela teria perguntado, mas quando começou a percorrer o caminho, Kandy partiu novamente. Movendo-se rapidamente à sua própria caminhonete, ela acelerou do estacionamento antes de se virar e ir para a cidade.

Agora, bem depois da meia-noite, Gypsy sentou ao lado do seu bêbado, maltratado companheiro e não pode conter um pequeno sorriso puxando seus lábios. O tempo todo que estava com a irmã e os pais o sentiu, um pouco além do escudo que colocou ao redor de seus pensamentos.

Rule não parecia ser o mais autocrático, tão dominante como ela estava aprendendo que podia ser. Ainda assim, ele respeitou o escudo, mesmo que tivesse ficado bêbado e aparentemente começado uma briga com Loki e Dog em seu lugar.

—Leão tolo. — Ela murmurou baixinho, seu coração amolecendo tão lentamente que permitiu que seus sentidos o encontrassem mais uma vez. —Realmente achou que eu não estaria de volta?

O homem podia ficar instável com a bebida, mas o Leão, esses sentidos animalescos que norteavam tanto dele, estava lá. Ela quase podia imaginar a criatura rabugenta exausta, deitada com a cabeça em suas patas e olhando para ela tristemente.

Passando a mão carinhosamente ao longo do peito de seu companheiro, ela encontrou-se completamente incapaz de ficar zangada com ele. Aprendeu tantas coisas num espaço de tempo tão curto. Mais importante, porém, aprendeu como este Casta que jurou cuidar dela desde o momento que sentiu nela sua companheira, e a esteve verificando desde a noite que Mark foi morto. As viagens que fizera ao Novo México. Os anos e favores acumulados numa tentativa de garantir que não importa o que pudesse acontecer com ele, ela seria sempre cuidada.

O silêncio dela, frequentemente espirituoso, muito intenso para o Casta, deu a Jonas motivação para seu dinheiro quando veio garantir sua proteção, e a felicidade que ela poderia ter encontrado.

Calor envolveu seus sentidos, uma espécie de cansaço cutucando, como se estivesse encostada numa porta, mal aberta, batendo suavemente.

—Vi você em um bar lotado e nossos olhos se encontraram. — Ela sussurrou enquanto deixava os dedos percorrerem seu cabelo ainda úmido. —Azul néon, sombreado, mas quente. Você me atraiu, você me aqueceu. Me confundiu. Fez-me querer, me fez ansiar e me fez suspirar. — Com a ponta dos dedos, acariciou a linha de seu ombro, onde o cabelo dele terminava. —Sonhei com você nessa noite e em todas as noites depois. O procurava onde quer que eu fosse. Mantive sua imagem perto de mim, não importa onde me encontrava. E sofria. Até que senti seu abraço. — Seus dedos arrastaram ao longo de seu peito. — Seu calor, seu gosto, o prazer de ser possuída por você. — O coração dele estava disparado.

Gypsy conteve o sorriso. Talvez estivesse um pouco mais consciente do que ela estava lhe dando crédito.

— Deveria ter contado. — Sua mão parou na borda do lençol, logo abaixo das costelas. — Como a cada vez que te via, via seus olhos, via o Casta que me salvou naquela noite. Cada vez que te via, te amava um pouco mais. Amava você mais profundamente. Te amava mais verdadeiramente.

Ela levantou os olhos para ele para ver o brilho tão rico, do aquecido olhar azul sob os cílios, mergulhados em excitação sonolenta.

Sua mão deslizou sob o lençol e encontrou a carne endurecida com fome e latejante sob seus dedos.

Sua mandíbula enrijeceu quando ela correu a palma da mão abaixo do seu eixo espesso até as esferas firmemente agrupadas de seus testículos, onde suavemente envolveu a mão em concha.

— Você me excluiu. — A acusou, sua voz forte e rouca.

— Tinha que pensar, Rule. — Ela o repreendeu. —Haverá momentos em que tenho que pensar, vezes que vou ter que resolver minhas emoções por mim antes de me expressar. Se ficar bêbado e lutar a cada vez, então Dog e Loki vão começar a protestar.

Ele resmungou.

—Foda-se. Da próxima vez, vou encontrar um homem para bater. Eles não batem tão forte. Dog perfurou um pulmão, Gypsy. — Ele afetou um olhar de herói ferido que quase quebrou a resolução dela de não rir dele. — E Loki quebrou uma costela. Eu sei que o fez.

— Pobre Leão. — Ela suspirou, afastando o lençol de lado quando abaixou a cabeça para uma contusão desagradável formando-se logo abaixo de um lado do seu peito largo. — Ajudaria se eu beijá-lo para melhorar?

Ela soprou um beijo leve sobre a contusão.

— Você continua beijando e vou deixar você saber. — Ele sugeriu com dor afetada. —Estou certo que acabará.

Uma ponta de certeza cutucou seus sentidos. A contusão foi tremenda, mas Castas não sentiam dor como seus primos humanos sentiam. O falso... a dor podia ter sido ruim por uma hora ou mais, mas duvidava que seria mais do que uma pontada, não importa o que estava fazendo.

Ele espreguiçou-se contra ela, os dedos da mão amplamente enroscados em seu cabelo para pressionar os lábios mais perto da carne maltratada.

— Eu poderia precisar de um monte desses beijos. — Ele murmurou, o som profundo, áspero de sua voz aumentando o calor crescendo debaixo de sua própria carne e entre as coxas.

Ela lambeu sobre a contusão, sentindo seu corpo grande tensionar, flexionando com a sensação.

— Muitos? — Ela perguntou sem fôlego. — Pode demorar um pouco. Tenho certeza de que você está cansado.

— Sim, eu deveria estar — ele gemeu. —Mas vou tentar me certificar de ficar acordado para isso. Só para ter certeza que chegue a cada contusão.

Ela não pôde evitar o riso leve que escapou.

— Eu te amo, Gypsy Rum. Por muito tempo, eu te amei.

As palavras a fizeram pausar, piscando para conter as lágrimas e erguendo o olhar para encontrar a séria, profunda emoção enchendo o dele.

— Você deveria ter me contado. — Elevando-se sobre ele, ela deixou que seus lábios se encostassem suavemente contra os dele, cuidadosa com a carne que o soco pesado tinha dividido. — Deveria ter me deixado te amar, Rule.

O longo comprimento do seu cabelo escuro caiu sobre os ombros, encobrindo-os num casulo íntimo quando ele olhou para ela, puxando-a para ele, os lábios se abrindo.

Chocolate e menta encheram seus sentidos, especiarias quentes e a doçura de um amor que conhecia mais que o egoísmo, mais que a ganância. Um amor que observou, esperou, e quando a vida que escolheu já não era o que queria, ele estava lá.

Esse conhecimento se infiltrou nela, não a partir do homem, mas a partir do que estava começando a chamar de animal que moderava o homem.

— Sim. — Ele sussurrou. —Porque se soubesse que estava comigo, eu teria tocado o inferno a ter que esperar que você fizesse dezoito anos. Ganancioso. Impaciente e egoísta. Eu teria tomado tudo que pudesse e suplicaria para você gostar.

Seus lábios se juntaram novamente, sua língua esfregando contra a dela, o sabor viciante dele infundindo seus sentidos ainda mais, até que precisaram tomar ar.

— Você teria que correr. — Ela continuou o debate sensual em que, quando palavras eram ditas, as emoções eram despertadas e o conhecimento sussurrava para ambos.

— Pense — Ele mordeu os lábios dela. —Eu estava lá na noite em que completou dezoito anos, Gypsy. De pé na parte detrás da multidão, observando, ansiando por você quando apareceu com suas novas calças de couro e as pecaminosas botas de salto alto que usava. E tudo que podia ver era a solidão que a cercava e como eu sofria para substituí-la com uma fome por meu toque, meu beijo.

Seus lábios inclinaram sobre os dela, enquanto ela arfava de prazer, de surpresa.

Seus lábios roubaram sua razão, roubaram objeções se houvesse qualquer uma. Suas mãos a seguraram contra ele, uma enterrada em seu cabelo, a outra segurando sua cintura, enquanto sua língua com piercing e seus lábios, penetravam sua boca e derramava mais do sabor rico em seus sentidos. Uma e outra vez, como se estivesse transando com sua boca. . .

A imagem dele fazendo exatamente isso arrastou um gemido quebrado de ambos.

Ela afastou os lábios do dele, chovendo beijos para baixo da linha dura de sua mandíbula, a área surpreendentemente sensível de seu peito e ao longo do abdômen rígido onde o cume latejante de seu pênis esperava impacientemente.

Oh Deus, estava com fome dele.

Seguindo suas mãos orientadoras em seu cabelo enquanto ela se movia entre suas coxas, Gypsy viu-se se tornando perdida nos prazeres e fantasias que enchiam sua mente enquanto o tocava.

No entanto, quando sua língua lambeu sobre a cabeça contundente de seu pau e o selvagem gosto escuro de seu pré-sêmen explodiu contra seu paladar, a fantasia foi obliterada. Chocante fome, ganância protetora e uma enorme necessidade circularam suas próprias emoções. Como se estivessem embrulhando seus sentidos em torno dela, assegurando que nunca temesse permiti-lhes liberdade. Só ele a conhecia. E nunca confundiria a sexualidade vulnerável que ela escondia dentro de sua alma com fraqueza.

Como se o conhecimento fosse tudo que era necessário para liberar a mulher faminta dentro dela, Gypsy a sentiu escapar. Tudo que ela reteve ao longo dos anos, tudo que se negou.

Seus lábios se separaram, sua boca mergulhando na cabeça de sua ereção, sentindo-o penetrar seus lábios, enquanto ambos gritavam de prazer.

Seu prazer girou em torno dela. O dela encontrando-se e fundindo-se com o dele. Como uma tempestade que ameaçava nunca acabar.

Chupando a cabeça contundente, enquanto empurrava para trás e para a frente entre os lábios, Gypsy se entregou às chamas lambendo ao redor dela, dentro dela. Ela lambeu o pequeno ponto sensível abaixo da cabeça que latejava um pouco mais forte, sentindo um pouco mais quente. Lá, onde o acoplamento masculino lançava a lingueta e o prendia dentro dela.

Sua vagina se apertou em fome, em seguida, o calor escorregadio se derramando para as dobras inchadas e o broto distendido de seu clitóris quando ela apertou as coxas firmemente juntas e chupou mais fundo nas profundezas de sua boca.

Quando o segurou o mais profundamente possível, sua língua ondulando contra a carne sensível sob a cabeça agora, seus cílios se ergueram, seu olhar encontrando o dele.

—Deus, isso é bom. — Ele gemeu, ofegante. — Porra, Gypsy, sua boca é tão boa. Me chupa muito bem.

Dedos fortes apertaram em seu cabelo novamente, puxando os fios quando ela começou a mover a boca sobre ele, encontrando cada impulso para cima de seus quadris enquanto a fodia na boca.

— Ah, porra, sim. — Ele rosnou. —Lamba assim mesmo, querida. Caralho, é tão bom. Tão quente e tão bom.

Segurando a base do eixo com uma mão, acariciou o resto até onde seus dedos encontravam os lábios. Sua cabeça balançava para cima e para baixo, sua língua lambendo, acariciando, deixando ambos loucos quanto aos desejos encontrados, unidos e girando ao seu redor com uma necessidade incrivelmente feroz de agradar, de prazer, a ponto de explodir.

As coxas fortes estavam tensas, duras, como seda sobre o ferro quando elas se flexionaram ao lado de seus ombros. Controlado e feroz, seu Casta rosnou, quase ronronou e amaldiçoou quando o prazer aqueceu e a sensação de umidade escorrendo de sua vagina para as dobras exteriores atraiu um gemido indefeso dela.

Subindo até que seus lábios cobriam apenas a cabeça sensível do local onde a lingueta pulsava sob sua carne, ela chupou com mais força. Enrolando a língua em torno dele, lambendo, batendo contra a fenda estreita, onde o sabor de seu pré-sêmen a tentava, Gypsy brincou e tentou o animal rosnando debaixo dela.

Quando ele a tomasse — quando fosse para trás dela, agarrasse seus quadris e engrossasse nela sem parar — ela iria ser marcada pelo prazer-dor dele.

Ela deixou a imagem disso encher sua cabeça, as sensações lembradas torturando ambos, quando ela sentiu seu pênis enrijecer, engrossar ainda mais. Ele estava transando com os lábios dela com estocadas curtas, duras, a cabeça de seu pau enchendo sua boca, raspando contra sua língua enquanto ele gemia como se em agonia.

—Chega.

Antes que ela pudesse detê-lo, ele a tinha de costas, seus lábios se movendo para os mamilos. Se pensou em torturar a cabeça do pau dele com a boca, então ele fez mais que pensar em torturar seus mamilos com a dele.

Chupando um entre os lábios, ele apertou a sucção molhada, atraindo-a com a lixa um pouco áspera de sua língua, enviando um flash de forte, requintado e impressionante prazer em seu ventre, no broto muito sensível de seu clitóris.

Seus dedos deslizaram abaixo de seu abdômen enquanto seus dentes raspavam o pequeno botão de seu mamilo. Sua mão em concha na sua buceta, os dedos enrolando para dentro para encontrar a entrada apertada da carne interior, com fome.

Dois dedos masculinos amplos afundaram dentro da carne saturada, imediatamente inundando seus sentidos com prazer ardente, alongando a necessidade agonizante quando ele empurrou para as profundezas dela, seu pulso girando, os dedos alcançando fundo dentro dela para encontrar esse lugar logo abaixo de seu clitóris.

Os olhos de Gypsy se abriram, ardentes.

—Rule, por favor — Ela gritou quando ele começou a espalhar beijos de seus mamilos ao seu estômago, barriga, movendo-se entre as coxas dela enquanto seus dedos acariciavam, esfregavam e a mantinham equilibrada na beira do êxtase.

—Oh Deus, deixe-me gozar. — Ela gritou, apertando os dedos nos cobertores embaixo dela enquanto se esforçava para ele. — Rule, por favor. . . Oh Deus, não pare.

A penetração recuou, diminuiu.

Agarrando seus quadris com as duas mãos agora, ele os levantou, baixando sua cabeça.

Um gemido de necessidade faminta deixou seus lábios quando empurrou sua língua dentro dela em seu lugar. A ponta rugosa lixando e lambendo dentro dela, pressionando dentro, enfianda através dos escorregadios músculos se apertando como se em agonia. Com o prazer mais requintado que ela já conheceu.

Ele a comeu luxuriosamente, lambendo seus fluídos, rosnando com fome, quando a impressão dos sentidos tornou-se imersa em seu gosto, em sua necessidade, caiu em sua mente.

Ele fodeu sua boceta com a língua como se tivesse sempre ansiado pelo gosto dela. E talvez tivesse. Anos de fantasia estavam à deriva através de sua mente e ele não fez nenhuma tentativa de escondê-los dela. E esta foi uma das suas favoritas. Erguendo-a para ele, lambendo-a como um deleite favorecido para sua língua faminta.

Repetidamente empurrou no canal necessitado, preenchendo-a com sua língua, seus fluídos agarrados aos lábios cada vez que ele se afastava, seu olhar fixo com o dela.

Segurando suas coxas com seus largos braços, ele a manteve aberta para ele, perverso e com fome.

E ele a deixou olhar.

Deixou-a ver como se afastava, seus sucos agarrados entre suas dobras e seus lábios como néctar. Cada golpe para dentro de sua língua vinha com as lambidas vibrantes dentro dela, enquanto a saboreava. Devorava.

E Gypsy estava certa que não poderia sobreviver. Seu clitóris pulsava quase dolorosamente com a vontade de gozar, explodir, deixando-a louca.

Deus, ela precisava. Precisava dele.

Afastando-se, sua língua acariciando subiu, seus dedos voltando, empurrando dentro dela enquanto seus lábios rodeavam o pequeno broto de seu clitóris e queimava seus sentidos com a fome, com sua necessidade.

Empalando as profundezas aquecidas de sua vagina, seus dedos separaram a carne sensível lá, fazendo movimentos de tesoura e a acariciaram, estirando-a, derramando mais de seus fluídos quando ela se ergueu para ele, desesperada agora para escapar do prazer caótico aguardando-a.

Sua língua enrolou em torno de seu clitóris, chupando-o para o calor de sua boca, trabalhando a boca em torno dele, esfregando-o com a língua. Rosnou, o som estrondoso com as vibrações da ganância sensual e impressionante num gatilho que ela não sabia a sensualidade que possuía.

Ela explodiu.

Gritando, caindo sobre seus dedos um segundo antes de ser dissolvida em torno do prazer penetrante, Gypsy sentiu-se desfazer em pedaços.

Ela não existia mais, não fisicamente.

Ela era prazer. Nada além de uma estrela supernova erótica gozando nos braços de Rule.

Seus quadris empurraram contra a pressão da sucção de seus lábios ao redor de seu clitóris e ela explodiu um segundo depois. As explosões alternadas rompiam através de seus sentidos, jogando-a alto, levando-a ainda mais num mundo onde nada além da sensação a governava agora.

As explosões violentas ainda estavam enviando tremores percorrendo através dela, quando ele ficou de joelhos, levantou seus quadris para ele e observava, oh Deus, ele olhava, como a cabeça de seu pau começava a empurrar para a entrada apertada que buscava.

Sentia cada molécula de sensação.

O calor. A extensão da carne mais espessa que os dedos que ele tinha empurrado dentro dela para prepará-la. O pulsar duro do cume, a potência no eixo duro como ferro.

—É isso aí, baby. — Ele rosnou, suor deslizando pelo peito em regatos finos quando seus olhos escureceram, resplandecendo mais brilhantes. — Me tome assim. Toda apertada e escorregadia, com todos os sucos bonitos se agarrando a mim enquanto essa boceta apertada me suga direto para dentro.

Outro grito soltou de seus lábios quando ela percebeu que estava sendo puxada direto para a subida constante para outro orgasmo antes que o primeiro fosse concluído, jogando-a através da tempestade sensual que a havia possuído.

— Rule. — Uma mão agarrou um de seus pulsos enquanto a outra rasgava os cobertores por baixo dela. — Faça. Oh Deus, não sei se posso suportar isso.

O prazer era uma tortura, êxtase torturante quando ele a tomou lentamente. Então, lentamente, deixando-a sentir cada centímetro de seu deslizante pau dentro dela, abrindo-a com a cabeça larga, contundente, marcando a reivindicação, marcando sua carne interior com calor erótico.

—Essa pequena boceta apertada me suga como uma boca com fome. — Ele gemeu, as palavras explícitas mais involuntárias, uma expressão e extensão do seu prazer mais que qualquer outra coisa. — Sim, fode, me chupa inteiro, baby. Aperte essa boceta faminta ao meu redor.

Metade rosnado, metade grunhido deixou seu peito enquanto ela fazia exatamente isso, involuntariamente, ao som da ordem sexy.

—Isso é um sonho. — Ele empurrou mais fundo, seu quadril flexionando, dirigindo sua ereção dentro dela outra polegada, puxando atrás, afundando de novo quando ela começou a se contorcer debaixo dele.

Era tão bom.

Era muito bom.

Ela não sabia se poderia sobreviver. Se poderia sobreviver à explosão vindo.

— Rule! — Ela tentou gritar para ele quando de repente ele se moveu dentro dela.

Tomando-a num único golpe profundo, enterrando suas bolas e seu pau profundamente dentro dos tremores internos apertadas de sua vagina enquanto a sensação começou a pulsar, a latejar dentro de seus sentidos quando ela sentiu o crescente orgasmo.

— Deus, sinto o seu prazer — ele gemeu quando a olhou atordoado, a fome quase incompreensível. — Ele me rodeia, Gypsy. Me golpeia.

Como o seu fazia com ela.

Afastando-se, ele se dirigiu dentro dela novamente, mas desta vez, não parou. Empurrou seu braço sob seus quadris, os levantou e começou a fodê-la com uma fome dilacerante, fora de controle.

Se percebeu seu prazer, ela jurou que sentiu o dele. A carne ultra-apertada ondulando, agarrando-o, acariciando-o enquanto ele afundava nas profundezas, a cabeça do pênis enterrada na carne, como se a ponta contundente houvesse se enterrado num raio líquido.

Prazer atingiu o cume sensível, enrolou em torno do eixo, acariciou e se moveu, lambeu com prazer elétrico que só aumentava a cada estocada dentro, até que ele estava se lançando dentro dela com mais força, uma escalada de prazer, tomando-a, comprimindo-a para si, até que de repente perfurou os sentidos de ambos com golpe após golpe, de tal êxtase, que Gypsy se perguntou se iam sobreviver.

Sua vagina se apertou ainda mais em torno dele, flexionando e ondulando quando o primeiro jato forte de sua liberação pulsou dentro dela. Então o inchaço se estendeu a partir de seu eixo, logo abaixo da cabeça de seu pênis. Ficou rapidamente ereto, aconchegando-se na fenda estreita atrás do seu clitóris e aumentando a sensação, o prazer brutal com raio após raio de sensação, mesmo enquanto o pulso de sua liberação ejaculou dentro dela.

Quando acabou, parte de seu peso desabou sobre ela, o resto desossado contra a cama, exaustão infiltrava através dela. Através de cada músculo, cada osso e células, até que chegou a uma parte oculta sombria de sua alma.

Mas Rule sabia que estava lá. A encontrou, por que não tentou forçá-la a se abrir, não tinha certeza.

Uma sensação de reprimenda suave tocou seus sentidos então.

Não, ele nunca iria forçá-la.

Ele nunca iria tomá-la dela.

Era dela para dar como nada mais poderia ser.

Era mais preciosa que seu amor, mais caro a ele do que sua risada ou seus sorrisos, ela percebeu.

Gypsy timidamente jogou o anteparo que tinha construído anos atrás entre ela e qualquer um que ameaçasse tocar seu coração.

Mas Rule fez mais do que ameaçar tocá-la. Ele a possuiu. Era dono de cada parte dela, mesmo esta parte frágil, tão vulnerável de sua alma.

Pela primeira vez em nove anos, Gypsy deu sua confiança.

Completamente. De boa vontade e sem hesitação se ligou a essa Casta, tanto ao homem como o animal interior.

Ele encontrou energia para levantar a cabeça, roçar os lábios contra os dela, em seguida, encontrar seu olhar.

Eles não tinham que falar.

Podiam sentir.

Não tinham que fazer votos.

Já estava tudo lá.

Nessa conexão que nunca teria existido se o homem não pensasse que podia criar vida, se o Todo-Poderoso não tomasse essas criações e as fizesse Dele próprio.

Uma conexão que dava ao seu Casta, completo acesso ao seu coração e alma.

Mas deu a Gypsy completo, amor cativante, dedicação e uma garantia, que mesmo que o amanhã não chegasse, agora, aqui em seus braços, ela estava finalmente completa.

 

— Ela era a criança que não acreditava que seria abençoada. — Orrin Martinez sentou-se com seus dois filhos e suas famílias. Suas mulheres e crianças.

O presidente da Nação Navajo, Ray Running Wolf Martinez; sua esposa, Maria, e filha Claire. O filho mais novo de Orrin e assessor jurídico, Terran Martinez, e suas duas filhas, Isabelle e Chelsea. Atrás de Isabelle estava seu companheiro, o negociador Casta Coiote, Malachi Morgan. Sentado logo atrás de Orrin e ao seu lado estava o chefe de Segurança da Sede da Nação Navajo, Audi Johnson. Atrás dele, sua esposa, Jane e sua filha, Liza Johnson, bem como o companheiro Casta Lobo de Liza, Stygian Black.

Toda a família de Orrin Martinez, bem como seu advogado confrontava dois Castas Leão e suas companheiras, que foram convocados pelo responsável dos chefes das seis tribos para responder à pergunta de sua declaração de parentesco com a família Martinez.

Rule esperava que Isabelle tivesse um pouco de gratidão em seu coração após o segredo que ele revelou para ela. Para salvar seu pai de uma decisão precipitada que a teria destruído, baseada nas mentiras dos outros, Rule admitiu a Terran que Malachi nunca foi dos laboratórios onde sua irmã mais nova, Morningstar Martinez, foi mantida em cativeiro por muitos anos, antes que fosse assassinada sob o bisturi cruel dos cientistas que trabalharam lá.

Rule e Lawe estiveram naqueles laboratórios, e sabiam que Malachi não esteve lá. Eram os filhos de Morningstar, e qualquer um que tivesse entrado em contato com ela durante esses anos, eles saberiam disso.

Rule e Lawe se sentaram na frente da grande mesa do representante dos chefes das seis tribos, de frente para a família que Orrin reivindicava. Faziam parte desta família de sangue, separados deles por determinação.

Como Orrin era um dos chefes das seis tribos, sua posição no Conselho de Nação estava assegurada. Sua opinião era muito respeitada. Orrin era bem conhecido por sua honestidade, sua integridade. Seu filho Ray ganhou a votação como presidente da Nação, principalmente por causa do apoio de seu pai. Mas Orrin também era conhecido pela determinação na busca de sua filha desaparecida até 12 anos atrás, quando os Castas o informaram oficialmente de sua morte.

— Sua mãe, Aliva — continuou Orrin, — morreu de desgosto dois meses após recebermos a notícia de que ela morreu. — Ele balançou a cabeça, sua voz engrossando. — Eu, Ray, e, especialmente, Terran, seguimos todas as pistas, procuramos em todo lugar na Terra que pudessemos procurar e não conseguimos encontrar nossa preciosa Star. A dor era mais que sua mãe poderia suportar.

Rule fez tudo que podia para não zombar. A única coisa que segurava a onda de desgosto de seus lábios era a confusão. Confusão porque sabia que Orrin recebeu todas as informações que precisava para encontrar sua preciosa Star, e ele as ignorou. No entanto, o velho estava sentado na frente dele, com o rosto desgastado e cheio de rugas, seus olhos negros cheios de lágrimas que foram rapidamente contidas, e seu cheiro era de honestidade.

Por sua companheira, por sua Gypsy, esperou e escutou. Sentindo a mão em seu ombro, seu apoio silencioso ao seu lado, ele fez o que prometeu e ouviu com a mente aberta.

Orrin Martinez era um dos poucos cujo cheiro de fraude era maculado pelo da verdade, e Rule seria condenado se soubesse como o velho fazia isso.

Ele ouviu em silêncio, com o olhar atraído para o resultado de DNA que Orrin havia exigido e agora segurava na mão nodosa. Essa mão tremia, tremia tanto que o chefe finalmente o colocou, bem como os papéis, sobre a mesa. Apoiando o cotovelo no braço da cadeira onde se sentava, Orrin inclinou o braço e cobriu os lábios com a mão para esconder o leve tremor incontrolável, supostamente lá.

Ele estava mentindo, Rule sabia que estava mentindo, mas seria condenado se pudesse sentir o cheiro dele. Isso não era possível.

Ele e Lawe arriscaram não só suas vidas, mas a vida de seu irmão mais novo e uma irmã para enviar a prova da existência de Morningstar, sua localização e o destino que logo enfrentaria se não fosse resgatada rapidamente.

E ninguém veio por ela.

Ela e seu companheiro Coiote, Elder, morreram em agonia pior que qualquer uma que Rule pudesse imaginar.

Ele olhou para Orrin agora, as tranças longas e cinzentas que caíam sobre a frente de seus ombros, um estilo tradicional que os machos Navajo raramente usavam agora. O aparecimento da tradição seria reconfortante se Rule não conhecesse o homem que estava enfrentando. Se não estivesse bem consciente de como a família Martinez virou as costas para sua mãe e Lawe, fingindo procurar desesperadamente por ela.

Ele o enojava.

— Este relatório afirma que havia quatro filhos. — A cabeça de Orrin se ergueu então, seu olhar movendo-se para Rule ao invés de Lawe, o gêmeo mais velho por vários minutos.

Rule estava inclinado para trás em sua cadeira, um pé apoiado no joelho, a calça do uniforme negro ainda manchada com terra, de um lado. Ao contrário de Lawe, que vestia calça de brim limpa e uma camisa branca que sua companheira, Diane, tinha à sua espera quando veio de mais uma busca no deserto pelas equipes Coiote reunidas lá.

Diane ficou com Lawe, como Gypsy ficou com Rule. As mulheres estavam entre eles, em silêncio, ouvindo, uma força constante para seus companheiros.

Lawe suspirou como se cansado quando Rule se recusou a responder à pergunta sobre o irmão mais novo e uma irmã.

— Havia quatro filhos. — Lawe finalmente falou. —Antes da fecundação, o DNA do esperma e dos óvulos utilizados foram modificados com DNA de leão. Usando as mesmas amostras patriarcais, anos depois, os cientistas modificaram pessoas com guepardo e DNA Coiote. O DNA Coiote era do chamado Elder, o chefe de suas forças de segurança, que morreu com ela. Nosso irmão e irmã foram retirados dos laboratórios e movidos poucos dias depois da morte de Elder e Morningstar.

— Por que foram movidos? — Orrin perguntou, seu olhar indo mais uma vez na direção de Rule.

Nem uma vez alguém perguntou por que um Coyote foi assassinado com Morningstar. E Rule não tinha intenção de responder a qualquer das perguntas dirigidas a ele.

— Não paravam de chorar. — Lawe finalmente respondeu a isso também.

Rule lembrava muito bem daquelas horas e dias após os gritos de Morningstar serem silenciados. O silêncio, soluços inconsoláveis ​​dos dois jovens se recusavam a ser silenciados.

— O que quer dizer? Não paravam de chorar? — Orrin se dirigiu à Lawe, obviamente cansado de seu jogo e sua tentativa de forçar Rule a responder às suas perguntas.

No entanto, nesse ponto, Rule estava condenadamente enojado com aquela farsa. Ele se inclinou para a frente, soltando o pé no chão, o olhar fixo no homem velho.

— Rule. — murmurou Lawe em advertência.

Ao lado dele, Gypsy ficou tensa, seus dedos acariciando seu ombro, onde estavam colocados.

— Já assistiu os documentários? — Questionou o chefe, friamente.

— Rule. — Malachi, o Casta Coiote que a filha de Terran Martinez, Isabelle, tinha acasalado, moveu-se para dar um passo à frente, ou para protestar.

A mão de Orrin se ergueu, num gesto de silêncio.

— Deixe-o falar — ele mordeu, raiva aquecendo sua expressão quando o olhar de Rule prendeu com o dele.

— Quando nós chorávamos, quando mostrávamos a emoção que fomos ensinados desde o nascimento a não mostrar, então, nessa idade, havia três opções. — Ele levantou três dedos quando Lawe grunhiu seu nome mais uma vez. — Eles usavam esse Casta como "presa" numa caça para os Castas mais velhos, geralmente Castas em seu laboratório de casa. Esses eram levados com eles, para testar a selvageria dos irmãozinhos mais velhos e falta de lealdade para com os seus. — Ele abaixou seu dedo mindinho, deixando o anelar e seu dedo médio levantados.

— Droga, Rule — Lawe disse entre dentes, sua advertência reforçada com um rosnado subjacente.

Rule sorriu, frio, duro, e continuou.

— Podiam transferir o Casta para outro laboratório para pesquisa, ou se fossem considerados aptos para reabilitar, então treinados novamente. — Seu dedo anelar caiu, deixando apenas o insulto do dedo médio levantado com indiferença. —Ou eram apenas retirados e mortos como um animal raivoso sem valor. — Ele tomou seu bom e velho tempo para calmamente abaixar o dedo do meio.

Por um momento, uma onda de agonia encheu a sala. Macho e fêmea, dores iguais chicotearam em torno deles. Mas naquele segundo de emoção incontrolável, houve também o sentido mais breve de satisfação presunçosa.

Alguém aqui sabia a verdade, sabia o destino de Morningstar e o horror de como havia morrido.

— Você é um bastardo desrespeitoso. — Orrin explodiu dolorosamente.

— E você é um filho da puta insensível para se sentar aqui, diante de sua família e fingir que não sabia nada sobre o destino de sua filha ou dos filhos que ela deixou atrás, quando foi o único que ignorou o apelo que enviamos para você! — Ele apontou a dedo na direção do velho. — Por ignorar o conhecimento que ela iria morrer, se não fosse resgatada. — Rule ficou em pé com um grunhido quando sua preocupada companheira estendeu a mão para ele, cingindo-o. — Você recebeu o arquivo, os mapas, as imagens, tudo isso, quase duas semanas antes dos cientistas dissecaram os corpos vivos, tanto o de sua filha quanto do casta que deu sua vida para tentar salvá-la. E sim, meu velho — ele zombou. — Sua filha mais nova chorava. Soluços que não eram silenciados, e por isso, muito provavelmente a mataram também.

Ele estava furioso, irado. Bateu as mãos em cima da mesa quando se inclinou para a frente, quase desconcertante sob o choque ondulando através da sala, ele rosnou para o rosto pálido de Orrin.

— Agora, que porra mais, gostaria de saber?

— Rule, isso não está ajudando. — Gypsy sussurrou, e ele podia sentir o cheiro das lágrimas, senti-las ao longo da ligação que dividia com ela. A dor que sentia por seu sofrimento, pelos medos que ainda o assombravam.

Movendo-se para o lado oposto, Gypsy pressionou sua testa contra suas costas, deixando-o saber que estava lá e a força do seu amor aberto para ele se precisasse.

— Rule, basta! — Lawe ficou de pé, sua mão caindo firme no ombro de Rule, mas ao invés de puxá-lo para trás, seus dedos o seguraram por um longo segundo de dor compartilhada, e em advertência. — Chega, irmão. — Ele se inclinou mais perto. — Sinta o que eu sinto.

Rule voltou a si. Seus sentidos se fundiram com seu irmão, algo que raramente acontecia, agora que ambos tinham suas companheiras.

O choque foi terrível. Ele revirou e cresceu, atraindo os corações e almas daqueles que amaram Morningstar.

Todos, exceto um, e esse não era Orrin.

Rule focou em cada um, finalmente, seguindo o olhar de Lawe para o filho parado e em silêncio atrás de seu pai, entre a esposa e a filha lá, para apoiá-lo.

— Como é horrível — Ray sussurrou, como se esperassem uma reação dele.

Um grunhido de coiote retumbou pelo quarto, seguido pelo de um lobo, tanto Malachi e Stygian começaram a sentir o que Rule e Lawe já havia rastreado.

— Você fede como um mentiroso, Presidente Martinez. — Malachi virou-se lentamente para enfrentar o outro homem com suspeita gelada.

— Não... — Orrin ficou rapidamente em pé, a descrença crescente nele, enquanto olhava para o filho.

— Nós temos a prova que o pacote foi enviado, e a prova que foi assinado —afirmou Lawe, enfrentando Ray quando o presidente olhou para ele com toda falsa astúcia da mente mais depravada. — Por Orrin Martinez.

— Não... — Orrin tremendo, sacudindo com tanta força que parecia estremecer. — Não vi nenhum pacote. Não vi nenhuma prova que minha preciosa filha vivia.

Os olhos de Ray se dirigiram entre os quatro Castas na frente dele.

— Não assinei nada...

— Não minta. — Malachi, mais próximo dele, sentiu o cheiro primeiro. — Já sinto o mau-cheiro da sua mentira, Ray, e vai fundo. Que traição deu ao pai que devia sua vida e sua liberdade?

— Havia fotos de seus filhos — afirmou Lawe suavemente. — Especialmente da menina. O bebê. Ela tinha apenas cinco anos. Era a quem Morningstar chamava de preciosa Little Bit, porque era tão pequena.

Orrin pareceu tropeçar, a dor ressoando dele quando olhou para Ray em choque.

— O que fez, Ray? — Ele sussurrou. — Era sua irmã. Ela o amava como amava a nenhum outro.

— Há outra prova que a Nação estava fornecendo para o Conselho de Genética os nomes das meninas Navajo, cuja linhagem familiar mostrava uma forte conexão psíquica. — Afirmou Lawe suavemente.

Rule podia sentir uma parte de sua alma sangrando. Ele tratou esse velho com repugnância e desrespeito, apesar do fato que isso ressoava mesmo em sua essência, por causa da decepção do filho.

— Morningstar chorou por seu irmão. — Rule não conseguiu conter o barulho do rugido do animal. — Desde o momento que teve os bebês, ela chorava por seu Ray. — Ele zombou. — Jurava que seu irmão, tão forte e amoroso, vinha por ela. E todo esse tempo, era o irmão que ela amava quem a destruiu.

Ray ficou de pé, olhando para todos com desdém gelado, recusando-se a falar.

— Um dos nossos estava vendendo nossas meninas para a maldade desses laboratórios? — Orrin sussurrou dolorosamente. — Não. Ray. Diga que você não fez essa coisa horrível. Diga.

— Sabe que eu não faria, pai. — Sinceridade enchia sua expressão, apesar da frieza em sua voz. — Star era minha irmã. Eu a amava...

Nenhum Casta refutou as palavras, mas o mau cheiro da mentira provocou que todos os quatro perdessem o controle, rosnados predatórios retumbavam em seus peitos.

— Ele está mentindo. — Foi Terran quem falou, com lágrimas escapando de seus olhos quando suas filhas se moveram para cercá-lo. — Vim para ele com a prova das minhas suspeitas de que alguém dentro de Window Rock estava trabalhando com o Conselho de Genética desde antes de Star ser levada. Ele pegou o arquivo que eu estava montando ao longo de décadas e, posteriormente, jurou que foi roubado. Como se eu fosse tão estúpido para não manter uma cópia de segurança. — Punhos cerrados e raiva derramavam dele. — Seu filho da puta. Seu filho da puta. Poderíamos tê-la salvo. Poderíamos tê-la trazido para casa.

Malachi e Stygian pularam para Terran quando ele se moveu para pegar seu irmão, assassinato disparando em seus olhos quando o cheiro de vingança começou a se derramar dele. Como um ácido adocicado, estava queimado os sentidos e o conhecimento que dada a chance, Terran realmente iria matá-lo.

Mesmo a filha de Ray, Claire, e a mulher, Maria, saíram de perto dele, olhando para ele com horror.

Zombando de seu irmão, Ray ajeitou o paletó como um idiota.

—Serei amaldiçoado se tiver que ficar aqui e ouvir isso. — Virando-se para sua esposa e filha, ele retrucou: — Vamos embora.

Agarrando o braço de sua esposa e puxando-a atrás dele, estava a meio caminho da porta antes que percebesse que Claire não o seguia.

Fazendo uma pausa, olhou de volta para sua filha a cuspiu furiosamente:

— Agora, Claire.

Terran estendeu a mão para a menina que ficou sozinha, lágrimas sussurrando por suas bochechas pálidas, seus braços em volta de seu peito como se quisesse segurar a sua dor.

Puxando-a para si, entre as próprias filhas e a proteção do Casta que estava com eles, ele a protegeu como Rule e Lawe ouviram falar que sempre a protegeu.

— Ela sempre vinha a mim para escapar da crueldade que você fingia ser tão mal interpretada. — Afirmou, com a voz carregada de dor. — Ela vai ficar comigo agora.

Terran a abraçou enquanto ela escondia o rosto contra o peito dele, os ombros magros tremendo com os soluços silenciosos.

— E ela vai se arrepender. — Um esgar de retaliação ondulou os lábios de Ray antes dele se virar para Audi, Jane, Liza e o Casta, que agora estava com eles. — Eles vão se arrepender tanto. — Ele prometeu, sua voz suave.

— Não faça isso, Ray. — Audi olhou para ele. — Não agrave o horror do que já fez.

Enquanto Audi falava, Maria Martinez puxou a mão da de seu marido, evitando rapidamente sua tentativa de agarrá-la de novo quando ela tropeçou contra o encosto da cadeira de Rule.

Antes que Rule ou Lawe pudessem ampará-la, Diane estava lá. Colocando-se entre o maior e mais amplo Ray Martinez e sua esposa pequena, o desprezo gelado enchendo os olhos, ela olhou para o presidente Navajo com um sorriso zombeteiro.

— Toque nela — Diane sussurrou: — e vou ter imensa satisfação em castrar você.

— Todos vocês vão se arrepender — Ray prometeu, seu olhar cortou para Audi. — Você, especialmente.

Com o aviso final, ele virou-se e saiu do escritório do chefe.

— Dog, mantenha um olho no Presidente Martinez. — Lawe ativou o fone em seu ouvido quando a porta bateu atrás do outro homem. — Se ele sair do prédio, quero saber onde vai. Bloqueie a interferência em todos os dispositivos de comunicação, se ele tentar usar e me informe imediatamente se tentar entrar em contato com alguma fonte do Conselho.

— Afirmativo. — A resposta de Dog voltou imediatamente.

Respirando pesadamente, Rule se voltou para a família Martinez, o olhar indo para o homem que poderia ser seu avô. Se ele tivesse nascido homem, em vez de uma Casta.

Orrin sentou-se lentamente, encontrando Rule com o olhar, aqueles olhos escuros intermináveis ​​cheios de quase quarenta anos de miséria.

—Você veio a este escritório, quando primeiro chegou e falou com meu filho, para pedir ajuda da Nação Navajo para encontrar um trapaceiro. — Orrin sussurrou, balançando a cabeça. — Em seus olhos vi um desprezo cuidadosamente velado, e eu concordei com a sugestão de Ray que nada de bom podia vir de ajudá-lo.

— Ele nos convenceu, Avô. — Audi falou em seguida, o título que Orrin havia lhe dado usado quando era apenas um menino apoiando-se nele, enquanto olhava para o velho homem em arrependimento.

Havia amor aqui agora, Rule pensou. Os tentáculos do engano e da maldade que não foi capaz de identificar, finalmente identificado. Agora, somente o amor e a dor do arrependimento permanecia.

Orrin acenou com a cabeça lentamente, ainda mantendo o olhar de Rule.

—Ansiava pelo dia em que, se os filhos da minha filha existissem, viriam para a família dela. Que chegassem e nos permitissem estender a eles todo o amor que sentia por nossa preciosa Star, e mais além. — Uma lágrima deslizou por sua bochecha. — Eu rezo para que chegue o dia em que me estenda a mão, neto, e me conceda a oportunidade de mostrar a verdade das minhas palavras.

Rule olhou para Lawe, sabendo que seu irmão esperava que essa fosse a saudação que receberia, quando chegou pela primeira vez.

Lawe assentiu devagar. Rule se virou para ele e, lentamente, estendeu a mão.

— Estou ansioso para conhecê-lo, senhor.

Com isso, Orrin sorriu tristemente.

— Ah, filho da minha filha, estou ansioso para conhecer meu neto. — Ele se virou para Lawe então, pegou sua mão e sussurrou: — Ambos são meus netos, assim como as mulheres que amo tanto.

Orrin virou-se para sua família então.

— Liza, você poderia, com Chelsea, Claire e Isabelle entrar no escritório exterior com os seus e a mãe de Claire? — Perguntou Audi Johnson pesadamente enquanto ele movia lentamente o braço de onde prendia a mulher a seu lado.

— Vamos lá, meninas. — Jane Johnson ordenou, estendendo seus braços para Claire quando Terran a soltou. — Vamos deixá-los conversar.

— Sobre nós? — Isabelle revirou os olhos, mas beijou o rosto úmido de seu pai e fez o que Audi pediu.

Quando a sala estava livre de todos, menos dos homens Martinez, Audi Johnson, a companheira de Lawe, e os quatro Castas, Orrin cruzou as mãos sobre a mesa e respirou, trêmulo.

— Audi, deve dizer a eles tudo que sabe — ele ordenou, erguendo o olhar para encontrar seu neto. — Então vou dizer a eles sobre um ritual adotado em duas jovens, cujas almas já estavam passando, e foram colocadas para dormir, ou teriam morrido de outra forma. Talvez, então, vão saber como proteger essas crianças que são tanto uma parte de nossos corações, não importa seus nomes, não importa de onde vieram. Elas são nossas agora, e não abandonamos nossos filhos, especialmente nossas filhas, sem uma luta.

 

 

                                                                                                    Lora Leigh

 

 

[1] Kevlar fibra sintética, que consiste em longos elos de poliamida, que tem uma resistência elevada à tração.

[2] Bolinho com estampa de vaca.

 

 

 

 

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