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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


THEO
THEO

 

 

                                                                                                                             

 

 

 

Ela voltou a digitar, e me senti aliviado por ela ainda estar online.

O quê?!

Estremeci por completo e saí digitando feito um doido, o efeito do gozo dela aumentando o meu. Estávamos digitando ao mesmo tempo, porém, minha mensagem foi primeiro.

 

 

Essa foi uma boa questão!

Não pensei em mais nada a não ser no tesão entre nós, porém, eu tinha um compromisso com o conselho na noite de segunda. Millos também não estava. Eu não poderia simplesmente não aparecer e...

Foda-se!

 

 

Ela não respondeu, e achei que tinha sido um tanto arrogante, então, como se faz em um verdadeiro convite, perguntei:

 

 

As portas do elevador se abrem, dissipando minhas memórias de como Duda veio parar aqui mais uma vez. O vestido branco que usa a deixa com aspecto inocente e jovial, o sorriso iluminando o rosto, mesmo com os braços cheios de sacolas.

Eita, porra, sacolas?!

Vou até ela para a ajudar ainda sem entender o que significa tudo isso.

— Boa noite! — cumprimenta-me. — Obrigada!

— Boa noite! — Pego a sacola que parece mais pesada. — O que é isso?

Ela sorri, e sinto meu corpo inteiro tremer por esse simples gesto. Como ela é linda!

— Comida!

Espio dentro da sacola de papel, vendo alguns ingredientes.

— Pensei em pedir de algum restaurante esta noite. É minha retribuição. Você não deveria cozinhar.

Ela levanta uma sobrancelha.

— Eu não vou! Você vai!

O quê?! Ela só pode ter ficado doida!


— Eu não sei nem ferver água, Maria Eduarda! — Gargalho.

— Besteira, você nunca tentou! — Ela coloca a sacola que carrega sobre a ilha da cozinha e olha em volta. — Onde estão as panelas?

Começo a rir, pois isso vai ser muito engraçado.

— Não faço a mínima ideia! — Tiro tomates, alguns temperos e queijo de dentro da sacola que carreguei. — Acho melhor pedirmos...

— Não! — Ela abre armário por armário à procura dos utensílios, separando-os quando os encontra. — Tenho certeza de que você deve ter uma... Ahá! — Ergue uma panela grande com quatro alças.

Não demoro muito a descobrir que, na verdade, são duas panelas – o que quer que seja aquilo –, uma dentro da outra. A de dentro é cheia de furos, e Duda enche a outra com água e em seguida a coloca no fogo. Ainda não faço ideia de como ela acha que irei fazer nossa refeição, pois nem ao menos sei o nome das coisas que está pegando!

— Duda, eu acho melhor... — tento, mas ela nega e retira um saco de papel menor da sua sacola.

— Eu fiz ontem exatamente para ser usada hoje. — Abre a embalagem, e vejo a massa de espaguete dentro. — Massa caseira, receita de um antigo cozinheiro do Hill, pai da minha amiga Manola.

Ela parece bem orgulhosa do seu feito, enquanto eu acho que é só macarrão, afinal, qual diferença há de ter entre uma massa e outra?

— Você tem certeza disso? — pergunto pela última vez.

— Tenho! — Ela abre várias gavetas até sorrir vitoriosa. — Veste.

Joga um avental para mim, um dos que a Vanda às vezes usa, e fico olhando-a abismado.

— Não vou vestir isso! — retruco.

Porra, eu me arrumei, escolhi uma roupa casual, confortável, mas elegante e cara, e ela quer que eu a cubra com um avental xadrez? É isso mesmo? A mulher chega aqui cheia de ordens, dizendo que eu vou cozinhar mesmo sem saber, abrindo meus armários e ainda quer me deixar...

— Proponho um jogo, então!

Opa... isso me interessa!

— Qual jogo?

— Se você conseguir cozinhar... — caminha até onde estou — te pago com um boquete delicioso!

Sorrio, mas nego. Ah, Duda, não sabe brincar, nem aperte o play!

— Não... Eu vou usar o avental. — Ponho a peça no balcão e tiro a camisa. — Mas somente ele. — Duda arregala os olhos. — E você também!

Vejo o dela, desses de amarrar na cintura, e sorrio malicioso.

— O máximo que posso fazer é trocar o meu pelo seu. Aceita?

Temo que ela diga não, pois parece um tanto assustada com a sugestão, mas então estende seu avental para mim e, assim que eu o pego, tira o vestido pela cabeça.

— Porra! — gemo ao vê-la usar somente a calcinha que pedi, colocar o avental no pescoço, amarrá-lo na cintura e prender os cabelos no alto da cabeça.

— Sua vez!

Mal consigo respirar. Olho para baixo e vejo a bermuda que uso com volume extra na frente e a tiro, ficando apenas com a cueca preta. Duda volta para a bancada, e eu vejo sua bunda perfeita, a calcinha pequena enterrada no meio de suas nádegas e não me contenho. Abraço-a pelas costas, beijo seu pescoço e espalmo minhas mãos sobre sua bunda.

— Sem a calcinha — digo no seu ouvido.

Ela respira fundo.

— Tire-a você, então.

Não espero mais nada, abaixo-me aos seus pés, abro bem as pernas dela e a abocanho sobre a peça, beijando sua boceta sem nem mesmo termos trocado um beijo na boca. Ela se apoia na bancada de mármore enquanto eu puxo o tecido delicado devagar. Sinto muita vontade de rasgá-la, mas prometi que trataria da calcinha como um tesouro e o farei.

Duda ainda vai voltar a vesti-la esta noite. Vou fazê-la gozar usando-a e depois irei guardar essa pequena e delicada relíquia.

A peça se desprende de seus quadris, e a vou puxando com a boca até deixá-las aos seus pés. Já me levanto tirando a cueca, notando seu olhar de esguelha para cima do meu pau, então coloco o avental na cintura, amarrando-o bem, praticamente cobrindo-me inteiro, enquanto ela está quase toda exposta.

— Pronto, chef, podemos começar!

Duda ri, livra-se da calcinha enganchada em seus pés, que eu pego e deixo em um canto e me estende uma faca e uma tábua de madeira enorme.

— Comece a picar os temperos, e eu vou tirar a pele dos tomates.

Pego os utensílios e os coloco na bancada, agarrando um pimentão e o colocando na tábua.

— Tem que higienizar primeiro! — Duda avisa antes que eu corte o legume. — Tem que lavar tudo antes, Theo, inclusive suas mãos.

Abro a torneira da pequena pia da ilha e faço o que ela manda. Quando ela passa ao meu lado a fim de buscar algo na geladeira, espirro água nela com meus dedos e recebo um olhar mortal.

— Não me provoque!

Isso é todo o incentivo que eu precisava para fazer exatamente isso! Quando ela volta, dou um tapa em sua bunda gostosa com a mão molhada. Ela pula e ri, mas depois me olha parecendo brava.

— Concentre-se no trabalho!

— Eu não sei nem como começar. — Faço uma cara de coitado, ou tento. — Preciso da sua ajuda.

Duda se aproxima e pega a faca, colocando o pimentão na tábua.

— Corte assim primeiro, para tirar as sementes e... — Posiciono-me atrás dela e esmago meus quadris contra sua bunda. Sua pele se arrepia, e eu abro um sorriso. — Depois, para facilitar, você faz tiras e... — dou algumas lambidas na sua nuca, e ela geme — junta todas elas e pica...

— Hum... pica... interessante! — Esfrego-me nela descaradamente, e ela solta a faca, virando-se para mim e me abraçando pelo pescoço. — Olá, Maria Eduarda, bem-vinda ao nosso jantar.

Ela fica corada.

— Olá, Theo. — Dá risada. — Cheguei aqui tão empolgada que nem cumprimentei você direito.

— Ainda estou esperando...

Ela me beija, sensual, lambendo o cantinho dos meus lábios, depois o inferior e o superior, até que põe toda a sua boca sobre a minha, juntando nossas línguas em um beijo quente e molhado de boas-vindas.

Seguro-a pela coxa esquerda, erguendo-a um pouco, travando nossos quadris juntos, rebolando enquanto nossas bocas se devoram em frenesi. Senti falta desses beijos. Gosto muito de sua boca na minha, do sabor de sua saliva e de quando ela me arranha com seus dentes.

Minha vontade é erguê-la e a foder aqui mesmo, porém, afasto-me, depositando um selinho nela antes de dizer:

— Vamos jantar primeiro dessa vez! — Ela assente com um enorme sorriso. — E sou eu quem vai cozinhar! — Faço careta. — Ainda está em tempo de pedir uma pizza!

Ela me segura pelas laterais do rosto e me dá um beijo rápido.

— Confio em suas habilidades manuais! — Gargalho, e ela volta a escaldar os tomates. — Continue a cortar os temperos!

— Mandona! — implico com ela antes de pegar a faca.

— Resposta errada. — Ela bate na minha bunda com o pano de prato. — Você diz “oui, chef!” quando eu falar com você.

Hummm... Meu pau se contorce com essa faceta dominadora.

Gosto disso!

— Oui, chef!

 

 

Bebo um gole de uísque ainda com um sorriso, ouvindo a Duda cantando baixinho na cozinha enquanto lava os pratos. Quem diria?! Uma mulher que não a Vanda lavando pratos em meu apartamento!

Ultimamente nem tenho usado a louça, pois, quando como aqui, uso os descartáveis e como direto na embalagem, depois só tenho o trabalho de tirar o lixo. O apartamento tem sido limpo três vezes por semana por uma faxineira que um dos porteiros do prédio me recomendou. Ela vem enquanto estou no trabalho, limpa tudo, separa as roupas, leva-as para a lavanderia e, depois de limpas, guarda-as no armário. Facilita muito, mas ela não cozinha, infelizmente.

A experiência hoje foi muito interessante. Confesso que nunca em minha vida me imaginei cozinhando e, o mais surpreendente, gostando disso! Claro, não foi uma preparação de comida normal, mas cheia de sacanagem com minha chef mandona!

Sento-me no banco do piano, na sala principal, e coloco o copo do uísque em cima do tampo. Começo a dedilhar a esmo as teclas, lembrando-me de como foi divertida nossa interação desta noite.

Duda é uma chef exigente, reclamou de tudo o que eu fiz! Gargalho ao me lembrar de como criticou o pimentão que cortei, dizendo que estava grosseiro e enorme.

— Sou grosseiro e enorme! — murmurei em seu ouvido, e ela pegou meu pau por sobre o tecido do avental como se o estivesse avaliando.

— Não parece tão enorme!

— Fique com a mão aí mais uns instantes e terá a prova.

Ela rolou os olhos, bateu-me com o pano de prato de novo e me mandou trabalhar direito. Depois, quando reclamei cortando cebola e alho, ela riu e me chamou de fresco! Fiquei tão indignado com isso que a encostei contra a pia da outra bancada e lhe mostrei o quanto eu era quente!

Sou louco por aquela boceta, e a comer sobre minha pia da cozinha foi delicioso, porém, eu só queria provar um ponto e, quando vi que ela começou a ficar próxima do gozo, simplesmente reuni todo o meu autocontrole – que é quase inexistente com ela – e me retirei, lavei as mãos e voltei a cortar aquela porra que ardia os olhos.

— É sério, isso? — ouvia-a reclamar.

— Você me mandou trabalhar, chef! — Dei de ombros, sorrindo.

Instantes depois, ela estava de volta à bancada, mexendo o molho que estava fazendo com os tomates que descascou, mas seus olhos soltavam dardos na minha direção.

Foi uma boa vingança, mas confesso que sofri bastante também, porque nem mesmo a ardência nos olhos aplacou meu pau, e tive que terminar o serviço com ele duro e batendo na bancada. Quando, enfim, terminei de cortar tudo, ela me ensinou o ponto certo da massa, e eu vi que a tal panela com furos tinha uma utilidade incrível. Quem a inventou foi um gênio, devo admitir!

Deixei o macarrão escorrendo e fui até a adega pegar um vinho tinto para harmonizar com a comida, mas já voltei tomando esporro.

— Não lavou a massa?!

Arregalei os olhos e neguei.

— Tem que interromper o cozimento! — Ela pegou a panela e a colocou debaixo da água fria da pia.

— Achei que, só a tirando da água quente, isso já acontecia!

Duda bufou e não escondeu o sorriso.

— Amadores! — Depois que deixou a água fria escorrer, apontou para mim com seu jeito mandão. — Prepare-se para empratar!

— Já cozinhei e ainda terei que servir?

— Cozinhou! — Riu em deboche. — Está se achando o chef já, não é? — Aproximou-se de mim. — Você no máximo é um ajudante de cozinha e daqueles em início de carreira. — Alisou meu pênis. — Mas posso te ajudar se você fizer algo por mim...

— Isso é assédio, viu, chef?! — Agarrei-a enquanto gargalhava com a brincadeira. — O que você quer pela ajuda?

O molho quase queimou, e o macarrão ficou todo grudado, porém, deitei-a em cima da mesinha da cozinha e a fiz gozar em minha boca, puxando meus cabelos e se esfregando em minha cara.

A comida estava uma delícia. Ela me ensinou a fazer um ninho com o espaguete, colocar o molho no meio e decorar o prato com manjericão e tomates uvas (eu nem sabia que essa coisa existia!). Jantamos acompanhados de uma garrafa de vinho italiano que eu já tinha havia alguns anos na minha adega, conversando bastante sobre as experiências dela nas cozinhas onde trabalhou e dividindo o macarrão.

— Porra, eu cozinho bem! — disse todo orgulhoso da pasta nel sugo que fiz, e ela concordou pela primeira vez. — Mas fiz uma bagunça lá na cozinha.

— Fizemos — piscou ao se referir aos utensílios que tinham ido parar no chão quando eu a chupara. — Deixe a louça comigo; aposto que sou bem mais rápida que você.

— Obrigado, chef! — Levantei-me. — Eu tiro a mesa.

Desde então ela está lá, arrumando tudo, enquanto eu me servi uma dose da minha bebida preferida e estou aqui, sentado ao piano, tocando a esmo.

Tenho de admitir que estar com Duda é uma delícia. O jeito como me excita, a fluência que temos nas conversas, e como me faz rir e ser mais relaxado.

A introdução de uma música da Nina Simone me faz sorrir, pois saiu completamente sem intenção. Arrumo-me para tocá-la como se deve, mesmo não gostando de audiência quando faço isso, esperando que Maria Eduarda a escute da cozinha.

— Hum... — escuto sua voz e olho para trás. Ela está parada entre a sala de estar e a de jantar, taça de vinho na mão e um enorme sorriso. — Eu reconheço isso!

Sim, é uma das músicas que está no álbum que ficou com ela um tempo. Acho que é uma das músicas mais sexy da Nina Simone e combina completamente com o clima entre nós.

Concentro-me em tocar a canção e quase erro uma nota quando Duda entra no meu campo de visão balançando o corpo no ritmo da música, completamente nua. Respiro fundo, e ela me olha.

— Atrapalhei você? — Bebe um gole do vinho. — Eu gosto de dançar. Continue!

Porra, ela gosta de me torturar, isso, sim!

Volto a colocar as mãos sobre as teclas, emitindo as primeiras notas, mas dessa vez decido surpreendê-la também:


Do I move you? Is it thrillin?

Do I groove you? Are you willin'?

Do I soothe you? Tell the truth now!

Do I move you? Are you loose now?

The answer better be (Yes, yes)

That pleases me!27


Duda para de dançar e abre um enorme sorriso de satisfação ao ouvir minha voz, olhando-me com olhos brilhantes, parada contra a luz que entra pelas janelas da sala, parecendo uma ninfa.

— Não vai continuar a dançar? — pergunto antes de entrar na outra parte da música.

— Sua voz é sexy! — elogia.

— Eu sou sexy! — Dou de ombros com convencimento. — Quer ouvir mais?

Ela caminha até onde estou.

— Só se realizar um sonho antes.

Nem tenho tempo de perguntar do que se trata, e ela se senta na cauda do piano e cruza as pernas. Gargalho com a cara que faz, como se estivesse em um filme antigo de Hollywood, mas o sorriso morre quando a vejo se deitar sobre o instrumento.

Porra!

Erro outra nota, e ela me dá um olhar zangado. Como eu posso me concentrar a tendo assim? Como continuar tocando e cantando quando tudo o que quero é ir até ela, puxá-la para a beirada e fodê-la até liberar o gozo que estou guardando desde cedo?

— Foda-se!

Ela se assusta com meu xingamento e arregala os olhos quando faço exatamente o que queria. Ela se senta, e eu ataco sua boca com fúria, cheio de tesão reprimido, adorando a mistura do vinho que sinto na língua dela e do puro malte na minha. Ela enlaça meu corpo com as pernas, mantendo-me bem próximo ao seu sexo, agarra meus ombros, e eu prendo os seus cabelos, segurando-os com firmeza demais.

— Estou louco para te foder desde que chegou — confesso descendo a boca para sugar seus mamilos. — Me deixa te ter toda esta noite, Maria Eduarda.

— Você tem! — geme em resposta. — Sou toda sua!

A resposta é tudo o que eu esperava para descer até o meio de suas pernas e provar o doce néctar de sua boceta. Não me canso disso, é impossível tocá-la sem provar sua intimidade, sem me fartar em sua carne quente e pulsante, brincar com seus lábios, traçar caminho entre eles com minha língua para explorá-la por completo.

Eu tenho fome dessa mulher, essa é a verdade!

Maria Eduarda se deita sobre a cauda do piano novamente conforme a fodo com a língua. Mantenho o órgão esticado e tenso, penetrando-o o máximo que posso. Intercalo os movimentos com leves sucções, lambidas amplas e chicotadas de língua em seu clitóris, e ela geme, contorcendo-se sobre o instrumento, em avançado estado de excitação.

O prazer que sinto é monstruoso também. Não me toco, mas sinto meu pau melando a ponto de gotejar em minha coxa. Sinto um arrepio ao imaginar como seria se Duda estivesse me chupando também, nós dois agradando um ao outro com a boca até gozarmos juntos.

Pego-a no colo, surpreendendo-a, sento-me sobre o tapete e, em seguida, deito-me com ela sentada sobre minha cintura.

— Vem aqui! — rosno o pedido, enlouquecido de tesão.

Duda se levanta e se ajoelha com meu rosto entre suas pernas, afogando-me em seu sexo molhado. Seguro-a pelos quadris, impelindo-a a rebolar, enquanto minha língua se move entre suas dobras. O gemido dela é algo espetacular, e o jeito como se move sobre meu rosto demonstra o quanto está gostando disso.

Desfiro um tapa em sua bunda, e ela joga a cabeça para trás, inclinando de leve o corpo, deixando seus peitos mais empinados e em uma posição privilegiada para que eu os veja de onde estou. Vê-la se entregando dessa maneira me traz uma satisfação enorme, não por eu estar lhe proporcionando isso, mas por nós termos esse nível de intimidade a ponto de nada ser constrangedor ou estranho. Nós nos entregamos um ao outro sem pudor, sem melindres, sem jogos, apenas ela e eu usufruindo do prazer e do desejo que temos juntos.

Deslizo a mãos por suas nádegas e molho os dedos em sua boceta encharcada, indo estimular seu rabo. Os gemidos aumentam, e os movimentos ficam mais duros e rápidos. Insiro um dedo devagar, apenas para sentir a pressão de seu cu apertado, gemendo como um animal apenas por me imaginar seguindo esse caminho.

Quando afundo mais o dedo e dou leves estocadas, Maria Eduarda goza intensamente. Sorvo tudo o que consigo, em frenesi, até que a sinto relaxar e começar a rir.

— Posso me viciar nisso! — avisa-me, olhando-me entre suas coxas.

— Será um prazer. — Ela se ergue mais, e a seguro. — Fica de quatro sobre mim e mama meu pau.

Não questiona, apenas se vira e pega meu membro com gula, socando-o dentro de sua boca quente e macia, engolindo-o até onde é possível.

— Porra, chef!

Dou outro tapa em sua bunda e a faço se sentar no meu rosto para lhe presentear com um delicioso beijo grego. Ela tira a boca do meu pau e geme alto quando sente minha língua penetrando seu ânus, socando dentro dele, abrindo-o lentamente.

— Theo... — geme.

— Continua! — minha voz soa abafada entre suas nádegas.

Xingo alto quando sua boca volta a me chupar com sofreguidão, levando-me à beira do precipício do prazer, o frisson do pré-orgasmo tomando conta do meu corpo.

Levanto-a e saio debaixo dela, e Duda tenta fazer o mesmo.

— Não! — Impeço-a. — Fique assim.

Abro uma gaveta do aparador da sala e pego um pacote com camisinhas, usando uma para nossa proteção. Posto-me atrás dela, de joelhos sobre o tapete, seguro suas nádegas, afasto-as, tendo uma visão lindíssima e a penetro devagar, sentindo sua vagina me recebendo, ajustando-se ao meu tamanho, envolvendo-me com seu calor.

Os gemidos que damos são quase dolorosos. Sei que ela sente a mesma coisa quando nossos corpos se unem, é uma espécie de conexão estranha, um prazer que não dá para descrever e que nem mesmo a camisinha diminui.

Não tenho pressa, movo-me devagar, curtindo essas sensações, alongando o tempo de cada uma delas, saboreando a mulher incrível que geme a cada estocada. Fecho os olhos e não penso em mais nada a não ser nela, no seu corpo, no seu sorriso, em como nos encaixamos à perfeição.

Afundo meu pênis a ponto de senti-lo batendo no fundo dela. Vou devagar para não a machucar, mesmo tremendo com a vontade de foder duro, de me perder nela e deixar o gozo vir.

Fico um tempo no fundo e saio devagar, voltando a penetrar profundamente. Nunca tive muita paciência para sexo parado, lento, quase como o tântrico, mas preciso desse tempinho para desacelerar e não fazer loucura. Travo a mandíbula, trinco os dentes, sinto o suor escorrer nas minhas costas, mesmo com o ar ligado, e meus músculos ficam mais e mais instáveis.

— Caralho! — exclamo quando ela rebola contra mim, acabando com o resto de controle que eu estava tentando manter.

Seguro-a firme pelos quadris e me soco contra ela alucinado, em estocadas rápidas e profundas, rebolando, metendo, rosnando, libertando a vontade de fodê-la com pressão. Escuto seus gritos de prazer, palavras de incentivo, gemidos desesperados, e, por fim, sua boceta se contrai e aperta meu pau, ordenhando-o intensamente.

Gozo sem limites, sentindo quase dor física em minhas bolas, expulsando sêmen contido desde quando amanheci hoje com a perspectiva de tê-la esta noite.

Desabo sobre ela sem conseguir respirar, sem poder me mover, mesmo esmagando-a contra o tapete da sala. Meu coração nunca esteve tão disparado, e olha que está acostumado a atividades físicas pesadas.

— Theo? — Duda me chama. — Ei, Theo...

Abro os olhos e a encaro, com o rosto de lado sobre o tapete.

— É melhor você sair de dentro, a camisinha pode vazar...

— Um minuto... — Estou completamente sem fôlego. — Só necessito de um minuto.

Ela ri, move-se, e eu rolo para o lado, sem coragem para me mexer.

— Se a noite continuar assim, não vou conseguir nem andar amanhã!

Rio ao perceber a sinceridade nas palavras dela e a puxo para meu abraço.

— Você está preocupada com o amanhã, e eu, se vou sobreviver a esta noite! — Ela ri, e eu a beijo. — Não quero esperar quase uma semana para ter você aqui de novo — confesso e a pego de surpresa. — Eu sei que sua agenda é complicada, que temos um problema, pois eu trabalho de dia, e você, de noite, mas eu poderia pegar você depois do...

— Eu vou tirar uns dias de férias. — Abro um sorriso ao ouvir isso, todo animado. Ela me encara. — Vou me encontrar com minha tia e minha filha em Paraty.

O sorriso morre, mas tento mantê-lo e fingir que não fiquei decepcionado.

— Muitos dias?

— Vou na quarta-feira de manhã e volto no domingo à noite. — Hum, pouco tempo, menos de uma semana, e ela já estará de volta. — Mas vai ficar complicado vir para cá depois que Tessa voltar para casa, pois as segundas são dela. É o único tempo que tenho para lhe dar atenção.

Mais uma vez me esforço para manter o sorriso congelado na cara, sem demonstrar o quanto isso me desagradou. É claro que ela tem que dar atenção à filha, e o único dia que tem livre para isso é nas minhas segundas-feiras.

Minhas segundas-feiras! Que ridículo pensar assim.

Maria Eduarda é apenas um caso que teria um fim cedo ou tarde. Infelizmente, ao que parece, está sendo mais cedo do que planejei.


— Mamãe! — a voz de Tessa chega até meus ouvidos, arrancando um enorme sorriso.

Minha menina vem correndo de braços abertos em minha direção, e eu a aperto com força contra mim, cheia de saudades, preocupada e feliz ao mesmo tempo. Esses momentos com ela são tão raros que, quando tenho essa oportunidade, quero compensar todo o tempo que passo longe.

Sei que ela já entende, tem crescido de uma forma assustadora e já consegue ajudar tia Do Carmo em casa fazendo suas próprias coisas sozinha, como arrumar a cama, lavar o prato que comeu e etc. Só tenho a agradecer por ela ser tão especial, tão compreensiva e organizada, um verdadeiro presente que recebi.

— Oi, meu amor! — Beijo sua bochecha. — Eu estava louca para ter você comigo de novo! — Agarro-a mais forte, e ela gargalha. — Como estão as coisas por aí? Se divertindo muito?

— Sim! — Ela pula. — Quando a titia disse que você vinha, eu fiquei muito ansiosa, mamãe! Os dias, mesmo divertidos, demoraram a passar. — Ela volta a me abraçar. — Mas você chegou, e vamos poder brincar muito juntas! Eu quero fazer um castelo de areia na praia, te mostrar que aprendi a virar estrela, te ensinar a pegar jacaré lá na praia do Rancho, fazer as trilhas com você. — Ela bate palmas, pulando animada. — Podemos fazer piquenique lá na praia do Cachadaço! Lá tem umas árvores, e podemos ficar nas sombras e...

— Ei, Tetê, respira! — rio dela, chamando-a pelo apelido de quando era bebê. — Teremos tempo para planejar todos esses passeios, mas agora só penso em comer algo.

Ela arregala os olhos e me puxa pelas mãos, arrastando-me para dentro da casa de tia Consuelo.

Saí de São Paulo às 7h da manhã já com o carro que aluguei na terça-feira, assim que saí do apartamento do Theo. Passei na locadora, loquei um carro popular pequeno e agendei a entrega dele para mais tarde, no Hill. Mesmo cansada, depois da intensa noite com o grego, ajudei o pessoal da cozinha na preparação para a noite e somente à 1h da manhã é que me deitei, pois tive que arrumar as malas.

Recebi mais cedo uma mensagem do Theo perguntando se eu tinha chegado bem em casa, e, antes de eu dormir, chegou mais uma me desejando boa noite.

 

 

Ele estava online e logo respondeu:

 

 

Gargalhei ao ler a pergunta e fui bem sincera:

 

 

Hum... Gostei que ele me visse assim, sexy até nos meus piores momentos.

 

 

Quase engasguei com minha própria saliva, senti o rosto queimar, mas digitei uma resposta:

 

 

Ia digitar que tinha outras prioridades, mas ele complementou:

 

 

A segunda opção era muito melhor.

 

 

Resultado disso? Acabei dormindo muito depois das 2h da manhã, toda relaxada por gozar com as mensagens dele. Rio ao lembrar, sentindo-me adolescente de novo. Gosto dessa sensação de novidade que tenho com Theo, faz-me esquecer os problemas e preocupações, pensar mais em mim e me sentir feliz como há muito tempo não me sentia.

Sinto-me menos sozinha, essa é a verdade. Sei que isso é loucura e que não é prudente deixá-lo aquecer meu coração da forma como o faz, porém, é gostoso demais o que ele me faz sentir, mesmo com suas mensagens sacanas, com nossos encontros para apenas sexo. Theo me completa, e eu nem tinha me dado conta, antes dele, que tinha esse vazio.

— Ah, minha linda! — tia Consuelo me cumprimenta. — Que bom que você resolveu se juntar a nós!

— Obrigada por me receber, tia! — Abraço-a.

— Você é da família! A casa é pequena e simples, mas sempre cabe mais um da família!

Tia Do Carmo aparece, vinda da área dos quartos e abre um enorme sorriso ao me ver. Abraça-me forte e me dá beijinhos como quando eu era criança.

— Minha filha, que bom que veio!

Olho de soslaio para Tessa e aproveito que está conversando animadamente com tia Consuelo para falar sobre sua saúde com tia Do Carmo.

— Ela está bem, não teve mais nenhum problema e passou a comer melhor desde que soube que você viria.

— Que bom, tia, é um alívio enorme!

— Cadê sua mala? — ela pergunta.

— No carro! — Gargalho. — Tessa começou a falar sem parar, e eu acabei esquecendo. Além disso — faço um biquinho —, estou verde de fome!

— Consuelo fez um peixe ensopado com banana da terra verde. — Gemo só em imaginar o sabor. — Está lá fora no fogão a lenha.

— Diz que foi feito na panela de barro, por favor!

— Claro que sim, minha linda! — é a própria dona da casa quem responde. — Não sou uma chef de cozinha talentosa como você, mas sei uns truques ou outros.

Sorrio para Tessa e esfrego a barriga, lambendo os lábios, fazendo-a rir de minha gulodice. Saímos todas da casa para o almoço na pequena, mas arrumada área de lazer, um espaço com churrasqueira e fogão a lenha, além de um chuveirão para refrescar.

O sol está inclemente neste começo de ano, e a tão esperada chuva de janeiro ainda não veio, nem mesmo as famosas pancadas de verão. O clima aqui é gostoso, a vila é pequena, tem pouco comércio, muitas pousadas, campings e pequenos hotéis. Os moradores locais devem ficar loucos com a quantidade de gringos e turistas que aparece nesta época do ano e a maioria tem algum tipo de negócio para ganhar dinheiro.

A casa da tia Consuelo é uma das poucas que ainda não virou pousada ou hostel, talvez pelo tamanho, porém, é engolida por esses empreendimentos no entorno. Quando desci a serrinha – saindo da Rio-Santos e pegando o acesso a Trindade –, fiquei deslumbrada já com a vista da primeira praia, onde uns surfistas treinavam. As ondas batiam fortes, e não tinham banhistas, só praticantes de esportes.

Entrei na rua que o GPS me indicou e, distanciando-me da segunda praia – do Rancho –, encontrei a casa da tia Consuelo. Eu nunca vim aqui, mas já ouvi Tessa falar tanto sobre o lugar, das férias passadas, que parece que conheço cada canto.

— É uma pena você ter chegado na hora do almoço, senão poderia ter ido com o Lucas e a Francielle até a piscina natural — a dona da casa diz, servindo-me o peixe. — Eles já devem estar chegando.

— Nossa, tem muito tempo que não vejo o Luquinha! — Rio do apelido do moleque. — Ele já tem quantos anos?

— 23, e ninguém mais consegue chamá-lo de Luquinha! — Ouço um barulho na casa, e tia Consuelo ri. — Chegaram!

Francielle, a filha mais nova dela, arregala os olhos quando me vê e vem me abraçar. Ela já está uma moça; na última vez em que a vi, era um pouco maior que a Tessa.

— Você veio mesmo, Duda! — exclama animada. — Quanto tempo!

— Pois é, você está uma moça linda!

— Faço 16 no mês que vem. — Ela vai até a panela da mãe e olha para o conteúdo com cara de nojo. — Tessa, “bora” fazer batata frita?

Minha filha salta como se tivesse molas nos pés e segue a garota maior para a cozinha de dentro de casa.

— Lucas, olha só quem chegou! — ouço Francielle falando dentro da casa.

Um homem alto, barbudo e malhado aparece, e eu franzo o cenho, não acreditando que é o “Luquinha”. Gente, quanto tempo tem que eu não vejo esse moleque?!

— Ei, Duda! — ele vem me cumprimentar, e me sinto sem jeito, porque sempre brinquei com ele apertando sua bunda e falando: “Ei, Luquinha Bundinha!”. Não dá mais para fazer isso!

— Oi! — Cumprimento-o com um beijo na face. — Você cresceu, hein, moço? O que estão te dando para tomar no Rio de Janeiro?

— Bomba! — Francielle grita de dentro da casa.

— Palhaça! — ele grita de volta, e ela gargalha. — Ah, o tempo passou, né, Duda? Tem uns cinco anos que a gente não se vê. Foi quando eu fui estudar no Rio.

— Isso! Como estão as coisas? Não volta mais para São Paulo, não?

Ele ri.

— Acho que não, viu? Meu chefe é um cara todo bacana, tá sempre promovendo internamente...

— Ele já recebeu duas promoções, e olha que acabou de se formar — a mãe o interrompe orgulhosa.

— É uma empresa de tecnologia? — Ele assente. — Eu lembro de alguém ter comentado.

— Sim, trabalho na TR3S Tecnologia. — Eu me surpreendo, pois conheço a empresa. E ele ri. — Sim, é a desenvolvedora do Fantasy!

— Fantasy? O que é isso?

Escuto tia Consuelo rir.

— Duda é a única moça solteira que não tem uma conta no Fantasy! — Ela ri muito, e continuo sem entender.

— Você conhece o Tinder? — tia Consuelo pergunta, e assinto. — Então, é parecido...

— Mas é somente para realizações de fantasias sexuais. — Arregalo os olhos e sinto o rosto queimar. — Não é um app de encontros, nem de namoro, é único e exclusivo para isso, separado por tipo de fantasia, orientação sexual – se a pessoa quiser colocar – e etc.

— Isso é mesmo sério? — Sinto-me estarrecida.

— É, e é o app mais baixado e usado no momento para esse tipo de interação. Era uma rede social antes, um site, mas, desde que virou aplicativo, há uns dois anos, o pessoal ficou enlouquecido. Ele trabalha com algoritmos, e é minha divisão quem ajuda a desenvolvê-lo.

— Eu conhecia a TR3S porque adquiri todo o sistema de pedidos do Hill com eles.

— Fazemos coisas sérias também! — ele mesmo debocha. — Softwares para empresas, sistemas de segurança, hospedagem de sites, enfim, a maioria das coisas relacionadas a TI.

— Nossa, parabéns! Deve ser muito legal se formar e já trabalhar em uma empresa grande assim.

— Ah, não, esquece esse negócio de empresa grande! Meu chefe resolveu fazer uma co-working no prédio onde funciona a TR3S, e tem várias pequenas empresas dentro da nossa. Tudo muito despojado, a galera vai trabalhar de bermuda e chinelo, sai para surfar no meio do expediente e depois volta para fazer a meta do dia. Esquece esse negócio de CEO engravatado. — Ri. — O Gustavo vai trabalhar de camiseta!

Acho tudo tão fantástico que entendo o fascínio dele e a vontade de permanecer na empresa. Tento imaginar isso acontecendo em São Paulo e, sinceramente, não consigo visualizar. Claro que deve haver empresas modernas assim por lá, mas imaginar Theo de camiseta, bermuda e Havaianas indo para a Karamanlis é impossível!

Continuamos a conversar durante o almoço, todos reunidos em volta da mesa de madeira rústica com bancos sem encosto. O peixe da tia Consuelo está tão divino que repito a refeição, acompanhada de cerveja gelada.

À tarde coloco meu biquíni e posso finalmente conhecer as praias deste lugar encantador. Vamos à lotada Praia do Meio, onde nos sentamos a uma mesinha de um quiosque, comemos deliciosos camarões fritos e tomamos mais cerveja.

Finalmente conheço a Cássia, amiguinha da Tessa, e seus pais, Roberto e Thaís. O casal fica conosco até escurecer na praia. Gosto muito deles, pessoas muito simpáticas e de carisma enorme. Moram em Guarulhos e são advogados, trabalham juntos, conheceram-se na faculdade, e a menina é a única filha do casal, embora eles estejam pensando em ter mais um filho.

À noite vejo Tessa desabar de sono depois do banho e a coloco na cama, adorando fazer isso sem pressa, ficar alisando o rosto lindo da minha princesa, seus cabelos lisos e fininhos, claros como mel, seus enormes cílios curvados de dar inveja a quaisquer postiços, que, além de espetaculares, protegem um par de olhos de um verde exuberante!

Cheiro seu pescoço antes de sair da cama dela, tentando ainda captar o cheirinho de neném que ela tinha, mas já não o encontro mais. Minha menina cresceu, daqui a pouco estará do tamanho de Francielle, indo para a faculdade e saindo de casa como o Luquinha. O tempo passa tão depressa, ainda mais com uma vida corrida como a minha.

Eu deveria priorizar mais minha família. Tia Do Carmo precisa de mim, Tessa vai crescer, e estou perdendo os melhores momentos de sua vida. Talvez devesse aceitar a proposta da Dominus e vender o Hill, pagar as dívidas que me tiram o sono, investir em um pequeno e aconchegante bistrô, trabalhar durante o dia e fechar antes da meia-noite. Um sonho!

Sinto um aperto no peito ao pensar em abandonar o Hill, o bar onde meu pai passou a vida toda, onde mamãe cozinhava e fazia porções incríveis sempre com bom-humor. Aquele boteco ajudou a nos criar, bancou nossos estudos – meu e de meu irmão – e é onde tenho as últimas lembranças de JP ainda saudável e feliz.

Aquele bar é mais do que meu ganha-pão, é o legado da minha família.

 

 

Os dias preguiçosos, de manhãs sonolentas na praia, de tardes relaxadas na rede, estão acabando. O final de semana chegou, e, com ele, o gostinho amargo de ter de retornar à rotina e voltar para São Paulo depois de amanhã. Tessa já está aqui há 15 dias, e daqui a pouco as férias acabarão. Precisamos comprar uniforme, mochila e material escolar novos e organizar tudo para a volta às aulas.

Eu gostaria de ficar aqui por, pelo menos, uma semana, mas, se eu não voltar para São Paulo, não poderei aproveitar o restante das minhas “férias” e ir às compras com a Tessa. Tia Do Carmo e tia Consuelo têm uma viagem programada com o clube de costura da qual fazem parte e, por isso, preciso ter tudo sob controle no Hill para ficar à disposição da minha filha.

— Mãe, joga a bola! — Tessa me grita, e eu desperto dos pensamentos, dando um tapa na enorme bola colorida, vendo as duas meninas saírem atrás dela gritando e pulando.

Francielle não sai do celular, tentando conversar com algum boy pelo WhatsApp e reclamando do sinal instável, enquanto Luquinha lê um livro muito estranho sobre ficção científica.

Junto-me a ele debaixo do guarda-sol, deitando-me na canga que estendi mais cedo, quando chegamos aqui na praia do Cachadaço para o piquenique. Ontem assamos frango, fizemos uma salada bem sortida e fiz torta de limão. Colocamos tudo em caixas térmicas e trouxemos para a praia. Sim, eu sei que isso parece coisa de “farofeiro”, mas quem nunca fez algo assim?! Além do mais, as crianças adoram!

— Sua torta estava divina, Duda! — ouço Lucas elogiar.

— Obrigada! — Suspiro ao fechar os olhos.

Tem sido tão bom poder descansar esses dias! Eu nem tinha percebido quão precisada estava desse tempinho. As últimas semanas foram intensas demais, final de ano, cozinhar no baile, o dia a dia no Hill e mais as noites com Theodoros...

Suspiro de novo ao pensar no homem. Sinto falta dele, das mensagens safadas, do humor contagiante e, claro, de seu corpo enlouquecedor. Desde a madrugada de quarta-feira, quando fizemos sexo por mensagens, não tenho notícias dele.

Não vou mentir que não esperava que ele mantivesse contato. Fiquei decepcionada ontem, mas acordei resignada hoje. Não temos nada sério um com o outro, então não tem mesmo nenhum sentido ficarmos trocando mensagens, ele perguntando das minhas férias, da minha família. Não, isso não combina com Theo!

Acabo adormecendo e só volto a acordar depois que meu celular dispara notificações sem parar.

— Ei, Duda, tem alguém desesperado querendo falar com você! Aproveita que o sinal acabou de voltar! — Lucas aponta para o aparelho, caído com o visor para baixo em cima da canga.

— Nossa, que susto! — Sento-me ainda um pouco zonza. — Cochilei sem querer.

— Acontece. — Sorri, dando de ombros. — Aproveita enquanto pode, está aqui para isso!

Concordo com ele e pego o maldito aparelho que perturbou meu sono. Quase caio para trás ao ver que Theo resolveu dar o ar da graça e me mandou um monte de mensagens.

 

 

A primeira mensagem chegou faz mais de uma hora, e a última, agora, e ele continua online.

 

 

Respondo.

 

 

Pronto! Todas as perguntas respondidas.

— Eita, pela sua cara, a pessoa está encrencada. — Lucas parece divertido.

— Que cara eu fiz? — pergunto divertida.

— De quem não estava satisfeita com o contato.

Nego.

— Ele só demorou demais para fazer algum.

Lucas ri, e tento relaxar meu pescoço, um pouco dolorido por ter cochilado na areia.

— Quer ajuda aí? — ele se prontifica a massagear meus ombros, levantando-se da cadeira de praia e se posicionando às minhas costas.

— Aproveita e passa o filtro solar? — peço estendendo o vidro para trás.

— Pode deixar que eu faço isso!

Quase quebro o pescoço ao me virar para ter certeza de que não estou tendo algum tipo de fantasia proveniente de insolação e arregalo os olhos ao ver chinelos, uma bermuda preta, uma barriga tanquinho que já conheço e, finalmente, os olhos azuis e brilhantes de Theodoros Karamanlis.


— Theo? — Duda parece mais do que surpresa. Assustada seria uma palavra boa para defini-la neste momento.

Cheguei aqui a essa pequena vila há mais de uma hora. Tentei falar com ela, saber onde estava, mas, como não visualizou as mensagens, decidi andar pelas praias, atento às areias, procurando por ela. Não foi tão simples quanto imaginei! A primeira praia estava ligeiramente vazia, mas a outra – a que parece ser a principal, principalmente por causa dos quiosques e mesas – estava lotada.

Passei olhando, mas ainda esperando que ela me desse a dica por mensagem. Nem pude admirar o local, saber se as praias eram bonitas mesmo, pois tinha uma missão e, enquanto não a cumprisse, não iria conseguir pensar em outra coisa.

Entrei numa pequena trilha no meio da mata e parei em uma praia praticamente vazia, e o som de risadas de crianças me chamou a atenção. Naquele mesmo instante meu celular tocou uma notificação. Li o “oi” de Duda e em seguida uma mensagem curta e grossa, apenas respondendo minhas perguntas.

Novamente o riso das crianças chamou minha atenção, e o nome gritado por uma delas me fez ter certeza de que minha “presa” estava por aqui.

— Tessa!

A menina de cabelos claros na foto no quarto da Duda e que tanto me deixou admirado passou por mim correndo de outra garota, e a segui com os olhos para ver se me levava até onde sua mãe estava.

Quando vi Duda Hill de biquíni, sentada sobre uma canga ao lado de um tipo barbudo, segurei a respiração. Ela sorria para ele, divertida com algo que lhe disse e respondeu a ele dando de ombros. Pensei em ir embora e deixá-la em paz, porém, antes mesmo que me desse conta, já estava andando em sua direção.

Eu estava bem perto quando o rapaz se levantou e se ajoelhou atrás de Maria Eduarda com o claro propósito de massagear suas costas. Porra! Fiquei puto na hora, lembrando-me da massagem que lhe fiz na banheira, querendo pegar o moleque e o jogar para longe dela.

Desviei-me a fim de alcançá-los por trás e a escutei pedir a ele para passar filtro solar enquanto estendia o frasco para trás. Quase corri para chegar a tempo e tomar o produto, pegando os dois de surpresa.

— Quem é ele? — O barbudinho me encara e se levanta, ficando cara a cara comigo.

— Baixa a bola, moleque! — aviso-lhe. — Duda e eu nos conhecemos bem, não é?

Ela franze o cenho e também se levanta.

— Sim. — Dá um sorriso forçado para o garotão. — Só não entendi o que você está fazendo aqui.

Porra!

Eu deveria ter dado meia-volta quando a vi acompanhada e não ter me colocado nesta situação ridícula na qual estou agora. Confesso que nunca imaginei que ela gostasse de homens mais jovens, porém, ela é nova e linda, então, não me admira que um garotão fique de quatro.

Não tenho desculpas para estar aqui. Minha única saída é ser sincero, encarar a situação e aguardar o resultado.

— Vim te ver — respondo, e, por mais estranho que possa parecer, o tipo, que eu achava que era concorrência, abre um sorriso gigante e se afasta. Bom sinal, muito bom sinal! — Não consegui tirar você da cabeça. Cancelei minhas reuniões hoje, peguei estrada e vim parar neste lugar sem saber nem mesmo se te acharia.

— Podia ter mandado alguma mensagem antes — responde com os braços cruzados sobre os seios. — Manter algum contato poderia ter te poupado o trabalho de vir até aqui.

Caralho, ela está brava por causa do meu sumiço nesses dias!

É verdade, eu evitei entrar em contato com ela, e, como Duda também não tentou nenhum, aproveitei para tentar colocar a cabeça no lugar, longe do fascínio que ela exerce sobre mim.

Como vocês podem perceber, não deu certo!

— Foi um impulso, Duda — tenho que jogar limpo com ela para tentar contornar a situação. — Eu realmente queria te dar espaço, queria pensar também, por isso não entrei em contato antes.

— E pensou?

Abro um sorriso.

— Pensei. — Aproximo-me dela. — Quero você como um louco! Não pude parar de pensar na gente, nas nossas noites, nas conversas. Tentei até cozinhar.

Sim. Vanda, que chegou na terça-feira à tarde, surpreendeu-se quando tentei cozinhar na quinta-feira à noite e fodi tudo, causando uma enorme pilha de vasilhas sujas e nada comestível. Acabamos pedindo pizza!

Todavia, apesar do insucesso, essa atitude foi a que eu precisava para entender que queria Maria Eduarda, que estava sentindo falta dela e que, naquele momento, era a única mulher em quem eu conseguia pensar.

— Você está diferente! — Vanda comentou enquanto comíamos. — Eu nunca te vi assim, tão relaxado, querendo cozinhar, tocando mesmo quando ainda estou acordada. — Dei de ombros, mas parecia que ela me conhecia bem demais. — Alguma coisa aconteceu durante esse tempo em que estive fora.

— Impressão sua! — Tentei esconder, mas o telefone apitou uma notificação e eu, esperando ser notícias de Duda, corri para pegá-lo e fiquei – visivelmente – desapontado ao ver que era o Millos.

— Uma mulher nova! — Ela riu. — Ela deve ser muito especial para mexer assim com você. A futura senhora Karamanlis?

Arregalei os olhos e neguei.

Maria Eduarda Hill casada comigo? Nunca! Ela não se encaixa no perfil que busco para uma esposa. Quer dizer, não no que concerne ao meu avô, porque química nós temos de sobra, porém, ela nunca seria aceita pelo pappoús. E nem penso só em sua falta de berço e dinheiro, mas na pequena menina da foto de sua cabeceira. Uma mãe solteira? Jamais!

Vanda não teceu mais nenhum comentário depois disso, mas me fez pensar em Duda, em como eu gostaria de mais algumas noites desfrutando desse tesão todo que temos e da perspectiva de não conseguir mais isso quando a filha dela voltasse das férias em Paraty.

Franzi o cenho e abri meu e-mail, lendo o comprovante do leilão dos Villazzas, um final de semana em Angra dos Reis, cidade vizinha à que Duda estava com a filha. Tentei tirar a ideia da cabeça alegando que estava muito em cima para me hospedar na ilha, que o meu final de semana seria cheio, pois pretendia trabalhar. Sabia que Duda estava em Paraty, mas não exatamente onde.

Tentei ligar para ela, mas o celular caiu várias vezes na caixa postal, então tive a brilhante ideia de ligar para o Hill e pedir ajuda à tal amiga que me ameaçou com a vassoura.

Não foi fácil! A tal Manola foi osso duro de roer comigo. Eu pensei que pudesse jogar qualquer conversa fiada que ela cairia, mas a mulher se revelou sagaz demais.

— Olha só, Theozudo... — quase engasguei quando ela me chamou disso, mas tentei me manter sério, afinal, precisava de ajuda. — Ou você para de inventar histórias para saber onde minha amiga está, ou vou desligar na sua cara.

Imagina minha frustração por conseguir negociar com vários homens e mulheres de negócios do mundo e não dobrar na lábia uma ruiva miúda metida a cão de guarda da Duda.

— Está certo, Manola. — Resolvi ser sincero com ela. — Preciso do endereço porque pretendo convidá-la para conhecer uma ilha comigo.

— Hum... — Ela ficou um tempo muda. — Sabe que ela não está sozinha por lá, não?

Logo pensei em algum homem.

— Não?!

— Claro que não, abestado! Está com a filha e a tia!

Ah, sim, eu sabia, mas ainda assim senti um alívio enorme por não ser outro homem. Não que eu fosse ciumento, nem que ela não pudesse sair com alguém enquanto... Ah, merda! Ela não pode sair com outro, claro que não! Assim como não consigo pensar em tocar outra mulher, não quero que ela pense em outro homem!, pensei em desespero, pois era a primeira vez que eu vivenciava algo assim.

— Eu sei que ela está com a família e uns amigos por lá, não me importo.

— Eu não sei o endereço.

Preciso de uma pausa no flashback para dizer que xinguei mentalmente aquela mulher louca, muito mesmo! Ela estava de onda com minha cara? Querendo saber o que eu pretendia, fez com que eu revelasse meus planos a ela e não tinha a porra do endereço?!

— Mas sei o local onde está — continuou. — Em Trindade, uma vila de Paraty. Tenho certeza de que você tem um carrão com um bom GPS. O lugar é pequeno, e você, se tiver sorte, poderá encontrá-la. — Rolei os olhos para ela ouvindo suas risadas, mas lhe agradeci. Porém, antes que eu desligasse, ouvi suas palavras sombrias: — Eu sou muito boa em desossar, sabe? Manipulo uma faca como ninguém, e meu pai, ele nasceu no Ceará e me ensinou desde pequena a fazer testículos de bode recheados. — Fiz careta ao sentir a ameaça implícita. — Há muito tempo não faço isso, mas, caso seja necessário, posso resolver testar minha memória. — Ela riu e falou baixinho: — Então não seja um bode, e seus bagos estarão a salvo.

Emiti apenas um ruído estranho e desliguei. Involuntariamente conferi minhas bolas por sobre o tecido da calça que uso para dormir e respirei aliviado. A mulher é louca, e isso fez com que eu pensasse no que falam sobre ruivas serem geniosas.

Logo em seguida mandei um e-mail para o administrador da ilha, marquei a estada e comecei a procurar informações sobre lancha ou iate para nos levar até lá. Antes de dormir, conferi o itinerário até Trindade e me senti muito bem quando o sono chegou.

Hoje de manhã, sexta-feira, cheguei à empresa, pedi ao Rômulo para que desmarcasse todas as minhas reuniões, neguei os convites para festas e jantares nesse final de semana, inclusive de Valentina, com quem estive rapidamente na quarta-feira à noite, pois nos encontramos em uma exposição, mas só trocamos cumprimentos.

A verdade é que eu deveria estar traçando planos com ela, convidando-a para passar esses dias na ilha comigo, para que dormíssemos juntos, nos entendêssemos, e eu pudesse tomar uma decisão sobre o que fazer, avançar ou retroceder com relação a ela. Odeio ficar em cima do muro, e é exatamente como me sinto!

Entretanto, ao invés de seguir com o plano para agradar meu avô, saí de São Paulo disposto a achar a cozinheira e a arrastar comigo para uma ilha particular em Angra dos Reis.

— Você tentou cozinhar? — Ela ri de mim. — Sério mesmo?

— Fracassei terrivelmente, chef. Acho que não estou apto nem para auxiliar de cozinha! — Ela sorri, e eu a abraço pela cintura. — Preciso de você!

— Theo... — Ela olha para o lado, na direção onde outras pessoas estão, inclusive as meninas. — O que você tem em mente?

— Raptar você. — Ela nega, mas continuo: — Comprei um final de semana em uma ilha particular de Angra dos Reis no baile dos Villazzas e ela estará disponível para mim neste final de semana. Não é uma coincidência incrível?

Duda ergue uma sobrancelha.

— Coincidência, é?

— Não, mas podemos fingir que foi para que eu não pareça tão desesperado?

Ela ri, e eu avanço para beijar sua boca deliciosa, mas somos interrompidos.

— Mamãe, a Cássia e eu queremos...

A menina me encara, e eu fico completamente deslumbrado por seus olhos. Duda se desvencilha de mim com as faces coradas e se aproxima da filha.

— Tessa, esse é um amigo da mamãe, o Theo. — Aponta para mim. — Ele é lá de São Paulo.

— Oi! — Ela sorri, e duas covinhas nas bochechas aparecem. Sinto um frio na barriga, uma sensação estranha que não sei explicar, pois tenho a impressão de já tê-la visto antes. — Eu quero mais um pedaço de torta!

Duda me olha, divertida, e eu saio do transe estranho causado pela menina.

— Você também quer? É de limão, com merengue e...

— Não, obrigado, prefiro a tarte tatin com bastante chantilly.

Ela fica vermelha, provavelmente se lembrando de como comemos essa torta em questão, e abro um enorme sorriso.

— A Manola também adora essa torta! — Tessa fala animada, e faço careta ao me lembrar da amiga ruiva e muito brava de Duda. — Viu só, mamãe? Você pode fazer uma e dividir entre a Manola e seu amigo Theo!

Engasgo com minha própria saliva, e Maria Eduarda gargalha.

— Acho que a Manola vai adorar dividir essa torta com ele, filha.

Nego, fazendo cara de assustado, e Duda ri mais ainda. A menina também ri, esperando seu pedaço de torta e me avaliando disfarçadamente. Surge-me uma ideia. Sei que é golpe sujo, mas não vim até aqui para morrer na praia.

— Já passeou em um iate, Tessa? — indago.

— Não. — Encara-me interessada. — É aquela lancha bem grande, né? — Assinto. — Você tem um?

— Não, mas aluguei um.

Duda arregala os olhos com a informação, e Tessa abre um enorme sorriso.

— Theo... — Duda me adverte, mas não paro:

— Já pensou em dormir no meio do mar?

— Dentro do barco? — Ela parece assustada. — É legal?

— Não, em uma casa, numa ilha. — O sorriso da garota aumenta, e novamente tenho a sensação estranha, mas tento não pensar nisso. — Então, tenho um iate para passear e uma ilha com uma casa enorme para dormir. O que acha de conhecer?

— Sério?! — reconheço o deslumbre na sua voz. — Eu ia amar!

— Tessa! — Duda se aproxima com dois pedaços de torta e os entrega para a criança. — Leve para a Cássia enquanto está geladinha.

A menina sai correndo com a sobremesa nas mãos, gritando pela amiga, falando em passear de iate e dormir em uma ilha.

— Isso é golpe baixo! — acusa-me, apontando o dedo para o meu rosto. — Eu não posso abandonar minha tia aqui e ir com você para lá.

— Leve sua tia! — digo sem pensar, querendo que ela vá comigo de qualquer jeito. — Já convidei sua filha. Tenho certeza de que a casa é grande para todos.

— Você só pode estar doido!

Concordo com ela. Estou tão doido por essa mulher que acabei de me envolver com toda sua família e ainda a convidei a ficar comigo como se tivéssemos algum tipo de relacionamento sério.

Quer merda você está fazendo, Theodoros?

— Tem certeza disso? — Duda faz a pergunta ideal para que eu escape dessa loucura, mas não aproveito a brecha.

— Tenho. Vai ser divertido para sua filha, uma distração legal para sua tia e... um prazer para mim.

— Tessa estava chateada porque a Cássia vai embora amanhã cedo. — Pondera por um tempo. — Voltaremos no domingo?

Já posso sentir o frisson de tê-la convencido e vislumbrar a noite que preparei para nós dois. Reprimo o sorriso de vitória, ainda achando cedo demais.

— Depois do almoço — confirmo.

Duda solta o ar em rendição, e aí, sim, tenho o sorriso mais fodido e enorme do mundo estampado na cara.

— Está certo. Preciso só saber se minha tia aceita ir, porque estamos hospedados na casa de sua melhor amiga.

Isso me lembra do bombadinho que estava cheio de sorrisos para o lado dela e que iria tocá-la para passar filtro solar. Fecho as mãos para controlar a vontade que tive – e que voltou agora só por imaginá-lo tocando nela – de bater nele e o busco com os olhos. O garoto não tira os olhos de nós dois enquanto conversa com duas senhoras mais velhas e uma adolescente.

Não quero perguntar a Duda quem é ele e que relevância tem na sua vida, afinal, ela irá perceber que isso me enciumou, mas a vontade de saber quem é o homem fala mais alto.

— O garotão que ia passar filtro solar em você é parente seu?

Ela ri, levanta uma sobrancelha e cruza os braços, notando que fiquei com ciúmes.

Paguei para ver, então não tenho do que me queixar!

— O Lucas? Não. — Fecho ainda mais a cara, e ela gargalha. — Mas é como se fosse! Conheço-o desde que usava fralda! — Aproxima-se de mim e fala em meu ouvido: — Pode deixar, que eu não conto para ninguém que Theodoros Karamanlis é ciumento!

Ela pisca para mim e volta a se sentar na canga, levantando o frasco do filtro solar.

— Ainda preciso de proteção!

Pego o produto e me ajoelho atrás dela com um sorriso maldoso.

— Não se preocupe com isso. — Coloco o creme nas mãos e começo a massagear seus ombros e nuca, aproximando-me dela. — Eu trouxe bastante proteção, Duda. Poderemos foder à vontade.

Sinto sua pele se arrepiar e fico satisfeito.

Olho novamente para as outras pessoas ao longe. As crianças já comeram a sobremesa e brincam de bola, as duas senhoras conversam com a menina adolescente, e o garoto – Lucas – parece divertido ao me ver assim, de joelhos, servindo-a, e ergue sua latinha de cerveja em minha direção.

Sorrio de modo frio, mas por dentro mostro a língua para ele feito uma criança malcriada enquanto penso: Olha só, “bombadinho”, ela te conhece desde que você usava fralda! Sem chances! Maria Eduarda é minha!


Ainda não acredito que isso está acontecendo!, penso ao dobrar a esquina, seguindo o carro do Theo e entrando em um condomínio de luxo. Olho pelo retrovisor, vejo Tessa falando animada com minha tia e reflito sobre a loucura que foi eu ter aceitado o convite dele.

Um final de semana com minha família em uma ilha particular! Eu nunca poderia esperar algo assim.

Abro um pequeno – e disfarçado – sorriso ao pensar em como Theodoros chegou até mim, no modo como olhou para o Luquinha e sua pergunta sobre o homem depois. Ciúmes! Theo sentiu ciúmes e não escondeu isso de mim. O que significa? Foi apenas demarcação de território? Ou há algo mais?

Suspiro, resignada a ser sempre uma confusão ambulante em matéria de relacionamentos. Não sou do tipo que entende as nuances da pessoa para perceber o que se passa em sua cabeça. E, convenhamos, Theo é um tanto contraditório em algumas atitudes.

Nós nunca conversamos sobre o que está acontecendo, apenas deixamos acontecer. Ele não me fez promessas. Nosso único acordo era não misturar negócios com prazer, então, na minha cabeça, estamos nos conhecendo melhor.... apesar de que Theo não é muito aberto com sua vida pessoal para que eu possa chegar a conhecê-lo.

Eu já falei tantas coisas para ele! Sobre Tessa, minha tia, meu tempo na França, os sonhos que tive... E ele falou de música, um pouco do estresse do trabalho e do uísque. Nenhuma menção à família, a qualquer lembrança do passado, nada! Não sei se isso é o normal dele com todos ou apenas uma forma de me manter distante, de me mostrar que não quer que eu me envolva além do sexo em sua vida.

É por isso que esse convite foi tão estranho!

Apresentei-o à minha tia como um amigo – embora ela soubesse exatamente quem ele era e tenha ficado branca de susto ao vê-lo – e comentei sobre a ideia de irmos para a ilha.

— Filha... — Ela me chamou em um canto. — O que é isso tudo? Ele é da Karamanlis, o homem que fez você voltar para casa soltando fogo pelas ventas no final do ano passado. Quando vocês se tornaram amigos a ponto de ele vir até aqui e nos convidar para uma ilha?

Ri sem jeito, e ela logo entendeu o que estava acontecendo.

— Nós não controlamos essas coisas e... — comecei a me justificar, porém, ela me parou.

— Ele está forçando você a isso de alguma forma?

— O quê?! — O susto foi meu. — Não! Só... Vou te contar tudo do início.

Foi assim que expliquei que não sabíamos quem éramos naquele restaurante e que nos sentimos atraídos e que, mesmo depois da nossa identidade revelada, o desejo não fora embora. Disse a ela que eu tentei lutar contra, esquecer, mas que perdi a luta no momento em que ele revelou para mim que também não pensava em outra coisa. Perdi a batalha no primeiro dia do ano, quando ele me beijou pela primeira vez.

— E o Hill? E a insistência dele em comprar o imóvel e pôr tudo no chão?

Respirei fundo e dei de ombros.

— Fizemos uma trégua e não falamos dos negócios.

Tia Do Carmo pegou minhas mãos.

— Filha, você quer ficar com ele neste final de semana?

— Eu quero ficar com vocês! — fui sincera. No entanto, ela me conhecia bem demais.

— E com ele também. — Assenti. — Não sou eu quem vai te atrapalhar a ter o que você quer, Duda. Pode confirmar! — Beijou-me a testa. — Só não o deixe machucá-la, está certo?

— Não vou!

Olhei-o de longe e o vi conversando com as crianças e Francielle – que parecia hipnotizada pelo Theo, assim como sua mãe, que não conseguia tirar os olhos dele e fechar a boca.

Deus do Céu! Todas as mulheres – dos 16 aos 60 anos – reagem ao homem dessa forma? Disfarcei o riso, ainda surpreendida demais por ele ter vindo atrás de mim sem avisar.

— Mamãe, ainda vamos demorar muito? — Tessa pergunta, tirando-me das lembranças.

— Não, acho que já estamos chegando aonde ele marcou de embarcarmos no iate.

Rio, nervosa, ao me dar conta do que acabei de falar.

Um iate!

Quando eu me imaginei viajando em um negócio desses? Já vi muitos e entrei em alguns – no sul da França, principalmente –, mas nunca naveguei. Deve ser uma sensação maravilhosa poder passar a noite no mar, sob as estrelas, dentro de um barco assim.

Suspiro alto e ouço as risadinhas de minha tia e de Tessa. Olho pelo retrovisor.

— O que foi?

— Você tem suspirado sem parar desde a hora em que o moço apareceu, Duda! — Minha tia ri, e Tessa confirma.

— Ele é seu crush, mãe?

Arregalo os olhos e fico vermelha imediatamente com a pergunta. Como explicar o que Theo é para mim? Com certeza não posso dizer para ela que ele é somente o homem com quem estou transando!

Encontro os olhos divertidos de minha tia no retrovisor e peço ajuda a ela sem falar nada, apenas com uma expressão de desespero.

— É amigo de sua mãe, filha.

Tessa cruza os braços e ri.

— Sei... — Estica-se para falar baixinho para tia Do Carmo: — Crush, tia, tenho certeza!

Acabo rindo e vejo o carro de Theo entrar em uma vaga demarcada de estacionamento e me preparo para fazer o mesmo.

— O que você sabe sobre crushes, Tessa? — inquiro, e é a vez de minha filha ficar vermelha igual a um pimentão.

— Eu... eu... — Olha desesperada para a tia. — Todo mundo fala disso na escola, e tem no seriado que ...

— Muito normal, Tessa, não dê bola para sua mãe! — tia Do Carmo a defende. — Ela sempre foi assim, sabe? Quando se sente acuada, sem saber o que fazer, tenta desviar a atenção...

— Tia! — repreendo-a assim que estaciono. — Claro que não é isso!

Theo desce do carro, vestindo uma camisa de listras horizontais azuis e brancas e fala algo com o homem que o recepciona, agradecendo-lhe com um sorriso. Suspiro de novo e ouço as gargalhadas das minhas companheiras dentro do automóvel.

— Está tão na cara assim? — Decido não negar mais.

— Sim, mamãe. Você devia disfarçar um pouco, os meninos não gostam de meninas que se derretem fácil! — Eu me viro para encará-la, apavorada com esse conselho. Como é que é? — Tem que fazer com que eles corram atrás!

Tia Do Carmo parece tão pasma quanto eu. Comento:

— Eu estou pagando esse colégio caro para ensinar isso para uma menina de...

Pulo ao ouvir batidas no vidro e vejo Theo nos chamando para sair do carro.

— Meninas, acho que é aqui mesmo. Podemos descer! — aviso-lhes.

— Obaaaa! — Tessa se solta do cinto, animada.

Desço do veículo, e Theo toca minha cintura, soltando-a assim que minhas companhias aparecem.

— O iate já está à nossa espera. Só estou esperando alguns detalhes serem... — ele para de falar e faz um gesto afirmativo para longe. — Pronto! Podemos embarcar. — Em uma atitude de cortesia, estende a mão para pegar a mala da minha tia. — Senhora?

— Ah, não, pode deixar que eu mesma levo, obrigada!

Tia Do Carmo dispensa a ajuda, mas Tessa não se faz de rogada e praticamente joga a mochila rosa cheia de paetês nas mãos dele. Theo dá uma gargalhada quando eu a repreendo, e ela dá de ombros.

— Ele ofereceu!

Subimos no enorme ancoradouro e seguimos em direção ao – Meu Deus do Céu! – barco que está à nossa espera.

— Parece até o barco da Polly! — Tessa comenta.

— Quem é Polly? Uma amiga? — Theo questiona, e eu não seguro a risada.

— Não, uma boneca! — explico e o vejo franzir o cenho. — É tipo a Barbie, só que menor.

— Ah, Barbie eu conheço, minha irmã tinha muitas! — Ele sorri para Tessa. — E essa Polly, então, é tão rica quanto a Barbie? Tem mansão, carro e um namorado fortão?

— Não! — Tessa faz careta. — A Polly ainda é uma menina, não tem namorado!

Ele me olha como se tivesse cometido um enorme furo, e dou de ombros.

— Como ela já tem um iate? — cochicha para mim.

— É um brinquedo, sabia?

A risada da minha tia é tão alta e contagiante que nós dois começamos a rir também. Tenho de admitir que foi uma conversa louca, mesmo que ele tenha entrado nessa furada para manter algum diálogo com minha filha, o que foi muito fofo da sua parte.

O iate é um espetáculo aos olhos, grande e luxuoso. Um dos tripulantes – são dois – nos ajuda a entrar na embarcação, onde, lá dentro, encontra-se o capitão a nos recepcionar, falando sobre o passeio que iremos fazer pela baía da Ilha Grande antes de seguirmos para a Ilha Raj, onde ficaremos hospedados.

— Chegaremos lá com as estrelas já despontando no céu, e, como é noite de lua cheia, esperem para ver a beleza do mar de Angra em sua plenitude.

Tessa, que sempre foi muito curiosa, parece muda tamanho deslumbre e olha cada detalhe, cada cadeira e mesa, além do enorme lanche montado para nós no convés da popa.

— Vamos? — Theo me chama assim que a tripulação entra com nossas malas. — Se quiserem se refrescar, as suítes estão todas arrumadas para nos atender.

— Vamos dormir aqui? — Minha filha parece sair do transe direto para a empolgação, pulando em volta do Theo como uma cabrita.

— Não. — Ele bagunça os cabelos dela, arrancando-lhe gargalhadas. — Mas o barco ficará ancorado na ilha, então, eles estão preparados.

Tessa sai correndo atrás do tripulante que carrega nossas coisas, e Theo puxa minha mão para que eu diminua os passos, deixando minha tia ir atrás dela.

— Gostou? — ele indaga assim que ficamos a sós.

— Sim, é lindo! — Sorrio para ele. — Desculpe por minha filha estar tão...

Ele silencia minhas escusas com um beijo, puxando minha cintura para que nossos corpos fiquem juntos, segurando forte em minha nuca, explorando minha boca com a língua. Entrego-me ao carinho, seguro seus ombros e percebo o quanto estava com saudades do contato com seu corpo.

— Queria fazer isso desde quando te vi naquela praia! — revela sem me soltar.

— Eu também. — Dessa vez, sou eu quem toma a iniciativa de outro beijo. — Até agora ainda não acredito que você está aqui.

Ele fica sério.

— Nem eu!

Fecho os olhos novamente quando os seus lábios se esfregam devagar nos meus, roçando suavemente, estimulando-os até que eu os abra e a ponta de sua língua se instale entre eles, lambendo, entrando e saindo da minha boca, afetando diretamente meu sexo, deixando-o molhado e pulsante.

Abro a boca completamente, e ele aproveita para aprofundar o beijo. Esfrega a língua na minha, chupa meu lábio inferior e roça seu corpo no meu descaradamente para que eu sinta como está excitado. Nossas bocas se devoram sem nenhum pudor. Eu gemo a cada movimento de seus quadris, querendo mais, lamentando toda a roupa que me impede de sentir sua pele quente.

Eu desejo demais esse homem!

— Mamãe, vem ver só...

Theo se afasta de mim tão rápido que eu quase caio. Por sorte, consigo me segurar ao balcão do bar interno do iate e encaro Tessa, que parece alheia ao que estávamos fazendo e não para de falar sobre as suítes.

— São quatro quartos, mamãe, e todos têm banheiro como o seu lá de casa. — Ela encontra a enorme TV da sala e me olha encantada. — Será que pega?

— Pega, sim — Theo responde, e noto que ele está um tanto curvado. — Chame o outro tripulante, que ele te explica como funciona. Enquanto isso, vou ver onde colocaram minhas coisas.

Franzo o cenho pelo jeito como ele está andando, como se estivesse com problema na coluna e, assim que vejo Tessa sair à procura do outro funcionário, vou até ele.

— Se machucou?

Ele ri.

— Não! — Ergue-se, e eu contemplo um enorme volume na frente da sua bermuda. — Estou usando uma samba-canção, e elas não seguram muito a ereção.

— Por que está usando isso? — Estranho, pois sempre o vi de cueca boxer.

— São mais confortáveis para dirigir. — Dá de ombros. — Lembre-me de nunca mais fazer isso para me encontrar com você!

Rio, mas então escuto a voz da minha filha ao longe.

— É melhor você ir antes que tenha que andar daquele jeito de novo. — Olho novamente para a bermuda. — Ele não volta ao normal?

— Com você por perto? — A voz de Tessa fica mais alta. — Ai, porra, vou para o quarto.

Theo sai correndo, e eu rio com vontade, adorando tudo isso.

 

 

Olho Tessa dormindo calmamente depois de um dia tão agitado quanto este e só penso em agradecer a Deus pela oportunidade de minha filha poder ter essas férias tão memoráveis. Aposto que, quando voltar ao colégio, irá descrever cada detalhe deste passeio para as amigas.

Sorrio ao lembrar que, antes de eu colocá-la na cama, ela fez questão de frisar que ainda teríamos o dia seguinte inteiro, mais uma noite e uma manhã aqui. Ela está completamente encantada com a ilha, e não é para menos!

O passeio de iate pela baía foi incrível. Não paramos em nenhuma praia, pois estava entardecendo, mas tivemos uma visão geral da beleza esplendorosa de Angra dos Reis. Tomamos o melhor lanche da vida de Tessa – minha filha fez questão de falar isso o tempo todo –, com uma variedade enorme de frutas, pães, bolos e sucos. O negócio estava tão chique que tínhamos até uma garrafa de Möet-Chandon no balde de gelo, mas não a abrimos.

Foi divertido, acima de tudo, ver Theo se soltando com tia Do Carmo, gostando de como ela sabia sobre seu círculo de pessoas através das revistas que lia. Em dado momento, ela comentou sobre a irmã dele, Kyra, lamentando o término do noivado dela com um empresário, e eu o vi completamente surpreso pela notícia.

Desviei o assunto para gastronomia, coisa que minha tia também sabe bastante por causa da minha avó e da minha mãe, que eram exímias cozinheiras. Nessa conversa tão inocente, descobri algumas preferências de Theo pela comida e me surpreendi ao saber que ele come em casa todos os dias, pois gosta de comida caseira e simples.

— Enquanto Vanda esteve fora, almocei no restaurante da empresa, mas já conversei com o pessoal responsável que precisaremos modificar o cardápio, ter opções para quem não come proteína animal ou quem tem restrições de qualquer tipo.

— Isso é muito legal de sua parte! — minha tia comentou. — Duda sabe que eu sou intolerante a lactose, então tudo tem que ser sem ela ou sem o leite, e é tão difícil conseguir comer fora! Tenho que sempre perguntar, e até um salgadinho na rua é difícil, pois a maioria dos lugares põe leite na massa.

Depois disso eles ficaram conversando um bom tempo sobre o restaurante da empresa. Titia contou sobre o da confecção na qual ela trabalhara e citou alguns em que suas amigas trabalhavam. Tessa e eu ficamos acompanhando o diálogo, até que minha filha resolveu entrar na conversa.

— Eu odeio vieiras! — quase engasguei ao ouvir isso. — Mamãe diz que elas são o suprassumo da cozinha francesa, mas eu odeio!

— Confesso que também não gosto muito — ele respondeu. Arregalei os olhos de espanto. — E nem de trufas. Elas tiram o sabor dos outros alimentos se colocadas demais e estão sempre em muita quantidade nos pratos.

— Sim, eu também detesto trufas! — Ela pôs a língua para fora. — Minha comida preferida é o macarrão da mamãe! — Lambeu os lábios e ainda fez barulho, levando Theo a gargalhar.

— Passou a ser a minha também — ele disse, e eu prendi o fôlego, lembrando-me do dia em que o fizemos juntos em sua cozinha. — O macarrão da sua mãe é espetacular.

Quase caí para trás quando ele lambeu os lábios também e me deu uma piscada de olho.

Puta que pariu, minha calcinha já era!

O sol já estava se pondo quando desembarcamos na ilha. Ajudei minha tia a descer enquanto Theo pegava Tessa e os dois marinheiros desciam com nossas coisas.

— Já viu o sol se pôr no mar? — Theo perguntou à minha filha.

— Não! É bonito?

— É lindo! E dizem que, se ficarmos em silêncio, podemos ouvir o barulho da água fervendo.

Ela o olhou desconfiada.

— Isso é mentira!

Ele gargalhou e deu de ombros.

— Podemos ir ver. — Apontou para o outro lado da ilha. — Mas temos que ser rápidos!

Os dois saíram correndo, mas, na subida, Tessa ficou para trás, e eu vi, com o coração palpitante, ele retornar, pegá-la no colo, depois colocá-la sobre os ombros e sair correndo.

— Quem diria! — minha tia comentou. — Acho que Tessa fisgou o grego!

— Você acha? — inquiri em um sussurro, com uma sensação de medo e esperança ao mesmo tempo.

Eu não quero misturar as coisas, pois dessa vez Tessa não é mais um bebê e pode se apegar a ele e depois ficar chateada quando minha relação com ele terminar. Esse sempre foi um dos principais motivos pelos quais eu nunca assumi ninguém nesses anos todos, mesmo quando eu ainda tinha tempo para namorar. Não quero que minha filha se sinta rejeitada de maneira alguma e sei que ela tem uma carência afetiva paterna muito forte e que isso pode fazê-la desenvolver carinho e consideração por algum namorado meu.

— Isso te preocupa, não é? — minha tia indagou, e eu concordei. — Bom, nós já percebemos hoje que Tessa não é mais um bebê, então o que você deve fazer é conversar com ela, minha filha. Explicar que você é adulta, solteira e que pode namorar sem compromisso.

— Eu não sei se consigo explicar algo assim para ela, mas acho que, para sua própria proteção, terei de fazê-lo. — Ela assentiu, e caminhamos em direção à casa. — Principalmente em relação ao Theo! Tenho medo de que isso tudo — apontei para os arredores — e a atenção que ele está dispensando a ela a confundam.

— Sim, acho sua preocupação válida.

Terminamos o caminho em silêncio, e tive de me segurar para não chorar como uma boba ao ver a imagem à minha frente. Theo com Tessa nos ombros contra a luz alaranjada de um sol poente no mar.

— Meu Deus, que quadro isso não daria! — tia Do Carmo comentou.

— Ou uma foto. — Sem pensar, peguei o celular e cliquei aquele momento, registrando-o para sempre.

Instantes depois, o pessoal do serviço da casa veio nos cumprimentar. Paulo, o responsável pela ilha, parente dos donos, como mais tarde averiguamos, é um senhor bem simpático e ficou encantado com Tessa.

— Eu tenho duas bisnetinhas gêmeas, são pequenas ainda — comentou com minha menina. — Mas já adoram pescar na ilha. Se você quiser, podemos marcar com seus pais.

O sorriso de Tessa ao ouvir essa última palavra me assustou muito, e olhei para Theo, que parecia alheio a essa conversa, pois estava falando com o pessoal da casa, as senhoras Rita e Marisa. Respirei aliviada, mas fiquei com uma sensação estranha, como se estivesse pisando em ovos apenas por ser uma mãe solteira.

Eu nunca imporia minha filha a qualquer pessoa! Tessa é minha, e tenho muito orgulho disso. Não preciso de ninguém mais, sou a família dela. Tento ser pai e mãe ao mesmo tempo e tenho certeza de que, quando crescer, ela vai entender que tudo o que fiz foi para o seu bem e por amá-la demais.

Não há nada que eu não faria por ela!

Fomos encaminhados para os quartos, e Tessa, embora tenha recebido um só para ela, decidiu que queria dormir com minha tia, pois era o único quarto que tinha duas camas de solteiro. Ela não disse, mas eu tive certeza de que sentiu medo de dormir sozinha em uma casa estranha no meio do mar.

— Não quer dormir com a mamãe? — questionei, porém, ela negou.

— Você mexe muito à noite, mãe! — reclamou. — E, além disso, gosto de dormir sozinha!

Minha suíte é uma beleza, tem uma vista esplendorosa e um banheiro espaçoso. A cama queen size com dossel é extremamente romântica, mas eu não estou muito animada por dormir ali, enquanto Theo dorme em outro quarto, longe de mim. Está certo que fui eu quem pediu isso, principalmente por causa de Tessa, e ele aceitou, mas o arrependimento bateu assim que me vi sozinha no cômodo.

Dois quartos – a suíte principal e outra menor – estão trancados, pois são da família dona da ilha. Vi algumas fotos do casal com suas duas menininhas e logo reconheci o homem, lembrando-me de sua história trágica que virou livro de romance.

Jantamos na sala principal da casa, e eu elogiei demais o tempero e a execução da deliciosa moqueca que comemos. Marisa, a cozinheira, ficou bastante lisonjeada, ainda mais depois que Theo exagerou sobre mim, dizendo que sou uma chef brilhante.

— Duda, ela já dormiu! — tia Do Carmo me chama. — Pode ir.

Balanço a cabeça, expurgando os pensamentos, beijo minha menina na testa e me despeço.

Sigo em direção ao meu quarto, mas penso melhor e passo direto, indo até o do Theo. Não tem sentido algum estarmos aqui juntos e ficarmos longe um do outro, e eu preciso saber como ele se sente estando aqui com minha família, pois não quero passar os dias fingindo que nada acontece entre a gente.

Bato à porta, mas não tenho resposta.

— Theo? — chamo-o baixinho, e nada. Giro a maçaneta e entro no cômodo. — Theo?

Tudo está escuro, a porta do banheiro aberta, e nenhum só som. Ele não deve ter subido ainda! Em vez de sair, vou até a cama e pego a calça de pijama que ele já separou de sua mala.

Sorrio ao reconhecê-la da manhã em que ele me serviu café depois da primeira noite em que dormi em seu apartamento e a cheiro, tentando encontrar seu perfume na peça. Sorrio, achando tão infantil e romântico o gesto, e a devolvo ao lugar onde estava antes de sair do quarto.

— Puta merda! — exclamo quando abro a porta da suíte onde irei dormir e encontro Theo sentado na beirada da cama. — Quer me matar de susto?

Acendo a luz, e ele sorri bem maldoso.

— Quero te matar de prazer, mas confesso que está sendo bem complicado.

— Eu sei, desculpa. — Ele nega e vem até onde estou. — Eu queria falar sobre isso com você e...

— Amanhã. — Toca meus lábios. — Agora temos que sair.

Arregalo os olhos.

— Sair? A essa hora?

O sorriso dele é cheio de promessas sujas e cheias de luxúria.

— Vamos dormir a bordo. — Coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, causando-me arrepios, e completa: — Melhor dizendo: vamos trepar a bordo.


— Eu não estou enxergando nada! — Duda ri conforme seguimos a trilha até o píer onde o iate nos espera.

— Vamos mais devagar, então, e...

— Não! — ela praticamente grita e logo tampa a boca com a mão livre. — Vamos rápido.

— Safada! — Paro e a puxo para mim, mergulhando a língua em sua boca e sorvendo sua saliva deliciosa e fresca. — Também não vê a hora de balançar o barco comigo!

— Cala a boca e continua indo!

Rio e sigo o caminho, descendo a pequena colina e já avistando as luzes do iate. Não teremos tripulação interna esta noite, apenas o capitão irá conduzir o barco, porque não conheço nada por aqui. Não fosse isso, eu mesmo poderia pilotar.

Não iremos muito longe, para falar a verdade. Eu nem tinha pensado em dormir fora da ilha, mas, quando fui alugar o barco, a agência perguntou se eu iria ancorar no mar para passar a noite e sugeriu alguns pontos. Um deles me chamou a atenção, e logo pensei na reação de Maria Eduarda ao local.

— Boa noite! — saúdo o capitão. — Tudo pronto?

— Sim, senhor Karamanlis. — Ele olha para Duda. — Boa noite, senhorita Hill.

— Boa noite!

Noto que ela está um pouco envergonhada e aperto sua mão para que saiba que está tudo bem, que não precisa ficar assim e recebo um sorriso.

Ajudo-a a subir a bordo e já de cara a escuto suspirar ao ver a mesa com velas, frutas e champanhe.

— Em que hora você preparou isso tudo? — questiona deslumbrada. — Nós nos vimos o dia todo!

— Em São Paulo, quando aluguei o barco.

Ela levanta uma sobrancelha.

— E se eu não tivesse vindo?

Dou de ombros.

— Eu também não viria, teria cancelado. — Abraço-a. — Eu estou aqui e programei tudo isso para curtir com você. Não teria sentido algum se você não estivesse aqui comigo.

O sorriso que ela me dá e o brilho de seu olhar fazem valer a pena todo esse planejamento em cima da hora que fiz e cada centavo do dinheiro dispendido nisso. Não era para ser uma noite romântica – acho que eles exageraram um pouco –, mas uma em que ela se sentisse bem, que a deixasse solta e relaxada.

O barco começa a se mover lentamente, saindo do píer da ilha, indo em direção ao local onde passaremos a noite. No meu imaginário, eu a levaria até a mesa, abriria o champanhe, conversaríamos um pouco e então passaríamos a noite toda fodendo como coelhos endiabrados.

Só não esperava que ela tivesse outra ideia!

Duda me puxa pela camisa e me beija de uma forma que nunca pensei que fosse fazer. Não, ela não me ataca abrindo a boca e metendo a língua em minha garganta! Sua língua contorna meus lábios apenas com a ponta, brincando nos cantos e voltando ao contorno.

Não consigo me mover. Meu corpo todo responde a essa carícia singela. Maria Eduarda sacode tudo dentro de mim com apenas um leve toque de sua língua. Fecho os olhos e me entrego às sensações, deixando-me em suas mãos, adorando que ela tenha o controle da situação e me conduza ao que pretende fazer.

Seus lábios prendem os meus, sugando-os de leve e depois seguem em direção ao meu queixo, sobem pelo rosto recém-barbeado até a orelha direita. Seus dentes se cravam de leve no lóbulo, e, ao mesmo tempo, sua língua se esfrega na pontinha dele. Caralho! Um arrepio desce pela minha coluna, e meu pau, já duro há algum tempo, parece que vai estourar dentro da bermuda.

Duda solta a orelha, mas faz o mesmo gesto de contorno, lambendo dessa vez e não só com a ponta da língua. Consigo sentir o sangue se concentrando cada vez mais no meu pênis, enchendo-o, endurecendo-o a tal ponto que chega a doer.

Minha mente fantasia a cada açoite da sua língua – que agora desce pelo meu pescoço até perto da gola da camisa. Abro os olhos assim que sinto algo mexendo na frente da minha bermuda e a flagro abrindo os botões com um sorriso safado e poderoso. Sim, ela se sente poderosa fazendo isso, enlouquecendo-me, e isso só me causa mais tesão!

Pensei que, por causa do capitão lá em cima na cabine, ela não iria se sentir à vontade para trepar no convés, mas – felizmente – estava redondamente enganado. A bermuda cai aos meus pés, e eu a chuto para longe, surpreendendo-a por estar sem cueca.

— Nem uma samba-canção? — questiona segurando meu pau com força e me puxando para bem perto de si. — Você é um garoto mau, Theodoros!

Sei que a sua intenção foi brincar com isso, e, sim, tem gente que acha bem excitante, mas, assim que ouço as palavras, é como se um balde de água fria me encharcasse, e ela percebe que minha ereção diminui.

Porra! Fecho os olhos para me concentrar, lembrando que quem está aqui comigo é a Maria Eduarda e nenhuma outra!

— Theo? — sua voz exprime preocupação. — Tudo bem? Aconteceu algo?

Nego e abro os olhos, focalizando seu rosto bonito, os cabelos castanhos e longos, os olhos cor de avelã e começo a relaxar. Preciso tocá-la, sentir seu corpo e deixar que a química que temos possa tirar da minha mente qualquer amarga lembrança que uma simples frase brincalhona possa ter evocado.

Seguro seu rosto e a beijo como um náufrago se apoiando em uma tábua de salvação. Sorvo seu sabor, deliro na textura da sua língua, do céu de sua boca, misturo-me a ela de tal forma, criando um sabor só nosso, e, aos poucos, todas as lembranças ruins se vão e só permanece o tesão cru que sinto por essa mulher.

Ela me abraça forte, talvez sentindo a diferença no beijo, percebendo que não é só por tesão, mas também por confiança. Eu confio nela. Muito embora a tenha conhecido há tão pouco tempo, sei que posso confiar nela. Duda jamais agiria com dissimulação ou tentaria me manipular de alguma forma. Não! Ela não tem ardis, é sincera, é clara e perfeita.

O tesão volta ainda mais potente que antes, e eu a ergo em meus braços, levando-a até uma das espreguiçadeiras e a coloco no local. Maria Eduarda é linda! Quero adorá-la por inteiro hoje, mostrar a ela como eu a vejo, uma deusa, a dona do meu desejo.

Tiro a camisa e fico completamente nu à sua frente. O iate vai cortando as ondas do mar em meio à escuridão da noite, e ela consegue me ver graças às velas e algumas luminárias que estão acesas no convés. Ouço um suspiro de apreciação e pego um dos seus pés, calçados com sandálias baixas e confortáveis. Tiro a primeira e beijo seus dedos, seguro-a pelo calcanhar para beijar sua panturrilha, arrasto a língua e os lábios, beijo com vontade o seu joelho e, antes de sequer tocar a coxa, pego a outra perna e faço o mesmo.

— Gosta disso? — pergunto ainda esfregando minha boca em sua perna, e ela assente. — E disso? — Arrasto a língua pela parte interna de sua coxa, indo em direção à sua virilha.

— Theo... — geme. — O capitão...

— Está ocupado conduzindo o barco — respondo, ajoelhando-me ao lado da espreguiçadeira. — É só você tentar não fazer muito barulho quando gozar na minha boca.

Levanto o vestido e encontro a calcinha de seu biquíni. Nem perco tempo em tirá-la, pois sei que o caminho até o local onde ancoraremos é rápido, apenas a afasto para o lado e aspiro profundamente o cheiro de Maria Eduarda antes de lambê-la lentamente, saboreando sua carne, sentindo seu sabor único e viciante.

Escuto-a arfar e me afasto de sua boceta.

— Psiu! — Ela sorri e assente. — Sem barulho!

— Você sabe que o motor não vai deixar que ele...

Abro a boca e abocanho seu sexo por inteiro, fechando-a sobre o clitóris, que sugo ritmicamente, intercalo com passadas de língua e volto a chupar, destruindo a vontade de Maria Eduarda de argumentar. Ela não exprime som algum, seguindo o que pedi, mas se contorce como louca, desesperada, sentindo minha língua enfiada ao máximo dentro de si.

Seus calcanhares batem forte em minhas costas, e a vejo segurando a beirada da cadeira como se fosse cair. Sinto o barco perdendo velocidade e intensifico as lambidas até que a sinto se retesar inteira, cravar os pés em mim e se convulsionar num gozo silencioso.

Ou quase!

Sua respiração é audível e, vagarosamente, transforma-se em gemidos.

— Theo... — Adoro quando ela diz meu nome em meio ao orgasmo. É foda e me descontrola totalmente. — Ai, meu Deus!

Sorrio, levantando-me e colocando a bermuda de volta para que meu pau – dolorosamente duro – não me atrapalhe a fazer o que eu pretendia ao trazê-la até aqui.

Estendo a mão para ela, notando com gosto seu peito subir e descer rapidamente, além de pequenas gotas de suor em seu rosto. Ela sorri, suspira alto como se estivesse enfim se liberando do pacto de silêncio – mesmo já tendo chamado meu nome – e se põe de pé no exato momento em que paramos.

— Bem-vinda ao céu!

Duda arregala os olhos e olha em volta para a noite estrelada refletida na baía calma e espetacular. A impressão é de que realmente estamos flutuando, pois o céu e a água do mar se encontram, e o reflexo das estrelas dá a sensação de que é tudo uma coisa só.

— Que lugar é esse?

— É o Saco do Céu. — Pego o champanhe. — É maravilhoso, não é? — Olho em volta, encantado, pois as fotos que vi não fazem jus ao lugar. — Parece Navagio à noite, uma praia na ilha de...

— Zante — Duda complementa, e eu a olho surpreso por ela conhecer o local. — Eu estive lá na ilha há alguns anos, mas não conheci Navagio.

Franzo o cenho.

— Já esteve na Grécia? — Sorrio.

— Sim, em Atenas, e depois fui para... Zakynthos? É assim que vocês chamam a ilha?

— Isso! — Aproximo-me dela, deslumbrado por ser uma caixinha de surpresas. — Gostou do meu país?

— Conheci pouco, foram apenas alguns dias, e a maioria deles, passamos na ilha. — Duda dá um enorme sorriso. — Mas conheci a Caretta Caretta.

Rio pela menção da enorme tartaruga protegida pelo Parque Nacional de Zakynthos, nossas “Cabeçudas”, que podem chegar a 160 quilos e são consideradas as maiores tartarugas do mundo. Elas nunca me interessaram muito, confesso, mas, sempre que há turistas na ilha, eles correm para as praias onde elas desovam para tentar ver algumas, bem como vão a locais onde é possível mergulhar para vê-las. Há muito tempo estão ameaçadas de extinção, então todas as praias são controladas pelo parque marinho e cheias de regras.

Abro o champanhe, sirvo-o nas taças e entrego uma para Duda.

— A ilha tem as praias mais belas do mundo, sendo Navagio a mais bela de todas. Por que não a conheceu?

— Não conseguimos barco. — Dá de ombros. — Não tínhamos muita grana, éramos só estudantes em férias.

— Quando...

— Senhor Karamanlis — o capitão me chama, interrompendo minha indagação, e vou até ele. — Já estamos ancorados, seguros. Estarei lá em cima na cabine. Qualquer problema, é só chamar.

— Obrigado!

Ele se despede, e eu volto para Duda, que come algumas frutas da mesa.

— Tem coragem de nadar em um mar estrelado desses? — pergunto.

Ela olha para a água e depois para mim e vejo insegurança em seu rosto.

— É seguro?

— É, sim. Não podemos nos afastar do barco, mas...

Ela retira o vestido e fica somente de biquíni. Perco a racionalidade no mesmo instante e já não sei o que ia falar. Duda sorri.

— Vamos?

 

 

O sol está quente, o céu, azul límpido e sem nenhuma nuvem, e no ar há o delicioso aroma de churrasco. Gosto disso, de estar ao ar livre, desfrutando de um momento de lazer. É bem diferente de nadar sozinho na piscina do meu apartamento, e, claro, estar tão próximo do mar me traz lembranças dos verões na Grécia quando eu ainda era um menino.

Escuto as risadas de Tessa e me é impossível não rir. A garota é energia pura, tanto que chego até a ter um tanto de pena da Maria Eduarda, imaginando o que ela faz para conter a criança dentro de seu apartamento o ano todo. Por trás das lentes escuras dos meus óculos, acompanho a brincadeira da menina com a mãe na água.

Achamos uma rede de vôlei aquático e a instalamos na piscina. Tessa ficou com o lado mais raso, e Duda, no fundo, com água quase em seu pescoço. Não achamos a bola, então improvisamos uma com a enorme bola de inflar, dessas típicas de piscina, e as duas começaram a disputa. A menina é esperta, ágil e tem uma risada incrível que contagia todos.

No momento, está ganhando fácil da mãe, mas se mantém concentrada para continuar o massacre.

Sem que eu possa impedir, lembranças de mais de 20 anos surgem em minha mente. No lugar de Tessa, vejo Kyra, com a mesma risada alta, olhos verdes, porém, seus cabelos eram escuros e cortados na altura do queixo. Minha irmã era um pouco mais nova que Tessa, mas tão obstinada nos jogos de piscina quanto a filha de Duda.

Sorrio com a lembrança de uma disputa de briga de galo que fizemos. Kyra estava em meus ombros, e Alex, nos ombros do Kostas, todos rindo muito, festejando estarmos juntos, os quatro, como uma família deveria ser. Minha irmã, bem mais leve que Alex, estava perdendo a disputa, quase caindo dos meus ombros. Eu a segurava pelos joelhos, mas Kostas tentava me dar rasteiras por debaixo d’água a fim de desestabilizar nós dois. Foi então que a danada me pediu para abaixar o máximo que pudesse na água bem rápido. Eu não tinha entendido o pedido, mas o fiz, e, quando levantamos, Kyra levantou a água, espirrando tanto nos olhos de Kostas quanto nos de Alex e deu o golpe final, vencendo o jogo.

Os dois ainda tentaram protestar, mas tiveram que nos pagar um lanche naquela noite como prêmio. Eu era louco por aquela pequena Karamanlis e tinha a esperança de que ela fosse a mais normal de todos nós, porém, naquelas mesmas férias, comecei a acabar com a vida dela e sua chance de um futuro normal.

— Theo! — escuto Duda me chamar e deixo as lembranças dolorosas de lado. — Vem brincar com a gente!

Dona Do Carmo, a tia da Duda, já está na borda da piscina, esperando para entrar na brincadeira, e eu compreendo que sou necessário para igualar os times. Caminho até elas, mesmo não querendo ficar pulando na piscina, e encaro a mulher que me presenteou com a noite mais gostosa de que tenho lembrança.

— De qual lado vou ficar? — indago.

— Eu jogo com Tessa, e você pode jogar com...

— Não, eu quero o Theo na minha equipe! — Tessa interrompe.

— Vamos tirar pedra, papel e tesoura. — Duda nada até a rede e joga com a filha.

Gargalho quando ela põe tesoura, e a filha, pedra. A menina é demais!

— Theo me pertence! — Ela faz um gesto para que eu entre. — Agora somos imbatíveis!

— Não tenha tantas expectativas, eu mal lembro como é brincar na piscina — aviso-a.

— Não se preocupe. Só preciso da sua altura; a estratégia, eu monto!

Gargalho mais uma vez, pensando que isso seria exatamente a mesma coisa que eu diria se estivesse em seu lugar. Deus do Céu, a menina daria uma diretora de empresa incrível!

Começamos a jogar, e ela, cheia de gestos, conduz nossa vitória triunfante até o fim. Comemoramos juntos, e mais uma vez – como fazia com Kyra – a coloco sobre meus ombros, e gritamos “é campeão” como se tivéssemos acabado de ganhar uma medalha olímpica.

Pronto! Dois competidores natos juntos! Levamos a brincadeira a sério!

Sentamo-nos para almoçar ainda nesse clima gostoso de vitória. Minha companheira de equipe se senta ao meu lado, demonstrando que, mesmo tão pequena, é uma carnívora desmedida, devorando vários pedaços de picanha e muitos corações de galinha. Fico surpreendido quando, mais tarde, ela se prontifica a ajudar com a louça suja e vai toda saltitante até a pia, mesmo sob protestos de dona Rita.

— Ela é uma menina muito divertida, Maria Eduarda! — elogio-a, e Duda me encara com um sorriso orgulhoso.

— É, sim! Tessa tem essa energia, mas é muito carinhosa, preocupada e prestativa. Eu tenho muito orgulho da minha menina.

Uau!

Não é normal para um homem com uma família tão torta quanto a minha ouvir isso. Os Karamanlis entendem de orgulho, mas não esse tipo que vejo e sinto nas palavras dela; entendemos quase nada sobre afeto e, certamente, não sabemos nada sobre amor. Nunca ouvi nenhum membro da família se dirigir a um filho ou mesmo irmão com esse sentimento transbordando nos olhos.

De certa forma, isso mexe comigo, a tal ponto de eu imaginar como seria um Karamanlis se gerado, criado e amado por Maria Eduarda. Meu coração palpita, e arregalo os olhos ante o pensamento.

De onde veio isso? Não! Ver Duda no papel de mãe mexeu com minha imaginação, e pensar em um filho tendo uma infância diferente da que tive fez com que eu enlouquecesse de vez! Maria Eduarda nunca seria aceita pelo meu avô, e, como estou seguindo esse caminho – casamento e filhos – para agradar ao velho Geórgios, não tem sentido algum pensar nela.

— Tudo bem? — Ela pega minha mão.

Sorrio e assinto, gostando do contato dela, sentindo o frisson que sua pele causa na minha, nessa conexão tão foda que temos.

— Ontem à noite foi... — As bochechas dela ficam vermelhas ante minhas palavras, e abro um sorriso maldoso. — Não me peça para dormir no meu quarto essa noite, Maria Eduarda.

— Não vou — responde e me encara. — A noite de ontem foi perfeita.

Nego.

— Você é perfeita!

Só de pensar nisso, já sinto meu corpo acordando, ansiando por ela. Nem se eu tivesse tido um sonho erótico com ela teria sido tão gostoso como foi nossa noite ontem. E não digo pela surpresa, pelo banho de mar em plena madrugada ou mesmo pelo gozo dela naquela espreguiçadeira, mas pelo que aconteceu depois, o sexo mais foda dos meus 41 anos de existência.

Tudo começou quando voltamos para o iate depois de algum tempo na água, nadando e beijando. Eu estava louco para foder no mar, mas senti que ela estava tensa – nadar no escuro é uma experiência para poucos –, então não insisti. Subimos a bordo, e, assim que chegamos ao convés da popa, abracei-a por trás e provei sua pele com o sabor salgado do mar.

— Hum... você fica uma delícia temperada — disse em seu ouvido, invadindo a parte de cima de seu biquíni com as mãos.

Maria Eduarda arfou ao sentir minhas palmas sobre seus seios e se encostou mais em mim. Seus cabelos cheiravam a maresia, seu corpo estava quente, e as estrelas à nossa volta deixavam aquele momento inebriante como o champanhe que tínhamos bebido antes.

Duda é minha Afrodite, minha deusa da sensualidade, aquela que me tira do eixo, leva-me a fazer coisas que nunca pensei em fazer e a querer cultuar uma mulher com meu corpo inteiro, entregando-me inteiramente ao seu prazer.

Ontem, sua pele reagia à minha, seus sons complementavam os meus, e seu sabor era tudo o que minha boca queria provar. Eu respirava aquela mulher naquele momento. Não havia nada mais importante do que realizar todas as suas vontades e fantasias, perder-me em cada recôndito de seu corpo, insinuar-me entre suas carnes de mulher e me encontrar dentro dela.

Soltei o laço que prendia o sutiã do traje de banho e tive mais liberdade para sentir seus seios em minhas mãos, seu encaixe perfeito em minhas palmas, o roçar duro e extasiado de seus bicos entrando no vão dos meus dedos, acelerando meus batimentos cardíacos e a deixando completamente arrepiada.

Respirei pesado em seus ouvidos, seguindo-a em sua dança instintiva contra meu corpo, ondulando seus quadris em perfeita harmonia com o toque das minhas mãos sobre sua pele.

— Eu quero você inteira hoje — sussurrei. — Quero me entranhar em você de tal forma que não tenha noção de onde eu começo e onde você termina. — Gememos juntos. — Seu prazer é minha prioridade, mas todos os gemidos do seu orgasmo falarão meu nome e serão meus.

— Theo...

— Fala, Maria Eduarda. — Tirei uma das mãos do seu corpo e puxei minha bermuda para baixo, saindo do tecido molhado e deixando meu pau livre para se encontrar com a pele dela. — Diz para mim o que quer.

— Você — não pensou duas vezes em responder. — Eu quero só você.

— Já tem!

Virei-a antes que pudesse dizer algo e cobri sua boca com a minha, meus dedos embolados em seus cabelos úmidos, nossos corpos colados. Enquanto minha língua ia fundo em sua boca, eu podia sentir os mamilos túrgidos raspando em meu tronco e meu pênis roçando a entrada de seu umbigo.

— Porra! — gemi ao senti-la pegar meu membro com força. — Toca para mim, Duda!

Afastei-me um pouco para ver como ela agitava meu pau, fazendo-o ainda mais duro com suas carícias, indo até a ponta e descendo até a base. Fechei os olhos em dado momento, deliciando-me com o toque de sua mão em mim, querendo mais, insaciável, desesperado por ela.

— Mama meu pau, Maria Eduarda! — pedi, louco de tesão.

— Ainda não — negou, espalhando minha própria lubrificação sobre a glande.

— Porra! Chupa esse caralho agora! — Perdi a paciência, e ela só riu de mim, ignorando-me completamente. — Por favor!

Ela gargalhou quando implorei.

Eu imploraria até de joelhos se fosse necessário! Já não aguentava mais a tortura de estar com ela sem tocá-la, sem beijá-la, sem fodê-la. O dia todo sentindo seu perfume, ouvindo suas risadas, vendo sua boca e só pensando em me afogar nela, penetrar nessa espécie de nuvem de tesão que nos envolve em todos os momentos juntos.

Já havia comido sua boceta suculenta com a boca assim que havíamos chegado. Naquele momento, só pensava em sua boca em mim, na retribuição do prazer e em fazê-la engolir minha porra com gosto.

Rosnei de desejo só com o pensamento, e ela riu de novo, poderosa, segura de si, desafiadora.

— Foda-se! — disse antes de erguê-la nos braços e levá-la, ao som de gargalhadas deliciosas, para a suíte principal.

Mal entrei com ela no cômodo e já quis devolver a provocação. Mudei sua posição no meu colo, ela me abraçou com as pernas, e eu apenas afastei seu biquíni e entrei com tudo, afundando meu pau no paraíso que era sua vagina.

Gememos alto, boca com boca. Duda rebolava no meu colo, e eu a segurava com força, apoiado na parede e sustentando nosso peso com minhas pernas. Embora estivéssemos de pé, era ela quem me comia, tal qual uma amazona, apoiada em meus ombros e rebolando os quadris contra meu corpo.

Ah, porra, a sensação do meu pau se mexendo dentro dela, de suas paredes macias, quentes, úmidas e apertadas o engolindo cada vez mais, foi tudo muito gostoso!

Em dado momento – eu não sou de ferro – minhas pernas cansaram, e isso poderia afetar minha ereção, então caminhei com ela até a cama, deitei-a de costas, e foi minha vez de balançar contra ela.

Fodi feito um louco, sem nenhuma pena, sem nenhum limite. Fazia-a tremer a cada estocada, seus peitos balançavam abusados, impressionantes, sedutores. Levantei suas pernas e as segurei, esticadas e abertas, e ganhei a visão mais sacana de todas quando ela começou a se tocar para mim.

Parei um momento para acompanhar os dedos em movimentos circulares sobre seu clitóris. Duda me olhava enquanto se dava prazer descaradamente, com meu pau enfiado dentro de si. Eu podia sentir a agitação da masturbação dela causando um carinho involuntário, bem como leves contrações em sua vagina. Era como se ela estivesse me comendo de verdade, mastigando meu pau devagar.

— Porra, Maria Eduarda, que tesão!

Saí dela e me pus de joelhos no chão, louco para prová-la novamente. A safada enfiou dois dedos onde eu estivera e me deu para prová-los. Chupei-os com gosto, segurando-os com a sucção, impedindo-a de tirá-los da minha boca.

— Safado! — ela gemeu.

— Mais! — pedi, e ela riu, voltando a fazer o movimento, alimentando-me devagar com seu sabor íntimo.

Não aguentei mais e fui buscar eu mesmo direto da fonte, lambendo-a lentamente, do cu até o clitóris, adorando ouvir os seus gritos.

— Ergue as pernas — mandei, e ela atendeu. — Agora as segure juntas e puxe para você. — Sorri maldoso, deslumbrado pela visão ampla que isso me proporcionou. — Perfeita!

Separei as bochechas de sua bunda e chupei seu rabo como um bicho no cio. A textura do contorno maravilhoso, a pressão que senti quando invadi seu cuzinho com a língua, tudo isso contribuiu para me levar à loucura e me fazer desejar estar ali, dentro dele.

— Duda, eu preciso...

— Eu também!

Não titubeei e me pus ali, esfregando meu pau em sua entrada, usando sua lubrificação para que eu conseguisse deslizar sem dificuldade naquele buraquinho tão apertado.

— Abre as pernas e continua se masturbando para mim.

Duda não pensou duas vezes e, conforme eu ia, aos poucos, adentrando-a atrás, gemia e se contorcia, massageando seu clitóris. Fui cuidadoso o máximo que consegui, visando não a machucar, mas, quando me senti todo dentro dela, não pude mais controlar a vontade e comecei a me mover sem freio.

Ela agitava a mão sobre sua carne, e segurei suas pernas no ar, ondulando meus quadris, indo fundo em sua bunda. Pude sentir quando ela se aproximou do gozo. Meus movimentos ficaram frenéticos, sua respiração, mais rápida, e tudo se contraiu dentro dela.

Os gemidos me atingiram como um apertão nas bolas, e senti a dor física de segurar meu próprio orgasmo para assistir ao dela. Sua boceta escorrendo, uma delícia de se ver, em um gozo feminino inigualável. Seu corpo tremia todo quando eu me puxei para fora e, apertando os dentes, gozei sobre ela, espalhando esperma sobre sua pele, desmontando em cima dela, suado, tendo espasmos musculares e com os dentes travados para não baterem um no outro, tamanho prazer.

Ela sorriu e me tocou.

— Obrigada!

Franzi a testa com o agradecimento, mas respondi:

— O prazer foi todo meu!

Então ela me beijou, e senti algo tão diferente naquele beijo que isso ainda não saiu da minha cabeça. Que sensação foi aquela?

Encaro-a sorrindo para mim, nossos dedos se roçando sobre a mesa.

— Você me tira do chão! — declaro.

Ela fica séria, respira fundo e olha para baixo.

— Espero que isso seja bom.

Aperto sua mão.

— É ótimo!


— Ei, Theo, vamos apostar corrida? — Tessa grita e sai correndo, e Theo a persegue pela areia da pequena praia da ilha.

O sol está se pondo devagar, mas a luminosidade é espetacular, mesmo já sendo quase 7h da noite, pelo horário de verão. O mar desse lado é tão calmo que minha filha se divertiu como nunca, criando castelos de areia com minha tia, jogando bola comigo e nadando com Theo.

É surpreendente o quanto os dois se dão bem! Lá no cais, assim que descemos do carro, senti uma certa animosidade da parte de Tessa, mas isso logo passou, e minha filha se soltou com ele. Porém, não é Tessa que me deixa estarrecida, mas sim Theo. Eu nunca poderia esperar que ele gostasse de crianças e lhe disse isso em uma de nossas conversas dentro do iate, enquanto descansávamos abraçados na cama.

— Eu gosto. Tenho um afilhado pequeno, e me dava muito bem com minha irmã caçula quando era do tamanho de Tessa ou menor — ele se explicou.

— Ah, eu conheci sua irmã. É Kara?

— Kyra — corrigiu com um sorriso triste. — Conheceu-a no baile dos Villazzas?

— Foi! — Aconcheguei-me nos braços dele. — Ela é belíssima, muito exótica!

Theo gargalhou.

— Ela é a cara da giagiá e sempre ficou puta quando dissemos isso.

— Quem é giagiá?

— Minha avó, Dorothea Karamanlis. — Abri um enorme sorriso por ele estar falando da família e com a voz bem carinhosa, demonstrando que sente afeto por eles. Theo por vezes me pareceu tão frio com relação aos seus parentes que eu me questionava qual era o relacionamento entre eles. — Alexios e Kyra são os que mais se parecem com ela.

— Alexios?

— Mais irmãos... — Suspirou, e eu imaginei que ia mudar de assunto. No entanto, continuou: — Tenho três: Konstantinos, Alexios e Kyra.

— Família grande! — Senti uma pontadinha no coração ao pensar em meu próprio irmão. — Eu tinha um também... — Não tinha a intenção de ficar com a voz tremida, mas acabou acontecendo. — Morreu um pouco antes do papai.

— Sinto muito. — Theo beijou minha testa. — Família é um tema sempre complicado. Eu quase nunca falo sobre isso com alguém. A não ser com Millos, que é meu primo, e com Frank, que é um grande amigo.

Ergui-me na cama e o encarei.

— Já posso ser considerada sua amiga também, então?

Theo ficou um tempo me olhando, sério, como se buscando uma resposta para a pergunta que fiz. Não era minha intenção colocá-lo contra a parede, e, juro, tentei rir e desviar a pergunta, mas a sua resposta me surpreendeu:

— Não, você é mais que isso! — Deslizou os dedos pelos meus cabelos. — Eu confio em você, Maria Eduarda, sinto uma cumplicidade que nunca tive com nenhuma outra pessoa. Eu não sei o que somos, nem quero me arriscar a rotular isso, mas posso garantir que você já é alguém importante para mim.

Não sei como não desmoronei naquele momento! Meus olhos arderam por causa das lágrimas que segurei, e meu coração parecia um peixe brigador, lutando para não ser fisgado.

Rio de mim mesma ao me lembrar disso e do quanto tentei me iludir na noite passada. Eu estou fisgada, irremediavelmente fisgada por ele. Apaixonada de um jeito tão forte, mas ao mesmo tempo tão natural. Como eu conseguiria não abrir meu coração para esse homem? Sei que é burrice – das grandes, diga-se de passagem –, porém, foi humanamente impossível seguir o conselho da Manola.

Estou apaixonada por Theodoros Karamanlis!

— Se der mais um suspiro desse, eu juro que arranjo um arpão com o senhor Paulo e obrigo aquele grego a se casar com você!

Abraço minha tia.

— Eles se deram tão bem e são tão bonitos juntos...

— Filha, você me prometeu que não iria deixar que ele a machucasse!

— Mas ele não está!

— Mas vai, principalmente se você começar a ver vocês três como uma família. — Assinto, dando razão a ela. — Theo não demonstrou nenhum indício de querer assumir algo mais sério com você...

— Estamos saindo há apenas algumas semanas!

— Eu sei, mas, quando se tem uma criança no meio, é necessário o dobro de cautela num relacionamento, e não vou mentir para você, eu esperava que vocês a protegessem acima de tudo. Tessa está criando essas mesmas fantasias, minha filha — olho-a assustada ao ouvir isso. — Ontem à noite ela acordou no meio da madrugada e perguntou a mim se ele poderia ser pai dela se vocês dois se casassem.

— Ai, merde!

Tia Do Carmo pegou minha mão.

— Converse com sua filha, Duda.

— Eu vou — garanto. — Obrigada pelo conselho.

 


                                                                CONTINUA