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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


UM BEIJO DE NATAL / Lora Leigh
UM BEIJO DE NATAL / Lora Leigh

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

Wolf Mountain,

Haven, Colorado,

Complexo da Casta de Lobo

Existia algo sobre uma nevasca de inverno que Jessica Raines sempre tinha amado. Uma sensação de calor, apesar do frio. Um sentimento de admiração, remanescente de sua infância que ela nunca tinha perdido.

Agora, enquanto ela se movia suavemente através do rigoroso inverno branco, que caía a sua volta, ela nunca se sentiu menos como uma criança. Aos vinte e quatro anos, ela se sentia velha, desgastada e cansada.

O Natal estava chegando. As luzes penduradas em volta de Haven, o Complexo da Casta de Lobo, e as janelas, estavam iluminadas com as cores festivas da época, enquanto árvores ricamente decoradas piscavam alegremente na noite de inverno.

O Natal estava chegando e Jessica nunca se sentira menos festiva.

A neve era linda, entretanto ela havia perdido isso no ano passado, durante sua prisão em celas subterrâneas na qual as Castas de Lobo a mantiveram confinada. Porque ela tinha sido uma traidora. Não importa o quão relutante tinha feito, apesar de tudo, ela tinha traído o povo que tão profundamente acreditava. Mesmo que ela tivesse feito isso, indefesa contra as compulsões que cresciam dentro dela, Jessica estava furiosa, ela lutou, gritou silenciosamente. Mas ainda que ela tenha escondido a informação, ela atrasou as manobras de defesa e revelou as residências do Alpha da Casta de Lobo e da sua companheira, bem como do seu segundo em comando para o seu pai.

 

 

 

 

A sociedade de sangue puro, com que ele havia trabalhado esteve perto de matá-los. Se ela não tivesse encontrado a força para tirar as duas companheiras de suas casas antes do ataque, então elas teriam sido mortas.

Ela passou os dedos pelo cabelo, puxando as raízes delicadas enquanto lutava para dar sentido à traição de seu pai contra ela. Ele a tinha enviado para a morte certa. Ele devia saber disto. A droga que ele tinha colocado em sua comida e bebida quando ela o visitava, as ordens que tinha dado, ele sabia sem sombra de dúvida que ela seria capturada, e que ela iria morrer. E ainda assim, ele tinha feito isso.

Ela não poderia sequer perguntar a ele por que ele tinha feito isso. Ele estava morto agora. A sociedade da qual ele tinha sido uma parte foi dissolvida. Advert, a pequena cidade fora do Complexo da Casta estava sob o controle da Casta de Lobos, mas ainda assim, Jessica sofreu.

Ela havia perdido tudo por causa do ódio de seu pai por uma espécie que não pediu para ser criada. Uma que estava determinada a sobreviver agora que existia. Ele havia sacrificado sua filha, e em seguida a sua própria vida, para nada.

Ela ergueu o rosto para a neve que caía e imaginou que a umidade em sua pele era do gelo derretendo. Não era. Eram lágrimas, e ela sabia. Seu pai não era o único que tinha perdido em sua tentativa de destruir as Castas; Jessica tinha perdido também, muito mais do que qualquer um poderia imaginar.

Detendo-se, ela se encostou contra o tronco de um carvalho imponente e olhou para o céu, nas nuvens densas e escuras. A neve estava caindo mais grossa, mais forte. De repente, havia uma pesada sensação ameaçadora, como se a natureza se movesse em vingança pelos crimes não contados.

Ou talvez contra ela.

Fazendo caretas enquanto fantasiava, ela sacudiu a cabeça antes de se mover rapidamente para retornar à cabana que tinha abandonado. Esse movimento repentino foi seguido por uma retaliação estrondosa e um pedaço de casca de árvore lhe atingiu o rosto.

Houve um segundo de incredulidade, um intervalo, que penetrou através de seu sistema, antes que Jessica pulasse pra trás da árvore, quando percebeu que alguém estava atirando nela, o coração disparado, o medo golpeando violentamente dentro dela.

Alguém acabava de lhe disparar.

Ela estava no meio da floresta sem casaco, sem armas, sem guardas. Ela estava indefesa em um lugar onde ela não deveria ter necessidade de se defender.

E agora?

Ela olhou fixamente em torno da paisagem desolada do inverno, lutando para recuperar o fôlego através dos batimentos de seu coração enquanto tentava pensar com rapidez. Logicamente.

Ela não conseguia ver ninguém, não podia sentir alguém. Neste momento ela teria dado tudo para ter os sentidos super aguçados que as castas possuíam. Audição, visão e olfato super desenvolvidos teriam sido úteis agora.

Ela não podia ficar ali por muito mais tempo, disse a si mesma. Ia ter que se mover logo ou o atirador poderia encontrar um caminho ao redor até que a tivesse na mira e ela não pudesse escapar.

Só havia um curso de ação. Agarrou-se firmemente ao tronco áspero da árvore, antes de se lançar correndo para as grandes rochas e pedras a uma curta distância.

Tiros disparados por trás dela. Aglomerados de terra voaram, batendo contra ela enquanto corria. Ela sentou-se no abraço aconchegante das rochas, recuando em um estremecimento rígido quando outra bala explodiu contra a lateral de uma enorme rocha.

— Covardes, amaldiçoou com fúria, empurrando a si mesma tão escondida como pôde contra a rocha. — Bastardos.

Sem dúvida, que uma das Castas teria ouvido os tiros a esta hora. Haven, o Complexo da Casta dos Lobos, era patrulhado por uma das melhores forças de segurança da Casta no mundo. Então, onde eles estavam agora? Talvez não tenha sido realmente uma boa idéia escapulir de seu guarda-costas.

Engatinhando, ela rastejou pelo caos de rochas situadas ao redor como brinquedos de criança lançadas a esmo.

Um disparo soou novamente, desta vez enviando lascas de pedra voando sobre sua cabeça enquanto ela se encaixava entre as colunas verticais e lutava para se fazer tão pequena quanto possível.

Ela estava morta. As Castas deveriam tê-la matado um ano atrás quando eles estavam discutindo a ação, porque ela definitivamente iria morrer agora.

Onde diabos estavam as patrulhas da Casta? Ou eram eles que estavam atirando nela?

O medo se precipitou através de seu sistema em um aumento de adrenalina quando o tiro seguinte enviou uma bala rasgando a pedra sobre sua cabeça. Eles estavam se aproximando. Ela não ia sobreviver. Ela iria morrer aqui, no frio e na neve, e provavelmente levaria um tempo para alguém encontrar seu corpo. Evidentemente, ninguém estava muito preocupado com ela agora que ela havia sido libertada, embora ela estivesse confinada em Haven. Provavelmente era uma casta que tentava matá-la.

—Jess. — Uma mão tampou sua boca e braços fortes a empurraram para trás das rochas quando outro tiro atingiu ao lado de seu ombro.

 

O corpo grande contra o qual ela subitamente caiu, era quente, duro e masculino, foi um alívio, um lugar seguro quando ela reconheceu a voz em seu ouvido.

Hawke Esteban.

O alívio despejado com força através de seu sistema foi suficiente para fazê-la sair de seu estado vertiginoso. Um braço enrolou ao redor de sua cintura, arrastando-a para trás, para a segurança de outro aglomerado de rochas grandes que ela estava usando para sua proteção.

—Que diabos você está fazendo aqui fora? — ele sussurrou em seu ouvido, sua escuridão, a voz inquietante que chispa com raiva.

Ela tratou de sacudir a cabeça. Como diabos se supunha que ela deveria falar com sua palma calosa lhe tocando os lábios?

—Fique quieta — ele ordenou enquanto ela lutava contra ele. —Mordecai e Rule estão se movendo para o atirador.

Mordecai, o frio, duro como o aço, era o coiote, da Casta de Coiote nos penhascos acima, atribuído para Haven e Rule, a Casta de Leão, que normalmente trabalhava como segurança pessoal do Diretor de Assuntos da Casta, Jonas Wyatt.

Ambos os homens eram assassinos, verdadeiros icebergs de Castas criados para derramar sangue.

—Vamos tirar você daqui. — Sua mão destampou sua boca. —Fique atrás de mim. Vamos trabalhar em obter um caminho de volta à cabana e deixaremos que eles se encarreguem da situação aqui.

Hawke podia sentir o medo que rasteja por seu sistema quando ele apertou a mão de Jessica, e seguindo as instruções de Rule, começou a levá-la pelo caminho mais seguro, de volta à cabana que lhe tinha sido atribuída.

O medo era uma emoção desconhecida para ele, até agora. Até que ele enfrentou à constatação de que alguém estava disparando contra a sua companheira. O fato de que ele poderia perdê-la. Que tudo o que ele tinha lutado durante o último ano poderia terminar com sua morte.

Ele não podia enfrentar isto, ele percebeu no momento que ele, Mordecai e Rule tinham se deslocado em seu resgate. Ele não podia enfrentar a morte de Jess. No último ano ela já enfrentou mais do que qualquer mulher teria tido que suportar; perdê-la desta maneira era mais do que ele podia contemplar.

Levantou a cabeça, percebendo os aromas do bosque em seu nariz, sentindo longe o forte aroma acre do mal e das armas de fogo. Ele podia literalmente cheirar a intenção do homem à espreita de Jess. A fúria assassina, a determinação de matá-la.

—Ele está se afastando, Hawke — A voz do Mordecai chegou através do comunicador.— Não temos uma identificação, só o aroma. Rule está se movendo em sua direção para capturá-lo.

—Capturar, não matar — advertiu Hawke ao casta Coiote, sua voz dura.

— Quero deixar clara a questão.

—Se tiver que fazê-lo — disse Mordecai lentamente.

—Você está me arrastando, Hawke. — Jess protestou atrás dele.

Ele estava arrastando-a. Estava levando-a através dos bosques em um ritmo rápido, forçando-a a acompanhá-lo enquanto ele corria para um lugar seguro.

Não havia nenhum relatório de que ela tivesse deixado a cabana, embora houvesse ordens estritas de que ele devia saber cada vez que ela saísse da varanda.

—Temos que voltar para a cabana — ele diminui seus passos ligeiramente, sabendo que ela não tinha sua resistência — Você avisou alguém de que estava saindo da cabana?

—Não — Afirmou belicosamente atrás dele — Não queria companhia.

—Bem, você teve companhia de todos os modos — grunhiu — Do tipo errado.

—A história de minha vida — ela murmurou.

Ele olhou pra trás, para ela, antes de sacudir a cabeça para frente e se concentrar novamente em obter sua segurança.

Ele deveria ter feito melhor do que olhar para trás, para ela. Cada vez que a olhava era atingido por uma onda de excitação que beirava a dor, tal como tinha acontecido na primeira vez que a viu há dois anos.

Com seu cabelo vermelho dourado caindo em seus ombros pesadamente, em linha reta como uma cortina, seus grandes olhos azuis e pele de porcelana perfeita, era como uma visão de inocência angelical. Lábios como o arco do Cupido, sobrancelhas finamente arqueadas, maçãs do rosto salientes. Seu corpo esguio era elegante e compacto; um metro e sessenta e sete centímetros de altura, pequena em comparação às Castas, mas com seios generosos e quadris tentadores.

Ela fazia um homem pensar em todas as coisas indecentes que ele poderia fazer com aquele corpo perfeito, tanto que ele se sentia como um monstro pervertido quando olhou seu rosto inocente.

A inocência era real. Jessica Raines ainda era virgem, como testemunhavam os relatórios médicos. E ela era sua companheira.

—Que demônios você estava fazendo aqui sozinha? — Rosnou-lhe, furioso consigo mesmo pelo desejo primitivo que o atormentava; zangado com ela por ser a inocente criatura delicada que era.

—Sempre estou sozinha — ela retrucou. —Por que em um passeio pelo bosque seria diferente?

Ele quase estremeceu com a declaração, porque era a verdade. Ela tinha estado presa por um ano, vendo apenas o médico, algumas das companheiras fêmeas das Castas superiores e seus interrogadores, até que eles conseguiram descobrir por que Jessica os tinha traído. Quando tinha sido posta em liberdade, tinha estado só em Haven. Ela não tinha permissão para sair do complexo. Deram-lhe sua própria cabana, e a maioria das castas se mantiveram bem longe dela porque ela era sua companheira.

—Você tem guarda-costas — ele a lembrou com frieza — Sharone e Emma lhe foram designadas quando você foi libertada. Elas não são exatamente hostis, então por que elas não estavam com você?

Sharone e Emma, duas das raras fêmeas da Casta de Coiote, amavam os problemas. Ele tinha esperado que um dia tivesse que lidar com a situação que tinha orquestrado no concernente a Jess.

—Elas têm dois dias de folga — Ela deu de ombros —Acho que hoje foi um desses dias.

—Ashley?— Ele berrou o nome da outra fêmea Coiote — Ela está de reserva.

Ela deu de ombros novamente. Ele sentiu o movimento através de seu braço quando abandonaram o bosque e se dirigiam à cabana. O Complexo estava em alerta vermelho. Castas estavam correndo pela floresta agora, os portões principais foram fechados e o Complexo inteiro bloqueado.

Os lábios do Hawke estavam apertados. Jess tinha que ser protegida a qualquer custo. Ela era para ter um guarda vinte e quatro horas, sete dias da semana e seria maldito se não soubesse e soubesse rápido, exatamente por que um dos guardas não tinha estado presente.

Deus ajude Ashley se ela tivesse abandonado sua companheira. As fêmeas Coiote eram raras, e seria uma a menos se ele descobrisse que a volúvel e pequena menina Coiote tinha enviado literalmente a sua companheira para o inimigo.

 

Jessica tinha a sensação de que se preparava para ver Hawke explodir quando entrou na espaçosa cabana e escutou o golpe surdo contra a porta do porão.

Seus lábios se apertaram quando Hawke se voltou, olhando para ela por um momento, antes de continuar a dirigir-se para à porta que dava no porão.

Sua expressão se congelou vendo como Ashley True estava estirada no chão de madeira da sala. Seu delicado cabelo comprido, rajado e loiro lhe caiu sobre o rosto durante um breve instante, antes que ela o afastasse e saltasse com elegância sobre seus pés para olhar Jessica.

Hawke a estava olhando também, com essa expressão congelada, imóvel que ela tanto odiava. Quase valeria a pena compartilhar um beijo com o filho da puta só para ver um pouco de emoção cruzando seu rosto.

—Ela me trancou aqui dentro — Ashley ladrou enquanto apontava com um dedo acusador para Jessica—. Eu quebrei uma unha. —ela virou-se para Hawke, elevando sua voz—. Você tem uma idéia de quão difícil é conseguir que meu alfa aprove uma viagem ao salão de beleza, e muito menos pagar por isso? Tenho que estar realmente ferida. Se tiver que tomar outra bala para conseguir minhas unhas, vamos brigar, Hawke.

Jessica cruzou os braços sobre seus peitos. —Faça como o resto dos mortais. Corta e lixa você mesma — ela disse, a voz carregada de sarcasmo.

Fazia mais de um ano desde que Jessica tinha estado em um salão. Ela não tinha simpatia alguma pela garota.

—E eu rasguei meus jeans — Ashley olhou para baixo, em seus jeans, como se Jessica não tivesse falado.

—Dê-lhe mais um ano e os jeans rasgados estarão na moda de novo — Jessica deu de ombros, negando-se a mostrar sequer um ápice de nervosismo ante o olhar escuro e silencioso, que Hawke estava disparando através da sala para ela.

—Ela é uma ameaça — Ashley assinalou com seu dedo na direção da Jessica de novo.

— Nega-se a ficar. Trata de escapar. Não recebe ordens e não quer sob nenhuma circunstância compartilhar seu refrigerante comigo.

 

Jessica sorriu. Gostava de seu refrigerante, e consegui-lo não foi fácil. A maioria das castas se negava a buscar qualquer coisa para ela na cidade, e quando arrumou alguém para fazê-lo, tendia a juntá-lo. Especialmente considerando o fato de que as poucas vezes que tinha compartilhado seu refrigerante com Ashley, a outra garota tinha tomado tudo.

Ela tinha sido muito sem consideração, pensou Jessica, portanto, se negava a compartilhá-lo por mais tempo.

—Está liberada por hoje, Ash — Grunhiu Hawke, embora seguisse olhando de novo a Jessica como se estivesse o mau humor estabelecendo residência permanente.

As narinas de Ashley se contraíram com irritação enquanto seu olhar se deslizou para Hawke, antes de retornar a Jessica.

—Alguém poderia lhe haver disparado e acabado com nossa miséria — Declarou com outro brilho na direção da Jessica.

—Alguém quase o fez — lhe informou Hawke.

A declaração parou Ashley, seu olhar estreitando-se na direção de Jessica, enquanto franzia os lábios, convertia suas mimadas feições em frias e perigosas.

—Ordens? — Perguntou ao Hawke. — Ordena a outros que simplesmente se vão?

—Esteja a postos — Ordenou, sem tirar o olhar de Jessica. — Estou seguro que você terá o privilégio de passar mais tempo aqui logo.

Não houve nenhuma réplica. Ashley deu um rápido gesto sombrio antes de caminhar para a porta, abri-la e sair da cabana tão rapidamente como Hawke havia arrastado Jessica de novo para ela.

—Ashley não é fácil de enganar — Declarou com um ar de interesse preguiçoso enquanto seu olhar se desviou para ela. — Como conseguiu trancá-la no porão?

Inclinando o quadril, Jessica o olhou cinicamente. — Refrigerantes. Disse-lhe que tinha armazenado os restantes lá embaixo e que eu não ia pegá-los.

—Refrigerantes — Fez uma rápida e dura sacudida de sua cabeça.

— Essa garota vai terminar apodrecendo seu estômago com essa merda. Ou atirando em você para conseguir um. Como você os conseguiu desta vez?

Ela manteve a boca fechada. Não existia nenhuma chance no inferno para que traísse sua fonte desta vez. A última vez que tão imprudentemente havia dito a alguém quem buscou às escondidas seu refrigerante, a Casta tinha sido transferido para um lugar desconhecido.

—Você não tem direito nenhum direito de restringi-los. Abaixando os braços, dirigiu-se à cozinha onde se aproximou da cafeteira e do café descafeinado que estava sobre o balcão.

Não o café com cafeína.

—Não tem direito a arriscar sua saúde com eles — Ele a seguiu, é obvio — A Dra. Armani, advertiu você que as bebidas poderiam ter um efeito adverso em você e, entretanto ainda os bebe.

—E, entretanto, não há efeitos adversos. —Ela se voltou para ele com um sorriso enquanto se agarrou ao balcão atrás dela—. Você limita meus refrigerantes, meu café e meu chocolate. Não posso deixar Haven e não posso contatar com amigos do lado de fora. Pensei que era livre Hawke.

Essa tinha sido a falha do Tribunal das Castas três meses atrás. Ela tinha sido drogada, forçada a seguir as ordens que lhe tinham dado, e ainda conseguiu salvar às mulheres contra a sociedade de sangue puro que tinha tentado atacar. Tinham lhe dado a liberdade, mas era tão limitada que às vezes se perguntava se era diferente da prisão que tinha sofrido antes.

—Você é livre — Mas até em sua voz ela podia ouvir a verdade que ela não era.

Sacudindo a cabeça, deu-lhe um sorriso zombeteiro, antes de se afastar do balcão e voltar para a sala de estar.

—Você pode sair agora — disse ela.— Estou sã e salva como você pode ver. Eu não preciso mais de você.

—Alguma vez você precisou?

Houve um tom de perigo, de alerta em sua voz que a fez parar na porta. Ela olhou através da sala junto à lareira, obrigando-se a não se voltar para ele. Jess se lembrou que a dor que sentia em seu peito era um efeito secundário do medo e não qualquer outra emoção.

—Eu fiz uma vez — Ela respondeu. — Fez-me algum bem?

Ela não lhe deu a oportunidade de responder. Passou através da porta, caminhou através da sala para seu quarto mais à frente, onde fechou a porta sem fazer ruído.

Uma vez, ela chorou por ele. Deitada em uma cama de metal, soluçando no travesseiro e rezando para que ele a ajudasse que ele fosse pelo menos visitá-la, que ele lhe desse uma chance de se explicar. Que ele fosse apenas conversar com ela.

Não tinha ocorrido. Durante doze meses ela tinha vivido em um quase isolamento. Mês a mês, a esperança que acalentava ia retrocedendo, a princípio lentamente até que ficou sem nada.

Enquanto se movia pelo quarto, a porta atrás dela se abriu, fazendo-a girar sobre o calcanhar para trás e olhar fixamente em Hawke com surpresa.

 

Seu cabelo negro caía sobre sua testa, apesar de suas tentativas de empurrá-lo para trás com seus dedos. Olhos castanhos dourados, não muito âmbar, nem completamente amarelo ouro, olharam-na com inquietante intensidade enquanto os selvagens planos e ângulos de seu rosto eram mais definidos pelo crescimento da barba de um dia que obscurecia sua expressão.

Calças jeans apertadas se ajustavam a suas poderosas pernas e coxas, e a seus quadris magros. Uma camisa de algodão abotoada no peito, que não conseguia ocultar sua amplitude muscular.

Ele era tão bonito que lhe roubou o fôlego. Mas isso era normal para uma Casta, disse a si mesmo. Todos eles eram incrivelmente atraentes de uma maneira tosca e sedutora. Eles tinham sido criados para a força, a resistência e a morte. Mas também tinham sido criados para agradar os sentidos dos que os tinham criado.

Bem com aqueles que o veriam. Hawke era o epítome do macho áspero e duro. Seu olhar estava pensativo, sua expressão endurecida, seu corpo musculoso e bem formado. Ele era o despertar da fantasia de cada mulher.

Ele foi o homem com o que ela tinha sonhado pelo que sofreu, e finalmente se deu por vencida.

—Eu me afastei por uma razão.

Ela tinha estado fora da cela subterrânea por quase três meses, e esta era a primeira vez que ele tinha abordado o assunto. Ela não se atreveu a mencionar isso. Ela não queria falar disso, não queria lidar com as emoções que ela sabia passariam por ela.

—Você tomou a decisão certa — Jessica lhe devolveu o olhar, se recusando a recuar, se negando a lhe deixar saber o quanto sua deserção a machucou.

De todas as Castas que ela tinha conhecido, só ele deveria ter entendido que ela nunca os teria traído por vontade própria.

—Foi a decisão correta — Seu gesto foi breve, superficial. Foi uma afirmação que dilacerava sua alma.

—Então por que tocar no tema? — Por que não tinha deixado o assunto? Por que trazê-lo à tona quando realmente não importa mais?

—Nós estivemos jogando este jogo desde que você foi libertada — Afirmou sua voz tranqüila, escura, com um pouco de emoção oculta que ela não estava certa de querer nomear.

—E que jogo seria esse? Aquele que eu não quero estar aqui? Ou o que você insiste em que eu fique? Vá, faça o que você tenha que fazer Hawke, e me deixe em paz. E enquanto você está nisso, mantenha as babás em casa, se você não se importar.

—Se você tivesse uma babá hoje não teria estado a ponto de morrer — Existia uma extremidade em sua voz, uma ira subjacente que ela sabia queimava dentro dela também.

—Sobrevivi — Ela deu de ombros, embora o medo ao pensar no que quase tinha acontecido não podia ser apagado de forma tão eficaz como ela teria preferido.

—Sobreviveu?— A indignação masculina preponderou agora em seus rasgos. Seus olhos brilhavam com isso, sua expressão se encheu disso—. Filha da puta, Jess, estiveste a ponto de ser assassinada.

—A ponto não conta. Você sairia agora? Eu gostaria de tomar um banho.

Ela afastou-se dele, tentando parecer despreocupada, indiferente. Ela tinha muita vontade de viver, mas tinha aprendido no último ano que as regras de sua vida tinham mudado. Agora se alguém simplesmente lhe dissesse quais eram as novas regras, então ela poderia ter uma chance na vida.

O espanto lentamente deixou a sua expressão, mas o que o substituiu enviou uma onda de fraqueza feminina correndo através de seu sistema. Um olhar por si só não deveria ter o poder de debilitar os joelhos de uma mulher e enviar excitação inundando através de seu sistema. Não deveria ser suficientemente poderoso, quente bastante, que ela podia sentir seu sexo ruborizando-se, inchando-se, instantaneamente cada vez mais úmido.

E um homem não deveria ter os sentidos para detectá-lo. Ela viu como suas fossas nasais se contraíam seu olhar se escurecendo, ao reconhecer o aroma de sua excitação. Não era justo, porque ela não podia sentir suas emoções, sua excitação.

Seu olhar se desviou sem controle até as entre pernas de suas calças jeans e se encontrou engolindo com força à vista de uma protuberância que não tinha estado ali antes.

A parte da frente de sua calça jeans estava cheia, a prova de sua excitação pressionando contra o tecido e enchendo sua cabeça com imagens eróticas.

Ela teve que se forçar a olhar para o seu rosto, só para ver as pálpebras pesadas, um olhar faminto em seus olhos que lhe assegurou que ele sabia exatamente onde ela tinha estado olhando.

—Nós estamos lutando uma batalha perdida— ele disse a ela, sua voz mais escura, mais profunda —Vai acontecer, Jess, e quando isso acontecer, não haverá volta atrás. Você sabe disso.

Sim, ela sabia. Sabia bem o que era o calor do acasalamento, e o que faria com ela, assim como a ele. Sabia que uma vez que acontecesse, estaria atada a ele para sempre.

Mas ela já não estava ligada a ele para sempre? Uma voz sussurrada a questionou. Não era como se ela pudesse tirá-lo de sua mente, fora de suas fantasias. Ele já estava ali antes da sua prisão, e os pensamentos dele tinham enchido seus sonhos e sua mente durante todo o tempo que ela tinha estado lá.

Os dias e as noites em que tinha tido vontade de vê-lo, a dor que sentia por não poder apoiar a cabeça contra seu peito e sentir seus braços a seu redor. Ela tinha chorado por ele. Não tinham se beijado, não tinham se tocado, mas o tempo que eles passaram juntos o consolidou em seu coração.

Ela não entendia por que. Não questionava isto. Sabia que ele estava ali. O amor à primeira vista era uma merda, pensou com auto dirigida fúria. Essa atração instantânea, aquela necessidade imediata, que ia muito além da química e do calor do acasalamento biológico que as Castas experimentavam.

—Eu quero que você parta — ela sussurrou, embora no seu coração ela soubesse que não era o que realmente queria. Ela queria que ele lhe abraçasse, lhe tocasse, para aliviar a dor ardente que enchia sua alma.

Ele a olhou durante muito tempo, momentos sombrio antes de assentir bruscamente.

—Desta vez — ele disse com uma ponta de raiva —Desta vez eu irei, Jess. Não espere isto da próxima vez

Ele girou sobre seus pés e saiu da sala. Segundos depois, ela ouviu a porta da frente fechar.

Ela desabou sobre o bonito edredom que cobria sua cama e respirou com um suspiro longo e cansado. Ele não lhe prometeu que a deixaria a próxima vez. Ela estava vivendo um tempo emprestado no que se referia ao calor do acasalamento, e ela sabia disso. O problema era que ela tinha a sensação de que depois do ataque de hoje, ela estava vivendo um tempo emprestado, ponto.

    

— Isto está se intensificando — Hawke deu um passo para o interior do escritório do Alpha Gunnar e deu de cara não só com seu próprio Alpha Lobo, mas também com seu segundo - comandante Jacob Arlington e com o chefe de segurança de Haven, Aiden Chance.

Os três poderosos Castas Lobo eram uma força a ser considerada. Eles eram, talvez, os homens mais poderosos que Hawke conhecia, castas ou humanos. Tinham reunido às castas Lobo, lutado por um lar, assegurando-o, garantido, antes de revelar quem eram ou a que estavam destinados dentro de sua própria comunidade.

Trouxeram paz e segurança às pessoas que os seguiram.

— Sabíamos que isso aconteceria — Wolf se recostou na cadeira enquanto dava um longo suspiro. — Me surpreende que tenha demorado tanto tempo.

— Ela prendeu seu guarda-costas no porão antes de sair, esta tarde. — Revelou Hawke. — Não podemos confiar nela para guardar suas próprias costas.

— Dizer a verdade pode funcionar — Jacob Arlington, uma das poucas castas com a cor do lobo vermelho em vez do cinza ou negro, falou a seguir. — Ela poderia preocupar-se mais por sua própria vida se fosse consciente de que está realmente em perigo.

Hawke lançou-lhe um olhar duro.

— Creio que me ordenaram que guardasse essa informação para mim mesmo, no momento. — Voltou-se para Wolf. — Esse tempo terminou Wolf. Agora é o momento de um ato de honestidade com ela. Do contrário, eu a perderei.

Wolf o encarou em silencio durante um longo momento, antes de começar a mover a cabeça.

— Não me faça ignorar uma ordem direta, Wolf. — Sugeriu Hawke, sentindo o animal que estava em seu interior sair à superfície. — Todos vamos lamentar se o fizer.

Tinha seguido tanto os conselhos médicos como os de segurança durante um ano. Manteve-se longe de sua companheira enquanto estava confinada, não fez nada para arriscar o calor de acasalamento que tinha exigido sua liberação. Deu à manada uma oportunidade de assegurar-se por si mesma, para determinar o alcance dos danos que tinham sido causados por sua traição. Quando descobriram que ela tinha sido drogada, levara em conta os conselhos médicos e se mantivera a distância, inclusive depois de sua libertação, para garantir que todas as drogas estivessem fora de seu sistema antes que o calor de acasalamento se iniciasse.

Tinha tomado todas as medidas para proteger sua companheira. Ele mesmo ficara em sua porta, incontáveis dias e noites, para assegurar-se de que sua segurança não estava comprometida. Para assegurar-se de que ela estava a salvo. Escutara seus gritos, ouvira-a sussurrar seu nome, e sua oração a Deus pelas respostas que ela não podia entender, por que tinha traído ao povo que jurara proteger.

Tinha sofrido com ela. Seus olhos se umedeceram com suas lágrimas, a raiva o comera vivo ao longo desses meses. E agora, pensar que seu alfa sugeria que se mantivesse afastado por mais tempo, quando estava claro que havia uma ameaça à vida dela, fez com que o lobo de seu interior grunhisse com fúria.

— Eu nunca sugeri que não lhe dizer a verdade a protegeria agora, Hawke — Wolf o surpreendeu com a declaração. — Eu só digo que, possivelmente, foi um engano não tê-la informada antes. Ela está claramente em perigo, tal como suspeitamos. Armando-a com a verdade, talvez possamos recuperar a lealdade que perdemos dela quando a confinamos.

Os lábios do Hawke se apertaram. Era crença do Tribunal de que tinham perdido a lealdade da Jessica por sua necessidade de confiná-la, de afastá-la das castas, assim como de seu próprio povo. Hawke não acreditava isso. Nenhuma só vez Jessica tentou escapar nos meses que tinha sido livre. Ela procurara a solidão. Houve momentos em que não estava sendo vigiada. Mas nunca demonstrou uma necessidade de escapar, ou demonstrado ira para as castas em geral. Era mais uma cólera dirigida diretamente a Hawke.

— Vou usar uma equipe da base Coiote — Informou-lhes Aiden. — Será feito em silêncio; serão colocados ao redor dela em amparo encoberto. Sabemos que Haven está sendo observado. Desta maneira, quem quer que esteja nos observando acreditará que começamos a negligenciar com sua segurança. — Aiden se inclinou para frente com atenção. — Temos que apanhar seu perseguidor, Hawke. Houve homens que não apanhamos a princípios deste ano quando dissolvemos a sociedade supremacista. Necessitamos a informação que eles têm, assim como os recursos que estão utilizando. Ela é nosso único vínculo com eles.

— A segurança de Jess não será comprometida em sua busca, Aiden. — Grunhiu Hawke, o bestial rugido de sua voz o fazia pronunciar guturalmente suas palavras. — Freei o calor de acasalamento, mas nada alterará o fato de que ela é minha companheira.

Aiden assentiu com a cabeça depois de sua declaração enquanto ele se voltava para Wolf.

— Estou reclamando a minha companheira. — Hawke olhou para baixo e logo seu alfa. — Te dei o tempo que era necessário, Wolf. Jessica Raines é minha companheira. Não vou ficar sem ela por mais tempo

Wolf compartilhou um olhar com seu segundo - comandante antes de se voltar para Hawke com um gesto breve.          

— Aprecio sua confiança em mim, Hawke. Negou algo a si mesmo quando outros não o teriam feito, e nos deu o tempo que necessitávamos para encontrar respostas em vez de dar a ela sua liberdade, apoiada na lei. Isso me diz mais que as palavras podem dizer a respeito da lealdade que dá às castas.

— Minha lealdade foi para ela. — Espetou Hawke. — Minha companheira não era uma traidora. Só havia uma maneira de demonstrá-lo. Foi comprovado. Agora, vou ter o que é meu.

    

Ela deveria saber que Hawke não ia se afastar por muito tempo. O guarda-costas que tinha deixado fora da casa era um homem. Deu-se conta, tanto durante como depois de sua libertação, que se tratava de um acontecimento muito raro que um macho de qualquer casta ou crença humana estivesse ao seu redor.

Ela tinha guarda-costas femininos. Seu médico era uma mulher. Seus visitantes, quer dizer, a companheira do alfa, Hope, ou a esposa de seu segundo comandante, Faith. De vez em quando, Carity Chance a visitava, mas desde o nascimento de seu filho com Aiden, não estivera mais por ali.

Viu o Range Rover deter-se no pequeno caminho de cascalho que havia na entrada da cabana que lhe deram, e Hawke saindo. Tão arrogante como nenhum homem podia ser, tão formoso como o pecado, ficou de pé sob a neve que caía como uma força da natureza, desafiando aos elementos que viriam depois dele.

Desafiando a quem se atrevesse a ir a contra ele ou de opor-se a ele.

Era uma parte integral da equipe de segurança de Haven. Tinha sido assessor e chefe de segurança na central de segurança e comunicações onde ela trabalhara, pouco mais de um ano atrás. Ele fora firme e honesto, mas nem sempre tinha sido fácil trabalhar com ele. Não suportava aos parvos com facilidade, e não pensava duas vezes antes de tirar fora qualquer um que não seguisse as normas.

Acaso ainda fiscalizava a segurança ali? , perguntou-se. Deu-se conta de que não tinha nem idéia do que fazia agora. Ela o via conduzindo através do recinto freqüentemente, parando, falando com as equipes de segurança, dirigindo-os a diferentes zonas ou brincando com eles. Embora agora se desse conta de que não tinha visto um sorriso em seu rosto, desde que ela tinha sido libertada.

Freqüentemente sorria quando trabalhava de segurança para as castas. Pequenos e precavidos meio-sorrisos, como se não soubesse expressar sua diversão com suas tímidas brincadeiras ou em suas tentativas de paquerar com ele.

Deus, de que maneira se apaixonara por ele, deu-se conta. Esses meses que tinha passado trabalhando com ele, compartilhando os almoços tranqüilamente no pequeno jardim atrás do centro de segurança, apaixonara-se de maneira irrevogável.

Nunca a beijou. Não a havia tocado. Tinha sido cortês e cavalheiresco. Algo que nunca tinha conhecido em ninguém mais. Ele era mais importante que a vida, e a ferida que ela causara na frágil relação que eles estavam construindo tinha sido profunda. Em ambos.

Ela soubera então sobre o calor de acasalamento. Não era difícil saber quando se trabalhava muito de perto das castas. E ela percebera os sinais. Foram se acumulando entre eles. Teria tomado não mais de um beijo, talvez um toque, e teriam ondulado à vida como um incêndio fora de controle, como Faith havia descrito.

Faith, Hope e Charity tinham sido brutalmente honestas com ela sobre o calor de acasalamento. Apesar de ter sido chamada de traidora, elas não a ignoraram quando lhes perguntara sobre isso.

Quando Hawke se aproximou de sua porta, cruzou os braços sobre o suéter grosso que cobria seus seios e se perguntou sobre isso. Por que tinham sido tão honestas com ela quando se suspeitava que fosse uma traidora?

É óbvio, se tivesse sido condenada por seus crimes, não era como se o mundo tivesse tido a oportunidade de escutar seu lado da história. Não teria havido nenhum advogado, nem defesa. A lei da casta era brutalmente clara. Os documentos que tinha assinado aceitando-a estabeleceram isso em termos simples e sucintos. Ela seria executada se alguma vez traísse às castas. E ela o tinha assinado, sabendo que nunca estaria disposta a traí-los.

Aprendido que ainda assim tinha havido um pequeno fator. A falta de vontade. A droga que seu pai tinha deslizado em seu sistema tinha lhe dado outra opção.

A porta principal se abriu com um ar de arrogância e propósito que personificava ao homem que entrou. Levava uma bolsa sob o braço. Agarrando-a pela alça, voltou-se para fechar e bloquear a porta.

Jessica inclinou a cabeça para um lado. Mais presentes? Tinha enviado sua roupa, sapatos, botas e casacos desde sua libertação. Durante seu cativeiro, enviara sua comida favorita de seu restaurante fast-food; roupa suave que a mantivera quente na estéril cela em que tinha sido confinada.

Sempre lhe enviava presentes. Esta era a primeira vez que os trazia com ele.

—Temos que conversar.

Suas sobrancelhas se levantaram enquanto se voltava e entrava na cozinha depois de fazer a brusca declaração.

Seguiu-o de qualquer forma, apesar da arrogância que lhe arrepiava os cabelos.

Com um pé na cozinha, viu que estava pondo a bolsa na mesa da cozinha e tirando seu conteúdo. Um saco de café, uma garrafa de refresco, suas bolachas de chocolate favoritas e um pequeno frasco transparente do que pareciam ser cápsulas, uma droga de algum tipo.

—O que é exatamente o que temos que falar? — Estava quase salivando por café. Era sua marca favorita.

—Sobre isto. — Colocou o frasco de pílulas em um lugar destacado, em frente à tentadora cafeína e as guloseimas de chocolate.

Suas sobrancelhas se levantaram de novo.

— E o que são?

— Os tratamentos hormonais para o calor de acasalamento. — Afirmou, com uma expressão dura, quase lúgubre, enquanto olhava para ela com seus estranhos olhos de cor marrom amarelado. — Elas são para os sintomas mais incômodos. Também terá que decidir se quer tomar o tratamento adicional para prevenir uma gravidez. — Tirou outro frasco do bolso da camisa e o colocou ao lado do primeiro.

Jessica sentiu como aumentava sua freqüência cardíaca. De repente, o coração golpeava contra o peito, o sangue correndo através de seu sistema e a necessidade que começava a arder em zonas que normalmente tratava de ignorar.

Entre as coxas, seu clitóris se inchava e seus sucos começaram a molhar as dobras de seu sexo. Podia sentir a luxúria vertendo em seu sistema e emoções que não queria reconhecer passar através de sua mente.

— Tem tudo calculado, não? — Sussurrou enquanto olhava para ele. — Tanto se quiser isto como se não, vai acontecer?

Respirava devagar e profundamente.

— É minha companheira, Jessica. Nós dois sabemos o que isso significa. Tentei me manter afastado de você. Tive esperar o momento adequado para te cortejar, para te dar a oportunidade de aceitar o que significa.

— Tempo? — Ela deu uma dura, risada amarga. — Fui encarcerada, Hawke, e nem sequer me visitou. Poucas vezes te vi desde minha libertação. Talvez precise saber exatamente o que significa fazer a corte a uma mulher antes de se decidir a fazê-lo.

Ele apertou a mandíbula, o músculo agrupando-se quase violentamente enquanto o observava apertar os dentes.

— Teria nos dado mais tempo — parecia empurrar as palavras além de sua garganta — Antes que começasse a corte, eu queria garantir seu amparo, sua segurança. E sua liberdade — mordeu a última palavra quase com irritação. — Queria que me escolhesse, não queria forçar o calor.

— E isso mudou. Por quê? — Ela quase se suavizou ante as palavras, ante a necessidade que podia ver em seus olhos e o fato de que, diferente das circunstâncias de outros companheiros, tinha tentado lhe dar uma opção, uma oportunidade de dar as costas a ele se não fosse o que queria.

— Porque não posso encontrar o homem que esteve te vigiando desde sua libertação — ele revelou.

Jessica se congelou ante a declaração.

— O que quer dizer, me vigiando? Como pode alguém que não seja um casta me vigiar, Hawke? Especialmente aqui em Haven?

Ele desviou o olhar durante um segundo comprido, apertando os lábios, antes de voltar seu olhar para ela.

— Algumas facções das sociedades supremacistas encontraram uma droga que pode encobrir o aroma individual por um período curto de tempo. Desde sua libertação, vimos sinais de um perseguidor. Podemos farejar suas armas, o fato de que é um homem, e sua intenção de matar. Ele esta tentando deslizar-se dentro de Haven, atravessar nossa segurança utilizando este medicamento. E depois ir atrás de você.

O temor se deslizou no estômago de Jess. Afastando-se dele, empurrou os dedos pelo cabelo solto antes de aproximar-se à janela e olhar à neve que parecia cair mais pesada agora, mais rápido.

— Para me matar — disse em voz baixa. — Porque fui capaz de salvar às companheiras que teriam morrido durante o ataque.

O ataque de que tinha dado informação vital que ajudou a rechaçá-lo.

— Isso é o que averiguamos. — Disse em voz baixa. — Seu pai teria dado as ordens antes de sua morte, para que uma vez fosse posta em liberdade, devia ser assassinada.

— Eu o traí. — Sorriu com amargura quando se voltou para ele. — Papai nunca olhou com bons olhos a alguém que desse as costas ao que ele queria.

— Ainda há vários membros-chave que não foram identificados antes de sua libertação. A maioria dos membros desse grupo foi à festa quando as castas foram atacadas, mas alguns membros não estavam lá. Estávamos tentando conhecer suas identidades, mas até agora não conseguimos fazê-lo.

Jessica assentiu lentamente. As castas haviam lhe trazido fotos justo antes de sua libertação, pedindo que identificasse aos homens que ela conheceu associados a seu pai. Ela tinha sido perguntada pelo nome de qualquer pessoa que não estivesse nessas fotos. As castas tinham sido rigorosos. Reconheceu a todos os amigos de seu pai nessas imagens, assim como alguns que não tinha conhecido.

— O que tem tudo isto que ver com o calor de acasalamento? — Ela olhou para os frascos de pílulas de novo.

— Você é minha companheira. — Sua voz era de repente gutural, um grunhido primitivo que fez com que de repente, todas as terminações nervosas de seu corpo fossem violentamente sensíveis e conscientes do homem de pé diante dela. — Esperei quinze meses, Jessica. Eu queria te cortejar. Queria que se tratasse de sua escolha, para ser o que você necessitava, não só porque eu o sofresse. Mas agora o perigo está aumentando, e eu me nego a arriscar sua vida. — Seus punhos estavam apertados junto aos quadris, enquanto os olhos pareciam brilhar com a fome. — Não vou deixá-la morrer. Não permitirei que seja prejudicada. — Aproximou-se dela com um movimento lento e constante; a perseguição deixou sua boca seca e seus lábios se abriram com antecipação.

Duras e masculinas mãos pousaram sobre seus ombros, enquanto ela o olhava fixamente, hipnotizada pelo homem e a intensidade de seu olhar.

— Eu protejo os meus. — Seus olhos se moviam sobre seu rosto, detendo-se em seus lábios, antes de subir e parar em seu olhar. — É minha, Jessica. Foi minha desde o dia que te vi. Não posso parar ao animal dentro de mim que te reclama. Não posso parar a necessidade de te proteger. Teria dado minha vida para assegurar que você tivesse o tempo e a liberdade de tomar esta decisão por sua conta. Mas vou estar contigo agora, dia após dia. Vou te proteger. E frear a fome que nos aproxima será impossível. Razão pela qual trouxe os hormônios, assim como as guloseimas. Os novos tratamentos hormonais deram à fêmea que se emparelha a liberdade de desfrutar de suas delícias, sem os efeitos adversos que vinham com eles.

A cafeína e o chocolate eram conhecidos por fazer com que os sintomas do calor de acasalamento piorassem. A excitação, a necessidade de emparelhar-se, de tocar, de beijar e de acariciar, são quase impossíveis de negar tal como estava. Poderia chegar a ser doloroso. Jessica sabia que a necessidade de sexo poderia chegar a ser angustiosa se uma mulher se separasse de seu companheiro, incapaz de sentir seu tato, tomar seu sexo, ou conhecer seu corpo.

Ela inalou, quase tremendo, enquanto lutava para respirar através da compreensão.

—E se eu não quiser esta união? — Perguntou-lhe.

Suas mãos esfregavam os braços dela, continuando, voltavam a subir.

— Então, estaria mentindo para nós dois. — Disse Hawke, em voz baixa. — Há ira em ti, e não te culpo por isso. Mas não há necessidade, Jess, e há emoção. Se não tivesse estado confinada por um ano, teria estado em meus braços. Nós dois sabemos isso.

— Mas eu estive confinada, Hawke. — Ela se afastou, esfregando os braços antes de girar-se diretamente para ele e encará-lo diretamente. — Ficou longe de mim. Nunca veio para mim.

— Teria me acoplado a você. — As palavras foram arrancadas dele. — Teria te tomado, Jess. Necessitávamos tempo para demonstrar sua inocência. Eu sabia que nunca estaria disposta a nos trair. Tinha que prová-lo.

A surpresa se filtrou através da excitação, a surpresa que ela não podia ignorar.

—Tentou provar minha inocência? — Ela franziu o cenho. — Mas, Hawke, eu não era inocente. Sabemos disso.

Ela tinha traído às castas. Tinha quase conseguido com que Hope, Faith e Charity morressem. Tinha sido responsável por um ataque ao refúgio que poderia ter matado a muitos deles.

— Era inocente. — Afirmou ele, sua voz cheia de determinação. — Jessica, não foi por vontade própria. Temos provas disso agora. Soube então.

— Entretanto, nunca se incomodou em me dizer isso?

Perguntou ela com um pequeno indício de brincadeira.

—Oh, Hawke. O que te custaria? Uma nota? Uma chamada de telefone? Poderia haver dito isso e me dar uma oportunidade. — A excitação alimentou a ira. Necessidade versus dor, o conhecimento de que ela ficara sozinha, vertendo através dela.

— Podia ter feito alguma coisa, maldição! — Sua voz se elevou como a dor eclipsando qualquer outra emoção.

— Ao fazê-lo, teria arriscado a investigação que instiguei para provar sua inocência. — contra-atacou ele. E embora sua voz se mantivesse baixa, calma, havia um poder palpitante nele que a fez interromper-se. — Se eu houvesse feito algo assim, teria arriscado sua vida, assim como a confiança de nossos inimigos em que fosse morrer e levar seus segredos com isso.

— E porque pensa que havia uma boa razão para o que estava fazendo, então deveríamos nos deitar e aceitar o calor de acasalamento, como se não tivesse outra opção? — Respondeu, zangada. — Desculpe-me, Hawke, mas não soa um pouco arrogante, inclusive para você?

Uma sobrancelha se arqueou pesada e negra, sobre os olhos de ouro burlando-se de sua incredulidade enquanto olhava para ela.

— Oh, sim, que tola, tinha me esquecido da arrogância dos castas — ela soprou. — Vocês não entendem os limites absolutamente, não é?

Sua expressão continuou imóvel pelo comentário.

— O animal está muito perto da superfície às vezes, Jess.

Finalmente, ele suspirou.

— Minha necessidade de te proteger, de te manter perto de mim, vai além de tudo o que possa entender no momento. — Fez uma careta, ensinando os fortes caninos aos lados de sua boca, recordando-a que ele estava de fato muito perto de seus primos animais. — Você é minha companheira. Tudo dentro de mim me exige assegurar nosso vinculo. Estou tentando ser razoável. Estou tentando ser humano sobre isto, mas é condenadamente difícil.

Estava tentando ser humano a respeito?

Jessica inclinou a cabeça e o olhou, de repente curiosa por essa necessidade que o insistia a assegurar-se de que pertencia a ele, a ninguém mais.

Era ao mesmo tempo aterrador e excitante. Este homem, tão grande e audaz, tão único, desejava-a. Só a ela. Uma vez que o calor de acasalamento se iniciasse, nunca poderia haver outra mulher. Esse instinto de acasalamento o impediria inclusive desejar outra mulher. Pertencia a ela, e só a ela.

Tinha tido algo ou alguém que tivesse sido só dela?

— Jessica — Sua voz tinha uma suavidade e uma qualidade fascinante enquanto se aproximava dela, seu grande corpo defendendo-a, protegendo-a enquanto levantava a mão para pôr o dorso dos dedos sobre sua bochecha.

O gesto foi tão doce, tão tenro, que quase perdeu o fôlego.

— Não posso deixar que outros cuidem de você agora. — Advertiu, e o melancólico e atormentado som na voz dele golpeou em seu coração. — É muito importante para mim. Significa muito para mim. E a parte de minha alma que te reclamou treme de medo ante a idéia de te perder.

— Hawke — Queria sacudir a cabeça, para protestar por sua reclamação.

Ela não sabia se estava preparada para isso. Não sabia se poderia dirigir o calor de acasalamento, assim como a súbita ameaça contra sua vida.

— Estarei contigo, dia a dia — disse ele, enquanto o encarava em silêncio, confusa. — Te guardarei com minha vida, Jessica, mas sabe tão bem quanto eu que a excitação ardente que haverá entre nós não será fácil. Não é um produto simplesmente do calor de acasalamento, é um produto do que ambos queríamos antes de saber que era um fato. Nós pertencemos o um ao outro.

Pertencemo-nos o um ao outro. Seus lábios entreabertos, enquanto lutava para encontrar uma maneira de negar isso, e não podia. Antes que ela tivesse traído às castas, antes que fosse presa, tinha sonhado com o calor de acasalamento. Tinha sonhado em pertencer a ele.

Antes da traição. Antes que ela perdesse a si mesma na incessante busca de seu pai para destruir Haven e a todos os que viviam ali.

— Isto não vai dar certo. — Sussurrou, embora não pudesse deixar de apoiar-se em seu toque por um momento. — Não vai funcionar, Hawke.

Teve que obrigar-se a afastar-se dele. Foi a coisa mais dura que já fizera em sua vida. Quando vários metros os separavam se voltou para ele, miserável, com a consciência de exatamente a que estava dando as costas.

— Se algo me acontecer, estará sozinho. — Engoliu em seco pelo pensamento. — Não encontrará outra companheira. Não terá o consolo de outra mulher.

— Não, Jessica. . .

— Estará sozinho! — Gritou com fúria. — Sei o que é Hawke. Sei quão vazio e desolador que pode ser e não quero isso para você.

Intermináveis noites aconchegadas na cama em que dormira, meses de agonia, de sonhar, de desejar, de chorar por alguém que ela não podia ter.

— Isso não vai acontecer — Chiou ele, a determinação marcando seu rosto.

— Não se pode estar seguro disso. — Deu um passo atrás enquanto passeava perto. — Não vou me arriscar. Agora não. Não até que tenhamos a oportunidade de esclarecer coisas entre nós. Até que não saibamos se haverá inclusive um futuro.

— Oh, definitivamente há um futuro.

Antes que pudesse evitá-lo estava presa contra a geladeira, o corpo tão quente e acolhedor tocando o seu. O calor parecia rodeá-la, afundar-se nela.

Apertando as mãos contra o peito, uma respiração se alojou em sua garganta enquanto olhava para cima, para suas dominantes e famintas feições.

— Há um futuro, Jess. — Uma mão se deslizou pelo cabelo, a outra se apoderou do quadril. — E começa agora.

 

Jessica esperava um beijo. Estivera esperando por seu beijo durante o que lhe parecia uma eternidade. Seus lábios estavam entreabertos enquanto ele baixava cabeça, e sua respiração se deteve em seu peito em previsão do prazer que estava por vir.

Uma vez que os lábios dela fossem cobertos, uma vez que sua língua se deslizasse contra a sua, ela sabia exatamente o que ia acontecer. O hormônio de acasalamento que enchiam as pequenas glândulas debaixo da língua dele se descarregaria em seu sistema. O hormônio provocaria um incêndio que não poderia ser apagado. Seria uma aventura em sua própria sexualidade, assim como na sua. Ela sabia o que esperar. Ela tinha sonhado com isso, tinha fantasiado com isso. Mas isto não foi o que aconteceu.

No segundo último, os lábios dele se apoiaram no canto dos seus em vez de cobri-los. Respirando com dureza, o coração masculino pulsava forte contra a palma das mãos dela que se apertavam contra seu peito. Ficou rígido contra ela, obviamente lutando para recuperar o controle.

Ela tinha que lutar por si mesma, e estava falhando miseravelmente.

Suas mãos se moviam de seu peito até os ombros. Enquanto ele estava ali com ela, em suas mãos, ela deixou que suas mãos se deslizassem em seu cabelo, permitindo-se agarrar as grossas e pesadas mechas e desfrutando da sensação disso. Por fim.

Quantas vezes tinha sonhado em simplesmente tocá-lo? Só senti-lo contra ela?

— Não quero te tomar — grunhiu ele enquanto virava a cabeça, a bochecha pressionando contra a dela. — Não quero te obrigar a isto, Jess.

— Então, não o faça — sussurrou.

Não era necessária a força. Deixou que seus dedos apertassem seu cabelo, esfregando-o contra a ponta dos dedos quando sentiu a forte prova da ereção contra a parte inferior de seu estômago.

Ela queria. Oh, Senhor!, desejava-o. Mas não deveria. Ele a deixara sozinha por mais de um ano. Tinha virado as costas para ela. Mas ele estava aqui agora, protestou outra voz. A voz da fome, da necessidade, que tinha açoitado através dela desde o primeiro dia que o conheceu.

Sempre zombara da idéia do amor à primeira vista, até que conhecera Hawke.

— Jess — Sua voz era áspera, rica em querer. Era primitiva e melancólica, e um calafrio correu suas costas, já que lhe acariciava os sentidos. No momento em que pôs os olhos nele, soube que nunca quereria a outro homem, como desejava a ele.

— Toque-me, Hawke.

Oh Deus, quem se tinha atrevido a expressar esta súplica? Sem dúvida, não era ela. Não se conhecia melhor? Acaso não se prometera que não faria esta petição acordada, embora ela o tivesse pedido em seus sonhos?

Ela o olhou enquanto jogava sua cabeça para trás. Selvagens olhos de ouro se estreitaram nela enquanto lutava para respirar.

— Não tem que me dar um beijo — Sussurrou ela. — Só me toque.

Permitir-se tocá-la. Haveria sem dúvida maneiras de fazê-lo sem iniciar algo que não poderiam mudar o rumo de novo. Não era como se um simples toque se converteria em um incêndio, não?

— Vai me matar — Grunhiu ele, mas a mão se moveu de seu cabelo, os dedos tocando sua bochecha enquanto ela movia a sua de seu cabelo e a deslizava para baixo, pelo peito.

Ela podia tocá-lo assim, não podia?

— Jess? — Gemeu seu nome enquanto ela tirava a barra de sua camisa de algodão dos jeans.

— Talvez nem sequer nós gostemos do toque do outro — Sugeriu ela, sentindo-se quase leve em seus braços. — Poderíamos estar totalmente enojados um pelo outro. Acredito que deveríamos estar seguros antes que me beije.

E talvez lhe desse tempo, só um pouco de tempo para descobrir o que queria, ou como ia manejar este grande homem endurecido.

— Jess, não tenho nenhum tipo de dúvida de que seu toque não me vai enojar — Gemeu, mas se sentia um fio de leveza nele também agora. Quase de alegria.

Acaso ele sequer sabia como jogar? , perguntou-se. Ou era sua alegria tão cautelosa como os meio-sorrisos que estava acostumado a fazer?

— Nunca se sabe — Sussurrou Jess.

Deslizando as mãos sob a camisa dele, foi recompensada por seu fôlego fortemente expirado. Um segundo depois, ele se encontrou com a revanche rodeando a prega da camisa, com os nós dos dedos, só com os nós, tocando seu estômago sensível.

— E eu te posso tocar — Sussurrou. — Desejei tanto te tocar, Hawke.

Podia sentir seus sucos alagando sua vagina agora. Estava molhada e quente, seu clitóris palpitava de forma errática enquanto tentava encontrar a respiração.

Tinha esperado tanto tempo por seu toque. Talvez tivesse esperado muito tempo, pensou confusamente. Muita antecipação. Isto a estava deixando zonza.

— Deveríamos estar deitados para fazer isto — sugeriu ele enquanto retrocedia, tirava a mão e a olhava. — Então poderíamos nos tocar onde quiséssemos Jess. Eu estaria aí, disposto para você.

— Para fazer o que quiser? — Seu coração deu um tombo pelo pensamento.

— Tudo o que quiser — Prometeu, com voz baixa e áspera enquanto a levava da cozinha para o dormitório. —De todos os modos que quiser.

De todos os modos que quisesse? Ela tinha um montão de desejos concernentes a seu toque em questão. Ela poderia fazer um montão de coisas e não lhe dar um beijo. Coisas que poderiam queimar através de sua alma e amarrá-la com mais força a ele, pensou confusamente. Logo, ignorou a idéia.

Poderia estar realmente vinculada com mais força a ele?, perguntou-se. Ela não acreditava que fosse possível. Não tinha pensado em nenhum outro homem, não sonhava com nenhum outro homem, não queria a nenhum outro homem que não fosse este desde o dia em que o tinha visto.

E poderia tê-lo, assegurou a si mesma. De todas as formas que o desejasse.

Ela se deixou levar ao quarto, olhando para ele, enquanto a conduzia facilmente através da sala e além da porta aberta do quarto.

Enquanto se detinha ao lado da cama ficou de pé, insegura, Observando-o tirar as botas, e então lentamente desabotoar a camisa. Compridos e com graça, os dedos masculinos liberaram os botões com confiança enquanto a encarava. Tirou a camisa de seu corpo e ela foi recompensada com a vista de ombros largos e muito bronzeados. Músculos movendo-se e ondulando-se debaixo da carne quente e firme. A amplitude forte de seu peito nu, sem pelos, mas no que não havia nada imaturo.

Seu olhar foi conduzido para baixo, duros mamilos masculinos, antes de ser arrastada mais abaixo pelos apertados e ondeantes abdominais. Suas calças jeans com cinturão penduravam nos quadris, a cunha pesada de seu membro pressionando apertada contra o fechamento.

Sentia-se fraca, zonza, enquanto ele deixava cair a camisa no chão antes de passar à cama e colocar-se nela, de costas, os braços estendidos aos lados.

Seu sorriso era perverso. Um verdadeiro sorriso brincalhão apesar da fome que enchia seu olhar.

— Aqui estou — convidou-a. — Tome como quiser Jess.

Tomá-lo como quisesse? Doce Senhor, tenha piedade por mim, não poderia sobreviver a isto.

Tirou as sapatilhas que usava, e viu como os olhos dele se abriram quando agarrou a barra de seu suéter. Devolveu-lhe um sorriso antes de puxá-lo para acima de seu corpo e sobre sua cabeça para mostrar a clara camiseta interior que levava debaixo dela.

Não usava sutiã. Odiava-o. A camiseta sem mangas era elástica e cômoda e revelava claramente o estado de dureza de seus mamilos enquanto se arrastava até o colchão junto a ele.

Maldição, era como uma visão da perfeição masculina. Quaisquer que fossem os cientistas que tinham decidido sua genética, sabiam exatamente o que estavam fazendo, pensou Jessica com satisfação quando se sentou em seus joelhos e o olhou.

Olhou-o totalmente, porque olhá-lo podia ser tão erótico como tocá-lo. Ela podia ver seus músculos flexíveis, como se estivesse realmente tocando-o. Seu rosto se enrugou com uma careta, apertou sua mandíbula. Estava tão excitado. Preparado para ela.

Era um cara bom, pensou ela. Cada movimento deste homem, cada palavra de seus lábios, era definitivamente bom.

— Vai olhar o dia todo? — Espetou ele. Não zangado. Havia uma beira de antecipação e impaciência em seu tom mais que de ira.

— Talvez — Ela arrastou as palavras, enquanto sua mão se levantava, quase por vontade própria, os dedos descendo do centro de seu peito a seu estômago duro.

Se fosse muito mais longe, estaria em suas calças. Não tomaria mais que uma respiração tocar o topo duro de seu membro. Ela poderia desfazer os jeans. . .

Jessica sacudiu os pensamentos. Isso seria cruel. Ela não queria ser cruel.

— Deite-se ao meu lado, neném — Deu a volta, pondo-se a seu lado enquanto a atraía à cama. — Deixe-me te tocar assim.

Sem beijos.

Ela morreria por esse beijo, pensou um segundo mais tarde, enquanto ele esfregava duro a mandíbula com barba contra a pele e se aproximou enquanto ela se inclinava para trás.

Suas mãos tinham vontade própria, tocando suas costas, os ombros, deslizando-se sobre a masculina carne dura e desfrutando da sensação de força debaixo dele.

Ela sofria pelo beijo que estava negando a si mesma, quase como se o calor de acasalamento tivesse começado sem ele.

Mas isso não era possível.

Seus olhos se fecharam enquanto ele arrastava a aspereza de sua barba sobre seu pescoço, seu fôlego quente era uma carícia sobre a pele nua enquanto se arqueava debaixo dele, seu corpo demandava mais.

Isto não poderia ter sido uma boa idéia, pensou. Talvez não devesse ter dado a isto mais consideração. Ela estava perdendo-se na sensação de tocá-lo, movendo as mãos por suas costas até a borda de suas calças jeans, a tentação de ir além da banda ajustada era quase mais do que podia suportar.

— Não posso te dar um beijo. Não posso te lamber — sussurrou ele em seu ombro, seus lábios mal tocando a pele sensível ali. —Se te tocar com minha língua, o hormônio pode tocar sua pele. Poderia chupar seus mamilos, e a necessidade de mais arderia dentro de você. Poderia lamber seu ventre macio, e sua carne cresceria quente, sua excitação se fortaleceria. — Sussurrou, sedutor, enquanto o roçar de sua barba contra a carne exposta acima de seus seios era quase mais do que podia suportar.

— Posso te beijar? — Suas unhas rasparam sobre o cinturão antes que se apoderasse do quadril com uma mão, obrigando-se a não ir mais baixo.

Hawke se deteve. A idéia dos lábios dela contra sua carne era o céu e o inferno. A idéia dela acariciando-o, lambendo-o, tinha seu membro palpitante como uma ferida aberta.

Piedoso e doce céu, dá-me forças, pensou.

— Sim — Quase sussurrou a palavra, porque seus lábios já estavam em seu ombro, seus dentes chiando sobre a carne enquanto continha um gemido. Talvez fosse um engano dar sua permissão para que o acariciasse com os lábios, porque o prazer o estava fazendo em pedaços, rasgando-o através de seus sentidos e deixando-o débil.

Mordeu-a. A curva arredondada de seu ombro palpitava enquanto lhe mordiscava. Logo o lambeu. Seus quadris se sacudiram, moendo seu membro contra a coxa dela enquanto lutava só para respirar.

Que louco tinha estado para estar de acordo com isto?

Ofegou em seu ombro.

— Necessita-se o hormônio para iniciar o calor, não é?

— Sim — Sua maldita língua estava cheia dele, as glândulas inchadas eram dolorosas, enchendo sua boca com o calor erótico, deixando-o louco com a fome que alagava seu sistema por ela.

— O hormônio está em seu beijo e seu sêmen — Suas unhas estavam lhe rastelando as costas.

Hawke se estirou pela carícia ardente. Deus, não sabia quanto mais podia suportar.

— Posso te beijar — Beijou seu ombro antes que se movessem seus lábios para baixo.

— Deus, sim — Tomou a parte posterior da cabeça, mantendo-a perto enquanto seus lábios se moviam pelo peito, sua pequena língua quente rastelando um mamilo distendido enquanto sentia seus sentidos incendiarem-se.

— Podemos brincar por um momento — Sua voz soava desesperada, quase tão desesperada como ele mesmo o estava. — Ajude-me, Hawke — disse ela, ofegando. — Por favor. — Arqueou-se para ele, suas coxas agarrando uma das dele, enquanto se esfregava contra ele. O calor de sua vagina através das calças jeans era destrutivo. Podia sentir o calor, a umidade escorregadia. Ela estava tão condenadamente pronta para ele que o aroma dela encheu o ar e o deixou com sensação de embriaguez.

— Vai me matar assim — queixava-se, mas não podia conter-se.

Deslizando a camiseta ao longo de seus seios, revelando as curvas delicadas e a doce cor rosa das pontas duras de seus mamilos. Queria lambê-los, chupá-los. Queria introduzi-los em sua boca e encher seus sentidos com o sabor dela.

Usou seus dedos em seu lugar. Agarrou as pequenas e endurecidas pontas entre os dedos indicadores e polegar, puxando-as, acariciou-as, as endurecendo.

Olhou, assombrado, como se ruborizava desde seus seios até a face. Seu cabelo loiro avermelhado derramado em torno de suas feições delicadas enquanto as pestanas se fechavam sobre os olhos e os lábios se entreabriam para puxar mais ar.

Ela se perdeu no prazer que ele lhe dava. Isto era exatamente o que ele queria, como a queria. Queria que seus sentidos estivessem consumidos por ele, cheios por seu contato.

E Hawke se deu conta de que queria ver sua reação ante ele. Se tivesse produzido o calor de acasalamento levado por seu beijo, então lhe teria sido negada a visão do desfrute de seu toque.

O hormônio de acasalamento estava se produzindo em seu sistema, derramando-se debaixo de sua língua enquanto ele lutava para conter sua paixão por ela. Ela queria tocá-lo. Ela queria amá-lo, pensou. Mas Jessica só não queria ser tocada. Queria senti-lo, percebê-lo. Queria uma garantia de que o que ia ter com ele seria suficiente para manter um futuro juntos.

Não tinha nem idéia. A Mãe Natureza não havia feito um acasalamento imperfeito ainda. Em todos os anos em que as castas tinham existido, não tinha sido criado um casal que não se manteve, que não se amasse.

Estava-o matando, só tinha que tocá-la assim, mas sabia que era por seu futuro. Não podia afastar-se dela. Não podia obrigá-la a se unir a ele. Tudo dentro de sua alma rechaçava a idéia. Mas podia provocá-la. Poderia seduzi-la.

Acariciou-lhe os mamilos com os dedos, pô-los duros com seus dedos. Tomou, passando as palmas das mãos pelas pontas, olhando seu rosto e o prazer que o cobria.

Era quase inocente. Diabos, era inocente. Ela era virgem. Ela vinha a ele sem ter sido tocada pelas carícias de outro homem, e ele sabia. Sabia seus antecedentes, sua história. Não tinha brincado com meninos. Sua séria e sóbria Jess tinha trabalhado duro para ter uma carreira, trabalhou para escapar do legado que seu pai lhe tinha deixado.

— Tão formosa — Suspirou quando seus dedos se moveram dos mamilos ao pequeno abdômen arredondado. — Me faz ficar louco por ti, Jess.

Ela apertou a cabeça mais no travesseiro enquanto ele brincava com o fechamento de suas calças jeans, um pequeno gemido abandonou seus lábios.

— Posso te dar prazer sem te beijar — prometeu ele enquanto puxava botão dos jeans, abrindo-os. — Com apenas meus dedos, poderia fazer com que gozasse para mim, Jess. Deixe-me te fazer gozar.

Hawke olhava como ela arrastava os olhos abertos, o olhar indo para os dedos enquanto ele abria o fechamento das calças.

— Vamos tirar isto, neném. — Baixou o material, arrastando-o dos quadris, por suas coxas.

Quase gozou ali mesmo quando viu a seda de cor violeta delicada da calcinha que usava. Que mal cobriam o triângulo de fogo de cachos sob ela, e que não fazia nada para ocultar o fato de que estava molhada de seus sucos.

O aroma dela enchia seu nariz. Doce, feminina, fresca. Como um arroio de montanha, pensou. Isso foi o que o aroma lhe recordava. Pura e poda, sem tocar.

— Jess — Tirou as calças das pernas e os jogou em um lado da cama enquanto ele lutava por manter o controle.

Tinha que ver, precisava saber. Necessitava este momento no tempo, deu-se conta.

Passando a seu lado, ficou junto a ela, sua mão cobrindo o pequeno montículo entre as coxas enquanto se apoiava no cotovelo para ver.

Seus dedos se arrastaram debaixo sua calcinha e ela arqueou seus quadris mais perto dele. Um grito de assombro, logo uma respiração difícil de necessidade separou os lábios enquanto ele deslizava um dedo dentro de sua estreita ranhura, sentindo a mancha de umidade, o agarre pelas dobras ao redor de seus dedos.

Seu membro estava em agonia. Seu testículo estava estirados à base do agonizante eixo enquanto a crista pulsava pelo desespero. Um escuro, picante calor enchia sua boca enquanto o poderoso hormônio era derramado em seu sistema desde as apertadas glândulas de debaixo de sua língua.

Jamais tinha imaginado tanta agonia, tanta necessidade que não podia aliviar. Alívio era o doce e abrasador calor que seus dedos estavam acariciando; as delicadas, gordinhas dobras; a tensa e latente pérola de seu clitóris.

Queria seus lábios ali, sua língua. Queria saboreá-la enquanto a tocava, lançar sua língua dentro dela e sentir sua vinda por ele.

Jessica estava respirando com dificuldade e rapidamente a seu lado, pequenos gemidos quebrados saíam de seus lábios enquanto ele rodeava a entrada de sua vagina, colocando seus dedos no interior, e logo massageando seu clitóris com o polegar.

Seus quadris se arqueavam, um grito afogado saía de sua garganta enquanto ele sentia seu agarre ao redor de seu dedo.

Estava perto. Tão perto.

Jessica sentia como se o mundo ardesse ao redor dela. O prazer a rodeava, a enchia. Seu dedo acariciava a abertura de seu sexo, colocando dentro o suficiente para acariciar as terminações nervosas que ela não sabia que possuía, enquanto seu polegar pinçava ao redor de seu clitóris antes de encontrar um lugar que a fez voar.

Ele o acariciou, esfregou-o. Seu dedo empurrando brandamente dentro dela, seu polegar estava parado contra seu clitóris e ela sentiu que sua mente explodia. Seus sentidos se desintegraram. Seu orgasmo foi uma explosão de sensações e de luz que rompeu através dela, apertando os músculos e fazendo-a arquear-se, chorando, lutando por respirar.

Estava sem fôlego, um curto e surpreso grito abandonou seus lábios enquanto ele a puxava para ele, abraçando-a perto dele, apertando-a, enquanto estremecimentos atravessavam seu corpo.

Este era o prazer. Voar em braços de outro. Era uma corrida para o sol e a explosão no centro do mesmo que sabia que podia ter sido melhor, mais brilhante, mais quente.

Com seu beijo poderia ter sido uma sensação pura e sem travas.

Um beijo com o que ela agora sabia que não poderia viver sem ele.

 

Hawke estava em agonia.

Na manhã seguinte, ele deslizou lentamente da cama, fazendo caretas para a sensibilidade violenta de seu pênis quando ele se libertou dos braços de Jessica, indo para longe de seu corpo nu.

Ela estava dormindo profundamente, um braço jogado sobre sua cabeça, a massa emaranhados de fios vermelho ouro em torno de seu rosto e ombros.

         Ardentes pestanas acariciavam seu rosto. Uma luz resplandecente impregnava seu rosto e seus rosados lábios se separavam quando sua respiração entrava e saía lentamente.

Seios maduros perfeitamente curvados levantavam e caiam a cada respiração e, Deus sabia que o tentou por pouco sua paciência. Seria preciso tão pouco para começar o calor do acasalamento agora. Ele podia abaixar a cabeça, pegar um de seus mamilos suaves na boca e sugá-lo lento e doce, sem nunca acordá-la.

O hormônio de acasalamento que banharia a carne sensível afundaria e entraria lentamente em seu sistema. De doze a vinte e quatro horas e ela precisaria de seu toque como o ar que ela precisava agora para respirar.

Tanto como ele queria, tanto quanto ele precisava dela, ele não poderia fazer isso com ela. Balançando a cabeça, virou-se e moveu-se para o banheiro. Uma ducha fria não iria ajudar o seu pênis duro, ele sabia disso. O jato de água só atormentou a carne já sensível, mas ele precisava se preparar para o dia adiante.

        Ele entrou na ducha e quase gemeu ao sentir a água sobre a carne. Inferno, ele ia ter que fazer a ducha mais rápida já registrada. Agarrando o frasco de xampu, ele rapidamente ensaboou seu cabelo e enxaguou antes de ensaboar um pano e esfregar seu corpo.

As rápidas roçadas do pano eram torturas em seu corpo excitado. A espuma deslizando sobre seu pênis e coxas eram um inferno. Ele lavou rapidamente e deu um suspiro de alívio quando desligou o chuveiro, pegou uma toalha seca e fez uma careta com o pensamento de se secar.

Porra, ninguém deveria ter que passar por isso, pensou ele. Mas nem deve uma fêmea. Ele sabia o que Jessica sofreria uma vez que o calor de acasalamento começasse. A sensibilidade da carne que não permitiria o mais leve toque de nada, mas suas mãos, seu corpo, sua posse.

Foi difícil para as mulheres e, até agora, os machos da casta eram muito conscientes disso. Eles eram seletivos em sua escolha de amantes, garantindo que, quando eles saíssem em público prestavam atenção aos menores sinais de que o calor de acasalamento pudesse ocorrer.

Suficientes foram forçadas a isso, pois eles não tinham desejo de forçar a excitação por vezes dolorosa de uma mulher, se ela era da casta ou não.

Envolvendo a toalha na cintura, ele saiu da ducha e ficou cara a cara com Jessica, que estava sentada no balcão do banheiro, observando-o.

Seus olhos azuis sombrios o observavam zombeteiramente, desviou seu olhar para a excitação evidente sob o algodão.

— Você ficou duro toda a noite, disse ela baixinho.

Olhando para longe dela, Hawke rumou para a pia, onde ele havia colocado uma muda de roupa limpa.

—Sem resposta?- ela perguntou.

—O que importa Jess?- Deixou-se vê-la pelo espelho, viu a desconfiança em seu rosto e quase gemeu na próxima pergunta.

—O calor do acasalamento afeta você de qualquer maneira, não é? - Havia um tom conhecedor na sua voz, uma ponta de arrependimento.

—Não é tão ruim para mim como seria para você. - Ele encolheu os ombros como se não tivesse importância, quando soube que a necessidade o estava comendo vivo. Como o ácido no estômago, foi rasgando a própria fibra de seu controle.

—Porque vocês foram treinados para suportar a dor. - Esta não era a questão. Foi uma observação, e mais ou menos a verdade.

—Muito. - Lançou um olhar de auto-ironia. Inferno, ele poderia muito bem tentar rir disso, em vez de ficar furioso porque isso só ia piorar as coisas.

—Fomos treinados para suportar um monte de coisas. Talvez seja apenas a segunda natureza agora.

Ela abaixou a cabeça por um momento antes de olhar para o chuveiro, como se procurando desesperadamente uma maneira de mudar de assunto.

—Será que vai me machucar?- Quando ela levantou a cabeça, houve uma pitada de nervosismo em seu olhar.

—Hope, Faith e Charity não falaram sobre dor.

Ele cortaria seu próprio pênis, antes de machucá-la.

—É a falta de sexo que dói, Jess, - disse para ela.

—Uma vez que o calor de acasalamento comece com você, eu vou garantir que você nunca precise se preocupar com a dor. - Ele deu uma piscadela quando tentou clarear as informações para ela. Não funcionou.

Sua bonita cabeça estava baixa enquanto olhava para a cerâmica do chão do banheiro.

—Ei. - Ele cutucou seu braço com o dele.

—É véspera de Natal, você sabe.

Ela olhou para cima, mordiscando o lábio inferior, enquanto observava ele.

—Wolf e Hope vão dar uma festa de Natal em Haven, no centro da comunidade, esta noite. Lotes de boa comida, alguma dança, um pouco de que beber. - Ele balançou as sobrancelhas para ela.

—Quer ir comigo?

—Eu gostaria disso - Um lento sorriso que floresceu o rosto iluminado.

—Eu gostaria realmente disso, Hawke.

Ele se inclinou, beijou o topo da cabeça dela e depois deixou rapidamente.

—Bom. Então nós vamos sair daqui cerca de seis horas. Até então, consiga algumas roupas quentes. Tenho algumas coisas que eu preciso fazer hoje, e eu pensei que você pôde apreciar ir comigo.

—Que tipo de coisas?- Ela inclinou a cabeça, olhando para ele com uma curiosidade natural que ele sempre foi atraído.

—Ah, coisas. -Ele deu de ombros, agarrou sua cintura com as mãos e levantou-a do balcão.

—Agora saia daqui e deixe-me vestir. Quando eu terminar você pode entrar aqui e utilizar o chuveiro enquanto eu preparo o café da manhã.

Ele a levou até a porta do banheiro, empurrou-a através da abertura e em seguida, fechou-o com firmeza. Ele quase trancou com chave. Filho da puta. Se ele não tivesse o cuidado, então não haveria nenhuma maneira no inferno para ele ser capaz de dar a ela o tempo que precisava para decidir se este acasalamento era o que ela realmente queria.

Era tudo o que podia fazer para evitar beijá-la agora. Para evitar tomá-la. As glândulas debaixo de sua língua estava tão inchadas com o hormônio de acasalamento que doíam. Seu pênis tão duro como pedra, sentia sua carne queimada cada vez que ele tocava.

Haviam dias em que ser uma casta era uma merda.

Jessica tomava banho enquanto Hawke preparava o café da manhã. Permanecendo sob o calor do jato d’água, ela deixou as mãos viajarem sobre seu corpo, lembrando do toque de Hawke a noite anterior.

Ele tinha sido gentil. Havia um ar de fome desesperada que o cercava, mas ela nunca tinha feito nada para iniciar o calor de acasalamento que ela sabia que ele ansiava.

Seus lábios não tocaram os dela, só o contato com sua pele nua. Ele não a tinha beijado, não a tinha lambido. E ela estava morrendo por isso.

Vestida com calça jeans, uma camiseta e um suéter, Jessica voltou para seu quarto, onde se sentou na cama e colocou meias grossas.

O inverno no Colorado tinha sido particularmente difícil nos últimos anos. Já havia uns trinta centímetros de neve no chão da noite anterior e outros trinta previstos antes do final da noite. E era véspera de Natal. Ela havia perdido o Natal desde os dezoito anos quando saiu de casa. E mesmo antes disso, o Natal faltava alguma coisa. A sinceridade, um sentimento de afeição pura, quando a família estava reunida. Durante seus anos no Exército, ela tinha ficado no quartel durante as férias, preferindo a solidão ao riso falso e as intermináveis festas que sua família a forçavam a suportar. Ela questionou se passar o Natal com as castas seria melhor. Ela tinha ouvido falar das festas alegres dos Natais passados. Os presentes que o alfa e sua esposa, Hope entregavam e intercambiavam com as outras castas presentes.

As castas nunca tiveram Natal nos laboratórios, assim o celebravam agora, e como Hope certa vez lhe disse, era uma afirmação de que eles eram realmente livres para celebrar, rir, amar e viver.

Meteu seus pés nas botas, amarrou-as confortavelmente antes de ficar de pé e dirigir-se a porta.

O café da manhã com Hawke não foi afetado, ela nem mesmo sentiu a velha raiva crescendo dentro dela que ela tinha experimentado ao longo do ano passado.

Eles comeram uma refeição simples. Ovos, bacon em grande quantidade para Hawke, torradas e seu amado café rico em cafeína. Depois que os pratos foram removidos, ele a ajudou a por seu casaco e saíram de casa.

Havia castas com pás limpando as calçadas ao redor do complexo. Outras estavam colocando mais luzes. Havia sempre algo acontecendo em Haven e havia sempre mãos dispostas a ajudar.

Nunca havia lixo na área, nunca havia desordem. As castas eram muitas vezes mais sóbrias do que os seus primos humanos, e tinha um sentido muito maior de limpeza.

O frio da manhã de inverno foi barrado pelo forro do casaco, e se isso não tivesse mantido seu calor, havia sempre o braço de Hawke em torno de sua cintura, ele a acompanhou até o Range Rover, que tinha dado partida pelo controle remoto desde a casa.

Ajudou-a entrar no veículo, Hawke fechou a porta antes de ir para o lado do condutor e deslizar atrás do volante.

Ela notou que ele não estava usando um casaco. Luvas de couro fino cobriam suas mãos, mas diferente de outros ele só usava jeans, botas e uma camisa de flanela azul escuro com uma camiseta por baixo.

Castas não sentem frio tão facilmente como os seus primos humanos, ela pensou com uma pontada de inveja.

—Aonde vamos?-, Ela perguntou quando ele deu marcha ré no veículo para sair da garagem em direção a rodovia que levava a avenida principal que atravessa o Complexo da Casta Lobo.

—Eu vou te mostrar. - Ele mostrou um sorriso malicioso antes de tirar uma mão do volante para segurar sua mão que descansava em sua coxa.

Jessica olhou para seus dedos com luvas de couro que cobriam os dela e se admirou pelo calor que ela podia sentir através das luvas.

Não deveria ser assim, ela pensou. Após um ano sem ele, um ano confinada a um local frio, num cubículo aborrecido, onde ela não o tinha visto, não tinha ouvido falar dele, ela não deveria apreciar isto. Ela não deveria sentir essas emoções correndo através de seu corpo, acelerando o sangue nas suas veias aquecendo sua vagina com um fogo interno que não podia extinguir.

—Você poderia apenas me dizer. - Seu coração estava batendo forte no peito e ela não tinha nenhuma dúvida de que ele poderia cheirar a excitação que queimava dentro dela.

—Se eu lhe disse, então não seria uma surpresa. - Houve aquele sorriso novamente. Uma curva torta de seus lábios, seus olhos dourados cheios de promessas.

Ela lembrou daqueles dias antes do ataque a Haven mais de um ano atrás, quando ele a provocava com almoços surpresa no pequeno parque atrás do galpão de comunicações , ou com doces para burlar o seu paladar.

Ela não tinha percebido no momento em que ele a estava cortejado, e agora ela se perguntava como ela poderia não ter notado isso.

—Feche os olhos para mim.

Ela se virou para olhá-lo com surpresa quando ele fez o pedido repentino.

—Fechar os olhos?- Ela estava realmente começando a se divertir. -Por quê?

—Bem, eu posso usar esse método com você?- Ele balançou as sobrancelhas sugestivamente antes de rir, um som escuro, um soco erótico contra os seus sentidos.

Ela fechou os olhos. Resistindo ao impulso de espiar, porque ela adorava surpresas. Ela sempre adorou.

—Apenas mais alguns minutos-, ele insistiu.

Com os olhos fechados, parecia que ela podia ouvir uma nuance em sua voz. Parecia que era nervosismo. Ela tinha que ter ouvido errado, ela decidiu. Hawke nunca estava nervoso. Ele sempre foi confiante e responsável, mas nunca nervoso.

—Eu estive trabalhando em algo durante o ano passado. - Ele finalmente limpou a garganta quando a caminhonete começou a ir mais devagar.

 

A caminhonete parou.

—Hawke?- Ela sussurrou seu nome sem fôlego.

—Ainda não. - Seus dedos tocaram seus olhos com extrema suavidade.

—Eu sabia que você era minha companheira, Jess. Eu sei que é difícil me perdoar por ficar longe. Sei que você está irritada, e eu não culpo você.

Ela separou os lábios para falar, mas as pontas dos dedos dele os calou.

—Só um minuto, baby-, ele insistiu.

—Era a única maneira de provar que você não era uma traidora. Eu sabia que não era. Eu acreditei em você, Jess, mas eu sabia que você nunca seria aceita pela comunidade de Haven se não estava provado sua inocência.

Isso fazia sentido. Uma parte dela tinha tentado saber, esforçou-se com a idéia de que ao longo dos meses que esteve na cela, ele a estava ajudando.

—Eu fiz acertos para que você ficasse confortável.

E ela tinha sido. Ela tinha cobertores quentes, refeições feitas em casa, roupas quentes.

—Eu também fiz alguns acertos para que você não ficasse muito aborrecida.

Tinha sido trazido para ela revistas, livros e um aparelho de televisão. Também blocos de desenho, lápis e aquarelas. Jess preferia esboçar e desenhar, e as ferramentas de seu passa-tempo tinham sido trazidos para ela.

—Fiz que todos entendessem que eu ia ficar entre você e qualquer punição de morte.

Ela não sabia disso.

—Eu queria dar-lhe mais - Sua voz amaciada. -Você pode abrir os olhos agora, Jess.

Ela abriu os olhos. Seus lábios entreabertos em estado de choque. Lá, à beira do lago da montanha, que ela sempre amou desenhar, achava-se a visão de uma casa que ela tinha esboçado tantas vezes.

A casa não era grande. Não era ostensiva como a que seus pais tinham uma vez possuído. A cabana era estilo casa, bem como as outras cabanas do complexo, mas com algumas diferenças notáveis.

Havia um telhado de estanho vermelho em vez de alumínio puro. E era um pouco maior, três quartos, em vez de um. Para as crianças que sonhava ter com Hawke. Ela queria duas. Um menino e uma menina. Era exatamente como ela havia descrito a ele, como ela tinha desenhado tantas vezes.

Havia um balanço na varanda da frente e áreas para flores ao longo da borda da varanda, que tinha sido construída entre os carvalhos e lindos pinheiros que beiravam o lago.

Era de tirar o fôlego. Assim como ela sempre tinha imaginado.

—Hawke. - Ela virou para ele, os lábios tremendo de emoção.

—Eu apenas não sabia que você era minha companheira, Jessica. - Suas mãos cobertas emoldurando seu rosto.

—Eu sabia que te amava. Assim como eu ainda te amo.

E ele tinha. Tudo o que ele tinha feito, todo sacrifício que fez, provou ele a amava.

—Eu nunca deixei de amar você, ela sussurrou quando uma lágrima caiu de seus olhos.

Ela se inclinou pra frente, tomando uma decisão irrevogável, que ela sabia que não tinha volta, ela nunca iria se arrepender. Este era Hawke. Ela lhe pertencia. E ele pertencia a ela.

 

Seus lábios se tocaram, as mãos dele seguraram seus braços com surpresa. Com o toque de sua língua nos seus lábios, o medo rasgou através dela. E se isso não era o que queria? O que isso significava?

Mas tinha que ser. Ela não aceitaria perdê-lo agora. Ela não aceitaria não ter tido essa chance.

Ela lambeu seus lábios com a língua. Quando eles se separaram, ela inclinou a cabeça, controlando o beijo com paixão, sua língua acariciando timidamente contra a sua, o gosto picante e doce da luxúria selvagem e fome desesperada explodindo contra a sua língua.

Como se o gosto dela contra a sua língua explodiu dentro dele também, ela sentiu sua mão segurando sua nuca, empurrando contra a língua dela quando ele gemeu contra os lábios e pura necessidade erótica começou a flamejar entre eles.

Em poucos segundos ele empurrou o banco de trás, puxou-a em seu colo e tomado o controle do beijo. Sua língua pressionou entre os lábios dela quando ela fechou os seus em torno dele, sugando-o em sua boca.

O gosto do beijo foi tão erótico como o inferno. Foi a sensação do beijo, sua mão empurrando suas roupas, a sensação de sua ereção sob o seu traseiro, sua língua acariciando a dela. Sensual, sexual. A sensação do seu corpo queimando contra o dela, a sensação do coração disparado no peito, sua respiração pesada, o gemido profundo, escuro de necessidade masculina.

Tudo isso combinando e a hipnotizando, mesmo antes do hormônio do calor do acasalamento borbulhar em seu sistema. Ela estava fascinada, arqueando-se para ele, o necessitando mesmo antes das chamas do calor do acasalamento começarem a alcançá-la.

E então as coisas realmente começaram a ficar interessantes.

 

Jessica não estava segura de como haviam entrado na casa. Só recordava como ele a levava nos braços, seus lábios nos seus, com profundos e desesperados beijos cheios do sabor picante do hormônio do acasalamento e a fome ainda mais quente que havia estado ardendo entre eles desde o dia que se conheceram.

Amor à primeira vista. E em segundo lugar. E em terceiro lugar. E assim sucessivamente. Como se uma parte dela soubera que estavam destinados a estar juntos, que estavam destinados a este momento.

Ela não viu muito da casa. Havia escadas. A maioria das cabanas eram de um só andar, esta tinha dois. O andar superior era um sótão, pensou. No centro estava uma enorme cama coberta com um edredom escuro. Uma grosa e pesada manta amorteceu suas costas enquanto ele a depositava nela.

Podia ver a casa mais tarde, se disse. Talvez muito mais tarde.

Recostada, viu como ele se levantava da cama, sua expressão sombria e cheias de luxúria enquanto ele ia a seus pés.

Suas botas foram as primeira que tirou. Ele se agachou, e as jogou uma atrás da outra, sem tirar os olhos dela.

Olhos dourados travados nos seus. Olhos cheios de promessas e paixão.

Sua camisa foi à seguinte. Os botões foram desabotoados rapidamente, eficientemente, revelando seu peito impressionante enquanto Jessica sentiu que sua freqüência cardíaca aumentava.

Todo seu corpo estava queimando agora. Isso era o hormônio do acasalamento, que queimava justo abaixo de sua pele, que só seu tato, só seu beijo, aliviariam. Um toque e um beijo e de pronto seria dele. Todo dele.

Seu coração se acelerou mais por esse pensamento. O sangue golpeava e corria por suas veias, surgindo através de seu sistema com a força de uma maré enquanto se estendia o hormônio do acasalamento através do seu sistema.

Quando seus dedos foram pelo cinto de suas calças, afrouxando antes de abrir os botões de metal do seu jeans, ela jurou que perdeu a capacidade de respirar durante uns longos e preciosos segundos.

         Ele empurrou o jeans pelos seus quadris, trabalhando por cima da grosa, pesada ereção que sobre saia do seu corpo. A ponta do amplo eixo escuro brilhava enquanto perola de pré sêmen surgiam na ponta. A ardente cabeça palpitava, derramando mais da umidade e a fez levantar a mão enquanto se levantava da cama.

A necessidade de tocá-lo, de saboreá-lo, era quase esmagadora. Ia colocar a culpa no calor do acasalamento, ainda que sabia que as fantasias haviam estado chicoteando através de suas veias desde mais de um ano.

Esta era uma das fantasias.

Não houve necessidade de ser tímida. Não havia necessidade de dar marcha a ré ou de parar. Ele pertencia a ela agora, como ela o pertencia. Ela podia tocá-lo, podia saboreá-lo tanto como sempre quis.

—Jesus Jess!—Cravou suas mãos no seu cabelo enquanto ela passava sua língua pela cabeça de seu pênis.

O mesmo calor picante que enchia seu beijo era um sabor sutil em seu pênis.

Explorou com sua língua enquanto um pequeno gemido saia de seus lábios, fazendo que os quadris dele se sacudissem com a sensação do som contra seu pênis.

Seus dedos apertavam seu cabelo e seus músculos se endureciam enquanto sua língua lambia e banhava sua ponta.

Sentia-se embriagada, uma sensação que sabia que não podia ser atribuída ao calor do acasalamento. Mas tarde, talvez, mais não agora. Ainda não.

Nesse momento, era ela. Sua necessidade, sua fome, suas fantasias, e queria até o último segundo disto para sempre.

Abrindo seus lábios, ela envolveu a cabeça inchada, sua língua acariciava sobre a carne quente, enquanto sentia o derrame do pré sêmen contra sua língua.

Lubrificando e esquentando, a saída do liquido tinha um propósito, e não era só o sabor do hormônio ou de suas qualidades excitantes.

Os homens da castas estavam muito bem dotados, especialmente no departamento amplo. O pré sêmen que se derramava deles tinha um hormônio especial, um que relaxava e aliviava o delicado tecido feminino durante o acasalamento para assegurar que não haveria dor.

— Deus, Jess. É suficiente. — ele tirou seu pênis da sua boca justo quando ela estava começando a desfrutar do sabor, a sensação dele.

Com os olhos entornados, ela se levantou completamente em seus joelhos, agarrando a borda da sua jaqueta e a camisa e os tirou antes de jogá-los no piso.

Ela brincaria com ele mais ainda, mais antes que tivesse tempo ele a empurrou para a cama, agarrando uma perna e rapidamente desatando uma bota antes de tirá-la. A segunda saiu com a mesma eficiência.

Não havia dado uma respiração antes que as mãos dele estiveram no botão e no zíper da calca. Estes foram deslizados por suas pernas em questão de segundos, a deixando nua ante ele.

Ela sentiu o rubor que cobria seu corpo enquanto seu olhar passeava por ela.

Desde o rosto até as ponta dos dedos dos pés, a olhou como se pudesse consumi-la.

Hawke nunca havia visto nada nem ninguém, tão bonita como Jessica. Magra e compacta, seus peitos cheios e inchados, os mamilos cor de rosa escuro apertados e duro.

Como caramelos, pensou. Seus mamilos pareciam o mais doce caramelo.

Deixando que seu olhar se movesse para baixo, ele seguiu a pálida perfeição de seu ventre arredondado, suas suaves coxas pálidas salpicadas de sardas, e então o doce e exuberante montículo entre eles.

Seu clitóris alcançou seu ponto máximo fora dos lábios inchados e brilhantes pregas. As pulsações e a umidade tentavam seus lábios, sua língua.

Havia sonhado em saboreá-la, com enterrar seus lábios entre suas pernas e tomá-la com sua língua.

A compreensão de que finalmente era sua, que estava aqui para seu prazer, fazia seu pênis palpitar, a essência rica do pré sêmen molhando sua ponta enquanto baixava seu corpo ao lado dela.

Deus, ele queria tocá-la toda de uma vez. A saborear toda. Sua língua lambeu os mamilos antes que ele colocasse um na boca e chupasse com fome. O pequeno e apertado broto cresceu com mais força, mais apertado, mais quente entre os lábios antes de ir ao outro. Sua reação foi à mesma.

Ele os amou. Se amamentado deles com delicados sorvos de seus lábios, logo com puxões mais ásperos de sua boca. Um de cada vez, desfrutando deles enquanto ela se retorcia sob ele, suas mãos agarrando seu cabelo, o puxando, como para senti-lo junto de si.

Quando se retirou, olhando para baixo aos mamilos vermelhos, o doce aroma exótico de sua vagina chamou sua atenção para mais baixo de seu corpo. A mais ligeira capa de umidade brilhava contra os pêlos suaves que cobriram seu montículo, brilhante como o orvalho e tentando suas papilas gustativas.

Um duro gemido saiu de seus lábios enquanto abaixava sua cabeça. Seus lábios sussurraram por seu corpo e sua língua lambeu por cima de seu estomago, enquanto a colocava mais alto sobre a cama e se movia entre suas coxas.

Ela se abandonou, perdendo-se a si mesma, com uma confiança e paixão inata, que por sua vez o fazia sentir-se humilde e o deixava tremendo de luxúria.

Pressionando as pernas mais separadas, olhou seu rosto enquanto deixava sua língua lamber através da estreita fenda de sua vagina. Tinha o sabor de Ambrósia. Era doce e selvagem, o que o provocou queixar-se com um grunhido surdo a sua essência embriagadora.

Ela era melhor do que ele já havia provado antes. Um narcótico que não podia negar a si mesmo. Uma doce droga poderosa. Levou a língua através dos sucos ricos, fazendo círculos ao redor da pequena protuberância dura de seu clitóris. Passou a língua sobre ele, estalando a língua contra ele enquanto ela se sacudia e se estremecia de prazer debaixo dele.

Pequenos e quebrados gemidos eram arrancados de seus lábios enquanto o observava. Seu olhar era pesado, abafado, seus olhos azuis quase néon enquanto ofegava por ar baixo o látego de sua língua.

Quanto tempo havia esperado por ela, pensou. E valeu a pena cada mês agonizante. Valeram a pena as noites sem fim para tê-la agora, úmida e selvagem embaixo dele enquanto a saboreava.

Introduzindo o pequeno e apertado broto de seu clitóris em sua boca, chupando com suavidade, com firmeza. Ela se rasteou sob a carícia, os quadris arqueados enquanto suas mãos se enterravam no cabelo outra vez.

Com as mãos debaixo de seus joelhos abriu mais suas pernas, gemendo de prazer quando seus pequenos pés se apoiaram nos seus ombros. A deixou aberta para ele, indefesa. Sua língua se moveu mais para baixo, dando voltas na palpitante e apertada entrada de sua vagina antes de entrar com uma dura e faminta estocada.

Seus sulcos se derramaram contra sua língua enquanto os suaves músculos de sua vagina se apertavam ao redor do invasor. Um alto e desesperado grito escapou de seus lábios e ele se obrigou a permanecer imóvel, só por um segundo, só até que o orgasmo eminente se aliviou em seu interior.

Logo a lambeu. Com sua língua trabalhando lento e fácil dentro de sua fascinante vagina, e lambeu a doçura, saindo quebrados gritos de seus lábios e provando o paraíso.

Quanto mais a tinha, mais queria. Enquanto ela começou a soluçar, a arder pelo orgasmo, ele a empurrou mais alto, mais forte. Empurrou a língua em seu interior enquanto seus dedos se apoderaram de seu traseiro, separando as curvas com seus dedos, se deslizou dentro da greta estreita e encontrou a pequena e sensível entrada ali.

Não se introduziu. A massageou, a esfregou. Sua língua fodendo dentro de sua vagina com descargas elétricas enquanto ele estimulava o nervo sobrecarregado ao limite.

Em questão de segundos sentiu seu orgasmo florescendo. Seu corpo ficou tenso.

Quebrados e elevados pequenos gritos foram arrancados de seus lábios e logo se sacudiu, se estremeceu e ele a sentiu explodir.

Jessica jurou que estava morrendo. O prazer explodia em seu interior em uma onda de luz e calor que correu por sua mente e sobre suas terminações nervosas para detonar em seu ventre. Como dedos de energia elétrica que se aceleravam através de seu sistema, jogando-a ao ardente centro de um sol do qual não podia escapar que explodia uma e outra vez até que se sentiu como se ela não fosse mais que fragmentos a deriva em um vento selvagem.

E, contudo, Hawke não havia terminado. Enquanto ela lutava para recuperar a respiração, a boca dele abandonou seu sexo e foi se arrastando ao longo de seu corpo, enquanto suas pernas caiam sobre seus quadris.

A cabeça de seu pênis se escondia contra a terna abertura de sua vagina enquanto um gemido de êxtase eminente saia dos lábios dela.

—Doce Jess — Gemia enquanto se inclinava sobre ela, seus lábios deslizando sobre os seus enquanto a cabeça de seu pênis pressionava em seu interior.

— Doce amor. Doce companheira — as últimas palavras pareciam arrancadas dele enquanto a cabeça de sua ereção se forjava em seu interior, provocando um duro grito de surpresa de seus lábios.

Era o prazer e a dor. Uma mescla de sensações tão violentas, tão rápidas como um relâmpago, que suas unhas se cravaram em seus ombros, enquanto ela lutava para dá-las sentido.

—Hawke— havia um fio de medo. Ela o escutou em sua voz, sentia em sua mente. Nunca havia experimentado algo como isto. Nunca havia sentido que o prazer pudera ser tão intenso, tão quente.

— Se agarre a mim querida — Seus lábios se levantaram dos seus depois de um beijo doce e suave. – Só agarre. Vai estar tudo bem.

Estaria bem.

Sentiu seus lábios movendo-se para seu pescoço. Ali, beijou, lambeu, raspando os dentes contra a sensível pele voltando-a louca com as sensações que a atravessavam.

Enquanto ele a satisfazia ali, seu pênis começou a trabalhar em seu interior.

Para frente e para trás, lento e fácil, enterrando-se em seu interior até que chegou ao escudo de sua virgindade de que nunca havia sido capaz de se liberar por si mesma.

Ela escutou o rugido em seu pescoço um segundo antes dele ir para trás, a ponta do seu pênis parando na estreita entrada de seu sexo antes que ele se introduzia em seu interior.

Jessica gritou. O prazer e a dor estalam em seu interior e se rompeu esse último véu de inocência. Entretanto, não estava totalmente em seu interior. A acariciou nas costas, levando-a mais a frente. A ampla ponta de seu pênis acariciou terminações nervosas, tão sensíveis, tão entusiásticas, que não podia deixar de arquear seus quadris, o conduzido mais fundo como uma lança de fogo correndo como um raio até a coluna vertebral.

Era tão bom. Oh, Deus, nada nunca havia sido tão bom como isto. Tão quente. Tão prazeroso.

Ela estava gritando seu nome, tratando de gritar, a palavra se fez quebrada estrangulada, enquanto lutava para respirar, para aceitar a pesada e dura carne com que a estava penetrando.

Retorcendo-se sob ele, ela gritou. Apertou as coxas em seu quadril e logo jogou para trás a cabeça com um grito duro e silencioso, enquanto ele finalmente se empurrava plenamente em seu interior.

—Doce Jess — Seu gemido foi um grunhido áspero. - Minha doce Jess. Minha companheira.

Moveu-se então. Sua dura e pesada ponta se introduzia dentro dela, partindo, estendendo até que ardeu, e, entretanto apesar da dor pediu mais. Nada parecia suficiente. Ela o queria mais forte mais rápido.

Queria que seus dentes arranhando seu pescoço, mas, queria ar para respirar e queria morrer em seus braços, justo assim, imersa para sempre em prazer.

Os profundos e torrentes golpes a estavam voltando louca. Seu orgasmo estava tão perto que podia senti-lo, e doía mergulhar nele. Suas apertadas pernas ao redor de seu pulsante quadril enquanto ele fodia seu interior com duros golpes de seu eixo.

Cada movimento desesperado a empurrava mais, a empurrava com mais força, até que Jess jurou que conhecia o sol. Ela explodiu com tal intensidade de êxtase que, quando os dentes atravessaram o ombro e sentiu que ele se impulsionava em seu interior com um último duro e profundo golpe, ela gritou.

Quando sentiu que sua vagina se estendia mais, sentiu a explosão de seu sêmen dentro dela e a grossa inflamação dura no centro de seu pênis, perdeu o sentido. Não só chegou ao orgasmo, ela se converteu em prazer.

A avalanche de sensações que atravessaram suas terminações nervosas eram puro êxtase. Era branco calor, eletricidade, cargas de tal sentimento, tanto prazer, que Jess se sentia como se estivera voando mais além dela, fundindo-se em um mar de sensações que não tinham princípio nem fim.

Ela sabia o que era isso. O inchaço no centro de seu pênis, prendendo em seu interior, posicionando a cabeça de sua ereção em cheio em sua matriz, assegurando a máxima probabilidade de derramar sua semente em terra fértil.

Saber o que era e experimentar eram duas coisas diferentes. Experimentá-lo era medo, êxtase, uma onda de prazer entusiasmante. Um enlace. Uma fusão de emoção, sensação e conhecimento.

Ela pertencia a ele, tal como ele era dela. Ela sabia antes. Mas agora...

Agora Jess o sentia claro em sua alma. E agora sabia por que Hawke a havia advertido que não havia volta atrás. Não era só o calor do acasalamento. Era isto. Um prazer que se convertia em adição. Uma necessidade da que nunca escaparia. Um homem que ela amaria ate seu último fôlego.

 

Horas e uma cápsula de hormônio depois, Jessica respirou fundo antes de deslizar suas mãos sobre seus quadris, desfrutando da sensação do suave vestido de veludo azul escuro que havia escolhido para a festa de Natal.

As linhas largas e fluidas da prega fluíam até a ponta dos sapatos de salto a jogo que levava e realçavam o azul de seus olhos.

Recolheu o cabelo em sua cabeça, mantendo em seu lugar com clipes que brilhavam como jóias de cristal e aplicou uma fina camada de maquiagem que Hawke havia trazido da outra cabana, junto com sua roupa.

Não havia imaginado que assistiria a festa, apesar de que se havia preparado para ela. Tinha uma pequena bolsa de presentes que havia comprado pela internet e que havia embrulhado cuidadosamente. No fogão da cozinha estavam os bolos, pão doce e doce que Hawke havia trazido voando antes.

Sentiu-se emocionada, ruborizada e cheia de antecipação. Sempre havia escutado sua mãe dizer que o Natal era para as crianças, e Jessica se havia perguntado enquanto foi crescendo se isso não seria a verdade.

Até essa noite. Já não se perguntava. A sensação de excitação e antecipação que podia sentir emanar de Haven era contagiosa.

Saindo do banheiro, atravessou o dormitório até as amplas janelas que davam ao jardim e as cabanas ao outro lado da pequena estrada asfaltada.

Havia dois soldados da casta de pé ao redor da estrada, rindo com outros dois que saíram da cabana que ficava justo na frente da dela e Hawke. Talvez duas dúzias, algumas de um dormitório, algumas de dois. Muitas das cabanas estavam habitadas por dois ou mais castas. A mentalidade de manada havia sobrevivido fora dos laboratórios. Homens e mulheres freqüentemente habitavam a mesma cabana, não por sexo senão pela proximidade que proporcionava.

A força estava nos números, a Dra. Armani havia dito uma vez que as castas acreditavam na força dos números por isso se asseguravam de estar em manada ou pares em todo momento. Igual quando estavam em lugar selvagem.

Tocando com a mão o vidro, observou como os soldados levantavam suas mãos em sinal de despedida, para cada um que estava regressando. Dois se dirigiram ao longo da rua, obviamente de patrulha, enquanto que os outros regressavam as cabanas.

A neve estava amontoada ao longo das ruas, distribuído em uma camada intocada ao redor do complexo onde as castas pareciam hesitantes em ir, exceto quando necessário. Metros sem bonecos de neve, a neve estava em grande parte sem pisar, e ainda não havia visto uma bola de neve. Mas todas essas carências não fizeram nada para atenuar seu espírito de Natal que Jessica não havia esperado. Podia haver jurado que havia ouvido cantar um coral antes.

Balançando a cabeça ao pensar em algumas das castas com semblante sério cantando em um coral, recolheu a pequena bolsa de veludo em cima da cama, tirou uma pequena derringer calibre 22 de cinco disparos da bolsa de lona que Hawke havia trazido de sua cabana com outros artigos, e a guardou dentro da bolsa.

As castas sabiam que tinha a Derringer. Ao menos, alguns deles. A arma pequena foi recolhida junto com seus pertences quando foi presa.

Era um pouco mais potente que uma zarabatana, mais a curta distância podia fazer algum dano grave. Não foi autorizada uma arma mais eficaz por mais tempo, ou ao menos, sua arma militar não havia sido devolvida, por que supôs que no momento, não estava permitida.

Pelo momento. Tinha todas as intenções de se assegurar que sua arma fosse devolvida, junto com seu trabalho. Uma vez que a Dra. Armani estivera segura de não havia possibilidade das drogas que a haviam dado ainda estivessem em seu sistema, então pediria de novo seu posto.

Até então, havia uma casa para decorar e mobiliar. Hawke tinha o básico.

Um colchão grande em um suporte, mais não era uma cama de verdade. Um armário para colocar as roupas, tamborete no bar. A casa estava quase vazia, e já que estava aí vinha com idéias de como preenchê-la.

—Maldita seja, parece com um anjo.

Deu-se a volta, sentindo a saia do vestido, como voava ao redor de seus pés, para olhar de novo a Hawke com surpresa.

Sua voz havia sido baixa, escura, com anseio, com um elemento de necessidade que parecia uma cascata através de seu sistema.

Vestindo jeans escuros, camisa negra e botas, com o cabelo ainda úmido da ducha e penteado para trás, parecia um anjo escuro em si mesmo. Sensual, sexual e malicioso. Um ser tão erótico que fazia as mulheres adultas se fundirem com fome descarada.

Havia visto essa fusão mais de uma vez. As castas e as não-castas por igual, as mulheres jogavam uma olhada ao brutalmente bonito rosto de Hawke, ao corpo musculoso e profundos olhos dourados, e choravam de necessidade.

— Te vês malditamente magnífico – ela sorriu de repente nervosa, sentindo suas mãos umedecendo enquanto um aumento de sensação parecia a ponto de estalar entre suas coxas.

Wow! O tratamento hormonal que a Dra. Armani havia conseguindo para ela, evidentemente não fazia o trabalho como deveria. Uma olhada a Hawke e cada hormônio feminino em seu corpo se voltava louco. Era uma mescla caótica de excitação, nervosismo e pura emoção.

Não podia culpar de tudo ao calor do acasalamento. Se havia sentindo assim antes que ele tivesse a tocado, antes que a houvesse beijado.

Ela havia falado com a Dra. Armani em profundidade durante o ano passado sobre o calor do acasalamento, e estava começando a perguntar-se se o calor não era mais que uma excitação avançada. Um acasalamento avançado. Se a natureza não se havia limitado a garantir que aqueles que se apaixonariam, se uniriam mais rápido, se manteriam juntos com mais firmeza, para garantir a sobrevivência da espécie.

—Pronta?—Ele estendeu a mão. Uma mão grande, capaz e forte. Calosa e escura, como se todo seu corpo estivera permanentemente bronzeado.

Jessica se aproximou dele lentamente, permitindo envolver sua mão com a sua e atraí-la até a porta do dormitório.

—Já colocou os presentes na caminhonete? — Perguntou ela, tratando de baixar o tom de nervosismo. Ela não havia estado em uma festa em anos. Não desde que seu pai havia deixado finalmente de obrigá-la a assistir as pequenas e aborrecidas que ele e seus amigos haviam organizado várias vezes ao ano.

— Os presentes estão na caminhonete — prometeu ele — e o pão e as sobremesas estão postas comodamente no assento traseiro junto deles.

— Bem — Tragou a saliva com força à medida que avançavam pelas escadas de madeira ao vestíbulo. — Está seguro que devo ir?

Ela não estava tão segura. Era conhecida como uma traidora, não importava a razão. Como podia qualquer das castas confias nela agora?

—Estou absolutamente seguro de que deve ir — Fez uma parada na parte inferior das escadas, recolheu a larga capa azul escura e negra que ia com seu vestido e a colocou sobre seus ombros. — Está preocupando-se demais, Jess. Tudo vai sair bem.

— É fácil para você dizer — Lambeu os lábios antes de morder o inferior e o olhando enquanto a preocupação começava a apertar seu peito. — Não posso culpar a ninguém por não querer eu esteja ali, Hawke. Você não pode forçar isto, não?

O sorriso em seus lábios era castigador e um pouco divertido.

— Eu não posso forçar algo como isto, companheira. – ele prometeu. — Se Wolf não confiasse em você para estar ali, então não estaria.

Isso era certo. Aspirou fortemente antes de endireitar os ombros e se obrigou a dar-se volta para a noite que teriam adiante.

Ela conhecia Hope, companheira de Wolf. Também Faith e Charity, as companheiras de seus amigos mais íntimos. Também conhecia a Amanda Bear, a filha do ex-presidente e companheira de um casta coiote. Havia encontrado com Anya Delgado várias vezes, companheira do alfa da Casta Coiote. Ela conhecia as companheiras dos que eram influentes neste mundo. Havia pensado até que podiam ser amigas.

— Está te preocupando muito — Disse ele quando saiam da casa ao ar frio da noite.

Hawke se segurou a ela enquanto se movia com rapidez ao Rover, a ajudou a subir e logo se lançou até o lado do condutor. Jessica manteve os dedos entrelaçados estreitamente juntos e apoiados no seu colo.

Ela sabia que Hawke podia sentir seu nervosismo, e isso não a ajudava. Ela nunca se havia sentido aceita até que havia chegado aqui há dois anos.

Durante o ano que havia dedicado a trabalhar com as castas havia pensado que tinha começado a encontrar esta aceitação. Até com relutância e má vontade, dado a seu pai a informação que este havia necessitado para atacar Haven da pior maneira. Havia dado a localização da casa do alfa, assim como as casas de seu segundo ao mando e seu chefe de segurança. Lugares que se mantinham ocultos por uma razão: porque suas vidas estavam em perigo.

A viagem à entrada do centro da comunidade foi rápida. Hawke levou o Rover até uma parada nas grandes portas duplas onde uma casta jovem saiu e moveu ao lado do condutor enquanto Hawke saia do veículo e se dirigia rapidamente à porta de Jessica.

A tomou pela mão, o que permitiu ajudá-la com a entrada pavimentada e conduzi-la ao interior.

A parte superior, no nível do solo do centro comunitário estava cheio de amplas habitações, uma cozinha e centros de trabalho diferentes. No subsolo, reforçado e quase impenetrável, estava à grande área de reunião aberta.

As cerimônias de reunião, como eram chamadas os matrimônios na sociedade das Castas, se realizavam ali. Era ali onde as companheiras eram movidas se Haven fosse atacado, e era ali onde vários dignatários haviam sidos levados para as reuniões.

Hawke a guiou até um elevador grande e teclou seu código de segurança. Ao instante as portas se fecharam e foram a vários pisos baixos a terra, onde foram depositados em um largo corredor, onde vagavam hóspedes tanto castas como humanos.

Vários jornalistas estavam presentes, ainda que não estivessem permitidos os fotógrafos. As castas davam grande valor a sua vida privada, independentemente de sua designação felina ou canina.

— Você está tremendo — Hawke a acusou suavemente.

—Não me sinto bem em festas — Ela levantou a cabeça e enquadrou os ombros ao passar vários soldados da casta que a haviam escoltado a sua cela no dia que havia sido detida.

— O está fazendo maravilhosamente — ele disse enquanto passavam pelas largas portas duplas da sala principal e a ajudou a tirar sua capa antes de entregá-la a um atendente. Um atendente humano.

Castas coiote e lobo mescladas em meio da música de Natal e um conjunto de luzes brilhantes e multicoloridas. Em um extremo da habitação havia uma enorme árvore que havia sido trazida, decorada luxuosamente e onde se colocavam os presentes embaixo.

Wolf Gunnar estava próximo da tradicional árvore de cores brilhantes com Hope, sua companheira. Hope, com suas feições um pouco asiáticas e de baixa estatura, estava vestida com um vestido verde brilhante de Natal. Seu cabelo negro caia até os ombros como uma fita de seda e a dava um ar quase régio.

Wolf, muito mais alto e mais amplo, passava o braço pelos seus ombros enquanto ria de algo que a outra casta dizia. O grosso cabelo negro estava recolhido e preso na nuca. Estava vestido de preto, igual a maioria dos homens, com uma faixa de seda de cor prateada escura que entendia desde o ombro ao peito e a cintura, que proclamava seu status de Alfa da Casta Lobo.

Havia outras faixas presentes em muitos homens. Diferentes cores, do azul claro ao cinza. Seu segundo no comando a levava em cinza escura, seu chefe de segurança em azul marinho. Os da comunicação levavam azul prateado.

Mulheres, hóspedes e castas por igual, estavam vestidos com extravagantes vestidos. Para as fêmeas castas, esta era sua oportunidade de serem mulheres e não soldados.

— Vejo que finalmente conseguiu que se unir ao resto dos mortais. — Ashley True se aproximou deles, seu ar zombeteiro pegou Jessica com a guarda baixa.

— Foi uma prova — Admitiu Hawke enquanto puxava Jessica para mais perto.

— Ele é a prova — Brincou de novo Jessica. Estava realmente feliz de ver Ashley agora que não era seu guarda-costas.

— A maioria das castas masculinas o são — Ashley suspirou com paciência exagerada.

— Fazemo-nos com eles o melhor que podemos.

— Seja uma boa pirralha, ou terei que falar com seu alfa sobre a produtividade dos tratamentos no SPA — A advertiu Hawke-. - Tenho ouvido que teve o tratamento completo hoje.

Ashley sorriu luminosamente enquanto balançava a cabeça cheia de multicolores cachos loiros e mostrava um jogo perfeito de unhas.

—Del-Rey desfruta muito em me mimar, Hawke. Não te fará caso.

—Pivete!—Hawke riu outra vez.

—Sempre - Ashley esteve de acordo—. Agora, vá atrás de Wolf. Estava perguntando-se onde estava faz um minuto. Vou buscar mais ponche.

Afastou-se a toda velocidade com uns saltos altos que deveria haver sido impossíveis estar de pé.

— Essa mulher é uma ameaça — murmurou Hawke, enquanto passavam através da multidão de pessoas.

— Ela é agradável, entretanto — Ashley, suas irmãs Sharone e Emma, e a companheira do Coiote e Coia, a coiote alfa, Anya, sempre haviam sido amáveis com ela. As havia apreciado, mesmo quando se havia irritado abaixo sua proteção.

— Ela é o inferno. Uma diva um pouco fresca durante o dia e quando cai à noite, te juro uma das mais afiadas, a casta Coiote mais letal jamais criada. Mais não era pra isso que todas as castas foram criadas? Foram treinados para adaptarem-se quando tinham que fazê-lo e matar a perfeição, de maneira eficiente, quando era ordenado.

Movendo-se até a arvore, Hawke deixou sua grande bolsa de presentes entre os demais antes de se endireitar e conduzir a Jessica onde Wolf e Hope Gunnar e Jacob e Faith Arlington estavam.

— Wolf, Hope, Jacob, Faith — Saudou aos quatro, enquanto colocou Jessica mais próxima. – Te apresento a minha companheira e futura esposa, Jessica Raines.

Jessica quase entra em choque enquanto todo mundo ao redor deles ficaram em silêncio. O pavor começou a enchê-la enquanto Wolf oscilava seu negro olhar sobre ela. Era imponente, mostrando pouca emoção, nem aceitação nem rechaço.

Suas narinas dilataram e aspiraram seu aroma.

Ela sabia que ele podia cheirar a combinação de seu aroma e o de Hawke, já que de fundiram com o calor do acasalamento. Também podia cheirar seu medo. Mais podia ele conhecer seu pesar, sua dor, e o desejo que ela havia tido de haver sabido o que seus pais estavam fazendo, como eles haviam querido destruir as castas?

Tudo isso poderia ser cheirado em uma fragrância? Ela o duvidava muito.

— Você escolheu bem Hawke Esteban – O braço de Wolf se moveu desde o ombro de sua companheira para que pudesse estreitar a mão de Hawke. — Uma bela companheira e leal, e que estou encantado de aceitar em nossa manada.

Jessica pestanejou. Não podiam estar falando dela, verdade?

— Jessica, não havia dúvida de que você pudesse nos trair, então podia ter morrido antes mesmo de que Hawke tivera tempo para te declarar seu companheiro — Wolf a disse em voz baixa enquanto ela olhava para ele-.

— As perguntas necessitaram respostas, e sua lealdade tinha que ser provada em lugar de simplesmente ser acreditada apesar da evidência. Damos-te obrigado por sua paciência e, sobre tudo, pela graça que mostraste durante sua reclusão para nos dar tempo para demonstrar sua inocência, assim como seu vínculo com seu companheiro.

Sacudiu a cabeça lentamente.

— Que graça, Alfa Gunnar?— sussurrou com incredulidade.

Um sorriso apareceu em seus lábios. – Você não jogou conosco, apesar de meses e meses de interrogatório. Nunca ameaçou como chamar a um representante, ainda que pudesse haver tido um. E nem uma só vez demandou os direitos que tinha. O direito de um tribunal em lugar de um confinamento durante seu interrogatório. Isso foi graça, elegância.

Sacudiu a cabeça de novo.

— Isso foi culpa — sussurrou ela. - Como poderia negar o que havia feito, ainda que não pudesse explicar por que o fez, ou deter as ações inclusive quando estavam acontecendo?

— Você salvou minha companheira, assim como a de Jacob, apesar da droga que forçava sua vontade — disse suavemente. — Isso foi devido a coragem e a força.

—Necessitamos essa força para sobreviver em nosso futuro. Você é parte do futuro de Hawke e por tanto, parte do nosso. Bem vinda a nossa manada.

Ele assentiu com uma inclinação lenta de sua cabeça, um ar respeitoso de aceitação. Não quis abraçá-la, nem estreitar sua mão. Nenhum casta vivo se atreveria inclusive a roçá-la durante o calor do acasalamento, especialmente durante o primeiro, a fase mais forte, na qual ela se encontrava.

Ela havia sido aceita, entretanto. Por suas palavras e ações, Wolf havia dado ao acasalamento de Hawke sua bênção, e por tanto, a bênção da manada.

— Dança comigo agora — Hawke a conduziu até seus braços apesar de que ainda estava emocionada pela proclamação de Wolf.

Ela era parte da manada, uma família. A manada era como uma extensa família, reunindo tantas Castas Lobos como Coiotes, estendendo um guarda-chuva sobre cada membro, uma aceitação que não poderia encontrar em nenhuma outra parte.

O som de uma balada chegou à sala grande enquanto Hawke a levava até a pista de baile. Ao instante, o calor, uma energia quente e uma sensação de calor começou a invadi-la. Com a cabeça contra seu peito, as mãos na base de sua coluna, se movendo contra ele, Jessica deixou que a aceitação que a haviam dado se fundisse em seu interior.

Ela havia encontrado um lugar, havia encontrado uma família. Havia gente que havia acreditado nela, inclusive quando parecia que ela os havia traído.

— Te amo, Jessica Raines.

Quase se congelou em seus braços enquanto Hawke sussurrava as palavras em seu ouvido.

Jessica levantou a cabeça e o olhou fixamente, os lábios entreabertos, com lágrimas nos olhos.

— Sempre te amei, Hawke Esteban — Respondeu ela, sua voz suave e trêmula.- Desde o momento em que te conheci, te amei.

Ele era seu futuro, ele era seu coração.

Baixando a cabeça, roçou seus lábios contra os seus numa carícia quente que quase provocou um gemido quebrado na garganta. Ela podia degustar uma pitada da essência picante de seu beijo. Um sabor de luxúria, de necessidade, de desejo e de fome. Um sabor que só podia alimentar ela.

— Pronto - Prometeu, voltando a cabeça até que pode roçar seus lábios contra seu ouvido. — Pronto companheira.

Pronto. Esta noite. Quando voltarem a entrar em sua casa, quando voltariam a entrar no calor do acasalamento que esperava arder entre eles.

Pronto. Até então, ela tinha isso. Seu toque, o baile e a incrível realização de que efetivamente, tinha um futuro.

 

Era uma noite para os amantes. Inclusive em meio à festa, a alegria do Natal, a troca de presentes e sorrisos, havia um ambiente de calidez e intimidade que a unia a Hawke.

Sorrisos tranqüilos, o toque de sua mão, sabendo que a necessidade sexual estava construindo-se dentro deles dois. Quando sua pele esteve formigando com consciência e sensibilidade, ele a tomou a mão e a levou de volta a Wolf e Hope, onde se despediram.

Qualquer um que os olhasse sabia por que iam, o que ocorreria esta noite.

Até porque o feito de serem castas e poderem cheirar o calor do acasalamento, Jessica sabia que cada carícia, cada olhada que roubavam um do outro os delatava.

O caminho de volta a sua casa se fez em silêncio. A curta distância esteve cheia de magia. O brilho das luzes, o calor chispando entre eles. Quando se detiveram no caminho da entrada, Hawke deu a volta ao veículo, abriu a porta e logo a levantou em seus braços.

Ela não podia falar. Sentia a garganta fechada pela emoção quando ele abriu a porta e em lugar de irem ao quarto, foram para a sala de estar.

Onde antes a sala havia estado vazia, agora havia uma árvore de Natal e um colchão coberto de seda exuberante que os esperava.

As luzes da árvore se iluminavam, enquanto entravam na habitação.

Azul e ouro. A árvore inteira estava iluminada de azul e ouro. Só havia luzes, sem adornos, mais na base da arvore havia uma pequena caixa embrulhada alegremente.

— O que é isto? — Sussurrou enquanto ele a levava ao colchão e a colocava no grosso edredom de seda que a cobria.

— É nosso primeiro Natal.

Hawke olhou os brilhantes olhos de Jessica. Havia lágrimas ali. Ela olhou a árvore, como se nunca houvera visto uma antes, assim como ele havia olhado a primeira árvore de Natal que Wolf e Hope haviam decorado para o primeiro Natal em Haven vário anos antes.

Ali, entre as cores que havia escolhido para sua família, seus olhos azuis e o seu dourado, ele viu que ela estendia a mão e com os dedos trêmulos tocar a ponta de uma pequena luz. Uma dourada. Sua cor.

—Hawke — Sussurrou seu nome de novo, sua voz trêmula, enquanto ela se voltava a ele, o olhando fixamente como se tivesse acabado de dar o presente mais precioso do mundo.

Tragou a saliva com força, com a garganta quase fechada pela emoção. Inferno, esta era a parte mais difícil de se acostumar, pensou. Tantas emoções, quando antes ele havia sentido tão pouco. Os laboratórios haviam criado as castas sem emoções. Os cientistas e os soldados as golpearam, as congelaram, e em alguns casos, haviam matado as castas que não podiam ocultar suas emoções.

Hawke havia sobrevivido. Ele havia escondido toda a emoção, e freqüentemente, de si mesmo. Não se havia preocupado por nada mais que a sobrevivência das castas em seu conjunto, e uma vez que escaparam, havia tido a certeza de que a sobrevivência de sua casta era o somente o que importava.

Até Jessica.

Agora, olhando ao aveludado fundo de seus olhos, sabia que ia morrer matar, inclusive renunciar a sua carreira por essa mulher.

— Este é meu primeiro presente para você — Levantou a pequena caixa debaixo da árvore e a entregou.

O toque dos dedos dela contra os seus era como fogo. Podia sentir o tremor justo debaixo de sua pele, o cheiro de sua excitação e os indícios da necessidade que a enchia. Também podia sentir o amor que se vertia dela.

Nunca havia cheirado antes o amor, não em relação a si mesmo.

Podia se tornar dependente.

Hawke a olhou enquanto ela tomava o presente dele e pouco a pouco tirava o laço que havia atado ao redor da pequena caixa decorada, que se desprendeu com facilidade, o que permitiu levantar a tampa.

Conseguindo tirar o anjo que estava dentro. Com o cabelo de ouro vermelho e olhos azuis, o corpo de porcelana estava muito bem feito. Vestido com calça jeans e suéter, com pés descalços. E nas suas costas, as asas de cristal delicado se uniam e tinha um halo brilhante ao redor da cabeça.

A seus pés havia um grande lobo cinza, seus olhos dourados olhando a ela com adoração. Encontrar um artista para criar o que ele havia querido não havia sido fácil. O delicado ornamento da arvore só havia sido terminado há algumas semanas.

—Meu Deus — Sussurrou, levantando o olhar até ele enquanto embalava a estátua em sua palma-.

— Hawke é lindo.

— Não tão belo como você — Teve que pigarrear a garganta antes que pudesse falar mais.- É nosso primeiro adorno, Jess. Nosso primeiro Natal juntos.

Tomando sua mão, deixou livre a dourada argola para colocá-lo na árvore situado na parte de trás e a ajudou a guiar a mão para a árvore.

Ali, no centro, colocou a argola em um arame e viu como as luzes azuis e ouro brilhava ao seu redor.

Girando-a para ele, sua mão sobre os ombros dela baixou seus lábios, tocando os dela e sussurrando uma oração por seu futuro.

Um segundo depois, tudo se voltou negro.

Jessica ouviu um silencioso gemido de Hawke. Não era um de prazer, nem de excitação. O som era tão estranho, tão bestial, que seus olhos abriram de golpe, enquanto ele a jogava no colchão.

Foi uma queda livre. Não era um homem que tomava a uma mulher para seguir com o prazer que enchia sua mente. Foi uma completa queda sem ossos, com os braços em volta dela, conseguiu arrastá-la por debaixo dele, inclusive enquanto ela sentia como a inconsciência o alcançava.

—Hawke!— Ela gritou seu nome enquanto empurrava seu corpo grande, tratando de tirar seu peso de cima, para averiguar o que estava acontecendo.

Depois de lutar para sair debaixo dele, se pôs de joelhos, com as mãos aferradas a seus ombros, quando de repente, um ardente puxão no seu cabelo voltou suas costas e a jogou ao solo.

Assegurando sua queda com as mãos, levantou a cabeça e tirou o cabelo de seu rosto enquanto olhada à escuridão, a sombra de uma forma masculina sobre ela.

Uma careta apertada puxava seus lábios enquanto olhava ela desde uns olhos que eram tão familiares, e que uma vez haviam sido cálidos e cheios de amizade. Seu corpo musculoso estava tenso, tenso com ira, e ela juraria que podia sentir a necessidade de matar que emanava dele.

—Todd — Sussurrou seu nome, sua voz entrecortada com a traição e a dor.

Todd sacudiu a cabeça, o corte de seu cabelo louro escuro brilhando com as luzes de Natal.

—Pensei o melhor de você, Jess — Ele espetou .

– Nunca pensei que te iria converter na puta de um cachorro.

Ela quase se estremeceu pelo tom de desprezo em sua voz, e logo gritou desesperadamente quando ele chutou ao Hawke. Um rápido e duro golpe nas costelas que não conseguiu resposta de seu companheiro, nada mais que um áspero e sem respirar fôlego.

O olhar de Jessica mudou de seus olhos para a pistola que Todd sujeitava.

A Trigg automática Glacier com silenciador foi construída na antiga linha P-90. Completamente automáticas, utilizava munição abrasadora de carne e esmagadora de soldados. Uma bala poderia arrancar um braço, uma perna. Uma bala na cabeça, no peito ou nas costas era mortal. Era tão ilegal que os Estados Unidos havia imposto uma proibição a mais de dez anos atrás, e todas as vendas anteriores das armas e munições foram confiscadas e os proprietários reembolsados pelo confisco das armas.

— O que está fazendo, Todd?— Com sua visão periférica buscou sua bolsa. O pequeno Derringer que levava não era rival para a arma que estava usando, mais se pudesse obter um só tiro, um na cabeça ou peito, então podia ter uma oportunidade. Hawke podia ter uma oportunidade.

— Cadela estúpida!— Zombou ele, seus olhos castanhos brilhantes de ira ao chutar Hawke de novo antes de se aproximar pelas bordas do colchão. - O que parece que estou fazendo? Estou fazendo certamente que pague por trair a Deus e a seu país. Cadela estúpida!

Esta vez deu um chute nela.

Antes que Jessica pudesse fugir de sua bota com ponta de aço, esta chutou seu estômago, jogando-a de costas aos pés da árvore enquanto sentiu o ar sair de seu corpo.

Ofegando por oxigênio, tentou ficar fora do caminho do seguinte chute, gritando quando ela a golpeava contra o quadril.

—Está louco?— Gritou, apenas escapando de outro chute. – As castas o vão matar por isso, Todd.

Ele havia sido seu amigo. Haviam trabalhado juntos no centro de comunicação, haviam passado através da formação básica e a segurança das castas juntos. Sempre tinha tido um sorriso, parecido sempre leal às castas, sempre havia defendido seus direitos e seu direito a viver com os demais.

— Vão ter que averiguar quem o fez em primeiro lugar — Riu a sua vez. – Como acredita que me deslizei aqui, vadia? Como acredita que arranjei para me esconder na casa em que ele passava cada minuto acordado construindo para você?

Tirou os cabelos dos olhos enquanto lutava para encontrar uma maneira de sair disto. Como havia conseguido surpreender Hawke? Para incapacitá-lo tão facilmente?

Todd riu de novo, um som desagradável, brutal. Fez-se eco da ameaça e da fome de infringir dor.

— Não pode entender não é verdade Jessica? – ele sorriu.

— Creio que as castas não te contaram tudo sobre a aproximação e associação, não?

Em realidade, ela sabia. A proximidade e a associação eram quando um ser humano se convertia em uma parte tão importante de uma manada em particular ou da família que seu cheiro começava a mesclar-se com os ao redor da família ou membros da manada. O ser humano começava a não só levar seu próprio cheiro, como também o aroma das zonas e as castas que se encontravam em estreita proximidade com ele.

— Me assegurei de ficar próximo daqui – Olhou ao redor da sala de estar. – Eu levava a madeira, ficava ao redor e conversava e sorria enquanto estavam construindo. E depois... – Seu sorrido se converteu em astúcia. – Depois entrei tanto quanto pude sempre me assegurando de usar a mesma roupa, de que quando se lavasse que fossem junto com os uniformes das castas – Sacudiu a cabeça. – Que fácil resultou eles cometerem um deslize. Reforçaram a segurança sobre o resto de nós depois que suspeitaram que você os havia traído, mais inclusive então, não era suficiente.

Porque sabia como enganá-los.

Não os havia enganado por muito tempo. A aproximação e a estreita associação só faziam seu aroma familiar às castas. Hawke podia haver esquecido seu cheiro mesclado com o seu próprio, assim como os das outras que haviam estado dentro da casa para trazer a árvore e as luzes, mais isso não significava que ele estivera a salvo.

Seu aroma agora se mesclava com o da arma, assim como o aroma particular que possuía que seria mais forte devido à duração da associação com a habitação.

Seu conhecimento sobre o tema era limitado, mais para as castas não era. Eles sabiam como rastrear seus inimigos, estiverem ou não a proximidade ou associação.

— Não vai conseguir se sair com a tua Todd — Sacudiu a cabeça, sabendo que estava ficando sem tempo. Podia ver em sua expressão, no endurecimento da pele nas maças e na testa, que estava preparando para fazer seu seguinte movimento.

Ela não pode chegar a Derringer.

— Como arrumasse para nocautear Hawke? – Ela não havia percebido o golpe na sua cabeça, e seguramente deveria haver percebido.

Todd voltou a sorrir. Era um sorriso de satisfação e de triunfo.

— O champanhe que entreguei na festa. Estava drogado. Uma mescla muito especial de coquetéis que não tem nenhum odor, nem sabor, e demoram várias horas para saírem do organismo das castas. Tomei minha oportunidade com ele. – Se encolheu de ombros.

– Olha como valeu a pena.

E havia sido bem pago por ele.

— Você não quer fazer isso, Todd — Disse com voz áspera, ficando em pé, balançando-se como se estivesse tonta, como se os golpes e o choque no seu sistema fora demais.

– Não podes destruir as castas assim. Não vai funcionar.

— Vou sair com a minha – Assegurou. – Nunca saberá que fui eu.

— Você não quer escutar mais que meu pai quis – O espetou então, como se estivesse enojada. – A maneira de destruir não é através deste tipo de engano. É através do calor do acasalamento.

Ele fez uma pausa. – O calor é só rumor. – Havia uma borda de suspeita em sua voz.

Jessica deu um ligeiro sorriso, enquanto tinha a mão nas costelas. – Vou me esquecer desses golpes por um momento – o disse. – Inclusive vou tratar de esquecer que é um imbecil que atua fora das ordens – ele franziu o cenho ante o insulto. – Imagine se quiser que o calor do acasalamento exista.

—Como se pode destruir as castas?

Entrecerrou os olhos para ela. Oh, sim, permita que a suspeita trabalhe através do seu diminuto e pequeno cérebro, pensou. Ela era a filha do homem que havia dirigido a sociedade suprema da que ela era obviamente parte. A filha que havia sido encarcerada e traiu seu povo. Mais ele não podia estar seguro, não realmente. Ninguém tinha ouvido falar dela em um ano antes de sua libertação.

— Estas demonstrando o calor do acasalamento – Ele se aventurou em voz baixa.

— E meu pai não quis escutar – Sacudiu a cabeça com fúria. – Matar os companheiros só os enfurece, pois tem apoio de muitas figuras políticas poderosas agora. Essa não é a maneira de fazer isso.

Todd assentiu lentamente.

– Temos que fazer com que as pessoas os temam.

Ela sorriu com aprovação. – Eu não trai meu povo nem meu país, Todd. Você sabe que eu não podia fazer isso. Eu amava meu pai. Amo o meu país.

— Colocou as companheiras de Gunnar e de Arlington fora de perigo – A acusou furiosamente, mas a arma se estabilizou e sua atenção já não estava em Jessica.

— Fiz o que tinha que fazer – O espetou a sua vez. – O calor do acasalamento, Todd. Demonstra o calor do acasalamento. Como demonstrá-lo?

Ele lambeu os lábios, enquanto a olhava como se estivesse começando a ver seu ponto de vista.

— Que o calor siga seu curso – Sugeriu. – Logo escapar. Uma vez feito, e o calor estivera totalmente desenvolvido dentro de mim, então teríamos o que necessitávamos para destruí-los. Provas.

Não havia uma oportunidade no inferno.

— Você está totalmente acasalada?

— Perto. – Passou os dedos pelo cabelo como se estivesse frustrada. – Quase, até que decidisse se fazer de tolo. Deus, não podia ter me dado uns dias a mais? Isso era tudo o que necessitava.

Estava funcionando? Ele suspeitava. Entretanto a estava observando como se soubesse que estava mentindo, sabia que estava jogando com ele.

— Como posso acreditar? – Queria, entretanto acreditá-la, porque a idéia de que por fim provar que as castas eram uma ameaça era irresistível.

— Nunca presta atenção a nada mais além de que tuas próprias pequenas fantasias de glória? – Ela zombou. – Diga Todd. Alguma vez deu a mão a uma das esposas das castas? Nunca prestou atenção de como nunca foi permitido tocar a nenhuma delas? Como certos membros de um departamento podem rodeá-las? Falaram-me do calor do acasalamento no meu primeiro ano ali, porque a esposa do alfa, assim como o segundo ao comando, se converteu em minhas amigas. Tive que jurar ao inferno e voltando, e jurei por tudo debaixo do sol que nunca revelaria. Para prová-lo, tinha que permitir que um deles se aclopasse comigo. – Olhou a Hawke com repugnância e ocultou o mais sutil tremor de seus cílios.

Oh, Deus! Que desperte logo. Que esteja bem. Não tinha idéia de como sair desta situação que fazendo funcionar sua boca. Todd estava muito longe para poder saltar sobre ele, e era muito suspeito para ela tentar fazê-lo sair da habitação

—Hawke, todavia tem que morrer. – Disse Todd enquanto ela voltava a olhar para ele.

— Oh, claro que sim, matar a galinha dos ovos de ouro – Ela revirou seu olhos. – De onde pensas que provem o calor do acasalamento? Não lês os jornais? É um hormônio, Todd. Ele tem que fazer todas essas pequenas coisas comigo, como beijar, aferrar-se a mim, tratando de fazer alguns bebês casta comigo. Entende agora?

Ela ia vomitar. Não podia acreditar que estivesse dizendo todas essas coisas, que Hawke estivesse escutando, que pudesse escutá-la. Ela havia lutado durante tanto tempo para reparar o que havia feito contra sua vontade. Agora só parecia como se tivesse tido vontade de traí-los.

Podia ver seu futuro escapando ante seus olhos. Podia ver a felicidade morrer, sua vida sendo perdida. Mas, se Hawke vivia, se encontrava um meio de se salvar, então valia a pena.

Por Hawke bem valia a pena morrer.

 

Hawke podia cheirar as mentiras saindo de Jessica em ondas. O desespero por fazer Todd Bennett acreditar nela, estava claro para sua alma. Soou convincente e quando ele deu uma breve olhada no seu rosto, parecia convincente.

Sua Jess estava jogando o papel de sua vida e lutava para dar uma oportunidade para ele se orientar.

O animal em seu interior estava despertando lentamente. Podia sentir seus afiados sentidos, sua força voltando. Sua genética única estava empurrando lentamente mais além da barreira o que havia nublado sua mente.

Que demônios havia passado? Sentia-se como se houvesse sido golpeado por um caminhão, mas ele sabia que não havia oportunidade no inferno de que ninguém pudesse haver deslizado até ele tão facilmente.

— Não posso acreditar que alguém te ordenasse algo tão louco – Jessica continuou com um suspiro de desgosto. – Realmente, Todd. Seu pequeno intento de assassinato não informou ao grupo das vezes que estive no bosque tentando escapar deste lugar?

Houve um momento de silêncio.

— O grupo não sabe nada sobre isso – admitiu Todd. – eu era o único que disparou em você.

— Papai, o teria matado se ainda estivesse vivo – espetou a sua vez. – inclusive ainda que não soubesse do intento de me matar. Ele sabia o que eu estava tratando de fazer, ele não estava de acordo. Acredita que eu havia corrido o risco de me drogar se eu não estivesse estado verdadeiramente, totalmente contra disto? A droga estava ali só para me dar uma saída plausível, não porque ela efetivamente trabalhava. Usa teu cérebro para algo.

Hawke sentiu como ela se afastava da árvore enquanto abriu os olhos o suficiente para enfocar, para ver se sua visão já havia voltado por completo.

O primeiro que viu foi a estátua de porcelana no chão, uma das asas de cristal situada em diminutos fragmentos no chão duro de madeira.

Teve que apertar os dentes para não grunhir com fúria. Havia sido seu primeiro presente para ela, um reflexo do que viu nela. Seu anjo. A beleza que podia dominar a besta dentro dele.

Todd Bennett era um homem morto andante.

— Eu adoraria acreditar, Jessica – A voz de Todd se encheu de pesar, com esperança.

– A história é boa, isso te concedo. É suficiente para que queira acreditar em você.

— Então me mate – Riu. –Vamos, Todd. Comete o pior erro de sua vida. Porque quando o faças, Tio Craig estenderá a mão desde a prisão e quebrará teu magro e pequeno pescoço.

Craig Raines. Sua prisão tinha sido tão silenciosa que nem sequer estava nos papéis. Só umas poucas pessoas poderiam haver sabido de sua detenção. Jess o sabia, porque havia dado as castas a informação de que seu tio e seu pai, ambos, tinham um vínculo com grupos supremacistas.

Hawke sentiu a pausa de Todd então.

— Craig não foi capturado – Disse mais Hawke podia escutar o medo na sua voz.

— Não seja idiota – Jessica rebateu, e ainda que seu tom de voz estivesse seguro, podia sentir seu medo aumentar.

— Craig é o cérebro detrás do complô para matar as castas na festa de Natal em Advert apenas antes de minha liberação. Também era meu contato.

Hawke estava quase pronto para se mover. Podia sentir seus músculos desbloqueando-se, a adrenalina corria por todo o seu corpo enquanto se preparou para o ataque. Só alguns poucos segundos. Se Jess podia agüentar um pouco mais, distrair Todd um pouco mais...

— Não posso correr o risco – Disse Todd em voz baixa, sua voz cheia de pesar. – Sinto muito, Jess. Não posso te dar uma oportunidade.

Ele iria matá-la.

Jess viu como Todd levantou a arma, apontando para seu estomago. Maldita seja isso ia doer. Ele ia se assegurar de castigá-la, tanto se acreditava como se não.

— Tio Craig te esfolará vivo por isso – Replicou ela.

— Igual que as castas, Craig terá que descobrir quem o fez em primeiro – Informou a ela, seu sorriso tenso e difícil. – A diferença de alguns que estão na sociedade Jess, acredito que às vezes temos que aproveitar todas as oportunidades que nos dão para destruir as castas. Você é sua companheira. Viva, tem sentido de propósito para as castas. Morta, os destruirá.

Seu braço ficou rígido.

Jess se jogou pela habitação, mergulhando no chão, agradecida de que, ao menos estava disparando nela e não em Hawke.

O gemido do silenciador da arma se ouviu um segundo antes de seus gritos. Um segundo antes do som do caos atravessar a habitação.

Tropeçando em seus pés, ela se lançou até sua bolsa, sua cabeça levantando-se enquanto tropeçava com o colchão, com os olhos cada vez maiores ante o que viu.

Animalesco, primitivo. Hawke havia agarrado pelo pescoço a Todd com as poderosas garras de suas mãos e o sacudia. A arma havia caído no chão e Todd olhava com horror para a visão da casta com raiva.

Os lábios de Hawke mostravam os dentes, suas presas brilhavam com as luzes da arvore. Um grunhido rompeu de novo por seus lábios, enquanto os Executores (encarregados de fazer cumprir a lei das castas) das castas se precipitaram na habitação. Seu líder não era outro senão Wolf, sua expressão era uma máscara de raiva. Hawke sacudiu Todd outra vez antes de jogá-lo contra a parede e enterrar o punho no estômago dele.

O ar saiu dos pulmões de Todd com um ofego. Enquanto Hawke deu um passo atrás, caiu no piso, ofegante, gritos curtos saiam da sua garganta, enquanto tratava de se arrastar.

— Hawke — Ela se moveu até ele, sua mão levantada, tremendo, enquanto as lágrimas começaram a cair de seus olhos.

Ele se voltou para ela então. Olhos dourados flamejando com raiva e um soluço saiu do corpo dela. Havia escutado tudo. Havia ouvido falar de sua traição a ele, de trair um pouco mais. Havia escutado enquanto tentava distrair a Todd, mentiras que seriam sua sentença de morte.

— Minha companheira – Exclamou, puxando-a bruscamente para ele, a impactando com a força de seus braços e o rosnado na sua voz.

— Hawke — Ela sussurrou seu nome através das suas lágrimas enquanto uma mão envolvia a parte de trás de seu pescoço, e a outra no seu quadril enquanto a puxava mais perto dele.

— Minha companheira – Grunhiu outra vez. – Sempre minha.

Antes que ela pudesse afirmar ou negar, sua cabeça abaixou, seus lábios cobriram os dela e sua língua empurrou com força entre seus lábios.

Imediatamente, o sabor do hormônio do acasalamento explodiu através dos seus sentidos. Era mais rico, mais picante que nunca. Podia sentir a queimadura, quase imediatamente, a explosão de sensações, a fome e a necessidade que atingiu através de seu corpo e a levou a aranhar seu peito para estar mais perto.

Como se a ameaça de morte o houvesse empurrado ao limite da razão, a beijou com um desespero que nunca havia conhecido antes, um desespero que ela respondeu. Suas línguas entrelaçadas, cruzadas, lutando e entregando-se em uma dança tão antiga quanto o tempo.

Quando consegui ir para trás, ela só podia se balançar contra ele, aturdida e incerta, enquanto ela escutava aos homens detrás delas, ouviu os gritos de espanto de Todd, suas acusações sem fôlego contra ela. Os detalhes do plano que o havia dado, o plano que nunca havia existido.

— Tirem esse filho de uma puta da casa da minha companheira. Hawke se voltou a Wolf enquanto Jess lutava para voltar a seus braços. – O quero morto.

— Sem fazer ruído – Disse Wolf, seus olhos escuros olhando entre Hawke e Jessica – Ele esta falando algumas acusações graves contra Jess, Hawke – advertiu.

— Mentiras – Seus braços apertados ao redor de Jess. – O filho da puta pensou que eu havia perdido os sentidos com a droga que me deu na festa. Ele não me deu o suficiente. Eu estava débil, não inconsciente. Ele mente. Ele se vangloriava de sua parte na traição contra as castas e suas conexões com a sociedade supremacista que atacou em Advert antes da liberdade de Jess. Quero cuidar dele, Wolf. Permanentemente. Ele sabe que Jess é minha companheira. Há sido o bastante ardiloso para reunir informações sobre o acasalamento. É um risco que não podemos permitir.

Wolf o olhou durante uns segundos enquanto Jess olhava e lutava para recuperar seu fôlego. Sentia-se como se estivesse caindo, como se suas forças houvessem escapado de seus membros no momento que se deu conta de que Todd iria apertar o gatilho.

— Você cuidará dele – Wolf assentiu com a cabeça antes de voltar para as castas que prendiam Todd. – Cuide dele, Jacob – Ordenou a seu segundo no comando. – Sem fazer ruído.

Todd nunca seria escutado outra vez.

Ela viu como ele era tirado da habitação, chutes, gritos, pedindo clemência.

Não havia piedade, ele sabia. Se não houvesse tentado matar Hawke, se não houvesse admitido ser parte do plano que houve para drogá-la, de atacar Haven, então poderia haver tido a oportunidade de escapar da lei das Castas.

— Vou necessitar um relatório pela manhã – Wolf se voltou a eles.

— Como o soubesse? – Jess finalmente encontrou sua voz, seu cérebro. – Como souberam que estava aqui?

Wolf voltou seu olhar até ela, seus olhos penetrantes, como se pudesse ver claramente sua alma.

— É uma tradição – Disse. – Viemos colocar uma guirlanda em sua porta, para dar a bem-vinda a sua união na manada. Foi então quando ouvimos teus gritos e os grunhidos de Hawke.

Uma tradição de aceitação. Seus lábios entreabertos, enquanto a emoção a inundou e os acontecimentos do dia começaram a chocar no seu interior.

— Hawke, espero teu relatório verbal amanhã depois de que entregue o relatório escrito – Wolf o informou.

— Até então, vou limpar tua casa e te deixar com tua companheira.

Entretanto podia ouvir Todd gritando lá fora. Foi silenciando-se, na distância, mais o som golpeou seu coração e a deixou tremendo no seu interior.

Haviam sido amigos. Esta noite ele brindou por sua união com Hawke, ele sorriu e desejou toda a felicidade. Horas mais tarde, havia tentado matá-la.

A porta se fechou atrás de Wolf e suas forças de segurança, os deixando a sós enquanto Jess se moveu, empurrando-se a si mesma até os braços de Hawke e fora até a arvore.

Agachando-se no chão, ela recolheu a estátua que havia caído e tocou a asa quebrada cuidadosamente.

— Ela não pode ser colada – Sussurrou Jess enquanto outra lágrima rodou por sua bochecha.

Tomando a figura dela, Hawke a envolveu com seus braços ao redor de sua cintura e a levou contra ele.

Ela observou, em silêncio, enquanto ele colocava ornamento de novo, a asa quebrada enviava fragmentos de luz brilhante a seu redor.

— Ela não tem por que ser consertada — A voz de Hawke era suave, seu fôlego roçando sua têmpora, enquanto que ela contemplava a asa. – Ela sempre nos recordara que sobrevivemos, Jess.

Mordeu o lábio inferior e tentou não chorar.

—Eu estava mentindo – Por fim disse desesperadamente, outro soluço saiu de seu peito. – O que disse a Todd...

Hawke girou em torno dela, pressionando seu dedo nos seus lábios, enquanto ela olhava o surpreendente sorriso torcido de seus lábios.

— As castas podem cheirar as mentiras, companheira. Você esqueceu?

Os lábios entreabertos. Sim, havia esquecido. No medo e na confusão, se havia esquecido que as castas podiam cheirar uma mentira.

— Você sabia? — Sua respiração parou enquanto a felicidade parecia inundá-la. – Você sabia que eu estava mentindo?

— Eu sabia que estavas lutando para agüentar até que eu me recuperasse – ele tocou uma lágrima em sua bochecha e a limpou. – Eu sabia que estava salvando a vida de ambos da única maneira de que podias querida. Não me fizeste dano. Nunca acreditaria no contrário.

Não podia amar a ninguém como ele a amava neste momento, se maravilhou Hawke. Uma alegria pura iluminou os olhos dela, calor doce e amor incondicional, encheu o ar ao redor deles. Ela era de feito uma companheira de se estar orgulhoso. Uma que sempre caminharia a seu lado.

Voltou-se e a levantou em seus braços e a levou de volta para o colchão.

— Acredito que estávamos em meio de algo quando esse filho de uma puta nos interrompeu – Afirmou enquanto se apoderou dela, com os braços ao redor de seu pescoço enquanto os lábios dela se curvavam em um sorriso tentador, de amor.

— Não estávamos exatamente no meio – Replico ela descarada. – Creio que acabávamos de começar. Não vais saltar as etapas, companheiro.

Ele teve que rir dela. Sempre havia sido capaz de fazê-lo sorrir, fazê-lo rir. Ela sempre havia chagado a seu coração inclusive quando ela endurecia seu pênis.

— Te amo, Jess – Grunhiu, o homem e o animal falando, a necessidade primitiva e a emoção estalaram dentro dele, impossíveis de se conter.

— Te amo, Hawke Esteban. Com tudo o que sou, Te amo.

Seus lábios cobriram os dela então. Profundos, sóbrios beijos mantendo ambos drogados, enquanto ele lutava com suas roupas, tirando cada uma, laçando-as de lado, deixando descoberta sua carne e a acariciando.

As mãos dela passeavam pelas suas costas, as unhas raspando sua carne, enquanto se arqueava para ele, pedindo com gemidos e gritos pela possessão que ele não podia conter.

Esteve a ponto de perdê-la. Tão fácil, podia haver sido tirada dele esta noite. Como diabo se supunha que ia viver, se alguma vez perdia a sua Jess?

Não só sua companheira, senão sua mulher, sua amante. Ela era uma parte de sua alma da que sabia que nunca quereria livrar-se.

Deslizando a mão pelo seu lado, chegou à curva madura de seu seio. Tomou o montículo na palma da mão e o levantou, posou o polegar sobre a ponta do excitado mamilo antes de baixar a cabeça para prová-lo.

Introduzindo a pequena protuberância excitada na sua boca, se amamentou como se estivesse morrendo pelo seu gosto. Em realidade, ele estava morrendo por prová-la. Congelado em seu interior, preso em uma solidão que não podia suportar. Durante um ano havia lutado para demonstrar sua inocência, lutando pela sua liberdade. E agora estava aqui, em seus braços, o tocando, se arqueando até ele enquanto ele a tocava.

Deslizando-se por seu corpo lentamente e desfrutando de cada grito entrecortado de prazer enquanto lutava contra as quentes e molhadas pregas de sua vagina. Faminto por seu gosto, por seu calor, a lambeu através da estreita fenda, gemendo pela essência molhada dela e a devorando.

Com os lábios, a língua e a sucção de pequenos beijos, ele provocava e atormentava sua sedosa carne. Saboreando até que não houve dúvida somente de que ele nunca poderia viver sem ela, e logo puxou o pequeno broto apertado de seu clitóris e o chupou, estalando a língua sobre ele até que explodiu de prazer.

E não era suficiente. Ele nunca se cansava dela.

Pressionou suas coxas separando, levantando-se de joelhos e a abrindo mais a seu olhar.

Carne rosa suave aberta, revelando a pequena entrada acolhedora que buscava.

Metendo a cabeça de seu pênis contra a palpitante e apertada entrada de sua vagina acolhedora, moveu seus quadris, se movimentado, penetrando-a até que a ponta foi pressionada firmemente em seu interior.

Pequenas erupções de fluido pré-seminal saiu a jorros da ponta de seu pênis, facilitando os ternos e delicados músculos, permitindo a ela acolhê-lo sem dor, sem angústia. Aumentado seu prazer ao tempo que a crescente lubrificação natural permitia que a larga e ampla cabeça fundir-se em seu interior.

Hawke olhava como a tomava, escutava seus pequenos gritos de excitação e sabia que não ia durar mais tempo. Seus testículos estavam apertados na base de seu pênis, uma indicação segura de que sua liberação estava só a uns golpes de distância.

Penetrando-a pouco a pouco, abrindo caminho pouco a pouco, gradualmente, fez uma careta ante o êxtase que se construía e surgia através de seu corpo.

Doce e tão quente. Sua vagina envolta ao redor de seu pênis como a mais apertada e sedosa luva. Cada golpe de sua íntima carne contra a ponta de sua ereção era uma tortura de êxtase. Faiscantes dedos de eletricidade envolviam seus testículos, golpeando ao longo de seu pênis e o fazendo trincar os dentes para refrear até que estivesse firmemente alojado no seu interior.

Levantando sua cabeça, Hawke olhou até sua linda face. Estava ruborizada, transpirava em sua testa, enquanto os vestígios de lágrimas umedeciam suas bochechas.

— Minha preciosa, Jess – Sussurrou, se aproximando, pressionando mais profundo dentro dela e movendo-se para roubar um beijo. – Minha querida Jess.

— Meu coração – Ela soluçou contra seus lábios, e ele se perdeu.

Ficou sem fôlego, o tom cálido da sua voz rasgou através dele. A devoção, o amor no sussurro suave, o destruiu.

Gemendo seu nome, começou a empurrar em seu interior. Pesados e penetrantes empurrões que trabalhavam em seu interior, golpeando mais além do prazer, mais além do êxtase. Foi-se agitando através das sensações que não teve tempo de dar sentido, sensações que nunca havia conhecido antes.

Sua companheira. Sua mulher.

Ela gritou seu nome e seus empurrões aumentarão e ele fodeu seu interior enquanto segura seu quadril com uma mão e se apoiava sobre ela em um antebraço. Seus lábios se movendo sobre sua mandíbula, sobre seu pescoço.

Podia sentir a intensidade crescendo dentro dela também. Seu orgasmo se aproximava, o doce aroma dele se envolvia ao seu redor, o incitando a tomá-la mais rápido, a foder seu interior mais duro. Nada importava mais que pegá-la, marcá-la, mesclar seus aromas de uma maneira tão irrevogável que nunca poderiam estar separados.

Gemidos ofegantes saiam de seus lábios enquanto seu beijo se movia a seu pescoço, seu ombro. Tão perto. Ela estava apertada ao seu redor. Suas pernas levantadas, envoltas em seu quadril, sua vagina apertada, os músculos convulsionando ao redor de seu pênis pulsante.

Um empurrão. Dois. E ela explodiu. Ele o sentiu. Como uma erupção de fogo apertando ao redor do seu pênis, ela se fincava contra ele enquanto gritava seu nome.

Hawke sentiu sua própria liberação seguir a dela. Seus dentes fechados em seu ombro, a marca do acasalamento, enquanto empurrava dentro dela de novo e deixava que as sensações se rompessem através dele.

Um grunhido escapou através de sua garganta, enquanto sentia que seu sêmen saia a jorros, enchendo-a. O feroz inchaço no centro de seu pênis o encerrou no seu interior, criando outro prazer, outro violento fio de sensações que sacudiu ambos.

Hawke lutava para resistir o suficiente para que seus sentidos desfrutassem, para memorizar, para conhecer cada emoção, cada sensação que estalava ao seu redor. Sua e dela. O prazer dela aumentava tão forte e rápido que perdeu os sentidos. Seus gritos de êxtase, seus grunhidos. A mancha de fogo através de sua pele, a sensação dos dentes dela no seu ombro.

O choque quase arrancou a última borda de controle. Ela o mordia como ele a mordia. Dois pequenos caninos penetravam a pele dele e se agarravam para salvar sua vida, tal e como ele se aferrava a ela.

Agarrados até as últimas pulsações de puro êxtase, arrancados através de seus corpos, então eles deixaram de voar e voltaram a terra em uma pacífica e reconfortante nuvem.

Estavam lutando por respirar. Aferrando-se um ao outro, como sobreviventes de um furacão. Suor umedecia seus corpos, seus corações correndo, Hawke podia sentir seu coração e alma o envolvendo.

Levantado a cabeça do ombro dela, abriu os olhos e a olhou. Ela estava relaxada debaixo dele, seus seios subiam e baixavam com respirações ásperas enquanto seus cílios tremiam abertos.

— É minha alma, Jess – Afirmou simplesmente. Não conhecia outra maneira de dizer.

– Se te perco, perco tudo o que sou.

Sua mão se elevou, tocando sua bochecha, antes que seu dedo fora introduzido nos lábios dele.

— Você é cada respiração que tomo Hawke – Disse com voz sonolenta mais se fazendo eco de tanto amor que se sentia humilde. – Cada respiração que tomo você é parte dela.

Eram um parte um do outro.

Passando a seu lado, arrastou seu casaco sobre eles buscando calor, a apertou contra seu peito e se permitiu acreditar.

Era manhã de Natal, e manteve seu presente entre seus braços.

Olhando o anjo com a asa quebrada. Ele sabia que o próximo ano haveria outro.

Perfeito para representar seu amor perfeito. Mas este era ainda mais valioso pela asa que se havia quebrado. Este havia sobrevivido. Assim como seu próprio anjo o havia feito. Sobreviveu e ainda conservava sua beleza e a essência do que estava destinado a ser. Um reflexo do amor. Nem sempre era perfeito, não sem ensaios.

Mais sempre ali, sobrevivente e perdurando.

Assim como sua Jess havia sobrevivido sofrendo e amando.

Seu próprio anjo de Natal, e a susteve em seus braços, conhecendo seu sabor, a sensação das batidas de seu coração, o contato de seu corpo contra o seu.

Um verdadeiro presente dos céus. Sua Jess.

Sua companheira.

Sempre.

 

 

                                                                                                    Lora Leigh

 

 

 

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