A nova ordem de Victor Faust está crescendo, deixando pouco tempo para muitas outras atividades que não sejam os trabalhos realizados para um mundo de crimes violentíssimos e contratos de assassinatos.
É bem verdade que os relacionamentos dos casais da equipe têm mudado um pouco ao longo do último ano, mas as coisas estão prestes a mudar. Desta vez, os seis membros de alto escalão da nova Ordem estão cegos para com o inimigo.
Algumas das pessoas amadas por alguém da organização, cujo único vínculo com ela é o relacionamento, são raptadas e o preço para o resgate delas em segurança pode ser caro.
Cada um dos seis precisa contar o mais temeroso e profundo segredos para uma mulher nova chamada Nora, que é tão mortal quanto bonita, e que parece saber muito mais sobre eles do que eles mesmos.
Mesmo sem saberem quem ela realmente é, fica claro que ela não é quem aparenta. Entretanto, não são só segredos e vidas que estão em pauta, mas a verdade sobre o passado e o presente pode gerar suspeitas, irritações e tristezas.
Antes do jogo acabar, todos saberão quem é a mulher e o motivo dela ter aparecido. Mas o estrago que ela vai ter feito pode ser o início da destruição da nova ordem. Será que conseguirão sobreviver a isto?
CapÍtulo um
Izabel
VINTE E QUATRO HORAS ATRÁS...
Atravesso a porta primeiro com Victor e Niklas atrás de mim. Lágrimas de raiva e vingança enchem meus olhos. A casa está escura, exceto por uma pequena luz em algum lugar no corredor, o cheiro de café ardido persiste pesadamente no ar. Houve uma luta aqui; duas das cadeiras ao redor da mesa da cozinha foram derrubadas, a toalha puxada da mesa junto com a cesta central de frutas reais. Bananas, maçãs e laranjas estavam espalhadas pelo piso de azulejos cor de caramelo.
— Dina! — Grito e corro pelo resto da casa com a minha arma em minhas mãos e meu dedo no gatilho. — Dina, você está aqui?!
Sem resposta.
— Ela não está aqui, Izzy — Niklas diz atrás de mim.
— Dina!
— Izabel...
— Cale a boca! — Viro-me rapidamente no corredor, mas depois paro e acalmo-me quando percebo que havia sido Victor quem chamou meu nome pela segunda vez.
Niklas nos deixa sozinhos e desaparece através da entrada para verificar o resto da casa.
Victor se aproxima de mim, uma pequena luz de LED noturna ligada à parede no final do salão brilhava fraca contra um lado do seu corpo; uma sombra cobria o resto.
— Ouça-me — diz ele colocando a mão sobre um dos lados do meu pescoço — ela não está morta, então acalme as suas ideias. Este é o tipo de emoção que vai te matar. Olhe para mim, Izabel. — Ele rasga a palavra.
Meus olhos se erguem do chão e faço como ele diz, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Limpo debaixo do meu nariz com o lado da mão com a minha arma.
— Como você sabe que ela não está morta? — Sinto que vou vomitar.
— Porque ela não está aqui — Victor diz. — Quem quer que a roubou quer algo de nós e não vai matá-la. Ela é só garantia.
Lembro-me quando eu fui a garantia uma vez. Quando Sarai foi a garantia no México.
Enxugo minhas lágrimas de novo, mas essa raiva e vingança está sempre crescendo dentro de mim e não são lágrimas de tristeza. Nem mesmo perto. Quem quer que tenha feito isso, quem encontrou Dina, a única mãe que eu realmente conheci, e a tirou desse cofre de Nova Jersey, vou matá-los. Vou matá-los, maltito seja!
Uma luz brilhante derrama-se para fora no corredor que vem da sala de estar, através de um clique de uma lâmpada.
— Há outra nota — diz Niklas.
Abro o caminho passando por Victor e me apresso para a sala de estar, pegando um cartão branco de 8x13 branco da mão de Niklas. Está escrito no lápis. Eu li para mim primeiro e depois em voz alta.
ENCONTRE-ME NO PRÉDIO VAZIO DE TIJOLOS VERMELHOS NA 66º E ST. TOWN, EM NEW BRUNSWICK, ÀS 2:00 DA MANHÃ OH, E DIGA A DORIAN FLYNN PARA DAR UM TELEFONEMA À SUA EX-MULHER.
Victor e Niklas trocam um olhar. Olho para trás e para frente entre eles, o cartão dobrando entre meus dedos apertados. Noto, pelo canto do meu olho, um corpo deitado no chão atrás do sofá, uma bota preta no final de uma longa perna sai no chão. Mas eu não digo nada porque Niklas e Victor já o viram. Eles sabem que é o guarda que eles enviaram aqui para vigiar Dina e não há nada que precisa ser dito além do óbvio — quem raptou Dina o matou quando eles invadiram e a levaram.
— Então, é a ex-mulher de Dorian? — Eu digo. — Ela fez isso? — Olho para Victor. — Quem é ela e onde ela mora?
Victor pega seu celular no bolso do paletó e passa o dedo indicador pela tela de vidro.
— Victor!
Ele levanta a mão para mim, quando quem está do outro lado do telefone responde — provavelmente Dorian — e chama a sua atenção.
Aperto meus dentes atrás dos lábios fechados e espero impacientemente.
— Sim, havia outra nota — Victor diz para o telefone e depois lê de novo a nota para Dorian lembrando palavra por palavra. — Sua ex-mulher é capaz de...
— Coloque-o no alto-falante — corto com urgência, aproximando-me de Victor.
Sem hesitar, Victor desliza o polegar sobre o ícone do alto-falante e a voz de Dorian entra na sala.
— Tessa não podia lutar nem contra um chihuahua — diz Dorian. — Não há nenhuma maneira ela possa estar envol... -Ele parece ter sido surpreendido para ficar em silêncio.
Victor, Niklas e eu olhamos um para os outros.
— Dorian? — Falo mais alto.
Leva um momento, mas finalmente diz:
— Deixe-me ligar para você depois — e imediatamente desliga, nem mesmo dá tempo a Victor para dizer qualquer coisa se ele tivesse a intenção.
— O que diabos está acontecendo? — Niklas diz distraidamente.
Dá um passo ao redor do sofá com suas botas pretas de motociclista de couro e se agacha ao lado do homem morto, com sua arma saindo da parte de trás de suas calças. Então ele acende um cigarro.
— O que você está fazendo, idiota? — Aproximo-me resolutamente e o golpeio, arrancando o cigarro de sua mão. Ele atinge o piso de madeira; manchas de brasas queimando faíscam do final e se consomem quando tocam a madeira. — Esta é a casa de Dina, Niklas! Ela não fuma e você não vai fumar em sua casa!
As mãos de Victor se fecham ao redor da parte de trás dos meus braços e me afasta com cuidado.
— Controle sua garota, irmão — diz Niklas, seu sotaque alemão sempre infiltrando-se através do seu perfeito inglês, mas, agora, eu estou tão acostumada com isso que eu quase não percebo mais. Ele rosna e pega o cigarro de volta em seus dedos. Então ele vira a cabeça em um ângulo para me ver e diz: — Eu sei que você está chateada agora, Izzy, mas não tire isso de mim.
— Pare de me chamar assim!
Victor sussurra perto da minha orelha
— Brigar com Niklas não vai ajudar a encontrar a Sra. Gregory. Se acalme, ou te levarei de volta para Boston e te deixarei lá.
— Você não faria isso — eu digo sem respirar e sem me virar para encará-lo, sei que ele faria.
— Eu vou, Izabel — ele diz calmamente e suas mãos escorregam para longe dos meus braços. — Se você está muito emocionalmente investida nisso, pode ser que você faça com que a Sra. Gregory seja morta. Coloque o seu ódio pelo o meu irmão de lado e concentre-se no que é importante.
Olho para Niklas que ainda estava agachado na frente do corpo.
Ele coloca o cigarro no lado da bota, se afasta de mim e começa a verificar os bolsos do morto.
— Você ficou macio, irmão — Niklas diz de costas para nós. — Deixando uma mulher lhe dizer o que fazer. — Ele se levanta e olha para Victor. — Isto não é o tipo de coisa que fazemos — prossegue. — Salvar pequenas senhoras. Salvando bichas inteligentes da boca dos traficantes de drogas mexicanos. Qual é o próximo gato na árvore? Filhotes em cachimbos?
Levanto o meu queixo, mas não digo nada. Victor facilmente mantém a calma porque Niklas é seu irmão e até agora ele está mais do que acostumado com seu comportamento.
Niklas passa por nós.
— Izabel não é a única emocionalmente envolvida também, Victor — acrescenta com acusação. Ele desliza em torno da esquina e desaparece. Momentos depois, ouço o som da porta traseira abrindo e fechando quando ele sai.
Viro-me para enfrentar Victor.
— Este não é o momento — diz ele, já sabendo o tipo de coisas que eu gostaria de dizer em retaliação.
Mas ele está certo, concentro-me em Dina e esta pessoa misteriosa ou pessoas que a levaram.
— O que você acha que eles querem? — Pergunto, meus olhos varrendo o resto do covil por qualquer outra coisa fora de lugar.
— Pode ser um monte de coisas — Victor responde.
Dá um passo ao meu redor para verificar o corpo por si mesmo, agachado ao lado dele como Niklas fez.
— Não estamos escassos de inimigos, eu temo.
Isso é um eufemismo.
Engulo nervosamente e vou até a mesa de café. A taça de vidros de doces favorita de Dina está até o topo cheia com os chocolates. Ela já tinha aquela tigela desde antes de eu conhecê-la, e sempre a mantinha cheia dos meus doces favoritos — Sweet Tarts1, quando eu era mais jovem e, em seguida, mini Reese’s Peanut Butter Cup2 quando eu crescia. Sento-me na mesa de café ao lado dele, apoiando meus cotovelos no topo das minhas pernas e descansando minha cabeça em minhas mãos exaustivamente.
Victor se levanta e se vira para mim, a luz da tela do seu celular brilhando em sua mão.
Ele responde e coloca Dorian novamente no alto-falante.
— Tessa não está respondendo — Dorian diz, suas palavras cheias de preocupação. — Vou para a casa dela. Voltarei a entrar em contato com você assim que eu souber de alguma coisa.
Eles desligam.
Estamos todos pensando a mesma coisa, até Niklas, que acabou de voltar a entrar na sala de estar depois de vim pela porta dos fundos.
— Acho que estamos fazendo dois sequestros, então? — Pergunta Niklas, depois de ter ouvido casualmente.
Victor acena com a cabeça e então desliza o telefone de volta dentro de sua jaqueta.
— Quem quer que seja — Victor diz — eles não são amadores. — Ele suspira. — Eles sabiam onde encontrar a Sra. Gregory mesmo depois de termos a mudado três vezes no ano passado. — Ele aponta para o morto. — E duvido que tenha alguma coisa a ver com isso.
— Mas, por que levar Dina e a ex-esposa de Dorian? — Pergunto.
— A conexão é — Victor diz, — que você e Dorian são ambos parte desta organização. Então, o que eles querem tem a ver com a organização.
— Você acha que eles vão levar mais alguém? — Levanto-me da mesa de café.
— É uma possibilidade — diz Victor. — Suponho que depende de quantos de nós nós ainda têm pessoas em nossas vidas no mundo exterior que nós nos preocupamos, mas esperamos que não vá tão longe.
Olho entre Victor e Niklas, uma pergunta óbvia no meu rosto.
Niklas sacode a cabeça, manipulando seus lábios em um lado de sua boca.
— Eu acho que vocês dois sabem agora que eu não dou uma merda por mais ninguém. A única pessoa que me importa é o meu irmão. — Ele olha para mim quando ele diz isso.
Sorrio para ele e me viro para Victor.
Mas Victor não se mete na conversa porque, como Niklas, Victor tampouco tem outros laços com o mundo exterior.
— E quanto a Fredrik? — Pergunto, mas me sinto estúpida depois de fazer isso.
Niklas ri ligeiramente, sacudindo a cabeça.
— Realmente, Izabel? — Ele diz com sarcasmo e deixa isso assim.
Não posso discutir com isso, ou criticá-lo por ser um idiota — Fredrik perdeu a única pessoa no mundo exterior que ele amava, meses atrás. Matou-a com as próprias mãos, forçada a sacrificá-la como um cão raivoso. Fredrik Gustavsson é a pessoa menos emocionalmente ligada em toda a nossa organização. E provavelmente sempre o será.
Três horas mais tarde, enquanto esperamos no nosso quarto de hotel em New Brunswick, Nova Jersey, Victor recebe a chamada de Dorian.
— Ela se foi — diz Dorian, tentando conter a trepidação em sua voz. — A porra da casa foi saqueada. Eles a pegaram, Faust.
Nunca vi ou ouvi Dorian reagir dessa maneira. Para nenhuma coisa. Eu nunca soube que ele tinha uma ex-mulher. Ele não parece o tipo de ter uma esposa.
— Não houve nenhuma nota desta vez. Não há mais migalhas de pão.
— Bem — Victor diz. — Com que rapidez você pode estar aqui
— Eu posso estar aí antes das duas da manhã — responde, — aposte sua bunda nisso.
— Nos vemos logo — diz Victor, mas antes de terminar o telefonema, acrescenta: — Traga Fredrik com você.
— Fredrik? Mas eu nem sei onde encontrá-lo — Dorian soava mais preocupado do que antes, como se forçá-lo a perder tempo procurando por Fredrik vai fazer com que ele perca a reunião as duas da manhã.
— Apenas tente encontrá-lo primeiro — diz Victor. — Se você não pode fazê-lo até a próxima hora, venha sozinho e nós vamos descobrir isso.
Dorian e Fredrik, embora já não eram mais parceiros, ainda residem em Baltimore. E o parceiro que foi designado Dorian depois de Fredrik, Evelyn Stiles, ex-CIA, Victor a mudou para algum lugar na França.
Niklas não está acostumado a ver Victor ser tão indulgente — ele fica ali com um olhar tem-que-está-me-fodendo no rosto, seus braços cobertos por uma camisa preta de mangas compridas, cruzou frouxamente sobre o seu peito, pousados sobre um par de jeans preto sustentado por um cinto preto com uma fivela de prata, que é a única parte do cinto que aparece. Niklas sempre usa cores escuras e as mesmas botas de moto; um tipo robusto de homem que sempre tem barba facial e não se preocupa com o estilo seu cabelo castanho. Ele não se importa muito, realmente, certamente não sobre impressionar ninguém. A coisa engraçada é, porém, ele parece atrair as mulheres como merda atrai moscas, muito parecido com Dorian. Os dois têm mais em comum do que qualquer um de nós. Mas, a diferença para mim, é que Dorian eu posso tolerar — ele nunca tentou me matar.
— Acho que foi uma má idéia dizer a Fredrik que ele pode ficar quieto por um tempo — Niklas fala.
— Suponho que sim — Victor diz, voltando a colocar o telefone no casaco, — mas não poderíamos saber que algo assim aconteceria. Podemos não precisar dele. Esperemos que não.
Olho para o relógio no criado-mudo entre as camas de casal.
— Bem, ele tem quatro horas para encontrá-lo — digo. — E de alguma forma, eu não acho que ele vai ter muita sorte.
— Eu também não — Victor concorda. — Vamos trabalhar com o que temos. — Ele olha para mim. — Você poderia tentar chamar Fredrik. Ele pode responder para você.
Balanço a cabeça.
— Victor, ele não fala mais comigo. Não desde Seraphina. Já lhe disse isso, mais de uma vez. Diabos, está começando a me fazer sentir...
— Você tem razão, peço desculpas — diz ele, os olhos de Niklas rolam para cima em sua cabeça. — Não se trata de confiança, Izabel. Eu sei que você não está mentindo para mim sobre isso. Mas, o fato permanece, eu ainda acho que ele iria falar com você.
— Não. Ele não vai — eu digo friamente, mantendo firme a questão, porque eu já tentei falar com Fredrik e ele me desligou. E isso machuca. — E além disso, se ele não responder para você, mesmo quando você lhe deu algum tempo livre, isso é algo que você deve se preocupar.
— Eu odeio dizer isso— Niklas diz — mas eu concordo com ela.
— Como eu disse — Victor responde — nós vamos descobrir quando chegarmos a ele. Talvez nem iremos precisar de Fredrik.
Se o fizermos, provavelmente estaremos ferrados.
Fredrik, embora ainda seja um membro vital de nossa organização — um dos membros mais vitais — também é o mais instável. Não com seu trabalho — não, Fredrik é assustadoramente bom no que faz — mas emocionalmente... ele não tem mais emoções. Desde que perdeu Seraphina, a única mulher que ele já amou e que o compreendeu, aparentemente a mulher que o ajudou a controlar seus impulsos, ele não tem sido o mesmo desde então. Ele é agora o epítome da escuridão; um homem perigoso, lindo, com um animal que vive dentro dele tão assustador que ele me assusta. E eu não me assusto facilmente.
Eu nunca poderia ter imaginado antes, nunca teria dado um segundo pensamento, mas eu sinto como Fredrik poderia me matar. Não que ele fosse me atacar, ou arriscar seu lugar sob Víctor, mas que se ele tivesse que me matar, ou me torturar por qualquer motivo, ele faria isso sem questionar ou protestar.
O Fredrik que eu conheci estava morto.
Niklas sai pouco tempo depois e vai para seu quarto no corredor.
— Izabel — Victor diz da mesa em frente à janela, — você precisa estar preparada para o que poderia acontecer.
— O que você quer dizer?
Levanto-me do fim da cama mais perto da porta e ando até ele, sentado na sua frente na cadeira vazia. Ele está vestido com suas calças e uma camisa branca com botões. As veias que correm ao longo dos seus pulsos vêm de debaixo das mangas e movem-se ao longo das partes superiores de suas mãos fortes enquanto se apoiam na mesa.
Eu já sei o que ele vai dizer, mas eu ouço de qualquer maneira, e minha preocupação por Dina cresce muito mais.
— Eu sei que você se importa com a Sra. Gregory — ele diz, — mas nós não podemos, em nenhuma circunstância, dar informações sobre a nossa organização para quem a tomou.
— Não se negocia com terroristas — digo com sarcasmo. — Sim, eu entendi. Mas, também não vou deixar Dina morrer.
— Você pode não ter escolha— Victor diz calmamente.
Aperto minha mandíbula.
— Izabel— ele diz, — você sabia disso. Você sabe disso desde o dia em que foi oficialmente recrutada.
Suspiro e abaixo a cabeça, tentando segurar as lágrimas.
— Eu sei— eu digo suavemente e com arrependimento insuperável. Sinto suas mãos segurarem as minhas sobre a mesa, mas eu não olho para cima.
— Faremos tudo o que pudermos para mantê-la segura— diz ele, — mas se se tudo se reduz a Sra. Gregory e a ex-esposa de Dorian e a qualquer outro que eles possam ter levado, e o segredo de nossa organização e seus membros, então temos que deixá-los ir. Você está preparada para isso, Izabel?
Ergo a cabeça e encontro seus olhos; uma lágrima cai pela minha bochecha. Aceno com relutância e engolindo duramente, mas não consigo encontrar coragem em mim para dar-lhe mais que isso como resposta.
Este pode ser o meu maior teste de lealdade e valor até agora — eu só queria que, como no passado, este teste também fosse orquestrado por Victor, porque então eu saberia que Dina iria ficar bem. Mas isso não. Sei em meu coração que não é. Victor não tem controle sobre essa ocasião; não há ninguém no interior como Niklas estava quando tomamos Willem Stephens em Albuquerque no ano passado. Dina poderia morrer. E eu posso não ser capaz de evitar.
Eu não vou deixá-la morrer...
CapÍtulo Dois
Izabel
Com minha arma no meu quadril e Pearl embrulhado na minha bota de couro, sigo atrás de Victor quando nós sigilosamente fazemos o nosso caminho ao redor da parte de trás do edifício de tijolo vermelho. A área, dois blocos de edifícios na sua maioria abandonados, está meio envolta em escuridão. Muitas das luzes da rua, que uma vez acenderam o local, há muito queimaram. Um pisca na distância perto de uma interseção fantasmagórica. Um grande cercado em lote de velhos carros enferrujados está do outro lado da rua, diretamente em frente a este edifício em 66 e Town. Muitas das janelas dos edifícios ao longo da rua foram arrancadas — todo este lugar é um buraco, vazio e escuro, o local perfeito para o crime, as quebradas e os sequestros. Só que não parece haver pessoas reais. Nem um som. Nem uma sombra. Nem um misterioso veículo fora de lugar estacionado em um canto. Nem mesmo um animal perdido em busca de sucatas. Nada.
Nós nos agachamos por debaixo das poucas janelas ao nos movermos ao longo dos tijolos vermelhos. Niklas está atrás de Victor e na minha frente. Dorian está bem atrás de mim.
Victor para com as costas encurvadas e dirige-se para Dorian e Niklas, dizendo-lhes apenas com o gesto de seu dedo para cada um deles contornar o edifício em direções opostas. Niklas acena com a cabeça e se dirige ao redor mais para frente. Dorian acena com a cabeça e dirige em volta da frente.
Victor e eu ficamos ao lado de uma porta lateral na parede com três degraus de concreto que levam até ele.
— Você vai esperar aqui — Victor diz calmamente enquanto ele verifica sua arma.
Já estou balançando a cabeça em protesto.
— Isso pode ser uma emboscada— ele sussurra, — e você ainda está longe de estar pronta.
— Eu posso lidar comigo mesma — sussurro de volta com raiva, tirando minha própria arma do coldre em meu quadril. — Você não pode me manter no maldito cercadinho todo o tempo, Victor.
Ele agarra meu cotovelo e me puxa para mais perto dele. Eu posso sentir o calor de sua respiração em minha bochecha.
— Você vai esperar aqui— ele repete com uma voz baixa e firme, — você entende? — Seus fortes dedos apertam ao redor do meu cotovelo quando eu não respondo. — Izabel? — Ele rasga meu nome.
— Não! — Atiro de volta calmamente. — Eu não vou ficar aqui!
O silêncio passa entre nós.
Abaixo meus olhos, não em vergonha, mas em desapontamento e raiva.
Depois de um momento, Victor levanta a minha cabeça com os dedos embaixo do meu queixo. Ele olha nos meus olhos, não como Victor, meu chefe, mas Victor, o amor da minha vida.
— Eu provavelmente vou ser assim com você — ele diz. — Se alguma coisa lhe acontecesse... Eu não quero acabar como Fredrik. — Ele faz uma pausa, olhando brevemente para a parede de tijolos e então ele suspira. — Eu vou na sua frente — diz ele.
Aceno lentamente e ele beija meus lábios e me deixa de pé aqui, a porta de madeira que se encontra no final do degrau de concreto se fecha atrás dele quando ele desaparece dentro do edifício.
É por isso que eu odeio trabalhar com Victor, e por que eu prefiro trabalhar com Niklas, independentemente de quanto eu odeio Niklas. Victor é duro comigo a cada aspecto desta profissão; ele me colocou em algumas coisas terríveis apenas para provar que eu sou confiável, mas quando se trata de estar no campo, ele muitas vezes me trata como uma criança. Nem todo o tempo, mas em momentos como estes, quando ele recebe uma de suas intuições. Silenciosamente, questiono sua verdadeira razão para estar aqui. Porque eu sei que seu amor por mim, por mais profundo que seja, não é suficiente para colocar qualquer um de nós em risco para salvar uma “pequena anciã”. Em várias ocasiões, ele saiu do seu caminho para manter Dina segura e confortável em vários abrigos em todo o país, tudo porque ela significa muito para mim, mas arriscar todos nós apenas para salvá-la de seu sequestrador está fora de caráter para ele. É por isso que sei que ele não está fazendo isso só para salvá-la. Aquele sentimento instintivo dele está lhe dizendo que outras coisas podem estar em jogo, que há muito mais do que poderia parecer. E não pode ser ignorado.
Desço os degraus e deixo que a escuridão do chão do porão me engula dentro dela também.
Victor está longe de ser visto quando meus olhos finalmente começam a se ajustar à escuridão. Algumas luzes fracas banham a área em pontos, juntando-se as poucas janelas pequenas e horizontais ajustadas no tijolo, coberto por anos de poeira e com teias de aranha espessas. No outro lado do grande espaço, quase vazio, passado uma pilha de detritos e uma pilha de velhas bicicletas, há uma escada de pedra. À minha direita, outra porta menor que leva a algum lugar. E à minha esquerda há mais detritos — pilhas de rochas quebradas e isolamento térmico esfarrapado e vigas de madeira que foram puxadas do teto baixo.
Dirijo-me para a escada alta, com a arma pronta na mão. Eu sou mais uma garota de faca, mas algo me diz que essa missão inesperada lançada sobre nós no meio da noite pode ser mais um evento de arma. Enquanto eu subo os degraus de pedra em silêncio, eu agacho toco a Pearl que sobressai da minha bota, só para ter certeza que ela ainda está lá. Ela e eu temos um relacionamento muito próximo — ela matou mais pessoas do que eu.
Uma sombra se move através da luz cinzenta no chão do porão, apressando-me para o sexto degrau para olhar atrás de mim. Eu nunca ouvi a porta abri do lado de fora. Eu me encosto contra a parede, meu traje preto e apertado me ajudando a misturar-me com a escuridão. Meu cabelo castanho-avermelhado longo é puxado em uma trança apertada que arrasta até o centro das minhas costas e fora da minha cara, mantendo minha visão afiada. Eu não me movo e regulo a respiração para que fique tão silencioso quanto o resto de mim.
Preparo a minha arma quando eu ouço o som distinto de detritos pequenos sendo amassando debaixo de um par de botas.
— Sou só eu! — Dorian sussurra bruscamente enquanto suas mãos disparam em ambos os lados, minha arma apontada para ele do meio da escadaria escura. — Jesus! Mulher, você assustou até a merda, mulher! — Sua voz é baixa, sua respiração barulhenta.
Abaixo a minha arma.
Ele aponta para a pequena porta do outro lado da sala.
— Vim por ali — ele sussurra. — Há outro caminho para o porão do outro lado do prédio. Essa porta liga os lados.
— Você viu alguém?
— Não, nem uma alma. — Ele subiu os degraus atrás de mim. — Isso não parece certo.
— Não, não— eu digo.
— Onde está Faust?
— Ele veio nessa direção na minha frente. Onde ele está agora eu não sei.
Damos mais alguns passos, aproximando-nos da porta do topo.
— Eu não sabia que você era casado — eu digo calmamente, mas continuo em movimento, porque este não é o momento de parar e conversar sobre nossos ex’s. Além disso, eu realmente não tenho nenhum ex, a menos que você queira contar Javier Ruiz, o traficante de drogas mexicano de quem eu fui uma escrava sexual por nove anos. E pessoalmente, eu não o considero um ex.
— Eu acho que todos nós temos coisas sobre nós que preferimos não falar — diz ele.
Essa não era necessariamente sua maneira de recusar uma conversa, mas acabo com ela da mesma forma.
Chegamos à porta e coloco a mão no botão empoeirado, preparando-me para abri-lo lentamente.
— Ela me odeia — diz Dorian, me pegando desprevenida.
Olho para ele dois passos atrás de mim.
Ele encolhe os ombros.
— Eu não a culpo, entretanto— ele diz e depois acena, olhando para a porta. — Vamos.
A porta se separa do quadro, felizmente sem um som, e eu me agacho no degrau superior em minhas altas botas pretas antes de apoiar a minha cabeça cuidadosamente ao redor da esquina, verificando se alguém está lá esperando para explodir minha cabeça, eles provavelmente esperam que a minha cabeça esteja em um pouco mais alto, me dando apenas tempo suficiente para detectá-los primeiro e me afastar antes que eles possam reagir.
Não há ninguém no corredor longo e escuro que se divide em duas direções. Apenas mais detritos, cadeiras de metal derrubadas e o que parece com mesas antigas de algum tipo estão empilhados em uma pilha desleixada ao longo de uma parede. Os papéis estão espalhados pelo chão.
Saímos da porta e entramos no corredor, passando silenciosamente em volta dos escombros e do papel.
— Vou por aqui — diz Dorian, apontando para a esquerda.
Eu aceno e nos separamos, me dirigindo na direção oposta passando por várias portas abertas em ambos os meus lados, cada quarto revelando que alguma vez isso poderia ter sido uma escola. Agora que penso nisso, eu me lembro de ter visto o que parecia uma velha pista de corrida, um quarteirão, e outros prédios de tijolos vermelhos, muito parecidos com este, e uma quadra de basquete — e a pista invadida por ervas daninhas tornaram mais difícil identificar no escuro, inicialmente.
Tomo o meu tempo no longo corredor, parando em cada porta para me certificar de que os quartos estão limpos antes de passar por eles, e minutos depois me encontro em um conjunto de portas de metal fechadas, com tiras de prata correndo horizontalmente ao longo dos centros, esperando por mim para colocar minhas mãos sobre eles para empurrá-las abertas. Eu passo até as portas e pressiono as minhas costas contra uma em vez disso, virando cuidadosamente a minha cabeça em um ângulo para ver dentro do pedaço vertical de vidro correndo a partir da parte superior da porta para o empurrar a maçaneta horizontalmente instalada. A luz da lua mal penetra a sala dos painéis de vidro fosco de grande altura no teto alto. Tudo que eu posso ver são fileiras e fileiras de assentos afogados pela escuridão. E um palco, eu finalmente dou uma olhada mais longa e dura. É um auditório.
Respirando fundo, pressiono meu quadril contra a maçaneta e abro a porta. O trinco faz um ruído, assim como eu me lembro quando eu estava na escola secundária e eu estremeço. Quando eu acredito que ainda estou em um lugar claro, começo a me mover mais para dentro da sala, me agacho enquanto eu me movo pelo corredor central. O carpete cheira a 50 anos de terra e mofo. O ar é seco, mas fresco, e ficando mais frio quando novembro se aproxima, e também fede de edifício velho e abandonado e danos causados pelo tempo.
Me detenho fria em minhas trilhas e ajusto meus olhos no semi-escuro. Há movimento mais adiante, o que parece uma figura está sentada em um dos assentos na segunda fila perto do palco. Eu caio mais perto do chão, meu dedo pronto para puxar o gatilho se eu tiver que fazê-lo, e eu assisto por mais sinais de movimento, esperando que meus olhos simplesmente estivesse apenas brincando comigo na escuridão.
Um pé balança para a frente e para trás, apoiado na parte de trás da cadeira na frente do que agora, definitivamente, tenho certeza de agora é uma figura.
Um barulho alto ressoa pelo auditório, e então outro, e vejo Niklas e Dorian entrando de dois lados diferentes abaixo, ambos com suas armas levantadas e apontadas diretamente na figura.
— Levante as suas malditas mãos! Levante as suas malditas mãos! — Niklas grita enquanto corre até a figura, sua voz ecoando por todo o quarto.
Eu me abaixo atrás de uma fileira de assentos e permaneço fora do caminho por agora, apenas no caso de haver outros, e eu preciso entrar mais tarde pelas costas.
— Onde está Tessa? — Dorian grita com a figura e parece que ele enfiou o cano de sua arma no lado da cabeça da figura. — Seu cérebro salpicará através dos assentos do caralho se você a ferir! Onde ela está?! — Ele rugiu.
— Afaste-se, Dorian — ouço a voz de Victor passar pelo auditório e depois vejo a sua figura caminhando pelo palco, o som de seus sapatos tocando o chão de madeira.
Olho para cima e a minha volta procurando qualquer sinal de movimento, ou sombras movendo-se ao longo das paredes, mas ainda não há nada. Esta pessoa poderia ter vindo sozinha? Eu não estou comprando e duvido que Victor esteja, também. Nós nem sequer viemos sozinhos; há quatro outros homens fora no telhado que exploravam o exterior antes do nosso primeiro movimento em torno da parte de trás do edifício. Mas eles também não encontraram nada. Nenhum sinal de ninguém espreitando sobre os edifícios, ou em qualquer telhado à espera de nos por ao alcance do seu franco-atirador.
A figura se mexe no assento, e eu vejo o cabelo longo loiro esbranquiçado cair em suas costas. Levanta suas mãos e embora eu mal possa distinguir o que ela se parece por trás, tenho a sensação distinta de que há um sorriso ou um sorriso de superioridade nos cantos de sua boca.
Finalmente, eu me empurro de novo para ficar de pé e passo para fora no corredor. Niklas é o único que olha para cima enquanto eu faço o meu caminho para baixo. Dorian não tirara os seus olhos furiosos — nem sua arma — para longe da mulher.
Finalmente, Victor olha para mim. Ele concorda com a cabeça.
Num abrir e fechar de olhos, a mulher segura as mãos nas costas de duas cadeiras e seu corpo esguio levanta-se no ar, seus pés balançando em uma rápida varredura, sua bota fazendo contato com a arma de Dorian, enviando-a voando. Um segundo mais tarde, sua outra bota entra em contato com seu rosto, uma crise nauseante ondula através do ar quando Dorian cai. Um único tiro sai em um estrondo vociferante e um flash de luz morre na frente de Niklas, mas sua arma também saí voando. A mulher salta sobre a parte de trás do assento e aterrissa no corredor central, agachada perfeitamente. No segundo que ela se pões de pé na altura dos olhos, Niklas gira contra ela com um gancho. Ela cai para atrás nos assentos do outro lado do corredor.
Eu corro em direção a eles, enfiando minha arma e puxando minha faca da minha bota, com fome para usá-la nessa cadela.
Seu cabelo loiro chicoteia atrás de sua figura quando ela pula entre os assentos, apoiando as mãos nas costas novamente para recuperar o seu equilíbrio. Ela chuta Niklas. Uma vez. Duas vezes. A terceira vez que planta as suas botas pretas golpeiam centro em seu peito e o faz cai para trás no corredor. Ela se joga em cima dele e balança seus punhos em sua cabeça, mas Dorian agarra-a por trás e a puxa. Niklas fica de novo em pé, assim como a mulher enfia a parte de trás da sua cabeça contra o rosto de Dorian, instantaneamente deixando-a livre do seu garre. Sua longa perna se estende e ela enterra o pé no intestino de Niklas, e tão rapidamente, ela rodeia Dorian novamente e soca o seu rosto, o sangue parece negro na ponta do seu nariz na pouca escuridão.
Salto para a cena, agachando-me contra o chão e varro o meu pé para fora para jogá-la. Ela cai para trás, sua cabeça loira batendo em um braço no caminho para baixo. Eu me arremesso em cima dela e coloco a minha faca em sua garganta, mas ela bloqueia minha mão com seu braço, saindo do meu alcance. Recebo alguns golpes; minhas juntas voltam sangrando depois da terceira vez que eu a atinjo no nariz, mas de repente eu estou sufocando quando suas pernas travam em volta da minha garganta por trás e meu corpo cai contra o chão.
Com nossos papéis invertidos, a dor de seu punho quebrando-se contra os ossos no meu rosto faz com que minha visão borrar e meus sentidos ficarem tontos. Eu faço a única coisa que posso fazer e estendo as duas mãos, agarrando em punhos o cabelo sedoso e puxo como se eu fosse arrancar tudo, até que ambos estivessem lutando no chão. Puxar o cabelo é para cadelas, exceto quando é a única opção.
Ela me dá um soco. Eu soco-a de volta.
— Onde está Dina?
Ela ri e salta para seus pés, mas então ela cai para trás quando Dorian agarra um braço e torce atrás dela. Ele joga nela, cravando um joelho na parte inferior de suas costas.
Ela ri novamente, sua voz confusa com o sangue que se mistura em sua boca.
Niklas tira seu cinto e envolve-o em torno de seus pulsos amarrados atrás dela, puxando tão apertado quando vai, certamente, cortar a circulação sanguínea.
Ambos a puxam para seus pés, uma mão ao redor de cada cotovelo.
Dou um passo para a frente dela, olhando-a nos olhos pela primeira vez. Seu cabelo está manchado pelo sangue ao redor de sua boca e espalhado em torno do seu rosto oval. O sorriso que ela usa é rancoroso e animado, como se todo esse cenário fosse simplesmente uma representação de alguma maneira doente.
Eu retiro meu punho e bate-o contra seu rosto novamente. Sua cabeça empurra para trás brevemente, e quando ela volta a si, o sorriso retorna e um olhar de desafio permanece sempre presente em seu rosto.
Niklas segura-a firmemente. Dorian fica de lado. Eu sei que ele quer matá-la tanto quanto eu.
— Se eu morrer— diz ela, zombando de mim, — aquela velha cadela morre junto comigo.
Me lanço contra, balançando meus punhos, gritando em seu rosto, até que os braços de Victor me agarram por trás e me puxam para fora dela.
— Onde ela está? — Grito. — O que você fez com ela?!
Um sorriso ainda mais diabólico desliza por seus lábios, pintados com o mais vermelho dos vermelhos, que, agora que dou conta; batom também está manchado o seu rosto.
Ela cospe sangue no chão e rola a língua nos dentes, como se estivesse verificando se algum estava solto.
Victor me empurra para o lado, separando-nos, e ele fica entre nós.
— Quem é você? — Pergunta ele em voz calma, mas exigente.
Ela sorri, seus dentes brancos brilhando com sangue.
— Oh, um de vocês sabe quem eu sou — ela diz enigmaticamente, seus olhos passando por todos nós, exceto Niklas que ainda está atrás dela. — Onde está o interrogador? O torturador sádico? Ele está nisso tanto quanto o resto de vocês. — Seus olhos caem de novo sobre Victor. — E aquele filho da puta que você contratou para fazer toda a sua pirataria O buscador de informação? Todos vocês estão envolvidos nisso.
— O que é “isso” exatamente? — Victor pergunta.
A mulher inclina a cabeça para um lado, quase pensativa.
— Você saberá que quando todos os seis Cavaleiros da Mesa Redonda estiverem presentes. — Ela sorri. — Oh, e eu vou precisar de um banho, uma roupa limpa, uma refeição, não qualquer daquela merda de fast-food, e um copo de vinho.
Niklas e Dorian olham um para o outro, depois para mim, finalmente para Victor.
Niklas puxa a mulher pela parte de trás de seu cabelo, expondo sua garganta.
— Quem diabos é você, sua cadela insana? — Ele exige.
— Oh, amor— diz ela, enigmadamente, — não seja tão violento comigo ou talvez eu me apaixone por você.
Ele puxa o cabelo dela mais forte, mas ela nem sequer se encolhe.
— Meu nome é Nora— ela anuncia, — e por agora, desde que eu sou claramente a única no controle, isso é tudo que você precisa saber.
CapÍtulo três
Izabel
Hora atual — 9:00 pm — Sede de Boston
Um rosto com um lábio dividido e manchado de amarelo e azul sob o olho esquerdo, olha para mim no espelho.
— Essa cadela é louca— eu digo a Victor, de pé no quarto atrás de mim. Eu passo um pouco de unguento sobre o corte embaixo do meu olho com a ponta do meu dedo. — Ela está jogando, Victor. — Eu estremeço quando meu dedo toca o osso dolorido.
— Sim, ela está — ele diz, pondo uma calça limpa, deixando-a desabotoada e solta ao redor da musculosa forma de V entre seus quadris. — E por agora temos que seguir o jogo.
— Quem você acha que ela é? — Eu pergunto. — Ela diz que um de nós a conhece. Não sou eu; disso eu tenho certeza.
Deslizando os braços nas mangas de uma camisa, ele diz:
— Isso pode não ser verdade. — Eu me viro do espelho e passo para a porta do banheiro, olhando para ele. — Se ela fosse alguém óbvia, já saberíamos quem ela é, a menos que seja Woodard ou Fredrik que ainda não a viram. Mas acho que é mais provável que ela seja alguém que um de nós conheça através de outra pessoa.
Curiosa, entro no quarto, vestida com minha calcinha preta e sutiã, meu cabelo ainda molhado do banho.
— Mas o que me preocupa mais do que quem ela é — diz Victor enquanto abotoava a camisa, — é como ela conhecia a Sra. Gregory, Tessa Flynn e as filhas James Woodard. Ou, como ela sabia que apenas seis de nós e, que seis, assistem as reuniões e executam as coisas nos bastidores.
No caminho de volta para Boston, com “Nora” no porta-malas, ela nos contou que Dina e Tessa não eram as únicas amadas que ela tinha — James Woodard, perturbado pelo desaparecimento de suas filhas, está a caminho de Boston enquanto falamos.
— E como é que ela sabe que você, Niklas e Fredrik não tem ninguém de fora que vocês se importem para que ela sequestrar? — Eu aponto.
Victor se senta no final da cama para colocar as meias pretas.
Ele acena uma vez.
— Sim, isso é desconcertante— diz ele. — Se ela sabe muito sobre nós, tenho certeza que ela sabe muito mais. Precisamos descobrir o que antes de matá-la.
— Você quer dizer — eu estreito meus olhos para ele — precisamos encontrar Dina, Tessa e as filhas de James, e tudo o que ela sabe antes de matá-la.
Ele olha para cima.
— Venha aqui — diz ele.
Relutantemente, eu ando até ele e ele ajusta suas mãos em meus quadris, puxando-me para ficar entre suas pernas abertas. Seus lábios quentes caem sobre meu estômago nu.
— Não tenho nenhuma intenção em deixar essa mulher machucar a Sra. Gregory— ele diz e eu passo minhas mãos pelo topo de seu cabelo curto e castanho. — Faremos tudo o que pudermos para encontrá-la e recuperá-la. Você não confia em mim, Izabel? — Ele olha nos meus olhos.
Com meus dedos ainda cravados em seus cabelos, eu cuidadosamente inclino a sua cabeça para trás em seu pescoço. Suas mãos apertam meus quadris.
— Sim, confio em você, Victor, mas também sei como você é. Eu sei que você não pode simplesmente se tornar alguém que você não é simplesmente porque você desenvolveu sentimentos por mim. — Minhas mãos penteiam através de seu cabelo enquanto ele olha para mim, seu pescoço arqueado para trás. — E eu sei...— Eu não consigo terminar.
— Você sabe o que? — Ele pergunta em uma voz calma.
— Nada — eu digo, balançando a cabeça.
Eu dou um passo para trás, com a intenção de me vestir, mas suas mãos se apertam sobre meus quadris, me segurando no lugar.
— Diga-me — ele diz.
— Eu não posso.
E eu não vou. Nem sei o que me obrigou a soltar o tema assim.
— Não é nada— eu digo e finalmente deixa ir, suas mãos caindo longe dos meus quadris quando eu ando até o armário. — Nós precisamos ir falar com esta cadela. Eu não me importo se ela está puxando todas as cordas. Ela vai começar a falar se eu tiver que vencê-la — agito o meu dedo para ele, virando para armário -— E eu não me importaria menos se ela está algemada em uma cadeira sem nenhuma maneira de lutar, ainda assim, eu a espancarei se ela ferir Dina.
— Eu não esperaria nada menos de você— diz ele.
Victor se levanta do fim da cama e coloca a parte de trás da camisa branca atrás da cintura de suas calças, cobrindo-o com um cinto fino e depois calça os seus sapatos.
Quando eu coloco um vestido preto na altura da coxa sobre a minha cabeça, Victor pisa atrás de mim e beija a parte de trás do meu pescoço, seus dedos se arrastando suavemente pela pele nua de meus braços.
— Vejo você daqui a dez minutos— diz ele.
Ele se vira e começa a caminhar em direção à porta, mas eu ando rapidamente até e envolvo meus braços em torno de sua cintura por trás, descansando o lado do meu rosto ferido contra suas costas. Suas mãos grandes fecham as minhas.
— Eu confio em você, Victor — eu digo a ele em uma voz calma, intencional.
Ele aperta minhas mãos uma última vez e me deixa para terminar de me vestir.
Nora está sentada sozinha em uma sala generosamente grande, com grossas paredes de tijolo pintadas de branco. Uma mesa de metal quadrada fica no centro com duas cadeiras de metal preto — uma de cada lado — e uma fileira de luzes em forma de cúpula que correm ao longo do teto alto, banhando a sala em luz brilhante. Existem quatro aberturas na parede perto do teto para bombear calor ou ar para o espaço, mas não é nem muito quente nem muito frio agora para precisá-lo. O chão é feito de azulejos brancos, manchados por rachaduras e arranhões dos vários móveis que foram tirados da sala meses atrás, transformando o que antes era algum tipo de espaço de armazenamento em um confinamento e sala de interrogatório. A porta de aço pesada é a única maneira de entrar ou sair, a menos que seja do tamanho de uma criança e pode caber através das aberturas perto do teto. Nora não é. Ela é um pouco maior do que eu; mais alto e mais pesado em alguns quilos, e eu sei que eu não poderia caber através de uma abertura tão pequena.
Como solicitado, Nora foi permitido um banho — Niklas estava feliz em ser voluntário para ser o único a ficar no banheiro com ela enquanto ela fez, não porque ele queria vê-la nua, mas porque ela bateu nele na cara e ele esperava que observando-a tomar banho a deixaria desconfortável. Não. Eu acho que ele já está começando a odiá-la mais do que ele me odeia.
Ela também recebeu comida e vinho. E só porque ela sabe onde Dina está, dei-lhe algumas das minhas roupas para trocar. Uma calça de couro preta, camisa de seda transparente de mangas compridas e um par de saltos pretos de seis polegadas. Seu pedido especial era um tubo de batom vermelho escuro — pensei em dar alguns golpes com um assento de vaso antes de dar a ela, mas demoraria muito para voltar para o banheiro.
Niklas está vigiando o interior da sala de interrogatório durante a última hora, enquanto ela comia sua refeição, cordeiro com arroz e purê de batatas e bebeu seu vinho, tudo como se ela estivesse em um encontro e desfrutando de uma noite que ela não teria que pagar. Dorian era persistente sobre a sua vez de se sentar na sala trancada com ela, mas vendo como ele quer bater nela tanto quanto eu, Victor disse-lhe para ficar de fora.
Victor está dentro do quarto agora, sentado na cadeira vazia na mesa em frente a ela quando eu finalmente faço a minha aparição. Me levanto sobre os meus dedos dos pés para olhar para o quarto através da pequena janela quadrada, coberta por acrílicos espessos.
— Ela disse alguma coisa? — Pergunto a Niklas.
Ele está agora parado fora do quarto com Dorian. A porta de aço é fechada e trancada do lado de fora. Não há maneira de ouvir nada o que é dito no interior, exceto da sala de vigilância de vídeo localizado a dois andares mais acima.
Niklas sacode a cabeça, encostado na parede com os braços cruzados.
— Eu não gosto de não poder ouvir o que eles estão dizendo — eu digo, pressionando meu ouvido na porta, sabendo que é muito grosso e estou desperdiçando o esforço.
— A única coisa que ela disse para mim realmente — Niklas oferece — é que ela não está satisfeita com as acomodações.
Dorian passeia pelo corredor brilhantemente iluminado, suas botas pretas movendo-se pesadamente através do chão, um olhar de raiva esmaltando em seus traços. Uma veia grossa é visível perto de sua têmpora. Sua mandíbula se move constantemente como se estivesse rangendo os dentes.
— Vamos encontrá-los— digo a ele, tentando soar otimista, mesmo que não tenha tanta certeza de que me sinto assim.
Ele olha para mim, mas continua a andar.
— Eu não gosto de estar aqui — ele diz, — quando eu deveria estar lá descobrindo o que ela quer.
— Victor sabe o que está fazendo — digo.
Ele balança a cabeça.
— Mas eu ainda quero saber o que ela está dizendo.
Só então, há uma batida na porta do interior. Quando Niklas vê que é Victor, ele tecla o código no painel na parede e há um som de clique. A porta se abre e Victor pisa no corredor e fecha a porta atrás dele.
— Então, o que aconteceu? — Eu pergunto, ficando mais ansiosa a cada segundo.
Victor sacode a cabeça.
— Ela não começará a nos dizer nada até que todos estejamos no mesmo quarto que ela — Victor começa. — E ela quer um quarto maior, preferivelmente algo com um sofá.
— Pequena puta, não é? — Niklas entra.
— Eu disse a ela que ela não estava recebendo outro quarto. — Victor olha para cada um de nós brevemente. — Nós não estamos indo para dar-lhe tudo o que ela quer. É inaceitável. E também fará com que ela pense que não há fronteiras, nem limitações para o que vamos fazer. Ela pode ser a única com todas as cartas, mas ela também está sentada em uma sala algemado a uma cadeira, ela não está completamente no controle, e não vou dar esse tipo de controle para ela. Não importa de quem as vidas estão na linha.
Mordo meu lábio e permaneço quieta.
Dorian aperta os dentes com mais força.
Niklas lambe a secura de seus lábios e olha despreocupadamente pelo longo corredor — a única parte de tudo isso que ele se importa é o que esta mulher pode saber sobre a organização.
James Woodard; rechonchudo, tenso e calvo no centro traseiro de sua cabeça, vem caminhando rapidamente pelo corredor, suas calças cáqui muito longas se movendo debaixo de seus mocassins enquanto caminha. Ele veste uma camisa xadrez azul e branca, de mangas curtas, e escondido de forma descuidada atrás de um cinto debaixo de sua barriga grande. O suor cintila na linha do seu cabelo e em gotas sob as narinas.
— Ela está aqui? — Ele pergunta, sem fôlego, — a mulher que sequestrou minhas filhas? — Ele aponta para a porta de aço. — Ela está naquele quarto?
— Ela está — Victor diz com um aceno de cabeça.
— Então, o que estamos esperando? — Diz Woodard, olhando para cada um de nós a cada vez.
Ele pressiona a ponta de seu dedo indicador no centro de seus óculos e os move de volta em seu rosto.
— Aparentemente, estamos esperando Fredrik — Dorian diz com ácido em sua voz. — Mas vamos esperar um bom tempo. — Seu lábio inferior está inchado e uma contusão azul-amarelada corre ao longo de sua mandíbula.
— Não — Victor diz, apertando suas mãos fortes na frente dele, — isso é outra coisa que eu me recusei a dar a ela. Ela não gostou no início, mas concordou em começar a falar quando Woodard chegou. Mas ela não vai dizer-nos tudo até Fredrik está aqui, por isso vamos precisar dele eventualmente.
— Não deve ser difícil encontrá-lo — Niklas interrompe com desaprovação. — Você é seu patrão. E a última vez que eu verifiquei, não tínhamos horários vagos e nem planos de férias. Se ele não pegar o telefone maldito quando você, de todas as pessoas, chamá-lo, seu traseiro deveria ser fodido.
Victor olha para Niklas.
— Fredrik estará aqui. Não tenho dúvidas disso, Niklas. Por enquanto, vamos descobrir o que essa mulher quer. E o que ela sabe.
A mão gordurosa de Woodard levanta-se e limpa o suor das sobrancelhas espessas. A umidade já está escorrendo pelas axilas de sua camisa xadrez.
— Woodard — responde Víctor, - vou dizer o mesmo que disse a Izabel, nenhuma informação sobre esta organização será dada a esta mulher. Está entendido?
Um nó move-se para baixo do centro da garganta grossa de Woodard e ele acena com a cabeça inquieto, enxugando mais suor de suas sobrancelhas.
— Sim, senhor. Eu entendo, senhor.
Esse terá de ser vigiado, com certeza. Ele parece instável, com medo e desesperado — três dos cinco ingredientes necessários para alguém cair e derramar tudo o que eles sabem. Mas, eu entendo seu medo e eu não posso evitar senti pena dele em vez de preocupada com o que ele pode dar.
Victor tecla no código na porta e nós cinco entramos dentro do quarto.
CapÍtulo quatro
Izabel
Os lábios vermelhos escuros de Nora se esticam em um enorme sorriso fechado quando entramos na sala com ela. Seus longos cabelos loiros esbranquiçados são como uma onda de seda leitosa nos lados de seu rosto e sobre ambos os ombros, contra a cor de seu batom. Seus cílios escuros e sobrancelhas aparadas parecem criados artisticamente acima e ao redor do marrom claro de sua íris. Suas maças do rosto elevados dão a sua pele cremosa ainda mais definição. E embora, admito, hipnotizante de olhar, ela não é sem falhas. Uma fina cicatriz de meio centímetro corre ao longo do lado esquerdo do queixo, outra, cerca de dois centímetros de comprimento, corre horizontalmente pelo centro de sua garganta. E, o mais perceptível, ela perdeu a ponta do dedo mindinho esquerdo.
Ela ergue os braços até as cadeias permitirem até a altura do ombro, com as palmas das mãos para cima, e depois inclina a cabeça para um lado.
— Fico feliz que todos vocês conseguiram— ela diz com um grande sorriso confiante e então abaixa as mãos sobre a mesa, os punhos batendo contra o metal. — Com uma exceção, é claro.
— Vamos saltar o monólogo dramático— eu digo friamente, avançando à frente dos outros. — Nenhum de nós se importa em saber o quão espirituoso você pode ser, ou que tipo de linhas bestas e fodidas que você pode trazer enquanto você balançar a carne na frente de nossos rostos. Que porra você quer?
Nora suspira dramaticamente, franzindo os lábios vermelhos de um lado, mas nunca realmente perde aquele sorriso confiante do dela que eu quero dar um tapa no rosto dela.
Victor pisa ao meu lado, mas ele não me força a sair, ou me diz para ficar quieta. Ele não vai tão longe na frente dela a menos que ele pense que eu estou cometendo um erro, e eu admito, às vezes é justificado porque eu tenho um momento difícil controlar a minha raiva.
Os olhos castanhos de Nora o seguem e ela olha-o dos seus sapatos brilhantes e caros, sua jaqueta de terno preta da Armani e até o topo de seu cabelo bem-preparado. Certamente ela já — olhou para ele— nessa maneira sensual, mas agora que estou na sala com ele, ela deve estar tentando empurrar os meus botões ciumentos. Não funciona, porque eu sei que não tenho nada com que me preocupar.
— Vamos começar? — Victor diz.
— Claro — diz ela, como sempre, com um ar de sofisticação. — Eu diria que tomarem um assento, mas vendo como há apenas uma cadeira extra...
— Estamos bem — disse Dorian com impaciência, aproximando-se de nós. — Vamos continuar com isso.
Niklas sai para o lado para ficar de pé contra a parede. Ele está tão interessado como qualquer um no que Nora tem a dizer, mas ele parece entediado. Ele cruza seus braços musculosos sobre seu peito e traz um pé para cima, apoiando a sola de sua bota contra a parede atrás dele.
Woodard mal se moveu o tempo todo. Ele continua a ficar no centro da sala, suando profusamente e parecendo que está prestes a ser forçado em uma montanha-russa e tem medo de altura — se algum de nós rachar sob a pressão, é provável que seja Woodard.
Os olhos de Nora nos examinam todos, um a um. Apoiando os cotovelos nos braços da cadeira, ela segura os dedos sobre o colo, vestida de couro preto, com as mãos penduradas ali.
— Como já disse — Nora começa tranquilamente, com confiança — um de vocês sabe quem eu sou, ou pelo menos vai perceber quem eu sou no momento em que tudo isso acabar.
Todos nós olhamos um para o outro, todos exceto Victor, que mantém seus olhos treinados no inimigo — sempre focado, sempre disciplinado, sempre absorvendo cada minúsculo detalhe, sempre aquele de nós que tem a sua merda próxima em todos os momentos, não importa a situação.
— É assim que o jogo será jogado— prossegue. — Eu quero informação, e se eu não conseguir as informações que eu vim aqui para consegui - ela sorri e aponta seu dedo indicador para cima — Sim, eu disse que vim aqui, porque eu não estaria sentado aqui nesta sala se eu não tivesse deixado você me levar.
— Eu suponho que você queria ser acorrentada a uma cadeira, também — eu cortei em sarcasticamente.
Ela levanta os pulsos como se para nos mostrar as algemas.
— Essas pequenas coisas? — Ela diz ironicamente.
— Vá direto ao ponto— Victor a corta.
Seus olhos castanhos se movem de mim para Victor e depois de uma pausa, ela continua.
— Cada um de vocês me dará informações. Privadas — ela aponta seu dedo para cima de novo — exceto o de vocês do por que eu estou aqui. Essa pessoa em particular não terá escolha a não ser me dar a informação que eu quero na frente de todos os outros. E se ele ou ela se recusar, seus entes queridos serão executados.
Eu engulo nervosamente e imaginei o rosto de Dina em minha mente.
Dorian se aproxima, suas mãos fechadas em punhos em seus lados, seus dentes moendo, e com raiva em seu rosto.
Victor põe fora seu braço sem mover qualquer outra parte de seu corpo, parando Dorian em seu caminho. Dorian não vai mais longe.
Os olhos de Nora passar sobre Dorian enquanto ela adverte:
— E se eu morrer, eles também serão executadas.
Ela passa os dedos sobre o colo novamente.
— Por último, se o meu contato não ouvir de mim em quarenta e oito horas, que também vai ter seus entes queridos mortos. Então, vocês estão dispostos a jogar? — Seu olhar recai sobre todos nós mais uma vez.
— Vai depender apenas do tipo de informação que você quer— Victor fala. — E você parece ignorar o fato muito claro que você é meu prisioneiro. O que faz você pensar que não vamos simplesmente usá-la para obter essas pessoas de volta? Se você souber alguma coisa sobre mim, e aparentemente você sabe, então você deve saber que eu não vou desistir de informações sobre a minha organização, nem vou deixar ninguém mais — ele coloca as mãos sobre a mesa e se inclina sobre, olhando-a mortalmente nos olhos — e eu não tenho nenhum problema em matar uma mulher.
Meu olhar cai em direção ao chão; o brilho da luz em minhas botas pretas a única coisa visível em minha visão ofuscada.
— Orgulhoso disso, não é? — Nora zomba, e eu não posso ter certeza, mas eu pensei que eu senti seus olhos em mim momentaneamente.
Ela puxa sua cabeça loira para um lado enquanto eu levanto a minha.
— Você deve gostar de matar mulheres, Sr. Fausto. — Ela sorri, mas é muito grave, e eu sei que ela está tentando entrar sob a minha pele.
— Matar é o que eu faço— ele responde, deslizando as mãos para fora da mesa e retornando de pé. — Eu gosto nem não gosto. Mas eu não mato pessoas inocentes, se é isso que você está insinuando.
— Oh, de jeito nenhum— diz ela, seu tom de voz enfeitiçado.
Seus olhos se encontram com os meus desta vez, e eu não posso evitar, mas sinto que há algo escondido neles, algo que tem a ver comigo. Ou talvez — e muito mais uma possibilidade — é a minha paranoia no trabalho novamente.
— Mas para responder à sua pergunta — prossegue Nora — você pode me usar tudo o que quiser, mas isso não lhe servirá de nada — ela se inclina para a frente sobre a mesa, seu cabelo comprido contra o metal — Você vê, eu não tenho medo da morte, e eu não tenho nada mais para viver além da informação que eu vim aqui para obter. Então, por todos os meios, use-me tudo o que quiser, mas você só vai arriscar suas vidas ainda mais, fazendo isso.
O silêncio enche o quarto. Mais uma vez, todos nós olhamos um para o outro momentaneamente, contemplativamente.
— Qual é a natureza da informação que você procura? — Victor pergunta.
Nora sorri, com a cabeça inclinada de um lado para o outro num movimento preciso e balançando.
— Cada um de vocês tem um segredo profundo, escuro — ela começa, — algo que você pode se envergonhar, ou se arrepender, ou pode estar sendo perseguido por algo que você fez que era tão horrível que você que a sua consciência não pode fugir dela. Um de vocês — ela nunca olha para nenhum de nós em particular enquanto diz estas coisas -— foi traído por alguém muito próximo de vocês. Um dos que tinha algo tirado de você há muito tempo. E um de vocês enterrou algo que poderia ser o fim de vocês se alguma vez for encontrado. Você vai me confessar esses segredos. Com vontade. Sinceramente. — Ela olha apenas para Victor agora. — Essa é a natureza das informações que eu procuro, Sr. Fausto.
O silêncio enche o espaço novamente, mas desta vez é abundante com uma sensação coletiva, desconfortável que todos nós compartilhamos.
— Você está afirmando já conhecer esses chamados “segredos obscuros”? — Pergunto, cruzando os braços.
Os lábios vermelhos de Nora se alongam enquanto seus olhos varrem sobre mim.
— Eu sei — ela diz. — Eu sei mais sobre você do que a pessoa nesta sala mais próxima de você sabe.
— E como você sabe? — Eu digo, levantando do chão, porque eu não acredito nisso e eu duvido que alguém mais faz qualquer um. — Os segredos profundos e escuros são profundos e escuros por uma razão. E o que exatamente você tira disso? Algo não está encaixando.
— Eu vou te contar tudo o que sei quando eu estiver pronta— ela diz calmamente, deliberadamente. — E eu recebo um monte de fora, Sarai — eu vacilo quando meu antigo nome rola para fora da sua língua — basta ser paciente e, eventualmente, tudo vai fazer sentido.
Victor vira as costas para Nora e olha para todos nós.
— Alguém aqui não está disposto a acompanhar isso? — Ele pergunta.
— Eu vou fazer isso — Woodard diz balançando a cabeça, o queixo seu queixo duplo agitando levemente. — T-Tudo-e-eu quero dizer, qualquer coisa para manter minhas filhas seguras. — Ele arranca as mãos por cima de sua barriga arredondada.
Dorian passa a mão pelo seu cabelo louro e espetado, a manga de seu suéter cinza escuro escorregando de seu pulso, revelando uma Rolex usado sobre uma tatuagem preta e cinza de uma folha com ponta de sangue no centro de seu osso de pulso.
Ele balança a cabeça e lambe a secura de seus lábios, sua mão caindo da parte de trás de seu pescoço.
— Eu vou fazer— ele diz e então ele olha para Nora.
Victor olha para mim e só hesito por um momento.
— Conte-me— digo e eu olho para Nora com um sorriso sarcástico. — Não tenho nada a esconder.
Ela sorri porque sabe que estou mentindo.
Niklas empurra-se para longe da parede por sua bota e caminha em nossa direção, aquele sorriso que ele é famoso, exibido orgulhosamente em seu rosto. Ele ergue a mão e coça a barba do queixo e das bochechas.
— Você está cheia de merda — ele diz agora cruzando os braços e olhando diretamente para Nora. — Você diz que todos nesta sala têm um segredo. Bem, eu não, não há nada “profundo e escuro” sobre mim que qualquer um nesta sala já não saiba. Eu sou a porra de um livro aberto, e é assim que eu sei que você é apenas mais uma puta manipuladora — ele olha para mim brevemente -— mas com certeza, eu vou jogar o seu jogo. Não tenho nada melhor a fazer.
Niklas volta para a parede.
Todos os olhos estão em Victor.
Victor me olha brevemente — porque eu sei que ele está apenas entretendo isso para mim — então ele dá atenção a Nora e diz casualmente:
— Quando começamos?
Nora sorri e pressiona suas costas contra a cadeira.
Ela aperta os lábios e diz com a mão:
— Quanto mais cedo melhor. O tempo está passando. Eu espero que você transmita tudo isso para que especialista de vocês. Pena que ele não pode trazer Seraphina... ou era Cassia? — Ela sorri maliciosamente -— ele está chegando, não é? Ele é parte do negócio, lembre-se disso. Se ele não aparecer, eles morrem.
Dorian e eu trancamos os olhos desta vez, ambos com os mesmos terríveis pensamentos e medos.
— Então, quem vai ser voluntário para ir primeiro? — Nora questiona com as sobrancelhas levantadas perfeitamente arrumadas.
— Eu vou primeiro — Woodard diz imediatamente.
Ele arrasta um dedo indicador enrolado atrás do pescoço de sua camisa, afrouxando o tecido suado de sua pele.
Victor se move em direção à mesa e leva a parte de trás da cadeira vazia em sua mão, puxando-a para o centro da sala, a cerca de cinco metros da mesa e da mulher perigosa sentada do outro lado dela.
— Não mova esta cadeira deste local— Victor exige. — Ela está segura, braços e pernas, mas fique fora de seu alcance.
Nora sorri maliciosamente para Woodard, revelando um conjunto de dentes retos brancos. Então ela olha cada um de nós individualmente uma última vez, orgulhosa de seu desempenho, e o resto de nós sai da sala.
— Não tenho certeza se é uma boa ideia deixar Peter Griffin3 confinado em um quarto com ela— Niklas diz com um sotaque depois que a porta pesada fecha e trava automaticamente.
— Ele tem uma arma — Victor revela. — Contanto que ele fique fora do alcance dela, ele ficará bem. Além disso, ela não está aqui para matar ninguém. Esse... jogo que ela está jogando é muito importante para ela. Ela tem se esforçado para chegar até aqui.
Victor faz um ponto válido.
— Você acha que ela sabe que o quarto está grampeada? — Eu pergunto.
— Não sei — Victor responde - mas tenho a impressão de que não importa para ela de qualquer maneira.
— Victor — diz Dorian - se acontecer alguma coisa a Tessa...
— Vamos atravessar aquela ponte quando chegarmos a ela, Flynn — Victor corta. — Uma coisa de cada vez.
Caminhamos ao lado e atrás de Victor pelo corredor e longe da sala, fazendo o nosso caminho para o elevador e para a sala de vigilância. Três gigantes TV de tela plana estão alinhadas perfeitamente em toda a parede, cercado por conjuntos de equipamentos de vídeo e áudio debaixo delas em cima de duas mesas maciças e duas outras mesas à direita e à esquerda. As telas já estão vivas com a cena da sala de interrogatório. A televisão no centro exibe uma imagem gigante, situada em Nora e Woodard, ampliada o suficiente para quase contar as gotas e sardas no pescoço de Woodard. As duas televisões à esquerda e à direita desta têm quatro telas diferentes dentro delas, todas mostrando ângulos diferentes da sala.
Suas vozes fluem dos alto-falantes quase tão audivelmente como se estivéssemos sentados em um pequeno teatro, assistindo a um filme.
Sentamo-nos em cadeiras de escritório e escutamos, capturando o começo da conversa a tempo.
— ... oh, eu sei que seu nome completo é James Carl Woodard — Nora diz inteligentemente, dobrando suas mãos juntas na mesa na frente dela. — Nascido em Boston, Massachusetts, em 3 de agosto de 1955, às 12h02, filho de Anthony e Beatty Woodard.
Woodard mal pode se sentar em sua cadeira; seu pé direito vestido com um loafer4 preto largo que constantemente salta para cima e para baixo contra o chão rapidamente. Sua respiração é instável e sua camisa está encharcada de suor, bem como sua testa que ele limpa continuamente com sua mão, transferindo-o para as pernas da calça depois.
— Sim — ele diz, — isso está correto. C-Como você sabe alguma coisa sobre mim? Porque, senhora, eu não te conheço. Quero dizer, eu não consigo imaginar quem você poderia ser realmente. M-Mas, bem, vou tentar descobrir se você quiser. Apenas não machuque minhas filhas.
Ela sorri suavemente, cheia de compaixão, e então abana a cabeça.
— Suas filhas — Nora diz como se trazendo até um ponto. — O que você faria por suas filhas?
— Q-Qualquer coisa... Eu quero dizer que eu não posso te dar informações sobre esta Ordem... p-porque eu não sei muito de tudo...
Com um sorriso, Nora olha para Woodard de uma maneira conhecida, de um lado para o outro.
— Oh, vamos agora, James — ela diz, — eu esperava que você não fosse tão estúpido quanto você parece. Você não acha que eu estou muito além de saber que é a informação além de um cara nesta Ordem; pelo menos um deles, de qualquer maneira; aquele que se senta à mesa junto com o líder e seus melhores homens — seus olhos olham diretamente para uma câmera escondida -— e mulher — ela acrescenta com um sorriso afetado.
— OK, ela definitivamente sabe sobre o quarto estar grampeado — eu digo, embora realmente não precisa ser dito neste momento.
— Mas nós não estamos aqui para isso — Nora continua, olhando para Woodard novamente. — Você vai me contar sobre sua família.
— O-o que sobre eles? — Ele gagueja; Ele sempre gagueja quando ele está nervoso. — O que você quer saber?
— Quero saber sobre seus filhos.
Woodard parece confuso.
Ela ajuda a avançar com ele.
— Olhe para mim, James— ela diz inclinada sobre a mesa e olhando para ele sob os olhos encapuzados. — Eu não vou soletrar nada para você. É seu trabalho me dizer o seu segredo por conta própria.
— Mas eu não...
— Oh, sim, você sabe — ela diz e se inclina para trás novamente. — Um homem como você, que não é tão estúpido quanto parece, aposto que há muito sobre você que não sabemos. Não existe?
Ele não diz nada.
— Eu tenho observado você por um longo tempo— ela continua. — Eu sei onde você mora com sua esposa e duas filhas. Sei sobre as casas que você frequenta, deixando-as sozinhas... desprotegidas...
— Deixo para protegê-las — Woodard corta na defensiva. — Eu amo a minha família. Eu nunca deliberadamente colocá-las em perigo. — A gagueira diminuiu agora que ele está ficando com raiva.
— Claro que sim— diz Nora, — é por isso que suas filhas não sabem onde, agora mesmo, amarradas a cadeiras — ela levanta as mãos, as correntes chiam e então olha para si mesma — muito parecido com isto, na verdade. Mas vamos avançar um pouco. Sobre as tuas filhas e o segredo que você guarda.
Eu não estou gostando de tudo onde isso parece que está indo.
Victor e eu trocamos um olhar.
— Não sei do que você está falando.
Ela sorri.
— Eu acho que você faz.
Meu estômago está torcendo em nós, ouvindo isso. Se ele disser o que eu acho que ele vai dizer,
— OK, eu vou te dizer — Woodard diz e abaixa os olhos.
Até agora, eu, Victor, Dorian e Niklas estamos todos pendurados em sua confissão, provavelmente todos pensando a mesma coisa.
— Eu tenho seis outras filhas — diz ele — com outras quatro mulheres. Tenho andado a enganar a minha mulher há quinze anos. Eu... É... o que você queria saber?
Nora sorri com satisfação.
Nós quatro nos sentamos aqui em uma espécie de choque, mas acredito igualmente aliviado que ele não estava prestes a confessar algo mais imperdoável. James Woodard pode ter um ataque cardíaco estúpido em duas pernas, mas todos nós gostamos muito dele.
— Merda, ele acabou de dizer que ele tem oito filhas com cinco mulheres diferentes? — Dorian diz, surpreso.
— Acho que sim — responde Niklas com humor em sua voz. — Quem poderia pensou que ele pega mais bocetas do que você, Flynn?
Dorian zomba e balança a cabeça, olhando para a tela.
Nora faz contato visual com a câmera escondida novamente.
— Veja como isso foi fácil? — Ela diz. — Na verdade, isso foi muito mais fácil do que eu pensava que seria. — Ela entrelaça os dedos na mesa. — Agora, Sr. Woodard, isso não foi tão difícil, foi? A verdade não se parece liberadora? — Ela mordiscou seu lábio inferior e balançou a cabeça para um lado com um encolher de ombros. — Claro, seria muito mais libertador se contasse a sua esposa, mas você é muito covarde para isso, não é?
Ele balança a cabeça nervosamente olhando para baixo, enrolando seus dedos rechonchudos dentro de seu colo, seu pé firmemente batendo contra o chão.
— A-As minhas filhas estão bem?
— Eu não sei — ela diz sem hesitar. — O agora não é realmente importante. Como vai ser no momento em que tudo isso acabar é o que você deve estar preocupado.
— É isso que você quer? — Ele diz. — Para eu confessar a minha esposa? Para dizer a minhas filhas que eles têm irmãs? Eu não entendo o que isso tem a ver com nada. Eu não vejo por que você as rapta.
Nora levanta um dedo.
— Você vai descobrir— ela diz com um pequeno encolher de ombros. — Você tem muito tempo para pensar sobre isso.
As sobrancelhas franzidas de Woodard estavam em sua testa.
— É isso? — Ele pergunta, tão confuso quanto qualquer um de nós está. — Isso é tudo o que você queria saber? Pensei que fosse tentar forçar informações sobre o resto de nós...
— Eu não preciso de você para fazer isso— ela diz com confiança. — Os outros vão me dizer o que eu quero saber, tudo por conta própria.
Confiança só pode ser a torção na armadura de Nora, porque, de alguma forma, eu duvido que ela vá tirar muito da maioria de nós. Dorian, talvez, porque a vida de Tessa está na linha e claramente ele ainda ama sua ex-esposa. Eu — é uma possibilidade muito real que ela me faça falar por causa de Dina, e porque se é apenas segredos pessoais que ela quer e não informações sobre a nossa Ordem, então estou disposta a desistir dos meus segredos para salvar a vida de Dina.
Já dormi com uma garota? Claro que já... eu vivi com dezenas delas por nove anos quando eu estava presa no México. Nada para se envergonhar, dormir com uma mulher, embora seja um pouco embaraçosa. E eu não gostaria de dar Niklas e Dorian esse tipo de munição para obter ficar sob a minha pele e meu amor mais do eles estavam.
Já roubei alguma coisa? Bem, roubo é uma espécie de algo que eu sou muito boa e eu usá-lo para minha vantagem no campo muitas vezes. Mas Victor já sabe disso. Niklas e Dorian e Fredrik e qualquer outra pessoa em nossa Ordem, não tanto, porque eu roubei de todos eles para manter o controle de suas vidas pessoais para Victor. OK, agora que pode ser prejudicial.
Talvez eu não esteja dando crédito suficiente a Nora.
Agora eu estou nervosa.
Mas Victor?
Ela nunca conseguirá nada com ele. Isso me assusta porque eu quero Dina viva e se ela morrer, a última pessoa no mundo que eu posso lidar com sendo a causa disso, é Victor. Se ela morrer por causa dele, acho que nunca vou conseguir perdoá-lo.
Niklas?
Eu sacudo a cabeça pensando nisso comigo mesma. Niklas, eu sinto que é exatamente como ele disse a ela que ele é antes de sair daquela sala — um livro de merda. Então, eu não sei o que ela espera sair dele, se há alguma coisa para chegar a todos.
Fredrik?
Oh, como é triste para esta mulher que realmente - perdoe o cliché - mordida de uma maneira maior do que ela pode mastigar. Puxar informações dos lábios como o sangue de uma veia é o domínio de Fredrik, um que eu duvido que ela quer pisar.
— Isso foi muito fácil — fala Dorian.
Niklas ri ligeiramente em voz baixa.
— Sim, olha quem está no estande como a primeira testemunha. Victor, você tem certeza de que testou completamente esse cara antes de dar acesso a tudo?
Victor acena com a cabeça.
— James Woodard é confiável — diz ele. — Ele pode estar nervoso, mas não deixe que isso o engane.
Nora sorri para a câmera.
— Quem está vindo para a confissão depois? — Ela diz.
Eu não quero ir. Essa puta me deixa desconfortável.
— Eu vou em seguida — eu falo contra meus pensamentos internos.
— Tem certeza? — Victor diz.
Eu concordo.
— Sim, eu quero acabar com isso. — Pelo menos essa parte é verdadeira.
Eu me levanto da cadeira de rodas, puxando as pontas do meu vestido preto para trás sobre minhas coxas.
— Quanto mais cedo acabarmos com isso — digo, —mais cedo os recuperarmos.
Dorian acena com a cabeça.
Niklas olha para mim sem nenhuma emoção em seu rosto.
Olho para Victor, uma espécie de contemplação silenciosa nos meus olhos. Eu não quero que eles me escutem confessar qualquer coisa a esta mulher, mas eu sei que eles precisarão manter o áudio aberto no caso Nora dizer algo importante. Então, eu não me incomodei dizendo o quanto eu não gosto disso, e eu saio do quarto e dirijo-me para o elevador, passando por um confuso James Woodard no longo trecho do corredor no meu caminho para baixo.
Quanta mulher poderia realmente saber, afinal? Então, o que se soubesse o nome completo de Woodard, data de nascimento, tempo de nascimento, e nome dos pais - todas essas informações podem ser encontradas em um documento pouco útil chamado de certidão de nascimento. Ela realmente não disse muito sobre qualquer outra coisa, então talvez ela estava apenas blefando. Sim, isso é uma possibilidade. Ela está blefando, e Woodard era a pessoa perfeita para usar para mostrar ao resto de nós.
Duvido que ela realmente sabe nada sobre mim, muito menos todos nós.
CapÍtulo Cinco
Izabel
Depois de perfurar o código de acesso no painel da porta, entro no quarto armada com apenas a minha faca com punho de pérola escondida dentro da minha bota direita. Levo o meu tempo fazendo o meu caminho através do quarto e para a cadeira, mas eu não me sentar uma vez que chego lá. Nora se senta confortavelmente de costas contra a cadeira, seus braços descansando ao longo dos finos braços metálicos, suas unhas pintadas de vermelho drapejadas elegantemente sobre as bordas. Tudo exceto seu dedo mindinho esquerdo.
Eu sorrio pensando nisso sozinha, parando logo atrás da cadeira vazia.
— Alguma coisa engraçada? — Pergunta Nora.
— Na verdade sim — eu digo com um sorriso.
Eu olho para seu dedo marcado apenas o tempo suficiente para ela vislumbrar o que eu estou me referindo, e então para trás em seus olhos castanhos brilhantes enquadrado por cílios escuros e contusões.
— Alguém se cansou de ouvir sua merda e corto-o?
Ela sorri.
Então ela levanta a mão esquerda e move seus longos dedos em uma forma delicada.
— Eu sinto falta disso — ela diz despreocupadamente e então põe a mão de volta para baixo no braço da cadeira. — Mas eu não sou a única a responder a perguntas aqui. — Ela se dirige para minha cadeira. — Sente-se.
— Acho que vou ficar de pé.
— Não, acho que você vai tomar um assento — ela diz calmamente, mas com um ar de autoridade.
Ela sorri.
Eu não. E eu também não me sento.
— Eu realmente esperava que você fosse a última — diz ela. — Quero dizer, vendo como seu segredo é um dos mais escuros.
Isso atrai minha atenção.
Ela inclina a cabeça.
— Eu realmente espero por sua causa que ninguém esteja escutando nossa conversa desta vez.
— Você não sabe nada sobre mim — eu estalo, não confiante. — Meu nome verdadeiro — e daí. Isso não é difícil de descobrir. Apenas como a informação do registro do nascimento de James. Acho que você é uma fraude.
Nora sorri e move para a cadeira novamente.
— Uma fraude, talvez — diz ela, zombando de mim como sempre, — mas uma fraude que controla se Dina Gregory vive ou morre, no entanto. Por favor, sente-se, para que possamos estar ao nível dos olhos.
Eu torno meu queixo, rangendo meus dentes, mas uma vez mais ela tem minha atenção.
— Você está perguntando ou dizendo?
— Estou perguntando — ela diz calmamente. — Por favor. Sente. — Ela abre a mão em gesto.
Sua estranha mudança de atitude me pega de surpresa, mas é só depois de eu finalmente sento que eu perceber que ela ainda me levou a fazer isso. Ela não diz nada no modo de zombaria, mas eu sei, apenas por aquele olhar fraco de satisfação em seus olhos que ela está anotando outra vitória em seu caderno mental.
Eu não digo nada, e tento manter minha própria influência; o que sobrou de qualquer maneira.
— Que tal isso — eu digo, cruzando minhas pernas e meus braços — você me fala um pouco sobre você primeiro, apenas para que possamos ficar mais... confortáveis uma com a outra. E então eu vou te dizer o que você quer saber.
— Será que o meu sangue não é suficiente? — Pergunta ela com um sorriso de satisfação. — Eu dei a eles livremente, você sabe. Porque eles não encontrarão nada em mim. — Ela ergue as mãos, as palmas das mãos voltadas para mim. — Impressões digitais? — Ela ri com uma expressão elegante — também não vão encontrar nada nelas.
— Então vamos conversar — digo.
Nora se inclina para a frente, colocando os braços sobre a mesa, embora eles só alcancem a partir do meio de seus antebraços, as correntes enganchadas às algemas as impediram de ir mais longe.
— Eu disse a você — ela diz: — Eu não estou aqui para responder às suas perguntas.
Eu me levanto e corajosamente movo minha cadeira o resto do caminho e coloco-a na mesa ao seu alcance. Eu não tenho medo dela e quero que ela saiba disso.
Ela sorri levantando o olhar para mim e seus olhos seguem os meus de todo o caminho de volta para baixo quando eu tomo o meu assento novamente, apenas um par de pés na frente dela. Então, eu me inclino para a frente como ela, colocando meus braços sobre a mesa à minha frente e fechando minhas mãos.
Olho para os meus dedos e depois a olho nos olhos desafiante.
— Eu tenho todos os meu — eu digo com zombaria cruel. Então coloco minhas mãos sobre a mesa de metal fria, estendendo os dedos para fora, com as unhas sem estar pintadas, um anel de ouro branco no dedo mindinho com um diamante de três quilates e outra prata com uma pedra de ônix preta em meu polegar direito. Deslizei o anel do dedo mindinho direito e coloco-o na minha esquerda, depois, segurando minha mão em frente de mim como se para admirá-lo.
Então eu viro-o ao redor, minha palma enfrentando-me, de modo que pudesse a ver, demais.
— Há algo nas mãos de uma mulher que é irresistível para alguns homens — começo, provocando-a em meu tom mais controlado. — O mesmo tipo de homens que amam a forma do pescoço de uma mulher, ou a inclinação de seus ombros, ou a delicadeza de seus pulsos. Estes são os homens sofisticados, o tipo de homens que podem oferecer a uma mulher um relacionamento mais... inteligente. — Eu viro a mão para frente e para trás lentamente na nossa frente, olhando para aquele anel brilhando no meu dedo mindinho, e quanto mais eu falo, mais uma espécie de escuridão começa a mudar em seus olhos, eu estou puxando me agarrando nisso aqui, mas parece estar funcionando. — Então há os homens do peito e de bunda. A maioria deles apenas amadores com tesão que não têm controle sexual. — Eu olho para seu dedo mindinho novamente. — Você é uma mulher linda — digo. — Seios agradáveis, bunda legal, mas aquela sua realmente não está lhe fazendo nenhum favor. Espero que aquele que pegou o seu dedo receba o que merece.
Nora desliza suas mãos da mesa e as descansa em seu colo. E embora eu pareça ter comprimido um nervo um pouco, seu sorriso malicioso permanece intacto.
Talvez a vaidade é a torção em sua armadura em vez de confiança.
— Você é exatamente como eu sempre imaginei que você seria — diz ela, aparentemente ilesa. — Jovem, inexperiente, faladora, excessivamente confiante, de temperamento rápido, e muito sobrecarregada pela situação. — Ela se inclina para a frente novamente, mas mantém as mãos em seu colo; a luz que irradia da lâmpada em forma de cúpula centrada sobre a mesa faz com que seus cabelos loiros e batom vermelho brilhem. — Mas você não vai durar neste mundo subterrâneo, Sarai Cohen. Você acha que ser uma escrava sexual durante nove anos, submetidos a terríveis abusos e da morte e o lado mais escuro da natureza humana, faz com que você se encaixe em um estilo de vida de matador profissional, adequada para se sentar à mesa entre os homens que estão tão longe da seu Liga. — Seu sorriso malicioso se estende entre seu rosto cremoso, mas machucado. — Mas, mais do que isso, você está certamente fora de sua liga quando se trata de mim. Então, se eu fosse você, eu deixaria a tentativa desesperada de me atropelar no meu próprio jogo, e jogar a única mão patética que você tem.
Suas palavras me espetaram, mais do que eu pensava que podiam, mas eu não deixo isso aparecer em meu rosto. Pelo menos eu espero que não.
Eu sorrio e coloco minhas mãos sobre a mesa novamente.
Sei bem no fundo que devo manter minha boca fechada, que eu deveria deixá-la continuar com isso, mas estou chateada e não posso evitar — ela tem a parte rápida, pelo menos.
— Apenas me diga quem foi, — eu digo, estimulando-a, — quem cortou. Era um homem? Um ex-amante? Um marido? Não? — Eu franzo os meus lábios. Ela se vira um pouco na cadeira. — Uma mulher, então? Ah, deve ser isso... você é lésbica, não é? — Eu sorrio.
Mas eu acho que eu a perdi agora, fui muito longe da pista porque seu sorriso retorna, então eu volto na direção oposta.
— Era seu papai então? — Meus olhos estão acesos com excitação, meus lábios virando para cima em um lado, eu definitivamente atingi um nervo. — Foi, não foi? Por que seu pai cortou a ponta de seu dedo, Nora?
Seu sorriso desaparece de seu rosto em um instante. Sua respiração se torna mais profunda, exalando audivelmente de suas narinas flamejantes.
— Diga-me o seu segredo — eu digo, — e eu vou te dizer o meu. Por que papai cortou o dedo pobre?
Dentes brancos foram descobertos por atrás dos lábios vermelhos vêm em minha direção sobre a mesa tão rápido que meus olhos se fecham e minhas mãos se levantam instintivamente para me bloquear da força do golpe. Eu sinto que estou caindo apenas alguns segundos enquanto minha cadeira vai para trás com Nora em cima de mim, até que ela bate no chão duro. Um flash de luz e manchas de brotam diante de meus olhos e dor pulsa através do meu crânio como minha cabeça salta no azulejo.
Victor
Niklas e Dorian correram em direção à porta, com a intenção de se apressar para ajudar Izabel.
— Pare! — Eu os ordeno, mantendo meus olhos na tela.
— Victor, ela pode matá-la — diz Dorian.
— Como diabos ela tirou as algemas de suas mãos?! — Niklas grita.
Woodard fica à minha esquerda, observando a cena violenta se desdobrar na tela, um braço cruzado sobre seu estômago arredondado, a outra mão dançando em seus lábios nervosamente.
— Você não pode deixá-la ali — acrescenta Dorian com determinação.
Izabel e Nora se revezam servindo golpes. Nora está em cima de Izabel, chovendo seus punhos para baixo em sua cabeça, e enquanto é bastante difícil para mim assistir, eu sei que devo deixar correr o seu curso.
Volto-me para Niklas e Dorian.
— Izabel pode cuidar de si mesma — digo.
— Não tenho tanta certeza — diz Niklas, claramente preocupado com Izabel. — Foram necessários três de nós para segurá-la no auditório.
Eu olho direito para o meu irmão.
— Ela vai ficar bem.
Ambos hesitam antes de ceder e eles voltam para ficar em frente às telas.
— Espero que tenha razão, irmão. - Niklas cruza os braços.
Mantendo meus olhos treinados na luta, tudo que eu posso pensar é que... Eu espero que eu esteja certo também.
Izabel
A cadeira de metal em que eu estava sentado está virada para o lado. Eu estendi a mão para ela cegamente com a mão direita, esforçando-me para conseguir qualquer parte dela em meus dedos, e quando eu finalmente fizer, eu não sei como, mas eu tenho força suficiente com uma mão para levantá-lo o suficiente para cima do chão e golpeando em um lado da cabeça com ele.
Nora cai de lado e fora de minha cintura, cobrindo sua cabeça com as mãos que de alguma forma não estão mais presas por algemas.
Não desperdiçando nem um segundo, eu me ajoelho e agarro a cadeira dobrada novamente com ambas as mãos desta vez e atinjo a parte de cima da cabeça dela de novo.
Nora consegue sair do caminho pouco antes de a cadeira cair pela terceira vez. Fica de pé enquanto eu deixo cair e fico de pé para ir atrás dela. Ela tenta se empurrar em uma posição, mas os punhos e corrente que a prendem nos tornozelos ainda estão no lugar, tornando difícil para ela se mover em qualquer lugar mais alto do que o chão.
Estou em cima dela em um piscar de olhos, da mesma forma que ela estava em cima de mim momentos atrás, com meus joelhos arreganhados em ambos os lados dela.
Agarrando ambos os lados de sua cabeça, um estrondo soa quando eu bato a parte traseira de seu crânio contra o chão. Uma vez. Duas vezes.
— Ahhhnnn! Cadela! — Ela grita, com as mãos segurando meus bíceps, cravando as unhas em minha carne e rompendo a pele. Seu corpo se desloca sob o meu peso enquanto ela tenta levantar as pernas dela por trás para trancá-las ao meu redor como fez no auditório, mas ela não consegue ter as pernas abertas o suficiente por causa da corrente entre os tornozelos.
Eu pulo longe dela, mordendo duramente o meu lábio inferior de raiva, meus olhos girando com calor e raiva enquanto eu me inclino sobre ela no chão e pego um punhado de cabelo louro, meus dedos apertando contra a parte de trás de seu couro cabeludo, e eu arrasto seu corpo através do chão de cerâmica em suas costas. Seus dois saltos pretos saem, deixados em uma trilha atrás dela.
Antes de eu levá-la todo o caminho de volta para o seu lado da mesa, eu perco o meu pé e vêm caindo quando ela agarra meu tornozelo com as duas mãos e puxa para trás com toda a sua força. O sangue brota na minha boca quando meu rosto entra em contato com o chão.
De repente eu não consigo respirar. Meus olhos rolam na parte de trás da minha cabeça enquanto ela aperta a corrente entre seus tornozelos em torno da minha garganta, suas pernas se fecham com força enquanto ela se deita sobre o chão, seu corpo sustentado em seus antebraços, todo seu poder deslocado para seus pés, me bloqueando no lugar. Meus dedos surgem rapidamente enquanto eu tento desesperadamente encaixá-los atrás das correntes. Eu sinto toda a minha cabeça se tornando quente, inchando rigidamente no meu pescoço e transformando beterraba vermelha e roxa.
Ela aperta ainda mais os tornozelos, deixando-me imóvel; o cheiro de suas calças de couro apertadas pesado em minhas narinas. Eu quero desistir, eu sinto que é tudo que eu posso fazer. Meu corpo começa a me trair quando os meus membros começam a amolecer. Suspiro por ar que apenas não virá e lágrimas de exaustão encherão os cantos de meus olhos.
— Fora de sua liga — ouço a voz de Nora dizer em meio ao bombardeio vociferante de sangue em minha cabeça.
Algo dentro de mim se encaixa, e meus olhos se abrem abertamente no meu rosto. Grito para fora algo que eu não posso mesmo decifrar e finalmente escavo meus dedos entre a corrente e minha garganta. Puxo-o para longe com tudo em mim, estimulada pela raiva, pela vingança e pela vontade de viver, até que eu a dominar e afrouxo meu pescoço, batendo as pernas contra o chão.
Ela começa a rastejar para longe em suas mãos e joelhos na direção da minha cadeira virada.
Eu salto para os meus pés, puxando a Pérola da minha bota antes que eu estou completamente de pé, e eu estou de pé sobre ela com a lâmina contra a garganta e parte de trás do seu cabelo no meu punho, puxando o seu pescoço para trás na medida que posso sem que estale.
— Eu vou cortar mais do que seu dedo, cadela!
Ela congela. Seus quadris, pélvis e pernas estão pressionados contra o chão, os brancos de seus olhos visíveis para mim enquanto eu estou sobre ela por trás.
— Onde está Dina? — Eu puxo seu couro cabeludo, puxando seu pescoço para trás ainda mais; se ela ainda se encolher do jeito errado, a lâmina afundará a pele e ela sabe disso. — Foda-se esses jogos de vocês! Diga-me onde você a levou!
— Aproxime-se e eu lhe conto — diz ela com dificuldade, sua voz tensa.
Sem sequer pensar nisso eu faço, mas mantenho a lâmina contra sua garganta quando eu sentar em suas costas.
— Tente qualquer coisa e eu vou matar você — eu rosno, meus lábios ao lado de sua orelha.
Ela não tenta lutar, mas eu não estou sentindo a derrota nela. É outra coisa. Essa confiança nela que eu tenho desprezado. Mesmo que eu sou a pessoa sentada em cima dela, aquela com a faca pressionado na sua garganta, não posso deixar de sentir como se ela ainda estivesse no controle.
— Onde ela está? — Eu sussurro duramente contra o lado de seu rosto.
— Nove anos como escrava sexual em um complexo mexicano — ela sussurra de volta. — Algo me diz que eles não se importavam muito com preservativos. Será que eles se importavam, Sarai?
Meu corpo inteiro, cada osso, cada músculo, solidifica em um instante.
— Se você quer Dina Gregory viva — ela diz, ainda em um sussurro muito baixo para o áudio pegar, — então você e eu precisamos ter uma conversa sobre os detalhes do relacionamento que você teve com Javier Ruiz.
Parece como uma eternidade eu me sentada em cima dela, estendida em suas costas, perdida em algum tipo de submissão atordoada. Não consigo encontrar palavras. Ou meus batimentos cardíacos. E minha mente está fugindo de mim.
Então minha mão com a faca começa a tremer e a minha respiração se torna instável.
Desligo a faca longe de sua garganta, empurro sua cabeça para baixo violentamente contra a telha com a outra mão, empurrando-me com raiva para meus pés e fora dela. Eu não olho para ela quando ela se levanta, lutando em uma posição com seus tornozelos ligado. E eu olho apenas para o chão quando ela passa por mim, pegando seus saltos pretos ao longo do caminho, e volta para seu assento do outro lado da mesa.
Eu mantenho minhas costas para ela, incapaz de me mover; meus olhos começando a queimar com lágrimas de raiva empurrando seu caminho para a superfície. Minha faca está agarrada firmemente na minha mão, descansando ao meu lado. Eu sinto vontade de usá-la em mim mesmo.
— Vamos começar? — Nora diz tão calmamente como sempre, esperando por mim na mesa. — Estou ansioso para ouvir tudo sobre o seu tempo no México. — Ela diz com uma voz mais audível, olhando para a câmera.
Levantando a cabeça lentamente, olho para a pequena câmera escondida fixada no respiradouro perto do teto à minha direita. Eu olho direito para Victor, ou pelo menos eu espero que ele perceba que é isso que eu estou fazendo, meus olhos cheios de pesar, vergonha e... tristeza.
Uma lágrima cai em uma bochecha, mas eu não tenho energia para limpá-la.
Meus olhos caem longe da câmera e olham para o chão em vez disso.
Victor
— Desligue o áudio — eu instruo Dorian.
Niklas argumenta:
— Espere, precisamos deixá-lo no caso...
— Eu disse para desligá-lo.
Pela primeira vez desde que entrei nesta sala, sinto a necessidade de me sentar.
— Victor, isso é um erro — diz Niklas. — Qualquer coisa que Nora disser pode ser útil.
— Estou ciente, Niklas.
O áudio fica morto quando Dorian o desliga na mesa à minha direita.
Eu mantenho meus olhos na tela. Um ódio oculto por Nora começa a se revelar dentro de mim, fervendo sob a superfície e crescendo mais escuro quanto mais ela machuca Izabel.
— Victor...
— Izabel sofreu bastante — eu cortei-o com ácido em minha voz. Giro apenas a cabeça para olhar para o meu irmão. — Você não tem ideia do que ela passou no México, Niklas, nenhum de nós realmente tem. Esta mulher pode forçá-la a dizer-lhe coisas que eu tenho certeza Izabel quer que ninguém saiba, muito menos todos nós, ou eu. Mas não vamos ouvir sua confissão. Seja o que for, é o segredo dela. Seu negócio. E quando ela estiver pronta para dizer a você ou a mim ou a qualquer outra pessoa, só então a ouviremos.
Niklas cede com facilidade.
Acenando com a cabeça, ele diz:
— Não, você está certo. Além disso, se Nora disser algo que Izabel pensa que podemos usar, ela nos avisará.
Eu aceno e volto para a tela.
Uma bolsa de batatas chacoalha atrás de mim perto de Woodard.
Irritado por isso, eu digo:
— Deixe-nos e veja se você conseguiu alguma coisa sobre o sangue dessa mulher ou impressões digitais. Quero saber quem ela é antes que esta noite termine.
— Sim, senhor — diz Woodard, saindo apressado do quarto.
Eu olho para a tela, com os cabelos ruivos de Izabel desgrenhados sobre seus ombros; a dor em seus olhos verdes, e tudo o que posso fazer é assistir quando ela é forçada a reviver algo que ela só queria esquecer.
Capítulo seis
Izabel
Distraidamente eu estendo uma mão e limpo o sangue do canto da minha boca, e então toco com a língua o tecido inchado no interior onde meus dentes rasgaram a carne.
— Sente-se, Sarai — diz Nora.
— Meu nome é Izabel.
— O novo nome é Izabel — diz ela, surpreendentemente, com um pouco menos de zombaria — mas você não pode enterrar quem você costumava ser, não importa quão duro você tente. Nenhum de nós jamais conseguirá.
Eu encobri minha faca e me sento, também posso parar de lutar com o inevitável.
Eu não olho para ela.
— Que porra você quer saber... exatamente? — Eu pergunto gelada.
— Você já sabe a resposta para isso.
Ergo a cabeça e olho para ela com olhos frios e encapuzados.
— Eu ainda vou precisar de você para elaborar — eu digo. — Eu fiz um monte de coisas que eu não estou orgulhosa. E eu só estou disposto a dizer a você que você está aqui, então, que tal você me ajudar um pouco para que possamos acabar com isso.
Eu ainda não quero acreditar que ela realmente sabe alguma coisa; talvez se eu continuar a sondá-la por pistas que ela acabará se confundindo. Mas, no fundo, eu sinto que ela sabe muito mais do que eu quero que ela saiba. E não posso arriscar a vida de Dina.
Nora empurra os dedos pela parte superior de seu cabelo, empurrando os fios caídos longe do seu rosto. Outra contusão acompanhada por um nódulo está se formando em sua maçã do rosto. Uma pequena tira de sangue vertical é evidente no centro de seu lábio inferior gordo; batom está manchado em sua boca novamente. Ela levanta a mão e limpa tudo, deixando os lábios rosados e ligeiramente inchados.
Nem mesmo me pergunto sobre as algemas. Se ela saiu delas uma vez, ela provavelmente pode sair delas novamente. Quem vier a este quarto em seguida terá o trabalho de detê-la.
— Você era uma escrava sexual de um traficante de drogas mexicano — ela começa — durante a maior parte de sua vida adolescente e adulta. A escrava sexual, Izabel. Diga-me... quantos você teve?
Eu olho para cima, encontrando seus olhos castanhos. Novamente, não há zombaria, apenas um rosto sério e determinado olhando para mim como se eu estivesse sendo punida, forçada a dizer a verdade para diminuir a minha sentença.
Engulo e sufoco um pouco, olhando para as minhas mãos sobre a mesa.
E então eu confesso meu segredo mais escuro.
México — Cerca de sete anos atrás...
Minha cabeça latejava sob as pontas dos meus dedos enquanto eu estava deitado de lado contra o chão de madeira. Minha boca estava cheia de sangue; comecei a engasgar com o gosto metálico. Lágrimas escorriam dos meus olhos, soluços tremiam meu corpo, soluços que iriam não ser ouvidos enquanto Izel, a irmã perversa de Javier, era a única na sala comigo.
— Levante-se estúpida, vagabunda, puta! Levántate!
Ela voltou para mim, vestida com uma saia preta curta e apertada que não deixou nada entre as pernas dela à imaginação quando ela se agachou sobre mim descalça. Longos cabelos negros lhe cobriam os ombros nus; seu peito estava coberto por uma camiseta sem mangas de tiras, seus seios grandes praticamente derramando-se sobre o tecido apertado.
Ela arrancou a mão no topo do meu cabelo.
— Por favor, Izel! Por favor, não me bata! Eu não peguei! Eu juro! — Eu tentei cobrir meu rosto com minhas mãos, mas ela deu uma bofetada.
— Abra seus olhos!
Tremendo por toda parte, eu abri meus olhos.
Ela cuspiu em meu rosto e bateu minha cabeça contra o chão.
Senti o vento mudar quando ela se levantou em uma posição de pé em cima de mim. Eu estava com medo de olhar para ela. Eu tremi tudo e fedia a urina, suor e sujeira. Eu usava um vestido azul longo, uma coisa horrível que era, algo que tinha sido feito para uma senhora idosa. Mas o material suave e fino estava fresco em minha pele no calor brutal do verão e eu acariciei muito.
— Uma de vocês, putinhas — ela cuspiu em espanhol, — pegou minha maldita sacola de maquiagem! Eu quero de volta! E você vai me dizer quem tem isso!
— Eu não sei! — Eu gritei, enrolada em meu lado na posição fetal. E era a verdade — eu não tinha ideia de quem a pegou. - Mas não era incomum para Izel dizer que as coisas tinham sido roubadas apenas para que ela tivesse uma desculpa para bater em mim. Ela me odiava. Odiava-me mais do que odiava qualquer coisa ou alguém, eu era uma prostituta estúpida, branca, americana... uma puta. — Una estúpida, blanca puta americana! — E ela estava com ciúmes de que Javier me protegia da maneira que ele fazia.
— Você mente!
— Eu estou dizendo a verdade! — Eu solucei incontrolavelmente em minhas mãos.
Uma dor agonizante ardeu através de meu corpo quando seu pé empurrado em minha barriga arredondada e eu perdi a respiração em um ofego agudo.
— Aiiiiii! — Eu gritei de dor quando minha respiração voltou. Minhas pernas subiram na posição fetal novamente, minhas mãos agarraram meu estômago enquanto eu tentava me cobrir, para proteger minha barriga de mais golpes. O vômito subiu na minha boca e eu não consegui segurá-la. Deitado do meu lado, expulso o máximo que pude no chão, vomitando em torno da minha bochecha. Eu engasguei, chorei e engasguei, meus olhos fechados apertados enquanto eu estava ali esperando que tudo fosse embora.
O som da porta batendo na parede era alto e assustador. O estrondo de botas pesadas trovejando através da madeira debaixo de mim me sacudiu para o meu núcleo amargo.
— Não, não, não! Javier, eu não fui! — Izel implorou, tentando inutilmente se defender.
Abri os olhos para ver a garganta de Izel presa na mão de ferro de Javier, seus pequenos pés de caramelo levantados do chão.
— VOCÊ NUNCA TOQUE NELA! — Javier rugiu em espanhol, seu rosto apenas a um centímetro do dela quando ela sufocou em seu aperto. — EU FODIDAMENTE A MATAREI, IZEL!
Javier bateu seu corpo contorcendo tão forte contra a parede que o grande espelho a vários metros de distância rachou em três lugares, caiu dos ganchos de plástico e estilhaçou o chão em mil pedaços. Quando o brilho de fragmentos reflexivos surgiu em minha visão, cobri meus olhos e cabeça novamente com minhas mãos para me proteger.
Izel gritou então como se alguém estivesse cortando sua mão. Eu assisti com horror — e repugnante alívio — como o punho de Javier desceu uma e outra vez no rosto de sua irmã até que ele bateu inconsciente e sangue cobriu tudo o que havia reconhecido.
Deixou cair seu corpo coxo contra o chão e ele se aproximou de mim, me pegando nos braços grandes.
— Trate de Izel! — Ele grunhiu para os homens que se destacavam no corredor enquanto ele me levava para fora.
Os homens se apressaram dentro da sala.
Eu só me sentia segura nos braços de Javier. Eu odiava quando ele me deixava lá, no complexo, cercado por dezenas de homens com fome sexual que carregavam armas nas costas e o mal em seus corações. E Izel, quem todos os dias a desejava que eu estivesse morta.
Javier me levou para fora do edifício de telhado plano, onde muitas das meninas eram mantidas, e ele me levou para a casa onde eu fiquei com ele o tempo todo que ele estava lá, a casa que eu deveria ser deixado sozinha para viver até mesmo quando ele se foi, e não colocada com as outras meninas onde as condições seriam consideradas deploráveis. Porque esta casa era a minha casa. Era a minha casa com Javier.
Eu não escolhi. Eu não morava com ele de boa vontade. Mas com o tempo, eu comecei a aceitá-lo.
Eu não falei quando ele me levou para dentro. Eu apenas chorei, meu rosto pressionado no tecido de sua camisa, os pequenos botões pretos que a mantinham fechada sobre seu peito maciço fazendo recuos na minha bochecha. Eu agarrei o colar de sua camisa com meus dedos mais apertados quando a dor disparou através de minha parte traseira mais baixa.
— Quanto tempo ela fez isso com você, Sarai? — Ele perguntou enquanto me levava para o banheiro.
Cuidadosamente, ele me levantou, colocando meus pés descalços gentilmente contra o chão de madeira, e ele deslizou o vestido sobre minha cabeça.
— Você fede de sujeira — ele disse, não com reprimenda, mas com raiva de Izel por me permitir ficar desta maneira. — Olhe para você, por quanto tempo? — Suas mãos gigantes caíram sobre meus frágeis bíceps e ele olhou para o meu rosto sujo e manchado de lágrimas, com seus olhos castanhos escuros. — Diga-me, Sarai. Não minta para mim.
Eu não disse nada. Continuei a chorar, abaixando a cabeça para olhar para o chão. Gotas de sangue caíam dos meus lábios e salpicavam o chão ao redor de meus pés. Minha cabeça latejava e minhas gengivas estavam doloridas e eu temia que meus dentes da frente estivessem soltos.
A torneira rangeu ruidosamente enquanto ele ligava a água no banho. A água jorrava da abertura quando Javier dobrou sua altura de um metro e oitenta e sete sobre a banheira e obstruiu o fundo com um trapo.
Ele me ajudou na banheira; além da dor infligida por Izel, minha barriga grande tornava difícil fazer por minha própria conta.
— Deite-se, minha querida — disse ele, colocando uma mão na nuca para me ajudar.
Ainda assim, eu não disse nada. Eu deixei minha cabeça cair para um lado e eu olhei para fora na parede, coberta por papel de parede verde sujo descascando nas pontas, quando Javier lavou-me com o cuidado extremo. Ele sempre foi cuidadoso comigo quando eu estava doente, ferida ou grávida. Mesmo se absteve de sexo áspero comigo nestes tempos, estabelecendo-se para momentos mais seguros, mais macios. Mas ele sempre estava no controle de mim. Sempre.
Ele fechou a água.
Outro tiro de dor correu pelas minhas costas e em torno da minha frente, cavando no inferior da minha barriga. Uma das minhas mãos saiu da água e agarrou o lado da banheira. Javier deixou o pano cair na água entre minhas pernas e ele me segurou pelo braço. Seus olhos escuros se enfiaram nos meus com preocupação enquanto ele olhava para mim e para o meu estômago, sabendo que algo estava errado.
— Eu estou bem — eu disse a ele e deitei minha cabeça no seu braço, logo abaixo de onde ele enrolou sua manga preta para poder me banhar.
Relutantemente, ele pegou o pano de lavar roupa de volta e começou a limpar o equivalente de semanas de sujeira de minhas pernas. Ele não devia estar de volta por mais alguns dias. Voltando tão cedo e inesperadamente, não deu a Izel tempo suficiente para me limpar e voltar à maneira que ele me deixou. Ela nunca teria me batido perto de quando ele iria voltar. Ela sempre se asseguraria de que a evidência tivesse desaparecido, ou repassava comigo qualquer uma das cem mentiras que lhe disséssemos durante os poucos anos que eu tinha estado no complexo. Izel sabia que eu não diria a Javier o que ela fez comigo.
— Sarai? — Ele disse em uma voz reconfortante, profunda.
A água gotejava do pano lentamente na banheira.
Olhei para ele.
— Você está protegendo-os — disse ele em espanhol e depois continuou em um inglês quebrado, ele sempre recorreu ao inglês quando se sentia culpado ou simpático. — Eu sei que é assim que você protege Izel. Mas não há nada que você possa fazer por essas garotas. Elas serão vendidas. Você nunca as verá novamente. E eles não se importam com você. Eles fazem o que precisam para viver. Muito facilmente de quebrar. Você vê o que eu digo para você? — O calor do pano molhado foi cuidadosamente sobre a minha boca e bochecha, e então ele enxugou minha testa, parou e olhou nos meus olhos.
— Diga-me — ele continuou em inglês, — quanto tempo Izel faz isso com você?
Eu balancei a cabeça num movimento nervoso; lágrimas começaram a encher meus olhos novamente. Eu não queria dizer a ele. Eu não poderia, porque se eu alguma vez a atropelasse, as coisas que Javier faria com ela seriam piores do que a morte, e então ela descontaria nas outras garotas. Javier não protegia as outras garotas como me protegia. A maioria deles estavam em branco. Mas as mais belas, aquelas destinadas a serem vendidos para os mais altos concorrentes, nem mesmo Izel iria ferir ou desfigurar, porque ela compartilhava os lucros que traziam. Mas, as outras garotas, aquelas que ninguém tinha comprado, aquelas que tinham falhas físicas ou que não sucumbiam a seus novos papéis de escravos, eram um jogo justo. E Izel era um jogador sujo.
Mais dor estourou em meu corpo, desta vez causada que o meu pescoço saísse pela borda na parte de trás da banheira e meus braços desmoronam em torno da minha barriga. Meus olhos se fecharam, meus dentes desnudos, e eu gritei em agonia, ainda saboreando o sangue na parte de trás da minha garganta da batida anterior.
Javier ergueu-se em posição de pé imediatamente e foi até a porta, balançando-a aberta e chamando em espanhol para seus homens em guarda:
— Pegue o médico! Apúrate!
Eu dobrei, meu corpo superior saindo da água, meus braços agarrando meu estômago. Eu gritei no pequeno espaço.
— Javier! Dói muito! Javi.
Minutos depois que eu senti como horas, eu estava sendo levado para fora do banheiro e em nosso quarto. Javier colocou-me sobre a nossa cama. Cinco mulheres entraram no quarto — as mesmas que me entregaram o meu bebê nascido morto a 13 meses antes — com toalhas limpas, água e outros suprimentos esterilizados.
Javier afastou-se da cama e foi em direção à porta.
Estendi as mãos para ele.
— Javier, por favor... não me deixe aqui sozinha. — As lágrimas escorriam pelas minhas bochechas, lágrimas não tanto da dor física agora como da dor emocional de saber que ele iria embora. — Por favor…
Ele olhou através do quarto para mim através de piscinas marrons, quase pretas; seus cabelos castanhos escuros e seu rosto bonito e cinza, movendo-se para dentro e para fora da minha visão enquanto as pessoas se moviam pela sala, se preparando apressadamente para entregar meu bebê. O bebê de Javier.
E então ele se foi.
Olhei para aquela porta — irritada, triste e solitária — o máximo que pude, até que uma outra contração veio e me obrigou a me concentrar apenas na dor que me matava de dentro para fora.
Meia hora depois, eu dei à luz, mas um menino ou uma menina, eu não sabia.
Eu estendi as mãos para ele depois que eles o tinham limpado e embrulhado em um cobertor. Seus pequenos gritos enchiam a sala, meus ouvidos e meu coração. A enfermeira apenas olhou para mim com meu bebê em seus braços, seu rosto castanho, resistido, emoldurado por cabelos negros encaracolados e olhos negros, não tinha absolutamente nenhuma emoção.
— Por favor... deixe-me ter meu bebê.
A mulher virou as costas para mim e levou-o embora enquanto o médico ia me costurar.
— Javier! — Eu gritei. Eu gritei seu nome tão alto, repetidamente até que eu estava rouca. — Javier! Por favor! Por favor! — Lágrimas saem disparadas meus olhos. — Mi bebé... — eu gritei suavemente apenas antes de eu desmaiar de exaustão.
Nora olha para mim do outro lado da mesa, seus olhos castanho-caramelo parecendo cheios de algo que eu nunca esperei, tristeza e choque, talvez.
Sinto tanta vergonha que nem consigo olhar para a câmera escondida no respiradouro. Meu estômago se contorce de preocupação e culpa, só me pergunto o que Victor deve estar pensando em mim agora.
Nora diz com uma voz suave e intencional:
— Isso deve ter sido muito difícil para você.
Eu não a honro com uma resposta. Eu odeio a cadela por me forçar a experimentar tudo de novo.
— Quantos? — Nora pergunta calmamente.
Relutantemente, eu respondo.
— Essa foi a única que já viveu — digo. — Eu perdi um e, como já disse, tive um nascido morto.
— Mas, você estava com ele por tanto tempo.
— Sim — eu estalo. — Eu estive. E daí.
Nora luta para encontrar as palavras certas para formar suas perguntas.
— O que você fez o resto do tempo? — Ela pergunta.
Eu sorrio para ela com frieza, apenas desejando que ela deixasse cair essas malditas perguntas e deixasse a minha vez acabar.
— E por que ele não iria deixá-lo ficar com o bebê? Seu bebê? — Ela parece mortificado debaixo daquela pele cremosa, mas está tentando manter o seu lugar dominante entre nós por não mostrar muita emoção.
A minha única pergunta é: por que ela parece se importar em tudo?
— Javier não queria crianças correndo pelo complexo — eu digo. — Muitas das meninas engravidaram enquanto estavam lá. Os bebês eram vendidos, como as meninas, embora fossem para famílias com dinheiro que não pudessem ter filhos próprios e não quisessem passar os anos esperando por sua chance de adotar. — Eu olho para a parede, lembrando-me daquele dia em que vi meu bebê sendo levado para fora daquele quarto. — Javier disse que no nosso modo de vida não havia espaço para as crianças. Nem mesmo o seu próprio. Eu queria acreditar que ele se assegurou de que nosso bebê fosse vendido para uma família amorosa, a melhor família, mas, em meu coração e porque ele era um homem tão cruel, como ele era amoroso às vezes comigo, eu nunca poderia me convencer disso. Depois desse nascimento, eu não disse a ele mais nada. Eu o esbofeteei mesmo. Eu gritei em seu rosto e eu não me importei o que ele faria comigo como castigo. Mas eu não estava tendo mais.
Eu paro, meu olhar duro e focado, lembrando aquele dia.
— O que ele fez como punição?
Olho para Nora, movendo apenas os olhos.
— Nada — eu digo. — Certa vez, Javier me amou. Ele nunca iria me machucar. Isso foi durante esse tempo. Em vez disso, ele me enviou a um bom médico e recebi pílulas anticoncepcionais e ele fez com que eu nunca estivesse sem elas. Ele nunca usou preservativos, mas ele começou a puxar para fora de mim. Nem sempre, mas às vezes. Tive sorte de nunca engravidar novamente. Mas as outras meninas, elas continuaram a dar à luz. Fábricas de bebê.
— Eram os bebês de Javier?
Eu balanço a cabeça.
— Não — pelo menos eu não penso assim. As meninas foram violadas pelos guardas de Javier; algumas tiveram sexo com eles de bom grado. Eu comecei a dar secretamente algumas para as meninas, algumas que estavam mais perto de mim, minhas pílulas anticoncepcionais. Eu tinha tantos delas que eu poderia poupar para ajudar algumas por um tempo. Até que Izel descobriu o que eu estava fazendo e ela começou a roubar minhas pílulas, deixando o suficiente para eu passar todos os meses, e não havia nada que eu pudesse fazer.
— O que aconteceu com Izel?
As imagens do meu passado escuro desaparecem de minha mente e eu olho para Nora.
— Eu disse que você queria que você quisesse ouvir — eu digo com veneno em minha voz. — O que você é agora, meu maldito psiquiatra?
Ela balança a cabeça e se inclina para longe da mesa, deixando cair as mãos desassossegadas em seu colo.
As pernas da minha cadeira gritam no chão enquanto me levanto, empurrando para trás de mim com raiva.
— Acho que terminamos aqui — digo, rosnando para ela. Empurro as palmas das mãos contra a mesa e inclino-me para ela com um olhar ameaçador. — Melhor que Dina esteja segura quando isso acabar, ou você pode apostar seu traseiro que eu farei as coisas para você que Javier fez para Izel mais tarde naquele dia depois que ele a encontrou batendo em mim. E então você vai querer que eu te mate.
Minhas mãos deslizam para longe da mesa enquanto eu ergo ereto e me afasto. Nora permanece sentada. Quando eu chego mais perto da porta, só então eu mesma olho para a câmera escondida nas proximidades, indicando que eles podem desbloqueá-la agora a sala de vigilância. Abaixo os olhos rapidamente quando ouço o fechamento clicando dentro do aço.
— Izabel — grita Nora.
Paro e me viro para olhar para ela.
— Se isso significa alguma coisa, eu realmente sinto muito por ter que fazer você reviver isso.
— Não — Eu rejeito seu pedido de desculpas.
Então eu abro a porta, o cheiro de lixívia e limpador de limão de um chão recentemente esfregado, se levanta em meu nariz.
— A resposta à sua pergunta, — Nora chama antes de eu entrar no corredor, — é sim. Meu pai cortou a ponta do meu dedo.
Depois de uma breve pausa, deixo-a ali sem mais uma palavra e fecho a porta atrás de mim.
CONTINUA
A nova ordem de Victor Faust está crescendo, deixando pouco tempo para muitas outras atividades que não sejam os trabalhos realizados para um mundo de crimes violentíssimos e contratos de assassinatos.
É bem verdade que os relacionamentos dos casais da equipe têm mudado um pouco ao longo do último ano, mas as coisas estão prestes a mudar. Desta vez, os seis membros de alto escalão da nova Ordem estão cegos para com o inimigo.
Algumas das pessoas amadas por alguém da organização, cujo único vínculo com ela é o relacionamento, são raptadas e o preço para o resgate delas em segurança pode ser caro.
Cada um dos seis precisa contar o mais temeroso e profundo segredos para uma mulher nova chamada Nora, que é tão mortal quanto bonita, e que parece saber muito mais sobre eles do que eles mesmos.
Mesmo sem saberem quem ela realmente é, fica claro que ela não é quem aparenta. Entretanto, não são só segredos e vidas que estão em pauta, mas a verdade sobre o passado e o presente pode gerar suspeitas, irritações e tristezas.
Antes do jogo acabar, todos saberão quem é a mulher e o motivo dela ter aparecido. Mas o estrago que ela vai ter feito pode ser o início da destruição da nova ordem. Será que conseguirão sobreviver a isto?
https://img.comunidades.net/bib/bibliotecasemlimites/4_SEEDS_of_INIQUITY.jpg
CapÍtulo um
Izabel
VINTE E QUATRO HORAS ATRÁS...
Atravesso a porta primeiro com Victor e Niklas atrás de mim. Lágrimas de raiva e vingança enchem meus olhos. A casa está escura, exceto por uma pequena luz em algum lugar no corredor, o cheiro de café ardido persiste pesadamente no ar. Houve uma luta aqui; duas das cadeiras ao redor da mesa da cozinha foram derrubadas, a toalha puxada da mesa junto com a cesta central de frutas reais. Bananas, maçãs e laranjas estavam espalhadas pelo piso de azulejos cor de caramelo.
— Dina! — Grito e corro pelo resto da casa com a minha arma em minhas mãos e meu dedo no gatilho. — Dina, você está aqui?!
Sem resposta.
— Ela não está aqui, Izzy — Niklas diz atrás de mim.
— Dina!
— Izabel...
— Cale a boca! — Viro-me rapidamente no corredor, mas depois paro e acalmo-me quando percebo que havia sido Victor quem chamou meu nome pela segunda vez.
Niklas nos deixa sozinhos e desaparece através da entrada para verificar o resto da casa.
Victor se aproxima de mim, uma pequena luz de LED noturna ligada à parede no final do salão brilhava fraca contra um lado do seu corpo; uma sombra cobria o resto.
— Ouça-me — diz ele colocando a mão sobre um dos lados do meu pescoço — ela não está morta, então acalme as suas ideias. Este é o tipo de emoção que vai te matar. Olhe para mim, Izabel. — Ele rasga a palavra.
Meus olhos se erguem do chão e faço como ele diz, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Limpo debaixo do meu nariz com o lado da mão com a minha arma.
— Como você sabe que ela não está morta? — Sinto que vou vomitar.
— Porque ela não está aqui — Victor diz. — Quem quer que a roubou quer algo de nós e não vai matá-la. Ela é só garantia.
Lembro-me quando eu fui a garantia uma vez. Quando Sarai foi a garantia no México.
Enxugo minhas lágrimas de novo, mas essa raiva e vingança está sempre crescendo dentro de mim e não são lágrimas de tristeza. Nem mesmo perto. Quem quer que tenha feito isso, quem encontrou Dina, a única mãe que eu realmente conheci, e a tirou desse cofre de Nova Jersey, vou matá-los. Vou matá-los, maltito seja!
Uma luz brilhante derrama-se para fora no corredor que vem da sala de estar, através de um clique de uma lâmpada.
— Há outra nota — diz Niklas.
Abro o caminho passando por Victor e me apresso para a sala de estar, pegando um cartão branco de 8x13 branco da mão de Niklas. Está escrito no lápis. Eu li para mim primeiro e depois em voz alta.
ENCONTRE-ME NO PRÉDIO VAZIO DE TIJOLOS VERMELHOS NA 66º E ST. TOWN, EM NEW BRUNSWICK, ÀS 2:00 DA MANHÃ OH, E DIGA A DORIAN FLYNN PARA DAR UM TELEFONEMA À SUA EX-MULHER.
Victor e Niklas trocam um olhar. Olho para trás e para frente entre eles, o cartão dobrando entre meus dedos apertados. Noto, pelo canto do meu olho, um corpo deitado no chão atrás do sofá, uma bota preta no final de uma longa perna sai no chão. Mas eu não digo nada porque Niklas e Victor já o viram. Eles sabem que é o guarda que eles enviaram aqui para vigiar Dina e não há nada que precisa ser dito além do óbvio — quem raptou Dina o matou quando eles invadiram e a levaram.
— Então, é a ex-mulher de Dorian? — Eu digo. — Ela fez isso? — Olho para Victor. — Quem é ela e onde ela mora?
Victor pega seu celular no bolso do paletó e passa o dedo indicador pela tela de vidro.
— Victor!
Ele levanta a mão para mim, quando quem está do outro lado do telefone responde — provavelmente Dorian — e chama a sua atenção.
Aperto meus dentes atrás dos lábios fechados e espero impacientemente.
— Sim, havia outra nota — Victor diz para o telefone e depois lê de novo a nota para Dorian lembrando palavra por palavra. — Sua ex-mulher é capaz de...
— Coloque-o no alto-falante — corto com urgência, aproximando-me de Victor.
Sem hesitar, Victor desliza o polegar sobre o ícone do alto-falante e a voz de Dorian entra na sala.
— Tessa não podia lutar nem contra um chihuahua — diz Dorian. — Não há nenhuma maneira ela possa estar envol... -Ele parece ter sido surpreendido para ficar em silêncio.
Victor, Niklas e eu olhamos um para os outros.
— Dorian? — Falo mais alto.
Leva um momento, mas finalmente diz:
— Deixe-me ligar para você depois — e imediatamente desliga, nem mesmo dá tempo a Victor para dizer qualquer coisa se ele tivesse a intenção.
— O que diabos está acontecendo? — Niklas diz distraidamente.
Dá um passo ao redor do sofá com suas botas pretas de motociclista de couro e se agacha ao lado do homem morto, com sua arma saindo da parte de trás de suas calças. Então ele acende um cigarro.
— O que você está fazendo, idiota? — Aproximo-me resolutamente e o golpeio, arrancando o cigarro de sua mão. Ele atinge o piso de madeira; manchas de brasas queimando faíscam do final e se consomem quando tocam a madeira. — Esta é a casa de Dina, Niklas! Ela não fuma e você não vai fumar em sua casa!
As mãos de Victor se fecham ao redor da parte de trás dos meus braços e me afasta com cuidado.
— Controle sua garota, irmão — diz Niklas, seu sotaque alemão sempre infiltrando-se através do seu perfeito inglês, mas, agora, eu estou tão acostumada com isso que eu quase não percebo mais. Ele rosna e pega o cigarro de volta em seus dedos. Então ele vira a cabeça em um ângulo para me ver e diz: — Eu sei que você está chateada agora, Izzy, mas não tire isso de mim.
— Pare de me chamar assim!
Victor sussurra perto da minha orelha
— Brigar com Niklas não vai ajudar a encontrar a Sra. Gregory. Se acalme, ou te levarei de volta para Boston e te deixarei lá.
— Você não faria isso — eu digo sem respirar e sem me virar para encará-lo, sei que ele faria.
— Eu vou, Izabel — ele diz calmamente e suas mãos escorregam para longe dos meus braços. — Se você está muito emocionalmente investida nisso, pode ser que você faça com que a Sra. Gregory seja morta. Coloque o seu ódio pelo o meu irmão de lado e concentre-se no que é importante.
Olho para Niklas que ainda estava agachado na frente do corpo.
Ele coloca o cigarro no lado da bota, se afasta de mim e começa a verificar os bolsos do morto.
— Você ficou macio, irmão — Niklas diz de costas para nós. — Deixando uma mulher lhe dizer o que fazer. — Ele se levanta e olha para Victor. — Isto não é o tipo de coisa que fazemos — prossegue. — Salvar pequenas senhoras. Salvando bichas inteligentes da boca dos traficantes de drogas mexicanos. Qual é o próximo gato na árvore? Filhotes em cachimbos?
Levanto o meu queixo, mas não digo nada. Victor facilmente mantém a calma porque Niklas é seu irmão e até agora ele está mais do que acostumado com seu comportamento.
Niklas passa por nós.
— Izabel não é a única emocionalmente envolvida também, Victor — acrescenta com acusação. Ele desliza em torno da esquina e desaparece. Momentos depois, ouço o som da porta traseira abrindo e fechando quando ele sai.
Viro-me para enfrentar Victor.
— Este não é o momento — diz ele, já sabendo o tipo de coisas que eu gostaria de dizer em retaliação.
Mas ele está certo, concentro-me em Dina e esta pessoa misteriosa ou pessoas que a levaram.
— O que você acha que eles querem? — Pergunto, meus olhos varrendo o resto do covil por qualquer outra coisa fora de lugar.
— Pode ser um monte de coisas — Victor responde.
Dá um passo ao meu redor para verificar o corpo por si mesmo, agachado ao lado dele como Niklas fez.
— Não estamos escassos de inimigos, eu temo.
Isso é um eufemismo.
Engulo nervosamente e vou até a mesa de café. A taça de vidros de doces favorita de Dina está até o topo cheia com os chocolates. Ela já tinha aquela tigela desde antes de eu conhecê-la, e sempre a mantinha cheia dos meus doces favoritos — Sweet Tarts1, quando eu era mais jovem e, em seguida, mini Reese’s Peanut Butter Cup2 quando eu crescia. Sento-me na mesa de café ao lado dele, apoiando meus cotovelos no topo das minhas pernas e descansando minha cabeça em minhas mãos exaustivamente.
Victor se levanta e se vira para mim, a luz da tela do seu celular brilhando em sua mão.
Ele responde e coloca Dorian novamente no alto-falante.
— Tessa não está respondendo — Dorian diz, suas palavras cheias de preocupação. — Vou para a casa dela. Voltarei a entrar em contato com você assim que eu souber de alguma coisa.
Eles desligam.
Estamos todos pensando a mesma coisa, até Niklas, que acabou de voltar a entrar na sala de estar depois de vim pela porta dos fundos.
— Acho que estamos fazendo dois sequestros, então? — Pergunta Niklas, depois de ter ouvido casualmente.
Victor acena com a cabeça e então desliza o telefone de volta dentro de sua jaqueta.
— Quem quer que seja — Victor diz — eles não são amadores. — Ele suspira. — Eles sabiam onde encontrar a Sra. Gregory mesmo depois de termos a mudado três vezes no ano passado. — Ele aponta para o morto. — E duvido que tenha alguma coisa a ver com isso.
— Mas, por que levar Dina e a ex-esposa de Dorian? — Pergunto.
— A conexão é — Victor diz, — que você e Dorian são ambos parte desta organização. Então, o que eles querem tem a ver com a organização.
— Você acha que eles vão levar mais alguém? — Levanto-me da mesa de café.
— É uma possibilidade — diz Victor. — Suponho que depende de quantos de nós nós ainda têm pessoas em nossas vidas no mundo exterior que nós nos preocupamos, mas esperamos que não vá tão longe.
Olho entre Victor e Niklas, uma pergunta óbvia no meu rosto.
Niklas sacode a cabeça, manipulando seus lábios em um lado de sua boca.
— Eu acho que vocês dois sabem agora que eu não dou uma merda por mais ninguém. A única pessoa que me importa é o meu irmão. — Ele olha para mim quando ele diz isso.
Sorrio para ele e me viro para Victor.
Mas Victor não se mete na conversa porque, como Niklas, Victor tampouco tem outros laços com o mundo exterior.
— E quanto a Fredrik? — Pergunto, mas me sinto estúpida depois de fazer isso.
Niklas ri ligeiramente, sacudindo a cabeça.
— Realmente, Izabel? — Ele diz com sarcasmo e deixa isso assim.
Não posso discutir com isso, ou criticá-lo por ser um idiota — Fredrik perdeu a única pessoa no mundo exterior que ele amava, meses atrás. Matou-a com as próprias mãos, forçada a sacrificá-la como um cão raivoso. Fredrik Gustavsson é a pessoa menos emocionalmente ligada em toda a nossa organização. E provavelmente sempre o será.
Três horas mais tarde, enquanto esperamos no nosso quarto de hotel em New Brunswick, Nova Jersey, Victor recebe a chamada de Dorian.
— Ela se foi — diz Dorian, tentando conter a trepidação em sua voz. — A porra da casa foi saqueada. Eles a pegaram, Faust.
Nunca vi ou ouvi Dorian reagir dessa maneira. Para nenhuma coisa. Eu nunca soube que ele tinha uma ex-mulher. Ele não parece o tipo de ter uma esposa.
— Não houve nenhuma nota desta vez. Não há mais migalhas de pão.
— Bem — Victor diz. — Com que rapidez você pode estar aqui
— Eu posso estar aí antes das duas da manhã — responde, — aposte sua bunda nisso.
— Nos vemos logo — diz Victor, mas antes de terminar o telefonema, acrescenta: — Traga Fredrik com você.
— Fredrik? Mas eu nem sei onde encontrá-lo — Dorian soava mais preocupado do que antes, como se forçá-lo a perder tempo procurando por Fredrik vai fazer com que ele perca a reunião as duas da manhã.
— Apenas tente encontrá-lo primeiro — diz Victor. — Se você não pode fazê-lo até a próxima hora, venha sozinho e nós vamos descobrir isso.
Dorian e Fredrik, embora já não eram mais parceiros, ainda residem em Baltimore. E o parceiro que foi designado Dorian depois de Fredrik, Evelyn Stiles, ex-CIA, Victor a mudou para algum lugar na França.
Niklas não está acostumado a ver Victor ser tão indulgente — ele fica ali com um olhar tem-que-está-me-fodendo no rosto, seus braços cobertos por uma camisa preta de mangas compridas, cruzou frouxamente sobre o seu peito, pousados sobre um par de jeans preto sustentado por um cinto preto com uma fivela de prata, que é a única parte do cinto que aparece. Niklas sempre usa cores escuras e as mesmas botas de moto; um tipo robusto de homem que sempre tem barba facial e não se preocupa com o estilo seu cabelo castanho. Ele não se importa muito, realmente, certamente não sobre impressionar ninguém. A coisa engraçada é, porém, ele parece atrair as mulheres como merda atrai moscas, muito parecido com Dorian. Os dois têm mais em comum do que qualquer um de nós. Mas, a diferença para mim, é que Dorian eu posso tolerar — ele nunca tentou me matar.
— Acho que foi uma má idéia dizer a Fredrik que ele pode ficar quieto por um tempo — Niklas fala.
— Suponho que sim — Victor diz, voltando a colocar o telefone no casaco, — mas não poderíamos saber que algo assim aconteceria. Podemos não precisar dele. Esperemos que não.
Olho para o relógio no criado-mudo entre as camas de casal.
— Bem, ele tem quatro horas para encontrá-lo — digo. — E de alguma forma, eu não acho que ele vai ter muita sorte.
— Eu também não — Victor concorda. — Vamos trabalhar com o que temos. — Ele olha para mim. — Você poderia tentar chamar Fredrik. Ele pode responder para você.
Balanço a cabeça.
— Victor, ele não fala mais comigo. Não desde Seraphina. Já lhe disse isso, mais de uma vez. Diabos, está começando a me fazer sentir...
— Você tem razão, peço desculpas — diz ele, os olhos de Niklas rolam para cima em sua cabeça. — Não se trata de confiança, Izabel. Eu sei que você não está mentindo para mim sobre isso. Mas, o fato permanece, eu ainda acho que ele iria falar com você.
— Não. Ele não vai — eu digo friamente, mantendo firme a questão, porque eu já tentei falar com Fredrik e ele me desligou. E isso machuca. — E além disso, se ele não responder para você, mesmo quando você lhe deu algum tempo livre, isso é algo que você deve se preocupar.
— Eu odeio dizer isso— Niklas diz — mas eu concordo com ela.
— Como eu disse — Victor responde — nós vamos descobrir quando chegarmos a ele. Talvez nem iremos precisar de Fredrik.
Se o fizermos, provavelmente estaremos ferrados.
Fredrik, embora ainda seja um membro vital de nossa organização — um dos membros mais vitais — também é o mais instável. Não com seu trabalho — não, Fredrik é assustadoramente bom no que faz — mas emocionalmente... ele não tem mais emoções. Desde que perdeu Seraphina, a única mulher que ele já amou e que o compreendeu, aparentemente a mulher que o ajudou a controlar seus impulsos, ele não tem sido o mesmo desde então. Ele é agora o epítome da escuridão; um homem perigoso, lindo, com um animal que vive dentro dele tão assustador que ele me assusta. E eu não me assusto facilmente.
Eu nunca poderia ter imaginado antes, nunca teria dado um segundo pensamento, mas eu sinto como Fredrik poderia me matar. Não que ele fosse me atacar, ou arriscar seu lugar sob Víctor, mas que se ele tivesse que me matar, ou me torturar por qualquer motivo, ele faria isso sem questionar ou protestar.
O Fredrik que eu conheci estava morto.
Niklas sai pouco tempo depois e vai para seu quarto no corredor.
— Izabel — Victor diz da mesa em frente à janela, — você precisa estar preparada para o que poderia acontecer.
— O que você quer dizer?
Levanto-me do fim da cama mais perto da porta e ando até ele, sentado na sua frente na cadeira vazia. Ele está vestido com suas calças e uma camisa branca com botões. As veias que correm ao longo dos seus pulsos vêm de debaixo das mangas e movem-se ao longo das partes superiores de suas mãos fortes enquanto se apoiam na mesa.
Eu já sei o que ele vai dizer, mas eu ouço de qualquer maneira, e minha preocupação por Dina cresce muito mais.
— Eu sei que você se importa com a Sra. Gregory — ele diz, — mas nós não podemos, em nenhuma circunstância, dar informações sobre a nossa organização para quem a tomou.
— Não se negocia com terroristas — digo com sarcasmo. — Sim, eu entendi. Mas, também não vou deixar Dina morrer.
— Você pode não ter escolha— Victor diz calmamente.
Aperto minha mandíbula.
— Izabel— ele diz, — você sabia disso. Você sabe disso desde o dia em que foi oficialmente recrutada.
Suspiro e abaixo a cabeça, tentando segurar as lágrimas.
— Eu sei— eu digo suavemente e com arrependimento insuperável. Sinto suas mãos segurarem as minhas sobre a mesa, mas eu não olho para cima.
— Faremos tudo o que pudermos para mantê-la segura— diz ele, — mas se se tudo se reduz a Sra. Gregory e a ex-esposa de Dorian e a qualquer outro que eles possam ter levado, e o segredo de nossa organização e seus membros, então temos que deixá-los ir. Você está preparada para isso, Izabel?
Ergo a cabeça e encontro seus olhos; uma lágrima cai pela minha bochecha. Aceno com relutância e engolindo duramente, mas não consigo encontrar coragem em mim para dar-lhe mais que isso como resposta.
Este pode ser o meu maior teste de lealdade e valor até agora — eu só queria que, como no passado, este teste também fosse orquestrado por Victor, porque então eu saberia que Dina iria ficar bem. Mas isso não. Sei em meu coração que não é. Victor não tem controle sobre essa ocasião; não há ninguém no interior como Niklas estava quando tomamos Willem Stephens em Albuquerque no ano passado. Dina poderia morrer. E eu posso não ser capaz de evitar.
Eu não vou deixá-la morrer...
CapÍtulo Dois
Izabel
Com minha arma no meu quadril e Pearl embrulhado na minha bota de couro, sigo atrás de Victor quando nós sigilosamente fazemos o nosso caminho ao redor da parte de trás do edifício de tijolo vermelho. A área, dois blocos de edifícios na sua maioria abandonados, está meio envolta em escuridão. Muitas das luzes da rua, que uma vez acenderam o local, há muito queimaram. Um pisca na distância perto de uma interseção fantasmagórica. Um grande cercado em lote de velhos carros enferrujados está do outro lado da rua, diretamente em frente a este edifício em 66 e Town. Muitas das janelas dos edifícios ao longo da rua foram arrancadas — todo este lugar é um buraco, vazio e escuro, o local perfeito para o crime, as quebradas e os sequestros. Só que não parece haver pessoas reais. Nem um som. Nem uma sombra. Nem um misterioso veículo fora de lugar estacionado em um canto. Nem mesmo um animal perdido em busca de sucatas. Nada.
Nós nos agachamos por debaixo das poucas janelas ao nos movermos ao longo dos tijolos vermelhos. Niklas está atrás de Victor e na minha frente. Dorian está bem atrás de mim.
Victor para com as costas encurvadas e dirige-se para Dorian e Niklas, dizendo-lhes apenas com o gesto de seu dedo para cada um deles contornar o edifício em direções opostas. Niklas acena com a cabeça e se dirige ao redor mais para frente. Dorian acena com a cabeça e dirige em volta da frente.
Victor e eu ficamos ao lado de uma porta lateral na parede com três degraus de concreto que levam até ele.
— Você vai esperar aqui — Victor diz calmamente enquanto ele verifica sua arma.
Já estou balançando a cabeça em protesto.
— Isso pode ser uma emboscada— ele sussurra, — e você ainda está longe de estar pronta.
— Eu posso lidar comigo mesma — sussurro de volta com raiva, tirando minha própria arma do coldre em meu quadril. — Você não pode me manter no maldito cercadinho todo o tempo, Victor.
Ele agarra meu cotovelo e me puxa para mais perto dele. Eu posso sentir o calor de sua respiração em minha bochecha.
— Você vai esperar aqui— ele repete com uma voz baixa e firme, — você entende? — Seus fortes dedos apertam ao redor do meu cotovelo quando eu não respondo. — Izabel? — Ele rasga meu nome.
— Não! — Atiro de volta calmamente. — Eu não vou ficar aqui!
O silêncio passa entre nós.
Abaixo meus olhos, não em vergonha, mas em desapontamento e raiva.
Depois de um momento, Victor levanta a minha cabeça com os dedos embaixo do meu queixo. Ele olha nos meus olhos, não como Victor, meu chefe, mas Victor, o amor da minha vida.
— Eu provavelmente vou ser assim com você — ele diz. — Se alguma coisa lhe acontecesse... Eu não quero acabar como Fredrik. — Ele faz uma pausa, olhando brevemente para a parede de tijolos e então ele suspira. — Eu vou na sua frente — diz ele.
Aceno lentamente e ele beija meus lábios e me deixa de pé aqui, a porta de madeira que se encontra no final do degrau de concreto se fecha atrás dele quando ele desaparece dentro do edifício.
É por isso que eu odeio trabalhar com Victor, e por que eu prefiro trabalhar com Niklas, independentemente de quanto eu odeio Niklas. Victor é duro comigo a cada aspecto desta profissão; ele me colocou em algumas coisas terríveis apenas para provar que eu sou confiável, mas quando se trata de estar no campo, ele muitas vezes me trata como uma criança. Nem todo o tempo, mas em momentos como estes, quando ele recebe uma de suas intuições. Silenciosamente, questiono sua verdadeira razão para estar aqui. Porque eu sei que seu amor por mim, por mais profundo que seja, não é suficiente para colocar qualquer um de nós em risco para salvar uma “pequena anciã”. Em várias ocasiões, ele saiu do seu caminho para manter Dina segura e confortável em vários abrigos em todo o país, tudo porque ela significa muito para mim, mas arriscar todos nós apenas para salvá-la de seu sequestrador está fora de caráter para ele. É por isso que sei que ele não está fazendo isso só para salvá-la. Aquele sentimento instintivo dele está lhe dizendo que outras coisas podem estar em jogo, que há muito mais do que poderia parecer. E não pode ser ignorado.
Desço os degraus e deixo que a escuridão do chão do porão me engula dentro dela também.
Victor está longe de ser visto quando meus olhos finalmente começam a se ajustar à escuridão. Algumas luzes fracas banham a área em pontos, juntando-se as poucas janelas pequenas e horizontais ajustadas no tijolo, coberto por anos de poeira e com teias de aranha espessas. No outro lado do grande espaço, quase vazio, passado uma pilha de detritos e uma pilha de velhas bicicletas, há uma escada de pedra. À minha direita, outra porta menor que leva a algum lugar. E à minha esquerda há mais detritos — pilhas de rochas quebradas e isolamento térmico esfarrapado e vigas de madeira que foram puxadas do teto baixo.
Dirijo-me para a escada alta, com a arma pronta na mão. Eu sou mais uma garota de faca, mas algo me diz que essa missão inesperada lançada sobre nós no meio da noite pode ser mais um evento de arma. Enquanto eu subo os degraus de pedra em silêncio, eu agacho toco a Pearl que sobressai da minha bota, só para ter certeza que ela ainda está lá. Ela e eu temos um relacionamento muito próximo — ela matou mais pessoas do que eu.
Uma sombra se move através da luz cinzenta no chão do porão, apressando-me para o sexto degrau para olhar atrás de mim. Eu nunca ouvi a porta abri do lado de fora. Eu me encosto contra a parede, meu traje preto e apertado me ajudando a misturar-me com a escuridão. Meu cabelo castanho-avermelhado longo é puxado em uma trança apertada que arrasta até o centro das minhas costas e fora da minha cara, mantendo minha visão afiada. Eu não me movo e regulo a respiração para que fique tão silencioso quanto o resto de mim.
Preparo a minha arma quando eu ouço o som distinto de detritos pequenos sendo amassando debaixo de um par de botas.
— Sou só eu! — Dorian sussurra bruscamente enquanto suas mãos disparam em ambos os lados, minha arma apontada para ele do meio da escadaria escura. — Jesus! Mulher, você assustou até a merda, mulher! — Sua voz é baixa, sua respiração barulhenta.
Abaixo a minha arma.
Ele aponta para a pequena porta do outro lado da sala.
— Vim por ali — ele sussurra. — Há outro caminho para o porão do outro lado do prédio. Essa porta liga os lados.
— Você viu alguém?
— Não, nem uma alma. — Ele subiu os degraus atrás de mim. — Isso não parece certo.
— Não, não— eu digo.
— Onde está Faust?
— Ele veio nessa direção na minha frente. Onde ele está agora eu não sei.
Damos mais alguns passos, aproximando-nos da porta do topo.
— Eu não sabia que você era casado — eu digo calmamente, mas continuo em movimento, porque este não é o momento de parar e conversar sobre nossos ex’s. Além disso, eu realmente não tenho nenhum ex, a menos que você queira contar Javier Ruiz, o traficante de drogas mexicano de quem eu fui uma escrava sexual por nove anos. E pessoalmente, eu não o considero um ex.
— Eu acho que todos nós temos coisas sobre nós que preferimos não falar — diz ele.
Essa não era necessariamente sua maneira de recusar uma conversa, mas acabo com ela da mesma forma.
Chegamos à porta e coloco a mão no botão empoeirado, preparando-me para abri-lo lentamente.
— Ela me odeia — diz Dorian, me pegando desprevenida.
Olho para ele dois passos atrás de mim.
Ele encolhe os ombros.
— Eu não a culpo, entretanto— ele diz e depois acena, olhando para a porta. — Vamos.
A porta se separa do quadro, felizmente sem um som, e eu me agacho no degrau superior em minhas altas botas pretas antes de apoiar a minha cabeça cuidadosamente ao redor da esquina, verificando se alguém está lá esperando para explodir minha cabeça, eles provavelmente esperam que a minha cabeça esteja em um pouco mais alto, me dando apenas tempo suficiente para detectá-los primeiro e me afastar antes que eles possam reagir.
Não há ninguém no corredor longo e escuro que se divide em duas direções. Apenas mais detritos, cadeiras de metal derrubadas e o que parece com mesas antigas de algum tipo estão empilhados em uma pilha desleixada ao longo de uma parede. Os papéis estão espalhados pelo chão.
Saímos da porta e entramos no corredor, passando silenciosamente em volta dos escombros e do papel.
— Vou por aqui — diz Dorian, apontando para a esquerda.
Eu aceno e nos separamos, me dirigindo na direção oposta passando por várias portas abertas em ambos os meus lados, cada quarto revelando que alguma vez isso poderia ter sido uma escola. Agora que penso nisso, eu me lembro de ter visto o que parecia uma velha pista de corrida, um quarteirão, e outros prédios de tijolos vermelhos, muito parecidos com este, e uma quadra de basquete — e a pista invadida por ervas daninhas tornaram mais difícil identificar no escuro, inicialmente.
Tomo o meu tempo no longo corredor, parando em cada porta para me certificar de que os quartos estão limpos antes de passar por eles, e minutos depois me encontro em um conjunto de portas de metal fechadas, com tiras de prata correndo horizontalmente ao longo dos centros, esperando por mim para colocar minhas mãos sobre eles para empurrá-las abertas. Eu passo até as portas e pressiono as minhas costas contra uma em vez disso, virando cuidadosamente a minha cabeça em um ângulo para ver dentro do pedaço vertical de vidro correndo a partir da parte superior da porta para o empurrar a maçaneta horizontalmente instalada. A luz da lua mal penetra a sala dos painéis de vidro fosco de grande altura no teto alto. Tudo que eu posso ver são fileiras e fileiras de assentos afogados pela escuridão. E um palco, eu finalmente dou uma olhada mais longa e dura. É um auditório.
Respirando fundo, pressiono meu quadril contra a maçaneta e abro a porta. O trinco faz um ruído, assim como eu me lembro quando eu estava na escola secundária e eu estremeço. Quando eu acredito que ainda estou em um lugar claro, começo a me mover mais para dentro da sala, me agacho enquanto eu me movo pelo corredor central. O carpete cheira a 50 anos de terra e mofo. O ar é seco, mas fresco, e ficando mais frio quando novembro se aproxima, e também fede de edifício velho e abandonado e danos causados pelo tempo.
Me detenho fria em minhas trilhas e ajusto meus olhos no semi-escuro. Há movimento mais adiante, o que parece uma figura está sentada em um dos assentos na segunda fila perto do palco. Eu caio mais perto do chão, meu dedo pronto para puxar o gatilho se eu tiver que fazê-lo, e eu assisto por mais sinais de movimento, esperando que meus olhos simplesmente estivesse apenas brincando comigo na escuridão.
Um pé balança para a frente e para trás, apoiado na parte de trás da cadeira na frente do que agora, definitivamente, tenho certeza de agora é uma figura.
Um barulho alto ressoa pelo auditório, e então outro, e vejo Niklas e Dorian entrando de dois lados diferentes abaixo, ambos com suas armas levantadas e apontadas diretamente na figura.
— Levante as suas malditas mãos! Levante as suas malditas mãos! — Niklas grita enquanto corre até a figura, sua voz ecoando por todo o quarto.
Eu me abaixo atrás de uma fileira de assentos e permaneço fora do caminho por agora, apenas no caso de haver outros, e eu preciso entrar mais tarde pelas costas.
— Onde está Tessa? — Dorian grita com a figura e parece que ele enfiou o cano de sua arma no lado da cabeça da figura. — Seu cérebro salpicará através dos assentos do caralho se você a ferir! Onde ela está?! — Ele rugiu.
— Afaste-se, Dorian — ouço a voz de Victor passar pelo auditório e depois vejo a sua figura caminhando pelo palco, o som de seus sapatos tocando o chão de madeira.
Olho para cima e a minha volta procurando qualquer sinal de movimento, ou sombras movendo-se ao longo das paredes, mas ainda não há nada. Esta pessoa poderia ter vindo sozinha? Eu não estou comprando e duvido que Victor esteja, também. Nós nem sequer viemos sozinhos; há quatro outros homens fora no telhado que exploravam o exterior antes do nosso primeiro movimento em torno da parte de trás do edifício. Mas eles também não encontraram nada. Nenhum sinal de ninguém espreitando sobre os edifícios, ou em qualquer telhado à espera de nos por ao alcance do seu franco-atirador.
A figura se mexe no assento, e eu vejo o cabelo longo loiro esbranquiçado cair em suas costas. Levanta suas mãos e embora eu mal possa distinguir o que ela se parece por trás, tenho a sensação distinta de que há um sorriso ou um sorriso de superioridade nos cantos de sua boca.
Finalmente, eu me empurro de novo para ficar de pé e passo para fora no corredor. Niklas é o único que olha para cima enquanto eu faço o meu caminho para baixo. Dorian não tirara os seus olhos furiosos — nem sua arma — para longe da mulher.
Finalmente, Victor olha para mim. Ele concorda com a cabeça.
Num abrir e fechar de olhos, a mulher segura as mãos nas costas de duas cadeiras e seu corpo esguio levanta-se no ar, seus pés balançando em uma rápida varredura, sua bota fazendo contato com a arma de Dorian, enviando-a voando. Um segundo mais tarde, sua outra bota entra em contato com seu rosto, uma crise nauseante ondula através do ar quando Dorian cai. Um único tiro sai em um estrondo vociferante e um flash de luz morre na frente de Niklas, mas sua arma também saí voando. A mulher salta sobre a parte de trás do assento e aterrissa no corredor central, agachada perfeitamente. No segundo que ela se pões de pé na altura dos olhos, Niklas gira contra ela com um gancho. Ela cai para atrás nos assentos do outro lado do corredor.
Eu corro em direção a eles, enfiando minha arma e puxando minha faca da minha bota, com fome para usá-la nessa cadela.
Seu cabelo loiro chicoteia atrás de sua figura quando ela pula entre os assentos, apoiando as mãos nas costas novamente para recuperar o seu equilíbrio. Ela chuta Niklas. Uma vez. Duas vezes. A terceira vez que planta as suas botas pretas golpeiam centro em seu peito e o faz cai para trás no corredor. Ela se joga em cima dele e balança seus punhos em sua cabeça, mas Dorian agarra-a por trás e a puxa. Niklas fica de novo em pé, assim como a mulher enfia a parte de trás da sua cabeça contra o rosto de Dorian, instantaneamente deixando-a livre do seu garre. Sua longa perna se estende e ela enterra o pé no intestino de Niklas, e tão rapidamente, ela rodeia Dorian novamente e soca o seu rosto, o sangue parece negro na ponta do seu nariz na pouca escuridão.
Salto para a cena, agachando-me contra o chão e varro o meu pé para fora para jogá-la. Ela cai para trás, sua cabeça loira batendo em um braço no caminho para baixo. Eu me arremesso em cima dela e coloco a minha faca em sua garganta, mas ela bloqueia minha mão com seu braço, saindo do meu alcance. Recebo alguns golpes; minhas juntas voltam sangrando depois da terceira vez que eu a atinjo no nariz, mas de repente eu estou sufocando quando suas pernas travam em volta da minha garganta por trás e meu corpo cai contra o chão.
Com nossos papéis invertidos, a dor de seu punho quebrando-se contra os ossos no meu rosto faz com que minha visão borrar e meus sentidos ficarem tontos. Eu faço a única coisa que posso fazer e estendo as duas mãos, agarrando em punhos o cabelo sedoso e puxo como se eu fosse arrancar tudo, até que ambos estivessem lutando no chão. Puxar o cabelo é para cadelas, exceto quando é a única opção.
Ela me dá um soco. Eu soco-a de volta.
— Onde está Dina?
Ela ri e salta para seus pés, mas então ela cai para trás quando Dorian agarra um braço e torce atrás dela. Ele joga nela, cravando um joelho na parte inferior de suas costas.
Ela ri novamente, sua voz confusa com o sangue que se mistura em sua boca.
Niklas tira seu cinto e envolve-o em torno de seus pulsos amarrados atrás dela, puxando tão apertado quando vai, certamente, cortar a circulação sanguínea.
Ambos a puxam para seus pés, uma mão ao redor de cada cotovelo.
Dou um passo para a frente dela, olhando-a nos olhos pela primeira vez. Seu cabelo está manchado pelo sangue ao redor de sua boca e espalhado em torno do seu rosto oval. O sorriso que ela usa é rancoroso e animado, como se todo esse cenário fosse simplesmente uma representação de alguma maneira doente.
Eu retiro meu punho e bate-o contra seu rosto novamente. Sua cabeça empurra para trás brevemente, e quando ela volta a si, o sorriso retorna e um olhar de desafio permanece sempre presente em seu rosto.
Niklas segura-a firmemente. Dorian fica de lado. Eu sei que ele quer matá-la tanto quanto eu.
— Se eu morrer— diz ela, zombando de mim, — aquela velha cadela morre junto comigo.
Me lanço contra, balançando meus punhos, gritando em seu rosto, até que os braços de Victor me agarram por trás e me puxam para fora dela.
— Onde ela está? — Grito. — O que você fez com ela?!
Um sorriso ainda mais diabólico desliza por seus lábios, pintados com o mais vermelho dos vermelhos, que, agora que dou conta; batom também está manchado o seu rosto.
Ela cospe sangue no chão e rola a língua nos dentes, como se estivesse verificando se algum estava solto.
Victor me empurra para o lado, separando-nos, e ele fica entre nós.
— Quem é você? — Pergunta ele em voz calma, mas exigente.
Ela sorri, seus dentes brancos brilhando com sangue.
— Oh, um de vocês sabe quem eu sou — ela diz enigmaticamente, seus olhos passando por todos nós, exceto Niklas que ainda está atrás dela. — Onde está o interrogador? O torturador sádico? Ele está nisso tanto quanto o resto de vocês. — Seus olhos caem de novo sobre Victor. — E aquele filho da puta que você contratou para fazer toda a sua pirataria O buscador de informação? Todos vocês estão envolvidos nisso.
— O que é “isso” exatamente? — Victor pergunta.
A mulher inclina a cabeça para um lado, quase pensativa.
— Você saberá que quando todos os seis Cavaleiros da Mesa Redonda estiverem presentes. — Ela sorri. — Oh, e eu vou precisar de um banho, uma roupa limpa, uma refeição, não qualquer daquela merda de fast-food, e um copo de vinho.
Niklas e Dorian olham um para o outro, depois para mim, finalmente para Victor.
Niklas puxa a mulher pela parte de trás de seu cabelo, expondo sua garganta.
— Quem diabos é você, sua cadela insana? — Ele exige.
— Oh, amor— diz ela, enigmadamente, — não seja tão violento comigo ou talvez eu me apaixone por você.
Ele puxa o cabelo dela mais forte, mas ela nem sequer se encolhe.
— Meu nome é Nora— ela anuncia, — e por agora, desde que eu sou claramente a única no controle, isso é tudo que você precisa saber.
CapÍtulo três
Izabel
Hora atual — 9:00 pm — Sede de Boston
Um rosto com um lábio dividido e manchado de amarelo e azul sob o olho esquerdo, olha para mim no espelho.
— Essa cadela é louca— eu digo a Victor, de pé no quarto atrás de mim. Eu passo um pouco de unguento sobre o corte embaixo do meu olho com a ponta do meu dedo. — Ela está jogando, Victor. — Eu estremeço quando meu dedo toca o osso dolorido.
— Sim, ela está — ele diz, pondo uma calça limpa, deixando-a desabotoada e solta ao redor da musculosa forma de V entre seus quadris. — E por agora temos que seguir o jogo.
— Quem você acha que ela é? — Eu pergunto. — Ela diz que um de nós a conhece. Não sou eu; disso eu tenho certeza.
Deslizando os braços nas mangas de uma camisa, ele diz:
— Isso pode não ser verdade. — Eu me viro do espelho e passo para a porta do banheiro, olhando para ele. — Se ela fosse alguém óbvia, já saberíamos quem ela é, a menos que seja Woodard ou Fredrik que ainda não a viram. Mas acho que é mais provável que ela seja alguém que um de nós conheça através de outra pessoa.
Curiosa, entro no quarto, vestida com minha calcinha preta e sutiã, meu cabelo ainda molhado do banho.
— Mas o que me preocupa mais do que quem ela é — diz Victor enquanto abotoava a camisa, — é como ela conhecia a Sra. Gregory, Tessa Flynn e as filhas James Woodard. Ou, como ela sabia que apenas seis de nós e, que seis, assistem as reuniões e executam as coisas nos bastidores.
No caminho de volta para Boston, com “Nora” no porta-malas, ela nos contou que Dina e Tessa não eram as únicas amadas que ela tinha — James Woodard, perturbado pelo desaparecimento de suas filhas, está a caminho de Boston enquanto falamos.
— E como é que ela sabe que você, Niklas e Fredrik não tem ninguém de fora que vocês se importem para que ela sequestrar? — Eu aponto.
Victor se senta no final da cama para colocar as meias pretas.
Ele acena uma vez.
— Sim, isso é desconcertante— diz ele. — Se ela sabe muito sobre nós, tenho certeza que ela sabe muito mais. Precisamos descobrir o que antes de matá-la.
— Você quer dizer — eu estreito meus olhos para ele — precisamos encontrar Dina, Tessa e as filhas de James, e tudo o que ela sabe antes de matá-la.
Ele olha para cima.
— Venha aqui — diz ele.
Relutantemente, eu ando até ele e ele ajusta suas mãos em meus quadris, puxando-me para ficar entre suas pernas abertas. Seus lábios quentes caem sobre meu estômago nu.
— Não tenho nenhuma intenção em deixar essa mulher machucar a Sra. Gregory— ele diz e eu passo minhas mãos pelo topo de seu cabelo curto e castanho. — Faremos tudo o que pudermos para encontrá-la e recuperá-la. Você não confia em mim, Izabel? — Ele olha nos meus olhos.
Com meus dedos ainda cravados em seus cabelos, eu cuidadosamente inclino a sua cabeça para trás em seu pescoço. Suas mãos apertam meus quadris.
— Sim, confio em você, Victor, mas também sei como você é. Eu sei que você não pode simplesmente se tornar alguém que você não é simplesmente porque você desenvolveu sentimentos por mim. — Minhas mãos penteiam através de seu cabelo enquanto ele olha para mim, seu pescoço arqueado para trás. — E eu sei...— Eu não consigo terminar.
— Você sabe o que? — Ele pergunta em uma voz calma.
— Nada — eu digo, balançando a cabeça.
Eu dou um passo para trás, com a intenção de me vestir, mas suas mãos se apertam sobre meus quadris, me segurando no lugar.
— Diga-me — ele diz.
— Eu não posso.
E eu não vou. Nem sei o que me obrigou a soltar o tema assim.
— Não é nada— eu digo e finalmente deixa ir, suas mãos caindo longe dos meus quadris quando eu ando até o armário. — Nós precisamos ir falar com esta cadela. Eu não me importo se ela está puxando todas as cordas. Ela vai começar a falar se eu tiver que vencê-la — agito o meu dedo para ele, virando para armário -— E eu não me importaria menos se ela está algemada em uma cadeira sem nenhuma maneira de lutar, ainda assim, eu a espancarei se ela ferir Dina.
— Eu não esperaria nada menos de você— diz ele.
Victor se levanta do fim da cama e coloca a parte de trás da camisa branca atrás da cintura de suas calças, cobrindo-o com um cinto fino e depois calça os seus sapatos.
Quando eu coloco um vestido preto na altura da coxa sobre a minha cabeça, Victor pisa atrás de mim e beija a parte de trás do meu pescoço, seus dedos se arrastando suavemente pela pele nua de meus braços.
— Vejo você daqui a dez minutos— diz ele.
Ele se vira e começa a caminhar em direção à porta, mas eu ando rapidamente até e envolvo meus braços em torno de sua cintura por trás, descansando o lado do meu rosto ferido contra suas costas. Suas mãos grandes fecham as minhas.
— Eu confio em você, Victor — eu digo a ele em uma voz calma, intencional.
Ele aperta minhas mãos uma última vez e me deixa para terminar de me vestir.
Nora está sentada sozinha em uma sala generosamente grande, com grossas paredes de tijolo pintadas de branco. Uma mesa de metal quadrada fica no centro com duas cadeiras de metal preto — uma de cada lado — e uma fileira de luzes em forma de cúpula que correm ao longo do teto alto, banhando a sala em luz brilhante. Existem quatro aberturas na parede perto do teto para bombear calor ou ar para o espaço, mas não é nem muito quente nem muito frio agora para precisá-lo. O chão é feito de azulejos brancos, manchados por rachaduras e arranhões dos vários móveis que foram tirados da sala meses atrás, transformando o que antes era algum tipo de espaço de armazenamento em um confinamento e sala de interrogatório. A porta de aço pesada é a única maneira de entrar ou sair, a menos que seja do tamanho de uma criança e pode caber através das aberturas perto do teto. Nora não é. Ela é um pouco maior do que eu; mais alto e mais pesado em alguns quilos, e eu sei que eu não poderia caber através de uma abertura tão pequena.
Como solicitado, Nora foi permitido um banho — Niklas estava feliz em ser voluntário para ser o único a ficar no banheiro com ela enquanto ela fez, não porque ele queria vê-la nua, mas porque ela bateu nele na cara e ele esperava que observando-a tomar banho a deixaria desconfortável. Não. Eu acho que ele já está começando a odiá-la mais do que ele me odeia.
Ela também recebeu comida e vinho. E só porque ela sabe onde Dina está, dei-lhe algumas das minhas roupas para trocar. Uma calça de couro preta, camisa de seda transparente de mangas compridas e um par de saltos pretos de seis polegadas. Seu pedido especial era um tubo de batom vermelho escuro — pensei em dar alguns golpes com um assento de vaso antes de dar a ela, mas demoraria muito para voltar para o banheiro.
Niklas está vigiando o interior da sala de interrogatório durante a última hora, enquanto ela comia sua refeição, cordeiro com arroz e purê de batatas e bebeu seu vinho, tudo como se ela estivesse em um encontro e desfrutando de uma noite que ela não teria que pagar. Dorian era persistente sobre a sua vez de se sentar na sala trancada com ela, mas vendo como ele quer bater nela tanto quanto eu, Victor disse-lhe para ficar de fora.
Victor está dentro do quarto agora, sentado na cadeira vazia na mesa em frente a ela quando eu finalmente faço a minha aparição. Me levanto sobre os meus dedos dos pés para olhar para o quarto através da pequena janela quadrada, coberta por acrílicos espessos.
— Ela disse alguma coisa? — Pergunto a Niklas.
Ele está agora parado fora do quarto com Dorian. A porta de aço é fechada e trancada do lado de fora. Não há maneira de ouvir nada o que é dito no interior, exceto da sala de vigilância de vídeo localizado a dois andares mais acima.
Niklas sacode a cabeça, encostado na parede com os braços cruzados.
— Eu não gosto de não poder ouvir o que eles estão dizendo — eu digo, pressionando meu ouvido na porta, sabendo que é muito grosso e estou desperdiçando o esforço.
— A única coisa que ela disse para mim realmente — Niklas oferece — é que ela não está satisfeita com as acomodações.
Dorian passeia pelo corredor brilhantemente iluminado, suas botas pretas movendo-se pesadamente através do chão, um olhar de raiva esmaltando em seus traços. Uma veia grossa é visível perto de sua têmpora. Sua mandíbula se move constantemente como se estivesse rangendo os dentes.
— Vamos encontrá-los— digo a ele, tentando soar otimista, mesmo que não tenha tanta certeza de que me sinto assim.
Ele olha para mim, mas continua a andar.
— Eu não gosto de estar aqui — ele diz, — quando eu deveria estar lá descobrindo o que ela quer.
— Victor sabe o que está fazendo — digo.
Ele balança a cabeça.
— Mas eu ainda quero saber o que ela está dizendo.
Só então, há uma batida na porta do interior. Quando Niklas vê que é Victor, ele tecla o código no painel na parede e há um som de clique. A porta se abre e Victor pisa no corredor e fecha a porta atrás dele.
— Então, o que aconteceu? — Eu pergunto, ficando mais ansiosa a cada segundo.
Victor sacode a cabeça.
— Ela não começará a nos dizer nada até que todos estejamos no mesmo quarto que ela — Victor começa. — E ela quer um quarto maior, preferivelmente algo com um sofá.
— Pequena puta, não é? — Niklas entra.
— Eu disse a ela que ela não estava recebendo outro quarto. — Victor olha para cada um de nós brevemente. — Nós não estamos indo para dar-lhe tudo o que ela quer. É inaceitável. E também fará com que ela pense que não há fronteiras, nem limitações para o que vamos fazer. Ela pode ser a única com todas as cartas, mas ela também está sentada em uma sala algemado a uma cadeira, ela não está completamente no controle, e não vou dar esse tipo de controle para ela. Não importa de quem as vidas estão na linha.
Mordo meu lábio e permaneço quieta.
Dorian aperta os dentes com mais força.
Niklas lambe a secura de seus lábios e olha despreocupadamente pelo longo corredor — a única parte de tudo isso que ele se importa é o que esta mulher pode saber sobre a organização.
James Woodard; rechonchudo, tenso e calvo no centro traseiro de sua cabeça, vem caminhando rapidamente pelo corredor, suas calças cáqui muito longas se movendo debaixo de seus mocassins enquanto caminha. Ele veste uma camisa xadrez azul e branca, de mangas curtas, e escondido de forma descuidada atrás de um cinto debaixo de sua barriga grande. O suor cintila na linha do seu cabelo e em gotas sob as narinas.
— Ela está aqui? — Ele pergunta, sem fôlego, — a mulher que sequestrou minhas filhas? — Ele aponta para a porta de aço. — Ela está naquele quarto?
— Ela está — Victor diz com um aceno de cabeça.
— Então, o que estamos esperando? — Diz Woodard, olhando para cada um de nós a cada vez.
Ele pressiona a ponta de seu dedo indicador no centro de seus óculos e os move de volta em seu rosto.
— Aparentemente, estamos esperando Fredrik — Dorian diz com ácido em sua voz. — Mas vamos esperar um bom tempo. — Seu lábio inferior está inchado e uma contusão azul-amarelada corre ao longo de sua mandíbula.
— Não — Victor diz, apertando suas mãos fortes na frente dele, — isso é outra coisa que eu me recusei a dar a ela. Ela não gostou no início, mas concordou em começar a falar quando Woodard chegou. Mas ela não vai dizer-nos tudo até Fredrik está aqui, por isso vamos precisar dele eventualmente.
— Não deve ser difícil encontrá-lo — Niklas interrompe com desaprovação. — Você é seu patrão. E a última vez que eu verifiquei, não tínhamos horários vagos e nem planos de férias. Se ele não pegar o telefone maldito quando você, de todas as pessoas, chamá-lo, seu traseiro deveria ser fodido.
Victor olha para Niklas.
— Fredrik estará aqui. Não tenho dúvidas disso, Niklas. Por enquanto, vamos descobrir o que essa mulher quer. E o que ela sabe.
A mão gordurosa de Woodard levanta-se e limpa o suor das sobrancelhas espessas. A umidade já está escorrendo pelas axilas de sua camisa xadrez.
— Woodard — responde Víctor, - vou dizer o mesmo que disse a Izabel, nenhuma informação sobre esta organização será dada a esta mulher. Está entendido?
Um nó move-se para baixo do centro da garganta grossa de Woodard e ele acena com a cabeça inquieto, enxugando mais suor de suas sobrancelhas.
— Sim, senhor. Eu entendo, senhor.
Esse terá de ser vigiado, com certeza. Ele parece instável, com medo e desesperado — três dos cinco ingredientes necessários para alguém cair e derramar tudo o que eles sabem. Mas, eu entendo seu medo e eu não posso evitar senti pena dele em vez de preocupada com o que ele pode dar.
Victor tecla no código na porta e nós cinco entramos dentro do quarto.
CapÍtulo quatro
Izabel
Os lábios vermelhos escuros de Nora se esticam em um enorme sorriso fechado quando entramos na sala com ela. Seus longos cabelos loiros esbranquiçados são como uma onda de seda leitosa nos lados de seu rosto e sobre ambos os ombros, contra a cor de seu batom. Seus cílios escuros e sobrancelhas aparadas parecem criados artisticamente acima e ao redor do marrom claro de sua íris. Suas maças do rosto elevados dão a sua pele cremosa ainda mais definição. E embora, admito, hipnotizante de olhar, ela não é sem falhas. Uma fina cicatriz de meio centímetro corre ao longo do lado esquerdo do queixo, outra, cerca de dois centímetros de comprimento, corre horizontalmente pelo centro de sua garganta. E, o mais perceptível, ela perdeu a ponta do dedo mindinho esquerdo.
Ela ergue os braços até as cadeias permitirem até a altura do ombro, com as palmas das mãos para cima, e depois inclina a cabeça para um lado.
— Fico feliz que todos vocês conseguiram— ela diz com um grande sorriso confiante e então abaixa as mãos sobre a mesa, os punhos batendo contra o metal. — Com uma exceção, é claro.
— Vamos saltar o monólogo dramático— eu digo friamente, avançando à frente dos outros. — Nenhum de nós se importa em saber o quão espirituoso você pode ser, ou que tipo de linhas bestas e fodidas que você pode trazer enquanto você balançar a carne na frente de nossos rostos. Que porra você quer?
Nora suspira dramaticamente, franzindo os lábios vermelhos de um lado, mas nunca realmente perde aquele sorriso confiante do dela que eu quero dar um tapa no rosto dela.
Victor pisa ao meu lado, mas ele não me força a sair, ou me diz para ficar quieta. Ele não vai tão longe na frente dela a menos que ele pense que eu estou cometendo um erro, e eu admito, às vezes é justificado porque eu tenho um momento difícil controlar a minha raiva.
Os olhos castanhos de Nora o seguem e ela olha-o dos seus sapatos brilhantes e caros, sua jaqueta de terno preta da Armani e até o topo de seu cabelo bem-preparado. Certamente ela já — olhou para ele— nessa maneira sensual, mas agora que estou na sala com ele, ela deve estar tentando empurrar os meus botões ciumentos. Não funciona, porque eu sei que não tenho nada com que me preocupar.
— Vamos começar? — Victor diz.
— Claro — diz ela, como sempre, com um ar de sofisticação. — Eu diria que tomarem um assento, mas vendo como há apenas uma cadeira extra...
— Estamos bem — disse Dorian com impaciência, aproximando-se de nós. — Vamos continuar com isso.
Niklas sai para o lado para ficar de pé contra a parede. Ele está tão interessado como qualquer um no que Nora tem a dizer, mas ele parece entediado. Ele cruza seus braços musculosos sobre seu peito e traz um pé para cima, apoiando a sola de sua bota contra a parede atrás dele.
Woodard mal se moveu o tempo todo. Ele continua a ficar no centro da sala, suando profusamente e parecendo que está prestes a ser forçado em uma montanha-russa e tem medo de altura — se algum de nós rachar sob a pressão, é provável que seja Woodard.
Os olhos de Nora nos examinam todos, um a um. Apoiando os cotovelos nos braços da cadeira, ela segura os dedos sobre o colo, vestida de couro preto, com as mãos penduradas ali.
— Como já disse — Nora começa tranquilamente, com confiança — um de vocês sabe quem eu sou, ou pelo menos vai perceber quem eu sou no momento em que tudo isso acabar.
Todos nós olhamos um para o outro, todos exceto Victor, que mantém seus olhos treinados no inimigo — sempre focado, sempre disciplinado, sempre absorvendo cada minúsculo detalhe, sempre aquele de nós que tem a sua merda próxima em todos os momentos, não importa a situação.
— É assim que o jogo será jogado— prossegue. — Eu quero informação, e se eu não conseguir as informações que eu vim aqui para consegui - ela sorri e aponta seu dedo indicador para cima — Sim, eu disse que vim aqui, porque eu não estaria sentado aqui nesta sala se eu não tivesse deixado você me levar.
— Eu suponho que você queria ser acorrentada a uma cadeira, também — eu cortei em sarcasticamente.
Ela levanta os pulsos como se para nos mostrar as algemas.
— Essas pequenas coisas? — Ela diz ironicamente.
— Vá direto ao ponto— Victor a corta.
Seus olhos castanhos se movem de mim para Victor e depois de uma pausa, ela continua.
— Cada um de vocês me dará informações. Privadas — ela aponta seu dedo para cima de novo — exceto o de vocês do por que eu estou aqui. Essa pessoa em particular não terá escolha a não ser me dar a informação que eu quero na frente de todos os outros. E se ele ou ela se recusar, seus entes queridos serão executados.
Eu engulo nervosamente e imaginei o rosto de Dina em minha mente.
Dorian se aproxima, suas mãos fechadas em punhos em seus lados, seus dentes moendo, e com raiva em seu rosto.
Victor põe fora seu braço sem mover qualquer outra parte de seu corpo, parando Dorian em seu caminho. Dorian não vai mais longe.
Os olhos de Nora passar sobre Dorian enquanto ela adverte:
— E se eu morrer, eles também serão executadas.
Ela passa os dedos sobre o colo novamente.
— Por último, se o meu contato não ouvir de mim em quarenta e oito horas, que também vai ter seus entes queridos mortos. Então, vocês estão dispostos a jogar? — Seu olhar recai sobre todos nós mais uma vez.
— Vai depender apenas do tipo de informação que você quer— Victor fala. — E você parece ignorar o fato muito claro que você é meu prisioneiro. O que faz você pensar que não vamos simplesmente usá-la para obter essas pessoas de volta? Se você souber alguma coisa sobre mim, e aparentemente você sabe, então você deve saber que eu não vou desistir de informações sobre a minha organização, nem vou deixar ninguém mais — ele coloca as mãos sobre a mesa e se inclina sobre, olhando-a mortalmente nos olhos — e eu não tenho nenhum problema em matar uma mulher.
Meu olhar cai em direção ao chão; o brilho da luz em minhas botas pretas a única coisa visível em minha visão ofuscada.
— Orgulhoso disso, não é? — Nora zomba, e eu não posso ter certeza, mas eu pensei que eu senti seus olhos em mim momentaneamente.
Ela puxa sua cabeça loira para um lado enquanto eu levanto a minha.
— Você deve gostar de matar mulheres, Sr. Fausto. — Ela sorri, mas é muito grave, e eu sei que ela está tentando entrar sob a minha pele.
— Matar é o que eu faço— ele responde, deslizando as mãos para fora da mesa e retornando de pé. — Eu gosto nem não gosto. Mas eu não mato pessoas inocentes, se é isso que você está insinuando.
— Oh, de jeito nenhum— diz ela, seu tom de voz enfeitiçado.
Seus olhos se encontram com os meus desta vez, e eu não posso evitar, mas sinto que há algo escondido neles, algo que tem a ver comigo. Ou talvez — e muito mais uma possibilidade — é a minha paranoia no trabalho novamente.
— Mas para responder à sua pergunta — prossegue Nora — você pode me usar tudo o que quiser, mas isso não lhe servirá de nada — ela se inclina para a frente sobre a mesa, seu cabelo comprido contra o metal — Você vê, eu não tenho medo da morte, e eu não tenho nada mais para viver além da informação que eu vim aqui para obter. Então, por todos os meios, use-me tudo o que quiser, mas você só vai arriscar suas vidas ainda mais, fazendo isso.
O silêncio enche o quarto. Mais uma vez, todos nós olhamos um para o outro momentaneamente, contemplativamente.
— Qual é a natureza da informação que você procura? — Victor pergunta.
Nora sorri, com a cabeça inclinada de um lado para o outro num movimento preciso e balançando.
— Cada um de vocês tem um segredo profundo, escuro — ela começa, — algo que você pode se envergonhar, ou se arrepender, ou pode estar sendo perseguido por algo que você fez que era tão horrível que você que a sua consciência não pode fugir dela. Um de vocês — ela nunca olha para nenhum de nós em particular enquanto diz estas coisas -— foi traído por alguém muito próximo de vocês. Um dos que tinha algo tirado de você há muito tempo. E um de vocês enterrou algo que poderia ser o fim de vocês se alguma vez for encontrado. Você vai me confessar esses segredos. Com vontade. Sinceramente. — Ela olha apenas para Victor agora. — Essa é a natureza das informações que eu procuro, Sr. Fausto.
O silêncio enche o espaço novamente, mas desta vez é abundante com uma sensação coletiva, desconfortável que todos nós compartilhamos.
— Você está afirmando já conhecer esses chamados “segredos obscuros”? — Pergunto, cruzando os braços.
Os lábios vermelhos de Nora se alongam enquanto seus olhos varrem sobre mim.
— Eu sei — ela diz. — Eu sei mais sobre você do que a pessoa nesta sala mais próxima de você sabe.
— E como você sabe? — Eu digo, levantando do chão, porque eu não acredito nisso e eu duvido que alguém mais faz qualquer um. — Os segredos profundos e escuros são profundos e escuros por uma razão. E o que exatamente você tira disso? Algo não está encaixando.
— Eu vou te contar tudo o que sei quando eu estiver pronta— ela diz calmamente, deliberadamente. — E eu recebo um monte de fora, Sarai — eu vacilo quando meu antigo nome rola para fora da sua língua — basta ser paciente e, eventualmente, tudo vai fazer sentido.
Victor vira as costas para Nora e olha para todos nós.
— Alguém aqui não está disposto a acompanhar isso? — Ele pergunta.
— Eu vou fazer isso — Woodard diz balançando a cabeça, o queixo seu queixo duplo agitando levemente. — T-Tudo-e-eu quero dizer, qualquer coisa para manter minhas filhas seguras. — Ele arranca as mãos por cima de sua barriga arredondada.
Dorian passa a mão pelo seu cabelo louro e espetado, a manga de seu suéter cinza escuro escorregando de seu pulso, revelando uma Rolex usado sobre uma tatuagem preta e cinza de uma folha com ponta de sangue no centro de seu osso de pulso.
Ele balança a cabeça e lambe a secura de seus lábios, sua mão caindo da parte de trás de seu pescoço.
— Eu vou fazer— ele diz e então ele olha para Nora.
Victor olha para mim e só hesito por um momento.
— Conte-me— digo e eu olho para Nora com um sorriso sarcástico. — Não tenho nada a esconder.
Ela sorri porque sabe que estou mentindo.
Niklas empurra-se para longe da parede por sua bota e caminha em nossa direção, aquele sorriso que ele é famoso, exibido orgulhosamente em seu rosto. Ele ergue a mão e coça a barba do queixo e das bochechas.
— Você está cheia de merda — ele diz agora cruzando os braços e olhando diretamente para Nora. — Você diz que todos nesta sala têm um segredo. Bem, eu não, não há nada “profundo e escuro” sobre mim que qualquer um nesta sala já não saiba. Eu sou a porra de um livro aberto, e é assim que eu sei que você é apenas mais uma puta manipuladora — ele olha para mim brevemente -— mas com certeza, eu vou jogar o seu jogo. Não tenho nada melhor a fazer.
Niklas volta para a parede.
Todos os olhos estão em Victor.
Victor me olha brevemente — porque eu sei que ele está apenas entretendo isso para mim — então ele dá atenção a Nora e diz casualmente:
— Quando começamos?
Nora sorri e pressiona suas costas contra a cadeira.
Ela aperta os lábios e diz com a mão:
— Quanto mais cedo melhor. O tempo está passando. Eu espero que você transmita tudo isso para que especialista de vocês. Pena que ele não pode trazer Seraphina... ou era Cassia? — Ela sorri maliciosamente -— ele está chegando, não é? Ele é parte do negócio, lembre-se disso. Se ele não aparecer, eles morrem.
Dorian e eu trancamos os olhos desta vez, ambos com os mesmos terríveis pensamentos e medos.
— Então, quem vai ser voluntário para ir primeiro? — Nora questiona com as sobrancelhas levantadas perfeitamente arrumadas.
— Eu vou primeiro — Woodard diz imediatamente.
Ele arrasta um dedo indicador enrolado atrás do pescoço de sua camisa, afrouxando o tecido suado de sua pele.
Victor se move em direção à mesa e leva a parte de trás da cadeira vazia em sua mão, puxando-a para o centro da sala, a cerca de cinco metros da mesa e da mulher perigosa sentada do outro lado dela.
— Não mova esta cadeira deste local— Victor exige. — Ela está segura, braços e pernas, mas fique fora de seu alcance.
Nora sorri maliciosamente para Woodard, revelando um conjunto de dentes retos brancos. Então ela olha cada um de nós individualmente uma última vez, orgulhosa de seu desempenho, e o resto de nós sai da sala.
— Não tenho certeza se é uma boa ideia deixar Peter Griffin3 confinado em um quarto com ela— Niklas diz com um sotaque depois que a porta pesada fecha e trava automaticamente.
— Ele tem uma arma — Victor revela. — Contanto que ele fique fora do alcance dela, ele ficará bem. Além disso, ela não está aqui para matar ninguém. Esse... jogo que ela está jogando é muito importante para ela. Ela tem se esforçado para chegar até aqui.
Victor faz um ponto válido.
— Você acha que ela sabe que o quarto está grampeada? — Eu pergunto.
— Não sei — Victor responde - mas tenho a impressão de que não importa para ela de qualquer maneira.
— Victor — diz Dorian - se acontecer alguma coisa a Tessa...
— Vamos atravessar aquela ponte quando chegarmos a ela, Flynn — Victor corta. — Uma coisa de cada vez.
Caminhamos ao lado e atrás de Victor pelo corredor e longe da sala, fazendo o nosso caminho para o elevador e para a sala de vigilância. Três gigantes TV de tela plana estão alinhadas perfeitamente em toda a parede, cercado por conjuntos de equipamentos de vídeo e áudio debaixo delas em cima de duas mesas maciças e duas outras mesas à direita e à esquerda. As telas já estão vivas com a cena da sala de interrogatório. A televisão no centro exibe uma imagem gigante, situada em Nora e Woodard, ampliada o suficiente para quase contar as gotas e sardas no pescoço de Woodard. As duas televisões à esquerda e à direita desta têm quatro telas diferentes dentro delas, todas mostrando ângulos diferentes da sala.
Suas vozes fluem dos alto-falantes quase tão audivelmente como se estivéssemos sentados em um pequeno teatro, assistindo a um filme.
Sentamo-nos em cadeiras de escritório e escutamos, capturando o começo da conversa a tempo.
— ... oh, eu sei que seu nome completo é James Carl Woodard — Nora diz inteligentemente, dobrando suas mãos juntas na mesa na frente dela. — Nascido em Boston, Massachusetts, em 3 de agosto de 1955, às 12h02, filho de Anthony e Beatty Woodard.
Woodard mal pode se sentar em sua cadeira; seu pé direito vestido com um loafer4 preto largo que constantemente salta para cima e para baixo contra o chão rapidamente. Sua respiração é instável e sua camisa está encharcada de suor, bem como sua testa que ele limpa continuamente com sua mão, transferindo-o para as pernas da calça depois.
— Sim — ele diz, — isso está correto. C-Como você sabe alguma coisa sobre mim? Porque, senhora, eu não te conheço. Quero dizer, eu não consigo imaginar quem você poderia ser realmente. M-Mas, bem, vou tentar descobrir se você quiser. Apenas não machuque minhas filhas.
Ela sorri suavemente, cheia de compaixão, e então abana a cabeça.
— Suas filhas — Nora diz como se trazendo até um ponto. — O que você faria por suas filhas?
— Q-Qualquer coisa... Eu quero dizer que eu não posso te dar informações sobre esta Ordem... p-porque eu não sei muito de tudo...
Com um sorriso, Nora olha para Woodard de uma maneira conhecida, de um lado para o outro.
— Oh, vamos agora, James — ela diz, — eu esperava que você não fosse tão estúpido quanto você parece. Você não acha que eu estou muito além de saber que é a informação além de um cara nesta Ordem; pelo menos um deles, de qualquer maneira; aquele que se senta à mesa junto com o líder e seus melhores homens — seus olhos olham diretamente para uma câmera escondida -— e mulher — ela acrescenta com um sorriso afetado.
— OK, ela definitivamente sabe sobre o quarto estar grampeado — eu digo, embora realmente não precisa ser dito neste momento.
— Mas nós não estamos aqui para isso — Nora continua, olhando para Woodard novamente. — Você vai me contar sobre sua família.
— O-o que sobre eles? — Ele gagueja; Ele sempre gagueja quando ele está nervoso. — O que você quer saber?
— Quero saber sobre seus filhos.
Woodard parece confuso.
Ela ajuda a avançar com ele.
— Olhe para mim, James— ela diz inclinada sobre a mesa e olhando para ele sob os olhos encapuzados. — Eu não vou soletrar nada para você. É seu trabalho me dizer o seu segredo por conta própria.
— Mas eu não...
— Oh, sim, você sabe — ela diz e se inclina para trás novamente. — Um homem como você, que não é tão estúpido quanto parece, aposto que há muito sobre você que não sabemos. Não existe?
Ele não diz nada.
— Eu tenho observado você por um longo tempo— ela continua. — Eu sei onde você mora com sua esposa e duas filhas. Sei sobre as casas que você frequenta, deixando-as sozinhas... desprotegidas...
— Deixo para protegê-las — Woodard corta na defensiva. — Eu amo a minha família. Eu nunca deliberadamente colocá-las em perigo. — A gagueira diminuiu agora que ele está ficando com raiva.
— Claro que sim— diz Nora, — é por isso que suas filhas não sabem onde, agora mesmo, amarradas a cadeiras — ela levanta as mãos, as correntes chiam e então olha para si mesma — muito parecido com isto, na verdade. Mas vamos avançar um pouco. Sobre as tuas filhas e o segredo que você guarda.
Eu não estou gostando de tudo onde isso parece que está indo.
Victor e eu trocamos um olhar.
— Não sei do que você está falando.
Ela sorri.
— Eu acho que você faz.
Meu estômago está torcendo em nós, ouvindo isso. Se ele disser o que eu acho que ele vai dizer,
— OK, eu vou te dizer — Woodard diz e abaixa os olhos.
Até agora, eu, Victor, Dorian e Niklas estamos todos pendurados em sua confissão, provavelmente todos pensando a mesma coisa.
— Eu tenho seis outras filhas — diz ele — com outras quatro mulheres. Tenho andado a enganar a minha mulher há quinze anos. Eu... É... o que você queria saber?
Nora sorri com satisfação.
Nós quatro nos sentamos aqui em uma espécie de choque, mas acredito igualmente aliviado que ele não estava prestes a confessar algo mais imperdoável. James Woodard pode ter um ataque cardíaco estúpido em duas pernas, mas todos nós gostamos muito dele.
— Merda, ele acabou de dizer que ele tem oito filhas com cinco mulheres diferentes? — Dorian diz, surpreso.
— Acho que sim — responde Niklas com humor em sua voz. — Quem poderia pensou que ele pega mais bocetas do que você, Flynn?
Dorian zomba e balança a cabeça, olhando para a tela.
Nora faz contato visual com a câmera escondida novamente.
— Veja como isso foi fácil? — Ela diz. — Na verdade, isso foi muito mais fácil do que eu pensava que seria. — Ela entrelaça os dedos na mesa. — Agora, Sr. Woodard, isso não foi tão difícil, foi? A verdade não se parece liberadora? — Ela mordiscou seu lábio inferior e balançou a cabeça para um lado com um encolher de ombros. — Claro, seria muito mais libertador se contasse a sua esposa, mas você é muito covarde para isso, não é?
Ele balança a cabeça nervosamente olhando para baixo, enrolando seus dedos rechonchudos dentro de seu colo, seu pé firmemente batendo contra o chão.
— A-As minhas filhas estão bem?
— Eu não sei — ela diz sem hesitar. — O agora não é realmente importante. Como vai ser no momento em que tudo isso acabar é o que você deve estar preocupado.
— É isso que você quer? — Ele diz. — Para eu confessar a minha esposa? Para dizer a minhas filhas que eles têm irmãs? Eu não entendo o que isso tem a ver com nada. Eu não vejo por que você as rapta.
Nora levanta um dedo.
— Você vai descobrir— ela diz com um pequeno encolher de ombros. — Você tem muito tempo para pensar sobre isso.
As sobrancelhas franzidas de Woodard estavam em sua testa.
— É isso? — Ele pergunta, tão confuso quanto qualquer um de nós está. — Isso é tudo o que você queria saber? Pensei que fosse tentar forçar informações sobre o resto de nós...
— Eu não preciso de você para fazer isso— ela diz com confiança. — Os outros vão me dizer o que eu quero saber, tudo por conta própria.
Confiança só pode ser a torção na armadura de Nora, porque, de alguma forma, eu duvido que ela vá tirar muito da maioria de nós. Dorian, talvez, porque a vida de Tessa está na linha e claramente ele ainda ama sua ex-esposa. Eu — é uma possibilidade muito real que ela me faça falar por causa de Dina, e porque se é apenas segredos pessoais que ela quer e não informações sobre a nossa Ordem, então estou disposta a desistir dos meus segredos para salvar a vida de Dina.
Já dormi com uma garota? Claro que já... eu vivi com dezenas delas por nove anos quando eu estava presa no México. Nada para se envergonhar, dormir com uma mulher, embora seja um pouco embaraçosa. E eu não gostaria de dar Niklas e Dorian esse tipo de munição para obter ficar sob a minha pele e meu amor mais do eles estavam.
Já roubei alguma coisa? Bem, roubo é uma espécie de algo que eu sou muito boa e eu usá-lo para minha vantagem no campo muitas vezes. Mas Victor já sabe disso. Niklas e Dorian e Fredrik e qualquer outra pessoa em nossa Ordem, não tanto, porque eu roubei de todos eles para manter o controle de suas vidas pessoais para Victor. OK, agora que pode ser prejudicial.
Talvez eu não esteja dando crédito suficiente a Nora.
Agora eu estou nervosa.
Mas Victor?
Ela nunca conseguirá nada com ele. Isso me assusta porque eu quero Dina viva e se ela morrer, a última pessoa no mundo que eu posso lidar com sendo a causa disso, é Victor. Se ela morrer por causa dele, acho que nunca vou conseguir perdoá-lo.
Niklas?
Eu sacudo a cabeça pensando nisso comigo mesma. Niklas, eu sinto que é exatamente como ele disse a ela que ele é antes de sair daquela sala — um livro de merda. Então, eu não sei o que ela espera sair dele, se há alguma coisa para chegar a todos.
Fredrik?
Oh, como é triste para esta mulher que realmente - perdoe o cliché - mordida de uma maneira maior do que ela pode mastigar. Puxar informações dos lábios como o sangue de uma veia é o domínio de Fredrik, um que eu duvido que ela quer pisar.
— Isso foi muito fácil — fala Dorian.
Niklas ri ligeiramente em voz baixa.
— Sim, olha quem está no estande como a primeira testemunha. Victor, você tem certeza de que testou completamente esse cara antes de dar acesso a tudo?
Victor acena com a cabeça.
— James Woodard é confiável — diz ele. — Ele pode estar nervoso, mas não deixe que isso o engane.
Nora sorri para a câmera.
— Quem está vindo para a confissão depois? — Ela diz.
Eu não quero ir. Essa puta me deixa desconfortável.
— Eu vou em seguida — eu falo contra meus pensamentos internos.
— Tem certeza? — Victor diz.
Eu concordo.
— Sim, eu quero acabar com isso. — Pelo menos essa parte é verdadeira.
Eu me levanto da cadeira de rodas, puxando as pontas do meu vestido preto para trás sobre minhas coxas.
— Quanto mais cedo acabarmos com isso — digo, —mais cedo os recuperarmos.
Dorian acena com a cabeça.
Niklas olha para mim sem nenhuma emoção em seu rosto.
Olho para Victor, uma espécie de contemplação silenciosa nos meus olhos. Eu não quero que eles me escutem confessar qualquer coisa a esta mulher, mas eu sei que eles precisarão manter o áudio aberto no caso Nora dizer algo importante. Então, eu não me incomodei dizendo o quanto eu não gosto disso, e eu saio do quarto e dirijo-me para o elevador, passando por um confuso James Woodard no longo trecho do corredor no meu caminho para baixo.
Quanta mulher poderia realmente saber, afinal? Então, o que se soubesse o nome completo de Woodard, data de nascimento, tempo de nascimento, e nome dos pais - todas essas informações podem ser encontradas em um documento pouco útil chamado de certidão de nascimento. Ela realmente não disse muito sobre qualquer outra coisa, então talvez ela estava apenas blefando. Sim, isso é uma possibilidade. Ela está blefando, e Woodard era a pessoa perfeita para usar para mostrar ao resto de nós.
Duvido que ela realmente sabe nada sobre mim, muito menos todos nós.
CapÍtulo Cinco
Izabel
Depois de perfurar o código de acesso no painel da porta, entro no quarto armada com apenas a minha faca com punho de pérola escondida dentro da minha bota direita. Levo o meu tempo fazendo o meu caminho através do quarto e para a cadeira, mas eu não me sentar uma vez que chego lá. Nora se senta confortavelmente de costas contra a cadeira, seus braços descansando ao longo dos finos braços metálicos, suas unhas pintadas de vermelho drapejadas elegantemente sobre as bordas. Tudo exceto seu dedo mindinho esquerdo.
Eu sorrio pensando nisso sozinha, parando logo atrás da cadeira vazia.
— Alguma coisa engraçada? — Pergunta Nora.
— Na verdade sim — eu digo com um sorriso.
Eu olho para seu dedo marcado apenas o tempo suficiente para ela vislumbrar o que eu estou me referindo, e então para trás em seus olhos castanhos brilhantes enquadrado por cílios escuros e contusões.
— Alguém se cansou de ouvir sua merda e corto-o?
Ela sorri.
Então ela levanta a mão esquerda e move seus longos dedos em uma forma delicada.
— Eu sinto falta disso — ela diz despreocupadamente e então põe a mão de volta para baixo no braço da cadeira. — Mas eu não sou a única a responder a perguntas aqui. — Ela se dirige para minha cadeira. — Sente-se.
— Acho que vou ficar de pé.
— Não, acho que você vai tomar um assento — ela diz calmamente, mas com um ar de autoridade.
Ela sorri.
Eu não. E eu também não me sento.
— Eu realmente esperava que você fosse a última — diz ela. — Quero dizer, vendo como seu segredo é um dos mais escuros.
Isso atrai minha atenção.
Ela inclina a cabeça.
— Eu realmente espero por sua causa que ninguém esteja escutando nossa conversa desta vez.
— Você não sabe nada sobre mim — eu estalo, não confiante. — Meu nome verdadeiro — e daí. Isso não é difícil de descobrir. Apenas como a informação do registro do nascimento de James. Acho que você é uma fraude.
Nora sorri e move para a cadeira novamente.
— Uma fraude, talvez — diz ela, zombando de mim como sempre, — mas uma fraude que controla se Dina Gregory vive ou morre, no entanto. Por favor, sente-se, para que possamos estar ao nível dos olhos.
Eu torno meu queixo, rangendo meus dentes, mas uma vez mais ela tem minha atenção.
— Você está perguntando ou dizendo?
— Estou perguntando — ela diz calmamente. — Por favor. Sente. — Ela abre a mão em gesto.
Sua estranha mudança de atitude me pega de surpresa, mas é só depois de eu finalmente sento que eu perceber que ela ainda me levou a fazer isso. Ela não diz nada no modo de zombaria, mas eu sei, apenas por aquele olhar fraco de satisfação em seus olhos que ela está anotando outra vitória em seu caderno mental.
Eu não digo nada, e tento manter minha própria influência; o que sobrou de qualquer maneira.
— Que tal isso — eu digo, cruzando minhas pernas e meus braços — você me fala um pouco sobre você primeiro, apenas para que possamos ficar mais... confortáveis uma com a outra. E então eu vou te dizer o que você quer saber.
— Será que o meu sangue não é suficiente? — Pergunta ela com um sorriso de satisfação. — Eu dei a eles livremente, você sabe. Porque eles não encontrarão nada em mim. — Ela ergue as mãos, as palmas das mãos voltadas para mim. — Impressões digitais? — Ela ri com uma expressão elegante — também não vão encontrar nada nelas.
— Então vamos conversar — digo.
Nora se inclina para a frente, colocando os braços sobre a mesa, embora eles só alcancem a partir do meio de seus antebraços, as correntes enganchadas às algemas as impediram de ir mais longe.
— Eu disse a você — ela diz: — Eu não estou aqui para responder às suas perguntas.
Eu me levanto e corajosamente movo minha cadeira o resto do caminho e coloco-a na mesa ao seu alcance. Eu não tenho medo dela e quero que ela saiba disso.
Ela sorri levantando o olhar para mim e seus olhos seguem os meus de todo o caminho de volta para baixo quando eu tomo o meu assento novamente, apenas um par de pés na frente dela. Então, eu me inclino para a frente como ela, colocando meus braços sobre a mesa à minha frente e fechando minhas mãos.
Olho para os meus dedos e depois a olho nos olhos desafiante.
— Eu tenho todos os meu — eu digo com zombaria cruel. Então coloco minhas mãos sobre a mesa de metal fria, estendendo os dedos para fora, com as unhas sem estar pintadas, um anel de ouro branco no dedo mindinho com um diamante de três quilates e outra prata com uma pedra de ônix preta em meu polegar direito. Deslizei o anel do dedo mindinho direito e coloco-o na minha esquerda, depois, segurando minha mão em frente de mim como se para admirá-lo.
Então eu viro-o ao redor, minha palma enfrentando-me, de modo que pudesse a ver, demais.
— Há algo nas mãos de uma mulher que é irresistível para alguns homens — começo, provocando-a em meu tom mais controlado. — O mesmo tipo de homens que amam a forma do pescoço de uma mulher, ou a inclinação de seus ombros, ou a delicadeza de seus pulsos. Estes são os homens sofisticados, o tipo de homens que podem oferecer a uma mulher um relacionamento mais... inteligente. — Eu viro a mão para frente e para trás lentamente na nossa frente, olhando para aquele anel brilhando no meu dedo mindinho, e quanto mais eu falo, mais uma espécie de escuridão começa a mudar em seus olhos, eu estou puxando me agarrando nisso aqui, mas parece estar funcionando. — Então há os homens do peito e de bunda. A maioria deles apenas amadores com tesão que não têm controle sexual. — Eu olho para seu dedo mindinho novamente. — Você é uma mulher linda — digo. — Seios agradáveis, bunda legal, mas aquela sua realmente não está lhe fazendo nenhum favor. Espero que aquele que pegou o seu dedo receba o que merece.
Nora desliza suas mãos da mesa e as descansa em seu colo. E embora eu pareça ter comprimido um nervo um pouco, seu sorriso malicioso permanece intacto.
Talvez a vaidade é a torção em sua armadura em vez de confiança.
— Você é exatamente como eu sempre imaginei que você seria — diz ela, aparentemente ilesa. — Jovem, inexperiente, faladora, excessivamente confiante, de temperamento rápido, e muito sobrecarregada pela situação. — Ela se inclina para a frente novamente, mas mantém as mãos em seu colo; a luz que irradia da lâmpada em forma de cúpula centrada sobre a mesa faz com que seus cabelos loiros e batom vermelho brilhem. — Mas você não vai durar neste mundo subterrâneo, Sarai Cohen. Você acha que ser uma escrava sexual durante nove anos, submetidos a terríveis abusos e da morte e o lado mais escuro da natureza humana, faz com que você se encaixe em um estilo de vida de matador profissional, adequada para se sentar à mesa entre os homens que estão tão longe da seu Liga. — Seu sorriso malicioso se estende entre seu rosto cremoso, mas machucado. — Mas, mais do que isso, você está certamente fora de sua liga quando se trata de mim. Então, se eu fosse você, eu deixaria a tentativa desesperada de me atropelar no meu próprio jogo, e jogar a única mão patética que você tem.
Suas palavras me espetaram, mais do que eu pensava que podiam, mas eu não deixo isso aparecer em meu rosto. Pelo menos eu espero que não.
Eu sorrio e coloco minhas mãos sobre a mesa novamente.
Sei bem no fundo que devo manter minha boca fechada, que eu deveria deixá-la continuar com isso, mas estou chateada e não posso evitar — ela tem a parte rápida, pelo menos.
— Apenas me diga quem foi, — eu digo, estimulando-a, — quem cortou. Era um homem? Um ex-amante? Um marido? Não? — Eu franzo os meus lábios. Ela se vira um pouco na cadeira. — Uma mulher, então? Ah, deve ser isso... você é lésbica, não é? — Eu sorrio.
Mas eu acho que eu a perdi agora, fui muito longe da pista porque seu sorriso retorna, então eu volto na direção oposta.
— Era seu papai então? — Meus olhos estão acesos com excitação, meus lábios virando para cima em um lado, eu definitivamente atingi um nervo. — Foi, não foi? Por que seu pai cortou a ponta de seu dedo, Nora?
Seu sorriso desaparece de seu rosto em um instante. Sua respiração se torna mais profunda, exalando audivelmente de suas narinas flamejantes.
— Diga-me o seu segredo — eu digo, — e eu vou te dizer o meu. Por que papai cortou o dedo pobre?
Dentes brancos foram descobertos por atrás dos lábios vermelhos vêm em minha direção sobre a mesa tão rápido que meus olhos se fecham e minhas mãos se levantam instintivamente para me bloquear da força do golpe. Eu sinto que estou caindo apenas alguns segundos enquanto minha cadeira vai para trás com Nora em cima de mim, até que ela bate no chão duro. Um flash de luz e manchas de brotam diante de meus olhos e dor pulsa através do meu crânio como minha cabeça salta no azulejo.
Victor
Niklas e Dorian correram em direção à porta, com a intenção de se apressar para ajudar Izabel.
— Pare! — Eu os ordeno, mantendo meus olhos na tela.
— Victor, ela pode matá-la — diz Dorian.
— Como diabos ela tirou as algemas de suas mãos?! — Niklas grita.
Woodard fica à minha esquerda, observando a cena violenta se desdobrar na tela, um braço cruzado sobre seu estômago arredondado, a outra mão dançando em seus lábios nervosamente.
— Você não pode deixá-la ali — acrescenta Dorian com determinação.
Izabel e Nora se revezam servindo golpes. Nora está em cima de Izabel, chovendo seus punhos para baixo em sua cabeça, e enquanto é bastante difícil para mim assistir, eu sei que devo deixar correr o seu curso.
Volto-me para Niklas e Dorian.
— Izabel pode cuidar de si mesma — digo.
— Não tenho tanta certeza — diz Niklas, claramente preocupado com Izabel. — Foram necessários três de nós para segurá-la no auditório.
Eu olho direito para o meu irmão.
— Ela vai ficar bem.
Ambos hesitam antes de ceder e eles voltam para ficar em frente às telas.
— Espero que tenha razão, irmão. - Niklas cruza os braços.
Mantendo meus olhos treinados na luta, tudo que eu posso pensar é que... Eu espero que eu esteja certo também.
Izabel
A cadeira de metal em que eu estava sentado está virada para o lado. Eu estendi a mão para ela cegamente com a mão direita, esforçando-me para conseguir qualquer parte dela em meus dedos, e quando eu finalmente fizer, eu não sei como, mas eu tenho força suficiente com uma mão para levantá-lo o suficiente para cima do chão e golpeando em um lado da cabeça com ele.
Nora cai de lado e fora de minha cintura, cobrindo sua cabeça com as mãos que de alguma forma não estão mais presas por algemas.
Não desperdiçando nem um segundo, eu me ajoelho e agarro a cadeira dobrada novamente com ambas as mãos desta vez e atinjo a parte de cima da cabeça dela de novo.
Nora consegue sair do caminho pouco antes de a cadeira cair pela terceira vez. Fica de pé enquanto eu deixo cair e fico de pé para ir atrás dela. Ela tenta se empurrar em uma posição, mas os punhos e corrente que a prendem nos tornozelos ainda estão no lugar, tornando difícil para ela se mover em qualquer lugar mais alto do que o chão.
Estou em cima dela em um piscar de olhos, da mesma forma que ela estava em cima de mim momentos atrás, com meus joelhos arreganhados em ambos os lados dela.
Agarrando ambos os lados de sua cabeça, um estrondo soa quando eu bato a parte traseira de seu crânio contra o chão. Uma vez. Duas vezes.
— Ahhhnnn! Cadela! — Ela grita, com as mãos segurando meus bíceps, cravando as unhas em minha carne e rompendo a pele. Seu corpo se desloca sob o meu peso enquanto ela tenta levantar as pernas dela por trás para trancá-las ao meu redor como fez no auditório, mas ela não consegue ter as pernas abertas o suficiente por causa da corrente entre os tornozelos.
Eu pulo longe dela, mordendo duramente o meu lábio inferior de raiva, meus olhos girando com calor e raiva enquanto eu me inclino sobre ela no chão e pego um punhado de cabelo louro, meus dedos apertando contra a parte de trás de seu couro cabeludo, e eu arrasto seu corpo através do chão de cerâmica em suas costas. Seus dois saltos pretos saem, deixados em uma trilha atrás dela.
Antes de eu levá-la todo o caminho de volta para o seu lado da mesa, eu perco o meu pé e vêm caindo quando ela agarra meu tornozelo com as duas mãos e puxa para trás com toda a sua força. O sangue brota na minha boca quando meu rosto entra em contato com o chão.
De repente eu não consigo respirar. Meus olhos rolam na parte de trás da minha cabeça enquanto ela aperta a corrente entre seus tornozelos em torno da minha garganta, suas pernas se fecham com força enquanto ela se deita sobre o chão, seu corpo sustentado em seus antebraços, todo seu poder deslocado para seus pés, me bloqueando no lugar. Meus dedos surgem rapidamente enquanto eu tento desesperadamente encaixá-los atrás das correntes. Eu sinto toda a minha cabeça se tornando quente, inchando rigidamente no meu pescoço e transformando beterraba vermelha e roxa.
Ela aperta ainda mais os tornozelos, deixando-me imóvel; o cheiro de suas calças de couro apertadas pesado em minhas narinas. Eu quero desistir, eu sinto que é tudo que eu posso fazer. Meu corpo começa a me trair quando os meus membros começam a amolecer. Suspiro por ar que apenas não virá e lágrimas de exaustão encherão os cantos de meus olhos.
— Fora de sua liga — ouço a voz de Nora dizer em meio ao bombardeio vociferante de sangue em minha cabeça.
Algo dentro de mim se encaixa, e meus olhos se abrem abertamente no meu rosto. Grito para fora algo que eu não posso mesmo decifrar e finalmente escavo meus dedos entre a corrente e minha garganta. Puxo-o para longe com tudo em mim, estimulada pela raiva, pela vingança e pela vontade de viver, até que eu a dominar e afrouxo meu pescoço, batendo as pernas contra o chão.
Ela começa a rastejar para longe em suas mãos e joelhos na direção da minha cadeira virada.
Eu salto para os meus pés, puxando a Pérola da minha bota antes que eu estou completamente de pé, e eu estou de pé sobre ela com a lâmina contra a garganta e parte de trás do seu cabelo no meu punho, puxando o seu pescoço para trás na medida que posso sem que estale.
— Eu vou cortar mais do que seu dedo, cadela!
Ela congela. Seus quadris, pélvis e pernas estão pressionados contra o chão, os brancos de seus olhos visíveis para mim enquanto eu estou sobre ela por trás.
— Onde está Dina? — Eu puxo seu couro cabeludo, puxando seu pescoço para trás ainda mais; se ela ainda se encolher do jeito errado, a lâmina afundará a pele e ela sabe disso. — Foda-se esses jogos de vocês! Diga-me onde você a levou!
— Aproxime-se e eu lhe conto — diz ela com dificuldade, sua voz tensa.
Sem sequer pensar nisso eu faço, mas mantenho a lâmina contra sua garganta quando eu sentar em suas costas.
— Tente qualquer coisa e eu vou matar você — eu rosno, meus lábios ao lado de sua orelha.
Ela não tenta lutar, mas eu não estou sentindo a derrota nela. É outra coisa. Essa confiança nela que eu tenho desprezado. Mesmo que eu sou a pessoa sentada em cima dela, aquela com a faca pressionado na sua garganta, não posso deixar de sentir como se ela ainda estivesse no controle.
— Onde ela está? — Eu sussurro duramente contra o lado de seu rosto.
— Nove anos como escrava sexual em um complexo mexicano — ela sussurra de volta. — Algo me diz que eles não se importavam muito com preservativos. Será que eles se importavam, Sarai?
Meu corpo inteiro, cada osso, cada músculo, solidifica em um instante.
— Se você quer Dina Gregory viva — ela diz, ainda em um sussurro muito baixo para o áudio pegar, — então você e eu precisamos ter uma conversa sobre os detalhes do relacionamento que você teve com Javier Ruiz.
Parece como uma eternidade eu me sentada em cima dela, estendida em suas costas, perdida em algum tipo de submissão atordoada. Não consigo encontrar palavras. Ou meus batimentos cardíacos. E minha mente está fugindo de mim.
Então minha mão com a faca começa a tremer e a minha respiração se torna instável.
Desligo a faca longe de sua garganta, empurro sua cabeça para baixo violentamente contra a telha com a outra mão, empurrando-me com raiva para meus pés e fora dela. Eu não olho para ela quando ela se levanta, lutando em uma posição com seus tornozelos ligado. E eu olho apenas para o chão quando ela passa por mim, pegando seus saltos pretos ao longo do caminho, e volta para seu assento do outro lado da mesa.
Eu mantenho minhas costas para ela, incapaz de me mover; meus olhos começando a queimar com lágrimas de raiva empurrando seu caminho para a superfície. Minha faca está agarrada firmemente na minha mão, descansando ao meu lado. Eu sinto vontade de usá-la em mim mesmo.
— Vamos começar? — Nora diz tão calmamente como sempre, esperando por mim na mesa. — Estou ansioso para ouvir tudo sobre o seu tempo no México. — Ela diz com uma voz mais audível, olhando para a câmera.
Levantando a cabeça lentamente, olho para a pequena câmera escondida fixada no respiradouro perto do teto à minha direita. Eu olho direito para Victor, ou pelo menos eu espero que ele perceba que é isso que eu estou fazendo, meus olhos cheios de pesar, vergonha e... tristeza.
Uma lágrima cai em uma bochecha, mas eu não tenho energia para limpá-la.
Meus olhos caem longe da câmera e olham para o chão em vez disso.
Victor
— Desligue o áudio — eu instruo Dorian.
Niklas argumenta:
— Espere, precisamos deixá-lo no caso...
— Eu disse para desligá-lo.
Pela primeira vez desde que entrei nesta sala, sinto a necessidade de me sentar.
— Victor, isso é um erro — diz Niklas. — Qualquer coisa que Nora disser pode ser útil.
— Estou ciente, Niklas.
O áudio fica morto quando Dorian o desliga na mesa à minha direita.
Eu mantenho meus olhos na tela. Um ódio oculto por Nora começa a se revelar dentro de mim, fervendo sob a superfície e crescendo mais escuro quanto mais ela machuca Izabel.
— Victor...
— Izabel sofreu bastante — eu cortei-o com ácido em minha voz. Giro apenas a cabeça para olhar para o meu irmão. — Você não tem ideia do que ela passou no México, Niklas, nenhum de nós realmente tem. Esta mulher pode forçá-la a dizer-lhe coisas que eu tenho certeza Izabel quer que ninguém saiba, muito menos todos nós, ou eu. Mas não vamos ouvir sua confissão. Seja o que for, é o segredo dela. Seu negócio. E quando ela estiver pronta para dizer a você ou a mim ou a qualquer outra pessoa, só então a ouviremos.
Niklas cede com facilidade.
Acenando com a cabeça, ele diz:
— Não, você está certo. Além disso, se Nora disser algo que Izabel pensa que podemos usar, ela nos avisará.
Eu aceno e volto para a tela.
Uma bolsa de batatas chacoalha atrás de mim perto de Woodard.
Irritado por isso, eu digo:
— Deixe-nos e veja se você conseguiu alguma coisa sobre o sangue dessa mulher ou impressões digitais. Quero saber quem ela é antes que esta noite termine.
— Sim, senhor — diz Woodard, saindo apressado do quarto.
Eu olho para a tela, com os cabelos ruivos de Izabel desgrenhados sobre seus ombros; a dor em seus olhos verdes, e tudo o que posso fazer é assistir quando ela é forçada a reviver algo que ela só queria esquecer.
Capítulo seis
Izabel
Distraidamente eu estendo uma mão e limpo o sangue do canto da minha boca, e então toco com a língua o tecido inchado no interior onde meus dentes rasgaram a carne.
— Sente-se, Sarai — diz Nora.
— Meu nome é Izabel.
— O novo nome é Izabel — diz ela, surpreendentemente, com um pouco menos de zombaria — mas você não pode enterrar quem você costumava ser, não importa quão duro você tente. Nenhum de nós jamais conseguirá.
Eu encobri minha faca e me sento, também posso parar de lutar com o inevitável.
Eu não olho para ela.
— Que porra você quer saber... exatamente? — Eu pergunto gelada.
— Você já sabe a resposta para isso.
Ergo a cabeça e olho para ela com olhos frios e encapuzados.
— Eu ainda vou precisar de você para elaborar — eu digo. — Eu fiz um monte de coisas que eu não estou orgulhosa. E eu só estou disposto a dizer a você que você está aqui, então, que tal você me ajudar um pouco para que possamos acabar com isso.
Eu ainda não quero acreditar que ela realmente sabe alguma coisa; talvez se eu continuar a sondá-la por pistas que ela acabará se confundindo. Mas, no fundo, eu sinto que ela sabe muito mais do que eu quero que ela saiba. E não posso arriscar a vida de Dina.
Nora empurra os dedos pela parte superior de seu cabelo, empurrando os fios caídos longe do seu rosto. Outra contusão acompanhada por um nódulo está se formando em sua maçã do rosto. Uma pequena tira de sangue vertical é evidente no centro de seu lábio inferior gordo; batom está manchado em sua boca novamente. Ela levanta a mão e limpa tudo, deixando os lábios rosados e ligeiramente inchados.
Nem mesmo me pergunto sobre as algemas. Se ela saiu delas uma vez, ela provavelmente pode sair delas novamente. Quem vier a este quarto em seguida terá o trabalho de detê-la.
— Você era uma escrava sexual de um traficante de drogas mexicano — ela começa — durante a maior parte de sua vida adolescente e adulta. A escrava sexual, Izabel. Diga-me... quantos você teve?
Eu olho para cima, encontrando seus olhos castanhos. Novamente, não há zombaria, apenas um rosto sério e determinado olhando para mim como se eu estivesse sendo punida, forçada a dizer a verdade para diminuir a minha sentença.
Engulo e sufoco um pouco, olhando para as minhas mãos sobre a mesa.
E então eu confesso meu segredo mais escuro.
México — Cerca de sete anos atrás...
Minha cabeça latejava sob as pontas dos meus dedos enquanto eu estava deitado de lado contra o chão de madeira. Minha boca estava cheia de sangue; comecei a engasgar com o gosto metálico. Lágrimas escorriam dos meus olhos, soluços tremiam meu corpo, soluços que iriam não ser ouvidos enquanto Izel, a irmã perversa de Javier, era a única na sala comigo.
— Levante-se estúpida, vagabunda, puta! Levántate!
Ela voltou para mim, vestida com uma saia preta curta e apertada que não deixou nada entre as pernas dela à imaginação quando ela se agachou sobre mim descalça. Longos cabelos negros lhe cobriam os ombros nus; seu peito estava coberto por uma camiseta sem mangas de tiras, seus seios grandes praticamente derramando-se sobre o tecido apertado.
Ela arrancou a mão no topo do meu cabelo.
— Por favor, Izel! Por favor, não me bata! Eu não peguei! Eu juro! — Eu tentei cobrir meu rosto com minhas mãos, mas ela deu uma bofetada.
— Abra seus olhos!
Tremendo por toda parte, eu abri meus olhos.
Ela cuspiu em meu rosto e bateu minha cabeça contra o chão.
Senti o vento mudar quando ela se levantou em uma posição de pé em cima de mim. Eu estava com medo de olhar para ela. Eu tremi tudo e fedia a urina, suor e sujeira. Eu usava um vestido azul longo, uma coisa horrível que era, algo que tinha sido feito para uma senhora idosa. Mas o material suave e fino estava fresco em minha pele no calor brutal do verão e eu acariciei muito.
— Uma de vocês, putinhas — ela cuspiu em espanhol, — pegou minha maldita sacola de maquiagem! Eu quero de volta! E você vai me dizer quem tem isso!
— Eu não sei! — Eu gritei, enrolada em meu lado na posição fetal. E era a verdade — eu não tinha ideia de quem a pegou. - Mas não era incomum para Izel dizer que as coisas tinham sido roubadas apenas para que ela tivesse uma desculpa para bater em mim. Ela me odiava. Odiava-me mais do que odiava qualquer coisa ou alguém, eu era uma prostituta estúpida, branca, americana... uma puta. — Una estúpida, blanca puta americana! — E ela estava com ciúmes de que Javier me protegia da maneira que ele fazia.
— Você mente!
— Eu estou dizendo a verdade! — Eu solucei incontrolavelmente em minhas mãos.
Uma dor agonizante ardeu através de meu corpo quando seu pé empurrado em minha barriga arredondada e eu perdi a respiração em um ofego agudo.
— Aiiiiii! — Eu gritei de dor quando minha respiração voltou. Minhas pernas subiram na posição fetal novamente, minhas mãos agarraram meu estômago enquanto eu tentava me cobrir, para proteger minha barriga de mais golpes. O vômito subiu na minha boca e eu não consegui segurá-la. Deitado do meu lado, expulso o máximo que pude no chão, vomitando em torno da minha bochecha. Eu engasguei, chorei e engasguei, meus olhos fechados apertados enquanto eu estava ali esperando que tudo fosse embora.
O som da porta batendo na parede era alto e assustador. O estrondo de botas pesadas trovejando através da madeira debaixo de mim me sacudiu para o meu núcleo amargo.
— Não, não, não! Javier, eu não fui! — Izel implorou, tentando inutilmente se defender.
Abri os olhos para ver a garganta de Izel presa na mão de ferro de Javier, seus pequenos pés de caramelo levantados do chão.
— VOCÊ NUNCA TOQUE NELA! — Javier rugiu em espanhol, seu rosto apenas a um centímetro do dela quando ela sufocou em seu aperto. — EU FODIDAMENTE A MATAREI, IZEL!
Javier bateu seu corpo contorcendo tão forte contra a parede que o grande espelho a vários metros de distância rachou em três lugares, caiu dos ganchos de plástico e estilhaçou o chão em mil pedaços. Quando o brilho de fragmentos reflexivos surgiu em minha visão, cobri meus olhos e cabeça novamente com minhas mãos para me proteger.
Izel gritou então como se alguém estivesse cortando sua mão. Eu assisti com horror — e repugnante alívio — como o punho de Javier desceu uma e outra vez no rosto de sua irmã até que ele bateu inconsciente e sangue cobriu tudo o que havia reconhecido.
Deixou cair seu corpo coxo contra o chão e ele se aproximou de mim, me pegando nos braços grandes.
— Trate de Izel! — Ele grunhiu para os homens que se destacavam no corredor enquanto ele me levava para fora.
Os homens se apressaram dentro da sala.
Eu só me sentia segura nos braços de Javier. Eu odiava quando ele me deixava lá, no complexo, cercado por dezenas de homens com fome sexual que carregavam armas nas costas e o mal em seus corações. E Izel, quem todos os dias a desejava que eu estivesse morta.
Javier me levou para fora do edifício de telhado plano, onde muitas das meninas eram mantidas, e ele me levou para a casa onde eu fiquei com ele o tempo todo que ele estava lá, a casa que eu deveria ser deixado sozinha para viver até mesmo quando ele se foi, e não colocada com as outras meninas onde as condições seriam consideradas deploráveis. Porque esta casa era a minha casa. Era a minha casa com Javier.
Eu não escolhi. Eu não morava com ele de boa vontade. Mas com o tempo, eu comecei a aceitá-lo.
Eu não falei quando ele me levou para dentro. Eu apenas chorei, meu rosto pressionado no tecido de sua camisa, os pequenos botões pretos que a mantinham fechada sobre seu peito maciço fazendo recuos na minha bochecha. Eu agarrei o colar de sua camisa com meus dedos mais apertados quando a dor disparou através de minha parte traseira mais baixa.
— Quanto tempo ela fez isso com você, Sarai? — Ele perguntou enquanto me levava para o banheiro.
Cuidadosamente, ele me levantou, colocando meus pés descalços gentilmente contra o chão de madeira, e ele deslizou o vestido sobre minha cabeça.
— Você fede de sujeira — ele disse, não com reprimenda, mas com raiva de Izel por me permitir ficar desta maneira. — Olhe para você, por quanto tempo? — Suas mãos gigantes caíram sobre meus frágeis bíceps e ele olhou para o meu rosto sujo e manchado de lágrimas, com seus olhos castanhos escuros. — Diga-me, Sarai. Não minta para mim.
Eu não disse nada. Continuei a chorar, abaixando a cabeça para olhar para o chão. Gotas de sangue caíam dos meus lábios e salpicavam o chão ao redor de meus pés. Minha cabeça latejava e minhas gengivas estavam doloridas e eu temia que meus dentes da frente estivessem soltos.
A torneira rangeu ruidosamente enquanto ele ligava a água no banho. A água jorrava da abertura quando Javier dobrou sua altura de um metro e oitenta e sete sobre a banheira e obstruiu o fundo com um trapo.
Ele me ajudou na banheira; além da dor infligida por Izel, minha barriga grande tornava difícil fazer por minha própria conta.
— Deite-se, minha querida — disse ele, colocando uma mão na nuca para me ajudar.
Ainda assim, eu não disse nada. Eu deixei minha cabeça cair para um lado e eu olhei para fora na parede, coberta por papel de parede verde sujo descascando nas pontas, quando Javier lavou-me com o cuidado extremo. Ele sempre foi cuidadoso comigo quando eu estava doente, ferida ou grávida. Mesmo se absteve de sexo áspero comigo nestes tempos, estabelecendo-se para momentos mais seguros, mais macios. Mas ele sempre estava no controle de mim. Sempre.
Ele fechou a água.
Outro tiro de dor correu pelas minhas costas e em torno da minha frente, cavando no inferior da minha barriga. Uma das minhas mãos saiu da água e agarrou o lado da banheira. Javier deixou o pano cair na água entre minhas pernas e ele me segurou pelo braço. Seus olhos escuros se enfiaram nos meus com preocupação enquanto ele olhava para mim e para o meu estômago, sabendo que algo estava errado.
— Eu estou bem — eu disse a ele e deitei minha cabeça no seu braço, logo abaixo de onde ele enrolou sua manga preta para poder me banhar.
Relutantemente, ele pegou o pano de lavar roupa de volta e começou a limpar o equivalente de semanas de sujeira de minhas pernas. Ele não devia estar de volta por mais alguns dias. Voltando tão cedo e inesperadamente, não deu a Izel tempo suficiente para me limpar e voltar à maneira que ele me deixou. Ela nunca teria me batido perto de quando ele iria voltar. Ela sempre se asseguraria de que a evidência tivesse desaparecido, ou repassava comigo qualquer uma das cem mentiras que lhe disséssemos durante os poucos anos que eu tinha estado no complexo. Izel sabia que eu não diria a Javier o que ela fez comigo.
— Sarai? — Ele disse em uma voz reconfortante, profunda.
A água gotejava do pano lentamente na banheira.
Olhei para ele.
— Você está protegendo-os — disse ele em espanhol e depois continuou em um inglês quebrado, ele sempre recorreu ao inglês quando se sentia culpado ou simpático. — Eu sei que é assim que você protege Izel. Mas não há nada que você possa fazer por essas garotas. Elas serão vendidas. Você nunca as verá novamente. E eles não se importam com você. Eles fazem o que precisam para viver. Muito facilmente de quebrar. Você vê o que eu digo para você? — O calor do pano molhado foi cuidadosamente sobre a minha boca e bochecha, e então ele enxugou minha testa, parou e olhou nos meus olhos.
— Diga-me — ele continuou em inglês, — quanto tempo Izel faz isso com você?
Eu balancei a cabeça num movimento nervoso; lágrimas começaram a encher meus olhos novamente. Eu não queria dizer a ele. Eu não poderia, porque se eu alguma vez a atropelasse, as coisas que Javier faria com ela seriam piores do que a morte, e então ela descontaria nas outras garotas. Javier não protegia as outras garotas como me protegia. A maioria deles estavam em branco. Mas as mais belas, aquelas destinadas a serem vendidos para os mais altos concorrentes, nem mesmo Izel iria ferir ou desfigurar, porque ela compartilhava os lucros que traziam. Mas, as outras garotas, aquelas que ninguém tinha comprado, aquelas que tinham falhas físicas ou que não sucumbiam a seus novos papéis de escravos, eram um jogo justo. E Izel era um jogador sujo.
Mais dor estourou em meu corpo, desta vez causada que o meu pescoço saísse pela borda na parte de trás da banheira e meus braços desmoronam em torno da minha barriga. Meus olhos se fecharam, meus dentes desnudos, e eu gritei em agonia, ainda saboreando o sangue na parte de trás da minha garganta da batida anterior.
Javier ergueu-se em posição de pé imediatamente e foi até a porta, balançando-a aberta e chamando em espanhol para seus homens em guarda:
— Pegue o médico! Apúrate!
Eu dobrei, meu corpo superior saindo da água, meus braços agarrando meu estômago. Eu gritei no pequeno espaço.
— Javier! Dói muito! Javi.
Minutos depois que eu senti como horas, eu estava sendo levado para fora do banheiro e em nosso quarto. Javier colocou-me sobre a nossa cama. Cinco mulheres entraram no quarto — as mesmas que me entregaram o meu bebê nascido morto a 13 meses antes — com toalhas limpas, água e outros suprimentos esterilizados.
Javier afastou-se da cama e foi em direção à porta.
Estendi as mãos para ele.
— Javier, por favor... não me deixe aqui sozinha. — As lágrimas escorriam pelas minhas bochechas, lágrimas não tanto da dor física agora como da dor emocional de saber que ele iria embora. — Por favor…
Ele olhou através do quarto para mim através de piscinas marrons, quase pretas; seus cabelos castanhos escuros e seu rosto bonito e cinza, movendo-se para dentro e para fora da minha visão enquanto as pessoas se moviam pela sala, se preparando apressadamente para entregar meu bebê. O bebê de Javier.
E então ele se foi.
Olhei para aquela porta — irritada, triste e solitária — o máximo que pude, até que uma outra contração veio e me obrigou a me concentrar apenas na dor que me matava de dentro para fora.
Meia hora depois, eu dei à luz, mas um menino ou uma menina, eu não sabia.
Eu estendi as mãos para ele depois que eles o tinham limpado e embrulhado em um cobertor. Seus pequenos gritos enchiam a sala, meus ouvidos e meu coração. A enfermeira apenas olhou para mim com meu bebê em seus braços, seu rosto castanho, resistido, emoldurado por cabelos negros encaracolados e olhos negros, não tinha absolutamente nenhuma emoção.
— Por favor... deixe-me ter meu bebê.
A mulher virou as costas para mim e levou-o embora enquanto o médico ia me costurar.
— Javier! — Eu gritei. Eu gritei seu nome tão alto, repetidamente até que eu estava rouca. — Javier! Por favor! Por favor! — Lágrimas saem disparadas meus olhos. — Mi bebé... — eu gritei suavemente apenas antes de eu desmaiar de exaustão.
Nora olha para mim do outro lado da mesa, seus olhos castanho-caramelo parecendo cheios de algo que eu nunca esperei, tristeza e choque, talvez.
Sinto tanta vergonha que nem consigo olhar para a câmera escondida no respiradouro. Meu estômago se contorce de preocupação e culpa, só me pergunto o que Victor deve estar pensando em mim agora.
Nora diz com uma voz suave e intencional:
— Isso deve ter sido muito difícil para você.
Eu não a honro com uma resposta. Eu odeio a cadela por me forçar a experimentar tudo de novo.
— Quantos? — Nora pergunta calmamente.
Relutantemente, eu respondo.
— Essa foi a única que já viveu — digo. — Eu perdi um e, como já disse, tive um nascido morto.
— Mas, você estava com ele por tanto tempo.
— Sim — eu estalo. — Eu estive. E daí.
Nora luta para encontrar as palavras certas para formar suas perguntas.
— O que você fez o resto do tempo? — Ela pergunta.
Eu sorrio para ela com frieza, apenas desejando que ela deixasse cair essas malditas perguntas e deixasse a minha vez acabar.
— E por que ele não iria deixá-lo ficar com o bebê? Seu bebê? — Ela parece mortificado debaixo daquela pele cremosa, mas está tentando manter o seu lugar dominante entre nós por não mostrar muita emoção.
A minha única pergunta é: por que ela parece se importar em tudo?
— Javier não queria crianças correndo pelo complexo — eu digo. — Muitas das meninas engravidaram enquanto estavam lá. Os bebês eram vendidos, como as meninas, embora fossem para famílias com dinheiro que não pudessem ter filhos próprios e não quisessem passar os anos esperando por sua chance de adotar. — Eu olho para a parede, lembrando-me daquele dia em que vi meu bebê sendo levado para fora daquele quarto. — Javier disse que no nosso modo de vida não havia espaço para as crianças. Nem mesmo o seu próprio. Eu queria acreditar que ele se assegurou de que nosso bebê fosse vendido para uma família amorosa, a melhor família, mas, em meu coração e porque ele era um homem tão cruel, como ele era amoroso às vezes comigo, eu nunca poderia me convencer disso. Depois desse nascimento, eu não disse a ele mais nada. Eu o esbofeteei mesmo. Eu gritei em seu rosto e eu não me importei o que ele faria comigo como castigo. Mas eu não estava tendo mais.
Eu paro, meu olhar duro e focado, lembrando aquele dia.
— O que ele fez como punição?
Olho para Nora, movendo apenas os olhos.
— Nada — eu digo. — Certa vez, Javier me amou. Ele nunca iria me machucar. Isso foi durante esse tempo. Em vez disso, ele me enviou a um bom médico e recebi pílulas anticoncepcionais e ele fez com que eu nunca estivesse sem elas. Ele nunca usou preservativos, mas ele começou a puxar para fora de mim. Nem sempre, mas às vezes. Tive sorte de nunca engravidar novamente. Mas as outras meninas, elas continuaram a dar à luz. Fábricas de bebê.
— Eram os bebês de Javier?
Eu balanço a cabeça.
— Não — pelo menos eu não penso assim. As meninas foram violadas pelos guardas de Javier; algumas tiveram sexo com eles de bom grado. Eu comecei a dar secretamente algumas para as meninas, algumas que estavam mais perto de mim, minhas pílulas anticoncepcionais. Eu tinha tantos delas que eu poderia poupar para ajudar algumas por um tempo. Até que Izel descobriu o que eu estava fazendo e ela começou a roubar minhas pílulas, deixando o suficiente para eu passar todos os meses, e não havia nada que eu pudesse fazer.
— O que aconteceu com Izel?
As imagens do meu passado escuro desaparecem de minha mente e eu olho para Nora.
— Eu disse que você queria que você quisesse ouvir — eu digo com veneno em minha voz. — O que você é agora, meu maldito psiquiatra?
Ela balança a cabeça e se inclina para longe da mesa, deixando cair as mãos desassossegadas em seu colo.
As pernas da minha cadeira gritam no chão enquanto me levanto, empurrando para trás de mim com raiva.
— Acho que terminamos aqui — digo, rosnando para ela. Empurro as palmas das mãos contra a mesa e inclino-me para ela com um olhar ameaçador. — Melhor que Dina esteja segura quando isso acabar, ou você pode apostar seu traseiro que eu farei as coisas para você que Javier fez para Izel mais tarde naquele dia depois que ele a encontrou batendo em mim. E então você vai querer que eu te mate.
Minhas mãos deslizam para longe da mesa enquanto eu ergo ereto e me afasto. Nora permanece sentada. Quando eu chego mais perto da porta, só então eu mesma olho para a câmera escondida nas proximidades, indicando que eles podem desbloqueá-la agora a sala de vigilância. Abaixo os olhos rapidamente quando ouço o fechamento clicando dentro do aço.
— Izabel — grita Nora.
Paro e me viro para olhar para ela.
— Se isso significa alguma coisa, eu realmente sinto muito por ter que fazer você reviver isso.
— Não — Eu rejeito seu pedido de desculpas.
Então eu abro a porta, o cheiro de lixívia e limpador de limão de um chão recentemente esfregado, se levanta em meu nariz.
— A resposta à sua pergunta, — Nora chama antes de eu entrar no corredor, — é sim. Meu pai cortou a ponta do meu dedo.
Depois de uma breve pausa, deixo-a ali sem mais uma palavra e fecho a porta atrás de mim.