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ÚLTIMO SACRIFÍCIO / Richelle Mead
ÚLTIMO SACRIFÍCIO / Richelle Mead

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

 

    

 

PRIMEIRA PARTE

 

Eu não gosto de jaulas.

Eu nem mesmo gosto de ir ao zoo. A primeira vez em que eu fui em um, eu quase tive um ataque claustrofóbico olhando para aqueles pobres animais. Eu não conseguia imaginar qualquer criatura vivendo daquele jeito. Algumas vezes eu até mesmo me sentia mal pelos criminosos, condenados a viver numa cela. Eu certamente nunca tinha imaginado passar a minhavida em uma.

Mas ultimamente, a vida parecia estar me colocando em situações que eu nunca esperara, porque cá estava eu, trancafiada.

— Hey! — eu gritei, agarrando as barras de aço que me isolavam do mundo. — Por quanto tempo eu terei que ficar aqui? Quando é o meu julgamento? Você não pode me manter nesse calabouço pra sempre! —

Tá, isso não era exatamente um calabouço, não no sentido escuro, cheio de correntes. Eu estava dentro de uma pequena cela com paredes planas, um piso plano, e bem... tudo plano. Imaculado. Estéril. Frio. Na verdade, era mais depressivo do que qualquer calabouço mofado que eu podia imaginar. As barras na entrada eram frias contra minha pele, duras e inflexíveis. Luzes fluorescentes faziam o metal brilhar num jeito que pareceu desagradável e irritante para os meus olhos. Eu podia ver o ombro de um homem parado rigidamente no lado da entrada da cela e sabia que provavelmente havia mais quatro guardiões no corredor fora da minha vista. Eu também sabia que nenhum deles ia me responder, mas aquilo não me impediu de continuar exigindo respostas deles constantemente pelos últimos dois dias.

Quando o silêncio usual veio, eu suspirei e afundei novamente na cama estreita no canto da cela. Como qualquer outra coisa na minha nova casa, a pequena cama era sem cor e rígida. É. Eu realmente estava começando a desejar que eu estivesse num calabouço de verdade. Ratos e teias de aranha teriam, ao menos, me dado algo para assistir. Eu encarei o teto e imediatamente tive o desorientador sentimento que sempre tinha aqui: que o teto e as paredes iam se fechar contra mim. Como se eu não pudesse respirar. Como se as laterais da cela fossem continuar vindo até mim até que não sobrasse mais espaço, sugando todo o ar...

Eu sentei abruptamente, arfando.Não olhe para o teto e as paredes, Rose,briguei comigo mesma. Ao invés, eu olhei para minhas mãos entrelaçadas e tentei imaginar como foi que eu me meti nessa bagunça.

A resposta inicial era obvia: alguém me enquadrou por um crime que eu não cometi. E não era um crime pequeno. Era assassinato. Eles tiveram a audácia de me acusar do maior crime que um Moroi ou dhampir poderiam cometer. Agora, isso não é dizer que eu nunca havia matado antes. Eu já matei. Eu também já cumpri minha cota de quebra de regras (e até mesmo da lei). Assassinato a sangue frio, porém, não estava no meu repertorio. Especialmente não o assassinato de uma rainha.

Era verdade que a Rainha Tatiana não era uma amiga minha. Ela foi a fria e calculista governante dos Moroi — uma raça de vampiros vivos e usuários de mágica que não matavam vitimas por sangue. Tatiana e eu tivemos uma relação dura por um numero de razoes. Uma era eu namorando seu sobrinho-neto, Adrian. O outro era minha desaprovação de suas políticas para combater os Strigoi — os maus, vampiros mortos vivos que perseguiam a todos nós. Tatiana me enganou muitas vezes, mas eu nunca a quis morta. Porém, aparentemente, alguém quis, e eles deixaram uma trilha de evidencias ligadas diretamente a mim, a pior eram minhas digitais por toda a estaca que matou Tatiana. É claro, eraminhaestaca, então naturalmente teria minhas digitais. Ninguém pareceu achar que isso era relevante.

Eu suspirei novamente e tirei do meu bolso um pequeno e amassado pedaço de papel. Meu único material de leitura. Eu o apertei na minha mão, sem a necessidade de olhar para as palavras. Faz tempo que eu as memorizei. O conteúdo da nota me fez questionar o que eu sabia sobre a Tatiana. Fez-me questionar muitas coisas.

Frustrada com meus arredores, eu escorreguei deles para os de outra pessoa: minha melhor amiga Lissa. Lissa era uma Moroi, e nós dividimos um laço psíquico, um que me permite ir até sua mente e ver o mundo através de seus olhos. Todos os Moroi dominavam um tipo de elemento mágico. O da Lissa era o Espírito, um elemento ligado à psique e poderes de cura. Era raro entre os Moroi, que normalmente usavam elementos físicos, e nós mal entendemos suas habilidades — que eram incríveis. Ela usou o espírito para me trazer de volta dos mortos alguns anos atrás, e foi isso que formou nosso laço.

Estar em sua mente me libertava da minha jaula, mas oferecia pouca ajuda para meu problema. Lissa tem trabalhado duro para provar minha inocência, desde que ouviu que todas as evidencias estavam contra mim. Minha estaca ter sido usada no assassinado foi apenas o começo. Meus oponentes foram rápidos em lembrar a todos sobre meu antagonismo para com a rainha e até mesmo encontraram uma testemunha para testemunhar sobre meu paradeiro durante o assassinato. O testemunho me deixou sem um álibi. O Conselho decidiu que havia evidencias o bastante para me mandar para um julgamento completo — onde eu receberia meu veredicto.

Lissa tem tentado desesperadamente conseguir a atenção das pessoas e as convencer de que foi um engano. Ela estava tendo problemas em encontrar alguém que ouvisse porque toda a Corte Real Moroi estava consumida com os preparativos para o elaborado funeral de Tatiana. A morte de um monarca era uma coisa grande. Moroi e dhampirs — meio vampiros como eu — viriam de todo o mundo para ver o espetáculo. Comida, flores, decorações, até mesmo músicos... tudo o que for possível. Se a Tatiana tivesse se casado, eu duvidava que o evento teria sido tão elaborado. Com tamanha atividade e barulho, ninguém se importava sobre mim agora. Até onde as pessoas sabiam, eu estava seguramente encarcerada e incapacitada de matar novamente. O assassino da Tatiana foi encontrado. A justiça foi feita. Caso encerrado.

Antes que eu pudesse ter uma visão clara dos arredores da Lissa, um barulho na cadeia me puxou de volta para minha própria cabeça. Alguém havia entrado na área e estava falando com os guardas, pedindo para me ver. Era meu primeiro visitante em dias. Meu coração disparou, e eu voltei para as grades, esperando que fosse alguém que me diria que isso tinha sido um terrível engano.

Meu visitante não era exatamente quem eu esperava.

— Abe, — eu disse cansada. — O que você está fazendo aqui? —

Abe Mazur estava em pé diante de mim. Como sempre, ele era um espetáculo para os olhos. Estávamos no meio do verão — quente e úmido, vendo que estávamos no meio da Pensilvânia rural — mas isso não o impediu de usar um terno completo. Era um terno chamativo, perfeitamente costurado e adornado com uma gravata de seda roxa brilhante, combinando com um cachecol que apenas parecia ser exagero. Jóias douradas brilhavam contra o arroxeado de sua pele, e ele parecia ter aparado recente sua barba preta curta. Abe era um Moroi, e mesmo que ele não fosse da realeza, ele tinha influencia o bastante para ser.

Ele também era meu pai.

— Eu sou o seu advogado, — ele disse alegremente. — Estou aqui pra te dar assessoria jurídica, é claro. —

— Você não é um advogado, — eu o lembrei. — E o seu ultimo conselho não funcionou tão bem. — Isso era maldade da minha parte. Abe — mesmo não tendo treinamento legal — me defendeu na minha audição. Obviamente, desde que eu estou trancafiada e seguindo para um julgamento, o êxito disso não tem sido muito bom. Mas, em toda a minha solidão, eu acabei percebendo que ele estava certo sobre uma coisa. Nenhum advogado, não importa quão bom, poderia ter me salvado na audição. Eu tinha que lhe dar crédito por ter investido numa causa perdida, considerando nossa relação rudimentar, eu ainda não estava certa do motivo pelo qual ele o fizera. Minhas maiores teorias eram de que ele não confiava na realeza e que ele sentiu uma obrigação paternal. Nessa ordem.

— Minha performance foi perfeita, — ele argumentou. — Só que no seu discurso convincente, quando você disse ‘se eu fosse a assassina’, não nos fez favor algum. Colocar aquela imagem na cabeça do juiz não foi a coisa mais inteligente que você poderia ter feito. —

Eu ignorei a alfinetada e cruzei meus braços. — Então o que você está fazendo aqui? Eu sei que não é uma visita puramente paternal. Você nunca faz algo sem um propósito. —

— Mas é claro que não. Para que fazer algo sem uma razão? —

— Não comece com a sua lógica circular. —

Ele piscou. — Não precisa ficar com ciúmes. Se você trabalhar duro e colocar sua mente nisso, você pode acabar herdando minhas brilhantes habilidades de lógica algum dia. —

— Abe, — eu avisei. — Vá em frente. —

— Tá, tá, — ele disse. — Eu vim lhe dizer que seu julgamento talvez seja reagendado. —

— O-o que? Estas são ótimas noticias! — ao menos, eu achei que eram. A expressão dele dizia o contrario. A ultima vez que eu ouvi, meu julgamento poderia estar a meses a frente. O mero pensar nisso — ficar nessa cela por tanto tempo — me fez sentir claustrofóbica de novo.

— Rose, você consegue perceber que seu julgamento será quase como sua audição? Mesma evidencia e veredicto de culpada. —

— Sim, mas tem que ter algo que possamos fazer antes disso, certo? Encontrar a prova pra me deixar limpa? — De repente, eu tive uma boa ideia de qual era o problema. — Quando você diz ‘reagendado’, a quanto tempo você se refere? —

— Idealmente, eles gostariam de faze-lo depois que um novo rei ou rainha seja coroado. Você sabe, parte das festividades pós-coroaçao. —

Seu tom era desenvolto, mas eu encarei seu olhar escuro, eu entendi o significado completo. Números crepitaram na minha mente. — O funeral é nessa semana, e as eleições são logo depois... Você está dizendo que eu poderia ir a julgamento e ser condenada em, o que, praticamente duas semanas? —

Abe assentiu.

Eu voei contra as barras novamente, meu coração pulsando no meu peito. — Duas semanas? Sério? —

Quando ele disse que o julgamento tinha sido reagendado, eu havia pensado que talvez estivesse há um mês. Tempo o bastante pra encontrar novas evidencias. Como é que eu poderia ter pensado nisso? Claro. Agora, o tempo estava correndo mais rápido. Duas semanas não era o bastante, especialmente com tanta atividade na Corte. Momentos atrás, eu estava ressentido o alongamento de tempo que eu poderia enfrentar. Agora, eu tinha muito pouco disso, e a resposta para minha próxima pergunta poderia piorar as coisas.

— Quanto tempo? — eu perguntei, tentando controlar o tremor na minha voz. — Quanto tempo após o veredicto para que eles... cumpram a sentença? —

Eu ainda não sabia inteiramente o que eu havia herdado do Abe, mas nós claramente parecíamos compartilhar um traço: uma inabalável habilidade para entregar más noticias.

— Provavelmente imediatamente. —

— Imediatamente. — Eu fui para trás, mal me sentando na cama, e então senti uma nova descarga de adrenalina. — Imediatamente? Então. Em duas semanas. Em duas semanas, eu posso estar... morta. —

Porque era isso — a coisa que estava circulando minha mente no momento em que ficou claro que alguém havia implantado evidencias o bastante para me culpar. Pessoas que matavam rainhas não eram mandadas para a prisão. Elas eramexecutadas. Poucos crimes entre os Moroi e dhampirs tinham esse tipo de punição. Nós tentávamos ser civilizados na nossa justiça, mostrando que somos melhores do que os Strigoi sedentos por sangue. Mas certos crimes, perante a lei, mereciam a morte. Certas pessoas mereciam isso, também — tipo assassinas traidoras. Enquanto o impacto total do futuro me atingia, eu me senti tremendo e lagrimas estavam perigosamente perto de escorrer de meus olhos.

— Isso não é justo! — eu disse a Abe. — Isso não é justo e você sabe disso! —

— O que eu penso não importa, — ele disse calmamente. — Estou simplesmente entregando os fatos. —

— Duas semanas, — eu repeti. — O que nós podemos fazer em duas semanas? Digo... você tem alguma pista, né? Ou... ou... você pode encontrar algo até lá? Essa é sua especialidade. — Eu estava gaguejando e sabia que soava histérica e desesperada. Claro, porque eu estava histérica e desesperada.

— Será difícil conquistar tanto, — ele explicou. — A Corte está preocupada com o funeral e com as eleições. As coisas estão desorganizadas — o que é bom e ruim. —

Eu sabia tudo sobre os preparativos pela Lissa. Eu podia ver o caos crescente. Encontrar qualquer tipo de evidencia nessa bagunça não seria simplesmente difícil. Poderia muito bem ser impossível.

Duas semanas. Duas semanas e eu posso estar morta.

— Eu não posso, — disse a Abe, minha voz falhando. — Eu não... deveria morrer dessa forma. —

— Oh? — ele arqueou uma sobrancelha. — Você sabe como você deveria morrer? —

— Em batalha. — Uma lagrima pôde escapar, e eu rudemente a afastei. Eu vivi a minha vida com uma imagem de dureza. Eu não queria isso despedaçando, não agora quando isso era o mais importante. — Em batalha. Defendendo aqueles que amo. Não... não através de alguma execução planejada. —

— Isso é uma batalha de sortes, — ele meditou. — Não apenas uma física. Duas semanas ainda são duas semanas. Isso é ruim? Sim. Mas é melhor do que uma semana. E nada é impossível. Talvez alguma nova evidencia apareça. Você simplesmente precisa esperar e ver. —

— Eu odeio esperar. Essa sala... é tão pequena. Eu não consigo respirar. Vai me matar antes que os carrascos o façam. —

— Eu duvido muito disso. — A expressao de Abe ainda era fria, com sinal algum de simpatia. Amor duro. — Você lutou contra grupos de Strigoi sem medo, ainda assim não pode ligar com uma sala pequena? —

— É mais do que isso! Agora eu tenho que esperar cada dia nesse buraco, sabendo que tem um relógio contando minha morte e quase não há possibilidades de pará-lo. —

— Às vezes os maiores testes da nossa força são situações que não são obviamente perigosas. Às vezes sobreviver é a coisa mais difícil. —

— Oh. Não.Não. — Eu lancei, andando em pequenos círculos. — Não comece com toda essa droga de nobreza. Você soa como o Dimitri quando ele costumava me dar suas profundas lições de vida. —

— Ele sobreviveu a essa mesma situação. Ele está sobrevivendo a outras coisas também. —

Dimitri.

Eu inspirei profundamente, acalmando-me antes de responder. Até essa bagunça de assassinato, Dimitri era a maior complicação da minha vida. Um ano atrás — embora pareça uma eternidade — ele foi meu instrutor no colegial, treinando-me para ser um dos dhampir guardiões que protegem Moroi. Ele conseguiu isso — e muito mais. Nós nos apaixonamos, algo que não era permitido. Nós lidamos com isso o melhor que pudemos, até mesmo bolamos um jeito de ficarmos juntos. Essa esperança desapareceu quando ele foi mordido e transformado em Strigoi. Foi um pesadelo pra mim. Então, através de um milagre que ninguém acreditava ser possível, Lissa usou espírito para transforma-lo de volta em um dhampir. Mas, infelizmente, as coisas não tornaram a ser exatamente como eram antes do ataque Strigoi.

Eu olhei para Abe. — Dimitri sobreviveu a isso, mas ficou horrivelmente deprimido! Ele ainda está. Sobre tudo… — Todo o peso das atrocidades que ele cometeu enquanto Strigoi assombravam Dimitri. Ele não conseguia se perdoar e jurava que nunca poderia amar alguém agora. O fato de eu ter começado a namorar com o Adrian não ajudava. Depois de um numero de esforços futeis, eu aceitei que o Dimitri e eu era passado. Eu segui em frente, esperando ter algo real com o Adrian agora.

— Certo, — Abe disse secamente. — Ele está deprimido, mas você é a imagem de felicidade e diversão. —

Suspirei.

— Às vezes conversar com você é como conversar comigo mesma: muito irritante. Existe outra razão para você estar aqui? Outra além de me entregar as terriveis novidades? Eu estaria mais feliz vivendo na ignorancia. — Eu não deveria morrer desse jeito. Eu não deveria ver isso chegando. Minha morte não é algum compromisso marcado num calendário.

Ele deu de ombros.

— Eu só queria te ver. E suas acomodações. —

Sim, ele queria mesmo, percebi. Os olhos de Abe sempre voltavam para mim enquanto falavamos; não houve uma pergunta sequer em que prendi sua atenção. Não havia nada em nossa ironia para preocupar os guardas. Mas de quando em quando, eu via o olhar do Abe passear ao redor, olhando o corredor, minha cela, a quaisquer outros detalhes que ele achasse interessante. Abe não ganhou sua reputação comozmey— a serpente — por nada. Ele estava sempre calculando, sempre procurando por uma vantagem. Parecia que minha tendência para planos loucos veio de familia.

— Eu também queria te ajudar a passar o tempo. — Ele sorriu e por debaixo de seu braço, ele me entregou duas revistas e um livro através das barras. — Talvez isso vá melhorar as coisas. —

Eu duvidava que qualquer entretenimento iria tornar a contagem de duas semanas para minha morte mais aturável. As revistas eram de moda e cabelo. O livro eraO Conde de Monte Cristo. Eu o ergui, precisando fazer uma piada, precisando fazer qualquer coisa para tornar isso menos real.

— Eu vi o filme. Sua mensagem subliminar não é realmente tão subliminar. A não ser que tenha escondido algo aqui. —

— O livro sempre é melhor do que o filme. — Ele começou a se virar. — Talvez nós tenhamos uma discussão literária na próxima vez. —

— Espera. — Eu joguei o material de leitura na cama. — Antes de você ir... em toda essa bagunça, ninguém realmente descobriu quem a matou na verdade. — Quando Abe não respondeu diretamente, eu lancei-lhe um olhar afiado. — Você acredita que eu não fiz isso, né? — Até onde eu sabia, ele acreditava que eu era culpada e estava apenas tentando ajudar, mesmo assim.

— Eu acredito que minha doce filha é capaz de assassinato, — ele finalmente disse. — Mas não esse. —

— Então quem fez isso? —

— Isso, — ele disse antes de andar para longe, — é algo em que eu estou trabalhando. —

— Mas você disse que estamos ficando sem tempo! Abe! — Eu não queria que ele fosse embora. Eu não queria ficar sozinha com meu medo. — Não há como consertar isso! —

— Só se lembre do que eu te disse na sala do tribunal, — ele respondeu.

Ele saiu do meu campo de visão, e eu sentei na cama, lembrando-me daquele dia na corte. No final da audição, ele me disse — infleximente — que eu não seria executada. Ou ir para um julgamente. Abe Mazur não era do tipo que fazia promesas vazias, mas eu estava começando a pensar que mesmo ele tinha seus limites, especialmente desde que nosso tempo tinha sido reajustado.

Eu novamente peguei o amassado pedaço de papel e o abri. Também veio da sala do tribunal, foi-me entregue por Ambrose — Servo e brinquedinho da Tatiana.

Rose, se você está lendo isso, então algo terrivel aconteceu. Você provavelmente me odeia, e eu não te culpo. Eu apenas posso pedir que você confie que o que eu fiz com o decreto da idade foi melhor para o seu povo do que os outros tinham planejado. Existem alguns Moroi que querem forçartodos os dhampirs a servirem, queiram eles ou não, usando compulsão. O decreto da idade desacelerou essa facção.

No entanto, eu lhe escrevo com um segredo que você deve resolver, e é um segredo que você deve partilhar com o menor numero de pessoas possível. Vasilisa precisa de seu lugar no Conselho, e isso pode ser feito. Ela não é a ultima Dragomir. Outro vive, o filho ilegitimo de Eric Dragomir. Eu não sei de mais nada, mas se você puder encontrar esse filho ou filha, você dará a Vasilisa o poder que ela merece. Não importam suas faltas e seu temperamento perigoso, você é a única que eu sinto que pode cumprir essa tarefa. Não perca tempo.

Tatiana Ivashkov

As palavras não haviam mudado desde as ultimas cem vezes que eu as havia lido, nem as perguntas a que elas sempre levavam. O bilhete era verdadeiro? Tatiana realmente o escreveu? Teria ela — em contraponto com sua atitude hostil — confiado em mim com esse conhecimento perigoso? Existiam doze familias reais que decidiam pelos Moroi, mas por todas as intenções e propósitos, poderia muito bem existir apenas onze. Lissa era a última de sua linha, e sem outro membro da familia Dragomir, a lei Moroi dizia que ela não tinha poder para se sentar e votar com o Conselho que faziam nossas decisões. Algumas leis bem ruins já foram feitas, e se o bilhete era verdadeiro, mais viriam. Lissa poderia lutar contra essas leis — e algumas pessoas não gostariam disso, pessoas que já haviam mostrado suas boas intenções em matar.

Outro Dragomir.

Outro Dragomir queria dizer que Lissa poderia votar. Um voto a mais no Conselho poderia mudar muita coisa. Poderia mudar o mundo Moroi. Poderia mudar meu mundo — digamos, se eu seria considerada culpada ou não. E certamente, poderia mudar a vida de Lissa. Todo esse tempo ela acreditou estar sozinha. Ainda... eu me perguntava se ela acolheria um meio irmão. Eu aceitei que meu pai era um canalha, mas Lissa sempre teve seu pai sobre um pedestal, acreditando no melhor dele. Essa novidade viria como um choque, e mesmo que eu tenha treinado a minha vida toda para mantê-la a salvo de perigos físicos, eu estava começando a pensar que existiam outras coisas das quais ela precisava ser protegida.

Mas primeiramente,euprecisava da verdade. Precisava saber se o bilhete tinha realmente vindo da Tatiana. Eu estava certa de que poderia descobrir, mas envolvia algo que eu odiava fazer.

Bem, por que não? Não era como se eu tivesse outra coisa pra fazer no momento.

Levantando-me da cama, eu me virei de costas para as barras e encarei a parede vazia, usando-a como ponto de foco. Preparando-me, lembrando que eu era forte o bastante para manter o controle, libertei as barreiras mentais que eu subconsciente sempre deixei em minha mente. Uma grande pressão foi tirada de mim, como ar escapando de um balão.

E de repente, eu estava cercada por fantasmas.

 

COMO SEMPRE, ERA DESORIENTADOR. Rostos e crânios, translúcidos e luminescentes, todos pairando ao meu redor. Eles se atraiam a mim, pairando em uma nuvem como se desesperadamente precisassem de algo. E na verdade, eles provavelmente precisavam. Os fantasmas que permaneciam nesse mundo não tinham descanso, almas que tinham motivos

para voltar. Quando Lissa me trouxe dos mortos, eu permaneci conectada ao mundo deles.

Tinha sido preciso muito trabalho e auto controle para aprender a bloquear os fantasmas que me seguiam. As wards mágicas que protegiam a Corte Moroi na verdade mantinham a maior parte dos fantasmas longe de mim, mas dessa vez, eu queria eles aqui. Dar a eles acesso, atraí-los... bem, era algo perigoso.

Algo que me disse que se havia algum espírito sem paz, seria a rainha que tinha sido assassinada em sua própria cama. Eu não vi nenhum rosto familiar neste grupo, mas não perdi a esperança.

— Tatiana, — eu murmurei, focando meus pensamentos no rosto da rainha morta. — Tatiana, venha até mim. —

Uma vez fui capaz de convocar um fantasma facilmente: meu amigo Mason, que foi morto por um Strigoi. Embora Tatiana e eu não éramos tão próximas quando Mason e eu tínhamos sido, certamente tínhamos uma conexão.Por um tempo, nada aconteceu. O mesmo borrão de rostos estava diante de mim, na cela, e eu comecei a me desesperar.Então, de repente, ela estava ali.

Ela estava com as roupas que havia sido assassinada, uma camisola e um roupão cobertos de sangue. Suas cores estavam fracas, piscando como a tela de uma TV funcionando mal. Mesmo assim, a coroa em sua cabeça dava a ela o mesmo ar de realeza que eu lembrava. Assim que ela materializou, ela não disse ou fez nada. Ela simplesmente me encarou, seu olhar negro praticamente perfurando minha alma. Várias emoções passaram pelo meu peito. Aquela reação que eu sempre tinha quando estava perto de Tatiana — raiva e ressentimento — aumentaram. Então, foi silenciada pela surpreendente onda de simpatia. A vida de ninguém deveria terminar como a dela.

Eu hesitei, temendo que os guardas me ouvissem. De alguma forma, eu tinha a sensação que o volume da minha voz não importava, e nenhum dele podia ver o que eu vi. Eu ergui o bilhete.

— Você escreveu isso? — eu suspirei. — Isso é verdade? —

Ela continuou a encarar. O fantasma de Mason tinha se comportado de forma similar.

Convocar os mortos era uma coisa; se comunicar com eles era outra bem diferente.

— Eu preciso saber. Se tem outro Dragomir, eu vou encontrá-lo. — Não tinha porque dizer que eu não estava em posição para encontrar ninguém. — Mas você tem que me dizer. Você escreveu essa carta? É verdade? —

Apenas aquele olhar louco me respondeu. Minha frustração cresceu, e a pressão de todos aqueles espíritos começou a me dar dor de cabeça. Aparentemente, Tatiana era tão irritante morta quanto tinha sido viva.

Eu estava prestes a trazer minhas proteções de volta e afastar os fantasmas quando Tatiana fez o menos dos movimentos. Foi um pequeno aceno, quase indetectável. Seus olhos duros então foram do bilhete em minha mão, e, do nada — ela desapareceu.

Eu coloquei de volta minhas proteções, usando toda minha vontade para me fechar aos mortos. A dor de cabeça não desapareceu, mas os rostos sim. Eu afundei de volta na cama e encarei o bilhete sem vê-lo. Ali estava minha resposta. O bilhete era real. Tatiana o tinha escrito. De alguma forma, eu duvidava eu o fantasma dela tivesse motivos pra mentir.

Me esticando, eu descansei minha cabeça no travesseiro e esperei aquela terrível sensação passar. Eu fechei meus olhos e usei o laço de espírito para retornar e ver o que Lissa estava fazendo. Desde minha prisão, ela esteve ocupando implorando e discutindo em meu nome, então esperei encontrar mais do mesmo. Ao invés disso... ela estava comprando um vestido.

Eu quase fiquei ofendida pela frivolidade da minha melhor amiga, até que percebi que ela estava procurando por um vestido para o funeral. Ela estava em uma das lojas da Corte, uma que servia as famílias reais. Para minha surpresa, Adrian estava com ela. Ver seu rosto familiar e bonito, acalmou um pouco do medo dentro de mim. Uma rápida vasculhada em sua mente, me disse porque ele estava lá: ela o convenceu a ir, porque não queria que ele ficasse sozinho.

Eu podia entender porquê. Ele estava completamente bêbado. Era surpreendente que ele conseguisse ficar de pé, na verdade, eu suspeitava que a parede em que ele estava inclina era tudo que o mantinha erguido. O cabelo castanho dele estava uma confusão — e não da forma proposital que ele geralmente arrumava. Seus olhos verdes profundos estavam vermelhos.

Como Lissa, Adrian era um usuário de espírito. Ele tinha uma habilidade que ela ainda não tinha: ele podia visitar os sonhos das pessoas. Eu esperei que ele me visitasse desde que fui presa, e agora fazia sentido o porque dele não ter feito. Álcool atordoava espírito. De certa forma, isso era algo bom. O espírito em excesso cria uma escuridão que leva os seus usuários a insanidade. Mas passar a vida eternamente bêbado também não é muito saudável.

Ver ele através dos olhos de Lissa disparou uma confusão emocional quase tão intensa quanto a que eu tinha experimentado com Tatiana. Eu me sentia mal por ele. Ele estava obviamente preocupado e chateado por mim., e os eventos da ultima semana o tinham ocupado tanto quanto o resto de nós. Ele também perdeu sua tia a quem, apesar de sua atitude brusca, ele gostava.

Ainda sim, apesar de tudo isso, eu me senti... . desprezada. Isso era injusto, talvez, mas não conseguia evitar. Eu gostava tanto dele e entendia o porque dele estar chateada, mas havia formas melhores de lidar com sua perda. Seu comportamento era quase covarde. Ele estava se escondendo de seus problemas com uma garrafa, algo que ia contra toda minha natureza. Eu?

Eu não podia deixar meus problemas ganharem sem lutar.

— Veludo, — a lojista disse a Lissa com certeza. A mulher Moroi ergueu um volumoso vestido de gala. — Veludo é uma tradição entra a corte real. —

Junto com o resto da fanfarra, o funeral de Tatiana ia ter uma escolta cerimonial andando junto com o caixão, com um representante de cada família. Aparentemente, ninguém se importava que Lissa cumprisse aquele papel pela sua família. Mas votar? Esse era outro assunto.

Lissa olhou o vestido. Parecia mais uma fantasia de Halloween do que um vestido de funeral.

— Está 32 graus lá fora, — disse Lissa. — E úmido. —

— Tradição exige sacrifícios, — a mulher disse de forma dramática. — Assim como a tragédia. —

Adrian abriu sua boca, sem duvidas para dizer algum comentário desapropriado de gozação.

Lissa deu a ele um olhar afiado que o manteve quieto. — Não tem, eu não sei, alguma opção sem mangas? —

Os olhos da vendedora se alargaram. — Ninguém nunca usou manca curta para um funeral real. Não seria certo. —

— Que tal shorts? — perguntou Adrian. — Tem algum problema se usarmos com uma gravata? Porque é com isso que eu vou. —

A mulher parecia horrorizada. Lissa deu a Adrian um olhar de desdém, não por causa do comentário — que ela achou divertido — mas porque ela também estava enojada com seu constante estado de intoxicação.

— Bem, ninguém me trata como alguém realmente da realeza, — disse Lissa, se voltando para o vestido. — Não tem porque agir como uma agora. Me mostre o que você tem de manga cavada e manga curta. —

A vendedora fez uma careta, mas obedeceu. Ela não tinha problemas em aconselhar a realeza sobre moda mas não se atreveria a ordenar que fizessem ou usassem qualquer coisa. Isso era parte das classes do nosso mundo. A mulher andou pela loja e encontrou os vestidos requisitados, assim que o namorado de Lissa e sua tia entraram na loja.

Christian Ozera, eu pensei, era como Adrian deveria estar agindo. O fato de que eu sequer podia pensar assim era surpreendente. As coisas realmente mudaram, já que estou vendo Christian como um modelo a se seguir. Mas era verdade. Eu observei ele com Lissa a última semana, e Christian esteve determinado e firme, fazendo o que podia para ajudar ela a lidar com a morte de Tatiana e minha prisão. Pela sua cara agora, era obvio que ele tinha algo importante a dizer.

Sua tia, Tasha Ozera, era outra que permanecia forte e com graça sobre pressão. Ela o criou depois que seus pais se tornaram Strigoi — e atacaram ela, deixando Tasha com cicatrizes em um lado de seu rosto. Moroi sempre confiaram em guardiões para defendê-los, mas depois desse ataque, Tasha decidiu tomar providencias com as próprias mãos. Ela aprendeu a lutar, treinou com todo tipo de corpo a corpo e armas. Ela era bem fodona e constantemente insistia que outros Moroi deveriam aprender combate também.

Lissa soltou o vestido que estava examinando e foi até Christian ansioso. Depois de mim, ela não confiava em mais ninguém no mundo, tanto quanto ele. Ele tinha sido sua pedra durante tudo isso.

Ele olhou ao redor, não parecendo muito alegre por estar cercado de vestidos. — Vocês estão fazendo compras? — ele perguntou, olhando de Lissa para Adrian. — Tirando um pouco de tempo para garotas? —

— Hey, você tem benefícios em mudar seu guarda-roupa, — disse Adrian. — Além do mais, eu aposto que você ficaria ótimo em uma bata. —

Lissa ignorou a conversa de homem e se focou nos Ozeras. — O que você descobriu? —

— Eles decidiram não agir, — disse Christian. Seus lábios curvados em desdém. — Bem, nenhum tipo de punimento. —

Tasha acenou. — Estamos tentando forçar a ideia de que ele apenas pensou que Rose estava em perigo e pulou antes de perceber o que estava acontecendo. —

Meu coração parou. Dimitri. Eles estavam falando de Dimitri.

Por um momento, eu não estava mais com Lissa. Eu não estava mais na minha cela. Ao invés disso, eu estava de volta ao dia da minha prisão. Eu estava discutindo com Dimitri na cafeteria, xingando ele por sua recusa continua de conversar comigo, muito menos continuar nossa antiga relação. Naquele instante eu decidi que tinha terminado tudo, que as coisas realmente tinham acabado e que eu não ia permitir que ele continuasse a partir meu coração. Foi quando os guardiões vieram atrás de mim, e não importava o que Dimitri dizia sobre seu tempo como Strigoi tornar impossível ele me amar, ele reagiu como um raio para me defender. Ele estava em menor número, mas não se importou. O olhar em seu rosto — e meu próprio entendimento dele — me disseram tudo que eu precisava saber. Eu estava enfrentando uma ameaça. Ele tinha que me proteger.

E ele o tinha feito. Ele lutou como o deus que ele foi em na Academia St. Vladimir, quando me ensinou como lutar com Strigoi. Ele incapacitou mais guardiões naquela cafeteria do que um homem deveria ser capaz. A única coisa que terminou tudo — e eu realmente acredito que ele teria lutado até seu ultimo suspiro — tinha sido minha intervenção. Eu não sabia, naquela hora, o que estava acontecendo e porque uma legião de guardiões queria me prender. Mas eu percebi que Dimitri corria sério risco de prejudicar seu já frágil status na corte. Um Strigoi restaurado não era algo conhecido, e muitos ainda não confiavam nele. Pouco eu sabia do que estava guardado para mim.

Ele foi a minha audiência — escoltado — mas nem Lissa nem eu o tínhamos visto desde então.

Lissa esteve trabalhando duro para inocentar ele de qualquer coisa, temendo que eles o prendessem de novo. E eu? Eu estive tentando dizer a mim mesma para não pensar demais no que ele tinha feito. Minha prisão e potencial execução tinham precedente. Ainda sim... eu ainda me preocupava. Porque ele tinha feito isso? Porque ele tinha arriscado sua vida pela minha? Foi uma reação instintiva a ameaça? Ele o tinha feito como um favor a Lissa, a quem ele jurou ajudar por tê-lo libertado? Ou ele tinha o feito porque ainda tinha sentimentos por mim?

Eu ainda não tinha a resposta, mas ver ele assim, como o poderoso Dimitri do meu passado, tinha remexido sentimentos que eu estava desesperadamente tentando superar. Eu continuei tentando assegurar a mim mesma que se recuperar de uma relação leva tempo. Sentimentos que demoram a sumir são naturais. Infelizmente, levava mais tempo superar um cara quando ele se joga no perigo por você.

Independentemente, as palavras de Christian e Tasha me deram esperança sobre o destino de Dimitri. Afinal de contas, eu não era a única andando por uma linha tenua entra a vida e a morte. Aqueles convencidos que Dimitri ainda era um Strigoi queriam empalar seu coração.

— Eles estão mantendo ele confinado de novo, — disse Christian. — Mas não numa cela. Só em seu quarto, com alguns guardas. Eles não querem ele solto pela Corte até tudo se acalmar. —

— Isso é melhor que prisão, admitiu Lissa.

— Ainda é um absurdo, — respondeu Tasha, mais para ela mesma do que para os outros. Ela e Dimitri foram amigos por anos, e uma vez ela quis levar a relação a outro nível. Ela se conformou com amizade, e seu ultraje pela injustiça feita com ele era quase tão grande quanto o nosso. — Eles deveriam ter deixado ele ir assim que se tornou um dhampir novamente.Assim que as eleições forem feitas, vou me certificar que ele seja liberto. —

— E é isso que é estranho... — os olhos azuis de Christian se estreitaram pensativos. — Nós ouvimos que Tatiana disse a outros antes dela — antes dela… — Christian hesitou e olhou agitado para Adrian. A pausa não era característica de Christian, que geralmente falava o que pensava sem pestanejar.

— Antes dela ser assassinada, — disse Adrian, sem olhar para nenhum deles. — Continue. —

Christian engoliu. — Hum, yeah. Eu acho — não em publico — ela anunciou que ela acreditava que Dimitri era realmente um dhampir novamente. O plano dela era ajudar ele a ser aceito assim que as outras coisas se acalmassem. — As outras coisas eram a lei de idade mencionada no bilhete de Tatiana, aquela que dizia que dhampirs que fizessem 16 anos seriam forçados a se formar e defender os Moroi. Isso tinha me enfurecido, mas como tantas outras coisas agora... bem, isso estava meio que deixado em espera.

Adrian fez um estranho som, como se estivesse limpando sua garganta. — Ela não fez isso. — Christian deu de ombros. — Muitos dos conselheiros dela disseram que ela fez. Esse é o rumor. —

— Eu tenho dificuldades em acreditar também, — Tasha disse a Adrian. Ela nunca aprovou a política de Tatiana e veementemente falou contra eles mais de uma ocasião. Mas a descrença de Adrian não era política. A dele simplesmente vinha das ideias que ele sempre ouviu de sua tia. Ela nunca deu qualquer indicio de que queria ajudar Dimitri recuperar seu antigo status.

Adrian não fez mais nenhum comentário, mas eu sabia que o assunto estava acendendo faíscas de ciúmes dentro dele. Eu disse a ele que Dimitri estava no passado e que eu estava pronta para seguir em frente, mas Adrian — como eu — deve ter sem duvidas imaginado quais as motivações por trás da defesa galante de Dimitri.

Lissa começou a especular como eles poderiam tirar Dimitri de sua prisão domiciliar quando a vendedora voltou com um vestido sem mangas que ela claramente não aprovava. Mordendo os lábios, Lissa ficou em silencio. Ela pensou na situação de DImitri como algo para lidar depois. Ao invés disso, ela se preparou para experimentar roupas e seguir seu papel como uma boa garota da realeza.

Adrian se animou ao ver o vestido. — Tem algum cabresto ai? —

Eu voltei a minha própria cela, revolvendo os problemas que pareciam se acumular. Eu estava preocupada tanto com Adrian como Dimitri. Estava preocupada comigo mesma. Eu também estava preocupada com o tal Dragomir perdido. Eu estava começando a acreditar que a história poderia ser real, mas não podia fazer nada sobre isso, o que me frustrava. Eu precisava fazer algo quando se tratava de ajudar Lissa. Tatiana tinha me dito na sua carta para ter cuidado com quem eu falava sobre o assunto. Eu deveria passar essa missão para outra pessoa? Eu queria cuidar disso, mas as grades e as paredes sufocantes ao meu redor diziam que eu talvez não fosse capaz de cuidar de nada por um tempo, nem mesmo da minha própria vida.

Duas semanas. Sem precisar de mais nenhuma distração, eu desisti e comecei a ler o livro de Abe, que era o conto de uma prisão injusta, como eu esperava que fosse. Era muito bom e me ensinou que fingir minha própria morte aparentemente não funcionaria como um método para escapar. O livro inesperadamente revolvia a antigas memorias. Um calafrio passou pela minha espinha quando me lembrei da leitura de Tarot que uma Moroi chamada Rhonda tinha feito. Ela era tia de Ambrose, e uma das cartas que ela tirou para mim mostravam uma mulher amarrada a espadas.

Um aprisionamento errado. Acusações. Calúnia. Merda. Eu estava realmente começando a odiar aquelas cartas. Eu sempre insisti que eram uma fraude, ainda sim, elas tinham a irritante tendência a se tornarem realidade. O fim de sua leitura tinha me mostrado uma jornada, mas onde? Uma prisão de verdade? Minha execução?

Perguntas sem respostas. Bem vindo ao meu mundo. Sem opções por agora, eu achei que seria melhor descansar. Me esticando na cama, eu tentei afastar aquelas constantes preocupações. Não era fácil. Toda vez que eu fechava meus olhos, eu via um juiz, segurando um martelo, me condenando a morte. Eu via meu nome nos livros de história, não como uma heroína, mas como uma traidora.

Deitada ali, sufocando meus próprios medos, eu pensei em Dimitri. Eu imaginei sua olhar firme e praticamente podia ouvir ele me dando sermão. Não se preocupe agora com o que você não pode mudar. Descanse quando puder para estar pronta para as batalhas de amanhã.

Esse conselho imaginado me acalmou. O sono veio, finalmente, pesado e profundo. Eu me revirei muitas vezes essa semana, então um verdadeiro descanso foi bem vindo.

Então eu acordei.

Eu sentei na cama, meu coração batendo. Olhando ao redor, eu procurei perigo — qualquer ameaça que poderia ter me arrancado do meu sono. Não havia nada. Escuridão. Silencio. O fraco barulho de cadeiras pelo corredor me disseram que os guardas ainda estavam por perto.

O laço, eu percebi. O laço tinha me acordado. Eu senti uma afiada, intensa sensação de... o que? Intensidade. Ansiedade. Uma onda de adrenalina. Pânico passou por mim, e eu me afundei dentro de Lissa, tentando encontrar o que tinha causado essa emoção dentro dela.

O que eu encontrei foi... nada.

O laço se fora..

 

BEM, NÃO SE FORA EXATAMENTE. Ficou mudo. Meio como eu tinha me sentido imediatamente depois dela restaurar Dimitri de volta a um dhampir. A mágica tinha sido tão forte ali que tinha — queimado — nossa ligação. Não havia uma onda de magia agora. Era quase como se a escuridão fosse intencional por parte dela. Como sempre, eu ainda sentia Lissa: ela estava viva, ela estava bem. Então o que me impedia de senti-la mais? Ela não estava dormindo, porque eu podia sentir uma sensação de alerta consciência do outro lado da parede. Espirito estava ali, escondendo ela de mim... e ela estava fazendo isso acontecer.

O que diabos? Era um fato de que nosso laço só funcionava de um lado. Eu podia sentir ela; ela não podia me sentir. Do mesmo jeito, eu podia controlar quando ia na mente dela. Geralmente, eu tentava me manter longe (excluindo-se o tempo de cativeiro na prisão), numa tentativa de proteger sua privacidade. Lissa não tinha tanto controle, e sua vulnerabilidade a enfurecia as vezes. De vez em quando, ela podia usar seu poder para se proteger de mim, mas era raro, difícil, e requeria um considerável esforço de sua parte. Hoje, ela estava conseguindo, e conforme a condição persistia, eu podia sentir a força dela. Me manter de fora não era fácil, mas ela estava conseguindo. É claro, eu não me importava como. Eu queria saber porque.

Era provavelmente meu pior dia de aprisionamento. Medo por mim mesma era uma coisa. Mas por ela? Isso era agonizante. Se fosse minha vida ou a dela, eu teria andando até a execução sem hesitar. Eu precisava saber o que estava acontecendo. Ela tinha sabido de algo?

O Conselho decidiu pular o julgamento e me executar? Lissa estava tentando me proteger daquela noticia? Quanto mais espírito ela usava, mais ela colocava em perigo sua vida. Essa parede mental exigia muita magia. Mas porque? Porque ela estava se arriscando?

Eu fiquei surpresa, naquele momento, por perceber o quanto eu dependia do laço para saber dela. Verdade: eu nem sempre dava boas vindas ao pensamento de outro pessoa em minha mente. Apesar do controle que aprendi, sua mente as vezes ainda entrava na minha em momentos que eu preferia não experimentar. Nada disso era uma preocupação agora — apenas sua segurança era. Ser bloqueada era como ter um membro removido.

O dia todo eu tentei entrar na sua mente. Toda vez, eu ficava de fora. Era enlouquecedor.

Nenhuma visita apareceu, e o livro e as revistas a muito tinham perdido seu objetivo. A sensação de um animal enjaulado estava me preenchendo de novo, e eu passei uma enorme quantidade de tempo gritando com meus guardas — sem resultado. O funeral de Tatiana era amanha, e o relógio para o meu julgamento estava batendo alto.

A hora de dormir veio, e a parede no nosso laço finalmente caiu — porque Lissa foi dormir. O link entre nós era firme, mas sua mente estava fechada inconsciente. Eu não encontraria respostas ali. Deixada sem mais nada, eu também fui dormir, me perguntando se seria cortada novamente pela manha.

Não fui. Eu e ela estávamos ligadas de novo, e eu fui capaz de ver o mundo pelos olhos dela mais uma vez. Lissa acordou cedo, preparando-se para o funeral. Eu não vi nem senti nenhum sinal do porque fui bloqueada um dia antes. Ela estava permitindo que eu voltasse a sua mente, como normalmente. Eu quase me perguntei se tinha imaginado ser cortada da mente dela.

Não... ali estava. Fraco. Dentro da sua mente, eu senti os pensamentos que ela escondia de mim. Eles eram escorregadios. Cada vez que eu tentava alcançar um, eles caiam de minhas mãos. Eu fiquei surpresa dela ainda conseguir usar mágica para isso, e também era uma clara indicação que ela me bloqueou intencionalmente ontem. O que estava acontecendo? Porque diabo ela precisaria esconder algo de mim? O que eu poderia fazer, presa nesse buraco dos infernos? De novo, minha agitação cresceu. Que coisa terrível eu não sabia?

Eu observei Lissa se aprontar, sem ver qualquer sinal de qualquer coisa anormal. O vestido que ela escolher tinha mangas curtas e ia até seus joelhos. Preto, é claro. Não era um vestido inapropriado, mas ela saiba que ia chamar atenção de alguém. Em circunstancias diferentes, isso teria me deixado maravilhada. Ela escolheu usar seu cabelo solto, seu loiro palido brilhando contra o preto do vestido quando ela se olhou no espelho.

Christian encontrou Lissa lá fora. Ele também se arrumou, eu tinha que admitir, usando uma camisa e grava. Ele desenhou a linha de uma jaqueta, e sua expressão era uma estranha mistura de nervosismo, segredo, e uma típica arrogância. Quando ele viu Lissa, no entanto, seu rosto momentaneamente se transformou, ficando radiante e focado totalmente no olhar dela. Ele deu a ela um pequeno sorriso e a pegou nos braços para um breve abraço. O toque dele trouxe a ela contentamento e conforto, acalmando sua ansiedade. Eles voltaram recentemente, depois de terminarem, e aquele tempo separados foi agonizante para ambos.

— Vai ficar tudo bem, — ele murmurou, seu olhar de preocupação retornando. — Isso vai funcionar. Podemos fazer isso. —

Ela não disse nada mas apertou seus braços nele antes de se afastar. Nenhum deles falou enquanto entravam no inicio do procedimento do funeral. Eu decidi que isso era muito suspeito. Ela pegou a mão dele e se sentiu fortalecida.

Os procedimentos do funeral para monarcas Moroi era o mesmo a séculos, não importa se a Corte era na Romênia ou nessa nova casa na Pensilvânia. Esse era o jeito Moroi. Eles misturam tradição com o modernismo, magia com tecnologia.

O caixão da rainha seria carregado por portadores de fora do palácio e levado com grande cerimônia através da Corte, até alcançar a Catedral. Lá, um grupo selecionado entraria para a missa. Depois, Tatiana seria enterrada no cemitério da igreja, tomando seu lugar ao lado de outros monarcas e importantes membros da realeza.

A rota do caixão era fácil de ver. Postes vermelhos e pretos marcavam cada lado. Pétalas de rosa foram colocadas no chão por onde o caixão passaria. Nas laterais, as pessoas se amontoavam juntas, esperando ver a antiga rainha. Muitos Moroi tinham vindo de todas as partes, alguns para ver o funeral e alguns para ver a eleição do monarca que aconteceria na próxima semana.

A família real — a maioria usando o vestido preto de veludo — já estava tomando seu lugar no prédio. Lissa parou do lado de fora para se separar de Christian, já que ele nunca esteve na disputa para representar sua família num evento tão honrado. Ela deu a ele outro abraço apertado e um leve beijo. Assim que se afastaram, houve um brilho de sabedoria naqueles olhos azuis — aquele segredo que estava escondido de mim.

Lissa passou pela multidão, tentando chegar na entrada e encontrar o ponto de partida da procissão. O prédio não parecia com o antigo palácio ou castelo da Europa. Suas grandes pedras e janelas combinavam com a estrutura da Corte, mas algumas características — seus grandes e largos degraus de mármore — se distinguiam de outros prédios. Um puxão no braço de Lissa impediu o progresso, quase fazendo ela dar um encontrão num senhor Moroi.

— Vasilisa? — Era Daniella Ivashkov, a mãe de Adrian. Daniella não era tão ruim, e ela não se importava que eu e Adrian estivéssemos saindo — ou pelo menos, ela não se importava antes deu ser acusada de assassinato. A maior parte da aceitação de Daniella se baseava no fato de que ela acreditava que Adrian e eu nos separaríamos de qualquer forma assim que eu recebesse minha missão de guardiã. Daniella também tinha convencido um de seus primos, Damaon Tatus, a ser meu advogado — uma oferta que rejeitei quando escolhi Abe a me representar no lugar dele. Eu ainda não tinha certeza se tomei a melhor decisão, mas provavelmente queimou a forma como Daniella me via, do que eu me arrependia.

Lissa deu um nervoso sorriso. Ela estava ansiosa para se juntar a procissão e acabar com tudo isso. — Oi, — ela disse.

Daniella estava vestida de veludo preto e até tinha pequenos diamantes colocados em seu cabelo negro. Preocupação e agitação marcavam seu rosto bonito. — Você viu Adrian? Não encontrei ele em lugar algum. Nós checamos seu quarto. —

— Oh, — Lissa desviou o olhar.

— O que? — Daniella quase sufocou ela. — O que você sabe? —

Lissa suspirou.

— Eu não tenho certeza de onde ele está, mas vi ele ontem a noite quando estava voltando de uma festa. — Lissa hesitou, como se estivesse muito envergonhada para contar o resto. — Ele estava... muito bêbado. Mais do que já vi. Ele estava saindo com algumas garotas, e eu não sei onde. Desculpe, Lady Ivashkov. Ele provavelmente... bem, desmaiou em algum lugar. —

Daniella soltou suas mãos, e demonstrou sua descrença. — Eu espero que ninguém note. Talvez possamos dizer... que ele estava sobrecarregado de dor. Tem tanta coisa acontecendo. Certamente ninguém vai notar. Você vai dizer a eles, certo? Você vai dizer o quão chateado ele estava? —

Eu gosto de Daniella, mas essa obsessão com a imagem realmente esta começando a me incomodar. Eu sabia que ela ama o filho, mas sua principal preocupação parecia ser menos sobre o ultimo descanso de Tatiana e mais sobre o que os outros vão pensar sobre a quebra de protocolo.

— É claro, — disse Lissa. — Eu não iria querer que alguém... bem, eu odiaria que isso se espalhasse. —

— Obrigada. Agora vá. — Daniella gesticulou para as portas, ainda parecendo ansiosa. — Você precisa tomar seu lugar. — Para surpresa de Lissa, Daniella deu um gentil tapinha em seu braço.

— E não fique nervosa. Você vai se sair bem. Só mantenha sua cabeça erguida. —

Guardiões que estavam parados na porta reconheceram Lissa como alguém com acesso e a deixaram entrar. Lá, no foyer, estava o caixão de Tatiana. Lissa franziu, de repente sobrepujada, e quase esqueceu o que estava fazendo ali.

Só o caixão já era uma obra de arte. Ele era feito de madeira preta, polido até brilhar. Elaborados jardins foram pintados em cores metálicas de cada lado. Ouro brilhava em toda parte, incluindo as haste que os portadores iriam segurar. Aquelas hastes estavam decoradas com rosas cor da malva. Parecia que os espinhos e folhas iriam dificultar o aperto firme dos portadores, mas isso era problema deles.

Lá dentro, descoberta e deitada numa cama de mais rosas cor da malva, estava Tatiana. Era estranho. Eu vejo corpos o tempo todo. Diabos, eu os crio. Mas ver um corpo que foi preservado, deitado pacificamente e ornamentado... bem, era arrepiante. Era estranho para Lissa também, particularmente já que ela não tinha que lidar com a morte tanto quanto eu.

Tatiana usava um vestido de seda que era de um tom púrpura — a cor tradicional para um enterro real. O vestido tinha mangas longas que eram decoradas com um elaborado design de pequenas pérolas Eu geralmente via Tatiana de vermelho — uma cor associada a família Ivashkov — e eu estava feliz com o púrpura tradicional. Um vestido vermelho seria um lembrete muito forte das fotos ensanguentadas dela que eu vi na audiência, fotos que eu tentava bloquear. Fios de gemas e mais pérolas estavam em seu pescoço, e uma coroa de ouro cheia de diamantes e ametistas estava em seu cabelo. Alguém tinha feito um bom trabalho com a maquiagem de Tatiana, mas nem eles puderam esconder a brancura de sua pele. Moroi já são naturalmente brancos. Mortos, eles são como carvão — como Strigoi. A imagem atingiu Lissa tão vividamente que ela se balançou e teve que desviar o olhar. O cheiro de rosas enchia o ar, mas havia um cheiro de apodrecimento misturado em toda aquela doçura.

O coordenador do funeral viu Lissa e mandou que ela fosse a sua posição — depois de fazer uma careta pela escolha do vestido de Lissa. As palavras afiadas fizeram Lissa voltar a realidade, e ela foi para linha com 5 outros membros da realeza do lado direito do caixão. Ela tentou não olhar muito para o corpo da rainha, e direcionar seu olhar para o outro lado. Os portadores logo apareceram e ergueram o caixão usando as hastes de rosas para colocar o caixão em seus ombros e devagar o carregaram para multidão. Todos os portadores eram dhampirs. Eles usavam ternos formais, o que me confundiu a princípio, mas então percebi que todos eram guardiões da Corte — a não ser Ambrose. Ele parecia tão lindo como sempre e encarava a frente enquanto fazia seu trabalho, o rosto em branco e sem qualquer expressão.

Eu me perguntei se Ambrose estava em luto por Tatiana. Eu estive tão fixada em meus próprios problemas que fico esquecendo que uma vida foi perdida, uma vida que muitos amaram. Ambrose defendeu Tatiana quando eu fiquei com raiva por causa da lei da idade.

Observando ele pelos olhos de Lissa, eu desejei estar lá para falar com ele pessoalmente. Ele deveria saber algo mais sobre a carta que ele me deu no dia da audiência. Certamente ele não era apenas o entregador.

A procissão seguiu em frente, interrompendo meus pensamentos sobre Ambrose. Antes e a frente do caixão haviam outras pessoas. Pessoas da realeza com roupas elaboradas, fazendo uma demonstração. Guardiões uniformizados carregavam bandeiras. Músicos com flautas andavam atrás, tocando um tom fúnebre. Por sua parte, Lissa era muito boa em aparecer em público e conseguiu seguir o passo lento e firme com elegância e graça, seu olhar firme e confiante. Eu não podia ver seu corpo, é claro, mas era fácil imaginar o que os espectadores viam. Ela era linda e própria da realeza, digna de herdar o legado Dragomir, e com sorte mais e mais pessoas iam perceber isso. Nos pouparia muitos problemas se alguém mudasse a lei pelo procedimento normal, para não termos que depender de uma busca por um irmão perdido.

Andar pela rota do funeral levou muito tempo. Mesmo quando o sol estava começando a afundar no horizonte, o calor do dia ainda estava no ar. Lissa começou a suar mas sabia que seu desconforto não era nada comparado ao dos portadores. Se a multidão que observava sentia o calor, eles não demonstraram. Eles erguiam seus pescoços para ter um ultimo deslumbre do espetáculo passando diante deles.

Lissa não prestou muita atenção nas pessoas ao redor, mas em seus rosto, eu vi que aquele caixão não era seu único foco.

Eles também observavam Lissa. O rumor do que ela tinha feito por Dimitri tinha passado pelo mundo Moroi, e embora muitos aqui ainda estivesses sépticos sobre sua habilidade de curar, haviam muitos que acreditavam. Eu vi expressões de maravilha e temor na multidão, e por um segundo, eu me perguntei quem eles realmente vieram ver: Lissa ou Tatiana?

Finalmente, a catedral apareceu a vista, o que era uma boa noticia para Lissa. O sol não matava Moroi como Strigoi, mas o calor e a luz do sol ainda era um desconforto para muitos vampiros. A procissão estava quase no fim, e ela, sendo uma daquelas que tinha permissão para entrar na igreja, logo iria aproveitar o ar condicionado.

Enquanto eu estava os arredores, eu não conseguia parar de pensar que circulo de ironia minha vida era. Dos lados da igreja haviam duas gigantes estátuas de monarcas Moroi, um rei e uma rainha que tinham ajudado os Moroi a prosperar. Embora eles estivessem a uma distância considerável da igreja, as estatuas brilhavam luminosas, como se estivessem examinando tudo. Perto da estátua da rainha, havia um jardim que eu conhecia bem. Eu fui forçada a limpa-la em puniçao por fugir para Las Vegas. Meu verdadeiro propósito naquela viajem — que ninguém sabia — tinha sido libertar Victor Ivaskov da prisão. Victor era um inimigo antigo, mas ele e seu irmão Robert, um usuário de espírito, sabiam o que precisávamos para curar Dimitri.

Se algum guardião descobrisse que eu libertei Victor — e depois o perdi — meu castigo seria muito pior do que cortar grama e limpar estatuas. Pelo menos fiz um bom trabalho com o jardim, eu pensei amargamente. Se eu fosse executada, eu deixaria uma marca duradoura na Corte.

Os olhos de Lissa pairaram em uma das estátuas por um bom tempo antes de voltar sua atenção a igreja. Ela estava suando muito agora, e eu percebi que uma parte disso não era apenas calor. Ela também estava ansiosa. Mas porque? Porque ela estava tão nervosa? Isso era apenas uma cerimónia. Tudo que ela tinha que fazer era seguir a onda. Ainda sim... ali estava de novo. Outra coisa estava incomodando ela. Ela ainda estava mantendo alguns pensamentos longe de mim, mas alguns vazaram em sua preocupação.

Muito perto, muito perto. Estamos nos movendo muito rápido.

Rápido? Não pela minha estimativa. Eu nunca teria conseguido lidar com esse passo lerda e firme. Eu me sentia especialmente mal pelo portadores. Se eu fosse um, eu teria dito para o inferno com a propriedade e tinha começado a correr até meu destino final. É claro, isso poderia ter remexido o corpo. Se o coordenador do funeral estava chateado com o vestido de Lissa, não tinha como saber como ela reagiria se Tatiana caísse do caixão.

Nossa vista da catedral estava ficando clara, seus domos brilhando em âmbar e laranja com o sol que se punha. Lissa ainda estava muitos metros de distância, mas o padre parado na frente estava claramente visível. Suas vestes eram quase cegantes. Elas eram feitas de fios de ouros, longas e cheias. Um chapéu com uma cruz, também de ouro, estava em sua cabeça.

Eu achava que era de mal gosto para ele brilhar mais que as roupas da rainha, mas talvez essa fosse a roupa normal dos padres em ocasiões formais. Talvez chamasse a atenção de Deus. Ele ergueu seus braços dando boas vindas, mostrando mais daquele rico tecido. O resto da multidão e eu não podíamos nos impedir de ficar deslumbrados com aquela linda visão.

Então, você consegue imaginar minha surpresa quando as estatuas explodiram.

 

E QUANDO EU DIGO QUE ELAS explodiram, eu quero dizer que chamas e fumaça se desdobraram como pétalas de uma flor recém brochada enquanto aqueles pobres monarcas explodiam em pedaços de rocha. Por um momento, eu fiquei atordoada. Era como ver um filme de ação, a explosão passando pelo ar e fazendo o chão tremer. Então, o treino dos guardiões tomou conta. Observação crítica e calculismo tomou conta. Eu imediatamente notei que a carga explodiu em direção ao outro lado do jardim. Pequenos pedaços de pedra e pó choviam na procissão funerária, mas nenhum grande pedaço de rocha atingiu Lissa nem ninguém parado por perto. Assumindo que as estatuas não tinha entrado em combustão espontânea, quem quer que fosse que as tinha explodido o fez de uma forma precisa.

Deixando de lado a logística, enormes pedaços de pilares de fogo ainda eram bem assustadores. Caos tomou conta enquanto todos tentavam se afastar. Só que, todos tomaram rotas diferentes, então colisões e embaraços ocorreram. Até os portadores soltaram sua preciosa carga e se mandaram. Ambrose foi o ultimo a fazer isso, sua boca aberta e olhos esbugalhados enquanto ele encarava Tatiana, mas outro olhar nas estatuas fez ele sair correndo. Alguns guardiões tentaram manter a ordem, fazendo as pessoas voltarem pelo caminho, mas não deu muito resultado. Cada um estava por si, muito aterrorizados e em pânico para pensar razoavelmente.

Bem, todos exceto Lissa.

Para minha surpresa, ela não estava surpresa.

Ela estava esperando a explosão.

Ela não correu, apesar das pessoas a empurrando para o lado. Ela ficou parada onde estava quando as estatuas explodiram, as estudando e a confusão que elas causaram. Em particular, ela parecia preocupada com qualquer um na multidão que poderia ter se machucado com a explosão. Mas, não. Como eu já tinha observado, não parecia haver feridos. E se havia, ia ser por causa da correria.

Satisfeita, Lissa virou e começou a andar para longe com os outros (bem, ela estava andando, eles corriam). Ela só se afastou um pouco quando ela viu um enorme grupo de guardiões irem em direção a igreja, os rostos preocupados. Alguns pararam para ajudar os que fugiam da destruição, mas a maioria estava indo ver o que tinha acontecido.

Lissa parou de novo, fazendo o cara atrás dela bater em suas costas, mas ela mal sentiu o impacto. Ela observou os guardiões, contando quantos eram, e então mais uma vez voltou a andar. Seus pensamentos escondidos estavam começando a se revelar. Finalmente, eu comecei a ver partes do plano que ela escondeu de mim. Ela estava contente. Nervosa também. Mas no geral, ela se sentia…

Uma comoção na cadeia me fez voltar a minha própria mente. O silencio usual na área de prisão foi interrompido e agora estava cheio de grunhidos e exclamações. Eu pulei de onde estava sentada e me pressionei contra as grades, tentando ver o que estava acontecendo. Esse prédio estava prestes a explodir também? Minha cela só tinha vista a uma parede no corredor, sem vista para a entrada. Eu, no entanto, vi os guardiões que normalmente ficavam no final do corredor passando rapidamente por mim, em direção ao que quer que fosse que estava ocorrendo.

Eu não sabia o que isso significa para mim e me preparei para tudo, amigo ou inimigo. Até onde eu sabia, poderia ser um grupo político lançando um ataque na Corte para deixar claro seu desprezo contra o governo Moroi. Olhando ao redor, eu xinguei silenciosamente, desejando ter algo para me defender. O mais próximo que eu tinha era o livro de Abe, que não servia pra nada.

Se ele era o fodão que ele fingia ser, ele realmente teria me entregado o livro com algum documento dentro. Ou me entregue algo maior, como Guerra e Paz.

A briga morreu e passos trovejaram na minha direção. Cerrando os punhos, dei alguns passos para trás, pronta para me defender contra qualquer um. Qualquer um, que acabou por ser Eddie Castille e Mikhail Tanner. Rostos amigáveis não eram o que eu esperava. Eddie era um velho amigo de St. Vladimir, outro guardião novo como eu e alguém preso por mim através de uma série de desventuras, incluindo a fuga da prisão de Victor Dashkov. Mikhail era mais velho do que nós, tinha vinte e poucos anos, e ajudou-nos a restabelecer Dimitri na esperança de que Sonya Karp — a mulher que Mikhail tinha amado que tinha virado Strigoi — pudesse ser salva também. Olhei para a frente e para trás entre os dois caras.

— O que está acontecendo? — Eu exigi.

— É bom ver você também. — Disse Eddie.

Ele estava suando e tenso com o fervor de batalha, algumas marcas roxas em seu rosto mostrando o punho de alguém. Em sua mão vi uma arma do arsenal dos guardiões: uma coisa parecida com um bastão usado para incapacitar pessoas sem as matar. Mas Mikhail tinha algo muito mais valioso: o cartão e a chave mecânica para abrir minha cela. Meus amigos estavam encenando uma fuga da prisão. Inacreditável. Loucura normalmente era a minha especialidade.

— Vocês... — Eu fiz uma careta. O pensamento de fugir me encheu de alegria, mas a logística foi decepcionante. Claramente, eles foram os responsáveis pela luta com os meus guardas que eu acabara de ouvir. Estar aqui, em primeiro lugar, não era fácil. — Só vocês dois incapacitaram todos os guardas neste prédio? —

Mikhail terminou de destrancar a porta, e eu não perdi tempo correndo para fora. Depois de me sentir tão oprimida e sufocada por dias, era como pisar em um vento da borda de uma montanha, e todo o espaço à minha volta.

— Rose, não há responsáveis neste edifício. Bem, talvez um. E esses caras. — Eddie fez um gesto na direção da luta anterior, onde eu assumi que meus guardas estavam inconscientes. Certamente, meus amigos não haviam matado ninguém. O resto dos guardiões estavam todos verificando a explosão, eu percebi. As peças começaram a se encaixar na minha cabeça, inclusive a falta de surpresa de Lissa sobre o tumulto.

— Ah, não. Vocês explodiram aqueles artefatos antigos Moroi. —

— Claro que não, — disse Eddie. Ele pareceu chocado que eu teria sugerido tal atrocidade. Outros usuários de fogo seriam capaz de dizer se ele tinha.

— Bem, isso é uma coisa — eu disse. — Eu deveria ter tido mais fé em sua sanidade. — Ou talvez não.

— Usamos C4 , — explicou Mikhail.

— Onde diabos você... — Minha língua travou quando vi quem estava de pé no final do corredor.

Dimitri.

Não saber como ele estava durante a minha prisão tinha sido frustrante. O relatório de Christian e Tasha tinha sido apenas uma provocação. Bem, aqui está a resposta. Dimitri estava perto da entrada das salas com seus 1,80 de glória, tão arrogante e intimidador quanto qualquer deus.

Seus penetrantes olhos castanhos avaliaram tudo em um instante, e seu corpo forte, magro estava tenso e pronto para qualquer ameaça. O olhar em seu rosto estava tão focado, tão cheio de paixão, que eu não podia acreditar que alguém jamais poderia ter pensado que ele era um Strigoi. Dimitri exalava vida e energia.

Na verdade, olhando para ele agora, eu estava novamente lembrada de como ele tinha lutado por mim. Ele usava a mesma expressão. Realmente, era a mesma que eu tinha visto inúmeras vezes. Era uma expressão que faria todos o temerem e o admirarem.

Foi o que eu tinha amado.

— Você está aqui também? — Eu tentei lembrar-me que não era minha história confusa romântica a coisa mais importante do mundo para um guardião. — Eles não o estavam mantendo sob prisão domiciliar?

— Ele escapou — disse Eddie maliciosamente. Eu peguei o real significado: ele e Mikhail tinham ajudado Dimitri a escapar. É o que as pessoas esperam que um cara violento, provavelmente, ainda um Strigoi, faça, certo?

— Você também espera que ele venha te soltar, — Mikhail acrescentou, jogando junto com o jogo. — Especialmente considerando como ele lutou por você na semana passada. Realmente, todo mundo vai pensar que ele a soltou sozinho, sem nenhuma ajuda. Dimitri não disse nada. Seus olhos, ainda observando atentamente o nosso meio, também foram me avaliar. Ele queria ter certeza que eu estava bem e sem ferimentos. Ele pareceu aliviado que eu estava.

— Vamos lá, — Dimitri disse finalmente. — Nós não temos muito tempo. — Esse foi um eufemismo, mas havia uma coisa que estava me atazanando sobre o plano brilhante dos meus amigos.

— Não há nenhuma maneira deles acharem que ele fez isso sozinho! — Eu exclamei, percebendo que Mikhail estava chegando. Eles estavam culpando Dimitri sobre essa fuga. Fiz um gesto para os guardas inconscientes aos nossos pés. — Eles viram seus rostos. —

— Nah. — uma nova voz disse. — Não depois de um pouco de espírito induzido. No momento em que acordarem, eles só vão se lembrar do cara instável Russo. Sem ofensa. —

— Não ofendeu. — disse Dimitri, quando Adrian entrou pela porta. Fiquei olhando, tentando não ficar boquiaberta. Lá, estavam eles juntos, os dois homens na minha vida.

Adrian mal parecia que ele poderia pular em uma briga, mas ele estava tão alerta e sério como os outros lutadores aqui. Seus belos olhos estavam claros e cheios de astúcia. Eu sabia que ele poderia usar compulsão em alguém se ele realmente tentasse. Foi aí que me bateu: ele não mostrava nenhum sinal de intoxicação. Será que tudo o que vi no outro dia foi uma farsa? Ou será que ele se obrigou a assumir o controle? De qualquer maneira, eu senti um sorriso lento rastejando sobre meu rosto.

— Lissa mentiu para sua mãe mais cedo — eu disse. — Você é suposto a ter desmaiado bêbado em algum lugar. Ele me retribuiu com um de seus sorrisos cínicos.

— Bem, sim, seria provavelmente o mais inteligente e uma coisa mais agradável, para o que estou fazendo agora. E espero, que isso é o que todo mundo acha que estou fazendo. —

— Precisamos ir, — disse Dimitri, ficando agitado. Nós viramos em direção a ele. Nossos gracejos desapareceram. Essa atitude que observei sobre Dimitri, o único que disse que ele poderia fazer qualquer coisa e que sempre conduzi-lo à vitória, as pessoas que queriam segui-lo incondicionalmente. As expressões de Mikhail e Eddie lentamente ficaram sérias, mostrando que era exatamente como se sentiam.

Pareceu natural para mim também. Mesmo Adrian parecia que ele acreditava em Dimitri, e naquele momento, eu admirava Adrian para deixar de lado qualquer ciúme e também para arriscar-se assim. Especialmente desde que Adrian tinha deixado claro em mais de uma ocasião, que ele não queria se envolver com qualquer aventuras perigosas ou utilizar o seu espírito de forma dissimulada. Em Las Vegas, por exemplo, ele tinha simplesmente nos acompanhado em um papel de observador.

Claro, ele também tinha bebido na maioria das vezes, mas, provavelmente, não fazia diferença. Eu dei alguns passos à frente, mas Adrian de repente estendeu a mão para me impedir.

— Espera. Antes de ir conosco, você precisa saber de uma coisa — Dimitri começou a protestar, os olhos brilhando com impaciência. — Ela merece. — argumentou Adrian, olhando para Dimitri.

— Rose, se você escapar você está mais ou menos na confirmação de culpa. Você será uma fugitiva. Se os guardiões te encontrarem, eles não terão a necessidade de um julgamento ou sentença para matá-la à vista. —

Quatro pares de olhos pousaram em mim e o sentido pleno tomou conta de mim. Se eu fugisse agora e fosse pega, eu iria morrer, com certeza. Se eu ficasse, eu tinha uma mínima chance de que no meu curto período de tempo antes do julgamento, poderíamos encontrar provas para me salvar. Não era impossível. Mas se nada aparecesse, eu também estaria certamente morta. Cada opção era uma aposta. Qualquer uma tinha a forte possibilidade de eu não sobreviver.

Adrian parecia tão conflituoso quanto eu. Nós dois sabíamos que eu não tinha nenhuma escolha boa. Ele estava simplesmente preocupado e queria que eu soubesse o que eu estava arriscando. Dimitri, no entanto... para ele, não houve debate. Eu podia vê-lo por todo o rosto. Ele era um defensor das regras e fazia a coisa correta.

Mas neste caso?

Com essas péssimas probabilidades?

Era melhor correr o risco de vida como um fugitivo, e se a morte viesse, melhor para enfrentar do que lutar. Minha morte não seria um lápis sobre o calendário de alguém.

— Vamos lá, — eu disse. Corremos para fora do prédio, ansiosos para seguir adiante com o plano. Eu não pude deixar de comentar com Adrian: — Você tem que estar usando muito espírito para colocar todas as ilusões sobre os guardas. —

— Eu estou — ele concordou.

— E eu realmente não tenho o poder de fazê-lo por muito tempo. Lissa provavelmente poderia fazer uma dúzia de guardiões acharem ter visto fantasmas. Eu? Eu mal consigo fazer alguns esquecerem de Eddie e Mikhail. É por isso que tinha que haver alguém que se lembrasse de atrair atenção, e Dimitri era ideal para o trabalho. —

— Bem, obrigado. — Eu dei a mão em um aperto suave. Como o calor fluiu entre nós, eu não incomodei dizendo-lhe que eu ainda estava muito longe de ser livre ainda. Isso diminuiria o seu heroísmo. Teríamos muitos obstáculos pela frente, mas eu ainda apreciava o reforço deste tipo e respeitava a minha decisão de ir junto com o plano de fuga. Adrian me lançou um olhar de soslaio. Sim, bem, eu deveria estar louco, certo? — Um lampejo de afeto brilhou em seus olhos. — E não há muito que eu não faria por você. Ou idiota, melhor. — Saímos para o piso principal, e vi que Eddie estava certo sobre a segurança dos guardiões. Os salões e salas estavam virtualmente desertas. Sem um segundo olhar, corremos ar livre, e o ar fresco parecia renovar a minha energia.

— E agora? — Eu perguntei ao meu resgate.

— Agora vamos levá-la para o carro de fuga — disse Eddie. As garagens não estavam longe, mas elas não estavam nem perto.

— Isso é um monte de terreno aberto para cobrir — eu disse. — Eu serei morta se alguém me vir. —

— Estou usando o espírito para nos manter vagos e indefinidos — disse Adrian. Mais testes de sua magia. Ele não conseguia segurar muito mais. — As pessoas não nos reconhecem a menos que eles parem e olhem diretamente para nós. —

— O que eles provavelmente não vão fazer. — disse Mikhail. — Ninguém vai nos perceber. Todos estão muito preocupados para olhar com atenção aos outros, em todo esse caos. —

Olhando do lado de fora, pude ver que ele estava certo. O edifício da cadeia estava longe da igreja, mas por agora, as pessoas que tinham estado perto da explosão tinha feito seu caminho para essa parte do Tribunal. Alguns estavam correndo para suas residências. Alguns buscavam responsáveis, na esperança de proteção. E alguns... alguns estavam indo na mesma direção que nós, em direção à garagem. As pessoas estavam assustados o suficiente para realmente tentar deixar o Corte, eu percebi. Nosso grupo estava se movendo tão rápido quanto podíamos com Adrian, que não estava tão em forma quanto os dhampirs. — As garagens estarão lotadas. Ambos os veículos oficiais do Tribunal e os hóspedes que visitam estacionam na mesma área. —

— Isso pode nos ajudar — disse Mikhail. — Mais caos. — Com tantas distrações na minha própria realidade, eu não poderia mergulhar completamente em Lissa. Um pincel de luz do vínculo encontrou seu cofre, ao longo de o palácio. — O que Lissa está fazendo durante todo este processo? — Eu perguntei. Acredite em mim, eu fiquei feliz que ela não está envolvida com essa maluquice de-tirar-Rose-da-prisão. Mas, como Adrian tinha notado, sua habilidade com o espírito poderia ter ido muito mais longe do que o seu aqui. E agora, olhando para trás de tudo, era óbvio que ela tinha sabido sobre este plano. Esse era o seu segredo.

— Lissa precisa ficar inocente. Ela não pode ser relacionada a qualquer parte do escape ou explosão — respondeu Dimitri, os olhos fixos à frente em seu objetivo. Seu tom era firme. Ele ainda a considerou como sua salvadora. — Ela tem que manter-se visível com outros da realeza. Então, nem Christian. —

Ele quase sorriu. Quase. Esses dois com certeza seriam a minha primeira suspeita se algo explodisse. Mas os responsáveis não vão suspeitar deles, uma vez que não era perceber a explosão causada por magia, eu pensei. As palavras de Mikhail voltaram para mim. — Hey, como é que vocês conseguiram uma C4? Explosivos militares são uma espécie de extremos, até mesmo para vocês. Ninguém me respondeu porque três guardiões de repente, saltaram em nosso caminho. Aparentemente, eles não estavam todos fora da igreja. Dimitri e eu passamos à frente do nosso grupo, movendo-se como um, como se nós sempre estivéssemos na batalha juntos.

Adrian tinha dito que a ilusão sobre o nosso grupo não ia durar muito, se alguém olhasse diretamente para nós. Dimitri e eu fomos para a primeira linha de contacto com estes responsáveis, na esperança de que não iam reconhecer os outros atrás de nós. Atirei-me para a luta sem hesitação defensiva, chutando instintivamente em milésimos de segundo, mas nisso a realidade do que eu estava fazendo realmente se aprofundou em mim. Antes eu sempre me sentia culpada por isso. Os guardas como os da prisão de Tarasov, bem como os guardas da rainhas durante a minha detenção. Eu realmente não havia conhecido nenhum deles, no entanto. Bastaria perceber que eles eram meus colegas tinha sido ruim o suficiente... mas agora?

Agora eu estava diante de um dos desafios mais difíceis da minha vida, tão pequeno quanto parecia. Afinal, três responsáveis eram um jogo fácil para mim e Dimitri. O problema era que eu conhecia esses guardiões. Dois deles eu conheci um pouco depois da formatura. Eles trabalhavam no tribunal e sempre foram gentis comigo.

A terceira não era apenas alguém que eu conhecia, ela era uma amiga. Meredith, uma das poucas meninas na minha turma em São Vladimirs. Vi o flash de desconforto nos olhos, um espelho de meu próprio sentimento. Isso parecia errado para ela também. Mas, ela era a guardiã agora, e como eu, ela teve direito perfurado por toda a sua vida. Ela acreditava que eu era uma criminosa. Ela podia ver que eu estava livre e em modo de ataque.

O procedimento dizia que ela deveria me aniquilar, e honestamente, eu não teria esperado nada menos. É o que eu teria feito se o nosso papel fosse revertido. Isso era entre a vida e a morte.

Dimitri foi sobre os outros dois rapazes, mais rápido e durão que nunca. Meredith e eu fomos uma para a outra. No início, ela tentou bater-me por baixo em virtude de seu peso, provavelmente na esperança de me prender até que alguém pudesse ajudá-la. Só que, eu era mais forte. Ela deveria saber disso. Quantas vezes nós lutamos no ginásio da escola? Eu quase sempre venci. E isso não era um jogo, não era prática de perfuração. Eu empurrei para trás em seu ataque, perfurando-a ao lado de sua mandíbula e rezando desesperadamente que eu não tivesse quebrado nada. Ela continuou movendo-se através da dor, mas de novo, eu era superior. Eu a peguei sobre os ombros e a taquei no chão. Sua cabeça bateu forte, mas ela permaneceu consciente. Eu não sei se fiquei grata ou não. Mantendo o meu controle, eu a coloquei em um estrangulamento, esperando até que seus olhos se fechassem. Eu a soltei logo que tive certeza de sua inconsciência, meu coração se torcendo em meu peito.

Olhando por cima, eu vi Dimitri também havia retirado seus oponentes. Nosso grupo se movia como se nada tivesse acontecido, mas eu olhei para Eddie, sabendo que havia tristeza em meu rosto. Ele parecia muito triste, mas tentou tranquilizar-me como se apressado.

— Você fez o que devia — ele disse. — Ela vai ficar bem. Se machucou, mas tudo bem. —

— Eu bati com força. —

— Os médicos podem lidar com abalos. Lembra de quando começamos a praticar? —

Eu esperava que ele estava certo. As linhas entre o certo e o errado estavam ficando confusas. A única coisa boa, eu supus, era que Meredith tinha estado tão ocupada comigo que ela provavelmente não tinha notado Eddie e os outros. Eles tinham ficado para trás, e eu espero que Adrian ainda tinha o espírito sob controle, enquanto Dimitri e eu levamos a atenção.

Finalmente chegamos a garagens, que estavam realmente mais cheias do que o habitual. Alguns Moroi já haviam fugido. Um da realeza estava histérico porque seu motorista tinha as chaves do carro, e ele não sabia onde ele estava. Ele estava gritando para os transeuntes para ver se alguém poderia emprestar o carro para ele.

Dimitri levou-nos propositadamente para a frente, nunca vacilando. Ele sabia exatamente onde estávamos indo. Havia um monte de planejamento, eu percebi. A maioria do qual provavelmente aconteceu ontem. Por que Lissa obscureceu isso de mim? Será que não teria sido melhor eu ter ouvido algo sobre o plano?

Nós corremos através das pessoas, indo em direção a garagem, no lado mais afastado. Ali, aparentemente pronto, estava um monótono Honda Civic cinza. Um homem estava perto dele, os braços cruzados, enquanto ele examinava o pára-brisa. Ao nos ouvir, ele se virou.

— Abe! — Exclamei.

Meu ilustre pai virou e me deu um daqueles sorrisos encantadores que poderiam atrair os incautos para a sua destruição.

— O que você está fazendo aqui? — Exigiu Dimitri. — Você está na lista dos suspeitos também! Você deveria ficar aqui com os outros. —

Abe deu de ombros. Ele parecia notavelmente indiferente a expressão irritada de Dimitri. Eu não gostaria que essa fúria fosse direcionada para mim.

— Vasilisa fará com que algumas pessoas no palácio jurem que me viram lá em tempos suspeitos. — Ele virou seus olhos escuros para mim. — Além disso, eu não poderia sair sem dizer adeus, eu poderia? —

Eu balancei minha cabeça, exasperada. — Esteve presente toda a parte do seu plano como meu advogado? Eu não lembro do escape explosivo sendo parte da formação jurídica.

— Bem, Abe, tenho certeza que isso não era parte da formação jurídica de Damon Tarus. — Seu sorriso nunca vacilou.

— Eu disse a você, Rose. Você nunca irá enfrentar a execução ou mesmo um julgamento, se eu puder ajudá-lo. — Fez uma pausa. — Que, claro, eu posso. —

Eu hesitei, olhando para o carro. Dimitri estava junto com um conjunto de chaves, olhando impaciente. As palavras de Adrian ecoaram em minha memória.

— Se eu correr, só vou parecer muito mais culpada. —

— Eles já pensam que você é culpada. — disse Abe. — Você definhando na sua cela não vai mudar isso. Só garante que agora temos mais tempo para fazer o que precisamos sem a sua execução se aproximando de nós. —

— E o que você vai fazer exatamente? —

— Provar que você é inocente, — disse Adrian. — Ou, também, que você não matou minha tia. Sabemos de tudo o que prova que você é culpada. —

— O que, vocês vão destruir as provas? — Eu perguntei, ignorando os outros.

— Não. — disse Eddie. — Temos de descobrir quem realmente a matou. —

— Vocês não devem estar envolvidos com isso, agora que estou livre. Isso é problema meu. Não é isso porque você me tirou de lá? —

— É um problema que você não pode resolver enquanto você está na Corte — disse Abe. — Nós precisamos que você fuja e esteja segura. —

— Sim, mas eu… —

— Estamos perdendo tempo discutindo — disse Dimitri. Seu olhar caiu sobre as outras garagens. As multidões ainda caóticas, muito ocupadas com seus próprios temores, não nos observavam ainda. Isso não afetou a preocupação de Dimitri. Ele me entregou uma estaca de prata, e eu não questionei as razões. Era uma arma, e eu não poderia recusar.

— Eu sei que tudo parece desorganizado, mas você será surpreendida com a rapidez de que eles restauram a ordem. E quando o fizerem, eles estão indo para bloquear este lugar. —

— Eles não precisam — eu disse devagar, minha mente girando. Já estavam a ter problemas de sair da Corte. Bem estar parado, se podemos até chegar ao portão. Não vão ser os carros alinharam por milhas!

— Ah, bem, — disse Abe, despreocupado, estudando as pontas dos dedos. — Eu tenho autoridade para dizer para abrirem uma nova porta ao lado sul da parede.

A verdade me ocorreu. — Oh senhor. Você é aquele que está distribuindo o C4. —

— Você faz parecer tão fácil, — ele disse com uma careta. Foram difíceis de obter. — A paciência de Dimitri estava no fim.

— Todos vocês: Rose deve sair agora. Ela está em perigo. Eu vou arrastá-la para fora se for necessário. —

— Você não tem que ir comigo — eu atirei para trás, ofendida com a presunção. Memórias dos nossos argumentos recentes surgiram, de Dimitri dizendo que ele não podia me amar e não queria nem mesmo ser meu amigo. — Eu sei cuidar de mim. Ninguém mais precisa ficar em apuros. — Dê-me as chaves. —

Em vez disso, Dimitri me deu aquele olhar triste que dizia que ele pensou que eu estava sendo ridícula. Poderíamos ter ficado para trás nas aulas da St. Vladimir.

— Rose, eu realmente não posso entrar em mais problemas. Alguém tem que ser responsável por ajudar você, e eu sou a melhor escolha. —

Eu não tinha certeza disso. Se Tatiana realmente tinha feito progressos em convencer as pessoas que Dimitri não era uma ameaça, essa aventura ia estragar tudo.

— Vai, — disse Eddie, surpreendendo-me com um abraço rápido. — Bem, entre em contato com Lissa. —

Percebi então que eu estava lutando uma batalha perdida com este grupo. Era realmente a hora de sair.

Abracei Mikhail, murmurando em seu ouvido: — Obrigada. Muito obrigada pela sua ajuda. Eu juro, vou encontrá-la. Vou encontrar Sonya. —

Ele me deu aquele sorriso triste de resposta.

Adrian foi o mais difícil de deixar para trás. Eu poderia dizer que era difícil para ele também, não importa o quanto seu sorriso parecia relaxado. Ele não poderia estar feliz me vendo sair com Dimitri. Nosso abraço durou um pouco mais do que os outros, e ele me deu um pano macio e um breve beijo nos lábios. Eu quase senti vontade de chorar depois de como ele tinha sido valente esta noite. Eu desejava que ele poderia ir comigo, mas sabia que ele seria mais seguro aqui.

— Adrian, obrigado por… —

Ele levantou a mão. — Não é um adeus, pequena dhampir. Vou te ver em seus sonhos. —

— Se você ficar sóbrio o suficiente. —

Ele piscou. — Por você eu posso. —

Um barulho crescendo nos interrompeu, e vimos um clarão de luz para o meu lado direito. Pessoas perto das garagens e outros gritavam.

— Lá, você vê? — Perguntou Abe, bastante satisfeito consigo mesmo. Um portão novo. Timing perfeito.

Eu dei-lhe um abraço muito relutante e fiquei surpresa quando ele não recuou imediatamente. Ele sorriu para mim... com carinho.

— Ah, minha filha, — disse ele. — Com dezoito, e você já foi acusada de assassinato, ajudou criminosos, e adquiriu um número de mortos maior do que a maioria dos responsáveis nunca vai ver. — Fez uma pausa. — Eu não poderia estar mais orgulhoso. —

Revirei os olhos. — Adeus, velhote. — E obrigada. Eu não ia me incomodar perguntando a ele sobre a parte dos criminosos. Abe não era estúpido. Depois de que eu lhe perguntei sobre uma prisão de onde mais tarde um criminoso fugiu, ele tinha, provavelmente, descoberto quem estava por trás da fuga de Victor Dashkov.

E assim, Dimitri e eu estávamos no carro, acelerando em direção do novo portão de Abe. Lamentei não ser capaz de dizer adeus a Lissa.

Nós nunca fomos verdadeiramente além do vínculo, mas ele não poderia tomar o lugar da comunicação face-a-face. Ainda assim, valeu a pena saber que ela estaria segura e livre de qualquer conexão com a minha fuga. Eu esperava.

Como sempre, Dimitri dirigiu, o que eu ainda achava que era totalmente injusto. Tinha sido uma coisa quando eu era seu aluno, mas agora? Será que ele nunca desistiria? Isso não parecia como o tempo para discuti-lo, embora, particularmente desde que eu não planejo ficar juntos nos muito mais tempo.

Algumas pessoas saíram para ver onde a parede tinha explodido, mas nenhum funcionário tinha chegado ainda. Dimitri percorreu uma distância impressionante como o Eddie tinha quando ele tinha conduzido através dos portões de Tarasov, apenas lidando com o terreno, de gramínea acidentada, bem como o SUV no Alasca. O problema em fazer a sua própria saída era que não vinha com uma estrada real. Mesmo que fosse além de Abe.

— Por que o nosso carro de fuga é um Civic, — perguntei. — Não é realmente muito bom. —

Dimitri não olhou para mim, mas continuou navegando sobre o terreno acidentado em direção a uma área mais transitável. — Porque Civics são um dos carros mais comuns lá fora e não atraem a atenção. E este deve ser o na única pista acidentada que nós vamos. Depois pegamos uma rodovia, e colocaremos o máximo de distância entre nós, como colocamos no tribunal, antes de abandonar o carro, claro.

— Abandone. — Eu balancei minha cabeça, deixá-lo ir. Chegamos a uma estrada de terra que parecia a superfície mais lisa na terra depois que começam os choques.

— Olha, agora que fugi, eu quero que você saiba que, e eu quero dizer: você não tem que vir comigo. Eu aprecio sua ajuda para escapar. Realmente. Mas sair comigo não vai fazer nenhum favor. Eles vão me caçar. Se você me largar, você pode viver entre os seres humanos e não ser tratado como um animal de laboratório. Você pode até mesmo ser capaz de ser aceito de volta na Corte. Tasha seria uma que lutaria por você.

Dimitri não respondeu um longo tempo. Ele me deixou louca. Eu não era o tipo de pessoa que lidava com o silêncio também. Isso me fez querer tagarelar e preencher o vazio. Além disso, quanto mais eu me sentei lá, mais me batia que eu estava sozinha com Dimitri. Como, realmente e verdadeiramente sozinha desde a primeira vez desde que ele voltou a ser dhampir. Eu me senti como uma tola, mas, apesar dos perigos que ele arriscou... bem, eu ainda era dominada por ele. Havia algo tão poderoso sobre a sua presença. Mesmo quando ele me deixou com raiva, eu ainda o encontrei atraente. Talvez a adrenalina tinha pifado o meu cérebro.

Fosse o que fosse, eu era consumida por mais do que apenas seus aspectos físicos, embora eles certamente eram impressionantes. O cabelo, o rosto, a sua proximidade a mim, seu cheiro... Senti tudo isso, e isso fez o meu sangue queimar. Mas o interior do Dimitri, o Dimitri que conduziu um pequeno exército através de uma prisão para me soltar me cativou muito. Levei um momento para perceber por que isso era tão poderoso: eu estava vendo o velho Dimitri, novamente, o que se preocupava comigo.

Ele estava de volta.

Finalmente, Dimitri respondeu, — Eu não vou deixar você. Nenhum dos argumentos e a sua lógica, Rose, estão indo para o trabalho. E se você tentar fugir de mim, eu vou só te encontrar. —

Eu não duvido que ele pudesse, o que só torna a situação mais confusa.

— Mas por quê? Eu não quero você comigo. — Eu ainda sentia uma persistente atração por ele, sim, mas essa mudança não mudava o fato de que ele tinha me machucado ao terminar comigo. Ele tinha me rejeitado, e eu precisava endurecer meu coração, principalmente se eu quisesse seguir em frente com Adrian. Limpar meu nome e levar uma vida normal parecia muito distante agora, mas se isso acontecesse, eu queria ser capaz de retornar ao Adrian, com os braços abertos.

— Não importa o que você quer, — disse ele. — Ou o que eu quero. — Ouch. — Lissa me pediu para protegê-la. —

— Ei, eu não preciso de ninguém, e… —

— E, — continuou ele, — eu quis dizer o que eu disse a ela. Eu jurei servi-la e ajudá-la para o resto da minha vida, com qualquer coisa que ela pedir. Se ela quer que eu seja seu guarda-costas, então é isso que eu vou ser. — Ele me deu um olhar perigoso. — E de nenhuma maneira você vai se livrar de mim em breve. —

 

ESCAPAR DE DIMITRI não era apenas sobre o nosso duro passado romântico. Eu disse isso quando eu disse, porque eu não quero que ele fique em apuros por causa de mim. Se os guardiões me encontrassem, meu destino não iria ser muito diferente do que eu já vinha enfrentando. Mas Dimitri? Ele tem dado pequenos passos rumo à aceitação. Claro, que isso estava muito mais destruído agora, mas sua chance para uma vida não tinha acabado. Se ele não quizer viver na Corte ou com seres humanos, ele poderia voltar para a Sibéria e voltar para sua família. Lá fora, no meio do nada, ele iria ser difícil de encontrar. E com a união que a comunidade tinha, eles enfrentariam a um monte de problemas para escondê-lo se alguém tentou caçá-lo. Ficar comigo era definitivamente a opção errada. Eu só precisava convencê-lo.

— Eu sei o que você está pensando — , disse Dimitri, depois de nós estarmos na estrada durante cerca de uma hora.

Nós não tínhamos falado muito, nós dois perdidos em nossos próprios pensamentos. Depois de mais campos e algumas estradas, nós finalmente chegamos a uma interestadual e estávamos fazendo bom tempo para... bem, eu não tinha ideia. Eu só tinha estado olhando pela janela, ponderando todos os desastres em torno de mim e como eu poderia apenas corrigi-los.

— Hein? — Olhei para ele.

Eu pensei que poderia haver o menor indício de um sorriso nos lábios, que parecia um absurdo considerando que esta era provavelmente a pior situação que ele tinha estado desde de ser restaurado a partir de seu estado Strigoi.

— E isso não vai funcionar, — acrescentou. — Você está planeando como ficar longe de mim, provavelmente quando nós finalmente pararmos para abastecer. Você está pensando que talvez você tenha a chance de fugir em seguida. —

Que coisa louca, eu tinha pensado muito nesse sentido. O velho Dimitri foi um bom parceiro na estrada, mas não eu não tinha tanta certeza que eu gostava de ter a sua velha capacidade para adivinhar meus pensamentos para trás também.

— Isso é um desperdício de tempo, — eu disse, gesticulando em volta do carro.

- Ah. Você tem coisas melhores a fazer do que fugir das pessoas que querem trancá-la e executá-la? Por favor, não me diga novamente que isso é muito perigoso para mim. —

Eu olhei. — É muito mais do que você. Fugir não deveria ser a minha única preocupação. Eu deveria estar ajudando meu nome a ficar limpo, não me escondendo em qualquer lugar remoto que você está, sem dúvida, me levando para. As respostas estão na Corte. —

— E você tem muitos amigos na Corte que estarão trabalhando sobre isso. Vai ser mais fácil para eles se souberem que você está segura. —

— O que eu quero saber é porque ninguém me falou sobre isso, ou, quero dizer, porque Lissa não falou. Por que ela escondeu? Você não acha que eu teria sido mais útil se eu estivesse pronta? —

— Nós fizemos a luta, não você, — disse Dimitri. — Estávamos com medo que se você soubesse, você poderia dar de que algo estava acontecendo. —

— Eu nunca teria dito! —

— Não intencionalmente, não. Mas se estivesse tensa ou ansiosa... assim, seus guardas poderiam pegar esses tipos de coisas. —

— Bem, agora que estamos fora, você pode me dizer onde vamos? Eu estava certa? É algum maluco remoto lugar? —

Nenhuma resposta.

Eu estreitei os olhos para ele. — Eu odeio não estar no circuito. —

Aquele pequeno sorriso nos lábios cresceu um pouco maior. — Bem, eu tenho minha própria teoria pessoal de que quanto mais você não sabe, mais a sua curiosidade provavelmente vai para se certificar de que você fica comigo. —

— Isso é ridículo — , eu respondi, embora realmente, que não fosse de todo de uma teoria irracional. Eu suspirei. — Quando o inferno que as coisas ficaram tão fora de controle? Quando é que vocês passam a ser os mandantes? Eu sou aquela que vem com os planos malucos, e impossíveis. Eu sou a suposta ser o general aqui. Agora eu mal sou tenente. —

Ele começou a dizer outra coisa, mas depois ficou imóvel por alguns segundos, seu rosto instantaneamente assumiu esse olhar cuidadoso de guardião, letal. Ele praguejou em russo.

— O que está acontecendo? — eu perguntei. A atitude dele era contagiante, e eu imediatamente esqueci todos os pensamentos de planos loucos.

No flash irregular dos faróis de tráfego próximo, eu podia ver seus olhos dardejar até o espelho retrovisor. — Nós temos uma cauda. Eu não achei que isso iria acontecer tão cedo. —

— Tem certeza? — Já estava escuro, e o número de carros na estrada aumentou. Eu não sabia como é que alguém poderia ver um carro suspeito entre muitos, mas bem... ele era Dimitri.

Ele praguejou de novo e de repente, em uma manobra que me fez pegar o painel, ele cortou drasticamente em duas vias, apenas pouco falhando uma minivan que manifestou a sua contrariedade com um monte de buzinadas. Havia uma saída ali, e ele quase não conseguiu sair sem cortes dos ferros da rampa. Eu ouvi mais buzinas, e quando eu olhei para trás, vi os faróis de um carro que tinha feito o mesmo louco movimento para nos acompanhar até a saída.

— A Corte deve ter dado a palavra para fora muito rápido — , disse ele. — Eles tinham alguém vigiando as interestaduais — .

— Talvez devêssemos ter tomado as estradas secundárias. —

Ele balançou a cabeça. — Muito devagar. Nada disso teria sido um problema uma vez que mudamos de carros, mas encontraram-nos muito cedo. Nós vamos ter que tomar um novo aqui. Esta é a maior cidade que nós vamos chegar antes da fronteira de Maryland. —

Um sinal disse que estávamos em Harrisburg, Pensilvânia, e como Dimitri habilmente nos levou por uma estrada ocupada, cheia de comércio, eu podia ver tudo no espelho que a cauda seguia tudo que fizemos. — Qual é exatamente é o seu plano para adquirir um carro novo? — Eu perguntei cautelosamente.

— Ouça com atenção — , disse ele, ignorando a minha pergunta. — É muito, muito importante que você faça exatamente o que eu digo. Sem improvisar. Sem discussão.

Existem guardiões no carro, e agora, eles terão alertado cada outro guardião por aqui ... talvez até humanos e a polícia. —

— 'Não iria a polícia pegar-nos criar alguns problemas? —

— Os Alquimistas iriam resolver isso e ter certeza de que acabamos de volta com os Moroi. —

Os Alquimistas. Eu deveria ter sabido que eles iriam se envolver. Eles eram uma sociedade secreta de seres humanos que ajudavam a proteger os Moroi e interesses dhampir, mantendo-nos para fora da corrente principal do ser humano público. Claro, os Alquimistas não o faziam por pura bondade. Eles achavam que éramos o mal e não naturais e, sobretudo, queriam ter certeza de que ficávamos à margem da sociedade. Uma fugitiva criminosa como eu certamente seria um problema, e gostariam de ajudar com os Moroi.

A voz de Dmitri era dura e dominante quando ele falou de novo, embora os seus olhos não estavam em mim. Eles estavam ocupados digitalizando os lados da estrada. — Não importa o que você acha das escolhas que toda a gente tem feito para você, não importa o quão infeliz você é com esta situação, você sabe, — eu sei que você faz — que nunca falhei quando nossas vidas estavam em jogo. Você confiou em mim no passado. Confie em mim agora. —

Eu queria dizer-lhe que o que ele disse não era inteiramente verdade. Ele havia falhado comigo. Quando ele sido tomado por Strigoi, quando ele me mostrara que ele não estava perfeito, ele não me tinha quebrando a divina, impossível imagem que eu tinha dele. Mas a minha vida? Não, ele sempre me mantivera segura. Mesmo como Strigoi, ele nunca me tinha inteiramente convencido de que ele poderia me matar. Na noite, em que a Academia tinha sido atacada, quando ele foi transformado, ele também me disse para lhe obedecer sem questionar. Ele tinha a intenção de deixar ele para lutar com os Strigoi, mas eu não tinha feito isso.

— Ok, — eu disse calmamente. — Eu vou fazer tudo o que você diz. Basta lembrar de não falar de cima para mim. Eu não sou mais sua aluna. Agora sou sua igual. —

Ele olhou para longe da beira da estrada apenas o suficiente para dar-me um olhar surpreso. — Você sempre foi minha igual, Roza. —

A utilização do carinhoso apelido russo me fez muito estúpida para responder, mas não me importei. Momentos depois, ele estava todo o negócio de novo. — Pronto. Você vê o sinal do cinema? —

Olhei para baixo da estrada. Havia tantos restaurantes e lojas que os seus sinais faziam uma névoa brilhante na noite. Finalmente, eu vi o que ele quis dizer. WESTLAND CINEMA.

— Sim. —

— Isso é onde vamos nos encontrar. —

Estávamos nos dividindo? Eu queria me separar, mas não assim. Em face do perigo, separar, de repente parecia uma péssima ideia.

Eu prometi porém, não argumentar, e continuei a ouvir.

— Se eu não estiver lá em meia hora, chame esse número e vá sem mim. — Dimitri me entregou um pequeno pedaço de papel de seu bolso de lenço. Nele tinha um número de telefone rabiscado, um que eu não reconheci.

Se eu não estiver lá em meia hora. As palavras foram tão chocantes que não podiam ajudar a evitar o meu protesto neste momento. — O que quer dizer, se não estiver... ah! —

Dimitri fez outra volta abrupta, que fez com que ele passasse uma luz vermelha e só por pouco falhar alguns carros. Seguiram-se mais buzinas, mas o movimento foi muito brusco para o nosso perseguidor nos acompanhar. Eu o vi ficar para trás na estrada principal, a piscar as luzes de freio, enquanto procuravam um lugar para virarem.

Dimitri tinha nos levado a um estacionamento de shopping. Ele estava cheia de carros, e eu olhei para o relógio para ter uma ideia do tempo humano. Quase oito da noite. No início do dia Moroi, momentos de entretenimento eram primordiais para os seres humanos. Ele dirigia passando algumas entradas para o shopping e finalmente escolheu um lado, estacionando em um lugar de desvantagem. Ele estava fora do carro em um movimento fluido, comigo a seguir na mesma rapidez.

— Aqui é onde nós nos separamos, — disse ele correndo em direção a um conjunto de portas. — Mova-se rapidamente, mas não corra novamente quando estiver dentro. — Não chame a atenção. Misture-se. Mova-se dentro por um pouco, depois saia através de qualquer saída, menos esta. Caminhe para fora perto de um grupo de seres humanos e, em seguida encaminhe-se para o cinema. — Entramos no shopping. — Vá! —

Como se receoso que eu não me mexesse, ele me deu um pequeno empurrão em direção a uma escada rolante, enquanto ele decolou no piso principal. Houve uma parte de mim que só queria congelar e ficar lá, que se sentiu aturdida pelo ataque repentino de pessoas, luz e actividade. Eu logo empurrei essa parte assustada de lado e comecei a subir a escada rolante. Reflexos rápidos e reações instintivas foram parte da minha formação. Eu as tinha afiado na escola, nas minhas viagens, e com ele.

Tudo o que me foi ensinado a respeito de alguém escapando voltou correndo para a minha cabeça. O que eu mais queria fazer, do que qualquer coisa era olhar em volta e ver se eu tinha um seguidor, mas isso definitivamente chamaria a atenção. Eu tive que imaginar que, no máximo, tivemos alguns minutos de avanço sobre nossos perseguidores. Eles teriam que se virar para voltar para o shopping e depois circular até encontrar o nosso carro, presumindo que descobriam que tínhamos ido para o shopping. Eu acho que Harrisburg não tinha uma presença Moroi para convocar muitos guardiões em curto prazo. O que eles tinham provavelmente se separou, alguns buscando no shopping e alguns guardando as entradas. Este lugar tinha muitas portas também para os guardiões verificarem todas, a minha escolha de fuga seria pura sorte.

Eu andei tão rápido como eu poderia razoavelmente, passando através de casais, famílias com carrinhos de criança e adolescentes rindo. Invejei esse último grupo.

Sua vida parecia tão fácil, em comparação a minha. Também passei as lojas habituais, registando seus nomes, mas não muito mais: Ann Taylor, Abercrombie, Forever 21... Diante de mim, eu podia ver o centro do shopping, onde vários corredores se ramificavam. Eu tinha uma escolha a fazer em breve.

Passando uma loja de acessórios, me esquivei dentro e fingi olhar bandas de cabelo. Como eu fiz, eu disfarçadamente olhei de volta para o shopping até ao ponto principal. Eu não vi nada óbvio. Ninguém tinha parado, ninguém tinha me seguido para a loja. Ao lado da seção das bandas era um escaninho afastado preenchido com os itens, que obviamente, não mereciam estar na ribalta. Um item era um — boné de beisebol feminino, — rosa quente com uma estrela feita em strass na parte frontal do arco-íris. Era horrível.

Comprei-o, grata aos guardiões por não terem levado o dinheiro escasso que tinha em mim quando fui presa. Eles provavelmente acharam que não era suficiente para subornar alguém. Eu também comprei um elástico para rabo de cavalo, ao mesmo tempo mantendo um olho na loja e na porta de entrada. Antes de sair, eu atei meu cabelo tanto quanto eu poderia com o elástico e, em seguida, coloquei o chapéu. Houve alguma bobagem sobre estar reduzida a usar disfarces, mas meu cabelo era uma maneira fácil de me identificar. Era de uma profunda cor, quase marrom, e minha falta de qualquer corte de cabelo recente o tinha pendurado até ao meio das costas. De fato, entre isso e a altura de Dimitri, teríamos feito um muito notável par ao andar por aqui.

Eu me misturei de volta para os compradores e logo cheguei ao centro do shopping. Não querendo mostrar qualquer hesitação, tomei a esquerda em direção ao Macy‘s.

Enquanto eu andava, eu me senti um pouco constrangida com o chapéu e desejei que pelo menos tivesse tido tempo de encontrar um com mais estilo. Minutos depois, quando vi um guardião, eu estava feliz de feito essa escolha de forma rápida.

Ele estava perto de um desses carros que você sempre vê no centro de shoppings, fingindo estar interessado em uma capa de telefone celular. Reconheci-o primeiro por causa de sua postura e a forma como ele estava administrando, o agir interessado em uma capa de telefone com estampa de zebra e simultaneamente, procurando em torno dele. Além disso, dhampirs podem sempre distinguir-se dos seres humanos com um análise bastante estreita. Para a maior parte, as nossas duas raças parecem bastante idênticas, mas eu poderia distinguir um dos meus próprios.

Eu certifiquei-me de não olhar diretamente para ele e senti seus olhos passarem por cima de mim. Eu não o conhecia, o que significava que ele provavelmente não me conhecia também. Era provável que me procurasse por uma foto que ele viu uma vez e esperar pelo meu cabelo para ser uma grande dádiva. Mantendo como um ar casual tanto quanto eu pude, passei por ele num ritmo calmo, olhando em montras que me mantinham de costas para ele, mas não enviando mensagem óbvia de que eu estava em fuga. Todo o tempo, meu coração batia forte em meu peito. Guardiões poderiam matar-me à vista. Sabia que se isso se aplica no meio de um shopping? Eu não quero descobrir.

Quando eu me afastei do carrinho, acelerei um pouco meu ritmo. O Macy's teria sua própria porta para fora, e agora era apenas uma aposta para ver se era ou não uma boa aposta vindo nesta direção. Entrei na loja, desci a sua escada rolante, e fui em direção ao piso principal de saída de passagem por uma bela seleção muito bonita de boinas e fedoras. Parei perto, não porque eu planeava atualizar o meu chapéu, mas porque me permitiu cair no passo logo atrás um grupo de meninas que também estavam saindo.

Saímos juntas da loja, e meus olhos rapidamente se ajustaram às mudanças na luz. Havia muita gente em volta, mas novamente não vi nada ameaçador. Minhas meninas pararam para conversar, me dando uma oportunidade para me orientar sem parecer totalmente perdida. À minha direita, avistei a movimentada estrada em que Dimitri e eu tínhamos vindo, e de lá, eu sabia como chegar ao cinema. Eu suspirei em alivio e cortei em frente através do estacionamento, ainda olhando em minha volta.

Quanto mais eu caminhava para longe do shopping, menor era a multidão no estacionamento. Postes impediam de estar totalmente escuro, mas ainda havia uma sensação estranha como se a coisa crescesse mais silenciosa. Meu primeiro impulso foi o de virar para a direita da estrada e tomar a calçada diretamente para o teatro. Era bem iluminado e tinha gente. Mas logo depois, eu decidi que era demasiado evidente. Eu tinha certeza que eu poderia cortar no estacionamentos muito mais rapidamente para chegar ao teatro.

Provou-se ser uma espécie de verdade. Eu tinha o teatro à vista, quando eu percebi que tinha sido seguida depois de tudo. Não muito longe de mim, a sombra de um poste do estacionamento que não iluminava corretamente. A sombra era muito ampla. Alguém estava atrás do pólo. Eu duvidei que um guardião tinha coincidentemente escolhido este local esperando que Dimitri ou eu passaríamos por aqui. O mais provável era que um escuteiro me viu e circulou em frente para uma emboscada.

Eu continuei andando, tentando não, obviamente, abrandar, embora todos os músculos do meu corpo estavam tenso para o ataque. Eu tinha que ser aquele que atacava primeiro. Eu tinha que estar no controle.

O meu momento chegou, segundos antes de que, suspeitava meu emboscador teria feito a sua jogada. Eu pulei para fora, jogando-o — o que acabou por ser um dhampir que eu não reconheci — contra um carro nas proximidades. Yup. Eu o surpreendi. É claro, a surpresa foi mútua quando o alarme do carro disparou, tocando na noite. Eu estremeci, tentando ignorar os gritos enquanto eu soquei meu cativo no lado esquerdo de sua mandíbula. Eu tive que tirar o máximo partido de tê-lo preso.

Com a força do meu punho ele bateu a cabeça contra o carro, mas ele tomou admiravelmente, prontamente empurrando para trás em um esforço para libertar-se. Ele era mais forte, e eu o fiz tropeçar um pouco, mas não o suficiente para perder o equilíbrio. O que me faltava em força, que eu fiz em velocidade. Desviei cada tentativa de mim, mas me trouxe pouca satisfação. O estúpido alarme do carro estava indo ainda forte, e iria eventualmente atrair a atenção dos responsáveis ou outras autoridades humanas.

Corri em todo o lado do carro, e ele deu a perseguição, parando quando estávamos em lados opostos. Éramos como duas crianças brincando de manter-longe. Nos espelhando um ao outro enquanto ele tentava antecipar qual direção eu iria. Na pouca luz, eu vi algo surpreendente dobrado em seu cinto: uma arma. Meu sangue gelou. Guardiões eram treinados para usar armas, mas raramente as carregavam consigo. As estacas eram a nossa arma de escolha. Nós estávamos no negócio de matar Strigoi, afinal de contas, e as armas eram ineficazes. Mas contra mim? É isso aí. Uma arma simplificava o seu trabalho, mas eu tive uma sensação de que ele hesitava em usá-la. Um alarme de carro pode ser atribuído a alguém que acidentalmente chegou muito perto, mas uma bala? Isso iria provocar uma chamada para a polícia. Este cara não iria disparar se ele poderia evitar, mas ele o faria se ficasse sem opções. Era preciso acabar isto em breve.

Finalmente, fiz um movimento para a frente do carro. Ele tentou interceptar-me, mas depois surpreendi-o saltando sobre o capô do carro (porque sinceramente, neste momento, não era como se o alarme poderia ficar mais sonoro). No meu segundo de vantagem, lancei-me fora do carro e em cima dele, derrubando-o para o chão. Caí em cima de sua barriga e segurei-o com todo o meu peso, enquanto as minhas mãos foram em torno de seu pescoço. Ele se esforçou, tentando me jogar para fora, e quase conseguiu. Por último, a falta de ar venceu. Ele parou de se mover e caiu inconsciente. Eu deixei-o.

Por um breve momento, eu tive um flashback da nossa fuga da Corte, quando eu usei a mesma técnica em Meredith. Eu vi-a deitada no chão mais uma vez e senti a mesma pontada de culpa. Então, eu sacudi a ideia. Meredith estava bem. Meredith até nem estava aqui. Nenhum dos que me importavam. Tudo o que importava era que esse cara estava fora da comissão, e eu tinha que sair daqui. Agora.

Sem olhar para ver se outros estavam vindo, eu arranquei pelo estacionamento em direção ao cinema. Parei de uma vez assim que tive uma certa distância entre mim e o carro gemendo, usando um outro carro como cobertura. Eu não vi ninguém perto do cara ainda, mas mais pelo estacionamento, e muito à frente, perto do shopping, parecia haver alguma atividade. Eu não fiquei ao redor para olhar mais de perto. Fosse o que fosse, isso não poderia ser bom para mim.

Cheguei ao cinema alguns minutos mais tarde, sem folego, mais de medo do que exaustão. Corrida dura foi algo que eu tinha construído bastante, graças ao Dimitri. Mas onde estava Dimitri? Espectadores do cinema se misturavam em volta, alguns dando ao meu estado descabelado um olhar estranho, enquanto esperavam por bilhetes ou discutiam o filme que acabaram de ver. Eu não vi nenhum sinal de Dimitri em qualquer lugar.

Eu não tinha relógio. Quanto tempo passou desde que nos separamos? Certamente não uma meia hora. Eu andei em torno do cinema, ficando obscurecida na multidão, em busca de qualquer indício de Dimitri ou mais alguns perseguidores. Nada. Minutos passavam. Inquieta, eu alcancei no meu bolso e toquei o pedaço de papel com o número de telefone. Saia, ele me disse. Sair e chamar o número. Claro, eu não tinha telefone celular, mas isso era o menor dos meus problemas agora...

— Rose! —

Um carro parou junto à calçada onde outros foram largando as pessoas. Dimitri estava inclinado para fora da janela, do lado do condutor e eu quase caí mais em alívio. Bem, ok, quase não. Na realidade, eu não desperdicei um momento em apressar-me para ele e pulando para o banco do passageiro.

Sem uma palavra, ele bateu o gás e levou-nos se afastando do cinema, e de volta à estrada principal.

Nós não dissemos nada ao princípio. Ele estava tão enrolado e em extremo, que parecia que a menor provocação faria pressão no meio. Ele dirigiu o mais rápido que podia sem atrair a atenção da polícia, o tempo todo olhando para o espelho retrovisor.

— Há alguém atrás de nós? — Perguntei, por fim, enquanto dirigia de volta para a estrada.

— Não parece que estejam. Eles levarão um tempo para descobrir dentro de que carro estamos. —

Eu não prestei muita atenção quando entrei, mas nós estávamos em um Honda Accord, de aparência comum — como o outro carro. Também notei que não havia chave na ignição.

— Você fez hotwire neste carro? — Então, reformulei a minha pergunta. — Você roubou o carro? —

— Você tem um interessante conjunto de moral, — observou ele. — Fugir da prisão está bem. Mas roubar um carro, e você soa totalmente indignada. —

— Apenas estou mais surpresa do que indignada, — eu disse, recostando-me contra o assento. Eu suspirei. — Eu estava com medo... bem, por um momento, eu estava com medo você não viesse. Que eles tivessem apanhado você, ou algo assim. —

— Não. A maioria do meu tempo foi gasto esgueirando-me e em encontrar um carro adequado. —

Alguns minutos de silêncio caíram. — Você não perguntou o que aconteceu comigo, — eu indiquei, um pouco irritada.

— Não tenho necessidade. Você está aqui. Isso é o que conta. —

— Eu entrei em uma briga. —

Eu posso dizer. — Sua manga está rasgada. —

Olhei para baixo. Sim, rasgada. E também perdi o chapéu na minha corrida louca. Não se perdeu nada. — Você não quer saber nada sobre a luta? —

Seus olhos ficaram na estrada à nossa frente. — Eu já sei. Você tomou o seu inimigo. Você fez isso rápido, e você fez bem. Porque você é assim tão boa. —

Eu ponderei suas palavras por um momento. Eles eram matéria-de-verdade, todos negócios... e ainda, sua declaração trouxe um sorrisinho nos meus lábios.

— Tudo bem. Então e agora, general? — Não que você ache que eles vão ler relatórios de verificação de veículos roubados e buscar o nosso número de placa? —

— Provavelmente. Mas até lá, vamos ter um carro novo e um que não terão qualquer pista sobre. —

Eu fiz uma careta. — De onde você está puxando isso fora? —

— Nós estamos encontrando alguém, em poucas horas. —

Porra. Eu realmente odeio ser a última a saber de tudo. —

— Poucas horas nos colocarão em Roanoke, Virginia .A maioria da nossa condução passou sem ocorrências até aquele ponto. Mas quando a cidade entrou em vista, notei Dimitri olhando os sinais de saída até que ele encontrou o que queria. Saindo da interestadual, ele continuou a verificação de uma perseguição e não encontrou nada. Chegamos a uma outra estrada cheia de comércio, e ele dirigiu a um McDonald's que se destacava claramente do resto das lojas.

— Eu não acho, — eu disse, — que se trata de uma pausa para comida? —

— Isto, — ele respondeu, — é onde pegamos nossa próxima viagem. —

Dirigiu ao redor do estacionamento do restaurante, com os olhos na verificação de alguma coisa, embora inicialmente eu não sabia o que. Avistei numa fração de segundo antes que ele o fez. No canto do parque, vi uma mulher encostada a um SUV bronze, de costas para nós. Eu não conseguia ver muito dela, exceto que ela usava uma camisa escura e tinha cabelos loiros despenteados que quase tocavam seus ombros.

Dimitri puxou para o terceiro lugar ao lado de seu veículo, e eu estava fora do nosso no segundo que ele pisou no freio. Eu a reconheci antes mesmo de ela se virar.

— Sydney? — O nome surgiu como uma pergunta, eu tinha certeza que era ela.

Sua cabeça virou-se e eu vi um rosto familiar, um rosto humano com olhos castanhos que poderiam acender uma luz amarela no sol e uma tatuagem de ouro desmaiada em sua bochecha.

— Ei, Rose, — ela disse, um sorriso triste tocando em seus lábios. Ela ergueu um saco do McDonald's. — Pensei que você estaria com fome. —

SÉRIO, QUANDO VOCÊ PENSA SOBRE ISSO, Sydney aparecendo não é mais estranho do que outras coisas que parecem acontecer comigo regularmente. Sydney é uma Alquemista, uma que eu conheci na Russia quando estava tentando achar e matar Dimitri. Ela tem minha idade e tinha odiado ser mandada para lá, apesar de eu certamente ter apreciado isso. Como Dimitri notou mais cedo, os Alquimistas iriam querer ajudar os Moroi a me achar e capturar. Ainda assim, julgando pela tensão irradiando dela e de Dimitri no carro, se tornou óbvio que ela estava ajudando nessa fuga.

Com muito esforço, eu pus minhas questões de lado para outra hora. Nós ainda éramos fugitivos, sem dúvida ainda sendo perseguidos. O carro da Sydney era um Honda CR-V novo, com uma placa da Louisiana e um ticket de aluguel.

— Que diabos? — eu perguntei. — Essa fuga ousada ta sendo patrocinada pela Honda? — quando isso não teve resposta, eu fui para a próxima questão óbvia. — Estamos indo para New Orleans? — Este era o novo posto da Sydney. Uma excursão era a ultima coisa na minha cabeça no momento, mas se você tem que fugir, você pode muito bem fugir para um lugar bom.

— Não —,ela disse, saindo do lugar, — Estamos indo para West Virginia — .

Olhei de jeito agudo para Dimitri, que sentou no banco de trás, esperando que ele negasse isso. Ele não negou.

— Presumo que por West Virginia, — vocês digam — Havai, — eu disse, — Ou outro lugar igualmente excitante. —

— Honestamente, eu acho que é melhor você evitar excitação agora, — Sydney assinalou. O GPS do carro a direcionou a fazer a próxima curva, nos levando direto para a I-81. Ela franziu o cenho. — E West Virginia é bem bonita. —.

Eu me lembrei que ela era de Utah e provavelmente não sabia nada melhor. Tendo muito que desisti de qualquer parcela de controle dessa fuga, eu passei para as próximas questões obvias.

— Porque você esta nos ajudando? —

Eu tive um pressentimento de que ela estava acenando no escuro.

— Porque você acha? —

— Abe. —

Ela acenou. — Estou começando a pensar se New Orleans vale a pena. —

Eu recentemente aprendi que Abe — com aquela inexplicável, muito grande influência dele — foi responsável por tira-la da Russia. Como ele fez isso, eu não sei. O que eu sabia era que isso deixou Sydney num débito aberto com ele, um que ele continuava usando para conseguir favores. Algumas vezes, eu imaginava se existia mais nesse trato do que só uma transferência de posto, como se ele tivesse feito algo a mais que nenhum dos dois tenham me falado. Independentemente, eu comecei a dizer que era isso que ela devia ter esperado por ter feito um acordo com o diabo, mas reconsiderei. Com um bando de guardiões em nossa busca, provavelmente não é uma boa ideia importunar uma pessoa que esta me ajudando. Fiz uma pergunta diferente.

— Okay. Então porque estamos indo para West Virginia? —

Sydney abriu sua boca para responder, mas Dimitri a interrompeu.

— Ainda não. —

Eu me virei de novo e lancei a ele um olhar penetrante. — Eu estou tão cansada disso! Nós estamos fugindo por umas 6 horas agora, e eu ainda não sei todos os detalhes. Entendi que estamos ficando longe dos guardiões, mas estamos seriamente indo para West Virginia? Estamos indo fazer uma cabana como nossa base de operações? Tipo, uma no lado de uma montanha que não tem encanamento? —

Sydney me deu um dos seus suspiros exasperados. — Voce realmente sabe algo sobre West Virginia? —

Eu não gostava de ela e Dimitri conspirando para me deixar no escuro. É claro, com Sydney, seu silêncio podia significar muitas coisas. Ainda podia ser ordens de Abe. Ou talvez ela só não queria falar comigo. Desde que a maioria dos Alquimistas achavam os Damphirs e vampiros a prole do inferno, eles não eram muito amigáveis conosco. Ter passado um tempo comigo na Sibéria tinha mudado seu ponto de vista um pouco. Eu espero. Algumas vezes eu sentia que ela somente não era uma pessoa muito social.

— Você sabe que armaram para nós, certo? — eu perguntei. — Nós realmente não fizemos nada. Eles disseram que eu matei a rainha, mas… —

— Eu sei —, Sydney interrompeu, — Eu ouvi tudo sobre isso. Todos os Alquimistas sabem sobre isso. Vocês dois estão no topo da lista de procurados. — Ela usou um tom de toda negócios mas não pode totalmente esconder sua preocupação. Tive a impressão que Dimitri a deixava mais nervosa do que eu, o que era compreensível desde que ele também deixava nosso próprio povo.

— Eu não fiz isso, — eu insisti. De alguma forma, era importante que ela saiba disso.

Sydney não reconheceu meu comentário. Em vez disso, ela disse, — Voce devia comer. Sua comida está ficando gelada. Nós temos um pouco mais de três horas pela frente e não iremos parar a não ser para abastecer. —

Eu reconheci o termino na voz dela, assim como a lógica. Ela não queria falar mais. Dentro da sacola, eu encontrei dois sacos grandes de batatas fritas, e três x-burgers. Ela aparentemente ainda me conhecia bem. Em vez disso, eu ofereci um x-burguer para o Dimitri.

Ele hesitou vários segundos antes de pegar. Ele pareceu considerar isso com um tipo de maravilha, e me atingiu que comer comida ainda era uma coisa nova para ele depois desses últimos meses. Strigoi sobreviviam somente com sangue. Eu dei para ele algumas fritas também e me virei para devorar o resto. Não me incomodei em oferecer nada para Sydney. Ela era conhecida por sua falta de apetite, e além disso, eu imaginei que ela já devia ter comido se quisesse enquanto nos esperava.

— Eu acho que isso é para você, — Dimitri disse, me dando uma pequena mochila. Eu a abri e vi algumas mudas de roupas, assim como alguns itens de higiene básica. Eu olhei duas vezes aquilo.

— Shorts, camisas, e um vestido. Eu não posso lutar nisso. Eu preciso de jeans. — O vestido era fofo, reconhecidamente: um longo vestido transparente numa aquarela de branco, preto e cinza. Mas muito pouco pratico.

— Isso é um reconhecimento para você — disse Sydney, — Isso aconteceu muito rápido. Só tinha algumas coisas que eu podia colocar juntas. —

Olhando para tras, eu vi Dimitri desfazendo sua própria mala. Tinha roupas básicas que nem as minhas e também… — Um sobretudo? — eu exclamei, vendo ele tirar o longo casaco de couro. Como aquilo cabia ali desafiava a física. — Você pegou para ele um sobretudo, mas não pode achar para mim um par de jeans? —

Sydney pareceu não ligar para meu ultraje.

— Abe disse que isso era essencial. Além disso, se tudo der certo do jeito que tem que ser, você não ira lutar. — Eu não gostei do som daquilo. Em segurança e remota.

Visto que eu tinha aqueles que pareciam ser potencialmente os companheiros de carro mais quietos do mundo, eu sabia melhor do que esperar qualquer conversação pelas próximas três horas. Imaginei que isso também estava bom, porque me deixava checar Lissa. Eu ainda estava muito agitada por causa da minha própria fuga para passar muito tempo em sua mente, então foi só uma checada rápida na vida da Corte.

Conforme Dimitri previra, os guardiões restauraram a ordem bem rápido. A Corte estava fechada, e qualquer um que tivesse qualquer conexão comigo estava sendo extensivamente questionado. O negócio era que todos tinham álibis. Todos tinham visto meus aliados no funeral — ou, no caso de Abe, pensavam que tinham visto. Um par de garotas jurou que estiveram com Adrian, o que eu só podia imaginar que fosse o resultado de mais compulsão. Eu podia sentir a satisfação da Lissa através do elo a medida que a frustração dos guardiões crescia mais e mais.

Embora ela não tivesse uma forma de saber quando eu estaria na mente dela, ela me mandou uma mensagem através da nossa ligação. Não se preocupe, Rose. Eu vou tomar conta de tudo. Vamos limpar seu nome.

Eu afundei de volta, sem saber como me sentir nessa situação. Durante toda a minha vida, eu tomei conta dela. Eu protegi ela do perigo e sai do meu caminho para mantê-la longe de ameaças. Agora, os papéis estavam trocados. Ela interceptou por mim para salvar Dimitri, e eu — e, aparentemente, todo o mundo — estava nas mãos dela nessa fuga. Isso ia contra todos os meus instintos e me incomodava. Eu não estava acostumada a ser protegida pelos outros, muito menos por ela.

Os interrogatórios continuavam, e Lissa ainda não passara pelo dela, mas algo me dizia que meus amigos iam sair livres dessa. Eles não seriam punidos pela minha fuga e no momento, eu era a única em perigo — o que eu preferia.

West Virginia podia ser bonita como Sidney afirmava, mas eu não podia saber já que chegamos no meio da noite. Na maior parte do tempo, eu tinha a sensação de estarmos andando de carro através das montanhas, sentindo as subidas e descidas enquanto íamos por retornos e túneis após quase exactamente três horas, entramos num pequeno buraco de uma cidade que tinha um semáforo e um restaurante marcado simplesmente como almoço. Não havia tráfego na estrada por mais de uma hora, entretanto, o que era a coisa mais importante. Não havíamos sido seguidos.

Sidney nos levou ate um prédio com uma placa dizendo MOTEL. Aparentemente, essa cidade gostava de se manter básica no que se referia a nomes. Eu não ficaria surpresa se ela se chamasse simplesmente Cidadezinha. Enquanto caminhamos pelo estacionamento do motel, me surpreendi em sentir como minhas pernas estavam doloridas, cada parte de mim ardia, e dormir parecia fantástico. Já havia se passando mais de metade de um dia desde que essa aventura começou.

Sidney nos registou sob nomes falsos e o secretário sonolento não fez perguntas. Passamos por um corredor que não era exactamente sujo, mas também não era nada que um membro da realeza passaria perto. Um carrinho de limpeza estava encostado contra uma parede, como se alguém tivesse desistido e o abandonado ali. Sydney parou de repente diante de uma porta e nos deu a chave. Eu percebi que ela estava indo para um quarto diferente.

— Não vamos ficar todos juntos? —

— Ei, se vocês forem pegos, eu não quero estar em nenhum lugar perto de vocês. — Ela disse sorrindo. Eu também suspeitava que ela não quisesse dormir no mesmo quarto que ‘criaturas malignas da noite’. — eu estarei perto na mesmo assim. Nós conversaremos pela manhã. —

Isso me fez percebe outra coisa. Eu olhei Dimitri. — Vamos dividir um quarto? —

Sydney deu de ombros. — É melhor para vocês se defenderem. —

Ela nos deixou daquela maneira abrupta dela. E eu e Dimitri olhamos brevemente um para o outro antes de entrarmos no quarto. Como o resto do motel, não era chique, mas ia servir. O tapete estava gasto porem intacto, e eu apreciava a fraca tentativa de decorar com uma péssima pintura de peras. Uma pequena janela parecia triste. Havia uma cama.

Dimitri passou o ferrolho e a corrente na porta e então se sentou na única cadeira do quarto. Era de madeira com um encosto recto, mas ele parecia considera-la a coisa mais confortável do mundo. Ele ainda tinha seu olhar perpetuamente vigilante, mas eu podia ver a exaustão. Também foi uma longa noite para ele.

Eu sentei na beira da cama. — E agora? —

— Agora esperamos — ele respondeu.

— Pelo quê? —

— Por Lissa e os outros limparem seu nome e nós descobrirmos quem matou a rainha. —

Eu esperava mais explicações, mas tudo que recebi foi silêncio. Descrença começou a nascer dentro de mim. Eu fiquei tão paciente quanto pude esta noite, sempre assumindo que Dimitri estivesse me levando para uma missão misteriosa para ajudar a solucionar o assassinato. Quando ele dizia que íamos esperar, certamente ele não queria dizer que iríamos simplesmente… bem esperar?

— O que nós vamos fazer? — eu exigi. — Como vamos ajuda-los? —

— Eu já disse isso antes: você dificilmente poderia sair para procurar por pistas na Corte. Você precisa ficar longe. Ficar a salvo. —

Meu queixo caiu enquanto eu indicava o quarto enfadonho com um gesto. — O quê, e é isso? É aqui que vamos nos esconder? Eu achei… achei que íamos fazer outra coisa. Algo para ajudar. —

— Estamos ajudando, — ele disse, naquele jeito cretinamente calmo dele. — Sydney e Abe pesquisaram esse lugar e decidiram que era fora do caminho o bastante para evitar chamar a atenção. —

Eu pulei da cama. — Ok, camarada. Tem um problema sério com a sua lógica. Vocês caras agem como se ficar fora do caminho fosse ajudar. —

— O que tem um problema sério somos nós repetindo essa conversa de novo e de novo. A resposta de quem matou Tatiana está na Corte, e é lá que os seus amigos estão. Eles vão descobrir isso. —

— Eu não entrei em uma perseguição em alta velocidade e passei por fronteiras estaduais para me enfiar num motel de merda! Por quanto tempo você pretende ficar — fora de caminho — aqui? —

Dimitri cruzou os braços na frente do peito. — O quanto nós precisarmos. Temos fundos para ficar aqui indefinidamente. —

— Eu devo ter troco no meu bolso para ficar aqui indefinidamente! Mas não vai acontecer. Nos não vamos fazer do jeito mais fácil e ficar sentados esperando. —

— Sobreviver não e tão fácil quanto você pensa. —

— Ah Deus, — eu rugi. — Você andou com Abe, não é? Sabe, quando você era um Strigoi, me falou para ficar longe dele. Talvez, você devesse seguir seus próprios conselhos. —

Eu me arrependi daquelas palavras assim que elas saíram da minha boca e vi nos olhos dele que eu havia causado um sério dano.

Ele podia estar a agir como o velho Dimitri, mas seu tempo como um Strigoi ainda o atormentava.

— Desculpa, — eu disse.

— Não estamos a discutir isso, — ele disse duramente. Lissa diz para ficarmos hospedados aqui, por isso ficamos aqui. —

A raiva empurrou de lado a minha culpa. — É por isso que você está fazendo isso? Porque Lissa disse para você? —

— Claro que sim. Eu jurei servir e ajudá-la. —

Foi ai que eu estourei. Foi ruim o bastante que, quando Lissa o transformou de volta em um damphir, Dimitri pensou que estava tudo bem em ficar junto com ela e me desprezar ao mesmo tempo. Apesar do facto que fui eu quem foi ate a Sibéria e eu descobri que Robert, o irmão de Victor, sabia como curar Strigoi… bem, aparentemente, essas coisas não importavam. Só Lissa que havia fincado a estaca parecia importar, e Dimitri agora a considerava como uma espécie de deusa angelical, uma a quem ele fez um voto arcaico de servir como um cavaleiro

— Esqueça, — eu disse. — Eu não vou ficar aqui. —

Eu cheguei a porta em três passos e consegui tirar a corrente mas, dentro de segundos, Dimitri havia saído de sua cadeira e me jogou contra a parede. Na verdade, aquela era uma reacção bem lenta. Eu esperaria que ele me impedisse antes que eu desse dois passos.

— Você vai ficar aqui, — ele disse calmamente, as mãos apertando meus pulsos. — Quer você queira ou não. —

Agora, eu tinha poucas opções. Eu podia ficar, é claro. Eu podia passar dias — meses até — nesse motel até que Lissa limpasse meu nome. Isso, é claro, presumindo que Lissa pudesse limpar o meu nome e que eu não morresse de envenenamento alimentar ao almoço. Essa era a opção mais segura. Também era a mais chata para mim.

Outra opção era lutar contra Dimitri para escapar. Isso não seria seguro nem fácil. Seria particularmente difícil porque eu ia precisar lutar de um jeito que me permitisse fugir sem mata-lo ou causar a qualquer um de nós ferimentos sérios. Ou, poderia simplesmente jogar a precaução para o alto e não me segurar. Diabos, o cara enfrentou Strigoi e metade dos Guardiões da Corte. Ele podia suportar eu dando tudo de mim. Nós certamente tivemos uns encontros bem duros em St.Vladimir. Será que o meu melhor seria o bastante para escapar? Hora de descobrir.

Eu dei uma joelhada no estômago dele, o que ele claramente não esperava. Seus olhos se arregalaram em choque — e um pouco de dor — me dando a oportunidade de me libertar do seu aperto. Essa abertura foi o bastante apenas para que eu pudesse tirar o ferrolho da porta. Antes que eu pegasse na maçaneta, Dimitri me segurava de novo. Ele me agarrou com força e me atirou na cama de barriga, me prendendo sob seu peso e prevenindo meus membros de dar mais chute surpresa. Esse era o meu maior problema em lutas: oponentes — geralmente homens — com mais força e peso. Minha velocidade costumava ser meu maior trunfo nessas situações, mas estar presa não fazia das esquivas e evasão uma opção. Ainda assim, cada parte de mim brigava, fazendo difícil me manter em baixo.

— Pare, — ele disse no meu ouvido, seus lábios quase tocando ali. — Seja razoável ao menos uma vez. Você não pode passar por mim. —

Seu corpo era quente e forte contra o meu, e eu prometi ao meu quarto uma bela bronca mais tarde. Desista, eu pensei. Foque em sair daqui, e não em como ele a faz sentir.

— Não sou eu quem esta sendo irracional, — eu grunhi, tentando virar meu rosto na direcção do dele. — É você quem está preso em uma promessa nobre que não faz sentido. E eu sei que você não gosta de ficar sentado fora da acção mais do que eu. Me ajude. Me ajude a achar o assassino e fazer alguma coisa de útil. — Eu parei de brigar e fingi que nossa discussão havia me distraído.

— Eu não gosto de ficar sentado, mas também não gosto de me meter em uma situação impossível. —

— Situações impossíveis são a nossa especialidade, — eu apontei. Enquanto isso, tentei analisar a forma como ele me segurava. Ele não havia relaxado seu aperto, mas eu tinha esperança de que a conversa o estivesse distraindo. Normalmente, Dimitri era bom demais para perder o foco. Mas eu sabia que ele estava cansado. E talvez, só talvez, ele estivesse um pouco descuidado já que eu não era um Strigoi.

— Não. —

Eu açoitei abruptamente, tentando em soltar e escapar de debaixo dele. O máximo que consegui foi rolar na cama antes que ele me agarrasse de novo. Estar tão perto dele…seu rosto, seus lábios… o calor de sua pele na minha. Bem, parecia que tudo o que eu havia conseguido foi me colocar em uma desvantagem maior ainda. Ele certamente não parecia afectado pela nossa proximidade de nossos corpos. Ele tinha aquela típica resolução de acção dele, e mesmo que fosse estupidez minha, mesmo que eu soubesse que não devia me importar, que ele tinha me superado… bem, eu me importava.

— Um dia, — ele disse. — Você não consegue esperar um dia? —

— Talvez se fossemos para um hotel melhor. Com TV a cabo. —

— Isso não é hora para brincadeiras, Rose. —

— Então, me deixa fazer alguma coisa. Qualquer coisa. —

— Eu. Não. Posso. —

Dizer aquelas palavras obviamente lhe doía, e eu percebi uma coisa. Eu estava tão irritada com ele, tão furiosa por ele tentar me fazer ficar parada e agir de forma segura. Mas ele também não gostava disso. Como eu pude me esquecer de como éramos parecidos? Nós dois queríamos acção. Nós dois queríamos ser úteis, ajudar aqueles com quem nós nos importávamos. Só sua resolução em ajudar Lissa o mantinha ali com esse trabalho de babá. Ele afirmava que eu correr de volta para a Corte era descuidado, mas eu sentia que, se ele não estivesse mandado em mim — ou, ao menos ele pensava que estava — ele também iria voltar correndo.

Eu estudei, os seus olhos escuros determinados e a expressão amaciada pelo cabelo castanho que escapava do laço de seu rabo-de-cavalo. Estava dependurado ao lado do seu rosto agora, por pouco não tocando o meu. Eu podia tentar me soltar também, mas estava perdendo a esperanças de que isso funcionasse. Ele era muito durão e muito decidido em me manter segura. Eu imaginei que declarar minhas suspeitas de que ele também queria voltar para a Corte não ajudaria. Verdadeiro ou não, ele estaria esperando que eu argumentasse com lógica-de-Rose. Ele era o Dimitri afinal de contas. Ele estaria esperando qualquer coisa.

Bem, quase.

Uma ideia me atingiu tão rápido que eu não tive tempo de analisar, eu só agi. Meu corpo podia estar restringido, mas meu pescoço e cabeça tinham liberdade o bastante para se erguer — e beijar ele.

Meus lábios encontraram os dele, e eu aprendi algumas coisas. Uma que era possível pega-lo totalmente de surpresa. Seu corpo congelou e se fechou, chocado com a mudança súbita dos eventos. Eu também percebi que ele beijava tão bem quanto eu me lembrava. Da última vez que os beijamos, ele era um Strigoi. Tinha havido sensualidade sinistra naquilo, mas não se comparava no calor e energia de estar vivo. Seus lábios eram exactamente como eu me lembrava da nossa época em St. Vladmir, macios e famintos ao mesmo tempo. Electricidade cruzou o resto de meu corpo quando ele beijou de volta. Era ao mesmo tempo confortante e emocionante.

E essa foi a terceira coisa que eu descobri. Ele estava retribuindo o beijo. Talvez, só talvez, Dimitri não estava tão decidido como ele afirmava. Talvez, sob toda aquela culpa e certeza que não podia amar de novo, ele ainda me quisesse. Eu teria gostado de descobrir. Mas eu não tinha tempo.

Ao invés disso, eu soquei ele.

É verdade eu soquei vários caras que estavam me beijando, mas nunca um que eu quisesse continuar beijando. Dimitri ainda me segurava com firmeza, mas o choque do beijo havia abaixado a sua guarda. Meu punho saltou e atingiu lado de seu rosto. Sem perder um instante, eu o empurrei de cima de mim tão rápido quanto pude e saltei para fora da cama e em direcção a porta. Eu o ouvi ficar de pé enquanto eu abria a porta. Saltei para fora do quarto e bati a porta atrás de mim antes que pudesse ver o que ele faria a seguir. Não que precisasse. Ele estava vindo atrás de mim.

Sem hesitar um segundo, eu coloquei o carrinho de limpeza abandonado diante da porta e corri pelo corredor. Alguns segundos depois, a porta se abriu, e eu ouvi um grito irritado — uma palavra muito, muito feia em russo — enquanto ele dava um encontrão contra o carrinho. Só levaria alguns segundos para ele se livrar do mesmo, mas eu era tudo o que eu precisava. Eu havia descido as escadas em um piscar de olhos e então no lobby vagabundo onde o atendente entediado lia um livro. Ele quase pulou da cadeira quando eu vim correndo.

— Aquele cara está me perseguindo! — eu disse enquanto ia para a porta.

O atendente não se parecia com alguém que realmente tentaria parar Dimitri, e eu sentia que ele não pararia de qualquer maneira se o cara pedisse. No caso mais extremo, o homem chamaria a polícia. Nessa cidadezinha, polícia provavelmente consistia de um cara e um cachorro.

Independente disso, não era mais a minha conta. Eu havia escapado do motel e estava agora no meio de uma cidade sonolenta da montanha, as ruas escurecidas pelas sombras. Dimitri podia estar logo atrás de mim, mas enquanto eu entrava no bosque próximo, eu sabia que seria fácil para mim escapar dele na escuridão.

 

O PROBLEMA FOI, É CLARO, que eu logo me perdi na escuridão. Após morar nos confins de Montana, eu estava acostumada como a noite pode te engolir completamente, uma vez que você se afastou até mesmo do menor indício de civilização. Eu ainda estava acostumada a vagar pelos arredores de florestas escuras. Mas o terreno de St. Vladimir tinha sido familiar. Os bosques da Virgínia Ocidental eram novos e estrangeiros, e eu tinha perdido completamente o rumo. Uma vez que eu estava certa de que coloquei uma distância suficiente entre o motel e eu, eu parei e olhei em volta.

Insetos da noite zumbiam e zumbiam e a umidade opressiva do verão se pendurava a minha volta. Espreitando-me através da copa frondosa das árvores, eu pude ver um céu de estrelas brilhantes, totalmente intocado pela luz da cidade. Me sentindo como uma verdadeira sobrevivente do deserto, estudei as estrelas até que eu encontrei a Ursa Maior e descobri que lado era o norte. As montanhas de Sydyney tinham nos levado através do que seria o leste, então eu definitivamente não queria ir nesta direção. Parecia razoável que se eu caminhasse ao norte, eu pegaria uma carona interestadual, ou andava meu caminho de volta até a civilização. Não era um plano hermético, mas não era o pior que eu já tive, não por um tiro longo.

Eu não estava realmente vestida para caminhar, mas como meus olhos se ajustaram a escuridão, consegui evitar a maioria das árvores e outros obstáculos. Seguir o caminho para sair da minúscula cidade teria sido mais fácil — mas também era o que Dimitri esperaria que eu fizesse. Eu cai em um constante, subconscietne ritmo enquanto eu fazia meu caminho ao norte. Eu decidi que era uma boa hora para checar Lissa, agora que eu tinha o tempo em minhas mãos e nenhum guardião tentando me prender.

Eu escorreguei em sua mente e a encontrei nas profundezas da sede dos guardiões, sentada em um corredor com cadeiras alinhadas. Outros Moroi se sentaram, incluindo Christian e Thasha.

— Eles farão perguntas duras. — Tasha murmurou. — Especiamente a você — Isso foi para Christian. — Você seria minha primeira opção se algo ilícito explodisse. —

Essa parecia a opinião de todos. Pelo olhar perturbado em sua cara, eu pude ver que Tasha tinha sido surpreendida pela minha fuga — como eu tinha. — Mesmo se meus amigos ainda não tivessem contado a ela toda a historia, ela provavelmente tinha juntado os pedaços — No mínimo, quem estava por trás disso. Christian deu a ela um sorriso tão encantador quanto podia, como uma criança tentando se esquivar de ser aterrada.

— Eles saberão agora que não foi causado por magia. — Ele disse. — Os guardiões vão ter que vasculhar cada centímetro daquelas estátuas. — Ele não elaborou, não em publico. Mas a mente de Lissa estava trabalhando na mesma linha que a dele. Os guardiões saberiam agora que a explosão não foi elemental. E mesmo que meus amigos sejam suspeitos primarios, as autoridades teriam que se perguntar — Assim como eu — como um adolescente tinha a posse de C4.

Lissa acenou em concordância e colocou sua mão sobre a de Christian.

— Nós vamos ficar bem. — Os pensamentos dela se voltaram para Dimitri e eu, se perguntando se nós conseguimos nos sair bem de acordo com o plano. Ela não conseguiria manter o foco em achar o assassino de Tatiana até que ela soubesse que nós estávamos a salvo. Como eu, a fuga tinha sido uma escolha difícil: Me libertar me colocava em perigo mais do que me manter presa.

Suas emoções estavam tensas, espinhosas, e um pouco mais selvagens do que eu teria gostado. Muito espírito, eu percebi. Ela está usando muito. Voltando para a escola, ela amenizou com medicação prescrita e depois através do seu auto controle. Mas em algum lugar, como nossa situação ficava cada vez mais complicada, ela se permitiu exercer mais e mais. Recentemente, ela fez uso de uma quantidade surpreendente, e nós viemos para ter isso para o certo. Cedo ou tarde, as dependências de Lissa com o espírito iriam alcança-la. Nos alcançar.

— Princesa? — Uma porta em frente a Lissa abriu, e um guardião olhou para fora. — Estamos esperando por você. — O guardião se afastou e no interior da sala, Lissa ouviu uma voz conhecida dizer:

— Sempre um prazer falar com você, Hans. Devemos fazer isso novamente, um dia. —

Abe então apareceu, pavoneando-se com sua arrogancia habitual. Ele passou pelo guardião na porta e deu a Lissa e Christian um grande sorriso está-tudo-bem-no-mundo. Sem uma palavra, ele passou por eles em direção ao hall de saída. Lissa quase sorriu mas refreou, colocando um olhar sóbrio enquanto ela e seus companheiros entravam.

A porta se fechou atrás deles e ela se viu diante de três guardiões sentados em uma mesa. Um deles eu havia visto por aí, mas nunca conheci. Eu acho que seu sobrenome era Steele. Os outros dois eu conhecia bem. Um era Hans Croft, que dirigia as operações dos guardiões na Corte. Ao lado dele — para o meu espanto — estava Alberta, que era encarregada dos guardiões e novatos de St. Vladimir.

— Adorável — Rosnou Hans. — Uma comitiva inteira. —

Christian fez questão de estar presente quando Lissa foi questionada, e Tasha insistiu em estar presente com Christian. Se Abe soubesse a hora do interrogatório, ele provavelmente teria se juntado ao grupo também, sem dúvida seguido por minha mãe... Hans não percebeu que ele tinha evitado uma festa em casa. Lissa, Christian e Tasha sentaram-se em frente aos guardiões.

— Guardiã Petrov. — disse Lissa, ignorando a desaprovação de Hans. — O que você está fazendo aqui? —

Alberta deu um pequeno sorriso mas por outro lado se manteve em um modo de guardiã profissional. — Ela veio para o funeral, e Guardião Croft decidiu que seria bom uma opinião de fora para a investigação. —

— Assim como alguém familiarizado com Hathaway e ela e, hum associados. — Adicionou Hans. Ele era do tipo de cara que vai direto ao ponto. Normalmente essa atitude me entediava. — essa era minha reação normal para a maioria das autoridades. — mas eu respeitei o jeito que ele conduziu o trabalho aqui.

— Este encontro foi destinado apenas para você, princesa. —

— Nós não vamos dizer uma palavra. — Disse Christian.

Lissa assentiu e manteve sua face suave e educada, mesmo que houvesse um tremor em sua voz. — Eu quero ajudar... Eu tenho estado tão, eu não sei. Eu estou tão chocada com isso tudo que aconteceu. —

— Tenho certeza. — disse Hans, a voz seca. — Onde você estava quando as estátuas explodiram? —

— Com o cortejo fúnebre. — ela disse — Eu fazia parte da escolta. —

Steele tinha uma pilha de papel em frente a ele. — Isso é verdade. Há uma abundancia de testemunhas. —

— Muito conveniente. E que tal depois? Onde você foi quando a multidão entrou em pânico? —

— Voltei para o edifício do Concelho. Lá era onde todos os outros estavam se encontrando, e eu pensei que estaria segura. — Eu não pude ver seu rosto mas pude sentir ela tentando parecer intimidada. — Eu estava assustada quando as coisas começaram a ficar loucas. —

— Nós também temos testemunhas que apoiam isso. — Disse Steele.

Hans bateu seus dedos na mesa. — Você tinha algum conhecimento prévio sobre isso? A explosão? A fuga de Hathaway? —

Lissa sacudiu a cabeça. — Não! Eu não fazia ideia! Eu nem mesmo sabia da possibilidade de escapar das celas. Eu pensei que a segurança era demasiada. — Hans ignorou a ironia em sua eficácia.

— Você tem essa coisa da ligação, certo? Você não pegou nenhuma coisa atráves disso? —

— Eu não leio ela — explicou Lissa. — Ela vê meus pensamentos mas não o contrário. —

— Isso. — disse Alberta, falando afinal. — É verdade. —

Hans não a contrariou, mas ainda não estava comprando a inocência dos meus amigos.

— Você percebe, se você for pega sonegando informações - ou ajudando ela - você vai ter que encarar consequências tão graves quanto as dela. Todos vocês. Realeza não isenta você de traição. — Lissa abaixou o olhar, como se a ameaça tivesse a assustado.

— Eu só não consigo acreditar... Eu não posso acreditar que ela fez isso. Ela era minha amiga. Eu pensei que a conhecia. E eu não achava que ela poderia fazer nenhuma dessas coisas... Eu nunca pensei que ela mataria alguém. —

Se não fosse pelo sentimentos na ligação, eu teria pego isso como uma ofensa. Eu sabia a verdade, no entanto. Ela estava atuando, tentando distanciar ela mesma de mim. Isso foi esperto.

— Sério? Porque não tem muito tempo atrás, você jurava para cima e para baixo que ela era inocente. — salientou Hans. Lissa olhou para cima e arregalou os olhos.

— Eu pensei que ela era! Mas então... eu ouvi sobre o que ela fez aos guardiões para escapar... —

Sua angustia não era totalmente falsa neste momento. Ela ainda precisava atuar como se ela pensasse que eu era culpada. Mas a notícia sobre a condição de Meredith tinha realmente a chocado. Isso fazia duas de nós, mas pelo menos agora eu sabia que Meredith estava bem. Hans ainda parecia cético sobre a mudança de afeto de Lissa, mas deixou passar.

— E sobre Belikov? Você jurou que ele não era mais um Strigoi, mas obviamente alguma coisa deu errado lá também. —

Christian se agitou ao lado de Lissa. Como um defensor de Dimitri, Christian ficou mais irritado, tanto quanto pelas suspeitas e acusações. Lissa falou antes que Christian pudesse dizer algo.

— Ele não é um Strigoi! — O remorso de Lissa sobre mim desapareceu, sua feroz defesa de Dimitri fluindo dela. Ela não tinha esperado essa linha de questionamento sobre ele. Ela tinha estado preparada para defender a mim e ao seu álibi. Hans pareceu satisfeito com a reação, e assistiu de perto.

— Então como você explica o envolvimento dele? —

— Não foi porque ele era um Strigoi. — disse Lissa, forçando o seu controle a voltar. Seu coração batia rapidamente.

— Ele mudou de volta. Não há nenhum Strigoi. —

— Mas ele atacou um número de guardiões — em mais de uma ocasião. —

Parecia que Tasha queria interromper agora e defender Dimitri, mas visivelmente mordeu o lábio. Foi notável. Os Ozera gostavam de falar o que pensam, nem sempre com muita finura.

— Não foi porque ele era Strigoi. — Lissa repetiu. — E ele não matou nenhum desses guardiões. Nenhum. Rose fez o que ela fez... Bem, eu não sei porque. Ela odiava Tatiana, eu acho. Todos sabiam disso. Mas Dimitri... Eu estou te dizendo, sendo Strigoi não tinha nada a ver com isso. Ele a ajudou porque ele estava acostumado a ser o professor dela. Ele pensou que ela estava em apuros. —

— Isso é muito extremo para um professor, especialmente para aquele que — antes de se tornar Strigoi — era conhecido por ser sangue frio e racional. —

— Sim, mas ele não estava pensando racionalmente porque… — Lissa se interrompeu, de repente presa em uma situação ruim.

Hans parecia ter percebido rapidamente nesta conversa que se Lissa estivesse envolvida nos recente eventos — e eu não acho que ele estava certo ainda — ela ainda teria um álibi incontestável. Falar com ela, no entanto, tinha dado a ele a chance de obter outro quebra cabeça em minha fuga: O envolvimento de Dimitri. Dimitri se sacrificou para aguentar a queda. Mesmo que isso significasse que os outros não poderiam confiar nele novamente. Lissa fez as pessoas pensarem que as ações dele era apenas um instinto protetor de ex-professor, mas aparentemente, nem todos tinham aceitado isso.

— Ele não estava pensando racionalmente porque... ? — Solicitou Hans, os olhos penetrantes.

Antes do assassinato, Hans tinha acreditado que Dimitri realmente tinha se tornado Damphir novamente. Alguma coisa me dizia que ele ainda acreditava nisso, mas sentia que tinha algo grande pendurado diante dele. Lissa permaneceu em silencio. Ela não queria que as pessoas pensassem que Dimitri era Strigoi. Ela queria que as pessoas acreditassem em seus poderes de restaurar os mortos-vivos. Mas se Dimitri ajudar uma aluna não parecia convincente o suficiente para os outros, toda essa desconfiança pode surgir novamente.

Olhando para seus interrogadores, Lissa de repente encontrou o olhar de Alberta. A velha guardiã não dizia nada. Ela usava aquela expressão neutra e avaliadora que os guardiões tinham. Ela também tinha um ar de sabedoria sobre ela, e Lissa permitiu brevemente o espirito para mostrar a aura de Alberta. Tinha bondade, cores firmes e energia. E nos olhos de Alberta, Lissa jurou que podia ver uma mensagem, um brilho de conhecimento.

Diga-lhes, a mensagem parecia dizer. Vai criar problemas — mas não serão tão ruins quanto os atuais. Lissa segurou esse olhar, se perguntando se ela só estava projetando seus pensamentos em Alberta. Não importava de onde veio essa ideia. Lissa sabia que estava certo.

— Dimitri ajudou Rose porque... porque eles estavam envolvidos —

Como pensei, Alberta não estava surpresa, e ela pareceu aliviada de ter a verdade de fora. Hans e Steele, no entanto, estavam muito surpresos. Eu só tinha visto Hans chocado algumas vezes.

— Quando você diz 'envolvidos' você quer dizer... — Ele parou para estruturar as palavras. — Você quer dizer romanticamente envolvidos? —

Lissa assentiu, se sentindo horrível. Ela tinha revelado um grande segredo ali, um que ela jurou guardar para mim, mas eu não a culpava. Não nesta situação. Amor — eu esperava — ia defender as ações de Dimitri.

— Ele a amava. — disse Lissa. — Ela amava ele. Se ele a ajudou a escapar... —

— Ele a ajudou a escapar. — Interrompeu Hans. — Ele atacou guardiões e explodiu estátuas inestimáveis e centenárias trazidas da Europa! —

Lissa encolheu os ombros. — Bem, como eu disse. Ele não estava agindo de forma racional. Ele queria ajuda-la e provavelmente pensou que ela era inocente. Ele faria qualquer coisa por ela — e isso não tem nada a ver com Strigoi. —

— Amor não justifica tanto. — Hans claramente não era um romantico.

— Ela é menor de idade! — Exclamou Steele. Essa parte não tinha escapado dele.

— Ela tem dezoito. — Corrigiu Lissa.

Hans cortou-lhe um olhar. — Eu posso fazer a matemática, princesa. A menos que eles conseguissem algum romance bonito tocando nas ultimas semanas — enquanto ele estava na maior parte em isolamento - então havia coisas acontecendo na sua escola que alguém deveria ter comunicado. —

Lissa não disse nada, mas pelo canto do olho, ela pode ver Tasha e Christian. Eles tentavam manter a expressão neutra mas era obvio que essa notícia não era nenhuma surpresa para eles, sem duvida, confirmando as suspeitas de Hans de que coisas ilícitas tinham acontecido. Eu realmente não havia percebido que Tasha sabia sobre Dimitri e eu e me senti um pouco mal. Ela sabia que parte da rejeição dele foi por minha causa? E se ela sabia, quantos outros sabiam? Christian provavelmente tinha deixado escapar, mas alguma coisa me dizia que provavelmente mais pessoas estavam começando a descobrir. Depois do ataque da escola, minha reação tinha sido uma grande pista sobre os meus sentimentos por Dimitri. Talvez contar a Hans agora, não tinha sido grande coisa, afinal. O segredo não seria um segredo por muito tempo.

Alberta limpou a garganta falando por fim. — Eu acho que temos coisas mais importantes com que se preocupar agora do que algum romance que pode ou não ter acontecido. — Steele deu-lhe um olhar incrédulo e bateu a mão contra a mesa.

— Isso é muito grave. Será que você sabe sobre isso? —

— Tudo o que sei é que estávamos nos distraindo do ponto aqui — Ela respondeu, esquivando-se perfeitamente da questão. Alberta era cerca de 20 anos mais velha que Steele, e o olhar duro que ela deu a ele, dizia que ele era uma criança fazendo-a perder seu tempo. — Achei que estávamos aqui para descobrir se a Srtª Hathaway teve algum cúmplice, não para desenterrar o passado. Até agora, a única pessoa que podemos dizer com certeza que a ajudou, é Belikov, e ele o fez fora de afeto irracional. Isso faz dele um tolo e fugitivo, não um Strigoi. —

Eu nunca pensei no meu relacionamento com Dimitri como afeto irracional, mas o ponto de Alberta foi tirado. Algo nas caras de Hans e Steele me fez pensar que em breve o mundo inteiro iria saber sobre nós, mas que não era nada comparado ao homicídio. E se ele removeu Dimitri de ser um Strigoi, então isso significava que ele ia ser preso, se fosse capturado. Pequenas bênçãos.

O interrogatório de Lissa continuou um pouco mais, até que que os guardas decidiram que ela era livre e limpa de qualquer parte da minha fuga (que eles poderiam provar). Ela fez um bom trabalho jogando surpresa e confusa o tempo todo, mesmo reunindo algumas lágrimas sobre como ela poderia ter me interpretado tão mal. Ela colocou um pouco de compulsão em seu ato também — não o suficiente para fazer lavagem cerebral em ninguém, mas o suficiente para que o ultraje anterior de Steele fosse transformado em compaixão. Hans foi mais difícil de ler, mas assim como o meu grupo de esquerda, ele lembrou Tasha e Christian que ele estaria falando com cada um deles mais tarde, de preferência sem uma comitiva.

Por agora, a próxima pessoa na berlinda estava esperando no hall: Eddie. Lissa deu a ele o mesmo sorriso que dava a qualquer amigo, não houve indicação de que ambos eram parte de uma conspiração. Eddie balançou a cabeça em retorno enquanto ele era chamado para seu interrogatório na sala. Lissa estava ansiosa por ele, mas eu sabia que seu auto controle de guardião deveria garantir que ele se prendesse na história. Ele provavelmente não choraria, como Lissa, mas ele possivelmente atuaria chocado com a minha — traição — como ela tinha. Tasha deixou Lissa e Christian uma vez que eles estavam fora, primeiro avisando para serem cuidadosos.

— Vocês se safaram até agora, mas eu não acho que os guardiões inocentaram vocês. Principalmente Hans. —

— Hey, eu posso tomar conta de mim mesmo. — disse Christian.

Tasha virou os olhos. — Sim. Eu vejo o que acontece quando você é deixado com seus próprios meios. —

— Hey, não fique irritada porque nós não te contamos. — ele exclamou. — Nós não tivemos tempo, e havia tantas pessoas que nós tínhamos que envolver. Além disso, você fez sua parte nos planos loucos antes. —

— Verdade. — Tasha admitiu. Ela dificilmente era um modelo que jogava pelas regras. — Isto apenas está ficando muito mais complicado. Rose está na fuga. E agora Dimitri... — Ela suspirou, e eu não precisei que ela terminasse para adivinhar seus pensamentos. Houve um olhar profundo de tristeza em seus olhos, que me fez sentir culpada. Assim como o resto de nós, Tasha queria que a reputação de Dimitri fosse restaurada. Ao libertar a acusada de assassinar a rainha, ele danificou seriamente qualquer chance de aceitação. Eu verdadeiramente desejei que ele não estivesse envolvido e esperava que esse meu plano atual de fuga valesse a pena.

— Vai dar tudo certo. — disse Christian. — Você vai ver. — Ele não pareceu tão confiante quanto ele falou, e Tasha deu a ele um pequeno, divertido sorriso.

— Apenas seja cuidadoso, por favor. Eu não quero ver você em uma cela também. Eu não tenho tempo para visitas na prisão com tudo que está acontecendo. — Sua diversão desapareceu e seu modo activista franco apareceu. — Nossa família é ridicularizada, você sabe. Você consegue acreditar que eles estão atualmente falando sobre direcionar Esmond para nós? Bom Deus. Nós já temos uma tragédia após a outra aqui. No mínimo nós deveriamos tentar salvar alguma coisa para fora dessa bagunça. —

— Eu acho que não conheço Esmond. — Disse Christian.

— Idiota — ela disse com naturalidade. — Ele, eu digo. Não você. Alguém tem que falar com senso da nossa família antes que eles envergonhem a si mesmos. —

Christian riu.

— E me deixe adivinhar: você é a única a fazer isso? —

— É claro. — ela disse, um brilho malicioso em seus olhos. — Eu já elaborei uma lista de candidatos ideais. Nossa família só precisa de alguma persuasão para ver como eles são ideais.

— Eu me sinto mal por eles se eles ainda não são babacas para nós. —

Christian ressaltou, assistindo sua tia se afastar. A marca infame de seus pais se tornando Strigoi ainda persistia por todos esses anos. Tasha aceitou mais graciosamente — apesar de sua queixa — apenas para ser capaz de participar nas grandes decisões da familia Ozera. Christian não fez tais tentativas de civilidade. Era horrível ser tratado como Moroi inferior do que os outros, ser negado por guardiões e outras coisas que membros da família real podiam. Mas de sua própria família? Isso era especialmente desagradável. Ele se recusou a fingir que isso era aceitável.

— Eles virão eventualmente. — disse Lissa, soando mais otimista do que ela sentia.

Qualquer resposta de Christian foi engolida quando uma nova companhia se juntou a eles: meu pai. Sua aparição repentina assustou os meus amigos, mas eu não estava surpresa. Ele provavelmente sabia sobre o interrogatório de Lissa e tinha se escondido fora do prédio, esperando para falar com ela.

— É agradável aqui fora. — disse Abe amigavelmente, olhando em volta das árvores e flores como se os três estivessem em uma caminhada natural pela Corte.

— Mas vai ficar escaldante quando o sol sair. —

A escuridão que estava me dando tantos problemas na floresta da Virginia Ocidental feita para agradar, condições de — meio-dia — para aqueles numa programação vampírica. Lissa deu a Abe um olhar de lado. Com os olhos bem sintonizados na luz baixa, ela não tinha dificuldade em pegar o brilhante de sua camisa azul petróleo por baixo de sua jaqueta esporte bege. Uma pessoa cega poderia ter provavelmente visto ele nesta cor. Lissa zombou da falsa descontração de Abe. Não era um hábito de Abe, começar com conversa fiada antes de passar para o papo mais sinistro.

— Nós não estamos aqui para falar sobre o tempo. —

— Tentando ser civilizado, é isto. — Ele caiu em um silencio enquanto duas garotas morois passaram por ele. Uma vez que estava bem fora do lance de ouvidos, ele perguntou em uma voz baixa. — Eu presumo que tudo correu bem em sua pequena reunião? —

— Bem. — Ela dise, sem se preocupar em deixa-lo a par sobre — afeto irracional. — Ela sabia de toda a preocupação dele de que nenhum de seus associados tinham sido implicados.

— Os guardiões estão com Eddie agora. — disse Christian. — E querem a mim mais tarde, mas acho que será isso para todos nós. —

Lissa suspirou.

— Honestamente, eu sinto que o interrogatório foi a parte fácil, comparado ao que está por vir. — Ela quis dizer descobrir quem era o verdadeiro assassino de Tatiana.

— Um passo de cada vez — murmurou Abe. — Nenhuma razão em deixar a imagem maior nos esmagar. Nós vamos apenas começar do início. —

— Ai está o problema. — disse Lissa, chutando um galho que cruzava o caminho de paralelepípedos em frente a ela. — Eu não tenho ideia de onde começar. Seja quem for que matou Tatiana fez um bom trabalho escondendo suas pistas e jogando tudo para Rose. —

— Um passo de cada vez. — repetiu Abe. Ele falou nesse tom manhoso dele que me irritava as vezes, mas para Lissa hoje, foi dissonante. Até agora, toda a energia dela tinha sido focada em me tirar da prisão e me ter em um lugar seguro. Foi esse marco o que me levou até ela e manteve no resultado da minha fuga. Agora, depois que algo da intensidade tinha desvanecido, a pressão de tudo isso estava começando a desabar sobre ela. Christian colocou seus braços em volta dos ombros dela, sentindo seu desânimo. Ele se virou para Abe, incomumente sério.

— Você tem alguma ideia? — Christian perguntou a Abe. — Nós certamente não temos nenhuma evidência de verdade. —

— Temos suposições razoáveis. — Abe respondeu. — Como quem matou Tatiana, deveria ter acesso aos seus aposentos privados. Esta não é uma lista grande. —

— E nem é curta. — Lissa contou as pessoas em seus dedos. — Os guardas reais, seus amigos e família... e isto presumindo que ninguém alterou o registo de visitantes dos guardiões. E pelo que nos sabemos, algumas visitas nem eram registadas, de qualquer modo. Ela provavelmente tinha reuniões secretas de negócios todo o tempo. —

— É pouco provável que ela tivesse reuniões de negócios em seu quarto, de camisola — devaneou Abe. — É claro, isso depende do tipo de negócio, eu suponho. —

Lissa cambaleou. Realização deslumbrando dela.

— Ambrose. —

— Quem? —

— Ele é um damhphir... Muito bonito... Ele e Tatiana eram... Hum... —

— Envolvidos? — Disse Christian com um sorriso, ecoando o interrogatório.

Agora Abe chegou a parar. Lissa fez o mesmo, e seus olhos escuros encontraram os dela. — Eu o vi. Um tipo de rapaz da piscina. —

— Ele tinha acesso ao quarto dela, — disse Lissa. — Mas eu só não consigo… eu não sei. Eu não consigo vê-lo fazendo isso. —

— Aparências enganam — Disse Abe. — Ele estava terrivelmente interessado que Rose voltasse a Corte. —

Mais surpresa de Lissa. — Do que você está falando? —

Abe coçou o queixo tipo vilão do mal.

— Ele falou com ela... ou deu algum sinal. Eu não tenho certeza, mas havia um tipo de interação entre eles. — Inteligente, observador Abe. Ele notou que Ambrose me deu o bilhete, mas não percebeu totalmente o que tinha acontecido.

— Nós deveríamos falar com ele. — Disse Christian.

Lissa asentiu. Sentimentos conflituantes se agitando dentro dela. Ela estava agitada pela liderança — mas chateada que isso significava que o doce e gentil Ambrose pode ser um suspeito.

— Eu cuidarei disso. — disse Abe jovialmente. Eu senti o olhar dela cair pesadamente sobre ele. Eu não pude ver sua expressão, mas eu vi Abe involuntariamente dar um passo para trás, o menor lampejo de surpresa nos olhos dele. Mesmo Christian se encolheu.

— E eu vou estar lá quando isso acontecer. — ela disse, aço em sua voz. — Não tente alguns interrogatórios loucos estilo-tortura sem mim —

— Você quer estar lá para a tortura? — Perguntou Abe, se recuperando.

— Não haverá nenhuma. Nós vamos falar com Ambrose, como pessoas civilizadas, entendeu? —

Ela olhou fixamente para ele novamente, e finalmente Abe encolheu em aquiescência, como se estar sendo dominado por uma mulher com metade de sua idade não era grande coisa.

— Bem. Nós vamos fazer isso juntos. — Lissa estava um pouco desconfiada da vontade dele, e ele deve ter percebido isso.

— Vamos — Disse ele, continuando a andar. — Este é um bom tempo — bem, tão bom quanto qualquer tempo — para uma investigação. A Corte vai ficar caótica quando as eleições monarca começarem. Todo mundo aqui vai estar ocupado, e novas pessoas vão começar a aparecer. —

Uma brisa, pesada com a umidade, bagunçou o cabelo Lissa. A promessa de calor caiu sobre ela, e ela sabia que Abe estava certo sobre o nascer do sol. Valeria a pena ir para a cama cedo.

— Quando as eleições vão acontecer? — Perguntou ela.

— Logo que eles colocarem a querida Tatiana para descansar. Essas coisas se movem rápido. Precisamos do nosso governo restaurado. Ela será enterrada amanhã, na igreja com uma cerimónia e sessão, mas não devem repetir a procissão. Eles estão ainda muito inquietos. —

Eu me senti meio mal que ela não tinha recebido todo um funeral de rainha, no final, mas então, se isso significar que o seu verdadeiro assassino será encontrado, talvez ela teria preferido assim.

— Uma vez que o enterro acontece e as eleições começam. — Abe continuou. — Qualquer família que queira colocar um candidato para a coroa irá fazê-lo. — E é claro que eles querem. Você nunca viu uma eleição monárquica, não é? É um espetáculo. Claro que, antes que a votação comece, todos os candidatos terão de ser testados. —

Havia algo de sinistro no modo como ele disse — testados — mas o pensamento de Lissa estava em outro lugar. Tatiana foi a única rainha que ela já conheceu, e todo o impacto de uma mudança de regime foi surpreendente.

— Um novo rei ou rainha pode afetar tudo — para melhor ou pior. Espero que seja uma pessoa boa. Um dos Ozeras, talvez. Uma das pessoas de Tasha. — Ela olhou esperançosamente para Christian, que apenas deu de ombros.

— Ou Ariana Szelsky. Eu gosto dela. Não que isso importe, quem eu quero. — Ela acrescentou com amargura. — Vendo como eu não posso votar. — Os votos do Concelho determinavam o vencedor das eleições, portanto, novamente, ela estava trancada fora do processo legal Moroi.

— Um monte de trabalho vai para as candidaturas. — Abe explicou, evitando o último comentário dela. — Cada família vai querer alguém mais favorecido ao seus interesses, mas quem também tem a chance de conseguir votos de… —

— Oomph —

Fui duramente empurrada para fora do mundo político calculado dos Moroi e voltei para a floresta da Virginia Ocidental — muito dolorosamente. Alguma coisa sólida me jogou contra a terra batida, folhas e galhos cortando meu rosto e mãos. Mãos fortes me seguravam, e a voz de Dimitri falou em meu ouvido.

— Você deveria ter apenas se escondido na cidade. — Disse ele um pouco divertido. Seu peso e posição me deixaram sem espaço para me movimentar.

— Teria sido o último lugar que eu procuraria. Em vez disso, eu sabia exatamente aonde você tinha ido. —

— Tanto faz. Não agi de forma inteligente. — Eu disse entre dentes, tentando sair do seu poder. Porra. Ele era esperto. E mais uma vez, a proximidade dele estava me desorientando. Anteriormente, isso pareceu afetá-lo também, mas aparentemente ele tinha aprendido a lição. — Você fez um palpite de sorte, foi isso. —

— Eu não preciso de sorte, Roza. Eu vou sempre te encontrar. Então, realmente cabe a você o qual difícil você quer que essa situação seja. — Havia um tom quase de conversa em sua voz, fazendo tudo mais ridículo pela situação em que estavámos.

— Podemos fazer isso mais e mais, ou você pode fazer a coisa razoável e apenas ficar quieta com Sydney e eu. —

— Isso não é razoável! É desperdício! —

Ele estava suando, do calor e, sem dúvida, porque ele ainda teve que correr muito para me alcançar. Adrian usava um perfume que sempre me fez inebriante, mas o cheiro natural da pele quente de Dimitri foi muito intoxicante. Foi surpreendente para mim que eu podia ficar observando essas pequenas coisas e ser atraída por elas, mesmo quando eu estava legitimamente com raiva dele por me manter em cativeiro. Talvez a raiva era um tesão pra mim.

— Quantas vezes eu vou ter que explicar a lógica por trás do que eu estava fazendo? — Ele perguntou, exasperado.

— Até você desistir. —

Eu me empurrei contra ele, tentando novamente ficar livre, mas tudo o que eu fiz foi nos aproximar mais. Tive a sensação de que o truque do beijo não ia funcionar desta vez. Ele me empurrou para ficar de pé, mantendo meus braços e mãos presos em minhas costas. Eu tinha um pouco mais de espaço para manobrar do que eu tinha no chão, mas não o suficiente para me libertar. Devagar ele tentou me fazer andar para trás, indo na direção que eu vim.

— Eu não vou deixar você e Sydney se arriscarem ficar em apuros comigo. Eu posso cuidar de mim mesma. Apenas me deixe ir! — Eu disse, literalmente arrastando os pés. Vendo uma alta e magra árvore, eu coloquei uma perna para fora me enganchando no tronco, nos levando a parar completamente. Dimitri gemeu e moveu seu aperto para me puxar para longe da árvore. Isso quase me deu a oportunidade de escapar, mas eu nem sequer consegui dar dois passos antes que ele estivesse me segurando novamente.

— Rose — ele disse cansadamente. — Você não pode ganhar. —

— Como está sentindo seu rosto? — Eu não pude ver as marcas na luz fraca mas sabia que o soco que eu dei nele, iria deixar uma marca amanhã. Foi uma pena danificar um rosto como aquele, mas ele tinha cura, e talvez isso lhe ensinasse uma lição sobre mexer com Rose Hathaway.

Ou não. Ele começou a me arrastar novamente.

— Eu estou a segundos de te jogar sobre meu ombro. —

— Eu gostaria de te ver tentar. —

— Como você acha que Lissa se sentiria se você fosse morta? — Ele me apertou mais um pouco, e enquanto eu tive a sensação de que ele fez bem em sua ameaça sobre-meu-ombro, eu também suspeitei que ele queria me sacudir. Ele estava descontrolado. — Você pode imaginar o que você faria a ela se ela te perdesse? —

Por um momento, eu estava fora das réplicas mal-humoradas. Eu não queria morrer, mas arriscar minha vida era exatamente isso: arriscar a minha vida. De mais ninguém. Ainda assim, eu sabia que ele estava certo. Lissa ficaria devastada se alguma coisa acontecesse comigo. E ainda... era um risco que eu tinha que correr.

— Tenha um pouco de fé, camarada. Eu não vou ser morta. — disse teimosamente. — Eu vou ficar viva. —

Não era a resposta que ele queria. Ele me moveu com sua força.

— Há outras maneiras de ajuda-la de qualquer coisa insana que você esteja pensando. —

De repente eu fiquei mole. Dimitri tropeçou, pego de surpresa em minha súbita falta de resistência.

— O que está errado? — ele perguntou, um tanto intrigado e suspeito.

Eu encarei a noite, meus olhos estavam focados em nada. Ao invés disso, eu estava vendo Lissa e Abe voltando para a Corte, relembrando o sentimento de impotência de Lissa e anseio por seu voto.

O bilhete de Tatiana voltou para mim, e por um momento eu pude ouvir sua voz em minha cabeça. Ela não é a última Dragomir. Outro vive.

— Você está certo. — Eu disse afinal.

— Certo sobre... ? —

Dimitri estava totalmente perdido. Era uma reação comum das pessoas quando eu concordava em algo razoável.

— Correr de volta para a Corte não vai ajudar Lissa. —

Silencio. Eu não podia fazer totalmente a sua expressão, mas era de completo choque.

— Eu vou voltar para o motel com você, e não vou sair correndo para a Corte. —

Outro Dragomir. Outro Dragomir precisando ser encontrado. Eu respirei fundo.

— Mas eu não vou ficar sentada sem fazer nada. Eu vou fazer algo para Lissa — e você e Sydney vão me ajudar. —

 

Acontece que eu estava errada sobre o departamento de polícia local, abrangia um homem e um cão. Quando Dimitri e eu caminhávamos de volta para o motel, vimos luzes vermelhas e azuis no estacionamento e algumas pessoas curiosas tentando ver o que estava a acontecer.

— A cidade inteira saiu. — eu disse.

Dimitri suspirou — Você simplesmente tinha que dizer alguma coisa para o recepcionista, não tinha? —

Paramos a alguma distância, escondidos na sombra de um decrépito edifício. — Eu pensei que ele te ia atrasar. —

— O teu comentário vai nos atrasar agora. — Seus olhos fizeram uma varredura no local, à luz bruxuleante, de todo o arredor.

— O carro da Sydney se foi. Alguma coisa, pelo menos. — Minha ousadia anterior desapareceu. — Sério? Nós perdemos nossa carona! —

— Ela não ia nos deixar, mas ela é inteligente o suficiente para sair antes que a polícia venha bater à sua porta. — Virou-se e examinou a estrada principal da cidade.

— Vem. Ela tem que estar perto, e há uma boa hipótese de que a polícia pôde realmente começar a procurar por aqui se eles acharem que alguma garota indefesa estava sendo perseguida. — O tom que ele usou para ‘indefesa’ travava legiões.

Dimitri tomou uma decisão rápida e caminhou em direcção à estrada que nos levara à cidade, assumindo que Sydney iria querer sair dali, agora que o nosso disfarce estava descoberto. Tendo os policiais envolvidos criando complicações, mas eu senti um pequeno ressentimento daquilo que tinha feito. Eu estava animada com o plano que tinha me ocorrido nos bosques e quis, como sempre, conseguir avançar de imediato. Se eu conseguisse tirar-nos deste buraco de cidade, tanto melhor.

O instinto de Dimitri sobre Sydney estava certo. Cerca de uma meia milha fora da cidade, vimos uma CR-V encostado na berma da estrada.

O motor estava desligado, as luzes apagadas, mas eu podia ver bem o suficiente para identificar as placas de Louisiana. Fui até a janela do lado do condutor e bati no vidro. No interior, Sydney hesitou. Ela abriu a janela, o rosto incrédulo.

— O que você fez? Não importa. Não se rale. Entrem —

Dimitri e eu entramos. Eu me senti como uma criança travessa sob seu olhar de desaprovação. Ela ligou o carro sem dizer uma palavra e começou a dirigir na direcção de onde nós vimos originalmente, eventualmente fundimos com a rodovia estadual de pequeno porte que levou de volta para o interestadual. Isso foi promissor. Só que, uma vez conduzidos alguns quilómetros, ela encostou de novo, desta vez em uma saída escura que não parecia ter nada para além daquilo.

Ela desligou o carro e se virou para ver-me no banco traseiro.

— Você correu, não foi? —

— Sim, mas eu tenho este… —

Sydney levantou a mão para me calar. — Não, não diga. Ainda não. Eu espero que você tenha se retirado da sua fuga ousada, sem atrair as autoridades. —

— Eu também, — disse Dimitri.

Eu fiz uma carranca para os dois. — Ei, eu voltei, não foi? — Dimitri arqueou uma sobrancelha que, aparentemente, questionando apenas como voluntária tinha sido. — E agora eu sei que nós temos que fazer para ajudar a Lissa. —

— O que temos que fazer, — disse Sidney, — é encontrar um lugar seguro para ficar. —

— Basta voltar à civilização e pegar um hotel. Um com serviço de quarto. Nós podemos fazer a nossa base de operações enquanto nós trabalhamos no próximo plano. —

— Nós pesquisamos especificamente naquela cidade! — Disse ela. — Nós não podemos ir para algum lugar aleatório, pelo menos não nas proximidades. Duvido que eles retirem as minhas placas, mas eles poderiam fazer uma chamada para procurar este tipo de carro. Se eles tiverem as nossas descrições, e ficar na estação da polícia, até chegar aos Alquimistas, então isto… —

— Calma, — disse Dimitri, tocando seu braço. Não havia nada de íntimo sobre isso, mas eu ainda senti uma faísca de inveja, principalmente após o derradeiro amor em que eu apenas estive muito perto de ser quase arrastada pela floresta — Nós não sabemos que qualquer uma destas coisas ia acontecer. Por que você não chama o Abe? —

— Sim, — ela disse sombriamente. — Isso é exactamente o que eu quero. Para dizer a ele que o plano furou em menos de 24 horas. —

— Bem, — eu disse, — se isso te faz sentir melhor, os planos podem mudar de qualquer maneira… —

— Silencio — ela retrucou. — Vocês dois. Eu preciso pensar. —

Dimitri e eu trocamos olhares, mas permanecemos em silêncio. Quando eu disse-lhe que conhecia um caminho sério para ajudar a Lissa, ele tinha ficado intrigado. Eu sabia que ele queria detalhes agora, mas ambos esperamos por Sydney.

Ela acendeu a luz do tejadilho e pegou num mapa em papel do Estado. Depois de estudar por um minuto, ela dobrou-o de volta e simplesmente olhou para a frente. Eu não pude ver seu rosto, mas suspeitei que ela tinha a testa franzida. Por fim, ela suspirou, dessa forma lamentável dela, apagou a luz, e ligou o carro. Eu vi como ela picou em Altswood, West Virginia em seu GPS.

— O que está em Altswood? — perguntei, desapontada por ela não ter procurado algo como Atlantic City.

— Nada — disse ela, indo de novo para a estrada. — Mas é o lugar mais próximo de onde estávamos indo que o GPS pode encontrar. —

As breves luzes dos carros a passar, iluminavam o perfil do Dimitri, e eu vi a curiosidade em seu rosto também. Por isso. Eu não era mais a única fora do plano. A leitura do GPS demorou quase uma hora e meia para o nosso destino. Ele não questionou a sua escolha, pensei, e voltou-se para mim.

— Então o que está acontecendo com a Lissa? Qual é o grande plano de vocês? — Ele olhou para Sydney. — Rose disse que há algo importante que temos que fazer. —

— Então eu recolho, — disse secamente Sydney. Dimitri olhou para mim com expectativa.

Eu tomei uma respiração profunda. Era hora de revelar o segredo que estava segurando desde a minha audiência. — Então, ele, hum, anda á volta de um irmão ou irmã da Lissa e eu acho que devemos encontrá-lo. —

Eu agi de forma casual e normal tal como soei. Dentro de mim, meu coração balançou. Mesmo tendo muito tempo para processar a nota da Tatiana, dizer as palavras em voz alta fez aquilo parecer real de uma maneira que não haviam sido antes. Isso chocou-me, essa informação bateu-me com um pleno impacto do que realmente aquilo significava e como mudou tudo aquilo que acreditávamos..

É claro, meu choque não foi nada comparado com os outros. Ponto para Rose e do elemento surpresa. Sidney não fez tentativa de esconder seu espanto e engasgou-se. Mesmo Dimitri parecia um pouco surpreso.

Assim que recuperou, eu podia vê-los a preparar os seus protestos. Eles nem exigiram provas ou simplesmente rejeitar a ideia como ridículo. Eu imediatamente entrei em acção antes de os argumentos pudessem começar. Eu mostrei a nota de Tatiana, lendo em voz alta e em seguida deixei Dimitri olhar para ela. Eu disse a eles sobre o meu encontro fantasmagórico, onde a rainha em espírito perturbado me fez acreditar que era verdade aquela nota. No entanto, os meus companheiros estavam cépticos.

— Você não tem nenhuma prova de que Tatiana escreveu a nota — disse Dimitri.

— Os alquimistas não têm nenhum registo de outro Dragomir, — disse Sidney.

Cada um deles disse exactamente o que eu pensava que diriam. Dimitri foi o tipo de cara sempre pronto para um truque ou uma armadilha. Ele desconfia de qualquer coisa sem prova. Sydney vivia em um mundo de fatos e dados e tinha fé total nos Alquimistas e suas informações. Se os alquimistas não acreditassem nisto, ela também não. Provas através de fantasmas não convenceu qualquer um deles.

— Eu realmente não vejo porque o espírito da Tatiana iria querer me enganar, — eu argumentei. — E os Alquimistas não são omniscientes. A nota diz que este é um segredo muito bem guardado dos Moroi, faz sentido que seria segredo para os Alquimistas também. —

Sydney zombou, não gostou do meu comentário omnisciente, mas de resto ficou em silêncio. Foi Dimitri, que se chegou para a frente, recusando-se a ter fé, sem mais provas.

— Você disse antes que não é sempre claro o que os fantasmas estão tentando dizer, — ressaltou. — Talvez você interpretou ela mal. —

— Eu não sei… — Pensei de novo sobre o seu rosto solene e translúcido. — Acho que ela escreveu esta nota. Meu instinto diz que sim. — Eu estreitei meus olhos. — Você sabe que deu certo antes. Você pode confiar em mim? —

Ele olhou sério para mim por vários momentos, e eu tinha que olhar constantemente. De uma forma estranha da nossa é claro, eu podia adivinhar o que estava acontecendo. A situação toda foi muito forçada, mas ele sabia que eu estava certa sobre os meus instintos. Eles provaram serem verdadeiros no passado. Não importa o que ele tinha passado, não importa o antagonismo existente entre nós, ele ainda me conhecia o suficiente para confiar nisto.

Lentamente, quase com relutância, ele assentiu. — Mas, se decidimos procurar por esse irmão alegado, estamos indo contra as instruções Lissa de ficar quietos. —

— Você acredita na nota? — Sydney exclamou. — Você está considerando escutá-la? —

Um lampejo de raiva acendeu dentro de mim, um que eu trabalhava para esconder. Claro. É claro que este seria o próximo obstáculo: a incapacidade do Dimitri de desobedecer a Lissa. Sydney temia Abe, eu poderia tipo entender, mas a preocupação do Dimitri ainda era o voto nobre da cavalaria que ele tinha feito para Lissa. Eu tomei uma respiração profunda. Dizendo-lhe quão ridículo eu pensei que ele estava se comportando não ia conseguir o que eu precisava.

— Tecnicamente, sim. Mas se pudéssemos realmente provar que não era a última de sua família, iria ajudar muito ela. Nós não podemos ignorar a possibilidade, e se você conseguir me manter fora de problemas, enquanto fazemos isso, — eu tentei não fazer uma careta para isso, — então não deve mais ser um problema. —

Dimitri considerou. Ele me conhecia. Ele também sabia que eu iria usar a lógica para dar a volta se necessário para fazer do meu jeito.

— Ok, — ele disse finalmente. Eu vi a mudança de suas características. A decisão foi tomada, e ele iria manter aquilo agora. — Mas por onde começar? Você não têm outras pistas, além de uma nota misteriosa. —

Foi um déjà vu e lembrei-me de Lissa e Christian conversarem anteriormente com Abe, quando foram descobrir por onde começar sua investigação. Ela e eu vivemos vidas paralelas, ao que parece, ambas buscando um enigma impossível com um trilho esboçado. Como eu revivi a discussão, eu tentei o mesmo raciocínio que Abe tinha usado: sem pistas, começar a trabalhar em conclusões óbvias.

— Obviamente, isto é um segredo, — eu disse. — Um dos grandes. Um povo que, aparentemente, quis encobrir - suficientemente para que ninguém pudesse roubar os registos sobre o assunto e manter os Dragomirs fora do poder — . Alguém tinha invadido um prédio Alquimista e levado documentos indicando que Eric Dragomir tinha realmente financiado uma mulher misteriosa. Eu indiquei a meus companheiros que parecia muito provável que esta mulher era a mãe de seu filho. — Você poderia olhar para isso caso um pouco mais. — Essas últimas palavras foram ditas por Sydney. Talvez ela não se preocupasse com outro Dragomir, mas os alquimistas ainda queria saber quem tinha roubado eles.

— Whoa, ei. Como eu não faço parte deste processo de decisão? — Ela ainda não havia recuperado a partir de nossa conversa, de repente executamos sem ela. Depois da forma como a nossa noite tinha sido tão longa, ela não parece muito satisfeita em ser sugada para outro dos meus regimes desonestos. — Talvez quebrar ordens da Lissa não é grande coisa para vocês dois, mas eu irei contra Abe. Ele pode não ser tão brando. —

Foi um ponto justo. — Eu coloco como um favor de filha, — eu assegurei-lhe. — Além disso, o velho homem ama segredos. Ele entra nisto, acredite em mim. E tu já encontraste a maior pista de todos. Quer dizer, se Eric estava dando dinheiro a uma mulher anónima, então porque não ia ser para a sua amante secreta e filho? —

— Anónimo é a palavra-chave, — Sidney disse, ainda bem céptica em relação a clemência do Zmey. — se a sua teoria esta certa — e isto é um estilo de salto - ainda não temos ideia de quem é esta senhora. Os documentos roubados não dizem. —

— Existem outros registos que tentaram roubar? Ou você poderia investigar o banco que ele estava enviando dinheiro? — A principal preocupação dos Alquimistas foi simplesmente que alguém tinha roubado cópias de seus discos. Seus colegas tinham descoberto que os itens foram tomados, mas não haviam dado muita atenção ao conteúdo. Eu estava disposta a apostar que não haviam procurado quaisquer outros documentos relacionados com o mesmo tema. Ela afirmou mesmo. — Você realmente não tem ideia de como trabalha a pesquisa de registos, pois não? Não é assim tão fácil, — disse ela. — Pode demorar um pouco. —

— Bem…eu acho que é por isso que é bom estares indo para algum lugar, hum, seguro, certo? — Eu perguntei. Impressionado com a percepção de que poderíamos precisar de tempo para colocar o nosso próximo passo juntos, eu poderia tipo ver a desvantagem de ter perdido o nosso remoto esconderijo.

— Seguro… — Sacudiu a cabeça. — Bem, vamos ver. Espero que eu não esteja a fazer algo estúpido. —

Com estas palavras sinistras, fez-se silêncio. Eu queria saber mais sobre para onde estávamos indo, mas senti que não devia empurrar a pequena vitória que tinha feito. A vitória que eu pensei ter identificado como feita, pelo menos. Eu não estava inteiramente certa de que Sydney aprovava a 100 por cento, mas senti que certamente tinha convencido Dimitri. Melhor não agitar ela agora. Olhei para o GPS. Quase uma hora. Tempo suficiente para verificar novamente Lissa.

Levei um minuto para reconhecer onde Lissa estava, provavelmente porque eu estava esperando que ela voltasse para seu quarto. Mas não, ela foi para uma localização onde eu só fui uma vez: a casa dos pais do Adrian. Surpresa. Em alguns momentos, porém, eu li o raciocínio de sua mente. Sua suite habitacional actual foi invadida no pânico que se seguiu sobre a minha fuga, o seu edifício estava cheio de visitantes tentando agora sair. A moradia Ivashkov, situado numa zona residencial, foi um pouco mais quieto, não que lá não estivessem alguns vizinhos a fugirem também.

Adrian sentou-se em uma poltrona, os pés descansando descuidadamente sobre uma mesa de café caro que alguns designer de interiores provavelmente tinha ajudou a mãe a escolher. Lissa e Christian tinha acabado de chegar, e ela pegou uma baforada de fumaça no ar que a fez pensar que Adrian tinha sido covarde em algum mau comportamento com antecedência.

— Se fôssemos sortudos, — ele estava dizendo para Lissa e Christian, — as unidades parentais serão amarradas por um tempo e nos darão alguma paz e tranquilidade. — Como áspero foi o seu questionamento? —

Lissa e Christian sentaram em um sofá que era mais bonito do que confortável. Ela se inclinou para ele e suspirou. — Não tão mal . Eu não sei se eles estão totalmente convencidos de que não tivemos nada com a fuga de Rose... mas eles definitivamente não têm nenhuma prova — .

— Eu acho que temos um problema maior com Tia Tasha — disse Christian — Ela estava meio puta porque não dissemos para ela o que estava acontecendo. Eu acho que provavelmente ela queria explodir as estátuas pessoalmente — Isso

— Eu acho que ela está mais chateada porque envolvemos o Dimitri — assinalou Lissa — Ela acha que estragamos as chances dele de ser aceito novamente — .

— Ela está certa — disse Adrian. Ele pegou um controle remoto e ligou uma enorme TV de plasma. Ele colocou o som no mudo e ficou apertando os botões passando os canais. — Mas ninguém forçou ele. —

Lissa assentiu, mas secretamente se perguntou se ela forçou Dimitri inadvertidamente. A promessa dele de protegê-la não era segredo. Christian pareceu entrar em sua preocupação.

— Hey, pelo que nós sabemos, ele nunca teria —

— Uma batida os interrompeu.

— Maldição — disse Adrian levantando — Demais por paz e tranquilidade —

— Seus pais não bateriam — disse Christian.

— Verdade, mas provavelmente é um dos amigos deles querendo saborear os mexericos e fofocar sobre o terrível estado da juventude assassina. — Adrian respondeu.

Lissa escutou a porta se abrir e uma conversa abafada . Poucos momentos depois, Adrian retornou com um jovem cara Moroi que Lissa não reconheceu.

— Olhe — o garoto estava dizendo, olhando ao redor inquieto, — Eu posso voltar — Avistou Lissa e Christian e congelou.

— Não, não, — disse Adrian — A transformação dele de mal-humorado para cordial aconteceu tão rápido como se fosse um interruptor de luz sendo ligado. — Eu tenho certeza que ela vai voltar em um minuto. Vocês garotos, já se conhecem? —

O cara assentiu com a cabeça, olhos correndo rosto por rosto. — Claro — .

Lissa franziu o cenho — Eu não te conheço — .

O sorriso nunca deixou o rosto de Adrian, mas Lissa percebeu logo que alguma coisa importante estava acontecendo. — Este é Joe. Joe o zelador que me ajudou testemunhando que eu não estava com Rose quando tia Tatiana foi assassinada. Aquele que estava trabalhando no prédio da Rose. —

Os dois, Lissa e Christian se endireitaram. — Foi uma sorte seu turno ser antes da audiência — disse Chistian cuidadosamente. Por um momento, houve um pânico de que Adrian poderia estar implicado comigo. Mas Joe se apresentou justamente na hora para testemunhar sobre quando ele tinha visto Adrian e eu no prédio.

Joe deu alguns passos em direcção ao Hall de entrada — Eu realmente tenho que ir. Apenas diga á Lady Ivashokv que eu vim — e que vou deixar a Corte. Mas tudo está acertado. —

— O que está acertado — Lissa perguntou, devagar levantando.

— Ela — ela vai saber. — Lissa, eu sabia, não parecia intimidadora. Ela era meiga, elegante e bonita, mas pelo medo no rosto de Joe — Estava.

Ela devia estar dando a ele um olhar aterrorizante. Isso me lembrou o recente encontro com Abe. — Verdade — ele adicionou — Eu preciso ir. —

Ele começou a se mover novamente, mas de repente, eu senti uma onda de espírito queimando através de Lissa. Joe chegou em um impasse e Lissa caminhou em sua direcção.

— Sobre o que você precisava falar com Lady Ivashkov? — Lissa perguntou.

— Fácil, prima — Adrian murmurou — Você não precisa de muito espírito para conseguir respostas — .

Lissa estava usando compulsão em Joe, tanto que ele parecia um marionete de cordas

— O dinheiro — Disse Joe ofegante, olhos arregalados — O dinheiro acordado — .

— Que dinheiro? — ela perguntou

Joe hesitou, como se tentasse resistir, mas acabou se deixando levar . Ele não podia lutar contra toda aquela compulsão, não a de uma usuária de espírito. — O dinheiro... o dinheiro para testemunhar... . sobre onde ele estava. — Joe sacudiu a cabeça em direcção a Adrian.

A expressão calma de Adrian vacilou um pouco — O que você quer dizer com onde eu estava? A noite em que minha tia morreu? Você está dizendo... —

Christian chegou onde Adrian não pôde — A Lady Ivashokv está pagando você que você viu Adrian? —

— Eu o vi — Joe choramingou. Ele estava suando visivelmente. Adrian estava certo. Lissa estava usando muito espírito nele, isso estava fisicamente machucando Joe — Eu só... eu só... eu não me lembro a hora... eu não lembro de nenhuma das horas. Isso foi o que eu disse para o outro cara também. Ela me pagou para colocar uma hora em quando você estava lá. —

Adrian não gostou disso, não mesmo. Para crédito dele, continuou calmo. — O que você quer dizer com disse para — o outro cara — ?

— Quem mais? — repetiu Lissa — Quem mais estava com ela? — .

— Ninguém! Lady Ivashokv só queria ter certeza de que seu filho estivesse limpo. Eu falsifiquei os detalhes pra ela. Era o cara... o outro cara que veio depois... o que queria saber quando Hathaway estava nas redondezas. — .

Houve um clique no hall de entrada, som da abertura da porta da frente. Lissa se inclinou para frente, accionando a compulsão. — Quem? Quem era ele? O que ele queria? —

Joe parecia estar sentindo muita dor agora. Ele engoliu — Eu não sei quem era ele. Ninguém que eu já tenha visto. Um Moroi. Só queria que eu testemunhasse sobre quando eu tinha visto Hathaway. Me pagou mais do que Lady Ivashkov. Sem problemas... — Ele olhou para Lissa desesperadamente — Sem problemas em ajudar eles dois... especialmente quando Hathaway fez isso... —

— Adrian? — A voz de Daniella soou baixo no hall — Você está aqui? —

— Cai fora — Adrian avisou Lissa em voz baixa. Não tinha nenhuma piada nisso.

A voz dela estava apenas suave, sua atenção continuava em Joe — Como ele era? Descreva-o para mim? —

O som dos saltos altos clicaram no chão de madeira

— Com ninguém — disse Joe — Eu juro! Pano, Comum. Excepto a mão... por favor, deixe-me ir... —

Adrian empurrou Lissa para o lado, quebrando o contacto entre ela e Joe. Joe quase caiu no chão e depois ficou rígido quando seu olhar ficou preso ao de Adrian. Mais compulsão mas muito menos do que Lissa usou.

— Esqueça isso — ordenou Adrian — Nós nunca tivemos essa conversa —

— Adrian, o que estás… — Daniella parou na porta da sala, colocando uma expressão estranha. Christian ainda estava no sofá, mas Adrian e Lissa estavam a centímetros de Joe, cuja camisa estava ensopada de suor.

— O que está acontecendo? — Daniella exclamou.

Adrian recuou e deu a sua mãe um daqueles sorrisos encantadores que cativou tantas mulheres. — Esse cara veio para ver você, mamãe. Dissemos a ele para esperar até que você voltasse. Estamos indo para fora agora. —

Daniella olhou entre seu filho e Joe. Ela estava claramente desconfortável com a situação e também confusa. Lissa ficou surpresa com o comentário de sair, mas seguiram a liderança do Adrian. Christian também o fez.

— Foi bom vê-lo, — disse Lissa, tentando um sorriso para corresponder Adrian. Joe parecia totalmente atordoado. Após um último comando do Adrian, o pobre zelador tinham provavelmente também esquecido de como ele tinha acabado na casa Ivashkov.

Lissa e Christian seguiram Adrian às pressas para fora antes que Daniella podesse dizer muito mais. — Que diabos foi isso? — Perguntou Christian uma vez que eles estavam fora. Eu não tinha certeza se ele queria dizer a compulsão assustadora de Lissa ou que Joe tinha revelado.

— Não tenho certeza, — disse Adrian, com a expressão escura. Nenhum sorriso mais alegre. — Mas devemos falar com Mikhail. —

— Rose. — A voz suave do Dimitri, trouxe-me de volta para ele, Sydney, e do carro. Ele tinha, sem dúvida, reconhecido a expressão no meu rosto e sabia onde eu tinha ido.

— Tudo bem lá para trás, — perguntou ele.

Eu sabia que lá significava Corte e não no banco de trás. Concordei, mas não era bem a palavra certa para o que eu tinha apenas testemunhado. O que eu tinha acabado de testemunhar? A admissão de falsos testemunhos. Uma admissão de que contradiz algumas das evidências contra mim. Eu não importo tanto que Joe tenha mentido para manter Adrian seguro. Adrian não haviam se envolvido com o assassinato da Tatiana. Eu queria ele livre é claro. Mas e quanto à outra parte? Alguns ‘normais’ Moroi pagavam a Joe para mentir sobre quando eu tinha estado ao redor, deixando-me sem um álibi durante a janela de assassinato?

Antes que eu pudesse processar completamente as implicações, notei que o carro tinha parado. Forçando a informação do Joe para o fundo da minha mente, eu tentei fazer um balanço da nossa situação nova. O laptop da Sydney brilhava no banco da frente enquanto ela procurava por algo.

— Onde estamos? — Eu olhei para fora da janela. Pelos faróis, vi um triste, posto de gasolina fechado.

— Altswood, — disse Dimitri.

Ao meu entender, não havia mais nada, para além do posto de gasolina. — Faz a nossa última cidade parecer Nova York. —

Sydney fechou seu laptop. Ela guardou-o, e colocou-o sobre o assento ao meu lado, perto das mochilas que ela pegou milagrosamente ao sair do motel. Ela trocou o carro no drive e puxou para fora do estacionamento. Não muito longe, eu podia ver a estrada e esperava que ela vira-se em direcção a ela. Em vez disso, ela dirigiu passado o posto de gasolina, na mais profunda escuridão.

Como era o último lugar, estávamos rodeados por montanhas e florestas. Nós arrastávamos a um ritmo de caracóis até que Sydney viu uma pequena estrada de cascalho desaparecer na floresta. Foi grande o suficiente para um carro a descer, mas de alguma forma, eu não esperava correr em muito tráfego aqui. Um caminho semelhante apareceu-nos mais e mais, e embora eu não pude ver seu rosto, a ansiedade de Sidney era palpável no carro.

Minutos pareceram horas até que o nosso caminho estreito abriu-se em um grande pacote de sujeira. Outros veículos - bonitos carros antigos – foram estacionado lá. Era um lugar estranho para um parque de estacionamento, considerando tudo o que eu podia ver à nossa volta era floresta escura. Sydney desligou o carro.

— Será que estamos em um acampamento, — perguntei.

Ela não respondeu. Em vez disso, ela olhou para Dimitri. — Você é tão bom como eles dizem que você é? —

— O quê? — Ele perguntou, assustado.

— Combate. Todo mundo fica falando sobre quão perigoso é. É verdade? Você é tão bom assim? —

Dimitri considerou. — Muito bom — .

Eu zombei. — Muitíssimo bom. —

— Espero que seja o suficiente, — disse Sidney, alcançando os punhos das portas.

Abri a porta também. — Você não vai perguntar sobre mim? —

— Eu já sei que você és perigosa, — ela disse. — Eu vi isso. —

Seu elogio ofereceu pouco conforto quando saímos em frente ao estacionamento rural. — Porque paramos? —

— Porque temos que ir a pé agora. — Acendeu uma lanterna e ele brilhou ao longo do perímetro. Por fim, ele piscou através de uma

trilha que serpenteava por entre as árvores. O caminho era pequeno e fácil de se perder porque as ervas daninhas e outras plantas foram invadindo-o.

— Ali. — Ela começou a se mover em direcção a ela.

— Espere, — disse Dimitri. Moveu-se na frente dela, abrindo o caminho, e eu imediatamente assumi a posição de volta em nosso grupo. Foi uma

formação de guardião padrão. Estávamos acompanhados da maneira que teríamos com um Moroi. Todos os pensamentos anteriores da Lissa desapareceram da minha mente. Minha atenção foi totalmente sobre a situação em mãos, todos os meus sentidos alerta para o perigo potencial. Eu podia ver que Dimitri estava na mesma modalidade,

tanto que nós, estávamos a segurando nossas estacas.

— Para onde estamos indo? — Perguntei evitando cuidadosamente as raízes e os buracos ao longo do caminho. Ramos rasparam junto meus braços.

— Para as pessoas eu garanto não vai transformá-lo, — ela disse, a voz sombria.

Mais perguntas estavam nos meus lábios quando a luz brilhante de repente me cegou. Meus olhos tinham crescido em sintonia com as trevas, e o brilho inesperado foi também uma mudança abrupta. Houve um sussurro nas árvores, um sentimento de muitos corpos que nos rodeia, e quando eu recuperei a visão, eu vi rostos de vampiros em todos os lugares.

 

FELIZMENTE, ERAM ROSTOS DE MOROI. Aquilo não me impediu de erguer minha estaca e me mover para mais perto de Sydney. Ninguém estava nos atacando, então me mantive na minha posição — não que isso provavelmente importasse. Enquanto eu observava mais e mais o cenário, eu vi que nós estávamos completamente rodeados por dez pessoas. Nós dissemos a Sydney que éramos bons, e isso era verdade: Dimitri e eu provavelmente poderíamos vencer um grupo como esse, embora as instalações pobres fossem dificultar. Eu também percebi que o grupo não era só de Moroi. Os mais próximos de nós eram, mas aqueles ao redor deles eram dhampirs. E a luz que eu pensei que vinha de tochas ou lanternas, na verdade vinha de uma bola de fogo nas mãos de um Moroi.

Um homem Moroi se aproximou um passo, quase da idade de Abe, com uma longa barba marrom e uma estaca de prata em sua mão. Uma parte de mim notou que a estaca foi rudemente feita se comparada à minha, mas representava a mesma ameaça.

O olhar do homem passou por mim e pelo Dimitri, e a estaca foi abaixada. Sydney se tornou o objeto de minucioso exame do cara, e ele de repente aproximou-se dela. Dimitri e eu nos movemos para pará-lo, mas outras mãos nos pararam. Eu poderia ter lutado contra elas, mas congelei quando a Sydney soltou um estrangulado, — Esperem. —

O Moroi barbudo agarrou seu queixo e virou sua cabeça de forma que a luz alcançasse sua bochecha, iluminando a tatuagem dourada. Ele a soltou e deu passos para trás.

— Garota Imaculada. — ele grunhiu.

Os outros relaxaram um pouco, embora mantivessem as estacas posicionadas e ainda parecessem prontos para atacar se provocados. O lider Moroi voltou sua atenção de Sydney para Dimitri e eu.

— Vocês estão aqui para se juntar a nós? — ele perguntou cautelosamente.

— Nós precisamos de abrigo, — disse Sydney, tocando levemente sua garganta. — Eles estão sendo perseguidos pelos… pelos Impuros. —

A mulher segurando o fogo parecia cética. — Mais como espiões do que Impuros. —

— A Rainha Impura está morta, — disse Sydney. Ela acenou com a cabeça na minha direção. — Eles acham que ela fez isso. —

A parte indiscreta de mim começou a falar, mas imediatamente se calou, sábia o bastante para saber que essa bizarra virada de eventos deveria ser deixada por conta da Sydney. Eu não entendia o que ela estava dizendo. Quando ela disse que os Impuros estavam nos perseguindo, eu achei que ela estava querendo fazer com que o grupo pensasse que os Strigoi estavam atrás de nós. Agora, depois que ela mencionou a rainha, eu não estava tão certa. Eu também não estava tão certa de que me identificar como uma assassina em potencial fosse inteligente. Até onde eu sabia, Barba Marrom me entregaria em troca de uma recompensa. Pela aparência de suas roupas, ele poderia usar alguma.

Para minha surpresa, isso o fez sorrir. — E então, outro usurpador passou. Já existe outro? —

— Não, — disse Sydney. — Eles logo terão as eleições para escolher. —

Os sorrisos do grupo foram substituídos por expressões de desdém e desaprovação mudos sobre as eleições. Eu não pude evitar. — De que outra forma eles escolheriam um novo rei ou rainha? —

— No jeito verdadeiro, — disse um dhampir próximo. — No jeito que costumava ser, há muito tempo atrás. Numa batalha até a morte. —

Eu esperei pelo fim da piada, mas o cara estava claramente falando sério. Eu quis perguntar a Sydney no que ela nos meteu, mas nesse ponto, nós tinhamos aparentemente passado na inspeção. Seu líder virou e começou a andar para o pátio. O grupo o seguiu, movendo-nos com eles enquanto o faziam.

Ouvindo a conversa deles, eu não pude evitar franzir um pouco o cenho — e não apenas porque nossas vidas poderiam correr risco. Eu estava intrigada com o sotaque deles. O recepcionista do Motel tinha um pesado acento sulista, exatamente como você esperaria nessa parte do país. Esses caras, enquanto soando similares, tinham algumas outras pronuncias misturadas. Quase me lembrou do sotaque do Dimitri.

Eu estava tão tensa e ansiosa que eu dificilmente consegui me concentrar em quanto nós caminhamos. Eventualmente, o pátio nos levou para o que parecia como uma área de acampamento bem escondida. Uma enorme fogueira brilhava numa clareira com pessoas sentadas ao redor.

Ainda, havia estruturas dispersas de um lado, alcançando as árvores ao redor do pátio. Ainda não era uma estrada, mas me deu a ilusão de uma cidade, ou ao menos de um vilarejo. As construções eram pequenas e esfarrapadas, mas aparentavam ser permanentes. Do outro lado do fogo, a terra aumentou acentuadamente nos Apalaches, bloqueando as estrelas. Na luz tremulante, eu pude ver que a superfície da montanha estava misturada com pedras rústicas e árvores cortadas, com pontos aqui ou lá como buracos negros.

Minha atenção voltou para os vivos. A multidão junta ao redor do fogo — duas dúzias mais ou menos — ficou quieta enquanto nossa escolta nos levava. No começo, tudo o que eu vi eram números. Esse era o guerreiro em mim, contanto oponentes e planejando o ataque. Então, assim como mais cedo, eu realmente olhei para os rostos. Mais Moroi misturados com dhampirs. E — o que eu fiquei chocada em descobrir — humanos.

Eles também não eram alimentadores. Bem, não no sentido em que eu conhecia alimentadores.

Mesmo no escuro, eu podia ver marcas de mordidas nos pescoços de alguns humanos, mas julgando por suas expressões curiosas, eu poderia dizer que essas pessoas não davam sangue regularmente. Eles não estavam drogados. Eles estavam misturados entre os Moroi e dhampirs, sentados, em pé, conversando, atraindo — o grupo todo claramente estava unido em algum tipo de comunidade. Eu me perguntava se esses humanos eram como os Alquimistas. Talvez eles tenham algum tipo de relação de negócios.

A formação firme ao nosso redor começou a se dispersar, e eu fui para perto da Sydney. — O que, em nome de Deus, é tudo isso? —

— Os Protetores, — ela disse baixo.

— Protetores? O que isso significa? —

— Significa, — disse o Moroi barbudo, — que ao contrário de seu povo, nós ainda mantemos os dias antigos, do jeito que realmente deveria ser. —

Eu encarei esses — Protetores — em suas roupas gastas e as crianças sujas e descalças. Refletindo sobre quão longe estávamos da civilização — e baseado em quão escuro estava longe do fogo — eu estava apostando que eles não tinham eletricidade. Eu estava a ponto de dizer que não achava que era assim que alguém deveria realmente viver. Então, lembrando-me do jeito casual que essas pessoas tinham falado de lutas até a morte, eu decidi manter meus pontos de vista para mim.

— Por que eles estão aqui, Raymond? — perguntou uma mulher sentada ao redor do fogo. Ela era humana, mas falava com o Moroi barbudo num jeito perfeitamente comum e familiar. Não era a forma sonhadora que um alimentador normalmente usava com um Moroi. Não era nem mesmo como as conversas afetadas que minha raça tinha com os Alquimistas. — Eles vão se juntar à nós? —

Raymond negou com a cabeça. — Não. Os Impuros estão atrás dela por matar a rainha deles. —

Sydney me deu uma cotovelada antes que eu pudesse negar. Eu rangi meus dentes, esperando para ser maltratada. Ao invés disso, fiquei surpresa ao encontrar a multidão me olhando com uma mistura de respeito e admiração, assim como havia sido em nossa facção de boas vindas. —

— Nós estamos dando refúgio a eles, — explicou Raymond. Ele sorriu para nós, embora eu não soubesse se sua aprovação vinha de nós sermos assassinos ou simplesmente porque ele gostava da atenção que estava ganhando. — Embora, vocês sejam bem vindos a se juntar a nós e viver aqui. Nós temos espaço nas cavernas. —

Cavernas? Eu olhei em direção aos penhascos além do fogo, percebendo agora o que eram os buracos negros. Mesmo enquanto eu assistia, algumas pessoas se retiraram para a noite e escalaram até desaparecerem nos pedaços escuros da montanha.

Sydney respondeu enquanto eu mantinha a expressão horrorizada no rosto. — Nós apenas precisamos ficar aqui... — ela vacilou, considerando quão incompletos nossos planos se tornaram. — Uns dois dias, provavelmente. —

— Você pode ficar com a minha família, — disse Raymond. — Mesmo você. — Isso foi direcionado para Sydney, e ele faz isso soar como um favor.

— Obrigada, — ela disse. — Somos gratos em passar a noite em sua casa. — A ênfase na ultima palavra era para mim, percebi. As estruturas de madeira ao longo do pátio árido não pareciam luxuosas em nenhum grau de imaginação, mas eu aguentaria uma caverna qualquer dia.

O vilarejo, ou comunidade, ou qualquer coisa, estava se tornando crescentemente excitante enquanto nossa novidade corria. Bombardearam-nos com perguntas, começando com coisas comuns como nossos nomes, mas se movendo rapidamente para detalhes especificos sobre como exatamente eu havia matado Tatiana.

Eu fui salva de ter que responder quando a mulher humana que havia conversado com Raymond mais cedo pulou e guiou nosso triu para longe. — Já chega, — ela disse, espantando os outros. — Está ficando tarde, e eu estou certa de que nossos hospedes estão com fome. —

Eu estava morrendo de fome, na verdade, mas não sabia se eu estava em grandes dificuldades o suficiente para comer ensopado de gambá ou o que passou como alimento por aqui. As palavras da mulher foram recebidas com desapontamento, mas ela os assegurou que poderiam falar conosco amanhã. Olhando ao redor, eu vi um fraco púrpura do que deve ter sido o céu oriental. Nascer do sol. Um grupo de Moroi desejando os jeitos — tradicionais — provavelmente teriam uma rotina noturna, significando que essas pessoas provavelmente só teriam mais algumas horas antes da hora de dormir.

A mulher disse que seu nome era Sarah e nos guiou pelo pátio árido. Raymond disse que nos veria em breve. Enquanto andávamos, nós vimos outras pessoas caminhando para as dispersas, casas em ruínas, indo para a cama ou possivelmente ficar acordados devido à comoção. Sarah olhou para Sydney.

— Você nos trouxe algo? —

— Não, — disse Sydney. — Estou aqui apenas para escoltá-los. —

Sarah parecia desapontada, mas assentiu. — Uma tarefa importante. —

Sydney franziu o cenho e aparentou estar mais desconfortável. — Faz quanto tempo desde que meu povo trouxe algo para vocês? —

— Alguns meses, — disse Sarah depois de um momento pensando.

A expressão da Sydney ficou obscura diante das palavras, mas ela não falou novamente.

Sarah finalmente nos levou para o interior da mais larga e de melhor aparência casa, mesmo que ainda fosse comum e feita de tábuas madeira não pintadas. O interior era de um preto escuro, e nós esperamos enquanto Sarah acendia lanternas antigas. Eu estava certa. Nada de eletricidade. Isso de repente me fez me questionar sobre o encanamento.

O chão era de madeira rígida assim como as paredes e cobertos por grandes e brilhantes tapetes. Aconteceu de estarmos em alguma híbrida cozinha-sala-de-estar-e-jantar. Havia uma grande lareira no centro, uma mesa de madeira e cadeiras de um lado, e grandes almofadas no outro, que eu presumi que servissem como sofás. Prateleiras de ervas de secagem estavam penduradas acima da lareira, enchendo a sala com um cheiro picante que se misturava com o cheiro de madeira queimada. Existiam três portas na parede do fundo, e Sarah assentiu para uma.

— Vocês podem dormir no quarto das meninas, — ela disse.

— Obrigada, — eu disse, incerta sobre eu querer ver como nossas acomodações de hóspedes eram. Eu já estava sentindo falta do MOTEL. Eu estudei Sarah curiosamente. Ela parecia estar na idade de Raymond e vestia um vestido comum que ia até seus joelhos. Seu cabelo loiro estava preso, e ela parecia pequena para mim, assim como todos os humanos. — Você é a governanta do Raymond? — era o único papel que eu atribuiria a ela. Ela tinha algumas marcas de mordida, mas obviamente não era uma alimentadora. Pelo menos não em tempo integral. Talvez por aqui, alimentadores também ajudavam com os cuidados da casa.

Ela sorriu. — Sou esposa dele. —

Era uma marca do meu auto-controle eu ter conseguido soltar qualquer tipo de resposta. — Oh. —

O olhar afiado de Sydney caiu sobre mim, um alerta neles: Deixe para lá. E novamente eu apertei meu queixo e lhe dei um leve aceno de cabeça para deixá-la saber que eu havia entendido.

Só que eu não entendia. Dhampirs e Moroi transavam o tempo todo. Dhampirs precisavam disso. Ligações mais duradouras eram um escândalo — mas não completamente fora do leque de possibilidades.

Mas Moroi e humanos? Isso estava além da compreensão. Essas raças não ficavam juntas há anos. Eles produziram dhampirs há muito tempo, mas enquanto o mundo moderno progredia, os Moroi se afastaram completamente de se ligar (intimamente falando) com os humanos. Nós vivemos entre eles, é claro. Moroi e dhampirs trabalhavam entre os humanos pelo mundo, compravam casas em suas vizinhanças, e aparentemente tinham um regime com sociedades secretas como Alquimistas. E, é claro, Moroi se alimentavam de humanos — e isso era a coisa. Se você mantivesse uma humano perto de você, é porque ele era um alimentador. Esse era o nível de intimidade. Alimentadores eram comida, puro e simples. Comida bem tratada, sim, mas não comida com que você faz amizade. Moroi fazendo sexo com um dhampir? Picante. Um Moroi fazendo sexo com um dhampir e bebendo sangue? Sujo e humilhante. Um Moroi fazendo sexo com um humano — com ou sem sangue envolvido? Incompreensível.

Existiam poucas coisas que me chocavam ou ofendiam. Eu era bem liberal em meus pontos de vista quando se tratava de romance, mas a ideia de um casamento entre um humano e um Moroi me surpreendeu. Não importava se o humano era do tipo alimentador — como Sarah aparentava ser — ou alguém — acima — disso, como Sydney. Humanos e Moroi não ficavam juntos. Era primitivo e errado, e era por isso que já não era mais feito. Bem, pelo menos não de onde eu vim.

Ao contrário de seu povo, nós ainda seguimos os velhos costumes.

A coisa engraçada era que não importava o quão errado eu achasse que isso era, Sydney sentia muito mais forte sobre isso com sua aversão à vampiros. Eu supus que ela já estava preparada, no entanto, por isso é que ela conseguiu manter a expressão fria dela. Ela não havia sido mantida no escuro como eu e Dimitri, porque eu senti com alguma certeza que ele compartilhava meus sentimentos. Ele só era melhor em esconder a surpresa.

Uma comoção na porta me tirou do meu choque. Raymond chegou e não estava sozinho. Um garoto dhampir de mais ou menos oito anos sentado em seus ombros, e uma garota Moroi mais ou menos da mesma idade perto deles. Uma bonita mulher Moroi que parecia ter seus vinte anos os seguiu, e atrás dela estava um atraente dhampir que não deveria ser mais do que dois anos mais velhos do que eu, se não tivesse exatamente a minha idade.

Apresentações se seguiram. As crianças era Phil e Molly, e a mulher Moroi se chamava Paulette. Todos eles pareciam morar aqui, mas eu não conseguia destinguir exatamente o relacionamento deles, exceto pelo garoto da minha idade. Ele era o filho de Raymond e Sarah, Joshua. Ele tinha um sorriso pronto para todos nós — especialmente para mim e Sydney — e os olhos que me lembravam dos olhos azuis cristalinos e penetrantes dos Ozeras. Só que, enquanto a família dos Ozeras tendiam a ter cabelo escuro, Joshua tinha um cabelo loiro cor de areia com luzes mais claras num tom de dourado. Eu tinha que admitir, era uma combinação atrativa, mas aquela parte chocada do meu cérebro me lembrou novamente que ele foi o resultado de uma transa entre humano e Moroi, não um dhampir e Moroi como eu. O produto final era o mesmo, mas o significado era bizarro.

— Estou colocando-os em seu quarto, — Sarah disse a Paulette. — O resto de vocês podem dividir o sótão. —

Demorou um momento preu perceber que — o resto de vocês — significava Paulette, Joshua, Molly e Phil. Olhando para cima, eu vi que realmente havia o que parecia ser um espaço de sótão cobrindo metade da vastidão da casa. Não parecia ser espaço o bastante para quatro pessoas.

— Nós não queremos ser inconvenientes, — disse Dimitri, dividindo meus pensamentos. Ele esteve quieto por quase toda a aventura nessa terra de madeira, guardando suas energias para ações, não palavras. — Nós ficaremos bem por aqui. —

— Não se preocupe com isso, — disse Joshua, novamente me dando aquele bonito sorriso. — Não nos importamos. Angeline também não se preocupará. —

— Quem? — perguntei.

— Minha irmã. —

Eu reprimi uma careta. Cinco deles encolhidos para que pudéssemos ter um quarto. — Obrigada, — disse Sydney. — Nós agradecemos. E nós realmente não vamos ficar muito tempo. — Mesmo com seu desgosto pelo mudo dos vampiros, Alquimistas podiam ser educados e charmosos quando queriam.

— Que pena, — disse Joshua.

— Pare de flertar, Josh, — disse Sarah. — Vocês três querem comer algo antes de dormir? Eu poderia aquecer um pouco de guisado. Nós comemos mais cedo com um pouco do pão da Paulette. —

Ao ouvir a palavra guisado, meus temores sobre gambás retornaram. — Não precisam, — eu disse rapidamente. — Eu fico bem só com o pão. —

— Eu também, — disse Dimitri. Perguntava-me se ele estava tentando diminuir o trabalho deles ou se compartilhava meus medos de comida. Provavelmente não é o segundo. Dimitri parecia ser o tipo de cara que você poderia jogar na selva e ele sobreviveria a qualquer coisa.

Paulette aparentemente tinha assado muito pão, e eles nos deixaram fazer um pic-nic na nossa pequena sala com muito pão e uma tigela de manteiga que provavelmente Sarah tinha feito sozinha. A sala tinha mais ou menos o tamanho do meu dormitório na St. Vladimir, com dois colchões cheios do não. Colchas ordenadamente os cobriam, colchas que provavelmente não eram usadas a meses com essas temperaturas. Mastigando um pedaço que pão, que era surpreendentemente bom, eu deslizei minha mão sobre uma das colchas.

— Lembra alguns designs que vi na Rússia, — disse.

Dimitri estudou a estampa também. — Parecido. Mas não é exatamente o mesmo. —

— É a evolução da cultura, — disse Sydney. Ela estava cansada, mas não o bastante para abandonar o modo enciclopédia. — As estampas Tradicionais Russas foram trazidas e eventualmente se fundiram com a colcha de estampa típica Americana. —

Uau. — Hum, bom saber. — A família nos deixou sozinhos enquanto se preparavam para dormir, e eu olhei para nossa porta quebrada cautelosamente. Com o barulho e atividade por aqui, parecia improvável sermos ouvidos, mas mesmo assim eu abaixei minha voz. — Está pronta para explicar que diabos são essas pessoas? —

Ela deu de ombros. — Os Protetores. —

— É, eu já entendi isso. E nós somos os Impuros. Soa como um nome melhor para Strigoi. —

— Não. — Sydney se encostou contra a parede de madeira. — Strigoi são Perdidos. Vocês são Impuros porque se juntaram ao mundo moderno e deixaram para trás o jeito primitivo deles pelos seus próprios costumes bagunçados. —

— Hey, — eu repliquei. — Não somos nós usando macacões e tocando banjos. —

— Rose, — brigou Dimitri, com um olhar que indicava a porta. — Seja cuidadosa. E além do mais, só vimos uma pessoa usando macacão. —

— Se te faz se sentir melhor, — disse Sydney, — Eu prefiro o jeito de você. Ver humanos misturados como tudo isso... — a expressão simpática e profissional que ela havia mostrado aos Protetores se fora.Sua natureza brusca estava de volta. — É nojento. Sem ofensa. —

— Não ofendeu, — eu disse com um arrepio. — Confie em mim, sinto-me da mesma forma. Não posso acreditar... Não posso acreditar que eles vivem dessa forma. —

Ela assentiu, parecendo grata por eu dividir a mesma opinião que ela. — Eu gosto de vocês estando com a própria espécie. Exceto... —

— Exceto que? — eu incitei.

Ela parecia timida. — Mesmo que do povo de onde vocês vêm não se casem com humanos, vocês ainda interagem com eles e vivem em suas cidades. Esses caras não. —

— O que os Alquimistas preferem, — adivinhou Dimitri. — Você não aprova os costumes desse grupo, mas você gosta de tê-los convenientemente fora da sociedade principal. —

Sydney assentiu. — Quanto mais vampiros ficam na sua na mata, melhor — mesmo que o estilo de vida seja louco. Esses caras guardam pra eles mesmos — e deixam os outros de fora. —

— Através de meios hostis? — eu perguntei. Nós fomos encontrados através de uma festa de guerra, e ela tinha esperado por isso. Todos eles estavam prontos para lutar: Moroi, dhampir e humanos.

— Esperançosamente não tão hostil, — ela disse evasivamente.

— Eles te deixaram passar, — disse Dimitri. — Eles conhecem os Alquimistas. Por que a Sarah te perguntou sobre trazer novas coisas? —

— Porque é o que fazemos, — ela disse. — De vez em quando, para grupos como esse, nós deixamos suprimentos — comida para todos, medicamentos para os humanos. — Novamente, eu ouvi aquele escárnio em sua voz, mas então ela se ficou desconfortável. — A coisa é, se Sarah está certa, eles estão esperando a visita de um Alquimista. Seria muita sorte nossa estar aqui quando acontecesse. —

Eu ia assegurá-la que nós só precisávamos ficar aqui por alguns dias quando uma frase impensada escapou. — Espera. Você disse ‘grupos como esse’. Quantas dessas comunidades existem por aí? — eu me virei para o Dimitri. — Isso não é como os Alquimista, né? Algo que só alguns de vocês sabem sobre e que vão guardar do resto de nós? —

Ele negou com a cabeça. — Estou tão abismado com tudo isso quanto você. —

— Alguns de seus lideres provavelmente sabem sobre os Protetores de uma forma vaga. — Disse Sydney. — Mas nada de detalhes. Nem localizações. Esses caras se escondem muito bem e podem se mudar numa fração de segundo. Eles ficam longe do seu povo. Eles não gostam do seu povo. —

Suspirei. — Motivo pelo qual não vão nos entregar. E é por isso que eles estavam tão animados que eu possa ter matado a rainha Tatiana. Obrigada por isso, aliás. —

Sydney não estava arrependida, no mínimo. — Nos deu proteção. Como isso. — Ela abafou um bocejo. — Mas por enquanto? Estou exausta. Não serei capaz de seguir os planos loucos de pessoa alguma — seus ou do Abe — se eu não dormir um pouco. —

Eu sabia que ela estava cansada, mas só agora a extensão disso me atingiu. Sydney não era como nós. Nós precisávamos dormir, mas tínhamos resistência para deixarmos isso de lado se precisássemos. Ela esteve acordada a noite toda e forçada a enfrentar situações que definitivamente estavam fora de sua zona de conforto. Ela parecia que estava a ponto de dormir encostada na parede aqui e ali. Virei-me para Dimitri. Ele já estava olhando para mim.

— Turnos? — perguntei. Sabia que nenhum de nós permitiria que nosso grupo ficasse sem guarda nesse lugar, mesmo que fossemos alegadamente heróis assassinos de rainha.

Ele assentiu. — Você vai primeiro, e eu vou — —

A porta foi aberta bruscamente e eu e Dimitri quase partimos pro ataque. Uma garota dhampir estava em pé ali, encarando-nos. Ela era uns dois anos mais nova do que, quase da idade de minha amiga Jill Mastrano, uma estudante da St. Vladimir que queria ser uma Moroi lutadora. Essa garota parecia querer ser uma também, começando por sua postura. Ela tinha o físico forte e esguio que a maioria dos dhampirs tinha, seu corpo todo preparado como se ela pudesse lidar com qualquer um de nós. Seu cabelo era liso até a cintura, um castanho-escuro que tinha luzes douradas e cobre do sol. Ela tinha os mesmos olhos azuis do Joshua.

— Então, — ela disse. — Vocês são os grandes heróis pegando meu quarto. —

— Angeline? — adivinhei, lembrando-me de Joshua mencionando sua irmã.

Ela estreitou os olhos, não gostando deu saber que ela era. — Sim. — Ela me estudou e não pareceu aprovar o que encontrou. O olhar afiado foi para o Dimitri em seguida. Eu esperei um suavizar, esperava que ela caísse por sua boa aparência como a maioria das mulheres faziam. Mas, não. Ele recebeu desconfiança também. Sua atenção se voltou para mim.

— Eu não acredito nisso, — ela declarou. — Vocês são suaves demais. Muito arrumados. —

Arrumados? Sério? Eu não me sentia dessa forma, não nos meus jeans surrados e camisetas de batalha. Olhando para seu vestuário, no entendo, eu talvez pudesse entender a atitude. Suas roupas eram limpas, mas seus jeans já eram bem usados, os dois joelhos desgastados. A blusa era comum, branca que parecia ter sido feita em casa. Eu não sabia se era originalmente branca. Talvez eu fosse arrumada em comparação. Claro, se alguém merecia o título de arrumada, seria a Sydney. Suas roupas teriam passado numa reunião de negócios, e ela não esteve em nenhuma luta ou fuga de prisão recentemente.

Angeline não a deu, porém, nem um segundo olhar. Eu estava começando a sentir que os Alquimistas eram uma categoria estranha por aqui, um tipo diferente de humanos daqueles casados com os Protetores. Alquimistas traziam suprimentos e iam embora. Eles eram quase um tipo de Alimentador para essas pessoas, sério, o que confundia minha cabeça. Os Protetores tinham mais respeitos pelos tipos de humanos que minha cultura nem reparava.

Independentemente, eu não sabia o que dizer para Angeline. Eu não gostava de ser chamada de suave ou ter minha capacidade de luta colocada em dúvida. Uma faísca do meu temperamento foi acesa, mas eu me recusei a causar problemas por arranjar briga com a filha de nosso anfitrião, nem ia começar a inventar detalhes sobre o assassinato de Tatiana. Eu simplesmente dei de ombros.

— Aparências enganam, — disse.

— Sim, — Angeline disse friamente. — Enganam mesmo. —

Ela seguiu até um cofre no canto e tirou o que parecia como uma camisola. — É melhor você não bagunçar minha cama, — ela me alertou. Olhou para Sydney, sentada no outro colchão. — Não ligo para o que você fizer com o da Paulette. —

— A Paulette é sua irmã? — perguntei, tentando entender essa familia.

Não parecia haver uma coisa sequer que eu pudesse dizer que não ofendesse a garota. — Claro que não, — Angelina disse, batendo a porta quando saiu. Eu encarei, atónita.

Sydney bocejou e se esticou em sua cama. — Paulette provavelmente é a... ahn, não sei. Amante. Concubina do Raymond. —

— O que? — exclamei. Um Moroi casado com uma humana, tendo um caso com uma Moroi. Eu não sabia quanto mais eu aguentaria. — Vivendo com essa familia? —

— Não me peça para te explicar. Eu não quero saber mais sobre seus costumes perversos do que eu preciso. —

— Não são meus, — retorqui.

Sarah veio um pouco depois para se desculpar por Angeline e ver se precisávamos de mais alguma coisa. Nós a asseguramos que estávamos bem e agradecemos por sua hospitalidade. Quando ela se foi, Dimitri e eu ajeitamos os turnos. Eu preferia que nós nos ficassemos alertas, particularmente desde que eu estava certa de que Angeline ia torcer a garganta de alguém em seu sono. Mas, precisavamos descansar e sabiamos que os dois iam reagir prontamente se alguém derrubasse a porta.

Então, eu deixei o Dimitri pegar o primeiro turno enquanto me encolhi na cama da Angeline, tentando não bagunçar. Era surpreendentemente confortável. Ou, talvez eu só estivesse cansada. Era capaz de deixar de lado minhas preocupações com execuções, irmãos perdidos e vampiros caipiras. Um sono profundo se apossou de mim, e eu comecei a sonhar... mas não qualquer sonhos. Era o meu mundo interior, o sentimento de estar dentro e fora da realidade. Eu estava sendo levada para um sonho induzido por espírito.

Adrian!

O pensamento me animou. Eu sentia falta dele e estava ansiosa para conversar com alguém diretamente depois de tudo o que aconteceu na Corte. Não houve muita conversa durante minha fuga, e depois de toda essa bizarrice de mundo escondido em que eu tropecei, eu realmente precisava de um pedaço de normalidade e civilização ao meu redor.

O mundo do sonho começou a se formar ao meu redor, ficando mais e mais claro. Era um lugar que eu nunca havia visto, uma sala de estar formal com cadeiras e sofás cobertos por almofadas com paisley cor de lavanda. Pinturas a óleo decoravam as paredes, e havia uma grande harpa no canto. Eu havia aprendido fazia tempo que não havia como prever para onde o Adrian ia me levar — ou o que ele me faria vestir. Felizmente, eu estava usando jeans e uma camiseta, meu nazar azul pendurado no meu pescoço.

Eu me virei ansiosamente, procurando por ele para dar um abraço gigante. Ainda assim, enquanto meus olhos procuravam pela sala, não foi o rosto de Adrian que eu de repente me vi olhando.

Era o de Robert Doru.

E Victor Dashkov estava com ele.

 

QUANDO SEU NAMORADO pode entrar nos seus sonhos, você tira algumas lições. Uma das mais importantes é que fazer coisas físicas em sonhos se sente exatamente como fazê-las no mundo real. Digo, como beijar alguém. Adrian e eu tínhamos compartilhado uma série de beijos durante o sonho suficientemente intensos para fazer com que meu corpo quisesse muito mais. Embora eu nunca tenha realmente atacado alguém em um sonho, eu estava disposta a apostar que um soco no sonho seria tão doloroso quanto um real.

Sem hesitar, corri em direção a Victor, incerta se eu devia socá-lo ou sufocá-lo. Ambos pareciam boas ideias.

Acabou, que eu não fiz nenhum dos dois. Antes que eu pudesse alcançá-lo, eu bati em uma rígida parede invisível. Ela tanto me bloqueou dele quanto me jogou para trás com o impacto. Eu tropecei, tentou recuperar o meu equilibrio, mas aterrissei dolorosamente no chão. Sim, nos sonhos se sente como na vida real.

Eu olhei para Robert, sentindo uma mistura de raiva e desconforto. Eu tentei esconder a emoção passada. — Você é um usuário de espírito com telecinese? —

Eu sabia que era possível, mas era uma habilidade que nem Lissa nem Adrian tinham dominado ainda. Eu realmente não gostei da ideia de que Robert pudesse ter o poder de lançar objetos ao seu redor e criar barreiras invisíveis. Era uma desvantagem que nós não precisávamos. Robert permaneceu

enigmático. — Eu controlo o sonho. —

Victor olhou para mim presunçoso, que era sua melhor expressão. Percebendo que eu estava em uma posição indigna,

eu ajeitei os meus pés. Eu mantive uma postura dura, meu corpo tenso e pronto, como eu queria saber se Robert iria manter a parede continuamente.

— Você é feita com petulância? — Perguntou Victor. — Comportando-se como uma pessoa civilizada fará com que a nossa conversa seja muito mais agradável. —

— Não tenho nenhum interesse em falar com você, — eu rebati. — A única coisa que eu vou fazer é te caçar no mundo real e te arrastar de volta às autoridades. —

— Fascinante —,disse Victor. — Nós podemos dividir uma cela. —

Eu estremeci.

— Sim, — ele continuou. — Eu sei tudo o que aconteceu. Pobre Tatiana. Uma tragédia. Essa perda. —

Sua zombaria e seu tom melodramático me alarmaram. — Você... você não tem nada a ver com isso, tem? — Victor escapar

da prisão tinha provocado medo e paranóia entre os Moroi. Eles acreditavam que ele estava indo atacá-los. Sabendo a verdade sobre a fuga, eu interrompi a conversa, percebendo que ele simplesmente tinha que ficar quieto. Agora, lembrando que ele queria começar uma revolução entre os Moroi, eu me perguntava se o assassino da rainha realmente era o maior vilão que nós conhecíamos.

Victor bufou. — Dificilmente. — Ele colocou as mãos atrás das costas enquanto andava no quarto e fingiu estudar a arte. Eu novamente me perguntei quanto tempo mais Robert prorrogaria o escudo. — Eu tenho métodos muito mais sofisticados para realizar meus objetivos. Eu não ia me inclinar para algo assim e nem você. —

Eu estava prestes a assinalar que mexer com a mente de Lissa não era sofisticado, mas as últimas palavras dele me chamaram a atenção. — Você não acho que eu fiz isso? —

Ele olhou para trás, de onde ele estava estudando um homem com uma cartola e uma bengala. — Claro que não. Você nunca faria nada que precisasse de muito planeamento. E, se o que eu ouviu falar sobre a cena do crime é verdade, você nunca deixaria a prova do crime para trás. —

Havia um tanto de insulto e elogio naquilo. — Bem, obrigada pelo voto de confiança. Eu me preocupei com o que você pensaria. — Isso me rendeu um sorriso, e eu cruzei os braços sobre o peito. — Como você sabe o que está acontecendo na Corte? Você tem espiões? —

— Esse tipo de coisa se espalha por todo o mundo Moroi rapidamente, — disse Victor. — Eu não fiquei de fora. Eu soube sobre o assassinato quase assim que aconteceu. E sobre a sua fuga impressionante. —

A minha atenção na maior parte ficou em Victor, mas eu lancei uns olhares rápidos em Robert. Ele permaneceu em silêncio, com um olhar em branco e distraído em seus olhos, e eu me perguntava se ele estava ciente do que estava sendo dito ao redor dele. Vê-lo sempre me provocou arrepios na espinha. Ele era um exemplo notável do pior do espírito.

— Por que você se importa? — Eu exigi. — E por que diabos você está me incomodando nos meus sonhos? —

Victor continuou seu ritmo, parando para executar as pontas dos dedos ao longo da harpa de superfície lisa de madeira. — Porque eu tenho um grande interesse

na política Moroi. E eu gostaria de saber quem está responsável pelo assassinato e qual o seu jogo. —

Eu sorri. — Parece que você está apenas com inveja que alguém mais está puxando as cordas além de você para uma mudança. Sem trocadilhos. —

Sua mão caiu da harpa, de volta ao seu lado, e ele fixou seu olhar penetrante em mim, aqueles olhos verdes, o mesmo verde pálido de Lissa. — Você não chegará a lugar nenhum com esse comentário espirituoso. Você pode deixar-nos ajudar você ou não. —

— Você é a última pessoa que eu quero a ajuda. Eu não preciso da sua ajuda. —

— Sim. As coisas parecem estar indo muito bem para você, agora que você é uma fugitiva caçada e na corrida com um homem que muitos ainda acreditam que é um Strigoi. — Victor deu uma pausa calculada. — Claro, tenho certeza que você não leva em conta a última parte. Você sabe, se eu encontrei vocês dois, eu poderia provavelmente atirar em você e ser recebido de volta como um herói. —

— Não aposte nisso. — Raiva queimou em mim tanto em sua insinuação como nos muitos problemas que ele causou entre Dimitri e eu no passado. Com muita força de vontade, eu respondi em uma voz baixa mortal: — E você provavelmente não viverá para ver as autoridades. —

— Nós já estabelecemos que assassinato não está em seu conjunto de habilidades. — Victor se sentou numa das cadeiras almofadadas, ficando confortável. Robert continuou de pé, sem expressão ainda em seu rosto. — Agora, a primeira coisa que precisamos fazer é determinar por que alguém gostaria de matar nossa velha rainha. Sua personalidade abrasiva é uma difícil motivação, mas tenho certeza de que isso não machuca. As pessoas fazem coisas como esta para conseguir poder e vantagem, para empurrar sua agenda completamente. Pelo que ouvi, as ações de Tatiana são mais polêmicas do que a idade de direito - sim, esse é o único motivo. É lógico que seu assassino é contra isso. —

Eu não queria concordar com Victor em tudo. Eu não queria uma discussão razoável com ele. O que eu queria era alguma indicação de onde

ele estava na vida real e, em seguida, eu queria ter uma chance de bater no muro invisível novamente. Ia fazer valer a pena o risco, se eu pudesse infligir

algum dano. Então, eu fiquei um pouco surpresa quando me vi dizendo, — ou, quem fez isso queria empurrar algo pior — algo mais severo para os dhampirs. Eles acharam que seu decreto estava flexivel demais.

Eu admito, pegar Victor Dashkov desprevenido foi uma das maiores alegrias da minha vida. Eu tive satisfação, agora, vendo as sobrancelhas dele arqueando de espanto. Não era fácil propor algo a um mestre como ele, algo que não haviam considerado. — Interessante, — ele disse finalmente. — Talvez eu tenha subestimado você, Rose. Isso é uma dedução brilhante de sua parte. —

— Bem, hum... não era exatamente a minha dedução. —

Victor esperou com expectativa. Mesmo Robert saiu do seu torpor e olhou para mim. Foi assustador.

— Foi Tatiana. Quero dizer, não sua dedução. Ela disse diretamente -— bem, isto é, o bilhete que ela deixou para mim sim. — Por que eu estava divagando na frente desses caras? Pelo menos eu surpreendi Victor novamente.

— Tatiana Ivashkov deixou-lhe uma nota com informações clandestinas? Para quê? —

Mordi o lábio e voltei minha atenção ao longo de uma das pinturas. Ele mostrava uma mulher elegante Moroi com os mesmos olhos verde jade que os Dashkovs e Dragomirs compartilhavam. De repente eu me perguntei se, talvez, Robert formou este sonho em alguma mansão Dashkov de sua infância. Movimentar minha visão periférica me fez voltar instantaneamente aos irmãos.

Victor se levantou e deu alguns passos em direção a mim, a curiosidade e a astúcia o dominavam. — Existe mais. O que mais ela te disse?

Ela sabia que estava em perigo. Ela sabia que essa lei era parte disso... mas não era a única coisa, era?

Eu permaneci em silêncio, mas uma ideia maluca começou a se formar na minha mente. Eu estava realmente considerando ver se Victor poderia me ajudar. Claro que, relembrando, não era uma ideia tão louca, considerando que eu já o tirei da prisão para obter sua ajuda.

— Tatiana disse... — Eu devia dizer isso? Devo contar o segredo que nem mesmo Lissa sabia? Se Victor soubesse que havia outra Dragomir, ele poderia usar esse conhecimento para um de seus regimes. Como? Eu não estava certa, mas há muito tempo aprendi a esperar o inesperado dele. Ainda mais que... Victor sabia muitos segredos dos Moroi. Eu teria gostado de ver sua inteligência em jogo com Abe. E eu não duvido que há muitos vencedores dentro de conhecimentos envolvidos nos Dragomirs e Dashkovs. Engoli em seco.

— Tatiana disse que havia outra Dragomir. O pai de Lissa teve um caso e se eu pudesse descobrir quem é esta pessoa, ia dar a Lissa o poder de voltar no Conselho.

Quando Victor e Robert trocaram olhares chocados, eu sabia que meu plano tinha saído pela culatra. Victor não estava me entendendo. Em vez disso,

eu era a única a apenas fornecer informações valiosas. Droga, droga, droga.

Ele voltou sua atenção para mim, sua expressão especulativa. Então. Eric Dragomir não era o santo que tantas vezes fingiu ser.

Eu embalei meus punhos. — Não fale do pai dela. —

Não poderia nem sonhar com isso. Gostava imensamente de Eric. Mas sim... Se isso for verdade, então Tatiana está certa. Vasilisa tecnicamente tem o apoio da família, e seu ponto de vista liberal iria certamente causar atrito com um Conselho que parece nunca mudar seus hábitos. — - Ele riu. Sim, eu posso definitivamente ver que estou perturbando muitas pessoas, incluindo um assassino que quer oprimir dhampirs. Eu imagino que ele ou ela não quereria que este conhecimento vazasse.

— Alguém já tentou se livrar dos registos que ligam o pai de Lissa de uma amante. — Voltei a falar sem pensar e me odiei por isso. Eu não queria dar mais informações para os irmãos. Eu não queria jogar como se estivéssemos trabalhando todos juntos nisso.

— E deixe-me adivinhar, — disse Victor. — Isso é o que você está tentando fazer, não é? Encontrar este bastardo Dragomir. —

— Hey,não… —

— Isso é apenas modo de dizer, — ele me interrompeu. — Se eu conheço bem vocês duas — e me sinto confiante de que conheço — Vasilisa está desesperadamente tentando limpar o seu

nome na Corte, enquanto você e Belikov estão fora em uma aventura sexual encarregados de encontrar seu irmão ou irmã. —

— Você não sabe nada sobre nós, — eu rosnei. Sexualmente carregada de fato.

Ele deu de ombros. — Seu rosto diz tudo. E realmente, não é uma má ideia. Não é uma ótima também, mas não é ruim. Dando à família Dragomir um quórum, você terá uma voz falando em seu nome no Conselho. Eu não suponho que você tem alguma pista? —

— Estávamos trabalhando nisso, — eu respondi evasivamente.

Victor olhou para Robert. Eu sabia que os dois não têm comunicação psíquica(ou lêem pensamentos), mas como eles trocaram olhares, eu tive uma sensação de que ambos pensaram a mesma coisa, e concordaram entre si. Por fim, Victor assentiu e se virou para mim.

— Muito bem, então. Vamos ajudá-la. — Ele fez parecer que ele estava relutante, concordando em me fazer um grande favor.

— Nós não precisamos da sua ajuda! —

— Claro que sim. Você está fora do seu território, Rose. Você está em um ninho complexo e horrível depolítica, algo com que você não tem experiência. Não há nenhuma vergonha em admitir, assim como eu não estou com vergonha de admitir que em uma briga irracional, mal planejada, você seria, certamente, excepcional. —

Outro elogio indireto. — Estamos indo muito bem. Temos uma alquimista nos ajudando. — Isso iria lhe mostrar que estava fora dessa liga. E, para o meu crédito, ele parecia um pouco impressionado. Só um pouco. — Melhor do que eu esperava. O seu Alquimista chegou a algum local ou nenhuma ligação ainda? —

— Ela está trabalhando nisso, — eu repeti.

Ele suspirou de frustração. — Nós vamos precisar de tempo, então, não iremos? Tanto para Vasilisa no investigar no tribunal quanto para você para começar a controlar esta criança. —

— Você é aquele que age como se soubesse de tudo, — eu apontei. — Achei que você soubesse algo sobre isso. —

— Para meu desgosto, não. — Victor não soa realmente tudo que posta. — Mas assim que chegarmos a uma discussão, eu lhe garanto, vou ser essencial para desvendá-lo. — Caminhou até seu irmão e bateu no braço de Robert confortavelmente. Robert olhou para trás com adoração. — Bem, nós visitaremos você novamente.

Deixe-nos saber quando você tiver algo de útil e, em seguida encontraremos com você. —

Meus olhos se arregalaram. — Você não vai fazer nenhuma dessas, — eu hesitei. Eu deixei Victor escapar em Las Vegas. E agora, ele estava se oferecendo para vir até mim. Talvez eu poderia reparar esse erro e fazer jus a minha ameaça anterior. Rapidamente, eu tentei cobrir meu lapso de expressão. — Como eu sei que posso confiar em você? —

— Você não pode, — ele disse sem rodeios. — Você tem que levar na fé que o inimigo do seu inimigo é seu amigo. —

— Eu sempre odiei ditados. Você sempre será meu inimigo. —

Fiquei um pouco surpresa quando Robert de repente veio à vida. Ele olhou e deu um passo adiante. — Meu irmão é um homem bom, menina tocada pelas sombras! Se você machucá-lo... se você magoá-lo, você pagará. E da próxima vez você não vai voltar. O mundo dos mortos não vai desistir de você uma segunda vez. —

Eu sabia que não devia levar as ameaças de um homem louco a sério, mas suas últimas palavras me arrepiaram. — Seu irmão é um psico… —

— Chega, chega. — Victor novamente deu um tapinha tranquilizador no braço de Robert. Ainda com uma carranca para mim, o irmão mais novo dos Dashkov saiu, mas eu estava disposta a apostar que a parede invisível estava de volta no lugar. — Isso não nos faz bem. É uma perda de tempo, e tempo é algo que não temos o suficiente. Precisamos de mais. As eleições monarcas vão começar a qualquer dia e o assassino de Tatiana poderia se beneficiar se realmente havia alguma coisa acontecendo. Precisamos desacelerar as eleições e não apenas para impedir o assassino, mas também para dar a todos

nós tempo para realizar nossas tarefas.

Eu estava ficando cansada de tudo isso. — Sim? E como é que se propõe fazer isso? —

Victor sorriu. — Fazendo com que Vasilisa seja candidata a rainha. —

Vendo como estamos lidando com Victor Dashkov, eu realmente não deveria ter ficado surpreendida por alguma coisa que ele dissesse. Era uma prova do seu nível de loucura que ele novamente me pegou desprevenida.

— Isso, — eu declarei, — é impossível. —

— Nem por isso, — ele respondeu.

Você está prestando atenção no que está falando? A questão toda é para conseguir completamente os direitos da família Lissa com os Moroi. Ela não pode nem votar! Como ela poderia se candidatar para ser rainha?

— Na verdade, a lei diz que ela pode. De acordo com a forma como a política de nomeação está escrita, uma pessoa de cada linhagem real pode concorrer para a posição de monarca. Isso é tudo o que diz. Uma pessoa de cada linha pode ser executada. Não há menção de quantas pessoas precisam estar em sua família, como é preciso para votar no conselho. Ela precisa apenas de três indicações e a lei não especifica quem tem que ser da família. — Victor falava de tal maneira, precisa e nítida que ele poderia muito bem está recitando de um livro legal. Eu me perguntei se ele tinha todos as leis memorizadas. Eu suponho que se você estava tentando quebrar leis, você precisa conhecê-las.

— Quem escreveu essa lei parece supor que os candidatos teriam membros da família. Eles apenas não se incomodaram de dizer. Isso é o que as pessoas vão dizer se Lissa se candidatar. Eles irão combatê-la. —

— Eles podem lutar contra isso com tudo que eles quiserem. Aqueles que estão negando a ela uma base local do Conselho como uma única linha nos livros de lei que mencionam outro membro da família. Se isso é o seu argumento, que deve contar todos os detalhes, então eles terão que fazer o mesmo para as leis eleitorais, que, como eu já disse, não mencionam o apoio da família. Isso é a beleza desta lacuna. Seus adversários não podem ter as duas coisas. — Um sorriso vitorioso apareceu nos lábios de Victor, extremamente confiante. Eu lhe asseguro, não há absolutamente nada no texto que a impeça de fazer isso. —

— E sobre sua idade? — Eu apontei. — Os príncipes e princesas que concorrem são sempre velhos. — O título de príncipe ou princesa era sempre do mais velho da família e, tradicionalmente, essa era a pessoa que se candidatava para ser rei ou rainha. A família poderia decidir nomear

alguém mais adequado, mas mesmo assim para o meu conhecimento era sempre alguém mais velho e experiente.

— A restrição de idade só é plena idade adulta, — disse Victor. — Ela tem dezoito anos. Ela está qualificada. As outras famílias têm muito mais membros para escolher, de forma natural, eles irão escolher alguém que pareça mais experiente. No caso dos Dragomir? Bem, isso não é uma opção. Além disso, os monarcas jovens não estão sem prioridade. Houve uma rainha muito famosa — Alexandra - que não era muito mais velha que Vasilisa. Muito querida, extraordinária. Sua estátua está perto da igreja da Corte. — Eu me mexi desconfortavelmente. Na verdade... sua estátua, hum, não existe mais. Foi explodida. —

Victor só olhava. Ele aparentemente ouviu sobre a minha fuga, mas não todos os detalhes.

— Isso não é importante, — eu disse apressadamente, sentindo-me culpado por ser indiretamente responsável por explodir uma rainha de renome. — Toda essa ideia sobre o uso de Lissa é ridículo. —

— Você vai ser a única que pensa assim, — disse Victor. — Eles irão discutir. Eles irão lutar. No final, a lei vai prevalecer. Eles terão que permitir

que ela se candidate. Ela passará por testes e, provavelmente, passará em todos. Então, quando chegar a hora de votar, as leis que regem esses procedimentos de uma referência a membros da família assistirá à votação. —

Minha cabeça estava girando até agora. Senti-me mentalmente exausta de ouvir todas essas brechas legais e técnicas.

— Seria bom se você falasse em uma linguagem bem simples, — eu pedi.

— Na contagem de votos, ela não será eleita. Ela não tem família para desempenhar o papel necessário na eleição real. Em outras palavras, a lei diz que ela pode concorrer e fazer os testes. No entanto, as pessoas realmente não podem votar nela porque ela não tem família. —

— Que... idiota. —

— Concordo. — Ele fez uma pausa. Eu não achava que nenhum de nós esperava concorrer em alguma coisa.

— Lissa odiaria isso. Ela nunca, nunca iria querer ser rainha. —

— Você não está me acompanhando, — Exclamou Victor. — Ela não vai ser rainha. Ela não pode. Essa é uma lei mal escrita para uma situação que ninguém previu. É uma bagunça. E vai atolar as eleições e assim teremos mais tempo para encontrar o irmão de Vasilisa e descobrir quem realmente matou

Tatiana. —

— Hey! Eu lhe disse: Não há nós aqui. Eu não irei… —

Victor e Robert trocaram olhares.

— Conseguir que Lissa seja nomeada, — disse Victor abruptamente. — Nós estaremos em contato em breve sobre onde encontrá-la para a busca do Dragomir. —

— Isso não é, — Eu acordei.

Minha reação imediata foi a de conjurar, mas depois, lembrando-me de onde eu estava, mantive meus palavrões dentro da minha própria cabeça.

Eu não poderia fazer isso com a silhueta de Dimitri no canto, alerta e vigilante, e eu não queria que ele soubesse que eu estava acordada. Fechando os olhos, eu mudei para uma posição mais confortável, esperando para dormir. Isso iria bloquear os irmãos Dashkov e seus esquemas ridículos. Lissa concorrendo para a rainha? Era uma loucura. E ainda... isso realmente não era muito mais louco do que a maioria das coisas que eu fiz.

Pondo isso de lado, deixei meu corpo relaxar e sentir o puxão do sono verdadeiro começar a me levar. Ênfase no começar. Porque de repente, eu senti outro sonho induzido por espírito se materializando em torno de mim.

Aparentemente, esta ia ser uma noite movimentada.

 

EU ME PREPAREI, esperando ver os irmãos Dashkov aparecer novamente com alguns ‘conselhos’ de última hora. Invés disso eu vi…

— Adrian! —

Eu corri pelo jardim onde eu tinha aparecido e joguei meus braços em torno dele. Ele abraçou-me também e me levantou do chão.

— Pequena Damphir, — disse ele, uma vez que ele me colocava no chão novamente. Seus braços ficaram ao redor da minha cintura. — Eu tive saudades. —

— Eu também tive saudades suas. — E eu quis dizer isso. Os últimos dois dias e seus acontecimentos bizarros estavam completamente desequilibrado minha vida, e estar com ele - mesmo em um sonho - foi reconfortante. Eu fiquei na ponta dos pés e beijei-o, apreciando um momento de calor e paz, quando os nossos lábios se encontraram.

— Você está bem? — Ele perguntou quando eu quebrei o beijo. — Ninguém me diz muito sobre você. Seu velho diz que você está segura e que a Alquimista iria deixá-lo saber se alguma coisa desse errado. —

Eu não me incomodei dizendo a Adrian, que provavelmente nem tudo era verdade, visto que nem Abe sabia que nós nos tínhamos enfiamos em algum sertão de vampiros.

— Estou bem, — eu assegurei a Adrian. — Maior parte entediada. Estamos escondidos neste buraco de mergulho de cidade. Eu não acho que alguém venha nos procurar. Eu não acho que eles queiram. —

Um olhar de alívio no rosto bonito, e ocorreu-me o quão preocupado ele estava.

— Fico feliz. Rose, você não consegues imaginar o quanto. Eles não estão apenas a questionar as pessoas que poderiam estar envolvidas. Os guardiões estão fazendo todos os tipos de planos para caçar você. Eles falam de toda essa conversa sobre força bruta. —

— Bem, eles não vão me encontrar. Eu estou em algum lugar muito remoto. — Muito remota.

— Eu gostaria de ter ido com você. —

Ele ainda parecia preocupado, e eu apertei o dedo em seus lábios. — Não. Não diga isso. É melhor você estar onde está — e melhor, não estar associado a mim mais do que já está. Você já foi interrogado? —

— Sim, eles não tiraram nada de útil em mim. Álibi muito apertado. Trouxeram-me quando eu fui para encontrar Mikhail, porque nós conversamos sobre… —

— Eu sei. Joe. —

A surpresa de Adrian foi breve. — Pequena dhampir, você esteve espionando. —

— É difícil não estar. —

— Você sabe, o quanto gosto da ideia de ter alguém sempre a saber quando você está em apuros, eu me sinto agradecido por não ter alguém ligado a mim. Não tenho certeza se eu gostaria de ter alguém á procura na minha cabeça. —

— Eu não acho que alguém iria querer olhar na sua cabeça também. Uma pessoa que vive a vida de Adrian Ivashkov já é difícil. —

Diversão cintilou em seus olhos, mas desapareceu quando voltei para o negócio.

— De qualquer forma, sim. Eu através da Lissa… hum, o interrogatório de Joe. Isso é coisa séria. O que Mikhail disse? Se Joe mentiu, isso apura meia prova contra mim. —

Teoricamente, mataria também o álibi de Adrian.

— Bem, nem bem a metade. Teria sido melhor se o Joe dissesse que você estava no seu quarto durante o assassinato, alegando que teve um flash, em vez de dizer que não se lembra de nada. Ele também teria sido melhor se ele não tivesse dito tudo isso sob compulsão da Lissa. Mikhail não pode relatar isso. —

Eu suspirei. Sair com usuários de espírito, eu tinha começado por ter compulsão ao certo. Era fácil esquecer que entre os Moroi, era tabu, este tipo de coisa que tu fazias podias entrar em sérios problemas. Na verdade, Lissa nunca ficou em apuros por usá-lo ilegalmente. Ela também poderia ser acusada de simplesmente fazer Joe dizer o que ela queria. Qualquer coisa que se ele dissesse em meu favor seria suspeita. Ninguém acreditaria.

— Além disso, — acrescentou Adrian, olhando desanimado, — se o que Joe disse sai para fora, o mundo iria aprender sobre os actos equivocados de amor da minha mãe. —

— Desculpa, — eu disse, colocando meus braços em torno dele. Queixava-se de seus pais o tempo todo, mas realmente se preocupava com sua mãe.

descobrir sobre a corrupção que ela fez deveria ser duro para ele, e eu sabia que a morte de Tatiana ainda lhe doía. Parecia que eu recentemente, estava em torno de um monte de homens em angústia. — Embora, eu realmente esteja feliz, por ela limpar-te de qualquer conexão. —

— Foi estúpido da parte dela. Se alguém souber, ela pode estar em sérios problemas. —

— Qual é o conselho do Mikhail então? —

— Ele vai encontrar Joe e pergunta-lhe em particular. De lá ir. Por agora, não há muito mais que podemos fazer com a informação. É útil para nós…mas não para o sistema jurídico. —

— Sim, — eu disse, tentando não sentir-me desanimada. — Eu acho que é melhor que nada. —

Adrian balançou a cabeça e, em seguida, afastou o seu humor negro de uma maneira mais fácil dele. Ainda mantendo os braços em volta de mim, recuou um pouco, sorrindo quando ele olhou para mim. — Bonito vestido, já agora. —

A mudança de tema me pegou de surpresa, embora eu deveria ter usado isso para ele, já agora. Seguindo seu olhar, eu percebi que estava vestindo um velho vestido meu, o sexy vestido preto que usei quando Victor desencadeou uma luxúria sensual em mim e em Dimitri. Uma vez que Adrian não me consegue vestir num sonho, o meu subconsciente tinha ditado a minha aparência. Eu estava do tipo surpreendida por ter escolhido isto.

— Oh… — de repente me senti envergonhada, mas não sabia porquê. — Minha própria roupa é uma espécie a abater. Eu acho que eu queria algo para neutralizar isso. —

— Bem, isso fica bem em você. — Os dedos de Adrian deslizaram ao longo da alça. — Muito bem. —

Mesmo em um sonho, o toque de seu dedo fez minha pele formigar. — Cuidado, Ivashkov. Nós não temos tempo para isso. —

— Estamos dormindo. O que mais a gente vai fazer? —

Meus protestos foram abafados em um beijo. Eu me afundei nele. Uma das mãos deslizou para o lado da minha coxa, perto da borda do vestido, e levou muita energia mental para me convencer de que ele a puxando o meu vestido, provavelmente não vai limpar o meu nome. Eu relutantemente movi-me de volta.

— Nós vamos descobrir quem matou Tatiana, — eu disse, tentando recuperar o fôlego. —

— Não há nenhuma nós,— disse ele, ecoando a mesma linha que eu usei com Victor. —

— Existe eu. E Lissa. E Christian. E o resto dos nossos desajustados amigos. —

Acariciou meus cabelos e, em seguida, puxou-me de novo, roçando um beijo na minha bochecha.

— Não se preocupe, pequena dhampir. Toma conta de ti mesma. Apenas fique onde você está. —

— Eu não posso, — eu disse. — Você não entendeu? Eu não posso simplesmente não fazer nada. — As palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse detê-las. Uma coisa era protestar contra a minha inactividade com Dimitri, mas com Adrian, eu precisava fazer ver a ele e aos outros na Corte, que eu estava fazendo a coisa certa.

— Você tem. Nós cuidamos disso por ti. — Ele não entendeu, eu percebi. Ele não entende o quanto eu precisava fazer algo para ajudar. Para seu crédito, suas intenções eram boas. Ele pensou que cuidar de mim era um grande negócio. Ele queria me manter segura. Mas ele realmente não conhecia como era agoniante eu não ter nenhuma actividade. — Nós vamos encontrar essa pessoa e impedi-los de fazer o que quer que seja…que eles querem fazer. Pode demorar um tempo, mas nós vamos corrigir isso. —

— Tempo… — Murmurei contra o seu peito, deixando o argumento ir. Eu não chegaria a lugar algum se o convencesse de que precisava para ajudar meus amigos, e de qualquer forma, eu tinha minha própria busca agora. Tanta coisa para fazer, tão pouco tempo. Olhei para dentro da paisagem que ele tinha criado. Eu tinha notado árvores e flores mais cedo, mas só agora percebi que estávamos no pátio da Igreja — isto é, que tinha sido antes do assalto de Abe. A estátua da rainha Alexandra estava intacta, os cabelos longos e olhos tipo imortalizado em pedra. A investigação do assassinato realmente estava nas mãos dos meus amigos, mas Adrian estava certo: pode demorar um pouco. Eu suspirei.

— Tempo. Precisamos de mais tempo. —

Adrian afastou-se ligeiramente.

— Humm? O que você disse? —

Eu olhei para ele, mordendo meu lábio inferior com um milhão de pensamentos girando em minha mente. Olhei novamente para Alexandra e fiz a minha decisão, perguntando se eu estava a ponto de estabelecer novos recordes na loucura. Voltei-me para Adrian e apertei a mão dele.

— Eu disse: precisamos de mais tempo. E eu sei como é que podemos obtê-lo… mas… bem, há algo que você tem que fazer por mim. E você, uh, provavelmente não deve mencionar isso a Lissa… —

Tive tempo suficiente para entregar as minhas instruções para Adrian, que ficou tão chocado como eu tinha esperado antes de Dimitri me despertar para o meu turno. Nós ficamos com pouca conversa. Ele tinha seu rosto sempre difícil, mas eu podia ver as linhas de fadiga gravadas em cima do seu aspecto. Eu não queria incomodá-lo — ainda — com o meu encontro com Victor e Robert. Sem mencionar o que eu tinha pedido Adrian fazer. Haveria tempo de sobra para uma repescagem depois. Dimitri adormeceu dessa maneira fácil dele, e Sydney nunca se mexeu o tempo todo. Invejei-a por uma noite cheia de sono, mas não conseguia evitar um sorriso como a sala ficou mais leve. Ela estava inadvertidamente colocada num horário de vampiros depois de nossas aventuras durante toda a noite.

Claro que Lissa estava no mesmo horário, o que significava que eu não poderia visitá-la durante o meu horário. Ainda bem. Eu precisava ficar de olho sobre este assustadora colectiva onde tínhamos tropeçado. Estes Protectores não podem querer transformar-nos, porém não que quer torná-los inofensivos. Eu também não esqueci dos receios de Sidney sobre uma visita surpresa de Alquimistas.

Quando o final da tarde veio para o resto do mundo, ouvi mexendo dentro da casa. Eu gentilmente toquei no ombro de Dimitri, e ele ficou acordado instantaneamente.

— Calma, — eu disse, incapaz de esconder um sorriso. — Apenas um alerta. Parece que nossos amigos caipiras estão se levantando. —

Desta vez, a nossa voz acordou Sydney. Ela rolou para nós, seus olhos olharam de soslaio para a luz que vinha através de uma janela mal tapada.

— Que horas são? — Ela perguntou, esticando suas pernas.

— Não tenho certeza. — Eu não tinha relógio. — Provavelmente passa do meio-dia. Três? Quatro? —

Ela sentou-se quase tão rapidamente como Dimitri.

— Da parte da tarde? — A luz do sol deu-lhe a resposta. — Porra para vocês e os vossos horríveis horários. —

— Você acabou de dizer porra? Isso não vai contra as regras da Alquimia? — Eu provoquei.

— Às vezes é necessário. — Esfregou os olhos e olhou para a porta. O fraco barulho que eu tinha ouvido no resto da casa estava mais alto agora, audível até mesmo para seus ouvidos.

— Eu acho que precisamos de um plano. —

— Temos um, — eu disse. — Encontrar o irmão da Lissa. —

— Eu nunca concordei inteiramente com isso, — ela me lembrou. — E vocês vão, indo pensando eu apenas posso estar fora magicamente como um filme hacker para encontrar todas as respostas. —

— Bem, pelo menos é um lugar… — Um pensamento me ocorreu, que poderia baralhar as coisas a sério.

— Merda. Seu laptop não vai trabalhar mesmo fora daqui. —

— Tem um modem via satélite, mas a bateria é o que temos que nos preocupar. — Sydney suspirou, levantou-se alisando a roupa amarrotada com desânimo.

— Eu preciso de um café ou algo assim. —

— Eu acho que vi um em uma caverna abaixo da estrada, — eu disse.

Aquilo quase teve um sorriso dela. — Deverá haver alguma cidade aqui perto onde eu possa usar meu laptop. —

— Mas provavelmente não é uma boa ideia levar o carro a qualquer lugar neste Estado, — disse Dimitri. — Apenas no caso de alguém no motel ter teu número de matrícula. —

— Eu sei, — ela disse severamente. — Eu estava pensando sobre isso também. —

Nossos brilhantes planos foram interrompidos por uma batida na porta. Sem esperar por uma resposta, Sarah enfiou a cabeça dentro e sorriu.

— Ah, bom. Vocês estão acordados. Nós estamos indo buscar o café da manhã, se vocês quiserem se juntar a nós. —

Através da porta, surgiram uns perfumes soltos do que parecia um pequeno-almoço normal: bacon, ovos…O pão que tinha comido á noite me satisfez, mas eu estava pronta para comida de verdade e disposta a rolar os dados que qualquer família de Raymond tinha para oferecer.

Na secção principal da casa, encontramos uma enxurrada de actividades domésticas. Raymond parecia estar cozinhando algo sobre a lareira enquanto Paulette estava a por a longa mesa. Já tinha um prato de ovos mexidos perfeitamente normal e mais fatias de pão de ontem.

Raymond levantou-se da lareira, segurando uma folha de metal coberto de bacon crocante. Um sorriso rasgou seu rosto barbudo, quando nos avistou. Quanto mais destes Protectores eu via, mais eu continuava a perceber algumas coisas. Eles não faziam nenhuma tentativa de esconder as suas presas. Desde a infância, os Moroi eram ensinados a sorrir e falar de uma maneira que minimizasse a exposição das presas, no caso de estarem em cidades humanas. Não havia nada disso aqui.

— Bom dia, — disse Raymond, empurrando com cuidado o bacon em outro prato sobre a mesa. — Eu espero que vocês tenham muita fome. —

— Você acha que isto é, bacon mesmo? — Sussurrei para Sydney e Dimitri. — E não um esquilo ou algo assim? —

— Parece real para mim, — disse Dimitri.

— Eu ia dizer isso também, — disse Sidney. — Embora, eu garanto que são seus próprios porcos e não uma mercearia. —

Dimitri riu de qualquer expressão que passou pela minha face.

— Eu sempre gosto de ver o que te preocupa. Strigoi? Não. Alimentos questionáveis? Sim. —

— Que tal Strigoi? —

Joshua e Angeline entraram na casa. Ele tinha um prato de amoras, e ela estava empurrando ao mesmo tempo os pequenos miúdos. Pelos seus rostos sujos contorcidos, eles claramente queria voltar lá para fora. Foi Angeline que tinha feito a pergunta.

Dimitri cobriu o meu enjoo.

— Apenas a falar sobre alguns Strigoi que Rose matou. —

Joshua chegou a um impasse e olhou para mim espantado, com aqueles lindos largos olhos azuis.

— Tu já mataste Perdidos? Ahh… Strigoi? —

Eu admirei a sua tentativa de usar o ‘nosso’ termo.

— Quantos? —

Eu encolhi os ombros. — Eu realmente não sei mais. —

— Não usas as marcas? — Raymond repreendeu. — Eu não sabia que os Impuros os tinham deixado —

— As marcas…oh. Yeah. Nossas tatuagens? Nós temos. —

Virei-me e levantei o meu cabelo. Eu ouvi um barulho de pés e, então, senti um dedo tocando minha pele. Eu vacilei e voltei-me depressa, apenas a tempo de ver Joshua abaixando a mão timidamente.

— Desculpe, — disse ele. — Eu nunca vi nada parecido com essas. Apenas as marcas molnija. Isso é como nós contamos as nossas mortes de Strigoi. Você tem… muitas. —

— A marca em forma de S é exclusivo para eles, — disse Raymond com desaprovação. Aquele olhar foi rapidamente substituído por admiração. — O outro zvezda. —

Isso rendeu suspiros de Joshua e Angeline e um — O quê? — de mim.

— A marca de batalha, — disse Dimitri. — Não há muitas mais pessoas que chamam zvezda. Isso significa 'estrela’. —

— Huh. Faz sentido, — eu disse. A tatuagem era, na verdade, uma espécie de uma forma de estrela e é dado quando alguém tinha lutado em uma grande batalha, o suficiente para perder a conta do número de Strigoi mortos. Afinal, só havia marcas molnija, quantas você pode enfiar no seu pescoço.

Joshua sorriu para mim de uma forma que fez o meu estômago agitar um pouco. Talvez ele fizesse parte de uma seita pseudo-Amish,   mas não muda o facto de que ele ainda era bem parecido.

— Agora eu entendo como você conseguiu matar a rainha Impura. —

— É provavelmente falsa, — disse Angeline.

Eu tinha ido para protestar contra a parte de matar a rainha, mas seu comentário me descarrilou.

— Mas não é! Eu ganhei quando Strigoi atacaram a nossa escola. E muito depois disso eu apanhei mais. —

— A marca não pode ser tão incomum, — disse Dimitri. — Seu povo deve ter tido grandes lutas Strigoi de vez em quando. —

— Nem por isso, — disse Joshua, os olhos ainda em mim. — A maioria de nós nunca lutou ou mesmo viu os Perdidos. Eles realmente não nos incomodam. —

Isso foi surpreendente. Se alguma vez existisse um alvo Strigoi, um grupo de Moroi, dhampirs, e seres humanos no meio do nada, seria perfeito.

— Por que não? — perguntei.

Raymond piscou para mim. — Porque nós lutaríamos. —

Ponderei sua declaração enigmática quando a família se sentou para comer. Novamente, eu pensei sobre a vontade de lutar da comunidade inteira quando nós chegamos. Era realmente o suficiente para assustar os Strigoi? Não muito deles, mas talvez algumas coisas eram muito inconvenientes de se lidar. Gostava de saber qual a opinião de Dimitri sobre aquilo. Sua própria família tinha vindo de uma comunidade que se separou um pouco da vida idealista dos Moroi, mas não era nada assim.

Tudo isto girou em minha mente enquanto nós comíamos e conversávamos. Os Protectores ainda tinham muitas perguntas sobre nós e Tatiana. A única que não participou foi Angeline. Ela comeu tão pouco como Sydney e ficava observando-me com uma carranca.

— Precisamos de algumas fontes, — disse Sydney abruptamente, interrompendo-me no meio de uma história horrível. Eu não me importei, mas os outros pareciam desapontados.

— Onde fica a cidade mais próxima e que teria um café… ou qualquer restaurante? —

— Bem, — disse Paulette. — Rubysville é um pouco mais de uma hora ao norte. Mas nós temos abundância de comida aqui para vocês. —

— Não se trata de comida, — eu disse rapidamente. — A vossa tem sido maravilhosa. — Olhei para Sidney. — Uma hora não é tão ruim, certo? —

Ela assentiu com a cabeça e depois olhou hesitante para Raymond. — Existe alguma maneira… existe alguma maneira de nos emprestar um carro? Eu vou… — A próxima frase claramente lhe causou dor. — Eu vou deixar as chaves do meu até voltarmos. —

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Você tem um bom carro. —

Sydney deu de ombros.

— Quanto menos conduzi-lo por aqui, melhor. —

Ele nos disse que poderíamos tomar seu camião e que ele provavelmente não ia mesmo necessariamente usar o CR-V. Sydney deu-lhe um sorriso tenso de agradecimento, mas eu sabia que imagens de vampiros usufruírem de seu carro estava dançando na sua cabeça.

Partimos logo depois, esperando estar de volta antes que o sol se pusesse. As pessoas foram saindo e aproximarem-se do município, fazendo suas tarefas ou qualquer outra coisa que eles faziam com suas vidas. Um grupo de crianças sentaram-se á volta de uma damphir que estava a ler um livro para eles, fazendo-me pensar que tipo de processo de educação que eles tinham aqui.

Todos os Protectores pararam o que estavam fazendo quando nós passamos, nos dando tanto olhares curiosos ou simplesmente sorrisos. Eu sorri de volta ocasionalmente, mas a maioria manteve os olhos em frente. Joshua estava escoltando-nos de volta para o estacionamento e conseguiu caminhar ao meu lado quando chegamos a um caminho estreito.

— Eu espero que você não demore muito, — disse ele. — Eu quero conversar mais com você. —

— Claro, — eu disse. — Isso vai ser divertido. —

Ele brilhou e cavalheiramente afastou um galho para o lado.

— Talvez eu possa mostrar minha caverna. —

— Sua…espera. O quê? Não vive com seu pai? —

— Por agora. Mas estou a começar a ter o meu próprio lugar. —

Havia orgulho na sua voz.

— Não é tão grande quanto a dele, claro, mas é um bom começo. Está quase limpa. —

— Isso é realmente, hum, grande. Definitivamente, me mostre quando voltarmos. —

As palavras vieram facilmente para os meus lábios, mas minha mente estava ponderando o facto da casa de Raymond ser aparentemente grande.

Joshua se separou de nós quando chegamos ao camião de Raymond, uma pickup vermelha com um grande banco que mal conseguia caber nós três. Considerando que os Protectores não deixavam muito o mato, o carro parecia que tinha visto um monte de milhas. Ou talvez apenas um monte de anos de desuso.

— Você não deveria lidar com ele desse jeito, — disse Dimitri, quando estávamos na estrada á uns dez minutos. Surpreendentemente, Sydney deixou ele conduzir. Imaginei que ela pensasse que um camião forte merecia um motorista másculo.

Agora que nós estávamos nos movendo, minha mente tinha se focado de novo na tarefa que tinha em mãos: achar o outro Dragomir.

— Huh? —

— Joshua. Você estava flertando com ele. —

— Eu não estava! Estávamos só conversando. —

— Você não está com o Adrian? —

— Sim! — eu exclamei, olhando para Dimitri. Seus olhos estavam fixos na estrada. — E é por isso que eu não estava flertando. Como você pode ler tanto naquilo? Joshua nem gosta de mim desse jeito. —

— Na verdade, — disse Sydney, sentando entre nós, — ele gosta. —

Joguei minha incredulidade para ela, — Como você sabe? Ele trocou blihetinhos com você ou coisa parecida? —

Ela rolou os olhos. — Não. Mas você e Dimitri são como deuses lá no campo. —

— Nós somos forasteiros. — eu a lembrei. — Infectados. —

— Não. Você são ex-Strigoi — e assasinos de Rainhas. Pode ter tido encanto do sul e hospitalidade lá, mas aquelas pessoas podem ser selvagens. Eles põem um grande premio por poderem bater nas pessoas. E considerando quão mal vestidos a maioria deles são, vocês são... bom... vamos só dizer que vocês são a coisa mais quente para se falar por lá por um tempo. —

— Você não é quente? — eu perguntei.

— Isso é irrelevante, — ela disse, afobada pelo comentário. — Alquimistas não estão nem no radar deles. Nós não lutamos. Eles acham que nós somos fracos. —

Eu pensei nas caras emburradas e tive que admitir que muitas pessoas lá tinham um intemporado, olhar desgastado. Quase.

— A família do Raymond era muito bem apessoada. — eu apontei. Ouvi um grunhido do Dimitri que sem duvida viu isso como uma evidencia de eu estar flertando com o Joshua.

— Sim, — ela disse. — Porque eles provavelmente são a familia mais importante da cidade. Eles comem melhor, provavelmente não tem que trabalhar no sol também. Esse tipo de coisa faz diferença. —

Não teve mais conversa sobre flerte enquanto continuamos dirigindo. Fizemos um otimo tempo até Rubysvile, que parecia assustadoramente similar a primeira cidade que ficamos. Quando nós paramos no que parecia ser o único posto de gasolina de Rubysvile, Sydney foi para dentro para fazer algumas perguntas. Ela voltou, dizendo que havia mesmo um tipo de café onde ela poderia plugar seu laptop e tentar achar o que precisávamos.

Ela pediu café, e nós sentamos lá com ela, muito cheios do café da manhã para pedir qualquer coisa. Depois de alguns olhares maldosos da garçonete por achar que nós éramos bandidos, Dimitri e eu decidimos dar uma volta pela cidade. Sydney pareceu tão contente quanto a garçonete por isso. Eu não acho que ela gostava de nos ter rondando.

Eu tinha feito alguns comentários para Sydney sobre West Virginia, mas eu tinha que admitir que o cenário era lindo. Altas árvores, cheias de folhas no verão, cercavam a cidade como um abraço. Depois delas, montanhas despontavam, muito diferentes daquelas perto de St. Vladimir que eu cresci vendo. Essas eram ondeadas e verdes, cobertas por mais árvores. A maioria das montanhas em volta da St. Vladimir eram rochosas e entalhadas, com picos com neve. Um estranho senso de nostalgia me pegou, pensando em Montana. Havia uma grande chance de nunca mais a ver de novo. Se eu passar o resto da minha vida fugindo, St. Vladimir é o último lugar que eu poderia ir. Se eu fosse pega, bem... então eu definitivamente nunca mais veria Montana de novo.

— Ou qualquer lugar, — eu murmurei, colocando para fora antes que pudesse me parar.

— Hmm? — perguntou Dimitri.

— Eu estava pensando se os guardiões nos pegarem. Eu nunca pensei no quanto eu quero fazer e ver. De repente, está tudo em jogo, sabe? — Nos movemos para um lado da estrada assim que uma pickup laranja veio passando. Crianças nas férias de verão guinchavam e gritavam. — Okay, suponho que meu nome não seja inocentado e nunca encontremos o real assassino. Qual é o próximo melhor cenário? Eu: sempre fugindo, me escondendo. Essa será minha vida. Por tudo o que sei, Eu vou ter que viver com os Protetores. —

— Não acho que chegará a tanto. — disse Dimitri, — Abe e Sydney ajudarão você a achar um lugar seguro. —

— E há um lugar seguro? De verdade? O Adrian disse que os guardiões estão dando tudo para nos achar. Eles tem os Alquimistas e provavelmente autoridades humanas procurando por nós também. Não importa onde nós formos, correremos o risco de ser pegos. Então teremos que nos mudar. Será assim para sempre. —

— Você estará viva, — ele apontou, — É isso que importa. Aproveite o que você tem, cada pequeno detalhe de onde você estiver. Não se foque onde você não está. —

— Yeah, — eu admiti, tentando seguir seu conselho. O céu pareceu mais azul, os passarinhos mais cantantes. — Eu acho que não deveria choramingar sobre os lugares dos meus sonhos que não conhecerei. Eu deveria estar agradecida por ver qualquer coisa. E que não estou vivendo numa caverna. —

Ele me olhou e sorriu, algo ilegível em seus olhos. — Onde você quer ir? —

— O que, agora? — eu olhei em volta, pesando nossas opções. Tinha um pet shop,   uma drogaria, e uma sorveteria. Tive um pressentimento de que teríamos que visitar a última antes de sair da cidade.

— Não, no mundo todo. —

Olhei para ele cautelosamente.

— A Sydney vai ficar muito nervosa se formos para Istambul ou algo parecido. — Isso me fez dar uma gargalhada.

— Não é o que eu tinha em mente. Vamos. —

Eu o segui pelo que parecia ser o pet shop e então eu percebi um pequeno edifício atrás dele. Naturalmente, seus olhos de aguia tinham visto o que eu perdi - provavelmente porque eu estava focada no sorvete. BIBLIOTECA PUBLICA DE RUBYSVILE.

— Whoa, hey, — eu disse. — Uma das poucas vantagens de se graduar foi evitar lugares como esse. —

— Provavelmente tem ar condicionado. — eu apontei. Olhei para a parte de cima suada do meu top e percebi um tom rosado na minha pele. Com a minha tez bronzeada, eu raramente me queimava, mas estava um sol quente — mesmo tão tarde. — Vai na frente, — eu disse para ele.

A biblioteca estava misericordiosamente gelada, apesar de que era bem menor do que a de St Vladimir.

Com algum sentido estranho (ou talvez apenas um conhecimento da Classificação Decimal de Dewey ), Dimitri nos levou para a seção de Viagens — que consistia em uns dez livros, três dos quais eram sobre West Virginia.

Ele parou.

— Não exatamente o que eu esperava — ele procurou na prateleira duas vezes e então tirou um grande, super colorido intitulado Os 100 Melhores Lugares para se Visitar pelo Mundo.

Ele sentou de pernas cruzadas no chão, e me entregou o livro. — De jeito nenhum, camarada, — eu disse. — Eu sei que os livros são uma viagem pela imaginação, mas não acho que esteja no clima para isso hoje. —

— Apenas pegue, — ele disse. — Feche seus olhos, e abra numa página qualquer. —

Parecia bobo, considerando tudo o que estava acontecendo na nossa vida, mas seu rosto disse que ele estava falando sério. Fazendo o que ele pediu, eu fechei meus olhos e escolhi uma página do meio. Eu o abri.

— Mitchel, Dakota do Sul? — eu exclamei.

Me lembrando que eu estava numa biblioteca, eu baixei minha voz. — De todos os lugares do mundo, isso faz parte do top 100? —

Ele estava sorrindo denovo, e eu tinha me esquecido do quanto eu sentia falta disso.

— Leia. —

— Localizada há 90 minutos de Sioux Falls, Mitchel é o lar do Palácio de Milho. — Eu olhei para ele desacritando. — Palácio de Milho? —

Ele veio para mais perto de mim, para poder ver as fotos. — Eu pensei que fosse feito de palha de milho. — ele observou. As fotos na verdade mostravam um prédio que parecia ter um estilo do Oriente Médio - ou mesmo Russo, com torres e cúpulas.

— Eu também. — Relutantemente, eu adicionei. — Eu visitaria. Aposto que eles tem umas camisetas bem legais. —

— É, — ele disse, com um olhar astuto em seus olhos, — Aposto que nenhum guardião nos procuraria lá. —

Eu não tentei segurar uma risada, nos imaginando como fugitivos vivendo no Palácio de Milho pelo resto de nossas vidas.

Nosso divertimento trouxe uma censura de uma bibliotecária, e nos aquietamos quando foi a vez de Dimitri. São Paulo, Brasil. Então minha vez: Honolulu, Hawai. Indo e voltando pelo livro, e depois de um tempo, estávamos os dois no chão, um ao lado do outro, dividindo reações diferentes enquanto continuávamos nossa — viagem global pela imaginação. — Nossos braços e pernas mal se tocavam.

Se alguém tivesse me dito 24 horas atrás que estaria numa biblioteca com Dimitri, lendo um livro de viagem, eu teria dito que a pessoa estava louca. Quase tão louco quanto a percepção de que eu estava fazendo algo tão perfeitamente normal e casual com ele. Desde o momento em que nos conhecemos, nossas vidas tem sido sobre segredos e perigo. E realmente, essas ainda eram as coisas dominantes nas nossas vidas. Mas naquelas poucas horas calmas, o tempo pareceu parar. Estávamos em paz. Éramos amigos.

— Florença, Itália — . Eu li. Fotos de elaboradas igrejas e galerias enchiam a página. — A Sydney quer ir para lá. Ela queria estudar lá, na verdade. Se Abe pudesse conseguir isso, eu acho que ela serviria ele pelo resto da vida. —

— Ela ainda é muito obediente, — Dimitri comentou. — Eu não a conheço bem, mas tenho quase certeza de que ele tem alguma coisa sobre ela. —

— Ele a tirou da Rússia, a trazendo de volta para os EUA. —

Ele balançou a cabeça. — Tem que ser mais do que isso. Os Alquimistas são fiéis uns aos outros. Eles não gostam de nós. Ela esconde isso — eles são treinados para esconder -— mas cada minuto com os Protetores é uma agonia. Para ela nos ajudar e trair seus superiores, ela deve a ele, por algum motivo bem sério. —

Nós paramos por um momento, imaginando que acordo misterioso que meu pai tinha com ela. — É irrelevante, no entanto. Ela está nos ajudando, que é o que importa... e nós deveríamos provavelmente voltar para ela. —

Eu sabia que ele estava certo mas odiava ter que ir. Eu queria ficar aqui, nessa ilusão de tranquilidade e segurança, me deixando acreditar que eu poderia ir para o Parthenon ou até mesmo o Palácio de Milho algum dia. Eu entreguei o livro de volta para ele. — Só mais um. —

Ele abriu numa página qualquer. O sorriso dele se foi. — São Petersburgo. —

Uma estranha mistura de sentimentos se agitaram no meu peito. Nostalgia — porque a cidade era linda. Tristeza — porque a minha visita tinha sido contaminada pela horrível tarefa que eu tinha ido completar.

Dimitri olhou para a página por um bom tempo, melancolia em seu rosto. Me ocorreu então que, tirando sua conversa de mais cedo, ele devia estar experimentando o que eu senti por Montana: nossos velhos, lugares favoritos, estavam perdidos para nós agora.

Eu o cutuquei gentilmente. — Hey, aproveite onde você esta, lembra? Não onde você não pode ir. —

Ele relutantemente fechou o livro e tirou seus olhos dele. — Como você ficou tão esperta? — ele brincou.

— Eu tive um ótimo professor. — Nós sorrimos um para o outro. Algo me acorreu. Todo esse tempo, eu pensei que ele tinha ajudado a me resgatar por ordens da Lissa. Talvez fosse masi que isso. — Foi por isso que você fugiu comigo? — eu perguntei. — Para ver todas as partes do mundo que você poderia? —

A surpresa dele foi breve. — Você não precisa de mim para ser sábia, Rose. Você se saindo bem sozinha. Sim, isso é parte do porque. Talvez eu fosse recebido bem eventualmente, mas havia o risco de não ser. Depois... depois de ser Strigoi... — ele tropeçou nas palavras um pouco. — Eu ganhei um novo apreço pela vida. Demorou um pouco. Ainda não estou lá. Nós estamos falando em nos manter focados no presente, não no futuro — mas é meu passado que me assombra. Rostos. Pesadelos. Mas quanto mais longe eu fico daquele mundo de morte, mais eu quero abraçar a vida. O cheiro desses livros e o perfume que você usa. O jeito que a luz entra pela janela. Mesmo o gosto do café da manhã com os Protetores. —

— Você é um poeta agora. —

— Não, apenas começando a perceber a verdade. Eu respeito a lei e o jeito que nossa sociedade vive, mas não tem jeito nenhum de eu perder minha vida numa cela logo depois de a ganhar de volta. Eu queria fugir também. Foi por isso que eu ajudei você. Isso e… —

— O que? — eu o estudei, desesperadamente desejando que ele não fosse tão bom em esconder seus sentimentos de seu rosto. Eu o conhecia bem; Eu o entendia. Mas ele ainda podia esconder coisas de mim.

Ele levantou, não encontrando meus olhos. — Não importa. Vamos encontrar a Sydney e ver se ela descobriu algo... apesar de que, eu odeie ter que dizer isso, eu acho que é pouco provavel. —

— Eu sei. — Fiquei com ele, ainda pensando no que ele teria falado. — Ela provavelmente desistiu e começou a jogar Campo Minado. —

Nós nos dirigimos de volta para o café, parando rapidamente para um sorvete. Comer enquanto andávamos se tornou um desafio e tanto. O sol estava perto do horizonte, pintando tudo de laranja e vermelho, mas o calor permanecia. Aproveite, Rose, eu disse para mim mesma. As cores. O gosto de chocolate. É claro, eu sempre amei chocolate. Minha vida não precisava estar por um fio para eu adorar sobremesa.

Nós chegamos no café e achamos Sydney sobre seu laptop, com um Danish mal comido e provavelmente seu quarto copo de café. Nós sentamos no banco na frente dela.

— Como foi — hey! Você esta jogando Campo Minado! — eu tentei olhar de perto sua tela, mas ela tirou ela de mim. — Você supostamente deveria estar procurando uma conexão com a amante de Eric. —

— Eu já fiz isso. — ela disse simplesmente.

Dimitri e eu dividimos olhares atónitos.

— Mas eu não sei quão útil será. —

— Qualquer coisa será útil, — eu proclamei. — O que você descobriu? —

— Depois de ter rastreado todos aqueles registos e transações bancárias - e deixem-me dizer, isso não é nem um pouco divertido - eu finalmente achei uma pequena informação. A conta de banco que acham só é uma nova. Foi movida de um outro banco cinco anos atrás. A conta antiga ainda era de uma Joana Ninguém, mas ele fazia uma referencia a alguém próximo no caso de acontecer algo com o dono da conta. —

Eu mal podia respirar. Não entendia nada de transações financeiras, mas estávamos prestes a conseguir algo sólido. — Um nome real? —

Sydney assentiu. — Sonya Karp. —

 

DIMITRI E EU CONGELAMOS com o choque que aquele nome nos atingiu. Sydney, olhando para nós nos deu um sorriso seco.

— Acho que você sabe quem é? —

— É claro… — eu exclamei — Ela foi minha professora. Ela enlouqueceu e se transformou em Strigoi. —

Sydney assentiu —

— Eu sei —

Meus olhos se arregalaram ainda mais —

— Ela não … Ela não é quem teve um caso com o pai de Lissa, né? — Oh meu Deus isso seria um dos acontecimentos mais inesperados nessa montanha russa que foi minha vida. Eu nem poderia mesmo começar a processar os efeitos disso.

— Não é provável — disse ela — A conta foi aberta vários anos antes dela ser acrescentada como beneficiária — Que é direito dela quando fez dezoito anos — Então, se presumirmos que a conta foi criada próxima ao nascimento do bebê, ela seria muito jovem. Sonya provavelmente é um parente. —

Meu espanto anterior foi dando lugar à excitação. Eu podia ver o mesmo acontecendo com Dimitri.

— Você deve ter registros sobre a família dela — ele disse. — Ou se não, alguns Moroi provavelmente tem. Quem é próximo a Sonya? Ela tem uma irmã? —

Sydney sacudiu a cabeça — Não, embora essa seria uma escolha óbvia. Infelizmente ela tem outros parentes, toneladas deles. Ambos os pais dela vinham de famílias enormes, então ela tem muitos primos. Mesmo algumas de suas tias estão na idade certa. —

— Podemos procurá-los, certo? — Eu perguntei. Um tremor de antecipação corria através de mim. Eu honestamente não havia esperado toda essa informação. É verdade, era pouco mas era algo.

Se Sonya Karp está relacionada com a amante de Eric, tinha que ser algo que pudéssemos seguir.

— Há um monte deles — Sydney encolheu os ombros. Quer dizer, sim, nós poderíamos. Iria demorar um bom tempo para encontrar a história de vida de todos e mesmo assim — especialmente se isso estava tão bem escondido. Nós teríamos dificuldades em descobrir se algum deles é a mulher que estamos procurando. Ou mesmo se algum deles sabe quem ela é. —

A voz de Dimitri era baixa e pensativa quando ele falou — Uma pessoa sabe quem Jane Doe é — Sydney e eu olhamos para ele com expectativa. — Sonya Karp — ele respondeu.

Eu levantei minhas mãos. — Sim, mas não posso falar com ela. Ela é uma causa perdida. Mikhail Tanner passou mais de um ano a caça-la e não conseguiu encontra-la. Se ele não conseguiu nós não seremos capazes. —

Dimitri se afastou de mim e olhou para fora da janela. Seus olhos castanhos cheios de tristeza, seus pensamentos momentaneamente longe de nós. Eu não compreendi muito bem o que estava acontecendo, mas esse momento de paz na biblioteca, onde Dimitri sorriu e compartilhada no sonho de uma vida normal, tinha desaparecido. E não apenas o momento. Que Dimitri havia desaparecido. Ele estava de volta a seu modo feroz, carregando o peso do mundo sobre seus ombros novamente.

Então, ele suspirou e olhou para mim. — Isso é porque Mikhail não tem as conexões certas. —

— Mikhail era o namorado dela — eu disse. — Ele tinha mais conexões do que ninguém. —

Dimitri não reconheceu o meu comentário. Em vez disso, ele ficou pensativo de novo. Eu podia ver turbulência atrás de seus olhos, uma nova guerra interna. Ao final houve uma decisão.

— Seu telefone tem sinal aqui fora? — ele perguntou a ela.

Ela assentiu com a cabeça, procurando em sua bolsa e lhe entregando o telefone. Ele segurou por um instante parecendo que lhe causou agonia ao toca-lo.

No fim, com outro suspiro, ele levantou e se dirigiu para a porta. Sydney e eu trocamos olhares de questionamento e então ambas o seguimos. Ela ficou atrás de mim, tendo de atirar dinheiro sobre a mesa e pegar seu laptop. Saí fora apenas quando Dimitri terminou de discar um número e colocar o telefone no ouvido. Sydney se juntou a nós, e um momento depois, a pessoa do outro lado da linha deve ter respondido.

— Boris? — perguntou Dimitri.

Isso era tudo que eu entendi porque o resto foi uma sequência rápida de russo.

Uma sensação estranha se espalhou por cima de mim enquanto ele falava. Eu estava confusa, perdida por causa da língua... mas havia mais do que isso.

Eu me senti gelar. Meu pulso correu com medo. Aquela voz ... eu conhecia aquela voz. Era a voz dele mas ao mesmo tempo não era. Era a voz dos meus pesadelos, uma voz de frieza e crueldade.

Dimitri estava jogando como Strigoi.

Bem — jogando — era uma palavra gentil. Fingindo é um modo melhor de descrever. Indiferente do que fosse, ele era perfeitamente convincente.

Ao meu lado, Sydney franziu a testa, mas eu não acho que ela estava experimentando o que eu estava. Ela nunca tinha o conhecido como Strigoi. Ela não tinha essas memórias horríveis. Sua mudança de atitude tinha de ser óbvio, eu olhei para o rosto dela, eu percebi que ela estava concentrado em seguir a conversa. Eu tinha esquecido que ela sabia russo.

— O que é que ele está dizendo? — Sussurrei.

Sua cara amarrada se aprofundou, ou da conversa ou eu a distraindo. — Ele... ele soa como estivesse falando com alguém que não tenha falado há algum tempo. Dimitri está acusando essa pessoa de faltar quando ele foi embora. — Ela ficou em silêncio, continuando a sua própria tradução mental. Em um ponto, a voz de Dimitri levantou-se em raiva, Sidney e eu vacilamos. Eu virei para ela interrogativamente. — Ele está louco por ter sua autoridade questionada. Eu não posso dizer, mas agora... Parece que a outra pessoa está rastejando. —

Eu queria saber todas as palavras, mas é difícil para ela traduzir para mim e ouvir ao mesmo tempo. A voz de Dimitri voltou a níveis normais, embora ainda preenchida com a terrível ameaça e entre a enxurrada de palavras, ouvi Sonya Karp e Montana.

Ele está perguntando sobre a Sra. Kar...-Sonya? Murmurei. Ela não tinha sido minha professora por um longo tempo. Eu poderia muito bem chamá-la de Sonya agora.

Sim, disse Sidney, os olhos ainda em Dimitri. — Ele está pedindo, dizendo a esta pessoa para encontrar alguém e ver se ele pode encontrar Sonya. Esta pessoa... Fez uma pausa para ouvir novamente. Esta pessoa que está perguntando sobre .. Parece que ele conhece muita gente na área que ela foi vista pela última vez. —

Eu sabia que — pessoas — neste contexto significava — Strigoi — . Dimitri subiu rapidamente no pódium deles, afirmando sua vontade e poder sobre os outros. A maioria dos Strigois trabalha sozinho, raramente trabalham em grupos, mas mesmo os solitários reconhecem um Strigoi mais dominante e ameaçador.

Dimitri estava trabalhando seus contatos, assim como ele tinha dito anteriormente. Se algum Strigoi tinha ouvido falar sobre sua transformação e acredita-se que não teria sido capaz de passar a notícia rapidamente, não com a desorganização deles.

Dimitri tinha que encontrar fontes que conheciam outras fontes que poderiam saber a localização de Sonya. Dimitri cresceu alto e com raiva novamente, a voz dele — se possível — mais sinistra. Eu de repente me senti encurralada, e até Sydney olhou assustada agora. Ela engoliu em seco. — Ele esta dizendo ao cara que se ele não encontrar informações até amanhã a noite, Dimitri vai encontra-lo, corta-lo em pedaços e ... — Sydney nem se importou em terminar. Seus olhos estavam arregalados. — Use sua imaginação. É completamente terrível. — Eu decidi que era um prazer que eu não houvesse escutado toda a conversa em Inglês.

Quando Dimitri terminou a ligação devolveu o telefone para Sydney e a máscara de malícia derreteu de seu rosto. Mais uma vez ele era meu Dimitri, o Dimitri dhampir.

Desânimo e desespero irradiavam dele, e ele deslizou na parede da cafeteria olhando para o céu. Eu sabia o que ele estava fazendo. Estava tentando se acalmar, tomar o controle das emoções que tinha em conflito dentro dele. Ele apenas tinha feito algo que poderia nos dar pistas que precisavamos... mas tinha tido um custo terrível para si mesmo. Meus dedos tremeram. Eu queria colocar um braço reconfortante envolta dele ou pelo menos em seu ombro para que soubesse que não estava sozinho. Mas, eu me segurei, suspeitando que ele não fosse gostar disso.

Ao final, ele voltou a olhar para nós. Recuperou seu controle — ao menos por fora.

— Eu enviei alguém para perguntar sobre ela — disse ele cansado. — Pode não funcionar. Strigoi são dificilmente o tipo que mantém um banco de dado. Mas eventualmente mantém os olhos uns nos outros, mesmo que apenas para auto-preservação. Descobriremos em breve se houve algum sucesso. —

— Eu … wow, obrigada — eu disse, atrapalhada com as palavras. Sabia que não precisava agradecer mas senti que era necessário.

Ele balançou a cabeça — Nós devemos voltar aos Guardiões… ao menos você acha que este é um lugar seguro para ficar? —

— Eu prefiro ficar longe do radar da civilização — disse Sydney se deslocando ao caminhão — Além disso quero as chaves do meu carro de volta. —

A viagem de volta senti o caminho dez vezes mais longo. O humor de Dimitri preencheu a cabine, quase nos sufocando com seu desespero. Mesmo a Sydney podia sentir isso. Ela deixou ele dirigir novamente, e eu não conseguia decidir se isso era uma coisa boa ou ruim.

Será que a estrada iria distraí-lo de seu tormento Strigoi? Ou poderia sua agonia distraí-lo da estrada e nos colocar em uma vala?

Felizmente fizemos um retorno são e salvos, encontramos dois Guardiões no estacionamento, uma mulher Moroi e um cara humano. Ambos pareciam ferozes. Eu ainda não conseguia dispersar a estranheza de ambas as raças prontas para a batalha. Imaginei se esses dois formavam um casal.

De volta ao acampamento, encontramos a chama da fogueira e as pessoas sentadas em volta dela, alguns comendo e outros simplesmente socializando.

Eu tinha aprendido no café da manhã que o fogo estava sempre lá para aqueles que queriam se unir, mas que muitas famílias se mantinham com a sua própria família também.

Nós voltamos para a casa dos Raymonds, mas só Sarah e Joshua estavam lá. Ela estava limpando os pratos, e ele sentou-se sem descanso em uma cadeira. Tão logo ele me viu na porta, e saltou com um sorriso radiante novamente.

— Rose! Está de volta. Estavamos ficando preocupados. Quer dizer, não que alguma coisa tinha acontecido com você, e não com suas habilidades, mas que talvez você apenas nos deixou. —

— Não sem o nosso carro, — disse Sidney, colocando as chaves do caminhão em cima da mesa.

O CR-V já estava ali, e o alívio inundou seu rosto enquanto ela agarrou as chaves.

Sarah nos ofereceu as sobras, que nós recusamos, pois, comemos um lanche no posto de gasolina de Rubysvilles.

— Bem — ela disse, — se você não está indo comer, você pode se juntar aos outros lá fora na fogueira. Jess McHale pode cantar esta noite, se puderem fazê-la beber o suficiente, bêbada ou sóbria, essa mulher tem a melhor voz que eu já ouvi. —

Eu reuni brevemente com os olhos Dimitri e Sidney. Eu admito, fiquei um pouco curiosa para ver como esse grupo deserto festeja, apesar de que luar e canções populares não eram realmente a minha primeira escolha de entretenimento. Dimitri ainda usava aquele olhar assombrado do telefonema.

Eu tinha uma suspeita de que ele teria se contentado em se isolar em nossa sala, mas quando Sydney disse que ia para a fogueira, sua resposta veio automaticamente: — Eu vou também, — eu soube imediatamente que ele estava fazendo. Seus dias como Strigoi o atormentavam. Conversar como Strigoi o atormentava.

E talvez, não, certamente, ele queria esconder e tentar bloquear tudo, mas ele era Dimitri. Dimitri protege aqueles que dele necessitam, e mesmo ouvindo músicas na fogueira que não era exatamente por a vida em risco, ainda era uma situação semi-perigososa para um civil como Sydney.

Ele não podia permitir isso. Além disso, ele sabia que Sidney se sente mais segura conosco nas proximidades.

Comecei a dizer que eu ia me juntar a eles, mas Joshua falou antes que eu pudesse. — Você ainda quer ver minha caverna? Há um pouco de luz do lado de fora. Você vai ter uma visão melhor dessa maneira do que se tivermos que usar uma tocha. —

Eu tinha esquecido minha última conversa com Joshua e comecei a recusar a oferta. Mas então, algo brilhou nos olhos de Dimitri, algo desaprovador. Então. Ele não queria me ver saindo com um cara jovem, de boa aparência. Foi preocupação legítima de Guardião? Seria ciúmes? Não, certamente não o último. Nós tínhamos estipulado, muitas e muitas vezes, que Dimitri não queria nenhuma ligação romântica comigo. Ele tinha até se levantado pelo Adrian mais cedo. Seria algum tipo de coisa de ex-namorado? De volta a Rubysville, eu tinha acreditado que Dimitri e eu poderíamos ser amigos, mas isso não aconteceria se ele achava que podia controlar a mim e a minha vida amorosa. Eu tinha conhecido meninas com ex’s assim. Eu não seria uma delas. Eu podia sair com quem eu quisesse.

— Claro — eu disse. A expressão de Dimitri escureceu. — Eu adoraria. —

Joshua e eu fomos embora, deixando os outros para trás. Eu sabia que parte da minha decisão foi para provar minha independência. Dimitri disse que nós éramos iguais, ele ainda não tinha feito uma enorme quantidade de decisões neste plano de fuga sem mim. Foi bom para sentir como se eu tivesse a vantagem de uma mudança e, além disso, eu gostava de Joshua e era uma espécie de curiosidade de saber mais sobre como o seu povo vivia. Eu não acho que Sydney queria que eu fosse embora, mas Dimitri iria cuidar dela.

Assim que Joshua e eu andamos, passamos por muitos Guardiões fora e próximos. Tal como anteriormente, eu recebi uma boa quantidade de olhares. Ao invés de nos levar para baixo da estrada onde seu pai morava, Joshua me levou ao redor de uma pequena montanha. Ainda estava de bom tamanho, mas depois de viver perto das Montanhas Rochosas, tudo nos Apalaches parecia pequeno para mim. Eu acho que eu era uma esnobe de montanha.

Ainda assim, a montanha se estendia de muitas maneiras, e fomos mais longe e mais longe do estabelecimento principal dos Guardiões. A floresta se adensava, a luz cada vez mais escassa, e o sol finalmente começou a sumir no horizonte.

— Eu sou tipo da periferia — Joshua disse se desculpando. — Nós continuamos crescendo e crescendo, e não há muito espaço no centro das cidades. — Pensei que cidade era um termo otimista, mas não disse isso. Sim. Eu era definitivamente uma esnobe. — Mas as cavernas continuavam, por isso ainda há espaço. —

— Elas são naturais? — perguntei.

— Algumas são. Outras são cavernas de mineração abandonadas. —

— É bem aqui — eu disse. Eu gostei de todas as árvores de folha caduca. Eu poderia estar com saudades de Montana, mas a folhas largas aqui davam um contraste elegante para agulhas de pinheiro. — E hey, pelo menos você tem muita privacidade, certo? —

— Verdade — Ele sorriu. — Achei que você iria pensar que era... Eu não sei. Muito rústico. Ou selvagem. Você provavelmente pensa que nós todos somos. —

Sua observação me assustou. A maioria dos Guardiões tinham sido tão ferozmente defensivos em seu modo de vida que eu não tinha pensado que alguém pensaria mesmo que um estranho acharia isso, ou que qualquer Guardião se importaria se nós fizessemos.

— É apenas diferente — eu disse diplomaticamente. — Muito diferente do que estou acostumada. — Senti um lampejo de saudade de todas as pessoas e lugares que eu estava separada agora. Lissa. Adrian. Nossos outros amigos. A Corte. St. Vladmir. Eu espantei a sensação rapidamente. Eu não tinha tempo para me lamentar e poderia, pelo menos, verificar Lissa mais tarde.

— Eu estive em cidades humanas — continuou Joshua. — E em outros lugares que impuros vivem. Eu posso ver porque você gosta deles — Ele virou um pouco acanhado. — Eu não me importaria com energia elétrica. —

— Por que vocês não usam? —

— Gostaríamos, se pudéssemos. Estamos muito longe e ninguém realmente sabe que estamos aqui. As pessoas dizem que é melhor para nos esconder. —

Não me ocorreu que eles simplesmente suportaram essas condições porque foram obrigados a fim de esconder-se. Gostaria de saber quantas das suas escolhas vieram de apegos às formas antigas... e quanto foi influenciado pelos alquimistas.

— Aqui estamos — disse Joshua, puxando-me de minhas reflexões.

Ele apontou para um buraco escuro no chão. A abertura era grande o suficiente para um adulto entrar.

— Legal, — eu disse. Eu havia notado anteriormente que algumas das cavernas foram criadas mais para o alto das montanhas e tinham visto os seus residentes, escalar a rocha com a mão ou usando escadas caseiras. Uma porta de acesso fácil parecia luxuoso.

Joshua olhou surpreso com o meu louvor. — Sério? —

— Sério! —

Nós acabamos perdendo a luz do dia. Ele fez uma pausa para acender uma tocha, e então eu o segui para dentro. Tivemos que abaixar um pouco no início, mas quando fomos mais fundo na caverna, o teto lentamente expandiu e abriu-se em um amplo espaço arredondado. O chão estava sujo, as paredes de pedra áspera e irregular. Esta era uma caverna natural, mas eu poderia escolher os esforços feitos para civilizá-la. O chão foi limpo e nivelado, e eu vi algumas pedras e rochas em um canto que pareciam terem sido recolhidas para deixar espaço livre. Um par de peças de mobilias jáhaviam sido colocadas: uma cadeira de madeira estreitas e um colchão que parecia que mal conseguia aguentar uma pessoa.

— Você provavelmente pensa que é pequena — disse Joshua.

Era verdade, mas era realmente maior que o meu quarto no dormitório em St. Vladimir. — Bem... sim, mas eu quero dizer, quantos anos você tem? —

— Dezoito. —

— Igual a mim — eu disse. Isso pareceu fazê-lo muito feliz. — Ter sua própria, caverna, aos dezoito parece ser muito legal — Seria mais legal ainda com a eletricidade, Internet e encanamento, mas não houve necessidade de trazer isso.

Seus olhos azuis brilhavam. Eu não poderia deixar de notar um contraste bonito que eles fizeram contra sua pele bronzeada. Eu rejeitei o pensamento imediatamente. Eu não estava aqui para um namorado. Mas, aparentemente, eu era a única que acreditava nisso. Joshua de repente deu um passo adiante.

— Você pode ficar se quiser — disse ele. — O outro impuro nunca iria te encontrar aqui. Nós poderíamos nos casar, e então, quando nós tivermos filhos, poderíamos construir um loft, como meus pais e… — A palavra casar tinha me movido em direção à entrada tão chocada e apavorada como eu seria por um ataque Strigoi. Exceto, eu geralmente tinha o aviso antes desses acontecerem.

— Ei, ei, mais devagar. — Não. Eu não havia visto uma proposta vindo. — Acabamos de nos conhecer! —

Felizmente, ele não se aproximou. — Eu sei, mas às vezes é assim que é. —

— O que, os casamentos entre pessoas que mal se conhecem? — perguntei, incrédula.

— Claro que sim. Acontece o tempo todo. E a sério, só neste curto espaço de tempo, eu já sei eu gosto de você. Você é incrível. Você é bonita e, certamente, uma boa lutadora. E a maneira como você se comporta... — Ele balançou a cabeça, incrédulo. — Eu nunca vi nada parecido. —

Eu desejava que ele não fosse tão bonito e agradável. Tendo caras assustadores confessar a sua adoração era muito mais fácil de lidar com aquele que você gostava. Lembrei-me de Sydney dizendo que eu era um produto quente aqui. Escaldante era o mais certo a dizer.

— Joshua, eu realmente gosto de você, mas... — acrescentei apressadamente, vendo esperança enchendo seu rosto. — eu sou muito jovem para casar. —

Ele franziu a testa. — Você não disse que tinha dezoito anos? —

Okay. Idade provavelmente não era um bom argumento por aqui. Eu tinha visto como os jovens tinham filhos cedo na cidade natal de Dimitri . Em um lugar como este, eles provavelmente tiveram casamentos de crianças. Eu tentei ir por um outro ângulo.

— Eu nem sei se quero casar. —

Isso não perturbou ele. Ele balançou a cabeça em compreensão.

— Isso é inteligente. Nós poderíamos viver juntos em primeiro lugar, ver se nos damos bem. — Sua expressão séria transformou-se num sorriso. — Mas estou muito tranquilo. Eu vou deixar você ganhar todas as discussões. —

Eu não poderia ajudar. Eu ri. — Bem, então, eu vou ter que ganhar esse e dizer eu não estou pronta para... nada disso. Além disso, já estou envolvida com alguém. —

— Dimitri? —

— Não. Outro cara. Ele voltou para a corte impura. — Eu não podia acreditar que eu estava dizendo isso.

Joshua fez uma careta. — Por isso que ele não está aqui protegendo você? —

— Por que... isso não é como ele é. E eu posso cuidar de mim. E nunca gostei da ideia de que eu preciso de resgate. E olha, mesmo que ele não estivesse na jogada eu estou indo embora logo de qualquer maneira. Nunca daria certo entre nós. —

— Eu entendo. — Joshua olhou desapontado, mas parecia estar levando bem a rejeição. — Talvez quando você estiver com tudo resolvido você volte. —

Eu comecei a dizer para que não espere por mim e que ele deveria casar com outro alguém (apesar de quão ridículo era na sua idade), mas depois percebi que foi um comentário inútil.

Nas fantasias de Joshua, ele provavelmente poderia se casar com qualquer pessoa agora e, em seguida, me incluir no seu harém para mais tarde, como Sarah e Paulette. Então, eu simplesmente disse:

— Talvez — Pocurando por uma mudança de assunto, eu tentei encontrar alguma coisa para nos distrair. Meus olhos caíram sobre a mesa e um padrão de folhas entalhadas nela. — Isso é muito legal. —

— Obrigado — disse ele, caminhando. Para meu alívio, ele não voltou a procurar o tópico anterior. Ele passou a mão carinhosamente sobre a madeira esculpida. O projeto parecia o deixar trancado. — Eu mesmo fiz isto. —

— Sério? — perguntei em verdadeira surpresa. — Isso... isso é incrível. —

— Se você gosta dela... — Sua mão se moveu, e eu temia que havia um beijo ou abraço vindo. Em vez disso, ele enfiou a mão no bolso da camisa e puxou uma pulseira finamente esculpida em madeira. Foi um projeto simples, sinuoso, uma verdadeira maravilha sendo estreita e delicada como era para ser uma só peça. A madeira havia sido polida com brilho. — Aqui. — Ele me entregou a pulseira.

— É para mim? — Corri meus dedos ao longo da borda lisa.

— Se você quiser. — Eu fiz isso enquanto você estava fora hoje. — Assim você vai lembrar de mim depois que for embora. —

Hesitei, sem saber se aceitar seria incentivá-lo. Não, eu decidi. Eu fiz a minha opinião sobre o casamento entre adolescentes clara, e mesmo assim, ele parecia tão nervoso, eu não poderia suportar a ideia de ferir seus sentimentos. Enfiei a pulseira em meu pulso.

— É claro que eu vou lembrar. Obrigada. —

Do olhar feliz em seu rosto, levando a pulseira feita para minha recusa anterior. Ele me mostrou mais alguns detalhes em torno da caverna e depois seguiu a minha sugestão para se juntar aos outros perto do fogo. Podíamos ouvir a música ecoar por entre as árvores muito antes de nós voltarmos, e mesmo quando não era meu estilo, havia algo acolhedor e simpático sobre esta maneira de viver em comunidade. Eu nunca fui a um acampamento de verão, mas eu imaginei que isso era parecido.

Sydney e Dimitri sentaram perto do grupo. Estavam em silêncio e atentos, mas todo resto cantou, bateu palmas, e conversou. Mais uma vez, fiquei impressionada com a facilidade com que dhampirs, humanos e Moroipoderiam estar envolvidos uns com os outros. Casais mistos estavam por toda parte, um humano e um Moroi estavam abertamente dando uns amassos. Todas vezes quando ele a beijou no pescoço, ele tinha também mordido e tomado um pouco de sangue. Eu tive que desviar o olhar.

Voltei para os meus amigos. Sydney reparou em mim e pareceu aliviada. A expressão de Dimitri estava ilegível. Como sempre, os olhos dos outros seguiram o meu movimento, e para minha surpresa, vi a inveja nas caras de alguns dos rapazes. Eu esperava que eles não estivessem achando que Joshua e eu haviamos ficado nus na caverna. Essa não era a fama que eu queria deixar para trás.

— Eu tenho que falar com a Sydney — eu disse a ele sobre o ruído. Decidi ser melhor manter distância antes que qualquer rumor começasse, e sinceramente, Sydney parecia que me queria ao seu lado. Joshua balançou a cabeça, e me afastei. Eu dei dois passos, quando de repente veio um punho direito ao meu rosto.

Eu não tinha defesas e tão pouco presença de espírito para virar minha cabeça e pegar o golpe no meu rosto para não acabar com um nariz quebrado. Após a surpresa inicial, toda a minha formação se acumulou e eu rapidamente contornei para fora da linha de ataque e coloquei meu corpo em uma posição de combate. A música e o canto pararam, e eu virei para encarar meu agressor.

Angeline.

Ela estava em uma forma semelhante à minha, punhos cerrados e os olhos completamente fixados em mim.

— Ok — ela disse. — É hora de descobrir o quão durona você realmente é. —

Na verdade era hora de alguém digamos assim, um parente vir, arrastá-la e puni-la por socar um convidado. Surpreendentemente, ninguém se moveu ou tentou impedi-la. Não, não era bem verdade. Uma pessoa levantou. Dimitri tinha pulado para a ação no instante em que me viu em perigo. Eu esperava que ele viesse empurrar Angeline para longe, mas um grupo de Guardiões apressadamente foram para seu lado, dizendo-lhe algo que eu não poderia ouvir. Eles não tentaram contê-lo fisicamente, mas o que eles disseram, fez ele ficar onde estava. Eu teria exigido saber o que eles falaram para ele, mas Angeline estava chegando em mim novamente. Parecia que eu estava sozinha.

Angeline era pequena, mesmo para uma Dhampir, mas todo o seu corpo estava cheio de força. Ela estava muito rápida também, embora não rápida o suficiente para conseguir me acertar pela segunda vez. Eu cuidadosamente a evitei e mantive minha distância, não querendo ir para a ofensiva com esta menina. Ela provavelmente poderia fazer um belo dano em uma luta, mas havia um erro, não, mais como uma ponta áspera para ela. Ela era avarenta, alguém que participou de um monte de brigas, mas sem nenhum treinamento formal.

— Você está louca? — Exclamei, saindo do caminho de outro assalto. — Pare com isso. Eu não quero te machucar. —

— Claro — ela disse. — Isso é o que você quer que todos pensem, certo? Se você não tem realmente que lutar, então todos vão continuar acreditando que essas marcas são reais. —

— Eles são reais! — A insinuação de que falsifiquei minhas tatuagens despertou meu temperamento, mas eu me recusei a ficar atraída por essa briga ridícula.

— Prove — disse ela, vindo em minha direção de novo. — Prove que você é quem diz que é. —

Era como uma dança, me mantendo longe dela. Eu poderia ter feito isso durante toda a noite, e alguns gritos da multidão exigiam que eu lidasse com isso.

— Eu não tenho que provar nada — eu disse a ela.

— Mentira. — Sua respiração era pesada agora. Ela estava trabalhando muito mais duro do que eu. — Tudo o que você e os impuros fazem é uma mentira. —

— Não é verdade — eu disse. Por que Dimitri deixava isso continuar? Com o canto do meu olho, eu o havia visto, e para me ajudar, ele estava sorrindo.

Enquanto isso, Angeline ainda continuava seu discurso, enquanto ela tentava me bater. — É tudo mentira. Você é tão fraca. Especialmente a sua realeza! — Eles são o pior de tudo —

— Você não os conhece. Você não sabe nada sobre eles. —

Ela podia ser capaz de manter uma conversa, mas eu podia vê-la cada vez mais frustrada. Se não fosse o fato de que eu tinha certeza de que ela me bateu nas costas, eu teria tomado uma abordagem nobre e simplesmente ido embora.

— Eu sei o suficiente — disse ela. — Eu sei que eles são egoístas e mimados e não fazem nada por si mesmos. Eles não se preocupam com ninguém. Eles estão todos iguais. —

Na verdade, eu concordava com Angeline sobre alguns membros da realeza, mas não gostei da generalização. — Não fale sobre coisas que não entende, eu estalei. — Eles não são todos assim. —

— Eles são — segundo ela, com prazer de me ver com raiva. — Eu gostaria que eles estivessem todos mortos. —

Foi quase o suficiente para me empurrar para o modo de combate, mas o comentário formou nuvens sobre meus pensamentos o suficiente para que eu a deixasse passar a minha guarda, só um pouco. Eu nunca teria deixado isso acontecer com um Strigoi, mas eu subestimei essa garota selvagem. Sua perna serpenteou fora apenas o suficiente para bater o meu joelho, e foi como jogar gasolina em uma fagulha. Tudo explodiu.

Com esse golpe eu tropecei ligeiramente, e ela aplicou sua vantagem. Meus instintos de batalha assumiram, e eu não tinha escolha senão atacar antes que ela pudesse me bater. As pessoas começaram a aplaudir, agora que a luta estava realmente acontecendo. Eu estava no ataque, tentando subjugá-la, ou seja, o contato físico era eminente. Eu ainda era melhor do que ela, sem dúvida, mas na tentativa de chegar a ela, eu me coloquei em seu alcance.

Ela tentou alguns golpes em mim, nada grave, antes que eu fosse capaz de jogar ela no chão. Eu esperava que fosse o fim, mas ela se jogou contra mim antes que eu pudesse impedi-la totalmente. Nós rolamos, e ela tentou tomar a posição dominante. Eu não podia permitir isso e consegui dar um soco no lado do seu rosto, que foi muito mais difícil do que o anterior.

Eu pensei que seria o fim da luta. Meu golpe a tirou de cima de mim, e eu comecei a me levantar, mas depois aquela 'vagaba' agarrou meu cabelo e me empurrou para baixo de novo. Eu me torci para fora de suas mãos, embora eu tinha certeza de que ela levou algum cabelo meu com ela, e desta vez consegui dominar completamente suas pernas, jogando todo meu peso e força sobre ela, pressionando. Eu sabia que tinha que ser doloroso mas não me importei realmente.

Ela começou a briga. Além disso, esse conflito tinha ido além da defesa. Puxar o cabelo de alguém era jogar sujo.

Angeline fez mais algumas tentativas de fugir, mas quando se tornou claro que ela não poderia, aqueles que nos rodearam começaram a assobiar e aplaudir. Alguns momentos depois, aquele olhar escuro e furioso desapareceu. O rosto de Angelina foi substituído por calma. Olhei para ela com cautela, não a ponto de baixar a minha guarda.

— Ótimo, disse ela. Eu acho que tudo bem. Vá em frente. —

— Hã? O que esta tudo bem? — Eu exigia.

— Não tem problema se você se casar com meu irmão. —

 

— ISSO NÃO É ENGRAÇADO! —

— Você esta certa. — concordou Sydney — Isto não é engraçado. É hilário. —

Nós estávamos de volta a casa dos Raymond’s, na privacidade do nosso quarto. Estes tinham nos levado para longe da festa das festividades da lareira, particularmente depois de aprender sobre um terrível fato de Guardião. Bem eu pensei que era terrível pelo menos.

Acontece que se alguém quer se casar com alguém daqui, a noiva e o noivo em perspectiva tinham que batalhar com um parente do mesmo sexo. Angeline tinha mostrado interesse em Joshua no momento que ele chegou, e quando ela olhou seu bracelete, ela assumiu que algum tipo de arranjo tinha sido feito. Por isso, caiu sobre ela, e a irmã dela, ter certeza que eu era digna. Ela ainda não gostava ou não confiava completamente em mim, mas me provando um lutador capaz, tinha aumentado minha estima com ela, permitindo assim nosso — compromisso. — Isto tinha levado levado a muito muito falatório, para convencer a todo mundo — incluindo Joshua — que não havia compromisso. Se tivesse, eu aprendi, Dimitri teria que estar de pé e lutar como meu — parente — e brigar com Joshua.

— Pare com isso. — eu castiguei. Dimitri, encostado em umas das paredes do quarto, braços cruzados, vendo como eu esfregava onde Angeline, tinha batido na minha bochecha. Não era a pior contusão que eu já tive, mas eu definitivamente teria uma contusão amanhã. Havia um pequeno sorriso no rosto dele.

— Eu disse para não encoraja-lo. — disse Dimitri calmo e responsavel.

— Que seja. Você não viu isto vindo. Você apenas não quer… — eu mordi minhas palavras. Eu não diria o que estava na minha mente: Dimitiri estava com ciúmes. Ou possesivo. Ou algo assim. Eu sabia que ele estava irritado me vendo ser amigável com Joshua... e muito divertido com minha indignaçao com o ataque de Angeline. Eu virei abruptamente para Sydneyque estava tão entretida quanto Dimitri. Na verdade, eu tinha certeza que eu nuca vi ela sorrir tanto.

— Será que você não sabe sobre esse costume? —

— Não — ela admitiu — mas eu não estou surpresa, eu disse que eles são selvagens, muitos problemas são resolvidos com lutas como essa. —

— É estúpido — não me preocupando que eu estava lamentando. Eu toquei o topo da minha cabeça, desejando ter um espelho para ver se Angeline tinha levado um notável e gosso pedaço do meu cabelo. — Embora... ela não esteja ruim. Rude mas não ruim. São todos tão difíceis?Os humanos e Moroi também? —

— Este é meu entendimento —

Eu ponderei isso. Eu fiquei chateada e embaraçada com o que tinha acontecido, mas eu tinha que admitir guardiões eram mais interessantes. Como é irônico que um grupo tão para trás tinha o discernimento para ensinar a todos a lutar, não importando sua raça. Enquanto isso, a minha próprio cultura esclarecida ainda se recusava a ensinar defesa.

— É por isso que Strigoi não os aborrecem — eu murmurei, lembrando o café da manhã. Eu nem percebi o que disse até o sorriso de Dimitri cair. Ele olhou para janela, a face sombria.

— Eu deveria checar com Boris de novo e ver o que eles encontraram — ele retrocedeu para Sydney. — Ele não vai demorar muito. Nós não temos a necessidade de ir. Eu deveria levar seu carro já que eu tenho poucas formas de ir? —

Ela encolheu os ombros e pegou suas chaves. Nós aprendemos mais cedo que o telefone Sydney poderia pegar um sinal de cerca de dez minutos a partir da vila.

Ele estava certo. Não havia realmente nenhuma razão para todos nós a ir para juntos para dar um rápido telefonema. Depois da minha luta, Sydney e eu estávamos razoavelmente seguras. Ninguém mexeria agora comigo. Ainda... eu não gostava da ideia de Dimitri reviver os dias de Strigoi sozinho.

— Você ainda deve ir, — eu disse a ela, pensando rápido. — Eu preciso checar Lissa. — Não era inteiramente mentira. O que meus amigos tinham ouvido falar de Joe, ainda estava pesando sobre mim — Eu normalmente poderia acompanhar o que está acontecendo ao meu redor, ao mesmo tempo, mas poderia ser melhor se você estivesse longe. Especialmente no caso de Alquimistas darem um show. —

Minha lógica estava falha, entretanto os colegas dela ainda eram uma preocupação.

— Duvido eles venham enquanto esta escuro. — ela disse — mas eu realmente não queria sair, se você estiver indo só para olhar para o espaço. — Ela não admitiu, e ela não precisava dizer nada, mas eu suspeitava que ela não queria outra pessoa dirigindo seu carro de qualquer maneira.

Dimitri pensou que sua vinda foi desnecessária e disse isso, mas, aparentemente, ele não se sentia como se ele pudesse mandar em torno dela, tanto como eu. Assim, ambos foram embora, deixando-me sozinha no quarto. Eu os observava melancolicamente. Apesar de quão irritante a zombaria anterior tinha sido, eu estava preocupada com ele. Eu tinha visto o efeito da última chamada e desejei que eu pudesse estar lá para confortá-lo. Eu tive uma sensação de que ele não teria permitido, assim que eu aceitei como uma pequena vitoria Sydney acompanha-lo. Com eles indo, eu decidi que eu realmente gostaria de verificar Lissa. Eu disse mais como uma desculpa, mas sinceramente, ela bateu — a alternativa de voltar e socialização. Eu não quero mais pessoas me dando parabéns, e, aparentemente, Joshua tinha lido meu e — talvez — e a aceitação da pulseira como um compromisso real. Eu ainda pensei que ele era devastadoramente bonito, mas não conseguia lidar com sua adoração.

Sentando de pernas cruzadas na cama de Angeline, eu me abri para o vínculo que Lissa e eu experimentávamos. Ela estava andando através da salas de um prédio eu não o reconheci primeiro. Um momento depois, eu tive a minha orientação. Era um prédio no Corte que abrigava um grande spa e salão de beleza, bem como o esconderijo de Rhonda a cigana. Parecia estranho que Lissa estaria indo para obter a sua fortuna contando, mas uma vez eu adquiri um olhar rápido dos companheiros dela, eu sabia que ela estava fazendo alguma outra coisa.

Os suspeitos usuais estavam com ela: Adrian e Christian. Meu coração pulou ao ver Adrian novamente, especialmente após o incidente de Joshua. Meu último sonho com espírito foi muito breve. Christian estava segurando a mão Lissa enquanto caminhavam, seu aperto quente e reconfortante. Ele parecia confiante e determinado, embora com o normalmente irónico meio sorriso dele. Lissa se sentia nervosa e estava claramente se preparando para alguma coisa. Eu podia sentir ela temendo sua próxima tarefa, mesmo que ela acreditava ser necessária.

— É isto? — perguntou ela, vindo a parar na frente de uma porta.

— Acho que sim — disse Christian. — A recepcionista disse que era a vermelha. —

Lissa hesitou só um momento e depois bateu na porta. Nada. Ou a sala estava vazia, ou que estava sendo ignorada. Ela levantou a mão de novo, e a porta se abriu. Ambrose estava ali, deslumbrante como sempre, mesmo em jeans e uma camiseta azul casual. As roupas abraçavam o corpo de uma forma que exibia todos os músculos. Ele poderia ter andado em linha reta fora a capa da GQ.

— Hey — ele disse, claramente surpreso.

— Hey — disse Lissa volta. — Ficamos pensando se poderíamos falar com você? —

Ambrose ligeiramente inclinada com a cabeça em direção ao quarto.

— Estou tipo ocupado agora. —

Além dele, Lissa podia ver uma mesa de massagem com uma mulher Moroi deitada de bruços. A metade inferior do seu corpo tinha uma toalha, mas suas costas estava nuas, brilhando na luz fraca com óleo. Velas perfumadas queimavam na sala, e uma espécie de calma música New Age tocava suavemente.

— Wow, — disse Adrian. — Você não perde tempo, não é? Ela está apenas em seu túmulo algumas horas, e voce já tem alguém novo. — Tatiana havia sido finalmente sepultada no início do dia, pouco antes do anoitecer. O enterro não teve alarde muito menos do que a tentativa original. Ambrose deu Adrian um olhar penetrante.

— Ela é minha cliente. Este é o meu trabalho. Você esquece que alguns de nós têm que trabalhar para viver. —

— Por favor, — perguntou Lissa, às pressas pisando na frente de Adrian. — Ele não vai demorar muito. —

Ambrose olhou para os meus amigos durante um momento e então suspirou. Ele olhou para trás. — Lorraine? Eu tenho que sair. É um mau estar, certo, daqui a pouco volto, ok?

— Okay — chamou a mulher. Ela mudou, de frente para ele. Ela era mais velha do eu estava esperado, quarenta anos mais ou menos. Eu acho que se você estivesse pagando por uma massagem, não havia nenhuma razão para não ter um massagista da sua idade. — Volte depressa. —

Ele deu um sorriso deslumbrante quando ele fechou a porta, um sorriso que logo caiu uma vez que ele estava sozinho com meus amigos. — Ok, o que está acontecendo? Eu não gosto da expressão de seus rostos. —

Ambrose tinha desviado radicalmente de uma vida normal de dhampir, mas ele tinha tido a mesma formação como qualquer guardião. Ele era observador. Ele estava sempre à procura de ameaças potenciais.

— Nós, uh, queríamos falar com você... — Lissa hesitou. Falando sobre as investigações e interrogatórios era uma coisa. Execução era outra. — Sobre o assassinato de Tatiana. —

Ambrose levantou as sobrancelhas. — Ah. Eu vejo. Não é certo que há a dizer, exceto que eu não acho que Rose o fez. Eu não acho que você acredite, apesar de o que está acontecendo ao redor. Todo mundo falando sobre como chocado e perturbado que você esta. Você recebendo um monte de simpatia ao longo. Tendo sido enganado por um amiga tão perigosa e sinistra. —

Lissa sentia o rubor nas bochechas dela. Me condenando publicamente e renunciando nossa amizade, Lissa estava mantendo-se longe de problemas. É tinha sido o conselho de Abe e Tasha e Lissa sabia que era só um rumor. No entanto, apesar de ter sido um ato, ela ainda se sentia culpada. Christian entrou a sua defesa.

— Cai fora. Não é disso que se trata... —

— O que é, então? — Perguntou Ambrose.

Lissa saltou, preocupada que Christian e Adrian poderiam perturbar Ambrose e tornar difícil de obter respostas. — Abe Mazur disse que, no tribunal, que você disse ou, uh, fez alguma coisa para Rose. —

Ambrose pareceu chocado, e eu tive que lhe dar pontos para ser convincente. — Alguma coisa? O que significa isso? Mazur acha que, eu como, bati nela na frente de todas essas pessoas? —

— Eu não sei — admitiu Lissa. — Ele só viu algo, isso é tudo. —

— Desejei-lhe boa sorte, — disse Ambrose, ainda a olhando ofendido. — Está bem assim? —

— Yeah, yeah, — Lissa fez questão de falar com Ambrose, antes, temendo Abe que poderia, usar métodos que implicaria ameaças e um monte de força física. Agora, ela estava se perguntando se ela estava fazendo um grande trabalho. — Olha, estava apenas tentando descobrir quem realmente matou a rainha. Você estava perto dela. Se há qualquer coisa, — qualquer coisa — tudo que você tem que pode nos ajudar, apreciaremos isto. Precisamos disso. —

Ambrose olhou curiosamente entre eles. Então, de repente ele compreendeu.

— Você acha que eu fiz isso! Isso é o que se trata. — Nenhum deles disse nada. — Eu não posso acreditar nisso! Eu já tenho isso de guardiões... mas de você? Eu pensei que você me conhecesse melhor. —

— Nós não sabemos de nada — disse Adrian categoricamente. — Tudo que sabemos é que tinha muita acesso à minha tia. — Ele apontou para a porta. — E obviamente, não demorou muito tempo para seguir em frente. —

— Perdeu a parte onde eu disse que é o meu trabalho? Eu estou dando a ela uma massagem, é isso. Nem tudo é sórdido e sujo. — Ambrose sacudiu a cabeça, frustração e passou a mão pelos seus cabelos castanhos. — Minha relação com Tatiana não estava suja também. Eu me preocupava com ela. Eu nunca faria nada para machucá-la. —

— Não… as estatísticas dizem que a maioria dos assassinatos ocorrem entre pessoas próximas? — perguntou Christian.

Lissa olhou para ele e Adrian. — Parem com isso. Ambos. — Ela olhou para Ambrose. — Não o acusamos de nada. Mas você estava muito ao seu redor. E Rose me disse que você estava chateado com a lei de idade. —

— Quando eu ouvi pela primeira vez sobre isso, sim, — Ambrose disse. — E mesmo assim, eu disse a Rose que havia algum erro, que deve haver algo que não sabia. Tatiana nunca teria posto em perigo os dhampirs sem uma boa razão. —

— Como tornar-se uma boa aparência na frente de todos os membros da realeza que estão apavorados? — perguntou Christian.

— Cuidado, — avisou Adrian. Lissa não conseguia decidir qual era mais chato: os dois caras se unindo contra Ambrose ou eles atirando farpas um com o outro.

— Não! — Ambrose a voz soou por todo o corredor estreito. — Ela não queria fazer isso. Mas se ela não fizesse, coisas piores estavam para acontecer. Há pessoas que queriam — e ainda querem — que de todos os dhampirs briguem ou vão obrigá-los. Tatiana passou a lei de idade como uma forma de parar isso. —

Fez-se silêncio. Eu já aprendi isso da nota de Tatiana, mas foi uma notícia chocante para os meus amigos. Ambrose continuou, vendo que ele tinha ganhado terreno.

— Ela estava realmente aberta a muitas outras opções. Ela queria explorar espírito. Ela aprovou os Moroi aprenderem a lutar.

Isso veio de uma reação de Adrian. Ele ainda usava aquela expressão sarcástica, mas eu também podia ver linhas ténues de dor e tristeza em seu rosto.

O enterro anterior deve ter sido duro com ele e ouvir outros revelar informações de que não tinha conhecimento sobre um ente querido, e devia machucar.

— Bem, obviamente eu não estava dormindo com ela como se fosse, — disse Adrian, — mas eu a conhecia muito bem, também. Ela nunca disse uma palavra sobre, ou qualquer coisa assim. —

— Não publicamente, — concordou Ambrose. — Nem mesmo reservadamente. Apenas algumas pessoas sabiam. Ela estava tendo um pequeno grupo de Moroi treinados em secreto — homens e mulheres, de diferentes idades. Ela queria ver como Moroi poderiam aprender. Se fosse possível para eles defenderem a si mesmos. Mas ela sabia que o povo ficaria chateado com ela, então ela fez o grupo e o seu treinador ficarem quietos. —

Adrian não deu nenhuma resposta a isto, e eu podia ver seus pensamentos tinham se voltado para dentro. Ambrose não era a revelação das novas notícias ruim, exatamente, mas Adrian ainda estava magoado com o pensamento de que sua tia mantinha com ele. Lissa, entretanto, estava comendo a notícia acima, agarrando e analisando cada pedaço de informação.

— Quem eram eles? Os Moroi sendo treinado? —

— Eu não sei — disse Ambrose. — Tatiana ficou em silêncio sobre isso. Eu nunca descobri seu nome, apenas seu instrutor. —

— Quem foi... ? — Solicitou Christian.

— Grant. —

Christian e Lissa trocaram olhares assustados. — Meu Grant? —perguntou ela. — O que Tatiana designou para mim? —

Ambrose concordou. — É por isso que ela lhe deu para você. Ela confiava nele. — Lissa não disse nada, mas eu ouvi seus pensamentos altos e claros. Ela ficou satisfeita e surpresa quando Grant e Serena —guardiões que tinham substituído Dimitri e eu — se ofereceram para ensinar Lissa e Christian movimentos de defesa basicos. Lissa tinha pensado, ela simplesmente tropeçou em um guardião de pensamento progressista, não percebendo que ela tinha um dos pioneiros no ensino de combate Moroi.

Alguma parte disso era importante, ela e eu estávamos certas, embora nenhum de nós poderia fazer a conexão. Lissa confundiu ele mais, e não protestou quando Adrian e Christian jogaram em algumas questões da sua própria autoria. Ambrose foi ainda claramente ofendido pela inquisição, mas ele respondeu a tudo com paciência forçada. Ele tinha álibi, e seu carinho e respeito por Tatiana nunca vacilou. Lissa acreditou nele, apesar de Christian e Adrian ainda pareciam céticos.

— Todo mundo foi em cima de mim sobre a sua morte, disse Ambrose — mas ninguém questionou Blake muito tempo. —

— Blake? — perguntou Lissa.

— Blake Lazar. Alguém que ela era... —

— Envolvida com…? — Sugeriu Christian, revirando os olhos.

— Ele? — Adrian exclamou com desgosto. — De jeito nenhum. Ela não iria tão baixo. —

Lissa acumulou seu cérebro por meio da família Lazar, mas não poderia reconhecer o nome. Havia apenas muitos deles. — Quem é ele? —

— Um idiota — disse Adrian. — Me faz ser visto como um membro íntegro da sociedade. —

Isso realmente trouxe um sorriso ao rosto de Ambrose. — Eu concordo. Mas ele é um idiota bonito, e Tatiana gostava disso. — Ouvi carinho em sua voz quando ele falou o nome dela.

— Ela estava dormindo com ele também? — Lissa perguntou. Adrian fez uma careta ao falar da vida sexualidade sua tia-avó, mas um novo mundo de possibilidades se abriram. Mais amantes significava mais suspeitos. — Como você se sentia sobre isso? —

A diversão de Ambrose desapareceu. Ele lhe deu um olhar afiado.

— Não ciumento o suficiente para matá-la, se isso for o onde você está querendo chegar. Tivemos uma compreensão. Ela e eu estávamos perto sim, — envolvidos — mas ambos víamos outras pessoas também. —

— Espere — disse Christian. Tive a sensação de que ele estava realmente gostando disso agora. Tatiana assassinada não era brincadeira, mas foi uma telenovela definitivamente, que se desenrolava perante eles. — Você estava dormindo com outras pessoas também? Isso está ficando difícil de acompanhar. —

Não para Lissa. Na verdade, ele estava se tornando cada vez mais claro que o assassinato de Tatiana poderia ter sido um crime passional, ao invés de política. Como Abe havia dito, alguém com acesso ao seu quarto era um provável suspeito. E uma mulher ciumenta mais partilhava de um amante com Tatiana? Esse foi talvez o motivo mais convincente até agora, — se soubéssemos as mulheres.

— Quem? — Lissa perguntou. — Quem mais você está vendo? —

— Ninguém que queria matá-la, — disse Ambrose severamente. — Eu não estou dando-lhe nomes. Eu tenho direito a alguma privacidade, — elas também tem. —

— Não, se um deles estava com ciúmes e matou a minha tia — rosnou Adrian. Ambrose olhou para baixo, — Adrian pode não me proteger — mas naquele momento, defendendo o honra da tia dele, ele olhou tão feroz quanto qualquer guardião ou guerreiro. Era amável — sexy. —

— Nenhum deles a matou, tenho certeza — disse Ambrose. — E tanto quanto eu o desprezo, eu não acho que foi Blake também . Ele não é inteligente suficiente para retirá-lo e armar para Rose. — Ambrose fez um gesto para a porta. Seus dentes estavam cerrados, e as linhas de frustração marcando sua rosto bonito. — Olha, eu não sei o que mais eu posso dizer para convencê-lo. Eu preciso voltar para lá. Eu desculpe se eu pareço difícil, mas isto foi um pouco difícil para mim, ok? Acredite em mim, eu adoraria se você pudesse descobrir quem fez isso com ela. —

Dor brilhou através de seus olhos. Ele engoliu em seco e olhou para baixo por um momento, como se ele não quisesse que eles soubessem o quanto ele tinha se preocupado com Tatiana. Quando ele olhou para cima novamente, sua expressão era feroz e determinada de novo. — Eu quero e ajudarei se puder. Mas eu estou dizendo a você, procure alguém com motivos políticos. Não romance. —

Lissa ainda tinha um milhão de perguntas. Ambrose poderia ser convencido de que o assassinato era livre de ciúmes e sexo, mas ela não estava. Ela teria realmente gostado do nome de sua outra mulher, mas não quis forçar muito. Por um momento, ela considerou compulsão como ela tinha feito com Joe. Mas não. Ela não ia cruzar alinha novamente, especialmente com alguém que ela considerava um amigo. Pelo menos ainda não.

— Okay. — disse ela com relutância. — Obrigado. Obrigada por nos ajudar. — Ambrose pareceu surpreso com sua delicadeza, e seu rosto suavizou.

— Vou ver se posso desenterrar qualquer coisa para ajudá-la. Eles estão mantendo seus quartos e bens bloqueados, mas eu poderia ainda ser capaz de chegar lá. Vou deixar que você saiba.

Lissa sorriu verdadeiramente grata. — Obrigada. Isto seria ótimo. —

Um toque no meu braço me trouxe de volta para a sala muito monótona em West Virginia. Sydney e Dimitri estavam olhando para mim.

— Rose? — perguntou Dimitri. Eu tive um sentimento que este não era a primeira vez que ele tinha tentado chamar a minha atenção.

— Hey, — eu disse. Pisquei algumas vezes, fixando-me de volta para esta realidade. — Vocês estão volta. Você chamou o Strigoi? —

Ele não reagiu visivelmente com a palavra, mas eu sabia que ele detestava ouvi-la. — Sim. Eu tenho contato com Boris. —

Sydney abraçou a si mesma. — Conversa louca. Alguma disso estava em inglês. Foi ainda mais assustador do que antes. —

Estremeci involuntariamente, contente que eu perdi isto. — Mas você descobriu alguma coisa? —

— Boris me deu o nome de um Strigoi que conhece Sonya e provavelmente sabe onde ela está — Dimitri disse. — Este alguém esta realmente satisfeito. Mas o telefone é o único que vai tão longe com Strigoi. Não há nenhuma maneira de contatá-lo, exceto para ir em pessoa. Boris tinha apenas seu endereço. —

— Onde ele está? — Eu perguntei.

— Lexington, Kentucky — .

— Oh pelo amor de Deus, — eu gemia. — Por que não as Bahamas? Ou o Palácio de Milho? —

Dimitri tentou esconder um sorriso. Poderia ter sido à minha custa, mas se eu atenuava o seu humor, eu estava grata. — Se sairmos agora, nós podemos alcançá-lo antes do amanhecer. —

Olhei ao redor. — Escolha difícil. Deixar tudo isso para a electricidade e canalização?

Agora Sydney sorriu. — E não há mais propostas de casamento. —

— E bem provavelmente terá de lutar contra Strigoi, — acrescentou Dimitri.

Eu pulei para os meus pés. — Quando podemos ir? —

 

Os Protectores tiveram reacções diferentes ao irmos embora. Eles estavam geralmente contentes de ver os estranhos a ir embora, especialmente desde que nós tivemos Sydney com a gente. Mas depois da luta, eles me mantinham como uma espécie de super-herói e ficaram encantados com a ideia de me casar na sua família. Vendo-me em acção significou que algumas mulheres estavam começando a andar de olho no Dimitri também. Eu não estava com vontade de vê-las paquerar com ele, principalmente porque, de acordo com suas regras de namoro, eu teria, aparentemente, que ser a única a batalhar com qualquer perspectiva noiva.

Naturalmente, nós não contamos aos Protectores nossos exactos planos, mas fizemos menção que nós tínhamos provavelmente encontrando Strigoi, contudo, causou uma reacção. A maior parte dessa reacção foi emoção e temor, que continuou a aumentar a nossa reputação como guerreiros ferozes. A resposta da Angeline, no entanto, foi totalmente inesperada.

— Me leve com você, — disse ela, agarrando meu braço, quando eu comecei a descer o caminho da floresta em direcção ao carro.

— Desculpe, — eu disse, ainda a estranhar um pouco depois de sua hostilidade anterior. — Temos que fazer isso sozinhos. —

— Eu posso ajudar! Você me bateu… mas você viu o que eu posso fazer. Eu estou bem. Eu poderia pegar um Strigoi. —

Por toda a ferocidade dela, eu sabia que Angeline não tinha uma pista sobre com o que ela enfrentaria de frente se ela encontrasse um Strigoi. Os poucos Protectores, que apresentavam marcas molnija falaram pouco sobre os encontros, rostos graves. Eles entendiam. Angeline não. Ela também não percebia que qualquer novato em St. Vladimir na escola secundária provavelmente poderia levá-la para fora. Ela tinha potencial bruto, é verdade, mas era necessário muito trabalho.

— Você pode ser capaz, — eu disse, não querendo magoá-la. — Mas não é apenas possível para você vir connosco. — Gostaria de ter mentido e dar-lhe uma vaga. — Talvez algum dia, — mas desde que levaram Joshua a pensar que eram semi-contratados, eu decidi melhor não.

Eu esperava mais ostentação de suas proezas de batalha. Nós sabíamos que ela era considerada como uma das melhores lutadoras jovens no complexo, e com a beleza dela, tinha muitos admiradores também. Um lote de que tinha ido a sua cabeça, e ela gostava de falar sobre como ela poderia vencer qualquer um ou qualquer coisa. Mais uma vez, me lembrei de Jill. Jill também tinha muito a aprender sobre o verdadeiro significado da batalha, mas foi ainda ansiosa para saltar dentro. Ela era mais calma e mais cautelosa do que Angeline, embora, assim a próxima direcção da Angeline me pegou desprevenida.

— Por favor. Não é apenas Strigoi! Eu quero ver o mundo. Eu preciso ver alguma coisa fora deste lugar! — Sua voz era aguda, mas baixa, fora do alcance dos outros. — Eu estive apenas em Rubysville duas vezes, e dizem que isso é nada em comparação com outras cidades. —

— Não é, — eu concordei. Eu nem considerava uma cidade.

— Por favor, — ela pediu novamente, desta vez com a voz trémula. — Me leve com você. —

De repente, senti-me triste por ela. Seu irmão também tinha mostrado um pouco de desejo para o mundo exterior, mas nada como isto. Ele tinha brincado que um pouco de electricidade seria bom, mas eu sabia que ele estava bastante feliz sem as regalias do mundo moderno. Mas para Angeline, a situação era muito mais desesperadora. Eu também sabia o que era me sentir presa na vida de alguém e foi legitimamente desculpa para o que eu tinha a dizer.

— Eu não posso, Angeline. Temos que ir por conta própria. Desculpa. A serio mesmo. —

Seus olhos azuis brilharam, e ela correu para dentro da floresta antes que eu pudesse vê-la chorar. Eu me senti horrível e depois que não poderia parar de pensar nela quando fizemos a nossa despedida. Eu estava tão distraída, que até dei um abraço de despedida ao Joshua.

Voltar para a estrada era um alívio. Eu estava feliz de estar longe dos Protectores e estava pronta para entrar em acção e começar a ajudar Lissa.

Lexington foi o nosso primeiro passo. Tivemos uma viagem de seis horas à frente de nós, e Sydney, por costume, parecia inflexível que ninguém mais ia a conduzir o carro dela. Dimitri e eu fizemos protestos inúteis, finalmente desistimos quando percebemos que se iríamos estar a enfrentando Strigoi logo, era provavelmente melhor descansar e preservar a nossa força.

O endereço para Donovan — o Strigoi que supostamente sabia onde estava Sonya — era só onde ele poderia ser encontrado à noite. Isso significava que tínhamos de ir para Lexington antes do sol nascer, para não o perder quando ele for para sua toca durante o dia. Significa também que teríamos uma reunião com Strigoi no escuro. Certos de que pouco poderia acontecer na estrada — especialmente uma vez que estávamos fora da Virgínia Ocidental — Dimitri e eu concordamos que poderíamos dormir um pouco, visto que nenhum de nós teve totalmente noites de sono.

Mesmo que o embalo do carro fosse calmante, eu entrava e saia do sono agitado. Depois de algumas horas nisso, eu simplesmente fixei-me no estado de transe que me levou a Lissa. Foi uma coisa muito boa: Eu tinha tropeçado em um dos maiores eventos de adorno dos Moroi. O processo de nomeação para eleger o novo rei ou rainha estava prestes a começar. Foi o primeiro de muitos passos, e todo mundo estava animado, dado como as eleições monarca raras realmente eram. Este foi um evento de que nenhum dos meus amigos esperava ver tão cedo em nossas vidas, e considerando os últimos acontecimentos… bem, todos nós tínhamos interesse especial. O futuro dos Moroi estava em jogo aqui.

Lissa estava sentada na borda de uma cadeira em um dos salões de baile real, um enorme espaço amplo com tectos abobadados e ouro detalhando todos os lugares. Eu tinha estado nesta sala deslumbrante antes, com seus murais e moldagem elaborada. Lustres brilharam acima. Tinham realizado o almoço de pós-graduação, onde os guardiões colocavam seus melhores rostos e esperavam com esperança de atrair uma atribuição boa.

Agora, a sala estava organizada como a sala do Conselho, com uma longa mesa de um lado da sala que foi criada com doze cadeiras. Oposto á mesa estavam fileiras e mais fileiras de cadeiras onde o público se sentava quando o Conselho estava em sessão. Excepto que, agora, havia cerca de quatro vezes mais cadeiras, do que o costume, o que provavelmente explica a necessidade desta sala. Cada cadeira estava cheia. Na verdade, as pessoas estavam até mesmo em pé, apinhando-se da melhor forma possível. Agitados guardiões andavam por entre a multidão, mantendo-os fora das portas e certificando-se que os espectadores estavam dispostos de modo a permitir uma maior segurança.

Christian se sentou em um lado de Lissa, e Adrian sentou ao lado de Christian. Para minha agradável surpresa, Eddie e Mia sentaram-se na mesa também. Mia era uma nossa amiga Moroi que tinha estado em St. Vladimir e foi quase tão hardcore, como Tasha sobre a necessidade dos Moroi se defenderem. Meu querido pai não estava à vista. Nenhum deles falou. A conversa teria sido difícil entre o zumbido e cantarolar de tantas pessoas e, além disso, meus amigos estavam muito impressionados com o que estava prestes a acontecer. Havia tanto para ver e experimentar, e nenhum deles havia percebido o quão grande seria a multidão. Abe disse que muitas coisas se moveriam rapidamente, uma vez o funeral da Tatiana, e certamente que foram.

— Você sabe quem eu sou? —

Uma voz chamou a atenção da Lissa, num tom um pouco carregado acima do barulho. Lissa olhou para baixo da linha, alguns lugares longe de Adrian.

Dois Moroi, um homem e uma mulher, sentaram-se lado a lado e foram olhando para uma mulher com muita raiva. Suas mãos estavam na cintura, e o vestido de veludo cor-de-rosa que ela usava parecia estranho ao lado do casal de jeans e camisetas. Também não ia para segurar tão bem quando ela pisou fora do ar condicionado.

Um clarão torceu-lhe o rosto. — Eu sou Marcella Badica — . Quando isso não obteve uma reacção do casal, ela acrescentou, — Príncipe Badica é meu irmão e a nossa outra rainha era minha terceira prima de segundo grau. Não há lugares à esquerda, e alguém como eu, não pode estar contra a parede com o resto da multidão. —

O casal trocou olhares. — Eu acho que você deveria ter chegado aqui mais cedo, Lady Badica, — disse o homem.

Marcella se abriu em indignação. — Não acabou de ouvir quem eu sou? Você não sabe quem são seus superiores? Eu insisto que você desista de seus lugares. —

O casal ainda parecia imperturbável. — Esta sessão é aberta a todos, e lá não estavam atribuídos lugares, da última vez que verifiquei. — Disse a mulher. — Temos o direito ao nosso, tanto quanto você. —

Marcella voltou-se para o guardião ao lado dela na indignação. Ele deu de ombros. Seu trabalho era protegê-la de ameaças. Ele não ia expulsar outras pessoas de suas cadeiras, especialmente quando eles não estavam quebrando todas as regras. Marcella deu um arrogante humph antes de se virar bruscamente e seguir afastando-se, sem dúvida, para perturbar outra pobre alma.

— Isto, — disse Adrian, — vai ser agradável. —

Lissa sorriu e voltou a estudar o resto da sala. Como ela, eu me dei conta de algo surpreendente. Eu não poderia dizer exactamente quem era quem, mas a multidão não era composta exclusivamente por membros da realeza, como a maioria das sessões do Conselho foram. Havia toneladas de plebeus, como o casal sentado perto de meus amigos. A maioria dos Moroi não se incomodava com a Corte. Eles estavam no mundo, vivendo suas vidas e tentando sobreviver, enquanto a realeza andava em torno da Corte e faziam leis. Mas não hoje. Um novo líder ia ser escolhido, e era de interesse para todos os Moroi.

O burburinho e caos continuaram por um tempo até que um dos guardiões declarou finalmente a sala de estar completa. Aqueles que estavam de fora ficaram indignados, mas seus gritos foram rapidamente silenciados quando os guardas fecharam as portas, lacrando o salão de baile. Pouco tempo depois, os onze membros do Conselho tomaram seus assentos, e para minha surpresa, o pai do Adrian, Nathan Ivashkov, assumiu a décima segunda cadeira. O arauto da Corte gritou e chamou a atenção de todos. Ele era alguém que foi escolhido por causa de sua voz marcante, embora eu sempre perguntei por que eles não usavam um microfone nestas situações. Mais tradições do mundo antigo, supus. Isso, e excelente acústica.

Nathan falou uma vez e a sala se acalmou. — Na ausência de nossa amada rainha… — Fez uma pausa olhando melancolicamente para oferecer um momento de respeito, antes de continuar.

Em qualquer outra pessoa, eu poderia ter suspeitado que seus sentimentos eram falsos, principalmente depois de vê-lo rastejar tanto na frente de Tatiana. Mas não. Nathan tinha amado a tia espinhosa quanto Adrian tinha.

— E na esteira dessa terrível tragédia, eu vou estar moderando o processo de eleições. —

— O que eu te tinha dito? — Murmurou Adrian. Ele não tinha nenhum vago afecto pelo seu pai. — Agradável. —

Nathan falou um pouco sobre a importância do que estava por vir e alguns outros pontos sobre a tradição Moroi. Era óbvio, no entanto, que como eu, todos na sala realmente queria chegar até o evento principal: as nomeações. Ele pareceu perceber isso também e acelerou as formalidades. Finalmente, ele foi para as coisas boas.

— Cada família, se quiserem, podem ter um candidato para a coroa e que irão fazer os testes que todos os monarcas têm sofrido desde o início dos tempos. — Pensei que desde o inicio dos tempos era provavelmente um pouco ousado verificando exagero, mas enfim.

— A única exclusão é os Ivashkovs, uma vez que os monarcas consecutivos da mesma família não são permitidos. Para candidatura, três nomeações são exigidas aos Moroi de sangue real e idade adequada. — Ele então acrescentou algumas coisas sobre o que aconteceu no evento em mais de uma pessoa foi nomeada a partir de uma mesma família, mas mesmo eu sabia que as chances de isso acontecer eram inexistentes. Cada casa real queria obter a melhor vantagem aqui, e isso envolveria uma posição unificada por um candidato.

Satisfeito de que todos entendiam, Nathan balançou a cabeça e fez um gesto grandioso para o público.

— Vamos começar as nomeações. —

Por um momento, nada aconteceu. É do género de quando eu andava na escola e um professor dizer algo como: — Quem gostaria de apresentar seu primeiro trabalho? — Tipo todos esperavam que alguém começasse as coisas, e finalmente, aconteceu.

Um homem que eu não reconheci levantou-se. — Nomeio Princesa Ariana Szelsky. —

Ariana, como princesa, sentou-se ao Conselho e foi uma escolha esperada. Ela deu um aceno cortês para o homem. Um segundo homem, presumivelmente de sua família, também se levantou e deu a segunda nomeação. A terceira e última indicação veio de um outro Szelsky — e um muito inesperado. Ele era o irmão da Ariana, um viajante do mundo que quase nunca estava na Corte, e também o homem protegido da minha mãe. Janine Hathaway estava provavelmente nesta sala, percebi. Eu queria que Lissa olhasse em volta e encontrá-la, mas era demasiado Lissa focada no processo. Após eu passar por tudo isto, de repente eu tinha um desejo desesperado de ver minha mãe.

Com três nomeações, declarou Nathan, — Princesa Ariana Szelsky está inscrita como candidata. — Ele rabiscou algo em um pedaço de papel na frente dele, com seus movimentos cheios de florescer.

— Continuem. —

Depois disso, as nomeações vieram em rápida sucessão. Muitos eram príncipes e princesas, mas outros eram respeitados — e ainda altos-membros das famílias. O candidato Ozera, Ronald, não era o membro da família do Conselho, nem era alguém que eu conhecia. — Ele não é um dos candidatos ideais da tiaTasha, — Christian murmurou para Lissa. — Mas ela admite não ser um idiota. —

Eu não sei muito sobre a maioria dos outros candidatos também. Um casal, como Ariana Szelsky, eu tive uma boa impressão. Houve também a identificação de um casal que sempre achei revoltante. O décimo candidato foi Rufus Tarus, primo da Daniella. Casada com um Ivashkovs ela pertencia á família Tarus e parecia muito contente por ver o seu primo declarado como nomeado.

— Eu não gosto dele, — disse Adrian, fazendo uma careta. — Ele está sempre me dizendo para fazer algo útil com minha vida. —

Nathan escreveu por baixo o nome Rufus e depois enrolou o papel como um pergaminho. Apesar da aparência de costumes antigos, eu suspeitava de um secretário na audiência estava digitando tudo que está sendo dito aqui em um laptop.

— Bem, — declarou Nathan, — Conclui-se… —

— Nomeio Princesa Vasilisa Dragomir. —

Lissa sacudiu a cabeça para a esquerda, e através de seus olhos, eu reconheci uma figura familiar. Tasha Ozera. Ela se levantou e falou as palavras em voz alta e confiante, olhando ao redor com os olhos azul-gelo, como se alguém se atrever a discordar.

A sala gelou. Não sussurros, não mudando em cadeiras. Apenas o silêncio total e completo. A julgar pelas caras, a família do candidato Ozera foi o segundo mais admirado na sala por ouvir Tasha falar. O primeiro, naturalmente, foi Lissa.

Levou um momento para que a boca de Nathan trabalhar. — Isso não é… —

Ao lado de Lissa, Christian, de repente levantou-se.

— Eu dou a segunda nomeação. —

E antes que Christian tinha sequer sentado, Adrian estava em seus pés.

— Eu confirmo a nomeação. —

Todos os olhos na sala estavam em Lissa e seus amigos, e então, como uma, a multidão voltou-se para Nathan Ivashkov. Mais uma vez, ele parecia ter problemas para encontrar sua voz.

— Isso, — ele conseguiu, finalmente, — não é uma nomeação legal. Devido à sua posição actual do Conselho, a linha de Dragomir é, lamentavelmente, não elegível a apresentar um candidato. —

Tasha, que nunca tem medo de falar em uma multidão ou assumindo probabilidades impossíveis, pulou de volta. Eu poderia dizer que ela estava ansiosa para isso. Ela era boa a fazer discursos e a desafiar o sistema. — Nomeação para monarca não precisa de uma posição do Conselho ou de um quórum para concorrer ao trono. —

— Isso não faz sentido, — disse Nathan. Houve murmúrios de concordância.

— Confira os livros da lei, Nate, quero dizer, Senhor Ivashkov. — Sim, lá estava ele finalmente. Meu pai cheio de tacto entrou na conversa. Abe estava encostado em uma parede perto da entrada, esplendidamente vestido em um terno preto com camisa e gravata que eram exactamente o mesmo tom de verde esmeralda. Minha mãe ficou ao lado dele, o menor indício de um sorriso em seu rosto. Por um momento, eu fascinei quando estudei-os lado a lado. Minha mãe: perfeita imagem de excelência da guarda e decoro. Meu pai: sempre capaz de atingir seus objectivos, não importa o quanto significa a torcida.

Inquieta, comecei a entender como eu tinha herdado a minha personalidade bizarra.

— Os candidatos não têm nenhuma exigência em matéria de quantas pessoas estão na sua família, — prosseguiu Abe jovialmente. — Eles só precisam de três nomeações real a ser confirmada. —

Nathan fez um gesto furioso em direcção a onde o seu próprio filho desobediente e Christian estavam. — Eles não são de sua família! —

— Eles não precisam ser, — rebateu Abe. — Eles só precisam de ser de uma família real. Eles são. Sua candidatura está dentro da lei… desde que a princesa aceite. —

Todas as cabeças giraram em direcção a Lissa agora, como se fossem de repente apenas a observando. Lissa tinha-se contraído desde que os acontecimentos surpreendentes começaram. Ela estava em choque. Seus pensamentos pareciam mover-se rápido e lentos. Parte dela não poderia mesmo começar a processar o que estava acontecendo ao seu redor. O resto de sua mente estava girando com perguntas.

O que estava acontecendo? Foi uma piada? Ou talvez um espírito de alucinação induzida? Se ela tivesse finalmente enlouquecido? Ela estava sonhando? Era um truque? Em caso afirmativo, por que seus amigos foram os únicos a fazê-lo? Por que fariam isso com ela? E pelo amor de Deus, todos iriam parar de olhar para ela?

Ela podia lidar com a atenção. Ela tinha nascido e sido criada com aquilo, e como Tasha, Lissa poderia abordar uma multidão e transformar em negritas declarações, quando ela apoiou e foi preparada. Nenhuma destas coisas se aplicava a esta situação. Aquilo era muito bonito e a última coisa no mundo que ela esperava ou desejava. E assim, ela não poderia trazer-se a reagir ou até mesmo a considerar uma resposta. Ela permaneceu onde estava, em silêncio e em estado de choque.

Então, alguma coisa agarrou-a de seu transe. A mão de Christian. Ele tomou as suas, envolvendo seus dedos com os dela. Deu-lhe um aperto suave, e o calor e a energia que ele enviou a trouxe de volta à vida. Lentamente, ela olhou ao redor da sala, encontrando os olhos daqueles que estavam a olhar para ela. Ela viu o determinado olhar de Tasha, o olhar astuto do meu pai, e até mesmo a minha expectativa mãe. Essa última provou mais surpreendente de todos. Como poderia Janine Hathaway, que sempre fez o que era direito e mal podia contar uma piada, vai junto com isso? Como poderia qualquer um dos amigos da Lissa estar indo junto com isso? Ninguém a ama ou se preocupam com ela?

Rose, ela pensou. Eu queria que você estivesse aqui para me dizer o que fazer.

Eu também. Condenadas a uma ligação unidireccional.

Ela confiou em mim mais do que ninguém no mundo, mas ela percebeu então que ela confiava em todos estes amigos muito bem, excepto Abe, talvez, mas isso era compreensível. E se eles estavam fazendo isso, certamente, havia uma razão, certo?

Certo?

Não fazia sentido para ela, no entanto, Lissa sentiu suas pernas se moverem quando ela levantou-se. E apesar do medo e confusão ainda estar sendo executado, ela encontrou sua voz, inexplicavelmente, clara e confiante em que ecoou pela sala.

— Eu aceito a nomeação. —

 

EU NÃO GOSTO DE VER Victor Dashkov estar certo. Mas, oh, ele sempre estava.

Com a proclamação de Lissa, a sala que estava segurando a respiração, de repente explodiu. Eu me perguntei se alguma vez, na história Moroi, já existiu uma sessão do Conselho pacifica, ou se por coincidência eu só entro nas que são controversas. O que estava acontecendo hoje me lembrou muito do dia em que o decreto sobre a idade dos dhampirs foi aprovado. Gritaria, argumentos, pessoas fora de suas cadeiras... Guardiões que normalmente cobriam as paredes e assistiam, estavam juntos com os outros, com olhar de preocupação em seus rostos enquanto eles se preparam para qualquer disputa que possa ir além de palavras.

Tão rápido quanto Lissa estava no centro de tudo, a sala pareceu se esquecer dela. Ela se sentou de novo, e Christian achou a sua mão novamente. Ela apertou a mão dele bem forte, tão forte que eu me perguntei se ela tinha cortado a circulação dele. Ela olhou diretamente para frente, ainda vacilando. A mente dela não estava focada em todo aquele caos, mas tudo que seus olhos e ouvidos percebiam vinha para mim. Sério, a única atenção que meus amigos receberam foi quando Daniella chegou e repreendeu Adrian por nomear alguém de fora de sua família. Ele deu de ombros em seu modo costumeiro, e ela bufou percebendo — como muitos de nós — que não tinha realmente uma razão em tentar argumentar com Adrian.

Você pensaria que em uma sala onde todo mundo estava brigando para impor vantagens para sua própria família, cada pessoa estaria argumentando que a nomeação de Lissa era inválida. Esse não era o caso, no entanto — particularmente por que nem todo mundo na sala era da realeza. Assim como eu notei mais cedo, Moroi de todo o mundo vieram para testemunhar os acontecimentos que iriam determinar o seu futuro. E um bom número deles estava vendo essa garota Dragomir com interesse, essa princesa de uma linhagem que estava morrendo e que alegava fazer milagres. Eles não foram vorazmente entoando seu nome, mas muitos ficaram no meio dos argumentos, dizendo que ela tinha todo o direito de representar sua família. Parte de mim também suspeitou que alguns dos — suportes comuns — simplesmente gostavam da ideia de frustrar a agenda real.

O jovem casal que tinha sido assediado por Lady Badica não foram os únicos que foram diminuídos por seus — superiores. — Surpreendentemente, havia alguns membros da realeza apoiando Lissa também. Eles podem ser leais a suas próprias famílias, mas nem todos eram cúmplices sem coração e egoístas. Muitos tinham um senso de certo e errado — e se Lissa tinha a lei do lado dela, então ela estava certa. E muitos membros da realeza simplesmente gostavam e respeitavam ela. Ariana foi uma pessoa que advogou para a nomeação de Lissa, alem de que a competição que isso criou. Ariana sabia bem a lei e sem dúvida percebeu que a mesma brecha que permitiu Lissa competir, também não deixaria acontecer quando a época de eleição chegar. Ainda assim, Ariana manteve sua posição, o que me fez gostar dela ainda mais. Quando a votação realmente chegar, eu espero que Ariana ganhe a coroa. Ela é inteligente e justa — exatamente o que os Moroi precisam.

Claro que Ariana não era a única que conhecia a lei. Outros perceberam a brecha e argumentaram a nomeação de um candidato que ninguém podia votar por se inútil. Normalmente, eu concordaria com eles. E o debate durou enquanto os meus amigos ficaram quietos sentados no olho do furacão. No final, o assunto foi resolvido da forma que a maioria das decisões devem ser tomadas: através do voto. Com Lissa ainda negando o seu lugar no Conselho, deixou apenas onze membros para determinar o seu futuro. Seis deles aprovaram a sua candidatura, fazendo isso oficial. Ela poderia concorrer. Eu suspeitei que alguns daqueles que votaram a favor, não queria que ela realmente concorresse, mas os respeito deles pela lei prevaleceu.

Muitos Moroi não ligavam para o que o Concelho dizia. Eles deixaram claro que consideraram o assunto longe do fim, provando o que Victor havia dito: isso iria fazer eles ficarem furiosos por um tempo, e iria piorar se ela realmente passar nos testes e chegar à fase de votação. Por agora, a multidão se dispersou, parecendo aliviada — não só por que eles queria escapar da gritaria, mas também por que eles queriam espalhar as noticias sensacionais.

Lissa continou falando pouco enquanto ela e nossos amigos saiam. Passando pelos curiosos ela era o modelo de realeza e calma, como se ela já tivesse sido declarada rainha. Mas quando ela finalmente escapou de tudo aquilo e estava de volta no quanto dela com os outros, um olhando para o outro, sentimentos congelados explodiram.

Junto com Adrian, Christian e Eddie, o resto dos conspiradores se mostrou: Tasha, Abe e minha mãe. Todos eles estavam tão aturdidos por essa reação vindo da doce Lissa que nenhum deles poderia responder agora. Lissa tomou vantagem do silêncio deles.

— Você armou para mim! Você me colocou no meio de um pesadelo político! Você acha que eu quero isso? Você realmente acha que eu quero ser rainha? —

Abe se recuperou primeiro, naturalmente.

— Você não será rainha — ele disse, com a voz estranhamente calma. — As pessoas discutindo sobre a outra parte da lei estão certas: ninguém pode realmente votar em você. Você precisa de uma família para isso. —

— Então qual é o ponto? — ela exclamou. Ela estava furiosa. Ela tinha todo o direito de estar. Mas aquela indignação, aquela raiva... isso foi alimentado por alguma coisa pior do que essa situação sozinha. Espírito estava vindo para reclamar o seu preço e torná-la ainda mais chateada do que ela estaria.

— O ponto — disse Tasha — é toda aquela loucura que você viu na sala do Conselho. Para cada argumento, para cada vez que alguém arrasta um dos livros de direito para fora novamente, temos mais tempo para salvar Rose e descobrir quem matou Tatiana. —

— Quem quer que tenha feito isto, tem que ter algum interesse no trono — explicou Christian. Ele colocou a mão no ombro de Lissa e ela se afastou. — Ou para eles mesmos ou para alguém que eles conhecem. Quanto mais nós atrasarmos o plano deles, mais tempo nós vamos ter para descobrir quem é. —

Lissa passou as mãos pelos seus longos cabelos em frustração. Tentei puxar o rolo de fúria dela, pegá-lo para mim. Eu consegui um pouco, o bastante para ela deixar as mãos caírem ao lado do corpo. Mas ela ainda estava brava.

— Como que eu posso procurar pelo assassino se eu vou estar lá fazendo todos aqueles testes estúpidos? — ela exigiu.

— Você não vai estar procurando. — Abe disse. — Nós vamos. —

Os olhos dela se alargaram. — Isso nunca foi parte do plano! Eu não vou pular nos aros reais enquanto a Rose precisa de mim. Eu quero ajudá-la! —

Isso foi quase cômico. Quase. Nem Lissa nem eu podemos — ficar quietas — quando nós pensamos que a outra precisa de nossa ajuda. Nós queremos estar lá fora, ativamente fazendo o que podemos para consertar a situação.

— Você está a ajudando, — disse Christian, sua mão se contraiu, mas ele não tentou a tocar de novo. — é de um jeito diferente daquele que você esperava, mas no final, vai acabar ajudando-a. —

O mesmo argumento que todo mundo estava usando comigo. Também a fez ficar tão nervosa quanto eu fiquei, e eu desesperadamente puxei a onde de instabilidade de espirito que ficava passando por ela.

Lissa olhou em volta da sala, um olhar acusatório em seu rosto.

— Quem no mundo pensou nessa ideia? — Mais silencio incomodo encheu a sala.

— Foi a Rose, — disse Adrian afinal.

Lissa se virou e o encarou.

— Ela não fez! Ela não faria isso comigo! —

— Ela fez, — ele disse. — Eu falei com ela num sonho. Foi ideia dela, e... foi uma muito boa. — Eu realmente não gostei de como isso pareceu ser uma surpresa para ele. — Além disso, você meio que a colocou numa situação ruim também. Ela continua falando em quanto a cidade que ela esta é uma droga. —

— Okay, — estalou Lissa, ignorando a parte sobre minha situação. — Supondo que seja verdade, que Rose passou essa ideia — brilhante — para você, então porque ninguém se incomodou em contar para mim? Vocês não acham que um pequeno aviso iria ajudar? — de novo, isso era exatamente como eu fiquei reclamando sobre o meu resgate ter sido mantido sobre segredo para mim.

— Não realmente, — disse Adrian. — Nós imaginamos que você agiria exatamente assim e que planejaria uma recusa. Nós meio que imaginamos que se você fosse pega desprevenida, você aceitaria. —

— Isso foi um pouco arriscado, — ela disse.

— Mas funcionou, — foi a resposta dura de Tasha. — Nós sabíamos que você iria nos ajudar. — Ela piscou. — E pelo que importa, eu acho que você daria uma ótima Rainha. —

Lissa deu um olhar afiado para ela, e eu fiz mais um esforço para tirar um pouco da escuridão. Eu me concentrei naqueles sentimentos agitados, imaginando eles em mim em vez dela. Eu não tirei tudo mas administrei o suficiente para tirar a luta dela. Raiva subitamente cresceu em mim, me cegando momentaneamente, mas eu fui capaz de socar em um canto da minha mente. Ela subitamente se sentiu exausta. Eu meio que me senti também.

— O primeiro teste é amanha, — ela disse calmamente. — Se eu falhar, estou fora. O plano vai por água abaixo. —

Christian fez uma outra tentativa de colocar os braços ao redor dela, e desta vez, ela deixou. — Voce não vai. —

Lissa não disse mais nada, e eu pude sentir o alivio no rosto de todo mundo. Ninguém acreditou nem por um segundo que ela gostou disso, mas eles pareceram achar que ela não iria retirar sua nomeação, o que era o máximo que eles podiam esperar.

Minha mãe e Eddie não tinham dito nada esse tempo todo. Como era comum para os guardiões, eles ficaram em segundo plano, ficando nas sombras enquanto os negócios dos Moroi eram conduzidos. Com a tempestade inicial acabada, minha mãe tomou a dianteira. Ela acenou para Eddie. — Um de nós vai tentar ficar com você o tempo todo. —

— Porque? — perguntou Lissa, assustada.

— Porque nós sabemos que há alguém lá fora que não se importa de matar para conseguir o que quer, — disse Tasha. Ela acenou para minha mãe e Eddie. — Esses dois e Mikhail são realmente os únicos guardiões que podemos confiar. —

— Você tem certeza? — Abe deu a ela um olhar astuto. — Estou surpreso que você não colocou seu guardião — amigo — especial a bordo. —

— Que amigo especial? — ordenou Christian, instantaneamente pegando a insinuação. Tasha, para minha surpresa geral, ficou vermelha.

— Só um cara que eu conheço. —

— Que segue você com cara de cachorro molhado, — continuou Abe. — Qual é o nome dele? Evan? —

— Ethan, — ela corrigiu.

Minha mãe, parecendo exasperada com uma conversa tão ridícula, prontamente deu um fim nisso — o que deu certo desde que Christian parecia ter coisas a dizer.

— Deixe-a em paz, — ela avisou Abe. — Nós não temos tempo para isso. Ethan é um cara legal, mas quanto menos pessoas souberem sobre isso, melhor. Já que Mikhail tem um posto permanente, Eddie e eu faremos a segurança. —

Eu concordei com tudo que ela tinha acabado de falar, mas pareceu-me que para ter minha mãe dentro disso, alguém — provavelmente Abe — a tinha enchido com toda aquela atividade ilícita que estava acontecendo recentemente. Ou ele era mesmo muito convincente ou ela me ama muito. De má vontade, eu suspeitava que os dois eram verdade. Quando os Moroi estavam na Corte, seus guardiões não precisavam acompanhar eles a todo lugar, o que significava que minha mãe ficaria meio que livre da sua tarefa com o Lord Szelsky enquanto ele ficasse aqui. Eddie ainda não tinha uma designação, o que também lhe dava flexibilidade.

Lissa começou a dizer algo quando uma sacudida na minha própria realidade me jogou para fora da dela.

— Desculpe, — disse Sydney. O aperto nos freios foi o que me trouxe de volta. — Aquela idiota me botou para fora. —

Não era culpa da Sydney, mas eu me sentia irritada sobre a interrupção e queria gritar com ela. Com um suspiro profundo, eu me lembrei que isso era simplesmente efeito das reações do espírito e que eu não podia permitir que isso me fizesse agir irracionalmente. Ela iria desaparecer, como sempre, mas alguma parte de mim sabia que não poderia continuar a tomar as trevas de Lissa sempre. Eu não poderia sempre ser capaz de controlá-lo.

Agora que eu estava de volta para mim mesma, eu olhei pela janela, percebendo nossos novos arredores. Nos estávamos numa área urbana, e enquanto o tráfego era dificilmente grande (vendo que ainda era o meio da noite para os humanos), havia definitivamente mais carros na estrada do que tínhamos visto em algum tempo.

— Onde nós estamos? — eu perguntei.

— Na periferia de Lexington, — Sydney disse. Ela parou num posto de gasolina próximo, para encher o tanque e para que pudéssemos colocar o endereço de Donovan no GPS. A casa dele era mais ou menos umas cinco milhas de distância.

— Não é uma parte muito boa da cidade, pelo que eu ouvi, — Dimitri disse. — Donovan tem um estúdio de tatuagem que só abre de noite. Alguns outros Strigois trabalham com ele. Eles pegam garotos bêbados e que festejam... o tipo de pessoas que pode facilmente desaparecer. O tipo que os Strigoi amam. —

— parece que a policia vai eventualmente notar que toda vez que alguém vai fazer uma tatuagem, desaparece. — Eu apontei.

Dimitri deu uma risada forçada. — Bem, a coisa — engraçada — é que eles não matam todo mundo que vai la. Eles na verdade até tatuam alguns deles e os deixam ir. Eles contrabandeiam drogas la também.

Eu considerei ele curiosamente, assim que a Sydney se enfiou de volta no carro. — Você certamente sabe bastante. —

— Eu fiz disso meu trabalho, saber muito, e os Strigoi tem que manter um teto sobre suas cabeças também. Eu na verdade me encontrei com Donovan uma vez, e peguei a maior parte disso direto da fonte. Eu apenas não sabia onde exatamente ele trabalhava até agora. —

— Okay, então, nós temos informação sobre ele. O que fazemos com isso? —

— Atraímos ele para fora. Mandamos um — cliente — com uma mensagem minha precisando encontrar com ele. Eu não sou exatamente o tipo de pessoa que possa ser ignorada — bom, que ele não poderia — deixa pra lá. Um vez ele fora, nós levamos ele para um lugar que nós escolhermos. —

Eu assenti. — Eu posso fazer isso. —

— Não, — disse Dimitri. — Você não pode. —

— Por que não? — Eu perguntei, imaginando se ele achava que era perigoso demais para mim.

— Porque eles vão saber que tu és uma damphir no preciso momento que te virem. Eles provavelmente vão sentir primeiro teu cheiro. Nenhum Strigoi teve um damphir a trabalhar para eles — só humanos. —

Houve um silêncio desconfortável no carro.

— Não! — Disse Sidney. — Eu não vou fazer isso! —

Dimitri balançou a cabeça. — Eu também não gosto disso, mas nós não temos muitas opções. Se ele pensar que você trabalha para mim, ele não vai te machucar. —

— Sim? E o que acontece se ele não acreditar em mim? — Ela exigiu.

— Eu não acho que ele vá fazer isso. Ele provavelmente irá com você para procurar as coisas, com a ideia de que se você está mentindo, então depois disso eles vão te matar. —

Isso não parecia fazer com que ela se sentisse melhor. Ela gemeu.

— Você não pode mandá-la ir, — eu disse. — Saberão que ela é um alquimista. Um deles nunca trabalhou com qualquer Strigoi. —

Surpreendentemente, Dimitri não havia considerado isso. O silencio cresceu novamente sobre nós, e foi Sydney que inesperadamente surgiu com uma solução.

— Quando eu estava dentro do posto de gasolina, — ela disse lentamente, — eles tinham, assim, um kit de maquilhagem. Nós provavelmente poderíamos cobrir a maior parte da minha tatuagem com pó. —

E nós fizemos. O único frasco de base que estava á venda não era exactamente da cor do seu tom de pele, mas nós solidificamos o suficiente para obscurecer o lírio dourado em seu rosto. Escovar os cabelos para frente ajudou um pouco. Satisfeitos nós tínhamos feito tudo o que podíamos, nós partimos para Donovan.

É verdade que estava em uma parte degradada da cidade. A poucas quadras da loja de tatuagens, que eu vi o que parecia ser uma discoteca, mas caso contrário, o bairro parecia deserto. Eu não estava enganada, porém. Este não era o lugar que eu quereria andar sozinha à noite. Ali gritava — assalto. — Ou pior.

Nós verificamos a área até Dimitri encontrar o local, ele sentia-se bem consigo. Era um beco, dois prédios de distância do salão. A cerca com fios retorcidos ficava de um lado, enquanto um prédio de tijolos de baixa ladeado do outro. Dimitri instruiu Sydney sobre como conduzir o Strigoi para nós. Ela tomou tudo, balançando a cabeça junto, mas eu podia ver o medo nos olhos dela.

— Você tem que olhar admirada, — disse ele. — Seres humanos que servem culto aos Strigoi — estão ansiosos por agradar. Desde que eles não andem tanto em torno dos Strigoi, eles não são tão assustadores ou terríveis. Colocar um pouco de medo, claro, mas não tanto como você olha agora. —

Ela engoliu em seco. — Eu realmente não posso ajudar nisto. —

Eu me senti mal por ela. Ela acreditava firmemente que todos os vampiros eram maus, e nós estávamos mandando-a para um ninho da pior espécie, colocando-a em grande risco. Eu também sabia que ela só vi tinha visto um Strigoi vivo, e apesar das advertências de Dimitri, ver mais deles ela iria se chocar completamente. Se ela congelasse na frente de Donovan, tudo podia desmoronar. Num impulso, dei-lhe um abraço. Para minha surpresa, ela não resistiu.

— Você pode fazer isso, — eu disse. — Você é forte e eles estão com muito medo de Dimitri. Ok? —

Após algumas respirações profundas, Sydney assentiu. Nós demos-lhe mais algumas palavras encorajadoras, e então ela virou a esquina do edifício, em direcção á rua, e desapareceu de nossa vista. Olhei para Dimitri.

— Podemos tê-la apenas mandado para a sua morte. —

Seu rosto estava sombrio.

— Eu sei, mas não podemos fazer nada agora. É melhor se colocar na posição. —

Com sua ajuda, eu consegui subir para o telhado do edifício baixo. Não havia nada de íntimo na maneira como ele içou-me, mas eu não poderia evitar, ter o mesmo sentimento eléctrico a qualquer contacto dele causava uma facilidade marcante com que nós trabalhávamos juntos. Uma vez que eu estava posicionada de forma segura, Dimitri seguiu para o lado oposto do edifício que Sydney tinha dado a volta. Ele espreitou ao virar da esquina, e então não havia nada a fazer senão esperar.

Foi angustiante, e não apenas porque estávamos à beira de uma luta. Fiquei pensando sobre Sydney, o que lhe pedimos para fazer. Meu trabalho era proteger os inocentes do mal não os lançar para o meio dela. E se o nosso plano falhou? Vários minutos se passaram, e eu finalmente ouvi passos e vozes murmurou ao mesmo tempo, uma onda de náusea familiar passou por mim. Nós puxaríamos o Strigoi para fora.

Três deles caminhavam em torno do canto do edifício, Sydney na liderança. Eles chegaram a um impasse, e vi Donovan. Ele era o mais alto, um ex-Moroi com cabelos escuros e uma barba que me lembrou a de Abe. Dimitri tinha me dado a sua descrição para que (espero) eu o matasse. O capanga de Donovan pairava por trás dele, todos eles de alerta e em guarda. Eu estaquei, minha estaca firmemente agarrada na minha mão direita.

— Belikov? — Exigiu Donovan com voz rouca. — Onde você está? —

— Eu estou aqui, — veio a resposta de Dimitri — em uma voz fria e terrível de Strigoi. Ele apareceu no canto oposto do arredor do edifício, mantendo-se nas sombras.

Donovan relaxou um pouco, reconhecendo Dimitri, mas mesmo na escuridão, a verdadeira aparência de Dimitri se materializou. Donovan ficou rígido — de repente vê a ameaça, mesmo que fosse uma que o confundia e o desafiava do que sabia. No mesmo momento, uma das cabeças de seus caras girou.

— Dhampirs! — Exclamou. Não foi as características de Dimitri que o avisou. Foi o nosso cheiro, e eu respirei uma oração silenciosa de agradecimento que havia levado tanto tempo para perceber.

Então, eu pulei fora do telhado. Não era uma distância fácil de saltar, mas não iria me matar. Além disso, a minha queda foi amparada por um Strigoi.

Caí em cima de um dos caras de Donovan, batendo-o no chão. Eu apontei minha estaca em seu coração, mas seus reflexos foram rápidos. Com o meu peso leve, eu era fácil de empurrar. Eu tinha esperado aquilo e consegui manter o equilíbrio. Pelo canto do meu olho, eu vi Sydney correndo por ali fora, por nossas instruções. Nós queríamos ela longe do fogo cruzado e lhe disse para ir para o carro, preparando-se para partir, se as coisas corressem mal.

Claro que, com Strigoi, as coisas eram sempre ruins. Donovan e seu outro cara tinha ido para Dimitri, avaliando-o como maior ameaça. Meu adversário, a julgar pelo seu sorriso com presas, não parecia considerar-me como uma ameaça de todo. Lançou-se para mim, e me esquivei distanciando, mas não antes de serpentear e lhe dar um chute no joelho. Meu pontapé não pareceu prejudicá-lo, mas danificou o seu equilíbrio. Fiz outra grande aposta e foi jogado fora novamente, batendo no chão duro. Minhas pernas descobertas roçaram n o cimento bruto, rasgando a pele. Porque o meu jeans estava muito sujo e rasgado, eu fui forçada a usar um par de shorts da mochila que Sydney tinha trazido para mim. Eu ignorei a dor, atirando para trás com a velocidade que o Strigoi não esperava. Minha estaca encontrou seu coração. O processo não foi tão duro quanto eu teria gostado, mas foi o suficiente para coloca-lo fora, em seguida, conduzi a estaca na maior e acabei com ele. Nem mesmo fiquei á espera de vê-lo cair, eu retirei a minha estaca e me virei para os outros.

Eu não tinha hesitado nem uma vez nas batalhas que travei, mas agora, eu paralisei pelo que estava vendo. O rosto de Dimitri. Era... aterrorizante. Feroz. Ele tinha um olhar parecido quando tinha me defendido na minha prisão — aquela expressão de Deus Guerreiro Foda que dizia que ele podia fazer tudo sozinho. O jeito que ele parecia agora... bem, levou aquela ferocidade para um outro nível. Isso era pessoal, eu percebi. Lutar contra esses Strigoi não era somente sobre encontrar a Sonya e ajudar a Lissa. Era sobre redenção, uma tentativa de apagar seu passado destruindo o mal diretamente em seu caminho.

Eu me movi para me juntar a ele, assim que ele cravou sua estaca no segundo cara. Havia poder naquele golpe, muito mais poder do que Dimitri precisaria para jogar o Strigoi contra a parede e acertar o coração dele. Isso era impossível, mas eu podia imaginar a estaca passando pelo corpo e indo direto para a parede. Dimitri colocou mais atenção e esforço naquela luta do que deveria. Ele deveria ter agido como eu e imediatamente ter se virado para outra ameaça, uma vez que o Strigoi estivesse morto. Em vez disso, Dimitri estava tão focado em sua vitima que ele nem notou Donovan tomando vantagem da situação.

Felizmente para Dimitri, eu estava lá para ajuda-lo.

Eu joguei meu corpo em Donovan, tirando ele de perto de Dimitri. Assi quem fiz isso, eu vi Dimitri tirar sua estaca e então jogar o corpo do Strigoi contra a parede de novo. Enquanto isso, eu consegui a atenção de Donovan e agora estava tendo dificuldades em o lubridiar sem o matar.

— Dimitri — eu gritei. — Venha me ajudar. Preciso de você! —

Eu não podia ver o que Dimitri estava fazendo, mas alguns segundos depois ele estava do meu lado. Com o que parecia ser um rugido, ele correu para Donovan, com a estaca, e jogou o Strigoi no chão. Eu dei um suspiro de alívio e me movi para ajuda-lo com a retenção. Então, eu vi Dimitri alinhar sua estaca com o coração de Donovan.

— Não — eu me joguei no chão, tentando tanto segurar Donovan quanto botar o braço de Dimitri para longe. — Nós precisamos dele! Não o mate! —

Pelo olhar no rosto de Dimitri, não estava claro se ele mesmo tinha me ouvido. Havia morte em seus olhos. Ele queria matar Donovan. O desejo tinha subitamente tomado prioridade.

Ainda tentando segurar Donovan com um braço, eu dei um soco na cara de Dimitri com minha outra — indo para o outro lado daquele que eu tinha acertado na outra noite. Eu não acho que ele sentiu a dor no ápice da adrenalina, mas o soco chamou sua atenção. — Não o mate! — eu repeti.

O comando chegou ao Dimitri. Nossa briga infelizmente, deu a Donovan uma margem de manobra. Ele começou a se soltar de nós, mas então, como um só, Dimitri e eu nos juntamos para segurar ele.

Isso me lembrou o tempo em que eu interrogava os Strigoi na Rússia. Foi preciso todo um grupo de Damphirs para imobilizar uma Strigoi. Mas Dimitri parecia ter uma força não-natural.

— Quando nós estávamos interrogando, nós costumávamos… —

Minhas palavras foram interrompidas quando Dimitri resolveu usar seu próprio método de interrogação. Ele pegou Donovan pelos cotovelos e o sacudiu forte, fazendo o Strigoi bater a cabeça no cimento varias vezes.

— Onde esta Sonya Karp? — berrou Dimitri.

— Eu não… — começou Donovan. Mas Dimitri não tinha paciência para as evasivas do Strigoi.

— Onde esta ela? Eu sei que você a conhece! —

— Eu… —

Eu vi algo no rosto de Donovan que eu nunca tinha visto num Strigoi antes: medo. Eu achei que fosse uma emoção que eles simplesmente não possuíam. Ou, se possuíssem, fosse apenas em lutas um contra o outro.

Eles não iriam perder tempo com medo de miseráveis damphirs.

Mas oh! Donovan estava com medo de Dimitri.

E para ser honesta, eu também.

Aqueles olhos vermelhos estavam arregalados — arregalados, desesperados e aterrorizados.

Quando Donovan disse suas palavras, algo me disse que eram verdadeiras. Ele estava muito chocado e despreparado para tudo isso.

— Paris, — ele cuspiu. — Ela esta em Paris! —

— Cristo — eu exclamei. — Nós não podemos viajar para Paris —

Donovan balançou sua cabeça — o tanto que conseguia com Dimitri ainda sacudindo ele. —

— É uma pequena cidade — a uma hora daqui. Tem um pequeno lago. Dificilmente alguém vai lá. Casa azul. — direções muito vagas. Precisávamos de mais. —

— Você tem um fim. —

Dimitri aparentemente não dividia minha necessidade por mais informações. Antes que eu pudesse terminar de falar, sua estaca estava fora — no coração de Donovan. O Strigoi deu um horrível grito, cheio de sangue que diminuía enquanto a morte o levava. Estremeci. Quanto tempo até alguém que ouviu tudo isso e chamar a policia? Dimitri arrancou sua estaca — então a enfiou de novo. E de novo. Eu encarava com descrença e horror, paralisada por alguns segundos. Então, eu agarrei o braço de Dimitri e comecei a chacoalha-lo, apesar de eu achar que faria mais efeito chocalhando o prédio atrás de mim.

— Ele está morto, Dimitri! Ele está morto! Pare com isso. Por favor. —

O rosto de Dimitri ainda estava com uma terrível expressão — raiva, agora marcado com um pouco de desespero. Desespero que dizia para ele que se ele pudesse aniquilar Donovan, talvez ele pudesse aniquilar tudo de ruim na vida dele.

Eu não sabia o que fazer. Precisávamos dar o fora daqui. Precisávamos que a Sydney desintegrasse os corpos. O tempo estava passando, e continuava repetindo para mim mesma.

— Ele esta morto! Solte isso. Por favor. Ele esta morto. —

Então, em algum lugar, de alguma forma, eu cheguei até Dimitri. Seus movimentos diminuíram e finalmente pararam. A mão que segurava a estaca caia lentamente de lado enquanto ele olhava para o que sobrava de Donovan — o que não era bonito. A raiva no rosto do Dimitri deu lugar completamente para a desesperança... então deu lugar ao desespero.

Eu puxei gentilmente seu braço. — Acabou. Você fez o bastante. —

— Nunca é o bastante, Roza. — Ele sussurrou. A dor em sua voz me matava. — Nunca vai ser o bastante. —

— É por agora — eu disse. Eu e o puxei para mim. Sem resistir, ele largou sua estaca e escondeu seu rosto no meu ombro. Eu larguei minha estaca também e abracei ele, puxando ele para mais perto. Ele envolveu seus braços ao meu redor em retorno, procurando o contato com outro ser vivo, o contato que eu há muito tempo sabia que ele precisava.

— Você é a única. — Ele agarrou-se mais firmemente em mim. — A única que entende. A única que viu como eu era. Eu nunca poderia explicar para ninguém... você é a única. A única que eu posso dizer isso... —

Fechei os olhos por um instante, dominada por aquilo que ele estava dizendo. Ele poderia ter jurado lealdade a Lissa, mas não significava que ele revelasse tudo que estava e seu coração para ela. Por muito tempo, ele e eu estávamos em perfeita sincronia, sempre entendendo um ao outro. Esse era o caso, não importava se nós estivámos juntos, não importava se eu estava com Adrian. Dimitri sempre mantivera o coração e os sentimentos guardados até me encontrar. Eu pensei que ele tinha o bloqueado de volta, mas, aparentemente, ele ainda confiava em mim o suficiente para revelar o que o estava matando por dentro.

Abri os olhos e encontrei em sua escuridão, um olhar sério.

— Tudo bem, — eu disse. — Tudo bem agora. Eu estou aqui. Eu sempre estarei aqui para você. —

— Eu sonho com eles, você sabe. Todos os inocentes que eu matei. — Seus olhos se voltaram para o corpo de Donovan. — Eu fico pensando... talvez se eu destruir Strigoi o suficiente, os pesadelos vão embora. Só assim estarei certo de que não sou com eles. —

Toquei seu queixo, virando seu rosto para perto do meu e longe de Donovan.

— Não. Você tem que destruir Strigoi porque eles são monstros. Porque isso é o que fazemos. Se quiser que o pesadelo vá embora, você tem que viver. Esse é o único caminho. Nós poderíamos ter morrido há pouco. Mas não morremos. Talvez morreremos amanhã. Eu não sei. O que importa é que estamos vivos agora. —

Eu estava divagando neste momento. Eu nunca tinha visto Dimitri tão cabisbaixo, não desde a sua volta. Ele alegou que virar Strigoi tivesse matado todas suas emoções. E não o fez. Elas estavam lá, eu percebi. Tudo o que ele tinha sido ainda estava dentro dele, só saindo em momento de raiva e desespero como esse. Ou quando ele tinha me defendido dos guardiões que iriam me prender. O velho Dimitri não estava desaparecido. Ele só foi trancado, e eu não sei como deixá-lo sair. Isto não foi o que eu fiz. Ele sempre foi o que tinha palavras de sabedoria e discernimento. Não eu. Ainda assim, ele estava ouvindo agora. Eu tinha a sua atenção. O que eu poderia dizer? Como eu poderia chegar até ele?

— Lembra-se do que você disse antes? — perguntei. De volta a Rubysville? Viver é um detalhe. Você tem que começar a apreciar os detalhes. Esta é a única maneira de derrotar o que ser Strigoi fez com você. A única maneira de trazer de volta quem você realmente é. Você mesmo disse: você fugiu comigo para poder de sentir o mundo novamente. Sua beleza. —

Dimitri começou a voltar-se para Donovan novamente, mas eu não ia deixa-lo.

— Não há nada de bonito aqui. Apenas a morte. —

— Isso só é verdade se você deixá-los se tornar realidade, — eu disse desesperadamente, ainda sentindo a pressão do tempo. — Procure alguma coisa. Uma coisa que seja bonita. Qualquer coisa. Tudo o que mostra que você não é um deles. —

Seus olhos estavam de volta em mim, estudando meu rosto em silêncio. Pânico correu através de mim. Ele não estava trabalhando. Eu não poderia fazer isso. Nós tínhamos que sair daqui, independentemente do estado em que ele estava. Eu sabia que ele tinha que deixar, também. Se aprendi alguma coisa, foi que os instintos de guerreiro do Dimitri ainda funcionavam. Se eu dissesse que o perigo estava chegando, ele iria responder instantaneamente, não importava o quão atormentado ele sentia. Eu não queria, no entanto. Eu não queria que ele saísse em desespero. Eu queria que ele deixasse aqui um passo mais para perto de ser o homem que eu sabia que ele poderia ser. Eu queria que ele tivesse menos um pesadelo. Era além da minha capacidade, no entanto. Eu não era terapeuta. Eu estava prestes a dizer-lhe que tínhamos de sair por aí, prestes a fazer os seus reflexos de soldado ascenderem, quando de repente ele falou. Sua voz era quase um sussurro.

— Seu cabelo. —

— O quê? — Por um segundo, eu me perguntei se ele estava pegando fogo ou algo assim. Toquei uma mecha. Não, nada de errado, exceto que ele estava uma bagunça. Eu o tinha usado num coque na batalha para impedir o Strigoi o usasse como uma forma de arma, assim como Angeline tinha feito. Muito do qual havia sido desfeito na luta, no entanto.

— Seu cabelo, — repetiu Dimitri. Seus olhos estavam arregalados, quase aterrorizado. — Seu cabelo é lindo. —

Eu não pensava assim, e não em seu estado atual. Naturalmente, considerando que estávamos em um beco escuro cheio de corpos, as escolhas eram muito limitadas.

— Você vê? Você não é um deles. Strigoi não vê a beleza. Não apenas a morte. Encontrou algo bonito. Uma coisa que é bonita. —

Hesitante, nervoso, ele correu os dedos ao longo das mechas que eu havia tocado anteriormente. — Mas isso é suficiente? —

— É sim, por agora — Pressionei um beijo na testa e o ajudei a levantar. — É por agora. —

 

CONSIDERANDO QUE SYDNEY DESTRUÍA corpos em uma base regular, era uma espécie de surpresa que ela ficou tão chocada com a nossa aparição pós-luta. Talvez Strigoi mortos eram apenas objetos com ela. Dimitri e eu éramos pessoas reais, e nós estávamos uma bagunça.

— Espero que vocês não manchem o carro. — disse ela, uma vez que os corpos foram eliminados, e nós estávamos em nosso caminho. Acho que foi a sua melhor tentativa de uma piada, em um esforço para encobrir o seu desconforto sobre as nossas roupas rasgadas e sangrentas.

— Vamos para Paris? — Eu perguntei, virando-me para olhar para trás, para Dimitri.

— Paris? — Sydney perguntou, assustada.

— Ainda não. — Dimitri disse, inclinando a cabeça para trás contra o assento. Ele estava de volta ao olhar como um guardião controlado. Todos os sinais de sua discriminação anterior tinham ido embora, e eu não tinha a intenção de doar o que tinha acontecido antes de nós buscarmos Sydney. Tão pequeno... ainda tão monumental. E muito particular. Por enquanto, ele praticamente parecia cansado. — Devemos esperar até o dia. Temos que ir para Donovan agora, mas se Sonya tiver uma casa, provavelmente ela está lá o tempo todo. É mais seguro para nós a luz do dia. —

— Como você sabe que ele não está mentindo? — perguntou Sydney. Ela estava dirigindo sem destino real, simplesmente nos tirando do bairro o mais rápido possível, antes que as pessoas relatem gritos e sons de luta.

Eu pensei novamente no terror do rosto de Donovan e estremeci.

— Eu não acho que ele estava mentido — .

Sydney não fez mais perguntas, exceto sobre a direção que ela deveria dirigir. Dimitri sugeriu encontrar um outro hotel de modo que poderíamos limpar e descansar um pouco antes da tarefa de amanhã. Felizmente, Lexington tinha uma seleção muito mais ampla de hotéis do que a nossa última cidade. Não ligávamos para o luxo, mas o local, amplo e moderno para o futuro que escolhemos fazia parte de uma cadeia limpa e elegante. Sydney nos registou e depois nos levou para dentro por uma porta lateral, de modo a não assustar qualquer hóspede que pudesse estar lá no meio da noite.

O quarto tinha duas camas de casal. Ninguém comentou sobre isso, mas eu acho que todos partilhavam a necessidade de ficar juntos depois do nosso encontro Strigoi anterior.

Dimitri estava muito pior do que eu, graças a sua mutilação de Donovan, então eu mandei ele tomar banho primeiro.

— Você foi ótima. — Eu disse a Sydney, enquanto esperávamos. Eu sentei no chão — que era muito mais limpo do que o antigo.) — para que eu não manchasse de sangue nossas camas. — Isso foi muito corajoso da sua parte. —

Ela me deu um sorriso torto. — Típico. Você espancada e quase morta, mas está me elogiando? —

— Ei, eu faço isso o tempo todo. Ir lá sozinha, como você fez... bem, foi muito corajoso. E eu não fui espancada! —

Eu estava escondendo a minha lesão, assim como Dimitri. Sydney, olhando para mim, também sabia. Minhas pernas estavam raspadas, a pele rasgada e sangrando, onde eu caí no cimento. Um dos meus tornozelos estava reclamando sobre o salto do telhado, e eu tinha um bom número de cortes e hematomas espalhados pelo resto de mim. Eu não tinha ideia de onde a maioria tinha vindo.

Sydney abanou a cabeça.. — Como você não pega os caras mais vezes está além de mim. —

Nós duas sabíamos que isso, porém. Era parte da minha resistência natural por ter nascido como uma dhampir, tirando as melhores características de ambas as raças. Moroi eram realmente muito saudáveis também, embora às vezes pegavam doenças únicas de sua raça. Victor foi um exemplo. Ele tinha uma doença crónica e já havia forçado Lissa para curá-lo. Sua magia tinha lhe restituido a saúde integral no momento, mas a doença foi lentamente voltando.

Tomei banho depois de Dimitri terminar, e em seguida, Sydney usou o kit de primeiros socorros em nós dois. Quando estávamos enfaixados e desinfectados o suficiente, ela saiu com seu laptop e puxou um mapa de Kentucky, Paris. Nós três nos reunimos ao redor da tela.

— Montes de córregos e rios. —ela meditou, observando o mapa. Não existem lagos... —

Eu apontei. — Que você acha disso? — Era um pequeno corpo de água, marcado Lago Applewood .

— Talvez. Ah, aqui tem outro lago. Isso poderia ser um suspeito demais. Oh! Bem aqui! — Ela bateu a tela em um outro corpo de água, um pouco maior que as lagoas: Martin Lake.

Dimitri sentou-se e passou a mão sobre os olhos enquanto bocejava. — Aquilo parece a opção mais provável. Se não, eu acho que não vai demorar muito tempo para nos movimentarmos ao redor dos outros ..

— Qual é seu plano? — perguntou Sydney. — Basta dirigir ao redor e procurar uma casa azul? —

Troquei um olhar com Dimitri e encolhi os ombros. Sydney pode estar mostrando sua bravura nessa viagem, mas eu sabia que sua ideia de um plano era um pouco diferente da nossa. Os dela eram estruturados, bem pensados, e tinham um propósito claro. Além disso, mais detalhes.

— É mais sólido do que a maioria dos nossos planos. — Eu disse no passado.

O sol ia nascer em algumas horas. Eu estava impaciente para ir atrás de Sonya, mas Dimitri insistiu em dormir até meio-dia. Ele pegou uma cama, e Sydney e eu compartilhamos a outra. Eu realmente não achava que eu precisava descansar, mas meu corpo discordou.

Adormeci quase que instantaneamente.

E como sempre, ultimamente, eu finalmente fui retirada de meu sonho e fui para outro criado pelo Espírito. Eu esperava que fosse Adrian, vindo a terminar nossa última conversa.

Em vez disso, o conservatório se materializou em torno de mim, com harpa e mobiliário almofadado. Eu suspirei e enfrentei os Irmãos Dashkov.

— Ótimo — Eu disse… — Chamada para outra conferência. Eu realmente tenho que começar a bloquear vocês. —

Victor deu-me um pequeno sorriso. — Sempre um prazer, Rose… — Robert apenas olhou para o espaço novamente. Bom saber que algumas coisas nunca mudam.

— O que você quer? — Exigi.

— Você sabe o que queremos. Nós estamos aqui para ajudar você a ajudar Vasilisa. — Eu não acreditei por um instante. Victor tinha algum esquema em mente, mas a minha esperança era capturá-lo antes que ele pudesse fazer mais danos. Ele me estudou com expectativa. — Você já encontrou o outro Dragomir? —

Fiquei olhando, incrédula. Tinha passado apenas um dia!. Eu quase tive que refazer minha matemática para confirmar. Parecia mais de dez anos. Nope. Apenas um dia desde eu falei pela última vez com Victor.

— E então? — Victor perguntou.

— E, bom, como você acha que nós estamos? —

Ele considerou. — Muito bom. —

— Bem, obrigada pelo voto de confiança, mas isso não é tão fácil como parece. E, na verdade... considerando que é não temos nenhuma pista, isso realmente não parece fácil... —

— Mas você encontrou algo? — Victor pressionou.

Eu não respondi.

Um clarão iluminou os olhos ávidos, e ele deu um passo adiante. Eu prontamente dei um para trás. — Você encontrou alguma coisa. —

— Talvez — Mais uma vez, tive a mesma indecisão quanto antes. Será que Victor, com todas as suas intrigas e manipulações, poderia os ajudar? Da última vez, ele não me deu nada, mas agora tínhamos mais informações. O que ele disse? Se encontrássemos um fio, ele poderia desvendá-lo?

— Rose — Victor estava falando comigo como se eu fosse uma criança, como ele sempre fazia para Robert. Isso me fez ficar com uma cara feia. — Eu lhe disse antes: Não importa se você se você confia em mim ou em minhas intenções. Por agora, nós estamos ambos interessados no mesmo objetivo de curto prazo. Não deixe arruinar o seu futuro, se preocupe com essa chance. —

Foi engraçado, mas isso foi semelhante ao princípio operado para a maioria da minha vida. Viver no agora. Ir direto e se preocupar com as consequências mais tarde. Agora, eu hesitei e tentei pensar sobre as coisas antes de tomar uma decisão. Enfim, optei por assumir o risco, mais uma vez esperando que Victor fosse capaz de me ajudar.

— Acreditamos que a mãe... a mãe do irmão ou irmã de Lissa... esteja relacionada com Sonya Karp — As sobrancelhas de Victor subiram. — Sabe quem ela é? —

— Claro. Ela virou Strigoi porque ela ficou louca. Mas ambos sabemos que era um pouco mais complicado que isso —

Concordei com relutância. — Ela era uma usuária de espírito. Ninguém sabia... —

A cabeça de Robert chicoteado em torno de si de tão rápido que eu quase pulei. . — Quem é um usuário de espírito? — .

— Um antigo usuário de espírito — disse Victor, instantaneamente alternando para o modo calmante. — Ela se tornou uma Strigoi para fugir dele. —

O foco certeiro de Robert tinha voltado para nós e sua voz se misturou com o devaneio mole mais umas vez. — Sim.. . sempre é uma atração fazer isso... matar para viver, viver para matar. Imortalidade e liberdade de essas cadeias, mas, oh, uma perda... —

Ele estava em seus loucos devaneios, mas eles tinham uma estranha semelhança com algumas das coisas que disse Adrian, às vezes. Eu não acho que é assim em tudo.

Tentando fingir que Robert não estava na sala, voltei para Victor. — Sabe alguma coisa sobre ela? Quem ela está relacionada? —

Ele balançou a cabeça. — Ela tem uma grande família. —

Eu joguei as minhas mãos em exasperação. — Poderia ser mais inútil? Você continua agindo como se sabe tanto, mas apenas dizendo o que nós já descobrimos? Você não está ajudando! —

— Ajuda vem de muitas formas, Rose. Você encontrou Sonya? —

— Sim, eu encontrei. Bem, não exatamente. Nós sabemos onde ela está. Nós vamos vê-la amanhã e questioná-la.

O olhar na cara de Victor dizia sobre o quão ridículo ele pensava que isso era.   — E eu tenho certeza que ela está louca para ser ajudada. —

Eu encolhi os ombros. Dimitri. Muito convincente.

— Eu ouvi... — disse Victor. — Sonya Karp não era uma adolescente impressionável. —

Eu queria dar-lhe um soco, mas fiquei preocupada que Robert pudesse ter seu campo de força novamente.

Victor parecia indiferente a minha raiva.

— Diga-me onde você está. Nós vamos para você... —

Mais uma vez, um dilema. Eu não achava que tivesse muito para os irmãos fazerem. Mas isso poderia representar uma oportunidade para recapturá-lo. Além disso, se tivéssemos ele em pessoa, talvez ele parasse de interromper os meus sonhos.

— Nós estamos em Kentucky, Paris. — Eu dei-lhe as outras informações que tínhamos sobre a casa azul.

— Nós vamos estar lá amanhã. — Victor disse.

— Então, onde está você agora? — .

E, assim como da última vez, Robert acabou com o sonho de repente, me deixando pendurada. Por que eu fui me meter com eles? Antes que eu poderia considerar, fui imediatamente levada para um outro sonho de espírito. Bom Senhor. Realmente todo mundo queria falar comigo em meu sono. Felizmente, como da última vez, a minha segunda visita foi a de Adrian.

Este foi no salão de baile, quando o Conselho se reuniu. Não havia cadeiras ou pessoas, e meus passos ecoavam na madeira dura do chão. A sala, que parecia tão grande e poderosa, quando em uso agora tinha uma sensação de solidão sinistra.

Adrian ficou perto de uma das janelas altas e arqueadas, dando-me um de seus sorrisos malandros quando o abracei. Comparado com o quão sujo e sangrento ele parecia no mundo real, ele parecia puro e perfeito.

— Você fez isso — Eu dei-lhe um rápido beijo nos lábios. — Você tem que nomear Lissa. — Depois da nossa visita no último sonho, quando percebeu que eu poderia estar a algum mérito à sugestão de Victor, eu tive que trabalhar duro para convencer Adrian de que a ideia de nomeação seria uma boa escolha, especialmente desde que eu não tinha certeza.

— Sim, manter o grupo a bordo foi fácil — Ele parecia gostar de minha admiração, mas seu rosto tornou-se mais sombrio quando ele ponderava sobre as minhas palavras — Ela não está contente com isso. Cara, nós estamos ferrados. —

— Eu vi. Você está certo de que ela não gosta disso, mas foi mais do que isso. Eram trevas do espírito. Eu peguei um pouco dela, mas sim... Ela está mal.

Lembrei-me de como levá-la a raiva que tinha causado a incendiar-se brevemente em mim. O Espírito não me bateu tão duro quanto faz com você, mas foi apenas temporário. Eventualmente, se eu puxasse o suficiente ao longo dos anos, ele assumiria. Eu peguei a mão de Adrian e dei-lhe o olhar mais suplicante que consegui.

— Você vê, tenho que cuidar dela. Eu faço o que posso, mas você sabe tão bem quanto eu como o estresse e a ansiedade podem agitar o espírito. Eu tenho medo de ela voltar a ser como era antes. Eu gostaria de poder estar lá para cuidar dela. Por favor, ajude-a. —

Ele enfiou um pedaço de cabelo solto atrás da minha orelha, a preocupação em seus profundos olhos verdes. No início, eu achava que sua preocupação era apenas para Lissa. — Eu vou. — disse ele. — Eu vou fazer o que posso. Mas Rose... será que vai acontecer comigo? Isso que ela se tornou? Como ela e os outros? —

Adrian nunca tinha mostrado os efeitos colaterais extremos de Lissa, principalmente porque ele não usava muito espírito e porque ele fazia muita auto-medicação com álcool. Eu não sei quanto tempo isso duraria, no entanto. Pelo que eu sabia, havia apenas algumas coisas para atrasar a loucura: a auto-disciplina, anti-depressivos, e ligação com alguém shadow-kissed . Adrian não parecia interessado em qualquer uma essas opções.

Foi estranho, mas neste momento de vulnerabilidade, lembrei-me do que tinha acontecido com Dimitri. Ambos os homens, tão fortes e confiantes em seus caminhos, mas cada um necessitando me apoiar. Você é forte, Rose. Uma voz sussurrou dentro da minha cabeça.

Adrian olhou ao redor. — Às vezes... às vezes eu acredito que a loucura é tudo imaginação, sabe? Eu nunca a senti como os outros. Como Lissa ou o velho Vlad. Mas de vez em quando... — ele fez uma pausa. — Eu não sei. Eu me sinto tão próximo, Rose. Tão próximo da borda. Como se eu permitisse um pequeno passo em falso, Eu fosse mergulhar para longe e nunca mais voltar. É como se eu fosse me perder... —

Eu já o ouvi dizer coisas como essa antes, quando ele saia pela tangente, e dizia coisas estranhas onde apenas metade fazia sentido. Foi o mais próximo que nunca, veio para mostrar que o espírito pode estar brincando com a sua mente também. Eu nunca percebi que ele estava ciente desses momentos ou que eu poderia perceber também.

Ele olhou novamente para mim. — Quando eu bebo... Eu não me preocupo com isso. Eu não me preocupo com a loucura. Mas então eu penso... talvez eu já seja louco. Talvez eu seja, mas ninguém pode dizer a diferença quando estou bêbado —

— Você não é louco — Eu disse ferozmente, puxando-o para mim. Adorei o seu carinho e da maneira como ele sentiu a minha pele. — Você foi aprovado. Você é forte. —

Ele pressionou sua bochecha na minha testa. — Eu não sei. — Disse ele. — Você pensa que eu sou forte.. —

Foi uma declaração doce e romântica, mas alguma coisa me incomodava.

— Isso não deu muito certo. — Eu disse, perguntando como eu poderia colocar meus sentimentos em palavras. Eu sabia que podia ajudar alguém em um relacionamento. Você poderia fortalecê-los e apoiá-los. Mas você não podia realmente fazer tudo por eles. Você não podia resolver todos seus problemas. — Você tem que encontrá-lo dentro de você. —

O despertador do quarto soou e me acordou, deixando-me frustrada porque eu sentia tanta falta de Adrian e não tinha sido capaz de dizer tudo que eu queria. Bem, não havia nada que eu pudesse fazer por ele agora. Eu só podia esperar ele cuidar de tudo sozinho.

Sydney e eu estávamos ambas cansadas e de olhos estrábicos. Fazia sentido que ela estivesse esgotado, dado o seu horário de dormir todo dia quando ela realmente tinha sono e que tinha sido jogado fora. Eu? Minha fadiga mental. Assim como muitas pessoas, pensei. Assim, muitas pessoas precisam de mim... mas era tão difícil ajudar todos eles.

Naturalmente, Dimitri se levantou pronto para ir. Ele tinha acordado antes de nós. O final da noite de ontem nunca podia ter acontecido. Ele acabou perdendo o café e esperou pacientemente por nós, não querendo nos deixar indefesas. Eu o enxotei para fora do quarto, e vinte minutos depois, ele voltou com o café e uma caixa de donuts. Ele também tinha comprado uma corrente de força industrial em uma loja de ferragens na rua. Para quando encontrarmos Sonya. O que me deixou inquieta. Até então Sydney e eu estávamos prontas para ir, e eu decidi adiar as minhas perguntas. Eu não estava louca, vestindo shorts de novo, não com as pernas nessa condição, mas eu estava muito ansiosa para chegar a Sonya e insistir que nós parássemos em um shopping.

Eu, entretanto, decidi que era hora de colocar as novidades em dia com meus companheiros.

— Assim — Comecei casualmente. — Victor Dashkov pode se juntar a nós em breve. —

Graças a Deus era Sydney que estava dirigindo o carro.

— O quê? Aquele cara que escapou? —

Eu podia ver nos olhos de Dimitri que ele ficou tão chocado quanto ela, mas ele continuou frio e sob controle, como sempre. — Por quê — . começou lentamente. — Victor Dashkov vai se juntar a nós? — .

— Bem, é uma história engraçada... —

E com essa introdução, eu dei-lhes a mais breve e completa recapitulação como eu poderia, a partir da base sobre Robert Doru e terminando com as recentes visitas em sonhos dos irmãos. Eu achava misterioso Victor escapar algumas semanas atrás, mas algo me dizia que Dimitri, dessa forma misteriosa que tínhamos de adivinhar os pensamentos de cada um, provavelmente tinha juntado as peças. Ambos Lissa e eu tinhamos dito para Dimitri que nós tínhamos passado por muitas coisas para aprender a restaurá-lo, mas nunca explicado o que. Especialmente a parte de ajudar Victor a escapar da prisão para que ele pudesse nos ajudar a encontrar seu irmão.

— Olha, se ele pode ajudar ou não, esta é a nossa chance de pegá-lo — Acrescentei apressadamente. — É uma coisa boa, né? —

— É como se nós fossemos lidar com o problema mais tarde. — Eu reconheci o tom de voz de Dimitri. Ele tinha usado várias vezes em St. Vladimir. E normalmente significava que haveria uma conversa particular no futuro, onde discutiríamos os detalhes.

Kentucky acabou por ser muito bonito como nós dirigimos até Paris. A terra estava bonita e verde, quando fomos para da cidade, e era fácil imaginar que, desejava viver em uma pequena casa ali. Eu me perguntei vagamente se tivesse sido a motivação de Sonya e depois pegou a mim mesma. Eu apenas disse que o Dimitri Strigoi não via beleza. Eu estava errada? Será que importa o cenário lindo para ela?

Eu encontrei a minha resposta quando o GPS nos levou a Martin Lake. Havia apenas umas poucas casas espalhadas ao redor dele, e entre essas, apenas uma era azul. Interrompendo uma distância razoável de distância da casa, Sydney estacionou o carro para o lado da estrada, tanto quanto podia. Era estreita, os lados cobertos de árvores e grama alta. Todos nós saímos do carro e caminhamos um pouco, ainda mantendo a nossa distância.

— Bom. É uma casa azul. — declarou Sydney pragmaticamente. — Mas é dela? Eu não vejo nenhuma caixa de correio ou qualquer coisa...

Olhei mais de perto o quintal. As roseiras, cheias de flores rosa e vermelha, cresciam na frente da varanda. Cestas espessas com flores brancas que eu não saberia dizer os nomes, estavam penduradas no teto e glórias da manhã subiam em uma treliça. Ao redor da casa, eu poderia simplesmente ver uma cerca malfeita de madeira. Uma videira com flores laranjas em formato de trombetas envolviam-na.

Em seguida, a imagem piscou na minha mente, foi tão rápido quanto havia chegado.

Nos potes de flores na sala de aula da Sra. Karp, as flores pareciam crescer incrivelmente rápidas e altas. Como uma adolescente mais interessada em fugir de casa, eu não tinha pensado muito sobre elas.

Foi somente mais tarde, depois de assistir Lissa tornar as plantas crescem e florescem durante as experiências do espírito, que eu entendi o que tinha acontecido na sala de aula da Sra. Karp. E agora, mesmo privada de espírito e possuída pelo mal, Sonya Karp ainda estava criando flores.

— Sim — Eu disse. — Esta é a sua casa — Dimitri se aproximou da varanda da frente, estudando cada detalhe. Comecei a segui-lo, lentamente. — O que você está fazendo? — Eu mantive minha voz baixa. — Ela pode vê-lo! —

Ele retornou ao meu lado. — Essas cortinas são black-out. Eles não deixam a luz do sol entrar, então ela não vai ver nada. Isso também significa que ela provavelmente gasta seu tempo na sala principal, ao invés de um esconderijo... —

Eu poderia facilmente seguir sua linha de pensamento. — Isso é uma notícia boa para nós — Quando fui capturada por Strigoi no passado, meus amigos e eu tivemos que ficar em um porão. Não só era conveniente para Strigoi querendo evitar o sol, isso também significava menos opções de espiar e opções de entrada.

Foi fácil para Strigoi nos manter presos no porão. Quanto mais portas e janelas tiver no local, melhor para nós.

— Eu vou dar uma olhada no outro lado. — disse ele, indo para o quintal.

Corri até ele e peguei seu braço.

— Deixe eu ir. Tenho sentidos anti-Strigoi, ela não vai estar lá fora, mas apenas por precaução... —

Ele hesitou, e eu fiquei brava, pensando que ele não acredite que eu fosse capaz. Então, ele disse. — Razoável. Tenha cuidado — Eu percebi que ele estava apenas preocupado comigo.

Mudei o mais suave e silenciosamente como eu poderia ao redor da casa, logo descobrindo a cerca de madeira que ia criar dificuldade para ver o quintal. Temi que a escalar pudesse alertar Sonya sobre a minha presença e refleti sobre o que fazer. Minha solução veio na forma de uma grande rocha situada perto da borda da cerca. Eu arrastei a pedra e fiquei no topo dela. Não era o suficiente para me dar uma boa visão, mas eu era capaz de facilmente colocar minhas mãos em cima do muro e pula-lo para dar uma espiada com o mínimo ruído.

Era como olhar para o Jardim do Éden. As flores na frente foi apenas o ato de aquecimento. Mais rosas, magnólias e macieiras, íris, e um bilhão de outras flores que eu não pude reconhecer. O quintal de Sonya era um paraíso de cores exuberantes. Eu observei o que achei necessário, e corri de volta para Dimitri. Sydney ainda estava junto ao carro.

— A porta do pátio e duas janelas. — Eu relatei. — Todas com as cortinas. Tem também uma espreguiçadeira de madeira, uma pá e um carrinho de mão... —

— Qualquer entrada? —

— Infelizmente, não, mas pela pedra tem como chegarmos ao quintal. Vai ser difícil, no entanto. Seria melhor usa-lo para nos ajudar a subir mais. Não usar como portão. Ela fez uma fortaleza... —

Ele balançou a cabeça em compreensão, e sem qualquer conversa, eu sabia o que fazer. Pegamos a corrente do carro e confiamos ele a Sydney. Nós dissemos-lhe para esperar por nós fora do carro com com as instruções rigorosas para sair se nós não estivéssemos de volta em cerca de 30 minutos. Eu odiava dizer esse tipo de coisa, e o rosto de Sydney indicava que ela não gostava de ouvir isso, também. Mas foi inevitável. Se não tivéssemos subjugado Sonya em um determinado tempo, nós não conseguiríamos dominá-la de modo de todos saírem vivos. Se nós conseguimos alcançá-la, nós iríamos dar algum sinal para que Sydney viesse trazer a corrente.

Os olhos castanho-ambar de Sydney estavam cheios de ansiedade, enquanto nos observava caminhar ao redor da casa. Eu quase brinquei com ela sobre vigiar criaturas malignas da noite, mas me interrompi na hora certa. Ela podia odiar todos os outros dhampir e Moroi no mundo, mas em alguma hora, ela começou a gostar de Dimitri e eu. E isso não é algo para zombar.

Dimitri estava sobre a rocha e examinou o quintal. Ele murmurou algumas instruções de última hora para mim antes de segurar minhas mãos e impulsionar-me por cima do muro. Sua altura foi um longo caminho a fazer a manobra era fácil e tranquila, embora não tão silenciosa.

Ele me seguiu logo em seguida, caindo ao meu lado com um leve ruido.

Depois disso, pulou para a frente sem demora. Se Sonya nos tinha ouvido, não havia nenhum ponto em desperdiçar tempo. Precisávamos de cada vantagem que poderíamos obter. Dimitri pegou a pá e a bateu com força no vidro duas vezes. A primeira foi um barulho alto na minha cabeça, mas o segundo foi mais baixo. O vidro quebrava mais com cada impacto. Certa sobre o sucesso da segunda batida, fui na frente e empurrei o carrinho de mão para a porta. Levantá-la e jogá-la contra o vidro teria sido muito mais frio, mas era muito pesado para levantar e muito alto. Quando o carrinho de mão atingiu o vidro já enfraquecido, as áreas rachadas quebraram e desmoronaram completamente, criando um grande buraco suficiente para nós dois passarmos. Nós tivemos que nos abaixar, especialmente Dimitri.

Um ataque simultâneo por ambos os lados da casa teria sido o ideal, mas não tinha como Sonya correr pela porta da frente.

Náusea começou a rastejar em cima de mim, logo que estávamos perto do pátio, ea sensação me atingiu com força total quando entramos numa sala. Eu ignorei meu estômago de uma maneira aperfeiçoada e me preparei para o que estava por vir. Nós tínhamos entrado muito rapidamente, mas não o suficiente para realmente escaparmos dos reflexos Strigoi.

Sonya Karp estava ali, pronta para nós, fazendo tudo o que podia para evitar a luz do sol que se derramava na sala. Quando eu tinha visto pela primeira vez Dimitri como Strigoi, a identificação me chocou tanto que congelei. Eu havia dado a ele a chance para me capturar, assim me preparei mentalmente dessa vez, mesmo sabendo que iria sentir o mesmo choque quando visse minha ex-professora como Strigoi. E foi chocante.

Assim como com Dimitri, muitas das características de Sonya eram as mesmas: o cabelo ruivo e ossos altos na face. Mas a sua beleza foi distorcida por todas as outras condições terríveis: a pele esbranquiçada, olhos vermelhos e a expressão de crueldade que todos os Strigoi pareciam ter.

Se ela nos reconheceu, ela não deu nenhum sinal e correu em direção de Dimitri com um rosnado. Foi uma tática comum dos Strigoi para tirar a maior primeira ameaça, e isso me irrita, já que sempre achavam que era Dimitri.

Ele empurrou sua cintura a fim de a empalar com a pá. Ela não mataria um Strigoi, mas com bastante força, iria manter os Sonya dormentes.

Ele a golpeou com a pá no ombro depois de sua primeira tentativa, e enquanto ela não caiu, ela definitivamente esperou antes de tentar outro ataque.

Eles circularam entre si, como os lobos, se preparando para uma batalha, como se dimensionando suas chances. Uma pessoa maior e com mais força a derrubaria, com pá ou não.

Tudo isso aconteceu em questão de segundos, e os cálculos de Sonya me deixou fora da equação. Eu fiz meu próprio trabalho, batendo em seu outro lado, mas ela me viu saindo com canto dos olhos e respondeu de imediato, me jogando para baixo, enquanto nunca tirava os olhos de Dimitri. Eu queria estar com a pá e poder bater em suas costas a uma distância segura. Tudo o que eu carregava era a minha estaca, e eu tinha que tomar cuidado com ela, desde que a estaca poderia matar Sonya. Eu fiz uma rápida análise do seu quarto assustadoramente normal de vida e não podia ver qualquer outra arma em potencial.

Ela atacou, e Dimitri foi para ela. Ele apenas corrigiu-se mal quando ela saltou para a frente para tirar proveito da situação. Ela o empurrou contra a parede, prendendo-o lá e e tirando a pá de suas mãos. Ele lutou contra ela, tentando se libertar quando as mãos de Sonya encontraram a sua garganta. Se eu tentei puxá-la para fora, a minha força combinada com a de Dimitri provavelmente o libertaria. Eu queria fazer isso o mais rapidamente possível, mas no entanto, decidi fazer um jogo de poder.

Corri em sua direção com a estaca na mão, e mergulhei-a através de seu ombro direito, esperando que eu não estivesse nem perto do seu coração.

O encanto na prata, tão angustiante para a pele Strigoi, fez ela gritar. Desesperada, ela me empurrou para longe, com uma força surpreendente até mesmo para um Strigoi. Eu caí para trás, tropeçando, e acabei batendo a cabeça contra uma mesa de café. Minha visão esmaeceu ligeiramente, mas o instinto e adrenalina me dirigia de volta a luta.

Meu ataque deu a Dimitri a fração de segundo que ele precisava. Ele jogou Sonya no chão e agarrou minha estaca, empurrando-a contra a garganta dela. Ela gritava e batia, e me mudei para a frente para ajudá-lo, sabendo o quão difícil era manter um Strigoi preso.

— Traga Sydney — ele resmungou — Corrente... —

Saí o mais rápido que pude, estrelas e sombras dançando na minha frente. Abri a porta da frente e chutei-a aberta como um sinal, e em seguida, corri de volta para Dimitri. Sonya estava fazendo bons progressos na luta contra ele. Caí de joelhos, trabalhando com Dimitri para mantê-la contida. Ele tinha aquele desejo de batalha em seus olhos novamente, um olhar que disse que queria destruí-la aqui e agora. Não, mas havia outra coisa, também. Algo que me fez pensar que ele tinha mais controle, que as minhas palavras no beco realmente tinham tido um impacto.

Ainda assim, eu soltei um alerta.

— Precisamos dela... Lembre-se que precisamos dela. —

Ele me deu um leve aceno de cabeça, assim que Sydney apareceu carregando a corrente. Ela olhou para a cena de olhos arregalados, parando apenas um momento antes de correr para nós.Nós ainda vamos torná-la uma guerreira, pensei.

Dimitri e eu mudamos para a nossa próxima tarefa. Nós já tínhamos visto o melhor local para vincular Sonya: Uma poltrona reclinável pesada no canto.

A erguer já era perigoso, já que ela ainda estava se debatendo loucamente enquanto nós a empurrávamos contra a cadeira. Em seguida, mantendo a estaca em seu pescoço, Dimitri tentou segurá-la enquanto eu agarrei a corrente.

Não houve tempo para pensar em um sistema preciso. Eu só comecei a envolvê-la, em primeiro lugar em suas pernas e então o melhor que pude ao seu redor do torso, tentando bloquear os braços dela. Dimitri tinha comprado várias correntes, felizmente, e eu rapidamente envolvia-a em volta da cadeira em uma forma louca, fazendo tudo o que pude para mantê-la presa.

Quando finalmente parei, Sonya estava muito bem presa no lugar. Era algo de onde ela pudesse sair? Absolutamente. Mas com uma estaca de prata contra ela? Não é tão fácil. Com tantos lugares... bem, tínhamos nossa presa por agora. Foi o melhor que podíamos fazer.

Dimitri e eu trocamos breves olhares cansados. Senti-me tonta, mas lutei por ela, sabendo que a nossa tarefa estava longe de terminar.

— Tempo para o interrogatório. — Eu disse severamente.

 

O INTERROGATÓRIO NÃO foi tão bem.

Ah, claro, nós fizemos muitos truques e usamos as estacas como instrumentos de tortura, mas não obtemos muita coisa. Dimitri ainda era assustador quanto lidando com Sonya, mas depois de seu surto com Donovan, ele foi cuidadoso em não cair naquela fúria cega novamente. Isso era mais saudável para ele a longo prazo, mas nem tão bom para arrancar respostas da Sonya. Não ajudou também o fato de não termos exatamente uma pergunta concreta para perguntar a ela. Tínhamos uma série para jogar sobre ela. Ela sabia sobre outro Dragomir? Ela tinha alguma relação com a mãe? Onde estavam a mãe a criança? As coisas ficaram ruins quando Sonya percebeu que precisávamos demais dela para matá-la, não importa quanta tortura com estaca de prata fizéssemos.

Ficamos nisso por quase uma hora e estávamos ficando exaustos. Pelo menos, eu estava. Encostei-me numa parede perto de Sonya, e mesmo que estivesse com minha estaca pronta, eu estava relaxando na parede um pouco mais do que eu gostaria de admitir para me manter de pé. Nenhum de nós falou por um tempo. Até Sonya havia desistido de seus rosnados. Ela simplesmente esperava e ficava atenta, indubitavelmente planejando escapar, provavelmente achando que nos cansaríamos antes dela. Aquele silêncio era mais assustador do que qualquer ameaça no mundo. Estava acostumada com Strigoi usando palavras para me intimidar. Eu nunca esperei o poder que simplesmente ficar quieto e encarar ameaçadoramente poderia ter.

— O que aconteceu com a sua cabeça? — perguntou Dimitri, de repente tendo um vislumbre.

Eu estava um pouco desligada e percebi que ele estava falando comigo. — Huh? — eu penteei meu cabelo, na parte que estava escondendo parte da minha testa. Meus dedos se afastaram melados com sangue, trazendo vagas memórias de quando bati contra a mesa. Dei de ombros, ignorando a tontura que estava sentindo. — Estou bem. —

Dimitri deu a Sydney um dos mais rápidos dos olhares. — Vá deitá-la e limpá-la. Não a deixe dormir até descobrirmos se é uma concussão. —

— Não, não posso, — argumentei. — Não posso te deixar sozinho com ela... —

— Estou bem, — ele disse. — Descanse para que possa me ajudar depois. Você não serve se for simplesmente cair. —

Ainda protestei, mas quando Sydney gentilmente pegou meu braço, meu cambalear me entregou. Ela me guiou para o quarto da casa, para meu receio. Havia algo estranho em saber que estava na cama de um Strigoi — mesmo que estivesse coberta por uma colcha floral azul e branca.

— Cara, — eu disse, deitando contra o travesseiro depois que Sydney limpou minha testa. Mesmo com a minha negação mais cedo, foi muito bom descansar. — Eu não consigo me acostumar com a estranheza de um Strigoi vivendo num lugar tão... normal. Como você está conseguindo? —

— Melhor do que vocês, — disse Sydney. Ela me envolveu em seus braços e olhou para o quarto, desconfortável. — Estar entre os Strigoi está fazendo com que vocês não pareçam tão ruins. —

— Bom, pelo menos algo bom sai disso, — lembrei. Apesar de sua piada, eu sabia que ela tinha que estar aterrorizada. Comecei a fechar meus olhos e fui acordada bruscamente quando Sydney cutucou meu braço.

— Nada de dormir, — ela brigou. — Fique acordada e converse comigo. —

— Não é uma concussão, — murmurei. — Mas suponho que possamos bolar planos para fazer a Sonya falar. —

Sydney sentou nos pés da cama e fez uma careta. — Sem querer ofender, mas não acho que ela vá soltar. —

— Ela vai depois de ficar alguns dias sem sangue. —

Sydney empalideceu. — Alguns dias? —

— Bem, o que for preciso para… — um pico de emoção passou pelo laço, e eu congelei. Sydney pulou, seus olhos correndo ao redor de nós como se pensasse que um grupo de Strigoi fossem invadir o quarto.

— Qual é o problema? — ela exclamou.

— Eu tenho que ir até a Lissa. —

— Mas você não deveria dormir… —

— Não é dormir, — eu disse bruscamente. E com isso, pulei do quarto de Sonya para a perspectiva da Lissa.

Ela estava andando numa van com outras cinco pessoas que eu imediatamente reconheci como outros nomeados reais. Era uma van de oito pessoas que também incluía um motorista guardião com outro no banco do passageiro que estava olhando para Lissa e os companheiros dela.

— Cada um de vocês será deixado num local separado nos arredores de uma floresta, receberão um mapa e uma bússola. A meta maior é vocês atingirem o destino no mapa e esperar na luz do sol até chegarmos em vocês. —

Lissa e os outros nomeados trocaram olhares e, quase juntos, olharam para o exterior das janelas da van. Era quase meio-dia, e o sol estava caindo. — Esperar pela luz do sol — não seria prazeroso, mas não soava impossível. Tolamente, ela arranhou uma pequena bandagem em seu braço, mas rapidamente parou. Li em seus pensamentos o que era aquilo: um ponto pequeno e pouco notável tatuado em sua pele. Na verdade, era similar ao da Sydney: sangue e terra, misturado com compulsão. Compulsão pode até ser uma tabu entre os Moroi, mas essa era uma situação especial. O feitiço na tatuagem prevenia os candidatos de revelar os testes para monarcas para outros que não estavam envolvidos no processo. Esse era o primeiro teste.

— A que tipo de terreno vocês estão nos mandando? — exigiu Marcus Lazar. — Não estamos todo na mesma forma física. Não é justo quando alguns de nós estão em desvantagem. — Seus olhos estavam em Lissa enquanto falava.

— Existe muita caminhada, — disse o guardião, expressão séria. — Mas não é nada que nenhum candidato — de qualquer idade — não deveria ser capaz de aguentar. E, para ser honesto, parte dos requerimentos para um rei ou rainha é certamente ter muita energia. Idade traz sabedoria, mas um monarca precisa ser saudável. Não um atleta, — completou o guardião rapidamente, vendo Marcus começar a abrir sua boca.

— Mas não é bom para os Moroi terem um monarca doente eleito que morra dentro de um ano. Duro, mas é a verdade. E você também precisa ser capaz de passar por situações desconfortáveis. Se você não puder lidar com um dia no sol, você não poderá lidar com uma reunião com o Conselho. — Acho que ele pretendia que isso fosse uma piada, mas era dificil de dizer já que ele não sorria. — Não é uma corrida, no entanto. Leve o tempo que precisar para chegar até o final. Marcados ao longo do mapa existem pontos onde certos itens estão escondidos — itens que farão isso mais aturável, se você puder decifrar as pistas. —

— Podemos usar nossa mágica? — perguntou Ariana Szelsky. Ela também não era nova, mas parecia durona e pronta para aceitar um desafio de resistência.

— Sim, vocês podem, — disse o guardião solenemente.

— Nós corremos perigo lá? — perguntou outro candidato, Ronald Ozera. — Além do sol? —

— Isso, — disse o guardião misteriosamente, — é algo que vocês vão compreender sozinhos. Mas, se quiserem sair a qualquer momento... — Ele pegou uma bolsa com celulares e os distribuiu. Mapas e bússolas em seguida. — Chame o número programado, e nós iremos até você. —

Ninguém precisou perguntar sobre a mensagem subliminar por trás disso. Chamar o número te tiraria do longo dia de resistência. Isso também significaria que você falhou no teste e estava fora da corrida para o trono. Lissa olhou para o telefone, meio surpresa de que existia sinal. Eles deixaram a corte fazia mais ou menos uma hra e estavam bem no interior. Uma linha de árvores fez Lissa pensar que estavam próximos do destino deles.

Então. Um teste de resistência física. Não era exatamente o que ela esperava. As provas pelas quais um monarca passava há tempo ficavam no mistério, ganhando quase uma reputação mística. Essa era bem prática, e Lissa podia entender a razão, mesmo que Marcus não pudesse. Isso realmente não era uma competição atlética, e o guardião estava certo ao dizer que o futuro monarca deveria possuir um certo nível de forma física. Olhando para a parte de trás de seu mapa, que listava as dicas, Lissa percebeu que isso também testaria suas habilidades de raciocínio. Tudo muito básico — mas essencial para governar uma nação.

A van os deixou um a um em pontos de partida diferentes. Com cada candidato afastado, a ansiedade de Lissa aumentou. Não há nada para se preocupar, ela pensou. Eu só preciso ficar sentada durante um dia ensolarado. Ela foi a próxima a ultima pessoa a ser deixada, com apenas Ariana ficando atrás. Ariana bateu de leve no braço de Lissa quando a porta se abriu.

— Boa sorte, querida. —

Lissa deu-lhe um sorriso rápido. Esses testes podem até ser artimanhas por parte da Lissa, mas Ariana era o verdadeiro problema, e Lissa rezou para que a mulher mais velha pudesse passar por isso com sucesso.

Deixada sozinha enquanto a van se afastava, mal-estar tomou conta de Lissa. O simples teste de resistência de repente parecia muito mais intimidador e difícil. Ela estava sozinha, algo que não acontecia com muita frequência. Eu estive lá a maior parte da vida dela, e mesmo quando eu parti, ela tinha amigos ao seu redor. Mas agora? Era apenas ela, o mapa, e o celular. E o celular era seu inimigo.

Ela andou para o limite da floresta e estudou seu mapa. Um desenho de uma grande árvore de carvalho marcava o começo, com direções para ir à nordeste. Analisando as árvores, Lissa viu três carvalhos silvestres, um abeto — e um carvalho. Andando até elas, não pôde conter um sorriso. Se mais alguém tivesse marcos botânicos e não conhecesse suas plantas e árvores, poderia perder a candidatura agora mesmo.

A bússola era do estilo clássico. Nenhum GPS digital aqui. Lissa nunca usou uma bússola como essa, e a minha parte protetora desejou que eu pudesse aparecer lá e ajudar. Eu deveria ter adivinhado, porém. Lissa era inteligente e rapidamente adivinhou. Andando para o nordeste, ela entrou no bosque. Enquanto não havia um pátio limpo, o chão da floresta não esta tão coberto de plantas ou obstáculos.

A parte legal em estar numa floresta era que as árvores bloqueavam um pouco do sol. Ainda não era uma condição ideal para um Moroi, mas era melhor do que ser largada num deserto. Pássaros cantavam, e o cenário era exuberante e verde. Prestando atenção no próximo marco, Lissa tentou relaxar e fingir que estava simplesmente num passeio agradável.

Ainda assim... era difícil fazer isso com tanta coisa em sua cabeça. Abe e nossos outros amigos estavam agora encarregados de trabalhar e fazer perguntas sobre o assassinato. Todos eles estavam dormindo agora — era o meio da noite Moroi — mas Lissa não sabia quando voltaria e não podia evitar ressentir esse teste por tomar seu tempo. Não, desperdiçar seu tempo. Ela finalmente aceitou a lógica por trás da nominação de seus amigos — mas ela ainda não gostava disso. Ela queria ajudá-los ativamente.

Seus pensamentos agitados quase a fizeram passar direto pelo próximo marco: uma árvore que havia caído era atrás. Musgo a cobria, e muito da madeira estava podre. Uma estrela no mapa marcava esse lugar como um lugar com uma pista. Ela sacudiu o mapa e leu:

Eu cresci e eu encolhi. Eu corri e eu rastejei.

Siga minha voz, mesmo que não tenha alguma.

Eu nunca deixei esse lugar, mas eu viajei por aí —

Eu flutuei através do céu e eu rastejei através do chão.

Eu mantenho meu esconderijo num cofre mesmo que eu não tenha riquezas,

Procure por minha ruína para guardar sua saúde em segurança.

Um.

Minha mente ficou vazia logo em seguida, mas a da Lissa rodava. Ela lia de novo e de novo, examinando as palavras individualmente e como cada linha se encaixava com a outra.Eu nunca deixei esse lugar. Esse era o ponto inicial, decidiu. Algo permanente. Ela olhou ao redor, considerando as árvores, então as deixou. Elas sempre poderiam ser cortadas ou removidas. Cuidadosamente para não ir para muito longe da árvore caída, ela rondou a área procurando por mais. Tudo era teoricamente passageiro. O que persistia?

Siga minha voz. Ela chegou a um impasse e fechou os olhos, absorvendo os sons ao seu redor. A maioria eram pássaros. Ali. Um pequeno afluente corria pelo bosque, difícil de ser notado. De fato parecia muito pequeno para o barulho ao redor.

— Mas eu aposto que você aumenta quando chove, — ela murmurou, não se importante de estar falando com o riacho. Ela olhou novamente para a pista, e eu senti sua mente esperta rapidamente juntar todos os pedaços. O afluente era permanente — mas viajava. Mudava o tamanho. Tinha uma voz. Corria em partes profundas, rastejava quando havia obstáculos. E quando evaporava, flutuava no ar. Ela franziu o cenho, ainda tentando encaixar o enigma em voz alta. — Mas você não tem ruínas. —

Lissa estudou a área uma vez mais, desconfortavelmente pensando que ruína poderia se aplicar para qualquer planta. Seu olhar percorreu uma grande árvore de carvalho silvestre e então se esticou para trás. Na sua base crescia uma moita de cogumelos marrons e brancos, muitos murchando e ficando pretos. Ela se apressou e se ajoelhou, e foi quando ela viu: um pequeno buraco cavado na terra nas proximidades. Aproximando-se, ela viu um flash de cor: Uma bolsa com a alça roxa.

Triunfantemente, Lissa a pegou e ficou em pé. A bolsa era feita de lona e tinha alças longas que permitiriam que Lissa a carregasse sobre seu ombro enquanto andava. Ela abriu a bolsa e olhou dentro. Ali, guardada dentro de um forro macio e vago, estava a melhor coisa de todas: uma garrafa de água. Até agora, Lissa não tinha percebido quão quente e desidratada ela tinha se tornado — ou quão escaldante o sol estava. Os candidatos haviam sido avisados para vestirem sapatos firmes e roupas práticas, mas nenhum outro suprimento foi permitido. Encontrar essa garrafa não tinha preço.

Sentada no tronco, ela fez uma pausa, tomando cuidado para conservar a água dela. Enquanto o mapa indicava mais algumas pistas e — recompensas — ela sabia que não podia necessariamente contar com nada mais útil na sua bolsa. Então, depois de alguns minutos de descanso, ela colocou a água de lado e pendurou a sacola um pouco mais acima do seu ombro. O mapa a direcionou para o oeste, então foi este caminho que ela fez.

O calor batia nela enquanto ela continuava sua caminhada, a forçando a tirar mais algumas pausas (conservadoras) para água. Ela continuou se lembrando de que não era uma corrida e que ela deveria ir com calma. Depois de mais algumas pistas, ela descobriu que o mapa não era totalmente escala, por isso não foi sempre óbvio quanto tempo cada etapa da caminhada levou. No entanto, ela ficou satisfeita com o sucesso em resolver cada pista, embora as recompensas se tornarem cada vez mais e mais desconcertantes.

Um deles era um monte de varetas em uma pedra, algo que ela teria jurado que era um engano, mas alguém civilizado tinha claramente vinculado o pacote em conjunto. Ela o colocou em sua bolsa, junto com uma lona verde de plástico dobrada. Até agora, o suor escorria por ela, e arregaçar as mangas de sua camisa de algodão de abotoar ajudou um pouco. Ela tomou pausas mais frequentes. O sol quente tornou-se uma preocupação séria, então foi um alívio enorme quando a sua próxima pista levou a um frasco de bloqueador solar.

Depois de algumas horas de luta contra o intenso calor do verão, Lissa ficou tão quente e cansada que não tinha mais a energia mental para estar irritada por perder o que estava acontecendo na Corte. Tudo o que importava era chegar ao final deste teste. O mapa mostrou mais duas pistas, o que ela entendeu como um sinal promissor. Ela iria chegar ao fim em breve e, em seguida, poderia simplesmente esperar por alguém buscá-la. Um flash de realização bateu nela. A lona. A lona era um bloqueador solar, ela decidiu. Ela poderia usá-lo no final.

Isto a animou, assim como fez o prémio seguinte: mais água e um chapéu mole de aba larga que ajudou a afastar a luz solar de sua face.

Infelizmente, depois disso, o que parecia ser uma jornada de caminhada curta, acabou por ser o dobro do tempo que ela esperava. No momento que ela finalmente chegou à pista seguinte, ela estava mais interessada em fazer uma pausa para água do que cavar o quer que os guardiões tinham deixado. Meu coração saiu com ela. Eu desejei tanto, tanto que eu pudesse ajudar. Esse era meu trabalho, de protegê-la. Ela não deveria estar sozinha. Ou deveria? Aquilo também era parte do teste? Em um mundo onde a realeza era quase sempre cercada por guardiões, esse isolamento tinha que ser um choque total. Moroi eram resistentes e tinham sentidos excelentes, mas eles não foram feitos para calor extremo e um terreno desafiador. Eu poderia ter, provavelmente, caminhar o curso facilmente. Evidentemente, eu não tinha certeza se eu teria habilidades de dedução Lissa para descobrir as pistas.

A última recompensa de Lissa era de pedra e aço, que não tinha nenhuma ideia do que eram. Eu os reconheci imediatamente como as ferramentas de um kit de fazer fogo, mas não poderia o mundo imaginar o porque ela precisaria de fogo em um dia como este. Com um encolher de ombros, acrescentou os itens para sua mochila e continuou.

E isso foi quando as coisas começaram a ficar frias. Muito frias.

Ela não processou inteiramente no início, principalmente porque o sol ainda radiava tão brilhantemente. O cérebro dela disse que o que ela sentia era impossível, mas seus arrepios e o bater de dentes diziam o contrário. Ela revirou os mangas para baixo e apressou o passo, desejando que o frio repentino tinha pelo menos vindo com cobertura de nuvens. Andando mais rápido e se esforçando mais ajudou o calor de seu corpo.

Até começar a chover.

Começou como uma névoa, em seguida, começou a chuviscar, e finalmente se transformou em uma cortina de água constante. Seus cabelos e roupas ficaram saturados, fazendo com que a temperatura fria ficasse muito pior. Ainda... o sol ainda brilhava, a luz era um incómodo para a pele sensível dela, mas não oferecia calor em compensação.

Magica, ela percebeu. Este tempo é mágico. Fazia parte do teste. De alguma forma, Moroi usuários de água e ar tinham unido sua mágica para desafiar o tempo quente e ensolarado. Foi por isso que ela tinha uma lona para bloquear o sol e a chuva. Ela considerou começá-lo agora e usá-lo como um manto, mas rapidamente decidiu esperar até que ela chegasse ao ponto final. Ela não tinha ideia do quão longe isso realmente foi, no entanto.

Vinte pés? Vinte milhas? O frio da chuva arrastou em cima dela, penetrando em sua pele. Foi infeliz. O telefone celular na bolsa era sua passagem e volta. Foi apenas no final da tarde. Ela tinha um longo tempo de espera antes de terminado este teste. Tudo o que ela tinha a fazer era fazer uma chamada...  Uma chamada, e ela ficaria fora dessa bagunça e voltar a trabalhar no que ela devia estar na Corte. Não. Um núcleo de determinação deflagrou dentro dela. Este desafio não era mais sobre o trono Moroi ou assassinato de Tatiana. Era um teste que ela teria de assumir para si mesma. Ela levava uma vida fácil e abrigada, deixando os outros protegê-la. Ela iria suportar esta sozinha e que ela iria passar.

Essa determinação levou-a para o fim do mapa, uma clareira cercada de árvores. Duas das árvores eram pequenas e perto o suficiente para que Lissa pensasse que ela poderia ser capaz de armar a lona em uma espécie de abrigo razoável. Com muito frio, mexendo os dedos, ela conseguiu tirá-lo da bolsa e abri-lo ao seu tamanho total, que era — que era felizmente muito maior do que ela suspeitava. Seu humor começou a levantar, ela trabalhou com a lona e descobriu como criar uma pequena cobertura. Ela rastejou para dentro, uma vez que isso foi feito, feliz por estar fora da chuva caindo. Mas isso não muda o fato de que ela estava molhada. Ou que o chão estava molhado também lamacento e. A lona também a protegia contra o frio. Ela sentiu um lampejo de amargura, recordando os guardiões dizendo magia era permitido para este teste. Ela não tinha pensado em nada mágico que seria útil no momento, mas agora, ela certamente poderia ver as vantagens de ser um usuário de água para controlar a chuva e mantê-lo fora de si.

Ou, melhor ainda: sendo um usuário de fogo. Ela desejou que Christian estivesse com ela. Ela teria recebido o calor da magia dele e de seu abraço. Para este tipo de situação, o espírito era seriamente uma merda. a menos que ela tivesse hipotermia necessária para tentar curar a si mesma (o que nunca funcionou tão bem como faz em outras pessoas). Não, ela decidiu. Não poderia haver nenhuma dúvida: os usuários de água e fogo tinha a vantagem neste teste.

Foi quando isso atingiu ela.

Fogo!

Lissa ergueu-se de onde tinha se derramado amontoada. Ela não tinha reconhecido para o que era o ferro e a pedra, mas agora, lembranças vagas de fogo, destacaram-se para ela. Ela nunca tinha aprendido as habilidades diretamente, mas tinha certeza, golpear as pedras juntas, fazer uma faísca. - se ela só tivesse uma madeira seca. Tudo lá fora, estava encharcado...

Exceto para o monte de varetas em sua bolsa. Rindo alto, ela desatou os pedaços de pau e os colocou em um lugar protegido da chuva.

Ela tentou mais três vezes, e sua excitação deu lugar a frustração obscura do espiríto. Eu puxei um pouco dela, mantendo ela concentrada.

Na Quarta tentativa, uma faísca voou e desapareceu - mas foi o que ela precisava para entender o princípio. Depois de um tempo ela poderia fazer faíscas facilmente, mas eles não faziam nada quando pousavam sobre a madeira. Para cima e para baixo, seu humor era uma montanha-russa de esperança e desapontamento. Não desista, eu queria dizer como eu extraia mais negatividade. Não desista. Eu também queria dá-la uma lição sobre gravetos, mas isso estava forçando meus limites.

Olhando ela, começei a perceber o quanto eu subestimava a inteligência da Lissa. Eu sabia que ela era brilhante, mas eu sempre imaginava ela como inútil nessas situações. Ela não era. Ela podia resolver isso. Aquela pequena faísca não podia penetrar na madeira dos gravetos. Ela precisava de um fogo maior. Ela precisava de algo onde as faíscas pudessem incendiar. Mas o quê? Certamente não era nada nessa floresta alagadiça.

Seus olhos saltaram para o mapa que caia de sua bolsa. Ela hesitou apenas um segundo antes de rasgar e triturar o papel em uma pilha em cima dos galhos.

Supostamente ela havia chegado ao final da caminhada e não precisava do mapa. Supostamente. Mas era tarde demais agora, e Lissa seguiu seu plano.

Primeiro, ela pegou um pouco do linho macio de sua bolsa, adicionando os pedaços de papel picado. Então ela pegou a pederneira e o ferro de novo.

Uma faísca salto e imediatamente acertou um pedaço de papel. Queimou laranja antes de desaparecer, deixando um fio de fumaça. Ela tentou novamente,

inclinando-se para gentilmente soprar o papel quando a faísca tocá-lo. Uma pequena chama apareceu, pegou no papel vizinho, e entaum desapareceu.

Ajeitando-se, Lissa tentou a última vez.

— Vamos, vamos — ela murmurou, como se pudesse convencer o fogo a atear-se.

Dessa vez, a faísca pegou e ficou, se tornando uma pequena chama, então uma grande labareda que logo consumiu seus gravetos, eu rezei para que pegasse na madeira, ou então ela não teria masi sorte. Maior e mais viva a chama cresceu, consumindo o resto do papel e dos fiapos... e então se espalhando pelos galhos. Lissa soprou devagar para que continuasse, e depois de um tempo, a fogueira estava a toda.

O fogo não podia mudar o frio congelante, mas até onde ela sabia, ela tinha o calor de todo o sol em suas mãos. Ela sorriu, e um senso de orgulho que ela não sentia fazia um tempo percorreu ela inteira. Finalmente podendo relaxar, ela olhou para a floresta molhada e viu alguns flashes de luz a uma distância. Canalizando o espírito, ela usou sua magica para intensicar sua habilidade de ver auras. Como ela ja suspeitava — escondidos longe, longe entre um monte de árvores, ela pode ver duas auras cheias de fortes, firmes cores. Seus donos pararam, ficando quietos e encobertos. O sorriso de Lissa cresceu. Guardiões. Ou talvez usuários de água e ar controlando o tempo. Nenhum dos candidatos estava sozinho lá. Ronald Ozera não tinha porque se preocupar — mas enfim, ele não sabia disso. Somente ela sabia. Talvez espírito não fosse tão inútil quanto parecia.

A chuva começou a dar um tempo, e o calor do fogo continuou a acalmar ela. Ela não podia saber a hora olhando o céu, mas de algum jeito, ela sabia que não teria problemas para esperar o dia e -

— Rose? — uma voz a convocou para fora da experiencia de sobrevivencia de Lissa. — Rose, acorde ou... tanto faz —

Eu pisquei, me focando no rosto de Sydney, que estava a alguns centímetros do meu. — O que? — eu exigi. — Porque você esta me incomodando? —

 

Ela vacilou e foi para trás, momentaneamente sem fala. Pegando a escuridão do espírito da Lissa não tinha me afetado até agora, mas agora, consciente no meu corpo, eu senti irritação e raiva correr pelo meu corpo. Não é você, não é a Sydney. eu me disse. É o espírito. Se acalme. Eu respirei fundo, me recusando a deixar o espírito tomar conta de mim. Eu sou mais forte que ele. Eu espero.

Enquanto eu lutava para colocar aqueles sentimentos de lado, eu olhei em volta e me lembrei de que estava no quarto de Sonya Karp. Todos os meus problemas vieram de encontro a mim. Havia um Strigoi amarrado na outra sala, um que mal estava contido e que não aprecia que nos daria respostas tão cedo.

Eu olhei de volta para Sydney, que ainda parecia com medo de mim. — Me desculpe... eu não queria descontar em você. Eu só fiquei meio assustada. — Ela hesitou alguns segundos então assentiu, aceitando minhas desculpas. Assim que o medo saiu de seu rosto, eu pude ver que outra coisa a estava incomodando. — Qual o problema? — eu perguntei. Enquanto estivéssemos vivos e Sonya continuasse presa, as coisas não poderiam estar tão mal, certo?

Sydney foi para trás e cruzou seus braços. — Victor Dashkov e seu irmão estão aqui. —

 

Eu pulei da cama, aliviada por não ter caído. Minha cabeça ainda doía, mas eu já não sentia tanto, o que significava que eu realmente tinha tido uma concussão. Olhando para um despertador que deixei no quarto da Sonya, vi que tinha estado na cabeça da Lissa por algumas horas.

O teste dela foi muito mais extenso do que do que eu tinha idealizado.

Na sala, encontrei uma cena quase cómica. Victor e Robert estavam ali, em carne e osso, tendo detalhes ao seu redor. Mesmo Robert parecia estar com a gente mentalmente neste momento. Só que, enquanto Victor estava estudando tudo em seu caminho, a atenção de Robert estava fixada em...

 

                                                                                CONTINUA  

 

 

                      

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