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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


UMA COMPANHEIRA INCONVENIENTE / Lora Leigh
UMA COMPANHEIRA INCONVENIENTE / Lora Leigh

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

Window Rock, Arizona

Ela não conseguia tirar os olhos dele.

Isabelle Martinez observou o macho no balcão enquanto levantava a garrafa de cerveja e bebia. Ele colocou a boca da garrafa em seus lábios entreabertos, inclinou a cabeça atrás e pareceu saborear a mordida fria do líquido.

A coluna forte de sua garganta preguiçosamente trabalhou antes dele baixar a garrafa, permitindo que seu olhar varresse a sala. Como se não estivesse observando todos os movimentos possíveis no pequeno bar antes e enquanto tomava a bebida.

O cabelo loiro desgrenhado caia em ombros largos, enquanto o justo uniforme preto que usava deslocava em seus músculos a cada movimento.

Uniforme de missão, que foi o que a atraiu, pensou fascinada. O material preto não estava colado, simplesmente justo, mostrava exatamente o que era — uma arma letal. Uma criatura que nem homem ou animal deveria ser estúpido o suficiente para enfrentar.

—Um desafio duplo, — sua irmã sussurrou em seu ouvido.

Chelsea simplesmente não tinha ideia do que ela estava fazendo.

—Não vai funcionar, Chel. — Liza, sua melhor amiga, riu do outro lado da mesa. — Não tem coragem de ir até ele. Eu disse que Holden drena toda sua coragem.

A menção de Holden Mayhew provocou um sentimento escuro, doentio, cortando-a e enviando um arrepio gelado pela espinha. Seu olhar deslizou passando, então voltou atrás, os olhos parando nela por um segundo, que pareceu durar uma vida inteira quando fez sinal ao garçom quase distraidamente.

Isabella lambeu os lábios nervosamente, seus olhos estavam sobre a ação como um gato sobre um rato.

Um coiote sobre um coelho.

Predador.

Apertado e escuro. Eram seus olhos negros ou de um azul tão escuro que na distância pareciam pretos? De onde estava sentada e com as sombras lançadas pela distância entre eles, podia ser qualquer cor, de castanho escuro a azul. Uma coisa era certa, tinham intenção e brilhavam com interesse quando encontraram os dela.

 

 

 

 

Ele manteve seu olhar nela agora, enquanto erguia o copo com gelo que o garçom colocou ao seu lado e o levava aos lábios.

Seus olhos, estreitados e focados, permaneceram fixos com os dela, hipnotizando-a, o segurando como nenhum outro homem jamais fez.

Oh doce Senhor.

Podia sentir sua respiração crescer, a luxúria agarrando seus sentidos quando os lábios tocaram a borda do copo e ele bebeu o líquido antes de devolver o copo ao balcão.

Uísque?

É claro.

O barman entregou a bebida quase transbordando, sem dúvida esperando por uma das gorjetas que se dizia que os Castas eram propensos a dar.

Era uma das melhores marcas, a sua favorita.

—Poderia comê-lo, — Chelsea murmurou ao seu lado. E ela podia. Uma lenta, luxuriosa lambida de cada vez.

—Vamos, Isa. — Liza soprou em reverência. —Não é como se pudesse pegar uma doença dele. Ou engravidar. Lembre-se, suas mulheres realmente tem que tomar essas pílulas para engravidar.

Isabelle não se incomodou em olhar para sua amiga.

Os documentários que assistiu ao longo dos anos sobre Castas eram muito esclarecedores. Isso, combinado com todos os artigos que pôde ter em suas mãos, assim como todas as fofocas que Chelsea arrastou para o apartamento. Essas histórias, juntamente com as de seu pai e avô e as histórias dos membros ausentes da Nação ao longo das décadas, encheram a cabeça dela.

Ela nunca ficou tão fascinada por outras Castas como estava com este, no entanto. E ele era obviamente pior que mau.

Um Casta Coiote. A notícia de dias atrás sobre a reestruturação das comunidades Casta mostrava os novos uniformes de identificação dos Castas Coiote.

A presa branca curvada sobre o ombro esquerdo do leve casaco de missão, a nova designação dos Castas Coiote, aparecia claramente através da luz fraca do bar. Ele estaria carregando uma imagem de identificação e, se fosse do Escritório de Assuntos Castas, um emblema oficial e ID.

Mas ela reconheceria que era uma Casta sem uniforme ou identificação. Eram facilmente reconhecidos em uma multidão. Eram as criaturas mais perfeitamente projetadas na face da terra e refletiam a genética mais perfeita que os cientistas podiam imaginar unir para criar uma beleza agreste de macho que parecia quase doloroso de olhar.

A altura ideal, força e saúde perfeitas. Dentes perfeitos, traços selvagens para os machos, beleza clássica para as fêmeas, apenas perfeitamente, requintadamente perigosos.

Um inferno de combinação para uma mulher que agora temia força e perigo.

—Ela não está falando com a gente, — Liza apontou com o sorriso evidente no tom de sua voz.

— Porque ele está olhando para ela, — Chelsea engasgou com surpresa súbita. —Oh meu Deus, vejam como olha para ela. Ele parece fascinado por ela, Liza. Acha que ela finalmente encontrou um homem para quem não vai dizer "não"?

Isabelle baixou seu olhar e fechou os olhos por um momento rápido, na esperança de desacelerar seu coração e por repentinamente saber que seus amigos, e possivelmente outros, estavam observando agora. Esse intercâmbio silencioso e faminto não devia ser compartilhado. Ela não queria que outros vissem. Não queria que vissem ou fofocassem. Parecia muito profundo, íntimo demais para desperdiçá-lo de tal forma.

Havia poucos lugares que um Casta podia ir, onde ele ou ela não fossem observados. Vistos, julgados, criticados e muitas vezes temidos. Assim como seus amantes, esposas ou mesmo amigos eram odiados, injuriados e insultados. Ela não se importava se fosse julgada, ou como fosse julgada, mas aquele olhar era muito especial para arriscar, mesmo aqui em um dos poucos lugares que os Castas encontraram alguma aceitação.

O povo da Nação Navajo os aceitava, faziam o que podiam para protegê-los, os respaldava quando a reforma política ou social era necessária para garantir sua segurança e sua sobrevivência.

Era um dos poucos lugares que também podiam traçar suas raízes. Muitos dos filhos desaparecidos e filhas da Nação Navajo foram levados pelo Conselho de Genética para a pesquisa Casta, e muitas dessas famílias estavam desesperadas para reivindicar os laços passados que perderam.

Atraída irresistivelmente de volta para ele, Isabelle ergueu os olhos mais uma vez para encontrar o olhar do Casta, supostamente atraído para a esquerda dela. Como se estivesse observando a entrada.

Ele parecia entediado. Esperando com paciência impaciente, ela pensou, quase sorrindo pela contradição. Sabia que estava olhando para ela, podia sentir seu toque como uma carícia fantasmagórica contra seu rosto. A sensação de calor e fome sensual correu através dela.

Seus dedos pegaram o copo novamente, quando trouxe a bebida aos lábios e bebeu. E embora seu olhar estivesse ao lado dela, ela sabia que podia ver exatamente onde estava e cada movimento que fazia. Assim como ele, sem dúvida, sabia que não podia afastar os olhos dele.

—Vocês são covardes. — Chelsea se inclinou e sussurrou em seu ouvido, sua voz divertida e desafiadora.

—Isso significa? — Isabelle ergueu a própria bebida, o mesmo uísque caro que o Casta pediu.

—Ir falar com ele, burrinha, — Chelsea sibilou, de repente, sombria. —Vamos Isa, esta poderia ser a resposta para suas preces. Holden não ousaria te acossar se soubesse que um Casta está interessado em você. Nem agora e nem depois.

Holden. Deus, não queria pensar em Holden.

Lutou para deixar aquela noite atrás, para erradicar o medo de sua vida e de seus pesadelos. Era impossível, no entanto. Aquela noite ficou tão impressa em seu cérebro que não conseguia limpar as memórias.

E sinceramente duvidava que algo ou alguém fizesse Holden mudar de ideia além de uma bala. Talvez até mesmo a própria morte. Ele não permitiria que ninguém, homem ou Casta, ficasse entre ele e algo ou alguém que decidisse que queria. E decidiu não só que queria Isabelle, mas que a teria. Se ela o quisesse ou não.

Um tremor correu até sua espinha só de pensar.

Ao mesmo tempo, o olhar do Casta de repente estava preso com o dela mais uma vez, sem piscar, os olhos escuros brilhando perigosamente. Observou-a atentamente, as narinas infladas, todo seu comportamento parecendo em guarda, como se percebesse alguma ameaça.

Isabelle podia sentir a boca seca, uma excitação nervosa e uma pitada de medo por essa excitação que não conseguia evitar.

Desejava saber mais sobre os Castas. Saber mais sobre seus pontos fortes ou mesmo seus pontos fracos. Surpreendentemente, os fatos eram incompletos, embora os rumores fossem incrivelmente numerosos.

Poderia realmente sentir o cheiro de sua excitação?

Podia cheirar o medo?

Será que ela se importava?

Lambeu os lábios novamente. Ela sempre se retinha quando se tratava dos homens, sempre se recusava a fazer o primeiro movimento. Ainda era virgem, determinada a esperar o homem que faria sua espera valer a pena. No caso deste Casta, não podia resistir. Ela tinha a sensação que esta Casta não faria esse primeiro movimento, no entanto. Não com ela. Havia algo no ar entre eles, que assegurava que nunca permitiria esconder o fato que era o que ela queria. Ela seria mulher suficiente para fazer um convite que nem ele e nem qualquer outro poderia confundir. Se o quisesse, teria que ser mulher suficiente para provar isso.

Era mulher suficiente?

Uma parte dela gritava, — Diabos, sim, — enquanto a outra parte estava gritando,—De jeito nenhum.

Enquanto sua cabeça e seu coração estavam discutindo sobre se era ou não corajosa o suficiente, a mulher aceitou o desafio e foi por ele. Ela levantou de sua cadeira.

— Hum, isso não é bom, Chelsea, talvez devêssemos ir embora, — ouviu Liza murmurar, uma ponta de algo que poderia ser medo, nítido na voz dela. Ela ignorou o comentário da outra menina e começou a se mover através da sala.

Ela se sentia atraída por ele.

Fascinada por aquele olhar escuro e se tornou uma pessoa que não reconhecia totalmente. A mulher que ela sempre fantasiou ser.

Independente. Livre. Uma mulher encarando a aventura mais perigosa de sua vida. Uma que poderia deixá-la completamente inteira ou para sempre com o coração partido.

Ela sempre disse ao seu pai que saberia no segundo que visse o homem que queria dar seu coração. Que conhecê-lo nunca seria o problema.

O manter seria outra história.

E Isabelle sabia que várias de suas amigas achavam que podiam segurar um dos efusivos e sexualmente experientes homens que a ciência criou, só para acabar com um coração partido.

Ter um futuro com uma Casta não era o trabalho mais fácil que uma mulher podia assumir. Ou o desafio mais fácil. Se apaixonar por um poderia ser denominado nessa altura de idiotice. Nesse segundo, Isabelle sabia que seu coração estava agora na linha também. Se já não o perdeu. Não que nunca acreditasse em amor à primeira vista antes. Não tinha certeza se acreditava nele agora. Mas sabia que uma parte dela lamentaria por toda a vida quando esta Casta saísse de sua vida.

—Isabelle, — Chelsea sibilou atrás dela. —Querida, acho que é melhor ir.

Isabelle a ignorou. Sua irmã não parecia em pânico, apenas preocupada. Preocupada estava bem.

Ela sentiu como se estivesse deslizando por todo o bar, de posse de seu olhar, tão fascinado, com tanta intenção no homem que ela mal podia respirar.

Era instinto. Estava vivendo cada fantasia que já teve naquele momento. Indo para ele, seu olhar ainda capturado, seus sentidos estreitados a este momento, Isabelle alcançou os largos dedos masculinos que seguravam o copo.

Ela não tomou o copo dele.

Usando seus dedos, instou o copo aos lábios e ele obedeceu com facilidade. Encostando a borda em seus lábios, o ergueu lentamente até que o líquido gelado estava tocando sua língua, queimando seus sentidos quando tomou um gole, lento e sensual do licor ardente.

Quando ele se afastou, ela lambeu seus lábios lentamente, percebendo que ele colocou o lugar exato que seus próprios lábios tocaram nos dela.

—Está vivendo perigosamente, — ele murmurou enquanto seu coração disparava fora de controle, acelerado, para em seguida, varrer através de seus sentidos e oprimi-los.

—Prove.

Oh inferno. Não. Ela não disse isso. Realmente não fez.

Alguém não disse alguma coisa sobre nunca, jamais desafiar um Casta, especialmente um Coiote?

Seus lábios se contorceram, uma ponta de sorriso enchendo os olhos de um azul escuro, tão escuro que era quase preto.

—Posso provar. — Pura confiança enchia sua voz.

Desta vez, ela levantou o copo de sua mão, o levou aos lábios e terminou a bebida antes de entregá-lo de volta para ele.

Seus dedos cobriram os dela quando o pegou, uma chama pulando em seu olhar enquanto pura consciência sexual parecia encher a noite.

—Confiante, não? — Ela sussurrou alegremente quando um formigamento de emoção correu por seu corpo.

—Muito, — ele concordou. —E gosto de jogar assim com você.

Um jogo? Ela nunca jogou com a sensualidade, com jogos de paquera. Ela nunca desafiou um Casta, e nunca, a qualquer tempo, desafiou um homem ou Casta a seduzi-la.

—Estamos jogando, então? — Ela perguntou em voz baixa.

—Poderia dizer que sou o caçador, — ele murmurou sedutor. —O mais doce, mais macio pedacinho que acredito que já perfumou na minha vida. Você poderia se tornar um vício.

Seu coração disparou, acelerou e começou a correr com emoção.

—Eu ganho uma vantagem?

Eek. De onde veio isso?

A cabeça se inclinou de lado, os olhos um pouco semicerrados nos cantos, como se quisesse sorrir. —Você pretende usá-la?

—Claro. — Fugiria para o outro lado do Estado só para escapar da lembrança de sua ousadia.

O que era essa expressão que surgiu em seu rosto? Quase suave. Seus olhos brilhavam e parecia cheios de algo que teria chamado de carinho em qualquer outro momento.

—Tem certeza que quer um ponto de partida? — Sua voz baixou, sexual, aquecida, e acariciou seus sentidos com uma intimidade que ela não esperava.

—Seria sensato. Só para ter certeza que sei o que estou fazendo. — Ela não tinha ideia do que diabos estava fazendo, e isso era um fato.

Sua mão subiu, dobrando seu dedo sob o cabelo que caiu por cima do ombro para encontrar a clavícula exposta como ele se inclinou mais perto, os lábios em seu ouvido. —Quando eu te encontrar, vou tirar sua roupa, então a abrir, lamber toda a nata, exuberante e doce que posso sentir fluir de sua boceta. Quando tiver afogado meus sentidos no seu gosto, vou te foder com minha língua, lamber mais de você, em seguida, ouvir seus gritos quando gozar.

Ela ia derreter ali mesmo no chão. Isabelle xingou quando seus joelhos quase falharam quando uma fraqueza sensual a inundou. Teve que apertar suas coxas contra a súbita sensação de aperto em seu clitóris. O broto, inchado e sensível latejava de necessidade, pulsando com uma necessidade tão forte que não estava certo se podia negá-la.

—Vou morder seu peito. — Ela suspirou, então estremeceu com a falta de descrição explícita.

Mas isso era o que queria.

Queria morder seu peito.

Sua mão estava repentinamente presa em seu quadril, os dedos longos e fortes curvados sobre o jeans da calça quando ela sentiu seu corpo tenso, sua respiração ficando mais profunda e mais dura.

—Tem certeza que quer essa vantagem? — Seus lábios baixaram para beliscar sua orelha.

Então, ele lambeu a ponta de sua orelha, excitando as terminações nervosas sensíveis sob a carne.

Um tremor correu através dela, bolhas quentes, quase a lançando fora em linha direta de seus sentidos para um orgasmo sem precedentes.

As coxas se apertaram enquanto lutava para contê-lo. Ou ceder a ele? Não tinha certeza de qual.

—Não sei, — ela murmurou. —Talvez você não seja bom suficiente neste jogo para me pegar se eu tiver vantagem? — Claro que não, não queria uma vantagem, mas isso era divertido. Era a maior diversão que já teve, o tipo de diversão que sonhou em ter com um homem.

E, em na retrospectiva do momento, percebeu que queria que ele a perseguisse. Queria este jogo mais do que poderia ter imaginado querer algo assim.

Ele ficou tenso novamente, um rosnado soando entre eles, ao mesmo tempo a excitando, mesmo que emitisse um flash de tremor correndo até sua espinha.

Podia ver a fome em seu olhar, a sentir irradiando de seu grande corpo. Essa força a confundiu, como a força da resposta que surgia através de seu próprio corpo.

—Quando eu te pegar, vou te foder, — prometeu a ela, sua voz retumbante em seu ouvido antes dele se afastar para olhar em seus olhos. —A noite toda, o dia todo. Possivelmente a semana toda. — Se afastar dele era praticamente impossível, se obrigou a ficar em pé e levou toda a força de vontade que conseguiu juntar. Porque não queria sair. Queria ficar lá com ele, queria se esfregar contra ele, sentir o calor sensual e o poder que sentia ser uma parte dele. Ela se forçou a se afastar. Forçou-se a tirar seu olhar longe dele e voltar para a mesa que ela, Chelsea e Liza compartilhavam. Elas saíram, no entanto. Estavam esperando por ela na saída, que era ainda melhor. Sair era a melhor opção, isto daria uma razão para tentar encontrá-la. Se ficasse no bar, seria um anticlímax. E certamente não queria isso.

 

Assim, muitos pedaços de um coração partido,

por isso muitas noites gastas olhando a escuridão,

perguntando onde você estava.

 

Alguns pesadelos se recusavam a ir embora, mesmo em meio ao evento mais sensual, mais erótico de sua vida, o mais profundo terror que já conheceu insistia em se intrometer.

E não saberia, não perceberia que o monstro que assombrava seus sonhos ainda estava lá se Chelsea e Liza não a apressassem a sair rapidamente do bar.

Holden Mayhew estava no bar, e testemunhou a provocação flagrante do Casta Coiote. Aquela que deu a ela uma vantagem. A chance de ter certeza que era isso que queria.

E o queria com cada fibra do seu ser.

Tanto que seu corpo estava incrivelmente sensível, as terminações nervosas ainda pulsando com a necessidade do toque. Por seu beijo. Por cada promessa sensual que fez no bar pouco iluminado.

Seus dedos acariciando contra sua carne, seus lábios, a mordida de seus dentes. A sensação de seu corpo com força contra o dela.

E ela ansiava, doía, queimava por ele tomá-la.

Talvez devesse ter recusado a vantagem, mas a antecipação que seria perseguida, de ser uma presa sensual, era mais do que podia negar a si mesma.

Isabelle olhou para uma das velas perfumadas piscando ao redor da sala, eliminando o cheiro do hotel e trazendo uma sensação de calma para seus nervos irregulares. Não fez nada para aliviar o pulso e o pulsar de uma excitação que estava se tornando quase insuportável. Com efeito, o aroma suave e sensual que desprendia da cera podia estar tornando pior.

Mas mesmo a antecipação pelo Casta e o prazer que poderia alcançá-la não podia eliminar o medo crescente dentro dela agora.

Alguém chamou Holden e disse que ela estava lá. Alguém que não se importava que ela não quisesse nada com ele. Inferno, ele não se importava que ela não quisesse nada com ele. Estava lá, e mais uma vez, a estava perseguindo.

O raio de luz das velas que sua avó fez para ela prendeu sua atenção de novo. O presente de sua avó, poucas horas antes de seu tio a chamar para o hotel surpreendeu Isabelle. O perfume era ainda mais surpreendente.

Sândalo, lavanda e algo mais escuro, um aroma indescritível que lembrava da sexualidade escura do Casta que se afastou antes.

As velas em si não eram surpreendentes. Sua avó estava sempre criando distintos aromas individuais tendo suas emoções ou problemas em mente. Aquele cheiro subjacente de sexualidade era surpreendente, no entanto. Ela só queria colocar seu dedo exatamente sobre o que era.

—O que vai fazer Isabelle? — Era raro sua irmã a chamar pelo seu nome completo, como todos os outros faziam. Chelsea normalmente usava a versão abreviada de Isa, apesar do fato que Isabelle não ligasse muito para o apelido.

—Quanto tempo ele esteve lá? — Isabelle sussurrou enquanto observava a porta. Podia sentir o nervosismo que afligia as outras duas tanto como Isabelle sentia o medo puxando para ela.

—Chegou imediatamente antes que fosse até o Casta, — Chelsea disse calmamente.

—Devia ter contado no instante que vi seu irmão Harlen no seu celular, — Chelsea suspirou. —Deveria ter feito mais que apenas sugerir que saíssemos.

Bem, isso respondia a pergunta de quem poderia ter chamado Holden.

Ela se lembrou de Chelsea falando algo sobre sair, reconheceu a preocupação na voz de sua irmã no momento, mas a ignorou. Nada tinha importância, só o Casta e se conectar com ele. Nada e ninguém mais tinham importância. Seu fascínio por ele era algo tão incomum que achou que a preocupação que sua irmã sentia era por causa de suas ações, e não pelo homem que entrou minutos depois.

—E ele me viu? —Ela sussurrou.

—Ele não tirou os olhos de você até que deixou o bar com a gente, — Chelsea disse a ela, a raiva começando a apertar sua voz. —O filho da puta. Devia dizer ao meu pai, Isabelle. Não pode deixá-lo continuar fazendo isso.

—Isso — isso era o assédio constante e perseguição. Ele se recusava a aceitar o fato que Isabelle o odiava.

Empurrando seus dedos através dos longos fios de seu cabelo, Isabelle levantou da cadeira que se jogou momentos antes e caminhou para o outro lado da sala.

Ela não precisava disso. Não queria enfrentá-lo. Esperava poder escapar do pesadelo que Holden Mayhew começou em sua vida, mas parecia que estava determinado a ter certeza que ela nunca escapasse.

Ou dele.

Por um momento, a onda de terror e fúria que sentiu naquela noite correu através dela novamente. A sensação de suas mãos, dolorosas em sua insistência cruel, a segurando. O som de sua voz enquanto zombava dela, determinado a tomar o que não estava disposta a dar. A facilidade com que rasgou suas roupas foi humilhante. Saber que quase conseguiu seu intento de molestá-la era tão terrível como enfurecedora.

Ela não conseguia esquecer do fato que ele quase a violentou. Ele quase tirou dela a única coisa que queria guardar para o homem que um dia daria seu coração. O presente que sabia estar tão pronta a dar a um Casta desconhecido hoje à noite.

Sua virgindade.

Ele não completou o estupro, mas o terror agora era tanto uma parte dela que ficou chocada por escapar à lembrança dele naqueles poucos minutos que desafiou o impensável. Um Casta Coiote.

—Eu digo que vá ao andar de baixo e traga essa grande Casta fodão de volta para sua cama. Podem não ser material para sempre, mas parecia malditamente interessado, Isabelle. Pode cuidar deste pequeno problema para você também se pedir a ele. Inferno, pelo que sei sobre Castas, tudo que precisa fazer é falar a ele sobre isso. Ele cuidaria disso, — Liza sugeriu com seus olhos cinza cheios de raiva.

Isabelle balançou a cabeça quando passeou pela janela. Em silêncio ainda, olhou para a paisagem escura que rodeava a parte detrás do hotel, cinco andares abaixo. No seu reflexo podia ver os pálidos traços marcados de seu próprio rosto, e ela odiava.

Deus, desejava que o tivesse matado quando teve chance. Desejou ter simplesmente empurrado Liza de lado e puxado o gatilho. Havia uma chance que pudesse ter escapado da prisão. Ela estava ferida, sangrando, nua. Seria tão fácil provar a tentativa de estupro.

Se fosse forte o suficiente para puxar o gatilho. Se não estivesse tão apavorada que seu pai puxaria o gatilho após o fato, então iria adiante e formalizaria as acusações contra ele. Não havia nenhuma maneira que ele pudesse sair disso. Chelsea e Liza estiveram lá, e ambas eram funcionárias e parentes de membros do Conselho da Nação Navajo.

Se formalizasse as acusações, ou tivesse coragem de fazê-lo agora, então não precisaria reviver o pesadelo daquela noite, poderia estar gostando do jogo, a ousadia sensual que uma Casta Coyote começou com ela.

Quanto tempo esperou para conhecer aquele homem que a faria estar disposta a se entregar apenas um momento depois que o visse? O fato que era uma Casta realmente não a surpreendeu. Sabia há anos que os homens que conheceu antes dele não tinham o que quer que fosse que seu lado sensual procurava. Sua parte feminina, a mulher, exigia muito mais de um amante do que aqueles que apareceram até agora.

Não que ela não esperasse, observasse, procurasse o homem que despertaria sua sensualidade.

Ela viajou o mundo com seu pai em suas missões para conseguir informações sobre a irmã desaparecida dele. Conheceu chefes de estado, políticos, embaixadores, nerds e trabalhadores físicos em seu curto período como assistente pessoal de seu tio logo após ser votado como chefe da Nação Navajo.

Ela namorou, beijou, se deixou embebedar, jantou, e aquela fome indescritível que sabia que esperava dentro dela nunca se mostrou. A impaciência, esperando inquieta sempre a seguia, sempre uma parte dela, até esta noite. Hoje à noite, quando seu olhar encontrou um Casta ela ousou provocá-lo. A inquietação diminuiu. Por alguns momentos, sequer existiu.

E agora, estava aterrorizada com as consequências de estender a mão para o que queria.

Levantando a mão, esfregou a pequena mancha em seu ouvido que o Casta beliscou. Podia sentir a marca de seus dentes, um lembrete da aquecida e suave mordida, uma marca contra sua carne.

Nem sequer sabia seu nome.

Ela não prestou atenção à identificação de ouro do lado esquerdo do peito muito amplo.

Castas não mostravam seus nomes como outros agentes militares ou aplicadores da lei. Usavam um número, escondendo sua identidade do observador casual.

Não que o número ajudasse muito se procurasse sua identidade. A única maneira de saber quem possuía o número de designação era entrar em contato com o Escritório de Assuntos Raça, saltar através de arcos, beijar a bunda e esperar que Jonas Wyatt estivesse de bom humor no dia que o pedido aterrissasse em sua mesa, embora ouvisse que Wyatt nunca estava de bom humor. Havia rumores que ele negava até para senadores, contribuintes dos Casta e agentes da lei a informação.

—Isabelle, não está ouvindo, — Chelsea a repreendeu enquanto se mantinha de costas para elas. — Vamos, aquele Casta parece capaz de proteger um exército. Não teria sequer que dormir com ele para convencê-lo a fazer algo sobre Holden.

O fato que sua irmã fez tal sugestão era uma prova de como estava preocupada com a situação de Isabelle.

—Não quero um protetor, — ela disse suavemente, se voltando para as duas únicas mulheres que conheciam os medos que a atormentavam. —Não quero um homem na minha cama por causa de Holden, Chelsea. Quero um amante. Quero mais que um escudo. Não quero ter medo do que vai acontecer quando Holden descobrir, ou se nos vir juntos. Quero aproveitar enquanto tenho isso para que possa guardar as memórias quando acabar. Esta será minha primeira vez, Chelsea, queria que fosse especial. É muita coisa pedir isso?

Porque algumas coisas duram para sempre. Sua mãe a ensinou, quando morreu num acidente na manhã que Isabelle fez sete anos, apenas horas antes da festa de aniversário que ela e Isabelle planejaram tão meticulosamente.

—Acho que Holden sabe melhor que enfrentar um Casta. Mas isso não significa que faria do Casta menos que seu amante, querida, — Liza a assegurou. —Inferno, Isabelle, só não posso imaginar alguém enfrentando um Casta sobre um dos seus amantes. Ouvi dizer que são fanáticos entre eles. E são ainda piores se suas esposas ou companheiras, como as chamam, estão em questão.

Mais de um macho não-Casta aprendeu a idiotice de desafiar um Casta sobre a mulher que estava, estivesse dormindo com ela ou não. Machos Castas diziam ser tão intensamente protetores com mulheres e crianças que maridos e pais abusivos sentiam o peso de seu descontentamento. Quando se tratava de amantes e esposas, porém, eram ferozmente territoriais quando outros homens ou Castas estavam envolvidos.

Mas apesar do que Liza acreditava, se fosse procurá-lo, se terminasse o jogo provocante que queria muito jogar, então também ia alterar o fato que não estaria em sua cama apenas pelo prazer que gostaria de compartilhar. Seria pela proteção que ela poderia precisar. E alteraria completamente todas as lembranças que poderia guardar de qualquer momento que passassem juntos.

O que significava que, até que lidasse com a situação de Holden, ter o Casta em sua cama podia não ser a decisão mais sábia.

—Não importa, — Isabelle suspirou bruscamente. —Apenas deixe estar. Porque seja para que tio Ray precise de nós aqui, vamos terminar e depois ir para casa. Deveria saber melhor que provocar um Casta de qualquer maneira.

—É o menino que provocou, — Chelsea disse com reverência. —Oh, meu Deus, Isa. Nunca te vi girando em torno de um homem. Pensei que vocês dois iam pegar fogo e queimar o lugar. Estavam quentes como o inferno.

Liza balançou a cabeça, um sorriso zombeteiro curvando seus lábios. —Pense o que quiser minha amiga, mas esse Casta não vai deixar você fugir. Antes que seu tio acabe essa reunião com as Castas, vai ser fodida de seis maneiras até domingo e implorar por misericórdia.

Ela se contentaria com uma vez na sexta-feira e as memórias que pudesse guardar depois que terminasse.

Isabelle esfregou seu ouvido novamente. Ainda estava quente como o inferno por ele, e ficava mais quente a cada segundo. Desejava ficar no bar. Desejava dançar com ele quando a banda voltasse. Desejava ter coragem de dar o número do seu quarto.

—Tê-lo seria uma ideia muito ruim — ela suspirou. —Não deveria ter ido até ele. Inferno, nem sei seu nome.

—Seu nome é Malachi, — Liza anunciou de repente. —Enquanto estava compartilhando sua bebida, perguntei aos dois Castas na mesa ao lado quem ele era. O grandão escuro ficou mais que feliz me dar seu nome.

As sobrancelhas de Isabelle subiram. Era incomum nas autoridades. Eles raramente davam informações a menos que não tivessem outra escolha.

—Sim, aquele de olhos azuis carrancudo disse algo sobre hormônios Coiote malditos e calor. Só Deus sabe o que isso significa, porque não estava quente lá dentro. O outro, porém, o mais escuro, seu nome era Stygian. Estava apenas divertido, e juro por Deus que acho que o ouvi dar um rosnado de lobo quando você tirou o copo de seu amigo e terminou sua bebida. Duvido que seja um felino, — disse pensativa, como se estivesse mais que um pouco interessada.

Chelsea e Liza a olhavam como se ainda não descobrissem o que a possuiu.

Ela não sabia o que a tinha possuído.

—Não quero mais falar sobre isso, — ela gemeu enquanto esfregava seu ouvido, desejando que ao esfregar, o calor lembrasse seu toque. —Ainda não consigo acreditar que fiz isso.

—E como está aterrorizada por Holden, ainda não posso acreditar que não o viu entrar no bar. — Chelsea estava balançando a cabeça em confusão.

Sua irmã não estava mais confusa que Isabelle. Simplesmente não era ela. Não falava com homens estranhos, e com certeza nunca desafiou um Casta de qualquer espécie. Eram simplesmente muito desconhecidos e seu temperamento incerto demais. Virgens deveriam saber melhor, disse a si mesma, exasperada. Eram tão experientes sexualmente que deviam ser considerados ilegais. Inferno, ele provavelmente era ilegal. Eram letais de mais de uma maneira, mas seria o inferno no coração de uma mulher.

Conhecia muitos deles, e era amiga de várias fêmeas Castas, mas não eram os melhores amigos. Assim como os machos Casta que conhecia, mas nunca se tornaram namorados.

Este Coyote, porém, ela teria adorado se dar. Uma e outra vez.

E teria adorado continuar o jogo desta noite. Tinham amigos no hotel, poderia descobrir que quarto estava. Talvez algo escorregasse sob sua porta. O desafiou a encontrá-la, então saiu.

Seria muito divertido, e se esse brilho brincalhão em seus olhos fosse alguma indicação, o Coyote teria jogado com ela. Teria quebrado todas as regras. Teria rido de sua indignação. Mas ela teria muito diversão.

Se não fosse por Holden e seu comportamento imprevisível.

—Olha, Holden não sabe que vamos ficar aqui no hotel. Está nos esperando a caminho de casa, — Liza apontou. —Malachi e seus amigos certamente estão neste hotel. Verifiquei com minha amiga, Mary, no momento do registro. Malachi Morgan, Rule Breaker e Stygian Black estão aqui como uma delegação Casta para se encontrar com seu tio. — Ela franziu a testa, graciosamente arqueando as sobrancelhas escuras loira de preocupação. —Sabe do que se trata?

Isabelle balançou a cabeça ao invés de mentir abertamente às suas amigas. Como assistente de seu tio, sabia que precisava ser cuidadosa ao divulgar muita informação confidencial. E haviam coisas que Isabelle sabia que nem mesmo a irmã dela tinha conhecimento.

Sabia por que seu pai, tio e avô achavam que estavam lá, embora ela não soubesse os detalhes.

Seu tio, o chefe da Nação, seu pai, um dos representantes legais da nação, e o avô, o médico da Nação vinham discutindo sobre Castas renegados e a busca que o Escritório de Assuntos Casta estava conduzindo.

Isabelle ouviu o temor de seu avô que os Casta não estavam dizendo toda a verdade sobre por que a delegação do Escritório de Assuntos Castas estava lá.

Temiam que tivesse algo a ver com a suspeita de um garoto Casta que o Conselho da nação Navajo e a família Martinez esconderam por mais de uma década.

Isabelle não sabia se a família sabia onde estava ou não. Ela sabia, porém, que alguém no Conselho estava por trás do desaparecimento das crianças Casta que precisavam deixar de existir para sua própria segurança. Fazia sentido que fizessem o mesmo por qualquer criança humana que foi parte da pesquisa Casta. Tudo que sabia era que um adolescente e uma jovem foram encontrados por seu pai anos atrás, porém desapareceram da casa mais tarde. Seis Navajos vestidos de jeans, seus rostos decorados com pintura de guerra, seus olhos escuros e ferozes intenções, os levaram, e Isabelle nunca os viu novamente. Nunca disse a Chelsea ou Liza sobre eles. Pouco tempo depois, Isabelle ouviu seu pai e tio falando sobre outra garota. Seu pai a trouxe depois das outras duas, mas não foi capaz de ouvir os detalhes, não viu a menina. Não saberia de nada disso se não fosse uma criança intrometida e sorrateira, como seu irmão mais velho, Lincoln, gostava de acusá-la.

Não foi a primeira vez que a Nação Navajo e a família Martinez interferiu nos planos do Conselho de Genética, ou qualquer de suas contrapartes. As Castas eram uma parte da Nação e de seu povo. Eram filhos e filhas de muitos de seus desaparecidos que foram levados pelo Conselho. Muitos deles carregavam sua genética modificada. E Isabelle sabia que as três crianças que esconderam todos esses anos atrás foram retiradas do Conselho ou de uma de suas contrapartes. Faziam parte da pesquisa, a família Martinez e a Nação Navajo mataria para protegê-los.

—O encontro é amanhã, — disse Isabelle para ambas, mantendo os segredos que as outras não sabiam. —Começa às dez horas. Sei que meu pai quer recusar seu pedido de pesquisa por estes Castas renegados, porque não confia em suas razões para isso, enquanto vovô e tio Ray estão hesitantes em negar.

—Talvez Ashley saiba o que está acontecendo, — Liza refletiu enquanto mencionava a fêmea Coyote, que era uma visitante regular Comunidade Casta combinada Lobo e Coyote de Haven, Colorado. —Está na cidade esta semana. Ligou na semana passada para ver se eu queria ir para o SPA com ela enquanto estava aqui.

Loira também, embora artificialmente, aprimorada e com mechas, Liza era conhecida por passar uma quantidade excessiva de tempo no SPA na cidade mimando seu cabelo, unhas e pele, que brilhavam macios.

Nesse ponto, tanto Isabelle como Chelsea eram clientes do SPA, mas Liza e Ashley passavam um tempo muito maior se cuidando do que ambas.

—Não estou tão preocupada com isso como estou com minha irmã. O que vai fazer sobre isso, Isabelle? — Chelsea perguntou quando ela e Liza a olharam preocupadas. —Se conheço Holden, não vai deixá-la sozinha. Vai ficar perto de você até que a pegue desprevenida novamente. E quando o fizer, vai ter certeza que te machucará. Nós duas sabemos disso.

Por alguma razão, Holden Mayhew pôs em sua cabeça que ela pertencia a ele. E levou apenas um único encontro para Isabelle perceber que era um homem que não aceitaria um não como resposta. No segundo encontro, tentou argumentar com ele, e provou que estava certa.

—Não sei, Chelsea. — Enfiando as mãos nos bolsos da calça jeans, foi atraída de volta à janela.

—Poderia dizer ao tio Ray, — ela sugeriu.

Não era a primeira vez que sua irmã, ou Deus nos livre, seu irmão, Linc, fizeram essa sugestão.

—Ou seu pai, — Liza apontou com uma pitada de zombaria.

Todos sabiam que se contasse ao seu pai, então Terran Martinez provavelmente tentaria matar Holden ele mesmo. E isso era algo que não queria ter que enfrentar. Havia sempre a chance que Holden machucasse seu pai ou deixasse seu irmão inconsciente e o machucasse. Ou a chance que seu pai ou irmão matassem Holden e estivessem dispostos a enfrentar prisão para fazê-lo. Proteger ela e Chelsea era tudo que pareciam pensar às vezes. Como se o fantasma assombrando do sequestro de Morningstar Martinez e seu desaparecimento há mais de trinta anos, de alguma forma ameaçasse Isabelle e Chelsea também.

—Gostaria que as duas não soubessem sobre isso. — Isabelle suspirou.

—Isso seria muito difícil, — Chelsea falou devagar. —Se não tivéssemos aparecido, irmã, aquela noite teria um final muito diferente para você.

Ela teria sido estuprada.

Foi Chelsea que bateu na cabeça de Holden com uma lâmpada e Liza que apontou para ele o rifle que seu pai lhe deu quando ela se mudou para o apartamento com Isabelle e Chelsea.

Nua, se recuperando do ataque, Isabelle puxou a arma de Liza, a engatilhou e o teria matado ela mesma se Chelsea não entrasse entre a arma e Holden. Deu-lhe a chance de fugir antes que ela pudesse livrar o resto da população feminina de mais miséria que ele pudesse fazer.

Ela teria atirado em suas bolas.

—Um final muito diferente para ele se não tivesse ficado na frente daquela arma, — ela declarou enquanto virava de costas para elas. —Deveria apenas o matar antes que tivesse chance de ficar entre nós.

Havia noites em que desejava não ter permitido que sua irmã a detesse. Noites que ficava assustada, ouvindo seu caminhão, uma vez que retumbava na sua rua. Seu quarto ficava na frente da casa, os outros dois atrás. Sua irmã e Liza nunca souberam sobre as noites que Holden a atormentou, e não queria que soubessem.

Se ele apenas deixasse ir. Se apenas deixasse sozinha. Mas desde aquela noite ele se recusava a dar-lhe alguma paz. A estava perseguindo, sua determinação em estuprá-la se tornando uma obsessão, e ela sabia que teria que lidar com isso em breve.

—Deve informar seu tio, pelo menos, — Liza disse quando Isabelle viu seu reflexo na janela.

Sua amiga levantou de sua cadeira e recolheu a bolsa no chão. Vestida com calça jeans também e um elegante camiseta de alcinha, a outra mulher puxou as alças da sua bolsa sobre o ombro nu antes de dizer: — Tenho que ir para a cama, se quiser chegar a tempo na sala de conferências amanhã. Pense nisso, Isabelle. Encontre um homem ou um Casta que Holden não vá foder. Caso contrário, vai acabar em problemas muito maiores do que Chelsea e eu a salvamos naquela noite. Está muito claro que Holden está fodido da cabeça, e um homem assim não vai deixá-la descansar até que um de vocês esteja morto.

Essa era Liza. Nunca recuava. E embora pudesse parecer fria ou insensível Isabelle a conhecia de forma diferente. Sua amiga raramente se deixava mostrar emoção. Perdeu sua família quando não passava de uma adolescente e muitas vezes tinha pesadelos sobre isso.

—Sim, tenho que ir para a cama também. — Chelsea suspirou enquanto olhava ao redor da sala. —Mas vou ficar aqui mesmo, a menos que o alto e loiro Casta apareça.

Determinação obstinada apertava os lábios normalmente carnudos de Chelsea quando olhou para sua irmã, em silêncio, a desafiando a tentar fazê-la sair.

Isabelle se voltou para ambas as mulheres. —O que faria sem vocês duas? —Lágrimas inundaram seus olhos, mas as obrigou a voltar em vez de deixá-las cair.

Liza era sua melhor amiga há anos. Embora Chelsea fosse mais jovem, Isabelle nunca negou à sua irmã a chance de sair com elas, e por causa disso, se tornou parte dos laços de amizade que as prendiam juntas. A amizade estava gravada na pedra, e sua preocupação uma com a outra estava sempre lá.

—Seria miserável, solitária e provavelmente, viveria sozinha numa casa cheia de gatos em vez de com duas mulheres loucas, — Liza grunhiu enquanto se dirigia para a porta de conexão. —Agora, durma um pouco. Vou deixar a porta aberta. Se precisar de mim, apenas grite.

Ela se moveu para a sala conectada quando Isabelle se virou para a irmã. —Poderia apenas fazer o mesmo. — Ela riu, mas a expressão de sua irmã ficou amotinada. —Não é alta, loira e Casta, então não vou compartilhar minha cama com você.

—E vai compartilhar com ele? — Sua irmã revirou os olhos. —Pode ter ficado toda quente e incomodada por ele, mas esquece Isabelle, que sou sua irmã. Não vai dar a ele mais que deu a qualquer outro homem. Mas está certa. Posso apenas deixar a porta aberta. — Ela foi para a porta de ligação do lado oposto da sala. —Durma um pouco, irmã. Vejo você na parte da manhã.

Na parte da manhã.

Isabelle voltou para a janela e olhou a paisagem do deserto novamente. Levantando a mão, a colocou contra a janela e apertou a testa no vidro.

Quantas vezes ao longo dos anos que fez apenas isso? Olhou para a noite e se perguntou por que estava tão inquieta, se perguntando o que procurava? Quem procurava?

Movendo os braços para cruzá-los sobre os seios, esfregou seus braços e tentou tirar o frio de sua carne.

Ela se sentia quente e fria, nervosa e tão cansada que não conseguia manter os olhos abertos. Mas fechar os olhos apenas trazia à mente a ameaça sensual que Malachi fez. Que ia fodê-la a noite toda. O dia todo. Possivelmente a semana inteira.

Sua vagina apertou com a lembrança de sua voz, seu olhar, a maneira como seu corpo parecia se envolver protetor ao seu redor. O pensamento de tê-lo se envolvendo em torno dela depois de foder com ela até a exaustão deixou seu corpo dolorido pela sensação.

Sim, ela o queria em sua cama. O queria entre suas coxas. Mas, estranhamente, Deus, nem o conhecia, mas o queria em sua vida. Queria compartilhar essa parte de si mesma que nunca partilhou antes.

Seu coração.

Enquanto esteve dentro do seu abraço se sentiu quente, protegida e segura. Sentiu como se nada ou ninguém pudesse tocá-la, machucá-la. E esse era um sentimento muito perigoso para ter.

Porque sabia melhor agora.

Sabia melhor, e o monstro que assombrava seus medos se recusava a deixá-la ir.

 

—Seu nome é Isabelle Martinez. É minha prima, Coyote sarnento de merda, — Rule rosnou, enquanto olhava para as informações no e-pad que segurava. —Vinte e cinco anos de idade, filha de Terran Martinez e Ellen Johnson Martinez. Sua mãe, Ellen, é falecida. É a assistente pessoal do chefe da Nação Navajo, Ray Martinez, e vai estar presente na reunião da manhã.

Malachi ouviu a ponta de preocupação e raiva na voz de Rule Breaker. Não era apenas no sentido figurado. Sua companheira era prima em primeiro grau deste bastardo. Que sorte a sua. Ele esfregou a parte de trás do pescoço, a irritação apertando seus músculos enquanto lutava contra a necessidade de encontrá-la.

Agora.

Filho da puta.

—Ela é sua prima, mas, que eu saiba, você e Lawe nunca declararam seu vínculo genético com a Nação Navajo, — Malachi ressaltou. —Se o fizesse, teria aparecido na referência cruzada que fiz no meu caminho até aqui. O que faz você pensar que pode reivindicar esse laço quando quer, e o manter em segredo em qualquer outro momento?

Ele observou o comandante friamente, pensando na dificuldade que o outro Casta pretendia apresentar se tratando de Isabelle. Se tratando de sua Companheira.

Todo seu corpo apertou só ao pensar, seus olhos se estreitando de volta para o comandante. —Ela é minha, — afirmou, tentando manter o confronto fora de seu tom. —Não fique entre nós, Rule.

—Não é comigo que tem que se preocupar e não temos tempo para isso de qualquer maneira. — Rule o olhou com um olhar duro. —Meu ponto é que você é parte integrante desta negociação, Malachi. Não posso me dar ao luxo de ter sua atenção dividida.

Malachi arqueou as sobrancelhas. —Desculpe a inconveniência, comandante. Terei certeza de adiá-la apenas por você.

Rule grunhiu ao sarcasmo. —Inconveniência é exatamente o que é. Não pode apenas ficar bem longe dela por um tempo? Certamente, não é doloroso ainda? Inferno, nem sequer a beijou. Não pode ser tão ruim assim.

Malachi olhou para ele sem acreditar, assim como Stygian e Ashley estavam fazendo.

—Uau, isso foi cru, Rule, — murmurou Ashley, enquanto descansava na cadeira que pulou antes. —Talvez a gente pudesse agendar o acasalamento, como você agenda sessões de treinamento e outras coisas? Dessa forma não perturbaria muito seu cronograma.

—Só posso desejar que fosse tão fácil, — Rule grunhiu como se não quisesse reconhecer que ela acabava de fatiar sua atitude com sua língua afiada.

—O número do seu quarto, — afirmou Malachi, em vez de contestar ou desafiar o outro Casta.

Rule olhou de volta para ele. —Se for para ela hoje à noite, sabe o que vai acontecer. Dá um tempo aqui, Coyote. Pelo menos, espere até descobrirmos o sacana que está cortando os cientistas do Conselho e da pesquisa em pedaços. Apenas se não se importar.

Malachi ergueu a sobrancelha. —Evidentemente que me importo. Tenho que chamar recepção e dar meu certificado de segurança para conseguir o número do seu quarto? Vou fazer se não me der nos próximos três segundos.

Não ia discutir, rosnar ou desafiar. Não precisava do comandante para conseguir o que queria. Seria simplesmente mais fácil.

Rule o observou, seus olhos azuis gelados, sem dúvida procurando um sinal de fraqueza. Rule podia ser o comandante nesta missão, mas não tinha autoridade sobre qualquer Casta quando se tratava do calor de acasalamento.

O comandante mudou ao longo do último mês também, Malachi pensou. Uma mudança que começou antes mesmo de seu irmão gêmeo começar a carregar o cheiro de acasalamento e ser atraído ao status ativo. Mesmo Lawe não reivindicando sua companheira, ainda assim mostrava sua consciência dela, ficando fora do estado de missão ativo.

Rule Breaker e Lawe Justice sempre lutaram juntos, mesmo nos laboratórios onde foram criados e treinados. Cobriram as costas um do outro, levaram balas pelo outro e se certificaram que cada um estivesse protegido, assegurando que cada missão saísse em perfeita sincronia.

O comandante mudou porque sua outra metade biológica não estava mais lá para cobri-lo? Parecia um pouco difícil de acreditar, especialmente considerando o fato que lutaram separadamente ao longo dos últimos anos e executaram cada missão com mesma precisão fria como faziam juntos. Tudo era possível, mas Malachi não considerava isto provável.

—542, — Rule rosnou. —Está do outro lado do fodido corredor. Agora, vai pelo menos considerar meu pedido que aguarde 24 horas? Calor de acasalamento e negociações com o tio de sua companheira não andam de mãos dadas, Malachi.

—O quarto da vela. — O tom de Ashley ecoava com interesse agora enquanto sentava em sua cadeira, ignorando o resto da declaração de Rule.

—Porra, — Stygian rosnou. —Não conheço o perfume que ela estava usando quando chegamos ao corredor, mas era tão maldito sexy que até eu fiquei excitado.

—A que usou mais cedo era tão boa. Não sei de onde tirou essas velas, mas a Coya seriamente amaria a pessoa que as faz. Cheiravam como o céu na noite passada. Juro, o cheiro de lavanda me fez dormir como um bebê, — Ashley suspirou.

E não era nada menos que a verdade. O cheiro daquelas velas tirou o cheiro velho e acre de estranho após estranho no hotel. Era um cheiro de hotel, um que estava em todos os hotéis e todas as Castas achava desagradável. Mas o cheiro das velas da noite anterior era relaxante, uma mistura calmante que deslizou em Malachi, assim, como esse era tão evocativo de sexo e sedução que intensificou sua excitação. Deveria saber que o cheiro vinha do quarto de sua companheira. Deveria ter percebido que ela não fugiu até agora.

—Ei, Mal-querido, certifique-se de descobrir onde ela as consegue, — a bonita Ashley pediu. —Então posso conseguir algumas para a Coya.

A Coya de Ashley, que também era a de Malachi era muito amada, em alguns casos, reverenciada, a alfa da manada dos Coiotes.

—Precisamos de todos os nossos sentidos alertas para esta reunião. — Rule suspirou, lançando a Malachi outro olhar duro. —Lawe estará chegando aos próximos dias, e quando o fizer, nossa missão aqui vai começar a sério. Acasalar com ela agora só vai colocá-la em risco.

Malachi sentiu algo mudar dentro dele. Uma borda escura de negação primitiva levantando sua cabeça com uma mudança na calma que ele normalmente se mantinha centrado.

—Ela já está em perigo. — Ele sabia disso. Percebeu isso. Mas só depois que sua amiga sussurrou algo para ela e seu olhar de repente varreu a sala num flash de terror no fundo azul cobalto.

—Não sabe Malachi. — Apesar de sua negação, Rule ficou mais tenso ainda, tornando seu tom mais sombrio.

—Alguma coisa a assustou, enviou um aroma particular de medo crescente dela, — Malachi afirmou quando se endireitou da parede que estava encostado, a tensão da raiva o deixando inquieto. —Um medo que só cheirei depois que nossas mulheres eram estupradas nos laboratórios.

Os três Castas que na frente dele fixaram sua atenção nele um instante depois.

Um rosnado baixo retumbou da garganta de Stygian. Os olhos cinzentos de Ashley se estreitaram, a mão indo para a faca na bainha em sua coxa enquanto ela se erguia lentamente de pé, mas foi a reação de Rule que, apesar do laço genético com Isabelle, ainda o surpreendeu.

Seus lábios achataram, as narinas abriram quando flexionou os dedos contra o braço da cadeira de couro fino que estava sentado, a raiva brilhando nos seus olhos azul gelo, queimando como uma chama fria antes de Rule conseguir rapidamente controlar a emoção.

A batalha pelo controle foi curta, mas obviamente difícil. Virando a cabeça lentamente, o comandante lançou a Ashley um olhar enquanto o canto de seu lábio levantava, mostrando um perverso canino afiado enquanto um rosnado vibrava em seu peito.

—Estou no quarto duas portas abaixo dela, — declarou Ashley, seu olhar selvagem quando deu um aceno afiado a Rule. —Emma duas portas do outro lado. Confie em mim, ninguém vai machucá-la enquanto estiver em seu quarto.

Malachi e Stygian estavam ambos na frente dela.

Rule e esperava que ficasse longe dela?

Sua companheira?

Sua companheira que carregava o cheiro do medo e a alma de uma mulher marcada de uma das piores maneiras possíveis?

Será que ele tinha essa força? Malachi sabia que não havia como ficar longe dela por mais que algumas horas. A fome por ela era latejante, não apenas em seu pênis, mas em seu peito. A fúria protetora que começou a crescer naquele segundo que viu o terror em seu rosto foi reforçada dentro dele.

Ela pertencia a ele. Sua vida estava agora presa à sua e vice-versa. Sua saúde, sua felicidade, seu prazer, agora eram sua responsabilidade. Se Malachi sabia de alguma coisa, era como cumprir suas responsabilidades.

—Sua irmã, Chelsea, está no quarto ligado ao dela, e sua amiga, Liza, do outro lado do seu. — Rule voltou para o e-pad, puxando as informações enquanto falava, antes de levantar o olhar para Ashley mais uma vez. —Quero um relatório sobre ela e suas amigas pela manhã, e quero saber, por Deus, o que ela teme.

—E a outra informação que queria juntar? — Perguntou Ashley.

As informações sobre quatro jovens, duas das quais poderiam ser as duas mulheres Castas que estavam procurando desesperadamente.

—Isso pode esperar, — Rule decidiu. —Se esperamos 12 anos, podemos esperar mais um dia para iniciar a busca. Lawe deve estar aqui nas próximas duas noites e esperamos que nosso suspeito chegue hoje à noite, se já não estiver aqui. O mais tardar, mais ou menos com Lawe e Diane. Duvido que teremos tempo para completar nossa missão, bem como a dele antes que chegue.

Sua missão era conseguir a aceitação do chefe do Conselho Navajo e seu consultor chefe a realizar a busca de uma Casta que estava sistematicamente matando cientistas e pesquisadores ligados ao Conselho de Genética e uma empresa de pesquisa farmacêutica ligada a testes e investigação de Castas.

Ashley assentiu com firmeza. —Não deve demorar mais que algumas horas para conseguir as informações sobre elas. São conhecidas o suficiente para que não seja possível esconder parte de suas vidas.

Mas Malachi já estava à sua frente. Não ia perder nenhuma vantagem, informando a Rule que já tinha isto coberto. Deixaria o comandante, primo de primeiro grau, e não recusaria nenhuma ajuda na proteção de sua companheira.

Mas não ia depender dos outros para protegê-la também.

—As reuniões devem terminar ao meio-dia de amanhã. — Rule ergueu o olhar para Malachi agora. —Apenas o tempo de Lawe e Diane chegarem daqui a dois dias a partir de agora. Protegê-la e descubra que perigo a ronda. Mas acasalar antes da chegada de Lawe está fora de questão, Malachi. — A ordem em seu tom de voz era clara. —Depois disso, posso garantir tanto sua proteção como terei outra equipe para cobrir seus deveres. Até então, todos nós, por causa de sua companheira, precisamos dar prioridade a essa missão.

Malachi assentiu bruscamente. Não discutiu. Não ia levantar, discutir ou se enraivecer, e com certeza não estava acima de mentir se a situação exigisse. Ele era, afinal, um Casta Coyote. Pegavam o caminho da menor resistência, sempre que possível. Lutar e se enraivecer quando podiam alcançar seus objetivos de forma mais eficiente não parecia lógico. E Malachi, em particular, sempre se sentiu melhor contornando um obstáculo, em vez de abrir caminho através dele.

Ele ignorou o olhar desconfiado de Rule. Rule não era um homem estúpido, e conhecia Malachi há tempo suficiente para saber que não importava a ordem dada, no que dizia respeito a sua companheira, Malachi faria como achasse melhor.

O comandante tinha esta noite, e apenas esta noite, e apenas porque Malachi prometeu à sua companheira um jogo sensual. Um jogo que estava certo que ela não tinha ideia das regras. Um jogo que nenhum deles perderia, porque uma vez que a pegasse, o prazer mudaria a vida de ambos.

E ambos ganhariam.

 

Eu estava aqui, e eu estava procurando,

sempre sabendo que em algum lugar, você esperava.

 

Espere. Por que diabos cedeu ao pedido de Rule e perdeu — a vantagem — que sua companheira deu a ele?

Imbecil. Sua alfa sempre dizia que o senso de justiça de Malachi era superestimado. Na manhã seguinte começava a acreditar nisso.

A excitação ia matá-lo.

Tudo que podia pensar era na mulher. Sua companheira.

Ele deveria estar pensando sobre seu trabalho, não em foder com ela até que ambos entrassem em colapso de exaustão.

Estava passando a bola para ela agora.

Uma notinha sensual sob sua porta na noite passada, escrito por ele mesmo. —Minha cama estava fria sem estar compartilhando-a com você. Achei você, amor, está certa que precisa de mais tempo? MM

Seria suficiente para satisfazê-la? Se não, sempre havia o pingente de ouro que pediu para ser entregue a ela. Um único dente curvo, coincidindo com o emblema do lado de seu terno de missão, bem como seu uniforme de Enforcer. Um símbolo que ela estava com ele. Sua companheira. Embora ele soubesse que ela não ia perceber até que ele realmente a tivesse debaixo dele.

Andando pela sala, com seu pau latejante, sua língua inchada, Malachi se esforçou para manter sua atenção no vídeo ao vivo da sala de conferência. Os participantes humanos não tinham conhecimento dos olhos que os assistiram e ia tentar dissecar cada movimento e cada palavra.

Era tudo que podia fazer para afastar os olhos da mulher, no entanto.

Os afastar de sua companheira.

Ela era requintada.

Tão sutilmente perfeita que fazia qualquer sonho que teve com sua companheira empalidecer em comparação.

As fêmeas Casta eram perfeitas em todos os sentidos. Foram criadas para ser apenas isso, perfeitas. Hipnotizar os homens, baixar a guarda de seus inimigos e aumentar seus sentidos. Foram criadas para garantir que os machos se concentrassem e dispusessem a serem escravos sexuais de sua beleza e suas proezas sexuais.

Isabelle Martinez era tão oposta ao que supunha ser seu par perfeito que só podia sentir uma onda de orgulho imensurável.

Ele passou a noite mergulhado em descobrir tudo que podia sobre a mulher que sabia ser sua companheira. Deveria estar pesquisando as informações que Rule estava reunindo, mas foi incapaz de superar Isabelle. Ou o fato que encontrou sua companheira neste lugar, neste momento. Como Rule disse, era um acasalamento muito inconveniente.

Sua inconveniente companheirinha.

Ele sorriu com o pensamento.

Um toque tão simples como um mordisco em sua orelha cimentou o que sabia antes dela sequer atravessar a sala. Uma troca tão mínima, senão inexistente na partilha de uma bebida, e as glândulas sob sua língua começaram a inchar com o hormônio do acasalamento quase imediatamente. O sabor picante na boca, a onda de luxúria que apertou seu pau e deixou seu corpo dolorido por ela, levava seu autocontrole.

Mas soube quando seus olhos encontraram os dela através da sala, quando sentiu uma fome que combinava com a dele mesmo, se elevando dentro dela, que ela seria dele.

Sua promessa de morder seu peito fazia essa determinada parte de sua anatomia doer para sentir os dentinhos afiados.

E ele não estava brincando. Uma vez que pusesse as mãos sobre ela, ia fodê-la por uma semana. Noite e dia. Ia manter seu pau enterrado tão apertado e tão profundo dentro dela que mesmo o pensamento de soltá-la a faria chorar em negação.

Ele escolheu assistir a reunião através da transmissão ao vivo ao invés de estar na reunião. Não havia como pudesse manter as mãos longe dela. De jeito nenhum aguentaria toda a reunião. A teria arrastado de lá em poucos minutos e não muito tempo depois, ela estaria gritando seu nome com prazer.

O que não faria exatamente inspirar sua família a dar aos Castas a permissão que precisavam para fazer uma pesquisa na propriedade da Nação Navajo.

—Ela é bonita.

Ele ouviu Ashley entrar no quarto, mas ela estava ao seu lado antes que ele percebesse que teve tempo de chegar lá.

—Obrigado, — ele murmurou, sentindo uma onda de orgulho novamente.

Ela era bonita. Sim, muito, muito fodidamente bonita.

O elogio podia parecer falho, mas Malachi não encontrou nenhum defeito nele. A última coisa que queria era perfeição ou verdadeira beleza.

Bonita, porém, era quente e muito compassivo. Cheio de misericórdia, e gentileza. Assim como sua companheira era cheia disso.

Tudo que descobriu sobre ela assegurava que sua percepção inicial dela estava certa sobre o dinheiro.

—Tem uma irmã leal e uma boa amiga em Liza, - Ashley garantiu. —Nenhuma delas era necessária após a reunião começar. Almocei com elas, e nenhuma está disposta a discutir sobre o cheiro do medo que ela carrega. Se recusam a traí-la.

—Mas admitem que ela tenha razão para temer? — Perguntou a ela.

Ashley encolheu os ombros.

Malachi notou o movimento pelo canto dos olhos antes de voltar sua atenção total para ela.

—Vamos dizer que sei que o motivo está lá, — disse quando ele olhou para ela. —Fecham a boca cada vez que eu menciono isso, mas ainda posso senti-lo, assim como Stygian admitiu que o cheirou antes que ela deixasse a mesa na noite anterior e atravessasse a sala para você. Foi apenas por um segundo, no entanto. Como o pensamento de algo que tenha medo.

Ele se voltou para a tela que exibia a conferência na sala de reunião sendo realizada no vigésimo quinto andar, garantindo que seus quartos estavam bem.

Isabelle estava calmamente sentada ao lado de seu tio, enquanto Rule defendia a permissão para o Escritório de Assuntos Castas conduzir uma pesquisa oficial na terra Navajo e pedir a cooperação do Conselho Nação Navajo para encontrar o Casta renegado que Rule declarava suspeitar estar na área.

A verdade era que sabiam que estava indo para lá, se já não tivesse chegado. O Casta sanguinário e assassino abriu um caminho de morte e horror pelo meio dos poucos cientistas remanescentes que trabalharam para fabricante de drogas, Phillip Brandenmore, antes de sua morte.

—É difícil prometer cooperação, Comandante Breaker, quando não temos ideia de quem ou o que é este Casta que procura, ou seus laços genéticos com a Nação. Também não mostrou nenhuma prova de seus crimes e não está disposto a divulgar completamente por que acha que ele está aqui. Ele deve ter uma razão para estar em nosso território neste momento. Adicionado a isso, não tem nenhuma forma de identificar esse Casta renegado. É como pedir à Rússia para deixá-lo entrar em seus arquivos do serviço secreto, porque um assassino usou uma faca específica da URSS. — Ray Martinez olhou Rule de perto, como se já suspeitasse do engodo de Rule.

E como podiam suspeitar se não tinha algo a esconder?

—Assim como é difícil para nós pedir, porque não temos a informação que está solicitando, vereador Martinez. E eu asseguro, o renegado que estamos atrás teve muito tempo para planejar como matar suas vítimas, e evitar que nós encontrássemos uma ligação de volta para ele. — Rule suspirou enquanto olhava através da mesa para o chefe de Nação Navajo. —Não estou pedindo mais do que estou disposto a dar, senhores. Vamos mantê-los informados de cada passo do caminho, mas precisamos de liberdade para conduzir nossa investigação antes que ele mate novamente. E tem toda a intenção de matar novamente.

—Quem será que ele pretende matar? Não temos cientistas ou pesquisadores do Conselho aqui. Não temos ninguém na Nação que pudesse ser um alvo para um homem tão... — Orin Martinez, o orientador espiritual Navajo falou, seu olhar de um azul profundo infinitamente escuro quando olhou para a câmera, supostamente gravando a reunião.

Por um breve momento, Malachi teve a sensação que este ser humano especial estava bem consciente de qualquer eletrônica à sua volta, antes de concentrar sua atenção de volta no líder Navajo.

Alto, amplo, com o cabelo grisalho preto, reto e longo, amarrado atrás em sua nuca, Ray Martinez era um homem confiante, poderoso para sua idade de 65 anos.

Ele estava em seu segundo mandato de quatro anos como chefe da Nação Navajo, nos últimos seis anos que orientou a nação até esse momento, manteve as promessas que fez para solidificar a Nação e assegurar sua prosperidade.

A Nação ganhava uma presença poderosa na Casa Branca, bem como com o senador Navajo eleito no escritório durante o último mandato. Empregos entravam nos municípios controlados por Navajo e menores empresas nativas iam sendo incorporadas. Adicionado à menor taxa de desemprego, Ray Martinez assegurou sua marca nos livros de história.

—E quanta liberdade acha que precisa nesta investigação? — Ray cruzou os braços sobre a camisa fina e branca que usava e se recostou na confortável cadeira que tomou à frente da mesa de conferência.

Agora, este era o lugar onde Rule corria o risco de entrar num inferno de um monte de problemas se não fosse cuidadoso.

Mas Rule nunca era cuidadoso. Simplesmente se esquecia, por vezes, que tato e delicadeza eram essenciais quando se lidava com tais homens.

—Vamos precisar de acesso aos seus arquivos da Nação para verificar a possibilidade que nosso renegado possa ter formado qualquer aliança com qualquer um dos seus povos com base em seus laços familiares, DNA e ligações genéticas, bem como possíveis afiliações políticas ou agendas. Não sabemos como ele é, mas temos o perfil genético de DNA usado na sua criação, bem como um conhecimento dos grupos que esteve infiltrado em relação ao ano passado. Vários dos quais sei que seu povo acessa tão bem. Nossa necessidade de confidencialidade exige mantermos a tipagem genética confidencial no momento, mas no momento que pudermos, prometo que terá essa informação também.

Como um homem ficava na frente de seu tio e enganava tão facilmente? Malachi se perguntou. O que era exatamente o que Rule estava fazendo. Diante deste homem como se não compartilhassem sangue e mentisse direto na sua cara.

—Ele é bom, — murmurou Ashley quando cruzou os braços levemente sobre os seios enquanto cruzava um joelho sobre o outro e assistia. —Deveríamos ter feito pipoca para isto. — Em vez disso, mordeu sua goma de mascar.

Ashley e seu amor por chiclete era quase lendário.

—Há momentos que é bom demais, — Malachi comentou quando sua atenção voltou à companheira que ele concordou em adiar tomar. Estava atraído por ela como uma mariposa pela chama, incapaz de afastar os olhos dela e disposto a cair no fogo que sabia que queimaria entre eles.

Esperar para tomá-la foi um acordo que lamentou no momento que o fez. Infelizmente, viu a sabedoria no pedido de Rule. Se acasalasse com ela, não haveria como ela estar nessa reunião. E não haveria como convencer seu tio que ela não estava doente se o acasalamento começasse quente e feroz como sabia que seria.

Inferno, já o estava deixando malditamente louco e tudo que fez foi beber do copo que ela bebeu e beliscar sua orelha bonitinha. Ele a queria marcar como sua. O desejo quase avassalador de ir em frente e cravar os dentes na base do seu pescoço, onde se curvava para seu ombro.

Ele lamberia a pequena ferida, mas o hormônio que começou a inchar nas glândulas sob sua língua já começaria a tirar a dor da mordida. Entraria em seu sistema pelo ponto da picada e faria a necessidade de ter o outro impossível de negar.

Já era impossível negar. Se estivesse ali no quarto com ele, já a teria despido, amarrado e a fodido.

Seu pau latejava em seu jeans. Grossa e pesada, a carne como ferro duro exigia a presença de sua companheira, exigia que a tomasse, marcasse como sua e não importando com os obstáculos.

—Porra, mantenha seus hormônios de acasalamento sob controle, Mal, — Ashley fez uma careta quando olhou para ele. —Toda essa luxúria masculina e testosterona está prestes a me envenenar.

—Não está amarrada nessa cadeira, Ash, — ele resmungou de volta para ela. —Pode sair a qualquer momento.

—Sim, se não quisesse assistir Rule tecendo um pouco de sua magia. Só não quero me afogar no cheiro de sua excitação enraivecida, enquanto estou fazendo isso, — ela bufou, seu olhar deslizando novamente sobre ele antes de se virar para os monitores.

A excitação enraivecida estava prestes a matá-lo. Jurava que seu pau nunca esteve tão duro como desde que Isabelle pegou sua mão, apertou o copo entre os dedos, para permitir que tomasse um gole de sua bebida.

Seus olhos estavam sensuais, cheios de calor feminino e fome. Ele jurava que via uma mulher morrendo de vontade de saborear o prazer que ele podia dar naquele olhar. Um prazer que Malachi sabia que os enviaria ao esquecimento completo.

Ele forçou sua atenção de volta ao monitor, se forçou a tentar decodificar as expressões dos membros do Conselho Navajo enquanto Rule tentava convencê-los a dar o que ele queria sem restrição.

Não estava funcionando bem no momento, porque estes eram homens que tinham algo a esconder. Algo que temiam que os Castas soubessem.

A discussão era travada por Ray Martinez e Rule. O chefe se recusava a ouvir, como Rule se recusava a desistir.

—Meu jovem, parece ter um problema em aceitar a palavra 'não'. — Ray olhou para Rule implacavelmente quando o Casta baixou as sobrancelhas e encontrou seu olhar.

Por que os três homens Martinez ainda não descobriram seu DNA correndo forte e profundo no comandante, Malachi não sabia. A semelhança com a família Martinez era condenadamente forte, mas a teimosia pura e recusa em aceitar a negação era idêntica.

—Não há desrespeito significativo para você ou para o povo da Nação Navajo, senhor, - Rule assegurou enquanto olhava para ele do outro lado da mesa de conferência. Parecia à vontade, relaxado e confiante, enquanto os machos Martinez ficavam irritados e não se preocupavam em esconder isso. —A situação é simplesmente muito delicada e de muita importância para não torná-lo consciente de todos os aspectos das consequências se esse malandro não for encontrado.

Ray grunhiu a isso. —Diz que é um renegado, mas não tem nenhum nome, nenhuma identificação, nem tem, de acordo com você, ideia de quem esse malandro é, ou exatamente onde poderia estar escondido na terra Navajo. Tudo que tem é um perfil genético, que se recusa a compartilhar com o Conselho, ou com nossos próprios especialistas em genética. No entanto, espera que eu dê entrada sem precedentes nos registros de nosso povo e seus antepassados para sua busca? Estou perdendo alguma coisa?

—Isso resume tudo, senhor.

Malachi fez uma careta para a tela, sua atenção no chefe da Nação Navajo e no olhar sutil de conhecimento secreto que de repente brilhou entre ele e seu pai.

O olhar foi tão sutil que ele quase o perdeu. Se não estivesse prestando atenção nele, não mantivesse seu olhar preso nele ao invés de Rule, enquanto falava, então perderia isso.

Malachi sentou na cadeira em frente às três telas e começou a observá-los. Obrigando-se a ignorar sua companheira, que era uma das coisas mais difíceis que já fez, se concentrou em vez disso, nos três homens Martinez. Ray e Terran Martinez, os dois irmãos, tiveram o cuidado de não olhar um para o outro. Mas Ray não foi capaz de se impedir de olhar para seu pai, Orin, o médico da Nação e conselheiro espiritual. E o olhar que trocaram, apesar da brevidade, o encheu de preocupação.

Seu pau duro ainda estava lá. A fome por sua companheira ainda estava lá. Mas o treinamento para fazer exatamente o que estava fazendo subiu à tona. Era um interrogador colaborativo. Pelo menos, era como o chamavam nos laboratórios.

Havia os interrogadores, que questionavam os suspeitos e pessoas de interesse. Em seguida, os interrogadores colaboradores, treinados para observar o processo de interrogatório e pegar mentiras, anomalias e pistas.

Relações públicas significava mais que apenas falar ao público ou preparar discursos para reduzir a ameaça de propaganda contra os Castas, ou minimizá-la ou, melhor ainda, espalhar sua própria versão de mentiras. Ele assistia, avaliava expressões e atmosferas e separava as mentiras da verdade. Pegava pequenos olhares, sutis movimentos musculares sob roupas desenhadas para esconder tais reações.

A especialidade de Malachi era relações públicas e propaganda de guerra entre as Castas. Uma área vital da guerra que existiu dentro dos laboratórios das Castas uma vez. Afinal, alguém tinha que saber como manter as matilhas, bandos e várias personalidades voando na garganta um do outro, ao invés de dar-lhes a oportunidade de se juntarem e escapar.

Este era seu trabalho e de seus treinadores: filtrar informações que vinham de muitas fontes diferentes dentro e fora dos laboratórios, e usá-las para sabotar as tentativas de fuga ou resgate, bem como coletar informação e conhecimento a respeito das Castas.

Foi um dom que foi criado para ter, e no que se destacou. Esse dom também ajudou a ele e seus treinadores a plantar informação nos lugares certos para garantir que os grupos que seriam simpáticos aos Castas aprenderiam sobre eles e os resgatariam na próxima fase.

Protegidos na Rússia, longe o suficiente da corrente principal dos outros laboratórios no âmbito do Conselho Genética, Malachi, dois outros chacais e seus treinadores empurraram os rumores e informações que ajudaram repórteres investigativos a descobrir os Castas. Essa informação, que começou mesmo antes da criação de Malachi, finalmente levou às pessoas certas a informação certa e assegurou que o mundo soubesse dos horrores que sofreram.

Três gerações entraram tranquilamente para garantir a sobrevivência das Castas. Não houve como fazer isso rapidamente. Não houve como garantir que a opinião pública pendesse para o lado das Castas, a menos que a informação viesse com a verdade dos horrores que viveram.

—Está pedindo mais que o nosso povo estaria disposto a dar. Perfis genéticos e DNA são estritamente confidenciais. Daria sua identificação de enforcer tão facilmente, comandante?

—Para você, sim. — Rule assentiu com ar de sinceridade.

—Bobagem, — murmurou Ashley. — Ele roeria seu próprio braço fora primeiro.

Malachi grunhiu com o comentário enquanto mantinha sua atenção nos monitores.

—É a única maneira que temos de identificar quem poderia ser esse Casta, — Ruler declarou calmamente. —Talvez a única maneira de encontrá-lo. Acredito que vai procurar aqueles que considera “parentes”. Ele pode até pedir sua ajuda.

O chefe sacudiu a cabeça — não — que não era mais que esperava Rule, Malachi sabia. O engodo dos Castas nesta reunião poderia se voltar contra eles se a informação que tinham fosse errada.

Malachi não acreditava que fosse, no entanto. Gideon estava procurando pelo macho Bengala e duas meninas humanas, sendo uma delas Christine Roberts. Sua própria mãe revelou que sua filha mencionou um amigo chamado Terran, que estava disposto a ajudá-la. E apenas Terran Martinez se importaria na época.

Ele estava na área na época que a menina Roberts sumiu. Assim como era suspeito de estar ciente de quando o bengala Judd e a humana Fawn foram resgatados.

Infelizmente, nos dois dias que estiveram em Window Rock, não encontraram nada. Nem mesmo uma pista que Gideon ou o Casta Bengala Judd e as duas jovens que escaparam das pesquisas estavam na área. Ele olhou do chefe para o conselheiro espiritual e de volta para sua companheira, Isabelle.

Ela assistia o processo com uma expressão vazia, nem os olhos nem rosto mostrando emoção. Toda vez que o comandante Casta falava, ela fazia uma nota. Nunca olhou para seu tio, avô Orin ou seu pai, Terran.

Estava observando o Comandante Breaker atentamente com aquela expressão branda. Cada vez que pedia subsídios para a investigação e era rejeitado, ela o olhava bem de perto.

O que estava procurando?

—Ela é tão boa quanto você, — Ashley comentou enquanto ele mantinha seu olhar na tela. —Ela não mostra uma pitada de emoção ou conhecimento. Gostaria de saber como cheira no momento.

—Hummm. — Sua companheira.

Orgulho o envolveu. Seja qual fosse sua posição com seu tio, ela era, obviamente, muito, muito boa nisso.

Sentada ao lado de Terran Martinez estava a amiga de Isabelle, Liza. Como assistente legal de Terran, fazia alguns dos arquivos que precisava estar sempre disponíveis, e começou a fazê-lo com uma facilidade eficiente.

Ela parecia não mais que razoavelmente preocupada com o assunto, e desconhecia que os homens Martinez mantinham segredos escondidos.

—O que estão escondendo? — Ashley perguntou em voz alta. —Devem saber que vamos descobrir por que estão mentindo, Malachi. Quero dizer, realmente, qual o ponto?

Malachi não fez comentários. Não desviava a atenção da reunião ou dos participantes dela. Para Ray Martinez seria muito melhor simplesmente omitir a tipagem genética do registro que mantinham, se sentissem que estavam em risco, e permitir que os Castas percorressem o resto. Dissiparia as suspeitas. Desta forma, só a estavam cimentando, apesar de seus protestos de direito das pessoas à privacidade genética.

Fosse o que fosse, iam protestar em vão, Malachi sabia. Rule Breaker e Lawe Justice não conseguiram sua fama por desistir facilmente.

Manter sua companheira fora de perigo seria fácil o suficiente, no entanto. Se soubesse de alguma coisa, teria se traído, como o chefe e seu conselheiro fizeram antes. Ela tinha suas suspeitas, isso era óbvio, mas sua reação não era suficiente para que sentisse a necessidade de avisar Ruler. Não a sentia se arrastando para as batalhas que começavam a ser formar.

Estava segura. E hoje, seria sua. Teria a maldita certeza que não fosse arrastada mais longe que suas suspeitas já fizeram.

Esperou por muito tempo. Sonhou com ela noites demais para arriscar a perder por causa de uma questão entre duas partes que deviam cooperar entre si.

Doía profundamente por ela. Sempre sabendo que ela o esperava, sempre sabendo que estava lá fora em algum lugar, talvez até perdida dentro da escuridão como ele estava. Olhando para as estrelas e imaginando quando a solidão terminaria.

Enquanto estava fora de seu quarto de madrugada, inalando o cheiro das velas e encontrando seu aroma único dentro dele, sentiu algo em seu peito apertar dolorosamente. Porque que o cheiro do medo ainda estava lá. Que se tratasse de pesadelos ou memórias, havia algo que sua companheira temia. O medo era algo que tinha que tirar de sua vida. Simplesmente não ia permitir que fosse uma parte de sua vida por mais tempo.

Ela era sua agora, assim como ele era dela.

E esta noite, ia garantir que nada, nem ninguém, nunca tivesse a chance de destruir isso.

 

Tantas vezes lutei contra as lágrimas,

me senti incompleto e temia que não estivesse lá.

 

Seu tio e seu avô temiam que os Castas finalmente rastreassem os três indivíduos que estavam escondidos há mais de uma década. Isabelle sabia muito pouco sobre os eventos daquele verão. Era apenas uma criança sozinha e ainda lidava com a morte de sua mãe e as palhaçadas de Chelsea.

Isabelle mal tinha treze anos. Sua mãe havia morrido há seis anos, mas a perda da mulher gentil e amorosa foi o que devastou Isabelle e Chelsea por anos. De várias maneiras, ainda não estavam recuperadas da perda.

Seu pai passou a desaparecer com mais frequência, procurando quase sempre por sua irmã que desapareceu quando ela mesma era uma criança.

Não encontrou sua irmã ou prova de sua morte — o que encontrou, em vez disso, foi um adolescente e uma jovem. Vários meses mais tarde, outro jovem apareceu e então desapareceu em poucas horas.

Foi a tanto tempo que Isabelle não conseguia sequer lembrar como eram. Estiveram em sua casa por apenas uma questão de horas na parte mais profunda da noite. Isabelle só viu seus rostos por instantes. Rostos pálidos, desconfiados, resignados. Como se fizessem as pazes com o mundo e estivessem prontos para tudo que o destino reservasse. A parte da noite que sempre encontrava Isabelle acordada e olhando para a escuridão também foi a hora da noite que os outros rondavam a escuridão. Outros que vieram pelas crianças, os levaram para longe e garantiram que nunca fossem vistas ou ouvidas de novo.

Ela olhou para a escuridão depois de deixar Malachi na noite anterior até que se viu cochilando na janela larga.

A noite sempre a chamou assim desde criança. A tirava do sono, parecia que a escuridão sussurrava em cada brisa que deslizava pela sua casa, e nas correntes de ar jurava sentir os gritos assombrados dos coiotes cantando através do ar.

Malachi era a razão pela qual sempre sentiu afinidade com as criaturas selvagens e muitas vezes odiadas?

As pessoas conheciam o coiote, entretanto. Sabiam que era o malicioso, enganador, mas também conheciam a parte vital da noite que ele comandava.

Não era de todo ruim. Eram partes iguais de humano e sobrenatural com todas as falhas e enganos que vinha com eles. Pelo menos, na lenda.

Seus lábios se torceram quando ela deixou a reunião, largando os jogadores para lidar um com o outro por conta própria. Ela fez sua parte. Observou o comandante Rule Breaker cada vez que empurrou para o que queria e cada vez que foi negado. E cada vez ela escreveu a mesma opinião.

Ele esperava.

Sabia que seu tio e seu avô não cederiam às identificações genéticas de cada um dos membros registrados humanos e Casta da Nação Navajo.

A tipagem genética começou quando os primeiros Castas se deram a conhecer treze anos, quase 14 anos antes. Quando o Conselho Navajo percebeu o número de suas filhas desaparecidas que foram sequestrados para ajudar na criação da espécie, partiram imediatamente para garantir que pudessem identificar qual das Castas emergentes eram dos seus membros.

Os Navajos não foram os únicos nativo-americanos a contribuir, no entanto. Os membros das tribos espalhadas por todos os Estados Unidos enviaram identificação de sangue, genética e todos os detalhes que precisavam. Apenas no caso. Apenas se o sangue de um Casta pudesse salvar um chefe, um médico, uma criança, um guerreiro ou uma mãe. Apenas no caso de uma filha voltar e crianças nascerem de seus óvulos roubados, ou uma criança nascida de seu corpo, vir procurá-la.

No caso da filha não retornar, os netos o fazerem.

Isabelle sabia que era o sonho de seu avô. Que um dia algo da filha que foi perdida voltar à Nação procurando os laços de sangue que a família Martinez e a Nação Navajo representavam.

Como Ashley fez, juntamente com sua irmã, Emma.

Vieram em busca, e encontraram uma família que não sabia da existência delas. Pequenos como fossem, e ocultos como Ashley e Emma os mantinham, ainda assim, os laços estavam lá.

E Isabelle estava encontrando um laço próprio, ela pensou enquanto voltava para seu quarto para trocar de roupa.

Malachi.

Ele não esteve na reunião, mas isso não significava que ela não pensou nisso.

Ele era tudo em que realmente podia pensar.

Seu ouvido ainda formigava pela memória da mordida e a pequena lambida na ferida.

O resto do seu corpo estava aquecido e se recusava a esfriar.

Mesmo a ducha rápida e fria que tomou não ajudou. Quando usou o pano macio, cheio de espuma entre as coxas, jurava que era mais frustrante que tentar se masturbar.

Cada vez que a espuma sedosa e macia do pano raspava sobre seu clitóris, era como ser perfurada por uma fome tão aquecida que mal podia suportar. Abriu o chuveiro mais, porém o fato era que não tentou se masturbar.

Enxaguou os cabelos e corpo rapidamente, saiu do chuveiro e apressadamente se preparou para a noite.

Vestiu um vestido solto comprido, sedoso, a roupa ocasional caindo no chão até suas sandálias e dando uma sensação de feminilidade, intensa e sensual.

O roçar do tecido fresco e liso contra seus mamilos endurecidos era quase uma carícia insuportável. A sensação do sutiã irritava os pontos sensíveis até que removê-lo se tornou imperativo.

Seu cabelo longo preto corvo caia abaixo dos ombros em longas ondas suaves depois de seco. Seus olhos azuis, quase cobalto, pareciam mais brilhante, mais intenso do que se lembrava deles antes.

Sua pele parecia mais clara, as bochechas coradas, os lábios pareciam quase inchados por beijos. Se inclinando mais perto do espelho, Isabelle olhou para seu reflexo com uma ligeira careta. Nem precisava da maquiagem que costumava usar. Que estranho era isso?

Isso era o que fazia uma mulher despertar? Antecipação?

Podia lidar com isso. Seu olhar caiu no pequeno pingente em uma corrente de ouro que colocou no pescoço.

A presa curva, o símbolo da Casta Coyote que deixou para ela. Levantando a mão, ela roçou os dedos contra a presa como se precisasse de seu toque correndo pelo seu corpo.

Transferindo alguns itens necessários para uma pequena bolsa de couro que combinava com suas sandálias, Isabelle se encontrou puxando a pequena nota que Malachi empurrou embaixo de sua porta, naquela manhã. As rosas estavam em seu quarto, ao lado da cama. Um sorriso tocou seus lábios com o pensamento do Casta. Ela não esperava que a encontrasse tão fácil. A amiga de Liza no registro jurou que ninguém pediu o número do quarto, mas Isabelle sabia havia outras maneiras de encontrar essa informação.

Sentiu calafrios ao pensar que ele era capaz de encontrá-la tão facilmente, e se perguntando se a encontraria novamente esta noite, então, mais uma vez, Isabelle saiu do quarto e foi para o elevador no centro da ala hotel.

Ela prometeu a Chelsea e Liza que as encontraria no bar antes do jantar para uma bebida. O mesmo bar que conheceu Malachi na noite anterior. O mesmo que ela temia que Holden pudesse estar procurando por ela. O que orou que Malachi estivesse esperando por ela.

Mas, se Holden estivesse lá, sua irmã e Liza teriam chamado muito antes.

Ela não tinha intenção de ficar com elas por muito tempo. Ao contrário, pretendia encontrar o maldito Coyote sexy se não estivesse esperando no bar. Se ele não a tomasse em breve, poderia estalar em chamas esperando por ele.

Ela jurou que ia comê-lo da cabeça aos pés e cada ponto no meio quando ele pusesse as mãos sobre ela. Uma vez que ele estivesse nu, iria pintar seu corpo com a língua e saborear cada centímetro de sua carne.

Então. . .

Sua boca encheu de água.

Então, se moveria entre suas coxas e lamberia cada centímetro do seu pênis. Ela queria fazer com ele tudo que sonhou fazer a um amante. Queria tomar seu pau em sua boca e sugá-lo avidamente. Queria provar sua essência e sentir seu corpo tenso pela necessidade de liberação. O queria tão desesperadamente que era uma fome, verdadeiramente física.

Ela envolveria sua língua sobre a cabeça e o sentiria pulsar enquanto o chupava em sua boca.

Apertou as coxas, sentindo seus sucos mais uma vez molhando sua calcinha e fazendo-a morder o lábio. Realmente não queria ter que trocar de calcinha novamente. Jurou que estava molhada quando se sentou naquela reunião pensando nele.

Foi tudo que pode fazer para manter sua mente sobre o que estava sendo dito e fazer as notas que seu tio pediu. Suas percepções das respostas de Rule Breaker e se não achava que estava mentindo em pontos importantes da conversa. Na sua opinião estava mentindo na maioria deles.

Logo que chegou à reunião, ficou desapontada por Malachi não estar lá, mas, se estivesse — ela apertaria suas coxas novamente enquanto o clitóris pulsava com a necessidade de ser tocado.

Talvez devesse mudar de calcinha novamente.

Franziu ligeiramente a testa quando ouviu a campainha do elevador soar para descer, e estava pronta para virar e voltar para seu quarto. Estava girando em um pé com sua intenção clara.

Mudar a calcinha, porque pensar em dar ao alto e loiro Casta um bom trabalho a deixava molhada.

As portas do elevador deslizaram silenciosamente abertas.

Ela o viu pelo canto do olho. Quase podia jurar que o sentia.

Pronta para correr, quase virando, quase se empurrando, e em vez disso, ela se balançou atrás girando, se endireitou e entrou no elevador, como se ela nunca, nem mesmo por um segundo, considerasse não fazê-lo.

Virando, pressionou as costas contra a parede do cubículo, olhou pela curta distância para os olhos brilhantes de uma cor tão azul que eram quase pretos. Naqueles olhos, leu seu desafio. Acabou sua vantagem? Porque ele claramente a encontrou, e não havia dúvida que estava pronto para recompensá-la por tomar o elevador em vez de fugir.

Alcançando em volta, seus dedos se enroscaram sobre o trilho ao lado, apertando firme, se segurando.

Ela ouviu alguém amaldiçoar, um som baixo e furioso. Mas não era Malachi. Seus lábios não se moviam. Ele estava olhando para ela, tão preso dentro do ar de sensualidade girando em torno deles como ela estava.

Ela se fixou nos lábios dele mais uma vez.

Queria beijá-lo. Apenas um beijo. Apenas uma prova do cheio e sensual lábio inferior, um deslize de sua língua contra a dele.

Ficaria satisfeita com isso?

Nunca. Mas aliviaria a dor em seus lábios. Talvez.

O elevador parecia se mover em câmera lenta. Ela o sentia como se estivesse se movendo em câmera lenta.

Ela tentou manter seus dedos presos na barra lateral, tentou se segurar atrás.

Não havia retenção dele.

Isabelle jurava que podia sentir a chamando para ele. Seu olhar era intenso, um turbilhão de azul marinho, uma tempestade erótica em torno deles.

Não estavam sozinhos, mas poderiam estar. Podiam muito bem estar. No que importava a Isabelle, Rule Breaker e Stygian Black nem sequer existiam.

Sua língua deslizou fora, lambendo os lábios, quando a visão súbita dela de joelhos na frente dele passou por sua mente.

Seu olhar deslizou para frente da calça preta de missão que ele usava. Eram justas, embora não apertadas. Ainda assim, a protuberância sob elas era inconfundível.

Ela engoliu apertado. Era grande.

Seus olhos se voltaram ao dele. Ela se forçou, porque podia desejar que estivesse lá com ele sozinho, mas sabia que não estava.

Alguém limpou a garganta enquanto ela inalava lentamente, lutando pelo controle. O Casta mais alto, mais escuro soprou uma lufada áspera. Nem Malachi, nem Isabelle olharam para ele.

Seus olhos se moveram para suas mãos. Ele estava segurando o trilho atrás dele, na frente dela. Os nós dos dedos brancos pela força de seu aperto.

O elevador parou, as portas abriram e um casal começou a entrar, olhou para a Castas e recuou. As portas fecharam de novo.

—Retornem, — disse Malachi. Era um som áspero, rude quando Stygian, obviamente, apertou o botão direito. O elevador começou a subir.

Malachi, em seguida, estendeu a mão, apertou um botão e ele e Isabelle ouviram Rule rosnando seu nome. Um real som felino de irritação do macho. O comandante não estava feliz.

Isabelle e Malachi o ignoraram. O elevador parou novamente.

—Realmente querem ficar? — Malachi perguntou aos dois homens, sem olhar para eles enquanto as portas abriam novamente e ninguém se mexia.

Ninguém, exceto Isabelle.

Soltando o trilho, ela cruzou a distância que os separava. Ela sentiu como se fosse atraída para ele, puxada para ele por uma força invisível. Seu olhar encontrou o dela, seus cílios se entrecerrando.

Ela apenas era distantemente consciente dos outros dois saindo do elevador. Tudo que importava para ela era que estavam indo embora. Não tinha que se controlar. Não tinha que se forçar a não tocá-lo, sentir seu gosto, beijá-lo.

Queria aquele beijo. O beijo que sonhou. Um beijo que tinha certeza nunca mais iria sentir.

Se movendo para ele, as mãos apoiadas em seu peito, ficou na ponta dos pés, mas sem sua ajuda, se ele não tivesse baixado a cabeça, não teria acontecido.

Suas mãos deslizaram até os ombros, uma contra seu pescoço, e ela sentiu o calor da sua respiração contra os lábios.

—Eu peguei você, — ele sussurrou.

Os lábios entreabertos tocaram os dela se movendo com suas palavras.

—Ou eu peguei você.

De repente, não importava quem pegou quem, se houve avanço, tempo para pensar ou até mesmo necessidade de pensamento. Seus lábios cobriram os dela enquanto os braços deslizavam à sua volta, a puxando para mais perto, a levantando para si.

O gosto de ambrosia encheu seus sentidos. Tinha que ser ambrosia. O elixir dos deuses. Tinha que ser algo não muito natural, porque o gosto de seu beijo subiu para sua cabeça como uma droga. Como um prazer que ela não podia negar a si mesma, porque esperou muito tempo por isso.

Por Malachi.

Seus dedos envolveram seu pescoço, inclinando a cabeça para trás quando os lábios se inclinaram sobre os dela, os separaram, e puro calor varreu seus sentidos. Sua língua deslizou pelos lábios, varreu os dela e tentou, brincando para pegá-la.

Ela o beliscou.

Ele rosnou.

Dedos fortes deslizaram em seu cabelo, agarraram e seguraram a cabeça no lugar quando ele se virou, a levantou com o outro braço e a empurrou contra o lado do elevador.

Sua língua passou por seus lábios novamente e acariciou contra a dela.

E ela beliscou novamente.

Alegria subiu por ela. Adrenalina percorria suas veias enquanto seus dedos se moviam de seu cabelo, se juntando em concha na sua mandíbula e seu beijo se tornava mais firme, mais dominador, exigente.

Ele não estava pedindo permissão. Não havia nada exploratório sobre a introdução, nada pedindo. Ele a tomava com seu beijo, com sua língua, e ela sabia o que queria.

Pelo que estava doendo.

Os lábios fecharam em torno de sua língua, sugando com avidez delicada enquanto bombeava entre os lábios o sabor mais original, sutil e quente, enchendo seus sentidos.

Ela não podia defini-lo. Não podia descrevê-lo.

Ela queria mais.

Um rugido encheu o ar, um gemido sussurrando ao seu redor quando o beijo de repente se tornou mais quente, mais faminto. A excitação que fermentava dentro dela se tornou uma tempestade de fogo, correndo através dela, apertando dentro dela.

Isto era dela. Ele era dela.

Ela soube no momento que seus olhos encontraram os dele no bar na noite anterior, sabia agora, com seus lábios cobrindo os dela, sua língua bombeando em sua boca e suas mãos puxando seu vestido.

—Diabos! Malachi. Querida. Vocês tem um quarto. O usem!

Isabelle piscou quando se afastou dele. Ruborizada olhou ao redor de seu ombro para a entrada do elevador.

Ashley estava de pé, encostada na estrutura do elevador, segurando as portas. Os dedos enfiados nos bolsos da calça jeans apertada, os cabelos loiros caindo sobre um dos ombros, os olhos arregalados enquanto olhava para eles.

Em seguida, seu olhar deslizou abaixo e as sobrancelhas se arquearam. —Bonitas sandálias, Belle, mas acho que deveriam estar no chão, não envolvidas em torno dos quadris de Malachi, enquanto está no elevador.

Em torno de sua cintura?

Sim, estavam em torno de seus quadris.

Ele a baixou lentamente. Quando seus pés tocaram o chão, seu braço envolveu suas costas, e ele a pegou e tirou do cubículo.

—Boa noite, — Ashley disse quando Malachi deslizou a chave eletrônica rapidamente através do bloqueio no seu quarto, e em seguida, a puxou para dentro.

Seu quarto era do outro lado do dela.

Estava apenas a um pensamento de distância e com certeza não tinha importância. Porque a estava segurando de novo, puxando para ele, seus lábios se movendo sobre os dela e derramando o sabor do puro desejo em seus sentidos.

—Eu avisei. — Isabelle teve apenas um segundo para entender as palavras que rasparam de seus lábios antes que estivesse puxando o vestido dela. —É minha agora, Isabelle. Minha.

Quando ele o empurrou pelas pernas dela, podia ter ouvido uma divisão da costura, mas realmente não deu a mínima, porque estava quase nua em seus braços, ele a pegava e levava para o outro lado da sala até a cama.

—Fez promessas, — ela sussurrou quando a colocou de costas, em seguida se endireitou diante dela.

—Fiz promessas, — ele concordou. —E prometo a você, companheira, pretendo cumprir cada uma delas. Todo o dia. Toda a noite. Possivelmente toda a porra da semana.

 

Tantas noites uivei na escuridão,

incompleto e procurando.

 

Malachi olhou para a mulher que sabia ter esperado toda a sua vida. As horas que passou puxando cada pedaço de informação que podia encontrar só confirmavam o fato que a natureza realmente deu a ele uma companheira que lhe convinha perfeitamente.

Um pequeno sorriso se formou nos lábios carnudos dela, a curva sensual sedutora e cheia de promessas.

—Vai se despir Homem Coyote? — Ela sussurrou com necessidade em sua voz rouca fazendo que o comprimento rígido como aço de seu pau latejasse quase dolorosamente.

Abaixando as mãos para o cinto da calça jeans, ia desabotoá-lo, mas Isabelle escolheu aquele momento para se mover. Ela se levantou de joelhos, suas mãos menores cobrindo as dele, em seguida, as empurrando de lado.

Vê-la soltar seu cinto, seus dedos graciosos liberando a trava depois passando pelas abas de metal das suas calças, quase arrancou seu controle.

Seus dedos se enroscaram enquanto ele lutava para se segurar, para não tocá-la. Se a tocasse, não havia nenhuma maneira no inferno que pudesse se segurar. Ia tomá-la. A teria e não haveria como interromper.

Não era isso que queria para ela nessa primeira vez.

Sua primeira vez.

Todo seu corpo apertou quando ela puxou suas calças. Segurando a barra da sua camisa preta, ele a tirou, jogou de lado quando Isabelle empurrou a cintura de suas calças abaixo e soltou o comprimento intumescido de seu pau.

Coiotes machos não eram como os felinos, que foram sexualmente dotados nos moldes de seus colegas humanos. Lobos e chacais eram outra história. A largura era extraordinariamente grossa, e quando gozavam com seus companheiros, dois a três centímetros no ponto médio do eixo engrossava ainda mais, trancando-os dentro de suas companheiras.

—Oh. Meu. Deus, — ela sussurrou, seus dedos arrastando abaixo pelo comprimento, enviando pulsos elétricos de puro prazer direto para suas bolas.

—Tudo bem. Prometo, — murmurou a grosso modo, se puxando atrás apenas tempo suficiente para rapidamente desamarrar e retirar suas botas e calças. Nu, as glândulas sob a língua estavam inchadas e doendo enquanto o hormônio do acasalamento enchia sua boca, Malachi a encontrou tão desesperada que mal conseguia respirar.

—Nunca vou aguentá-lo. — Ela parecia atordoada enquanto o perfume de sua apreensão enchia o ar com um toque sutil de inocência. Mas se voltou para ele, seus dedos o alcançando mais uma vez, atraídos por sua fome como ele estava por ela.

—Tudo que tem a fazer é me querer, — prometeu. —Isso é tudo, Isabelle.

Ele não ia explicar, não podia.

Sabia o que ia acontecer.

Seu Alfa, Del-Rey, explicou para a matilha logo após seu acasalamento com a Coya, Anya.

—Malachi. — Ela engoliu com força novamente, olhando para ele enquanto seus dedos de seda se arrastavam abaixo mais uma vez. —Eu quero você mais do que já quis algo na minha vida. — E isso a confundia. Podia ver sua confusão, podia sentir.

Ele não queria nada mais que aliviar isso. Mais tarde. Aliviaria sua confusão e seus medos mais tarde. Agora, a sensação de seu toque era muito incrível para se afastar.

Estendeu a mão para ela. Ele envolveu a parte detrás da sua cabeça enquanto seus dedos se enroscavam em torno do eixo de seu pênis. Não todo, é claro, a mão dela era muito pequena, mas o suficiente para segurá-lo firme enquanto sua língua lambia experimentalmente em torno da coroa de seu pau.

Deus, queria foder sua boca. Queria ver aqueles lábios carnudos encaixados na cabeça de seu pênis enquanto empurrava superficialmente dentro e fora.

Exercendo apenas a quantidade mínima de pressão.

—Me tome querida, — ele gemeu. —Abra seus lábios para mim. Quero sentir meu pau em sua boca.

A fome estava prestes a deixá-lo louco. A necessidade de senti-la chupando a crista sensível de seu pênis fazia seu corpo apertar ao ponto de ruptura.

Os lábios entreabriram. Os esfregou sobre a ponta intumescida de sua carne endurecida, fazendo seu pulso acelerar, seus batimentos galoparem. Seus dedos se enterraram em seus cabelos, apertaram e a segurou imóvel. Levantou seu olhar ao dele.

Não havia medo lá. Havia emoção, uma ponta de confusão. Havia emoções que encheram seus sentidos e também foi preenchido pelo conhecimento que esperou por isto sua vida inteira. Por esta mulher.

Que ela o tocasse.

Em seguida seus os lábios se fecharam na ponta do seu pênis, e lentamente, muito lentamente deslizou abaixo até que toda a cabeça estava fechada no calor, na sucção molhada.

Um rosnado rompeu de seus lábios. Ele tentou segurá-lo. Queria segurá-lo. Havia momentos que a presença do animal era algo que preferia esconder. Como quando fazia amor com a inocência pura, doce, se esconder era imperativo.

Mas ao invés de sentir ou cheirar seu medo, cheirava a excitação dela. Pura, emotiva, doce e sensual que deflagrou tão quente, tão brilhante que jurou que estava afundando em seus poros.

Os hormônios derramavam de sua língua quando ele engoliu, seu olhar estreitado sobre ela, suas mãos segurando a cabeça enquanto ele se movia contra ela. Assistindo. A vendo esticar os lábios em torno de seu pênis, os apertando, acariciando com a língua, atacando e estimulando as terminações nervosas que enviavam fogo por seus sentidos.

Ela o empurrava para um limiar que nunca conheceu antes. Cada puxão de seus lábios, cada vibração de sua língua contra a parte inferior do seu pau, fazia as glândulas em sua língua inchar ainda mais.

O hormônio estava inundando seu sistema, o intoxicando. E queria que ela ficasse tão intoxicada quanto ele. Assim como vinculada a ele como estava a ela.

Ele a puxou de volta, ignorando suas tentativas de impedi-lo, apertando os lábios sobre a cabeça excessivamente sensível de seu pênis.

Envolvendo o rosto em suas mãos, Malachi se dobrou sobre ela, cobrindo os lábios dela, sua língua pressionando entre eles, empurrando contra a dela, exigente, desesperada.

Seus lábios apertaram em sua língua, o hormônio derramando dentro dela, bombeando das glândulas quando ele assumiu o controle do beijo mais uma vez.

Lambendo, acariciando, prazer e fome se fundindo para espetá-los num aquecido prazer, as chamas tomando conta de seus sentidos e rasgando qualquer temor, qualquer confusão que pudesse ter sentido. Qualquer hesitação que ele pudesse ter.

Quando a necessidade imperiosa de preenchê-la com o calor de acasalamento diminuiu, a necessidade de satisfazer o calor com prazer encheu cada fibra do seu ser.

A deitando de costas, Malachi deixou seus lábios vaguear do seu pescoço para a curva de seus seios quando ela se arqueou para ele. Seus polegares rasparam sobre as pontas, os observando apertar e inchar mais duros enquanto um suave gemido de prazer deixava seus lábios inchados pelos beijos.

Sua companheira.

Ela estava se levantando para ele, se arqueando contra ele, com necessidade e faminta por seu toque.

E ele não queria nada mais que o dar a ela.

 

Isabelle sabia. Ela deveria saber. Onde havia fumaça, havia fogo, seu pai sempre disse. Os tabloides estavam cheios de histórias de um vício de acasalamento. Um calor que as mulheres humanas não podiam resistir. Que as vinculava aos machos Casta. Que criava uma festa sem fim e sensual para o casal.

O conhecimento era um pensamento distante, uma percepção que não podia manter quando Isabelle sentiu os lábios de Malachi cercando a ponta apertada e enrugada de seu seio.

Ela olhou para ele atordoada, o prazer que sentiu antes, com apenas a mais breve carícia crescendo, tornando-se mais profundo, tornando-se algo mais vinculativo.

A sensação de sua boca, sugando quente e puxando seu mamilo era quase um prazer-dor. Calor floresceu na ponta sensível, irradiando para fora e correndo para sua boceta, onde o clitóris pulsava com demanda violenta.

Esfregou sua língua contra o ponto sensível, em seguida rápidas, duras lambidas sobre ele, o atacando quando uma onda de prazer e excitação enviava dedos de sensações elétricas através dela, apertando seu ventre e derramando seus sucos entre as coxas.

Estava tão molhada. Tão quente. Podia sentir a prova de sua necessidade manchando, escorrendo por suas coxas e inchando as dobras de sua boceta em antecipação.

Passando de um seio ao outro, seus lábios exigentes em cada detalhe do broto apertado. Ele chupou e lambeu, o acendeu com sua língua, e com a mesma qualidade viciante que experimentou em seu beijo, sensibilizou seus mamilos ainda mais.

Ela sentiu as glândulas inchadas sob sua língua quando a sugou por aqueles breves segundos. Ela provou seu beijo, impregnado de um incêndio no inverno com o tempero de uma tempestade de verão jogado nele.

Seus dedos se apertaram em seu cabelo quando ele mostrou a ponta, só para espalhar seus beijos abaixo de seu torso enquanto suas mãos acariciavam suas coxas e as abriam lentamente.

Contra a parte externa da sua perna, Isabelle podia sentir a larga espessura pesada de seu pênis e quase sentiu o temor subir por dentro dela. Mas não havia lugar para inibições enquanto seus dedos se arrastavam acima, deslizavam através da essência que marcava sua fome, em seguida, roçava os cachos que escondiam sua carne inchada dele.

Seus lábios se moveram ao seu osso do quadril, e depois para o outro lado antes de espalhar beijos no monte sensível de sua boceta. Seus dedos dobraram contra sua fenda quando ela se arqueou mais perto dele, desesperada agora para sentir seu beijo, seu toque em cada parte do seu corpo.

—Malachi, — ela gemeu com o tom escuro e sexual de sua voz, quase a chocando.

Seus dedos desceram deslizando pela dobra estreita entre as pregas de sua boceta para encontrar a entrada secreta, onde seus sucos se juntavam num calor sedoso.

Seu dedo rodou cada vez menor, se encontrando entre suas coxas, sua respiração sussurrando sobre o botão de seu clitóris inchado.

Acariciando leve, como uma brisa quente soprando sobre o feixe de nervos muito sensíveis. Isabelle se encontrou se masturbando pela reação, batendo as mãos contra o colchão para as enrolar nos cobertores embaixo dela.

A cabeça abaixou.

Isabelle olhava, em transe, enquanto sua língua dava uma espiada e lambia sobre o ponto de prazer minúsculo com resultados devastadores.

—Oh Deus, Malachi, — ela gritou, com os joelhos flexionando e se elevando, com as pernas mais abertas enquanto ele atraia seu clitóris em sua boca e começava a sugar com tranquila ganância faminta.

Ela nunca fez isso antes. Ela nunca ficou tão aberta, os joelhos dobrados, as coxas abertas, e deu qualquer autorização a outro homem para tocá-la intimamente.

Os dedos que esfregavam suavemente na entrada de sua vagina começaram a empurrar dentro dela.

Seus lábios e língua estavam torturando seu clitóris com prazer, e quando Malachi começou a empurrar seus dedos dentro dela, se sentiu desvendar.

Dois dedos grandes empurravam, torcendo levemente, em forma de tesoura e alongando para ela abrir. Ela os sentiu raspar contra a sensível carne interna e as terminações nervosas enviavam impulsos de puro prazer através dela.

Cada célula vibrava pela corrida das sensações. Isabelle podia sentir as sensações se unindo, apertando, ameaçando implodir dentro dela, quando ele começou a empurrar seus dedos superficialmente na abertura confortável.

Ela podia sentir a pressão sobre o escudo frágil de sua virgindade enquanto seus dedos começavam a esticá-lo, o enfraquecendo.

—Malachi, — ela gemeu de novo enquanto uma mão deslizava sob seu traseiro, a arqueando mais alto para os lábios e o dedo penetrava seu sexo. —É tão bom. É tão bom. — Ela não podia se conter. Precisava dele demais. Precisava de cada toque possível com cada fibra do seu ser.

Ele chupou seu clitóris mais profundo em sua boca, sua língua o roçando agora enquanto os dedos que empurravam começavam a se mover dentro dela, com mais demanda, enviando bifurcações ultrarrápidas de sensações rasgando através de seu ventre, clitóris e boceta.

—Foda-me! — Ela gritou as palavras, o desespero misturado com a demanda, mas não tinha ideia de onde vinham. —Oh Deus, Malachi, preciso de você. Juro que precisei de você toda a minha vida.

Um grunhido retumbou contra sua boceta.

Sua boceta apertou os dedos a invadindo quando deslizou livre dela, então a cabeça de Malachi foi abaixando, levantando as mãos para mais perto...

Sua língua empurrou dentro da gotejante entrada saturada de suco de sua boceta.

Como um fogo erótico, sua língua tão quente, tão perversamente faminta, Malachi começou a lamber e golpear, a fodendo com movimentos rápidos e duros enquanto Isabelle sentia o corpo apertar, sentia que beirava a insensatez. A súbita implosão profunda de sua alma a enviou numa corrida de gemidos saindo de seus lábios enquanto seu orgasmo convulsionava seu ventre e a fazia gritar num êxtase delirante.

Isabelle não conseguia parar os tremores ou espasmos rasgando duro em seus músculos enquanto as sensações pareciam subir mais e mais.

Malachi passou entre suas coxas, em seguida, em uma onda dura. Quando se moveu sobre ela, Isabelle sentiu a cabeça de seu pênis dobrar entre as pregas de sua boceta. Lá, apenas pressionando contra sua entrada, seu pau latejava e sentia o pulso, duro e quente do que devia ser pré-semen jorrando dentro dela.

Mas pré-semen não jorrava.

Seus olhos abriram. Olhando para ele, Isabelle sentiu novamente, então uma sensação de formigamento que começou a invadir o tecido delicado.

Ela teve tesão por ele antes. Esteve à beira da masturbação sem sentido na noite anterior, mesmo depois que descobriu que não importava o quanto tentasse, não conseguia encontrar a liberação.

Mas agora. . . isso. . .

Isso não era simplesmente excitação.

Enquanto outro jorro aquecido explodia dentro da abertura inchada, Isabelle sentiu novas sensações começando a florescer na carne que tocava.

Ela teria derretido no chão se já não estivesse deitada.

O prazer aumentou cem vezes, e quando sua ereção começou a enchê-la, esticar o tecido sensível numa tensão quase insuportável, Isabelle soube com absoluta certeza o que o líquido era.

Os jorros aquecidos não eram pré-semen, pelo menos não totalmente. Fosse o que fosse, permitia que até mesmo a carne mais apertada aceitasse este incrível estiramento da penetração, e encontrar o prazer mais incrível possível em sua posse.

Isabelle prendeu a respiração quando sentiu seus músculos se juntando. Parou por um segundo, seu olhar se prendendo com o dela.

—Basta me olhar, — ele sussurrou com o tom mais áspero que nunca. —Basta me olhar, querida.

Nunca tentaria isso em qualquer outro momento. Malachi nunca tomou uma virgem. Nunca tocou uma mulher que não fosse bem experiente e ciente do que fazia.

Mas era sua companheira. A doce e bonita Isabelle não tinha ideia.

Movendo-se sobre ela, uma mão segurando seu quadril, Malachi sentiu um duro jorro de rico fluido preseminal em hormônios a enchendo, sem dúvida, desencadeado pelo aconchego de sua boceta.

Balançando atrás, ele deixou o suco aliviar seu caminho, deixou-a se acostumar com ele antes de assumir sua virgindade. Antes que mostrasse exatamente como os machos Casta eram diferentes de seus primos humanos.

Ela era virgem, ele lembrou a si mesmo quando puxou de volta, todo seu corpo em chamas pelo aperto, o lento alongamento do escudo virgem dentro dela acomodando sua possessão indolor.

Deus, isso não ia acontecer.

Um grunhido, um gemido faminto de pura frustração passou por seus lábios enquanto sentia seus quadris empurrando para frente com muita força, com pressa descontrolada.

A largura de seu pênis empurrou a membrana fina e entrou apenas alguns centímetros dentro dela.

Apertados, os músculos tencionaram o cerco contra o pau dele, flexionando e ondulando sobre a cabeça quando os dentes apertaram, e ele se sentia uivando. Porque sabia que não havia uma possibilidade no inferno que pudesse se segurar agora.

Isabelle arqueou com um grito, como se sentisse tanto o rasgar da sua virgindade como um prazer que a atravessava, se envolvia em torno de seus sentidos e apertava em torno de seu corpo com felicidade incrível.

Seu sensível tecido interior picou pelo intruso a penetrando, a cabeça intumescida latejando furiosamente enquanto sentia outro jato duro e aquecido do líquido erupcionando dentro dela.

Seus músculos apertaram enquanto as terminações nervosas pareciam vivas. Forçando os olhos abertos, olhou para ele agora, vendo os planos selvagens de seu rosto, enquanto sua expressão se torcia com remorso.

—Tão bom. — Ela teve que forçar as palavras enquanto as sensações devastavam sua carne interna mais uma vez. —Oh Deus, Malachi, é tão bom.

As mãos apertaram sua cintura, seus lábios desceram sobre os dela, e quando recuou, Isabelle soube que ele finalmente cedeu à necessidade que rasgava os dois.

Seus quadris começaram a se mover. Sua língua bombeou em sua boca enquanto seu pau começava a bombear entre suas coxas, as veias raspando o delicado tecido interior de sua boceta quando começou a flexionar, apertar, lutando para mantê-lo dentro dela.

Envolvendo as pernas em torno de seus quadris, Isabelle inclinou seu quadril mais, dobrando seu corpo no dele enquanto lutava para separar o prazer da dor e falhava.

Era como estar perdido num turbilhão de sensações, exótico e erótico. Trovões e relâmpagos caíram e entraram em confronto dentro de seu corpo. Rápidos dedos de fogo, sensações quentes e extremas, corriam através dela, se envolvendo em torno de seu clitóris, estremecendo através de seu ventre.

Cada golpe dentro das profundezas de seu corpo a mandava voando mais alto enquanto o gosto de fogo no inverno e tempestade de verão a intoxicava ainda mais. Deixou-a faminta. Transformou a intensidade das sensações em algo a desejar em vez de temer.

Mas ela sabia que nenhum beijo viciante era necessário. Nada além do toque, do gosto do homem era necessário. Porque era o que ela viu naquela noite, e sabia disso.

Arrancando sua boca da dela, ele rosnou novamente quando enterrou seus lábios contra a curva do pescoço dela. Seus quadris se moveram mais rápido, a corrida para se liberar de repente consumindo os dois, apertando através deles.

Isabelle gritou seu nome, implorou por ele, assim como o exigiu. Sua vagina apertava convulsivamente, seu ventre apertando enquanto seu clitóris queimava e latejava a cada raspar de sua pélvis contra a ela.

Cada golpe alimentava o fogo sensual já queimando fora de controle. As unhas cavaram seus ombros, enquanto ela sentia os dentes raspando contra a carne sensível entre o pescoço e o ombro. A pele se arrepiou ao sentir os caninos contra ela, com a sensação de sua língua lambendo faminta e quente sobre ela. Ele a fodeu com a ganância do macho e uma intenção sensual para o prazer dela. Enquanto bombeava furiosamente dentro dela, a largura deveria ser angustiante a cada impulso, e era — uma agonia de prazer. As sensações eram torturantes, o êxtase subindo até que ela sentiu seu corpo começando a explodir de dentro para fora.

Era como estar imerso numa nuvem de êxtase puro. Como se o êxtase estivesse envolvido nela, cobrindo cada centímetro e cada célula, consumindo-a.

Ela gritou. Ela se ouviu gritar.

Seus dentes morderam seu pescoço com uma rajada certeira de prazer doloroso. Então, com um golpe final, ela sentiu sua libertação, uma vez que começou a atravessá-la também.

O primeiro jorro duro de sêmen quando seu pau latejou e pareceu inchar ainda mais. Então mais. Mais.

Seus olhos se abriram quando gritos estrangulados de outro clímax escaparam de sua garganta. Esse inchaço, na parte mais sensível de sua boceta, alongando os músculos convulsivamente apertados e latejando contra as terminações nervosas que de outra forma nunca teriam conhecido a estimulação.

O alongamento parecia interminável, até que estava preso dentro dela, tão apertado que sabia que nenhum deles podia escapar.

A explosão de seu sêmen sacudiu seu corpo.

Sua língua lambeu a ferida em seu pescoço.

E Isabelle soube, profundamente dentro dela, no fundo sabia que sua vida nunca teria sequer a chance de ser a mesma.

 

Teria perdido a esperança, teria perdido a fé,

 

Isabelle estava contra o peito de Malachi, esfregando a mão sobre os grandes planos, sentindo a presença da penugem que crescia lá.

Castas pareciam não ter pelos no corpo, e de certo modo, era verdade. O que tinham era uma penugem superfina quase invisível a olho nu.

Nem sequer parecia cabelo, mais fina e mais suave que o pelo dos seus primos animais que possuíam.

Era quente ao toque, aquecido por seu corpo e sua carne dura e musculosa. Seu peito era poderoso, incrivelmente amplo, e sob a palma da mão podia sentir seu coração batendo num ritmo lento e constante que a confortava, mesmo quando nada deveria ser capaz de consolá-la.

Seu braço estava envolvido em torno de suas costas enquanto ele a segurava junto ao peito, a mantendo quente, apesar do frio que queria transpassá-la.

—Eu te machuquei? — Ele perguntou, seus lábios se movendo contra o topo de sua cabeça enquanto seus dedos acariciavam seu ombro.

—Não me machucou. — E não fez.

O prazer foi tão incrível que ainda estava se recuperando dele, ainda tentando encontrar seu equilíbrio enquanto sua mente lutava para dar sentido a tudo.

Depois que o grosso inchaço pesado em seu pau recuou, permitindo que saísse dela, Malachi levantou da cama, recolheu um pano quente e úmido do banheiro e uma toalha seca e começou a limpá-la com suavidade.

Ela corou furiosamente. Inferno, estava corando agora só de pensar em como a limpou, separando as dobras de seu sexo e correndo o pano delicadamente através da fenda estreita.

—Fui criado para matar, — ele disse de repente. — Todos fomos. Somos Castas. Nem animais, nem humanos. Quando as equipes de resgate nos libertou, quando o Alfa Lyon declarou nossa presença no mundo, descobrimos que embora Deus não nos criasse, Ele ainda assim nos presenteou.

Isabelle sentou e olhou para ele sombriamente, vendo a tristeza pesada em seus olhos azuis escuros enquanto olhava para ela.

Erguendo a mão, ele passou as costas dos seus dedos contra a lateral de seu rosto antes de baixá-los para seu quadril e dobrá-los sobre ele. Como se precisasse de alguma pequena conexão com ela, não importa o quão pequena.

—Como ele presenteou você? — Ela perguntou em voz baixa.

—Ele nos deu nossos companheiros. — Era uma resposta que não esperava. —Pelo que descobrimos nos últimos treze anos, há apenas um companheiro para nós. Criado apenas para nós. Emocionalmente, biologicamente, fisicamente. Temos uma parceira à nossa espera em algum lugar do mundo, só temos que encontrá-la.

Uma careta puxou suas sobrancelhas. —Parece horrivelmente duvidoso, — ela disse. —E se não encontram sua companheira?

Ele deu de ombros para isso. —Então imagino que vivam dentro desse mesmo vácuo que fomos criados sozinhos. Sabendo que não poderão ter filhos, não importa quão forte o desejo que maioria de nós tenha por eles. Apenas companheiras, ao que parece podem conceber. Apenas companheiras podem aliviar a alma, ajudar a curar as feridas da batalha e pesadelos que a maioria de nós sofreu apenas por sobreviver ao laboratório. Agora, observamos, procuramos, e embora muitos de nós negue, ansiamos por uma companheira, Isabelle. Uma coisa no mundo só nossa, uma prova que, ainda que não tenhamos nascido, fomos no mínimo, adotados por uma força maior que o homem.

Isabelle deixou cair seu olhar nas mãos pousadas em seu colo, estudando os dedos entrelaçados enquanto sentia seu peito apertar.

Sua voz ressoou com lembranças escuras.

—Coyotes foram criados para matar seus primos, — continuou ele. —Para os Felinos e Lobos, fomos seus carcereiros. Nossa genética foi cuidadosamente escolhida para que pudéssemos mentir, enganar, torturar e não ter nenhum remorso ou culpa.

Ela ergueu o olhar mais uma vez. Sua expressão estava talhada em mármore, selvagem com seus planos e ângulos, as maçãs do rosto altas, o ângulo agudo de sua mandíbula. Poderia ser um guerreiro em épocas passadas, em vez de uma criação da tecnologia e do mal.

—Está tentando me dizer algo, Malachi — disse ela.

Seus lábios se contorceram numa borda de diversão. —Procurei por você o que pareceu uma eternidade, Isabelle. Na noite que seu olhar tocou o meu nesse bar, juro que senti na minha alma. Sentiu isso? Sentiu algo se movendo dentro de você que não consegue explicar? Algo de que, em um primeiro momento, queria apenas fugir?

Ela lambeu os lábios nervosamente. —Sim. — Não ia mentir para ele. —Não estaria aqui agora se não tivesse.

—E se suspeitasse então o que aconteceu nessa cama mais cedo, teria corrido para mim ou para longe de mim?

—Acha que não gostei? — Ela perguntou a ele com curiosidade. —Malachi, estive implorando, arranhando e gritando. Esses não são sinais de desagrado.

—Também não são sinais de aceitação, — ressaltou.

Ela só conseguia balançar a cabeça enquanto olhava ao redor do quarto e tentava explicar o que estava sentindo.

—Entendo o que sentiu, — ela finalmente disse enquanto voltava seu olhar para ele. —Senti como se conhecesse você no segundo que te vi. Como se pudesse apresentá-lo para minha família e meu mundo, e ao invés de ficar perdida na loucura, para que só você pudesse conquistá-lo.

Algo que nunca aconteceu antes. A maioria de seus amigos interessados fugia gritando no momento em que eram apresentados para sua família e viam a loucura.

—Mas? — Seus lábios torceram novamente, uma pontinha de zombaria, o fazendo parecer tão arrogante e tão sexy.

—Eu não disse mas. — Ela suspirou. —Não sei Malachi. Não imaginava que isso acontecesse. — Ela acenou sua mão à cama, indicando o acasalamento — que ocorreu. —Não sei o que quer de mim, ou o que devo querer de você. Castas não são conhecidos por ter relacionamentos de longo prazo, então realmente não estava pensando na manhã seguinte.

Ele resmungou para isso. —Está mentindo para si mesma, — disse a ela. —Vi isso nos seus olhos, Isabelle. Quando a manhã chegasse, não ia querer me deixar mais do que eu poderia me afastar de você.

Ele estava certo? Inferno, é claro que estava certo. Não era como se soubesse o que fazer com ele agora, mas Isabelle sabia que queria uma chance com ele.

—Querer ou estar mentindo não é o ponto de qualquer maneira, — disse a ele. — Essa coisa de acasalamento é o ponto, Malachi, e não estou certa que seja algo para o qual estou pronta.

Mas ainda podia saborear seu beijo, e ainda ansiava por mais do vibrante apimentado e do sabor quente do mesmo. Não havia nada que pudesse prepará-la para isso. Nada nem ninguém poderiam dizer a ela que isso ia acontecer, e ela acreditaria.

—Sempre fui uma criatura das trevas, Isabelle, — ele suspirou então. —Não tanto uma parte do mundo que fui criado. Esperei por você, sabendo em parte que você estava lá fora, e te desejando com cada fibra do meu ser. Mas sei que você não fez o mesmo.

Mas ela fez. Observou a noite regularmente. Procurou por ele. Sabia que estava lá fora, mas não tinha como saber quem era ou onde estava. E agora, não tinha ideia de como lidar com a situação que estava.

—Como funciona? — Ela finalmente perguntou. —As histórias dos tabloides são verdade?

—Em parte. — Ele balançou a cabeça rapidamente. —São histórias que nós mesmos vazamos para a imprensa. A guerra da propaganda se quiser chamar assim. Para acostumar o público ao conhecimento antes de descobrir a verdade. Só vamos conseguir escondê-la por mais um tempo curto agora. Esta é a única maneira de diminuir as ameaças do calor de acasalamento aos casais, bem como ajudar aqueles que ainda não encontraram seus companheiros.

—Por causa do medo. Porque o homem não quer aceitar o que é diferente dele. Mesmo quando acredita que o criou. — Ela olhou para seus dedos novamente, apenas para encontrar os dele cobrindo os dela.

—Isabelle, está apenas começando a entrar nessa batalha. Não comece a procurar problemas rapidamente, amor, porque prometo a você, vão sozinhos aparecer em breve. — Ele a puxou para ele, sobre seu peito, mas ela fez muito pouco para se opor.

Ela devia resistir. Acabava de experimentar algo que deveria ser muito traumático. Afinal de contas, enquanto ele lançava seu prazer dentro dela, ele a mordeu, prendeu-a a ele, rosnou, grunhiu e declarou — minha, —como se ao falar assim o fizesse.

O problema era que quando declarou — minha, — ela sentiu uma demanda responder dentro de seu próprio coração.

—O que está me fazendo, Malachi? — Ela sussurrou quando ele se virou, a arrastando debaixo dele quando se aproximou dela em um crescente de força e poder latente.

—Estou louco desde que a conheci, — respondeu asperamente quando puxou a lençol longe de seu corpo nu. — Completamente insano, Isabelle.

Uma sobrancelha arqueou graciosa enquanto os olhos de repente se iluminavam com uma diversão interior. —Acho que já era louco, Malachi, porque não vi ninguém sugerir o contrário.

Malachi ergueu uma sobrancelha. —Querida, não teve tempo para formar uma opinião. Uma vez que me conhecer, vai perceber que sou realmente leal e insano. É uma coisa Casta.

—Insano? — Ela questionou. —Após a reunião com Ashley, estou começando a achar que ao invés de uma coisa Casta, é mais uma coisa Coyote. Só espero que não seja muito contagioso.

Ela estava brincando com ele. Ninguém nunca o provocou antes, ela se perguntava enquanto olhava para ela com aquela expressão reservada, fria.

Ela não ia se incomodar, prometeu a si mesma. Se ele pretendia ficar por perto, então podia muito bem aprender. Ela, Chelsea e Liza estavam sempre brincando uma com a outra, às vezes provocando e sempre se divertindo. Não ia mudar.

—Você me faz querer rir, — ele gemeu de repente. —E se eu baixar minha guarda o suficiente, o que vou fazer se você decidir tentar combater o acasalamento?

—Então, pode ser revertido? — Ela já estava desejando seu beijo com uma força que enchia sua boca de água e seu corpo formigava. Como alguém precisando de sua próxima droga, precisava de seu beijo.

Ela precisava dele.

—Não há reversão. — Envolvendo parte de trás da cabeça dela, ele a puxou abaixo para seu beijo, precisando, necessitando dela.

Sua língua não estava inchada, o gosto de acasalamento mal presente em seus sentidos, mas ainda assim, a necessidade de beijá-la, a vincular agora com prazer, era um impulso primitivo.

Capturou seus lábios com os dele, se esfregou contra a macia curva cheia e provou o calor deles. Era um beijo com calor natural, a mesma paixão e fome que queimou entre eles quando seus olhos se conectaram no bar.

Sua língua deslizou por seus lábios, acasalou com a dela, esfregou, sentiu a maciez de seda e medida da mulher, e ela o aceitou com inocência suave.

Não era calor do acasalamento. Era apenas um homem e uma mulher, isso era tudo. Rodeados pelo calor, pela atração e emoção queimando que só acontecia uma vez na vida. Quando um homem e uma mulher estavam destinados a ficar juntos, se unirem.

Aquele momento aconteceu no bar, quando seus olhos se encontraram. Quando suas vidas se fundiram e o destino lhes deu uma única chance.

Uma chance. Um momento fora do tempo e Malachi se recusava a perdê-lo.

Ela era sua companheira.

Deixá-la ir não era uma opção.

A segurar, garantir sua segurança, sua proteção e, Deus, amá-la. Estas eram suas únicas opções.

Se dobrando de volta, ele olhou nas profundezas de seus olhos suaves de cobalto e sussurrou: — Pela primeira vez em uma vida tão longa e solitária, toquei o amor. — Escorregando sua mão da parte de trás da cabeça onde a segurava, colocou a mão em concha em sua mandíbula e seu polegar roçou sobre seus lábios inchados pelos beijos. —É minha companheira, Isabelle. Assustar você é a última coisa que quero, mas os Castas, como os animais de que são criados, atendem aos instintos, ao contrário do homem. Cada instinto que me faz a criatura que sou sabe que você é para mim. Cortejar você não é uma opção. Cortejar você não está na equação porque a natureza não vai permitir que a humanidade dentro de nós tivesse a chance de perder esse momento, essa chance única que temos de reivindicar o que é nosso. Ou permitir aos nossos companheiros a oportunidade de ter medo ou dúvida e fugirem. Isso é o calor do acasalamento, querida. Isso é tudo que a natureza quer que seja. Todo o resto é opcional, mas ficar juntos, descobrir nosso caminho e o amor verdadeiro, a alma de companheiros, foi feita para não ser uma escolha. É uma parte de tudo que somos. É como a morte e os impostos. Inescapável.

Ela engoliu com força. —Castas não pagam impostos.

Confiava nele para apontar uma falha no seu ditado.

Seus lábios se contorceram em diversão. A natureza era de fato a perfeita casamenteira, porque esta mulher seria mais que um desafio. Ela o manteria em seus dedos. Não haveria chance de ser o Coyote preguiçoso e inepto que todos os Castas fingiam ser.

—Castas não pagam impostos, — ele concordou. —Temos companheiros para nos manter na linha em vez disso.

Sua cabeça deitou em seu peito, o rosto contra seu coração, enquanto Malachi deixava sua mão deslizar do ombro até o meio das costas.

—Não vai ser tão fácil, Malachi, — ela sussurrou. —Sabe que não.

Ele sabia que não seria. —Qual o velho ditado? — Ele perguntou suavemente. —Nada que é fácil vale a pena? Se fosse fácil, bebê, seria tão importante?

Ele encontrou um cacho de cabelos perdido por cima do ombro e o pegou entre o polegar e o indicador. Esfregou, experimentando a suavidade dela, e olhou para o teto enquanto inalava lentamente.

—Não, não vai ser fácil. — O cheiro que pegou o assegurou disso. Havia muito pouco tempo. —Precisamos nos vestir, querida.

Ela se ergueu e olhou para ele. Podia sentir o cheiro do medo, a borda de nervosismo crescente dentro dela. Por quê?

—Estamos prestes a ter companhia. — Saindo da cama, Malachi juntou sua roupa, a entregou a ela, e em seguida, recolheu a dele.

Ruler liderava o grupo, por assim dizer. Podia sentir o cheiro da raiva do seu comandante, assim como podia sentir o cheiro da ira dos homens com ele.

—O que está acontecendo, Malachi? — Nervosismo se misturava ao medo enquanto ela puxava o vestido por cima da cabeça e permitia que o comprimento da seda caísse aos seus pés.

Inferno, não tiveram tempo suficiente, não o suficiente para combater o que sentia estar chegando, temia.

— O Comandante Breaker, seu pai, tio e avô estão vindo até o quarto, — disse a ela. —O comandante está tentando retardá-los. Breaker nunca se move lento, o que significa que não estão indo para uma reunião. Estão vindo para cá.

Ele olhou para a cama, e sobre os lençóis viu a prova da inocência que tomou não muito tempo antes.

—Ótimo, — murmurou Isabelle. —Só o que eu preciso. Como qualquer um deles saberia onde eu estou?

Exatamente. Nem Breaker nem Stygian teriam informado aos três homens o paradeiro de Isabelle, e sua irmã e a amiga não sabiam. Pelo menos não com certeza.

Um duro golpe na porta sinalizou a chegada do grupo.

—Como sabia que estavam vindo? — Ela sibilou quando em um vacilo assustado se empurrou na direção da porta.

—Pude sentir o cheiro deles, — ele suspirou. —O comandante está chateado e sua família mais ainda.

Caminhando para a porta, ele agarrou a maçaneta e a abriu lentamente, se colocando na pequena abertura que fez.

—Posso ajudá-lo, Comandante? — Ele perguntou a Rule, embora seu olhar encontrasse o do pai, Terran Martinez.

—A família Martinez está aqui para recolher a menina, — Rule declarou friamente. —Mostre-a, Malachi.

A ordem raspou sobre a independência e orgulho que Malachi sabia que tinha em excesso. Ele afastou seu olhar lentamente do pai e encontrou seu comandante. —Podem vê-la, mas ninguém vai levá-la.

—O inferno que vamos. — Terran Martinez estava claramente furioso. —Vou levar minha filha para casa Coyote, quer queira ou não.

Inferno, este não era o pé que queria iniciar sua vida com Isabelle daqui por diante.

Podia sentir seu movimento em direção a ele.

—Sinto que deveria informá-lo, Comandante Breaker, que Isabelle Martinez não sairá deste quarto. Se permitir que alguém a force a sair, estará quebrando a lei das Castas.

Ele não tinha ideia de quanto estes homens podiam ou não saber sobre calor de acasalamento. Houve tempos que o povo da Nação sabia mais do que queriam que eles soubessem. Ele estava informando seu comandante sutilmente que Isabelle era agora sua companheira, e, portanto, sob a proteção de cada Casta. Incluindo Rule.

—Sr. Martinez, — Rule disse suavemente. —Como eu disse, esta reunião será feita com civilidade, e a única maneira da Srta. Martinez ir a qualquer lugar é se for seu desejo.

Isabelle entrou ao lado de seu companheiro. —Pai? — Confusão e dor estrangulavam sua voz quando Malachi permitiu a ela apenas uma pequena fresta para enfrentar os homens a confrontando na sala. —O que está acontecendo?

—Saia daí, Isabelle. — A face dura e furiosa, Terran Martinez falou num tom que fez Malachi se arrepiar imediatamente e um rosnado surdo subir em sua garganta.

Isabelle colocou a mão em seu braço, um movimento que foi imediatamente notado por todos os cinco homens enquanto estavam no corredor.

—Talvez fosse melhor se discutirmos isso na sala, — Rule sugeriu calmamente, mas zombeteiramente. —Nunca se sabe quando ou onde um maldito jornalista está se escondendo.

E estava certo, Malachi sabia que estava certo, mas estava relutante em deixar a furiosa família Martinez invadir o cheiro do prazer que sua companheira encheu a sala.

—Malachi, — O Comandante Breaker rosnou num lembrete que as paredes não só tinham ouvidos, mas podiam ter olhos também.

Virando a cabeça lentamente, ele olhou para Isabelle. Ele podia sentir o cheiro da confusão, seu medo e sua dor. Os três perfumes eram uma afronta aos instintos de proteção que se alastrou dentro dele por ela.

—Malachi, é minha família — disse ela suavemente. —Não vou mandá-los embora.

Ela não disse que não poderia mandá-los embora, disse que não iria. Contendo um suspiro, recuou e endureceu. Porque tinha uma sensação muito ruim que este primeiro teste do mundo contra a união que sonhou, poderia muito bem roubar o sonho de suas desesperadas e gananciosas mãos.

 

Então seu sorriso iluminou meu mundo.

 

Isabelle não conseguia entender porque sua família estava de pé no meio do quarto de Malachi, seus olhares muito perspicazes raspando sobre a cama mal feita da qual ela e Malachi acabavam de sair.

—Pai? — Ela olhou para seu pai em confusão. —O que está acontecendo aqui?

Terran Martinez era mais jovem que seu irmão, Ray, o chefe da Nação Navajo. Os homens se pareciam muito com Orin Martinez, seu pai e médico da Nação.

Seu pai cruzou os braços sobre o peito largo, a camisa de jeans escuro que usava se esticando sobre seus bíceps. —O que está fazendo aqui? — Ele perguntou com seu tom escuro pela raiva que podia ler em seus olhos.

—Terran, estou avisando. — Seu avô falou. —Não permita que sua raiva turve seu julgamento. Pode ver diante de você a verdade desta situação. Não a envergonhe quando a vergonha não é necessária.

—Ninguém a irá envergonhar, — Malachi informou a todos, enquanto Isabelle sentia apenas vontade de sair e deixar que todos brigassem entre si. Todos, exceto Malachi. Ela teria que levá-lo com ela, é claro.

—Conhece o homem com quem está se juntando? — Terran virou para ela, então, chocando-a com o chicote de raiva em sua voz. —Será que teve um momento para se informar sobre ele?

—Por quê? — Colocando suas duas mãos no quadril enfrentou seu pai agora. —Nada que lemos sobre Castas na Internet é verdade. Por que iria acreditar no que li sobre um indivíduo?

E era verdade. A propaganda que foi colocada na Internet se provava falsa uma e outra vez.

Os lábios de seu pai apertaram em desaprovação, como se estivesse decepcionado de que ela não fez isso de qualquer maneira.

—Ele assassinou os seus — Terran golpeou furiosamente. —Pergunte a ele em qual laboratório foi criado, filha. Pergunte se não estava lá quando sua tia Morningstar foi assassinada.

Isabelle virou para Malachi. Mas não foi ele quem respondeu.

—Malachi não estava naqueles laboratórios. — Foi o Comandante Breaker que falou em vez disso, seu tom pesado, quase muito macio para se ouvir.

Seu pai, obviamente, o ouviu, no entanto. —E como pode estar tão certo? — Ele exigiu com a descrença clara em sua expressão. —Você, entre todas as pessoas, deve saber como esses registros podem ser facilmente manipulados.

A expressão de Rule escureceu. —Sei que ele não estava lá, Terran. Malachi foi criado na Rússia, longe dos laboratórios que sua irmã estava.

A tensão que começou a encher a sala a estava estrangulando. Isabelle podia sentir Malachi tenso, prendendo a respiração, se segurando com tudo que sabia, ou que diria.

—E como diabos pode ter tanta certeza disso? — Terran zombou. —E por que vou acreditar em você ao invés de alguém que conheço minha vida toda?

Quem?

Isabelle olhou para o pai, surpresa. Quem poderia dizer a ele qualquer coisa e saber do que estavam falando?

—Foi informado que fui criado nessa base, porque não havia mais ninguém vivo, mas os Castas negaram, — declarou Malachi suavemente. —Mas não estava lá. E mesmo que estivesse, nada poderia mudar o resultado do seu destino, o Sr. Martinez. Nada podia e ninguém poderia ter a salvo naquela noite.

O desaparecimento e morte da irmã assombraram o pai dela, sabia disso. Tanto que se assegurava onde estavam suas filhas, pelo menos na vizinhança geral, a cada segundo do dia.

—Nem mesmo o Coyote sujo que relatou a tentativa de fuga que outro Casta iniciava para tirá-la de lá? — Terran jogou de volta para ele. —Que o Casta era você, Malachi Morgan. Estava lá, e você informou a tentativa.

—E eu disse que ele não estava lá, — Rule injetou novamente.

—E você está mentindo por ele.

Isabelle ficou chocada ao ouvir seu pai levantar a voz, perder a calma que sempre era uma parte tão constante e firme dele.

—Pai, por favor, não faça isso. — Isabelle deu um passo adiante, choque e dor a enchendo pela fúria no rosto de seu pai. —Não sei o que Malachi fez naqueles laboratórios, mas o que seja, foi para sobreviver. E não acredito que jamais tenha deliberadamente trazido perigo para um inocente.

Não importava que seu olhar a balançasse, apertando os olhos fortes, quando deu um passo para ela. Ela podia não saber as circunstâncias ou história por trás de sua fuga ou de qualquer outra pessoa. O que sabia era que o homem que a segurava em seus braços não podia, não teria participado da morte de sua tia. De nenhuma forma.

—Isabelle, se já confiou em mim, venha comigo agora. — O pai se virou para ela, os olhos que cresceu olhando sempre que procurava respostas, sempre que estava com medo e confusa, era o olhar que exigia que ela obedecesse. Que o seguisse. Que virasse as costas para o homem que começava a aceitar em seu coração.

—Confio em você com minha vida, papai, — ela sussurrou dolorosamente. —Mas preciso que confie em mim. Confie em mim para conhecer o homem por quem me apaixonei.

Isso era tudo que ela pedia. Só por agora, por este momento, confiar nela e permitir que tomasse suas próprias decisões. Ela não podia suportar ser controlada, forçada, não ter escolha. Nem Malachi nem o Comandante Breaker estavam fazendo isso.

Malachi estava logo atrás dela, não a tocava, não tentava influenciá-la. O comandante estava de costas para ela, mas seu pai olhava para ela.

—Terran, observe o que diz, — seu tio Ray o aconselhou quando se tornou óbvio que a raiva de seu pai estava crescendo.

Ela olhou de seu tio para seu avô, em seguida, de volta para seu pai. Queriam, obviamente, garantir que seu pai não cometesse um erro que não poderia consertar.

—O que ele pretende dizer, tio Ray? — Ela perguntou baixinho enquanto sentia a garganta apertar com lágrimas. —O que pretende fazer, papai, quando eu disser que não vou me afastar de Malachi sem prova que fez algo vil? Um erro, posso perdoar. Qualquer coisa que foi forçado a fazer nesses laboratórios terei que perdoar. Quebraria meu coração se fosse forçado a ser algo que ele não é. Que carregasse seus. Mas não daria às costas a ele.

—Mesmo que matasse sua tia? — Seu pai gritou de volta para ela, fazendo-a estremecer. —Poderia perdoá-lo por isso?

Ela ia chorar. Isabelle podia sentir as lágrimas chegando. Podia sentir seu aperto no peito, os lábios tremendo pela necessidade de derramar lágrimas, sua dor.

—Mesmo se foi forçado a fazer isso, — ela sussurrou. —Nunca menti para você, papai. Não vou começar agora. Não estou dizendo que não me partiria ao meio. Que não viveria cada dia da minha vida sabendo do peso insuportável disso, mas o que aconteceu nesses laboratórios não vou usar contra ele.

—Então eu a ren...

—Não! — Seu avô gritou atrás dele quando outra voz quebrou sobre a dele.

Seu pai ia dizer apenas uma única palavra para renegá-la.

—Eu estava naquele laboratório. — Comandante Breaker se adiantou e falou enquanto os olhos de Isabelle começaram a se arregalar de horror pelo que seu pai estava prestes a dizer.

Seu pai virou para o Casta. —O que disse?

—Eu estava lá, — Breaker rosnou. —Fui criado lá. Fui treinado lá. E conhecia sua irmã. Juro para você, Sr. Martinez, sobre a alma que tenho como minha posse mais querida. Juro para você, Malachi não estava lá. E sei que não estava lá, porque eu estava.

Seu pai pareceu encolher diante de seus olhos. Seus ombros caíram, o remorso horrorizado enchendo seu olhar quando se virou para Isabelle. Ele recuou lentamente, balançando a cabeça em descrença enquanto seu olhar se voltava para o comandante.

—Não acredito em você, — ele sussurrou. —E não tem como provar.

A isso, o comandante rosnou primitivo, aprofundando sua raiva.

—Tenho o sangue.

—E que diabos isso vai provar? — Seu pai jogou as mãos para cima num gesto de fúria. —Como seu sangue vai provar algo?

—Vai provar que sou filho de Morningstar Martinez, — ele retrucou. —E como sabe, os bastardos nunca, nunca separavam os Castas machos de suas mães de nascimento. Eles a usavam. As testavam pela compaixão e simpatia com eles, — ele rosnou com raiva animalesca agora. —Meu sangue vai provar, Sr. Martinez, e, em seguida, no que diz respeito à sua filha, deve se ferrar. Porque um homem que viraria as costas para uma filha não é homem. É ainda menos que os bastardos miseráveis que criaram as Castas.

—Chega.

Isabelle olhou seu avô em meio às lágrimas, sua expressão cansada o fazendo parecer uma década mais velho que sua idade real.

—É hora de falar sobre isso sem essa preciosa criança presente. Os pecados e pesadelos do passado são para aqueles de nós que enfrentaram os monstros do mundo. Não para aqueles que lutamos para proteger.

Sua respiração prendeu quando seu avô ficou olhando para ela com toda a delicadeza e amor que sempre lhe deu.

O braço de Malachi a envolveu. Como se não pudesse suportar a separação física entre eles por mais tempo.

Seu avô concordou, como se aprovasse a mudança.

—Cuide do presente que dou meu consentimento para aceitar, — seu avô declarou então. —O que está abençoado, nenhum homem pode arrancar de seu alcance. Seja tolo o suficiente para não se transformar pelo seu amor, e vou vê-lo como nada mais que uma criança chorona que só sabe culpar os outros por seus infortúnios.

—Obrigado, senhor, — afirmou Malachi em voz baixa. —E sei bem o presente que me foi dado.

Seu avô se virou. Quando o fez, seu tio assentiu para ela gentilmente antes de continuar. Foi seu pai quem hesitou.

—Eu te amo, não importam suas escolhas ou o que faz, — ele finalmente disse mais ou menos. —Mas não importa se homem ou Casta, os honrados nunca ficariam calmos, enquanto um inocente que não merece, morre em agonia. — Ele olhou para Malachi, enquanto falava.

—E eu não acredito, papai, — ela sussurrou. —Às vezes, para proteger os outros que ama, não tem escolha além de colocar uma cara brava e esconder seu horror ou sua dor para garantir a proteção dos outros. Assisti documentários. Assisti as audiências do Senado televisionadas ano após ano, e ouvi as histórias dos horrores que enfrentaram. Cada Casta que sobreviveu aos laboratórios, que conseguiu sair vivo e jurou vingança contra seus criadores e algozes é digno de toda segunda chance que puder ser dada. Se necessário. — Ela olhou para Malachi, a certeza fluindo através dela quando seu olhar encontrou o dela. Virando para seu pai, ela declarou: — Malachi não precisa de perdão. Não estava lá. Se estivesse, teria me dito antes que alguém tivesse chance. — Ela estava certa disso.

Com lágrimas brilhando nos olhos, seu pai passou os dedos pelo curto cabelo militar cinza e preto quando se virou.

—Quem disse que Malachi estava lá, pai?

Ele fez uma pausa. Se mantendo de costas para ela, balançou a cabeça e Isabelle jurou que podia sentir o cansaço que caia em seus ombros.

—Tenho o direito de saber. É minha vida que estavam tentando destruir junto com as negociações entre a Nação e os Castas.

—Dei minha palavra, Isabelle. — Ele suspirou com sua voz rouca. —Não vou quebrá-la.

E não ia. Não importava o custo.

—Da próxima vez que isso acontecer, se tiver que dar sua palavra para manter o sigilo de sua identidade, então não traga suas suspeitas para mim sobre Malachi, — ela informou, com o coração pesado. —Porque não vou ouvi-las. Quem está tentando destruir estas negociações quer destruir a mim, Malachi e minha família sem um pensamento. Não quero ouvir mais nada que eles têm a dizer.

Ela fez uma escolha e Isabelle sabia disso. Nesse momento escolhia Malachi sobre rumores, suspeitas ou indícios de irregularidades fossem reais ou imaginários.

Ela o escolheu sobre todos os outros em sua vida.

Podia não conhecer cada ato que cometeu ou cada experiência que viveu, mas conhecia a alma do homem a quem deu seu coração. E sabia que a alma era uma que merecia seu amor.

Era a alma do companheiro dela.

 

Seus lábios tocaram os meus.

 

Não podia suportar sentir sua dor.

Quando a sala esvaziou e a porta fechou clicando silenciosamente atrás de Rule, Malachi virou sua companheira em seu peito e a segurou lá.

Pela primeira vez em sua vida, não apenas sentia a dor, ou a cheirava. Podia senti-la com cada fibra do seu ser. Em volta do seu coração, de sua alma, e apertando impiedosamente.

—O que está acontecendo? — Ela sussurrou em seu peito enquanto sentia suas mãos alisando o tecido de seda de seu vestido pelos quadris e costas até um pouco abaixo dos ombros. Lá, seus dedos emaranharam nas ondas de seu cabelo longo, torcendo-as para puxar a cabeça para trás.

—Não sei o que está acontecendo, querida, — ele disse a ela, mantendo a voz baixa, a dor que emanava dela ainda mais forte que seu conforto.

Fazia o animal dentro dele se enraivecer, desesperado para tirar a dor e substituí-la por algo mais. Algo mais íntimo. Algo que ressoasse a prazer e não dor.

Baixando a cabeça, deixou seus lábios caírem sobre os dela. Suavemente. As glândulas sob a língua estavam inchando em resposta às emoções subindo dentro dele, assim como fizeram desde o momento que ele pôs os olhos nela.

Deslizando sua língua contra os lábios dela, os separando, deixou seus lábios fundirem com os dela antes de partir mais longe e encontrá-la com sua língua.

Como se o gosto do calor de acasalamento fosse tanto um vício para ela como o gosto de seu beijo estava se tornando para ele, ela imediatamente puxou o gosto dele dentro dela. Por exuberantes segundos de êxtase, os lábios capturaram sua língua e puxaram o calor dele.

Se afastando, seus lábios se inclinaram sobre os dela, esfregando contra eles, os separando, e compartilhando o gosto. O calor de acasalamento os fundiu, mas Malachi sabia de onde o calor vinha: dos corações de duas almas que se procuraram na noite.

Puxando o vestido dela, só podia gemer em antecipação e sentir a fome crescer quando ela puxou suas calças.

Não havia botas para tirar agora, recebeu seus visitantes com os pés descalços, assim como ela. Levou apenas alguns segundos para tirar as calças pelas pernas e a levantar para si, mas a cama não era uma opção. Enquanto espalmava seus seios e tomava seu beijo de novo, seus polegares deslizavam nos mamilos duros como eixos, áspero sobre eles enquanto a apoiava a poucos metros no sofá e sentia o instinto primitivo que subia dentro dele arrebatar seu controle.

Era sua companheira. A necessidade de tomá-la, a marcar como sua, se marcar definitivamente sobre ela rasgava seus sentidos como um incêndio.

Embora ela ficasse ao lado dele e o defendesse das acusações feitas contra ele antes, ainda assim, houve uma hesitação instintiva. A necessidade da filha pelo pai, de obedecer e aceitar a proteção que conheceu sua vida toda.

Hesitação que causou medo nele. Por um breve segundo Malachi sentiu o puro medo angustiante, certo que teria que lutar por ela e poderia destruí-los no esforço.

Uma raia de orgulho e independência a prendia nele, no momento. Agora, Deus o ajudasse, o animal dentro dele estava se soltando e afirmando sua determinação em prendê-la de forma irrevogável nele.

—Malachi, — ela sussurrou num suspiro desesperado, enfiando as unhas em seus ombros nus quando ele a apoiou no sofá antes de permitir que seus lábios trilhassem a coluna sensível de seu pescoço.

A ondulação da resposta correu até sua coluna, enviando o cheiro do calor do verão para preencher seus sentidos. O cheiro de sua paixão, sua doce, suave luxúria feminina era o perfume mais inebriante. Poderia viver nele. Poderia sobreviver o resto de sua vida sem outros perfumes em sua cabeça.

O rosnado que retumbou em seu peito o surpreendeu. Era mais animalesco que o normal. Veio do mais profundo dentro de si, das profundezas de seu diafragma para vibrar em sua garganta, e enviou um arrepio de volta para Isabelle.

Essa resposta anunciava o cheiro quente de sua boceta sinalizando o deslizar seus sucos lisos enquanto seu corpo se preparava para ele.

Seu pênis, já intumescido e latejante de fome, pulsava com uma demanda que nunca conheceu antes. Ele podia sentir o fluido de acasalamento crescendo no eixo enquanto suas bolas apertavam num prazer-dor que o fez rosnar o maldito barulho de novo. Era incontrolável. Era primitivo e anunciava uma corrida faminta que o despojava até as profundezas do seu ser e para o animal que residia lá.

Isabelle podia sentir a necessidade crescente como uma tempestade dentro dela e correndo através de sua corrente sanguínea como uma droga determinada a alcançá-la. Não apenas determinado. Definitivamente a ultrapassava. Lavando através de seu corpo com uma onda de calor quando os lábios de Malachi desbravaram um caminho de fogo por seu pescoço.

Uma vez que alcançou a pequena ferida sensível que fez antes, passou a língua por toda ela, e Isabelle jurava que quase gozou. Uma corrida de sensações rasgou através da marca quando um beijo faminto foi aplicado nela antes que seus lábios começassem a beliscar e beijar seus seios.

Seus mamilos estavam apertados, duros de excitação. Quando ela se arqueou para ele, Isabelle sentiu o roçar dos cabelos finos do peito contra eles, o prazer da raspagem arrancando um gemido de seu peito.

Ela não podia obter o suficiente dele. Nem o suficiente do seu beijo, seu toque, ou do prazer incrível que parecia invadir cada célula do seu corpo.

—Não posso esperar. — O som de sua voz era parte animal, parte humana. Uma mistura igual de quem, o que ele era e de onde veio.

—Ninguém pediu para esperar, — ela gritou quando sua mão se moveu entre as coxas, os dedos encontrando a umidade em suas coxas e a seguindo até as dobras inchadas de sua boceta.

Abrindo a carne saturada, encontrou a entrada, apertada e sensível, a contornou então, e com um impulso dominante, emocionante, encheu o quente canal com dois dedos poderosos.

Isabelle foi para a ponta dos pés, seu grito abafado contra seu peito, enquanto sua carne apertava involuntariamente, se tornando mais apertada e ondulando em torno de seus dedos.

—Malachi. — Ela gritou seu nome quando seus lábios encontraram o bico, apertado e endurecido de um mamilo. Se arqueando mais perto dele, ela gritou novamente quando começou a sugar a ponta forte, na aquecida chama da sua boca.

Seja qual fosse o sabor incrível que fluía das glândulas sob a língua, a presença dele em sua língua agora aumentava a sensibilidade do mamilo. Ele endureceu ainda mais, ficando tão apertado e atingindo o pico do prazer/dor que a fez arranhar a carne dos ombros de Malachi.

Seus quadris se moveram, se contorcendo enquanto trabalhava sua boceta em seus dedos, seu clitóris contra o raspar da almofada de sua mão quando a curvou contra ela.

Seus sucos fluíam sobre seus dedos, os encharcando enquanto ela choramingava com desespero crescente pelo clímax.

Ela estava perto. Ela podia sentir isso crescendo, queimando no abismo do seu ventre, o lançamento apertando tão desesperadamente por ela.

—Não assim. — As palavras rasparam de seus lábios enquanto ele se endireitava, seus dedos soltando imediatamente o aperto aquecido de sua boceta.

—Não. Malachi, por favor. . .

Ele beliscou seu ombro. Quando um suspiro de prazer saiu de seus lábios, ele se afastou mais uma vez antes de a agarrar pelos ombros, a girando de forma rápida e empurrando-a para o sofá.

—De joelhos, — ele rosnou quando a empurrou abaixo.

Apoiando seu peso nos cotovelos contra o grosso braço do sofá, ela o sentiu vir atrás dela, sobre ela.

Cobrindo-a como um cobertor quente e sensual, uma criatura sexual com intenção de posse, Malachi acomodou sua mão ao lado de seu cotovelo quando posicionou a largura de seu pênis na entrada de seu sexo.

Imediatamente o jorro pesado de fluido sexual eclodiu contra sua entrada, aquecendo-a ainda mais. A carne se tornou mais sensível, apertando com força ao mesmo tempo que se estendia mais fácil sob a largura da penetração de seu pênis.

Outro jorro de fluido deslizante a invadiu, aumentando a sensibilidade, o prazer chicoteando através de seus sentidos. Ela mal podia respirar. O empalamento alongando sua carne era como um turbilhão de sensações tão intensas, tão brilhante que só podia se contorcer em resposta. Ela pressionou para trás, sentindo sua vagina ordenhar a largura pesada, o puxando mais profundo dentro dela enquanto trabalhava seus quadris contra ela com fortes e rasos empurrões.

—Você é minha. — Com os lábios em seu ouvido, fez a declaração num tom áspero e animalescos que só aumentou sua excitação.

—Você está. . . oh meu Deus, Malachi. — Suas costas arquearam quando ele empurrou dentro dela mais profundo, mais duro, enviando espasmos de sensações palpitando através de sua boceta e ecoando no botão de seu clitóris inchado.

Ela estava ofegando por ar, pequenos gritos saindo de seus lábios até que gemia de prazer, enquanto ele empurrava o máximo dentro dela, com um golpe final e um último jorro de fluido preseminal, que parecia ajudar seu sexo a acomodar o incrivelmente enorme pau que a enchia a ponto de transbordar.

—Você é meu! — Ela gritou, fazendo coincidir com sua declaração. —Só meu, Malachi.

Ela estava soluçando pelo prazer e não conseguia parar. Presa como estava, seus quadris arqueados para ele, sua bochecha contra a lateral do sofá, sentiu as terminações nervosas sensíveis violentamente ganhando vida dentro dela, quando começou a se mover.

Ele a fodeu com duros golpes pesados. Se enterrando totalmente dentro dela, Malachi não hesitou, não duvidou, enquanto a empalava como um animal, com força — uma mão segurando um quadril, a outra deslizando sobre ela enquanto puxava o cotovelo contra o dela.

Seus dedos apertaram os dela. Num gesto tão antigo quanto o tempo e tão íntimo quanto um beijo.

—Não, querida, me fode de volta, — ele gemeu enquanto ela trabalhava seus quadris atrás na largura de seu pênis. — Me sugue por dentro. Deixe-me sentir que sua boceta doce me leva, Isabelle.

As palavras explícitas faladas no seu ouvido fizeram seu corpo saltar com prazer. Ela não podia permanecer inalterada, nem podia parar de se mover, mesmo que tentasse. Nada importava, apenas as espirais apertando e o início das sensações puxando as terminações nervosas em sua boceta e latejando em seu clitóris.

Atrás dela, Malachi empurrava ritmicamente, cada penetração sua empurrando ao máximo, quando ela gritou, se contorceu e empurrou novamente o talo pesado de carne.

Ela estava morrendo sob o ataque de prazer. Não havia como pudesse sobreviver, disse a si mesma, mesmo quando se precipitou no lançamento ardente esperando por ela.

Quando golpeou, ela se envolveu em chamas brancas quentes. Fragmentos de felicidade começaram a rasgar através de seus sentidos, e quando se enterrou uma última vez e o jorro de lançamento começou a jorrar dentro dela, ela sentiu a presença incrível do espessamento adicional no seu pau quando a esticou mais.

Trancado dentro dela, jorrando sua libertação na boca de seu útero enquanto cada pulsar forte de seu pênis estendia sua própria liberação, Isabelle sentiu todo o mundo se desintegrar. Tudo, exceto a parte da existência que ela e Malachi habitavam. Isso era tudo que existia, tudo que os sustentava.

E dentro desse mundo, dentro da névoa de fogo de prazer, dor e intensidade girando, nada importava tanto quanto a batida do seu coração contra suas costas, os dentes presos na carne entre o ombro e o pescoço, e do homem ligado a ela como sabia que estava agora ligada a ele.

Nada importava, apenas os laços que sabia que os manteria juntos e a fome que nunca acabava.

E quando tudo fosse dito e feito, a parte mais importante seria sua companheira.

 

Pela primeira vez numa vida tão longa e solitária, toquei o amor.

 

Nenhum Casta ou humanos podia afirmar que a natureza em toda sua glória não gostava de se divertir com as crianças que eram encarregadas de supervisionar.

Eles eram seu divertimento, bem como sua responsabilidade e levava isso a sério, Malachi pensava enquanto segurava sua companheira contra seu peito na manhã seguinte.

Um peso morno, confortante, a cabeça apoiada sobre seu coração, uma mão pequena descansando ao seu lado enquanto o peso suave de seus seios pressionava contra ele.

Dormir com uma mulher nunca foi uma experiência confortável. Nos primeiros dias das fugas dos Castas, era comum Castas serem traídos por suas amantes. Soldados do Conselho achavam muito mais fácil pegar o Casta quando estava distraído por uma amante no meio da relação sexual. Em menor grau, não era raro que isso acontecesse ainda agora.

Dormir com Isabelle era outra história. Ele dormiu o sono mais profundo que conheceu em sua vida quando a segurou em seus braços. Não que ele dormisse totalmente. A parte animal dele nunca parecia relaxar sua guarda.

Estava consciente de cada movimento do lado de fora, mas num nível muito diferente de antes. Seu sono só foi perturbado por uma presença que fez uma pausa muito perto da porta para conforto do animal. E tinha acontecido algumas vezes.

Agora, desperto, via o sol nascer pela fenda estreita das janelas e hesitou em se afastar do peso quente de sua companheira.

Mas, tinha uma reunião. Se esquivar dela não era uma opção.

Queria saber quem chamou o pai de Isabelle e tentou forçar a família a convencê-la a deixar seu abraço. Usou algo tão traumático como a perda de sua tia e o evento trágico de sua morte contra o pai de Isabelle.

A única maneira de saber a resposta para essa pergunta era a reunião que Rule conseguiu com sua família. Terran, Ray e Orin Martinez chegaram ao seu quarto, com a intenção de salvar Isabelle do monstro que supostamente permitiu que sua tia sofresse uma morte horrível.

A família de Morningstar sabia mesmo como ela morreu? Que, como muitas companheiras de Castas em cativeiro, ela foi impiedosamente dissecada enquanto ainda está viva? Sem anestesia, nada além da crueldade desumana do bisturi letalmente afiado, ela foi submetida a cada uma das mudanças de acasalamento internas forçadas para serem estudadas.

Houve poucos que sobreviveram a essa prática de pesquisa em particular. E nunca uma companheira sobreviveu, humana ou não.

Colocando um beijo suave no topo da cabeça de Isabelle, Malachi saiu do calor de seu corpo e deixou a cama, com os lábios curvados de descontentamento por seu sonolento pequeno gemido.

Ela não gostava de perder seu calor mais do que ele gostava de ser forçado a comparecer a esta reunião ao invés de permanecer com ela. Mas, os meios que o mensageiro desconhecido usou para ferir sua companheira eram inaceitáveis. Precisava saber para puni-lo pela dor e lágrimas que causou a Isabelle.

—Para onde está escapando furtivamente? —Diversões enchia sua voz sonolenta quando ele olhou para ela.

Rolando de costas, Isabelle o observava com os olhos azuis cobalto e um brilho decididamente apreciativo em seus olhos.

—Tenho uma reunião, — disse a ela, achando excessivamente difícil se afastar dela e continuar para o chuveiro. —Não deve demorar muito, entretanto.

—Ah, é? Quanto tempo? — Ela estendeu convidativa sob o lençol quando ele se virou para ela da porta do banheiro.

A visão das exuberantes curvas femininas mal encoberta pelo caro lençol e os lábios carnudos inchados pelos seus beijos era uma tentação que nenhum homem mortal devia ser forçado a ignorar.

Seu pênis estava como aço rígido e latejante, suas bolas apertadas e desesperadas pelo lançamento.

Ele poderia simplesmente ter que arrancar as respostas que precisava de seu pai para garantir que voltasse com rapidez.

Se apenas fosse assim tão fácil.

Apertando sua mandíbula contra a demanda sensual que retornasse para ela, Malachi se obrigou a atravessar a porta do banheiro.

Mas, pegou aquele sorriso que puxou seus lábios. A adorável, sensual curva que assegurava que tinha ótimas lembranças da noite que acabavam de passar nos braços um do outro.

E nem tudo isso era sexual.

Ela contou a ele do desaparecimento de sua tia, antes de seu nascimento, e a culpa que seu pai sempre sentiu por não estar com ela.

Ele não foi à escola naquele dia, porque queria ir rastrear. Ele e vários amigos escaparam para controlar um lobo solitário que assolava várias fazendas. Sua irmã soube que ele não ia para a escola, mas achou que ele não se sentia bem. Mas, ele sempre sentiu que se estivesse com ela, talvez não fosse levada.

Terran foi assegurado que nada poderia a impedir de ser levada. Uma vez que o Conselho escolhia uma criadora, eram conhecidos por ir ao extremo para a adquirir.

A pesquisa genética para cada Casta era exigente. A pesquisa tanto do DNA da fêmea como a informação genética da raça animal era exaustiva.

Os requisitos do Conselho eram elevados, mas para criadoras, preferiram mulheres nascidas com o que chamavam de dons da terra como base.

Nativas Americanas, romenas, irlandesas e escocesas, e qualquer linhagem suspeita de transportar dons psíquicos. Por alguma razão, essa genética quando combinada com os predadores escolhidos, criava os mais fortes, e mais poderosos Castas.

Rule Breaker e Lawe Justice eram dois exemplos. Embora ninguém estivesse inteiramente certo da maior força dos irmãos. Uma coisa era certa, porém, não havia dúvida que a genética que entrava em cada Casta não apenas fazia os melhores lutadores, mas os melhores manipuladores e líderes também.

Como comandante, Rule se destacava onde era agitado e, portanto, bastante irritado como enforcer.

Seu irmão, por outro lado, era um estrategista diferente de qualquer outro que Malachi encontrou, além de Jonas Wyatt.

Vestido e pronto para enfrentar a família que ela não sabia que havia retornado ao hotel, Malachi deu um passo atrás para o quarto e viu como estava cochilando na cama.

Ela chorou quando contou da morte de sua mãe em seu sétimo aniversário. A segurar foi tudo que pode fazer para aliviar a dor que sentiu naquele verão há muito tempo.

Ela contou algumas das suas aventuras. Suas viagens para a Inglaterra e para Roma, Grécia e Japão. Ele sabia sobre seu primeiro filhote, o gatinho que fugiu quando Isabelle tinha dez anos, as mudanças em seu irmão, Lincoln, depois que voltou do exército ferido, há vários anos, e os ensaios e atribulações de sua irmã mais nova, Chelsea.

Ele sabia que Liza era sua amiga mais querida, e soube, quando ela mencionou o fato que viviam juntas, que houve uma pitada de dor cuidadosamente escondida e medo.

Apesar de Isabelle não querer voltar para a casa, nenhuma vez pediu que a protegesse nem revelou o motivo para esse medo.

Se Terran Martinez e sua família não tinham as respostas que precisava hoje, então iria enfrentar tanto Chelsea como Liza. Já estavam cautelosas com ele, embora não claramente assustadas. Tinha a sensação que as duas meninas estariam dispostas a falar, especialmente quando explicasse os riscos a todos os humanos que estivessem envolvidos no encobrimento se alguém ameaçava sua companheira.

Vestido num terno de seda cinza, camisa branca de algodão fino e gravata listrada azul e cinza, Malachi deslizou os pés em caros sapatos de couro e voltou para o quarto.

Isabelle ainda estava cochilando. Seus olhos estavam fechados, seus sentidos relaxados. Quase dormindo novamente.

Movendo-se para a cama, beijou o topo de sua cabeça suavemente antes de se endireitasse e deixasse a sala.

Quanto mais cedo completasse a reunião, mais cedo poderia voltar para sua companheira e saber mais detalhes de sua vida, peculiaridades que a faziam única e desfrutar do senso de humor que nunca deixava de atrair um sorriso aos seus lábios.

Saindo da sala, verificou a porta rapidamente antes de pisar no corredor até o quarto que esteve Isabelle e agora Ashley e Emma verificavam.

De cada lado, a irmã de Isabelle, Chelsea e sua amiga Liza ainda estavam registradas. As duas meninas vieram ao quarto na noite anterior depois que Isabelle as chamou. Ficaram tão indignadas com as mentiras ditas ao pai de Isabelle quanto ela.

Alcançando o salão, se moveu rapidamente para a pequena sala de reuniões que o hotel montou para a visita Casta. Rule enviou um texto anterior que a família Martinez estava a caminho da reunião. No entanto, o chefe avisou que Terran não tinha intenções de revelar a identidade do indivíduo que o chamou.

Talvez não o fizesse. Talvez não fosse. Mas Malachi teria a maldita certeza que ele sabia dos riscos à sua filha e das consequências se ferissem Isabelle por causa de sua recusa em falar.

Deslizando o cartão-chave na fechadura, Malachi entrou na sala, em seguida, deu uma parada lenta e cautelosa. Os homens Martinez não eram os únicos a esperar por ele.

Rule estava ao lado da sala olhando silenciosamente como a amiga de Isabelle, Liza enxugava as lágrimas e Chelsea baixava a cabeça, olhando para o chão sombrio.

Havia algo mais acontecendo aqui que qualquer informação que Terran escondia.

—Sr. Morgan. — Terran levantou, sua expressão mais fortemente alinhada que na noite anterior, seus olhos escuros cheios de tristeza. —Espero que perdoe minhas transgressões ontem. Imploro seu perdão como vou pedir à minha filha após esta reunião.

Malachi levantou uma sobrancelha curiosa quando olhou para Rule. O outro Casta encolheu os ombros com um movimento desconfortável de seus ombros. A polidez formal do pedido de desculpas e a dor que fluía de Terran era espessa o suficiente para causar arrepios em Malachi.

—Chelsea? — Ele olhou para a menina mais nova. —Está tudo bem, irmã mais nova?

Sacudiu os ombros, sua respiração presa quando um soluço quase escapou. Colocando uma mão sobre os lábios, ela levantou a outro num gesto para parar, e virou as costas.

Malachi podia sentir o cheiro das lágrimas.

Na noite anterior, notou que as duas meninas agiram de modo estranho depois de Isabelle disse o que sua família fez. A raiva de seu pai pareceu ter chateado especialmente as meninas.

—Tudo, obviamente, não está bem, — Liza falou naquele momento, os olhos avermelhados cheios não apenas de dor, mas de raiva quando virou para Malachi. — Isabelle é como uma irmã para mim, Malachi. É a melhor amiga que tenho neste mundo. E quando nos disse ontem à noite o que aconteceu, tive a sensação que sabia exatamente quem fez aquilo, e estava certa.

Seu olhar deslizou para Terran. O outro homem parecia aflito e cheio de raiva. Virou-se para Liza.

—Vai me dizer quem era? — Ele perguntou, estreitando os olhos sobre ela.

Seus lábios tremeram por um breve segundo antes que ela os firmasse, levantou o queixo e disse: — O homem que a atacou em sua própria casa e quase a estuprou. Se Chelsea e eu não chegássemos em casa quando isso aconteceu, ele a teria estuprado em sua própria sala de estar.

Lágrimas caíram dos olhos da menina novamente, mas ela continuou bravamente. —Meu pai me deu uma arma. Puxei-a do armário e bati na parte de trás da sua cabeça com ela. Deu tempo para ela se afastar. Quando ela a puxou de mim, Chelsea e eu a impedimos de encher seu rabo de chumbo grosso. Devíamos tê-la deixado fazer isso. Mas tudo que podia imaginar era ele processando nós três e saindo limpo.

Ele sabia o que ia acontecer. Não era nem aqui nem lá. Não importava no final. Uma vez tivesse a identidade do homem, as três mulheres não teriam que se preocupar em ser processadas, só teriam que se preocupar com que cor usar em seu funeral. Preto de luto, embora duvidasse que escolhessem tal cor respeitável e sombria para o evento. Talvez vermelho, pensou ele, por causa do sangue que o filho da puta ia derramar.

—Liza, quero esse nome.

—Você vai matá-lo, — Chelsea gritou quando se virou para encará-lo. —Então, Isabelle vai ficar puta com a gente. E Deus não permita que seja preso por isso, porque então vai nos matar. Não sabe como ela é quando ela fica irritada, Malachi.

—Obviamente, corajosa e ousada, — ele afirmou com muito orgulho. —Mas, prefiro que ela não tenha que ser corajosa e ousada novamente com essa pessoa em especial, e não há dúvida que tentará novamente. — Ele olhou para Terran. —É o mesmo homem que o chamou?

—Ela é minha filha, — Terran soltou. —Vou tomar a vingança.

—Deus me livre de toda essa culpa familiar e autopunição, — ele retrucou, ficando mais furioso a cada momento. —Vou conseguir seu nome e é agora. Se não fizer isso, prometo a vocês dois que vou levar Isabelle tão longe quanto possível deste lugar e vai ter sorte se ela puder me convencer a visitá-los uma vez a cada cinco anos. — Ele virou para o pai dela. —E se esse for o caso, então pode esquecer qualquer neto, sabendo que será porque minha fé em sua capacidade de nos dizer qualquer coisa que possa pôr em perigo essa criança seria nula. Agora, é melhor alguém abrir a porra da boca. — Sua voz se levantou nas últimas palavras, sua ira começando a ultrapassar a calma que sempre se forçou em si mesmo.

Chelsea e Liza o olharam em choque.

—Holden Mayhew. — Terran deu o nome que ele queria. —Ele é o gerente. . .

—Do Tri Bar Ranch que faz fronteira com o seu. — Malachi acenou com a cabeça e os punhos cerrados, o corpo apertando com raiva.

O homem tinha os punhos como bigornas. Não que fosse qualquer páreo para um Casta, mas para uma mulher tão delicada e frágil como Isabelle, seria como ser atacado por um urso pardo.

—Vou cuidar dele. . . — Um alarme de telefone começou a emanar dos telefones de Rule e Malachi.

Os olhos de Malachi se arregalaram quando o puxou de seu cinto ativando o display.

—Ele a pegou, Mal. — A face de Emma já estava inchada enquanto o sangue escorria do nariz e dos lábios partidos. —Ashley foi derrubada. . . Ash. . . — O telefone caiu.

Malachi estava correndo para a porta no segundo que as palavras fizeram sentido e correndo a curta distância pelo corredor. Estava ciente de Rule atrás dele, gritando ordens e puxando a equipe mantida em um andar inferior. A família Martinez estava correndo atrás, o pai no telefone agora, gritando ordens, bem como todos correndo para o quarto de Malachi.

Stygian estava golpeando da porta mais acima do salão quando Malachi fez a curva abaixo para a ala onde os quartos dele, Ashley e Emma estavam e derrapou até parar na porta aberta de seu quarto.

Ashley estava caída. Valente Ashley, elegante com seus cabelos coloridos artificialmente, as unhas falsas e inocência de menina. O orgulho das matilhas coiote e irmã mais nova de todos.

Emma estava ao lado dela, fraca, mas ainda valentemente tentando estancar o sangue escorrendo da ferida no peito de sua irmã enquanto soluçava com medo e o coração partido.

—Ash. . . Ash por favor. . . Por favor não me deixe, Ash. . . — Ela estava chorando, com voz fraca, confusa e em choque quando Malachi e Rule deslizaram de joelhos ao lado dela.

—Ela não acorda, Mal, — Emma sussurrou, virando o rosto para ele quando Rule rapidamente começou a avaliar a ferida e Stygian correu para eles com um kit médico.

O que o visor do telefone não mostrou foi o outro lado da cabeça de Emma. Seu cabelo estava coberto de sangue, escorrendo por ela enquanto olhava para ele com olhos quase pretos de choque.

—Nós a temos, Emma. — Segurando os ombros da fêmea coiote, ele rapidamente correu seu olhar sobre ela, enquanto a sala começava a encher de Castas. —Onde está Isabelle, Emma? Viu para onde ele a levou? — Ele estava gritando com ela. Pânico e terror se agarravam em suas entranhas com afiadas garras.

Emma balançou a cabeça, obviamente tentando combater a fraqueza vertiginosa de suas feridas. —Ele tem cheiro de óleo do motor, — ela sussurrou pausadamente. —Isa chorou por Ashley, mas ele bateu nela porque ela arrancou a arma da sua mão. Está debaixo da cama. Ele me bateu primeiro, acertou Ashley então pegou Isabelle. Isa pegou sua camisa. — Ela levantou o olhar para ele novamente. —Ela está vestindo apenas sua camisa.

—Vamos nos mover. — Malachi estava de pé, o olhar cortando o rastreador que Ruler trouxe consigo.

Arness Braden era um dos melhores que tinham, e a mulher ao seu lado, sua companheira, uma empática Navajo que podia encontrar uma porra de agulha num palheiro.

Braden agarrou os ombros de Malachi, mas ele estava esperando por isso. Ele ficou parado, o animal dentro dele rosnando pela ação quando o Casta inalou seu cheiro logo abaixo da orelha e, novamente, na parte inferior do seu pescoço.

Era aí que o cheiro de acasalamento era mais forte nos primeiros estágios do calor de acasalamento. Foi lá que Braden sentiu o cheiro de erva-mate de Malachi, bem como o cheiro a camisa levaria.

O liberou, mas Braden se virou para sua companheira, Megan, que já estava correndo para a porta. —Disse que algo não estava certo, — lembrou ao seu companheiro furiosamente enquanto se dirigiam da porta. —Sabia que a dor que eu sentia estava ligada a isto. Deus, Braden, deveria ter olhado mais.

—Nós vamos encontrá-la, — Braden prometeu. —Está bem, querida, vamos encontrá-la.

Malachi só podia rezar para o rastreador estivesse certo, porque Deus o ajudasse se perdesse sua companheira. Ainda assim, o uivo que saiu de sua garganta ecoando pelos corredores do hotel foi assustador, cheio de raiva e tristeza. Uma companheira de coiote estava em perigo. Deus ajudasse o bastardo responsável porque agora a morte era sua única opção.

 

Você prendeu meu coração em suas mãos.

Senti seu calor, seu poder e sua promessa.

 

—Holden, não faça isso, por favor. — Medo se arrastava por Isabelle enquanto lutava contra a dor nauseante causada pela fita adesiva que tinha nos pulsos quando ele a arrastou para descer as escadas com ele.

Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Não podia acreditar que ele perdeu sua cabeça a tal ponto que achava que podia disparar numa das pequenas Castas fêmeas coiote, sequestra-la e fugir com ela.

—Está me machucando, Holden, — ela chorou quando as sensações de pequenas facas entrando em seus pulsos a cada ponto que tocava sua carne.

—Realmente acha que me importo uma merda, sua puta estúpida? — Ele gritou furiosamente quando a arrastou abaixo por outro lance de escadas. —Você e as porras das cadelas lá em cima praticamente arruinaram tudo. Tudo que tinha a fazer era ser a usual cadela autossuficiente e ficar lá sozinha depois que o Casta saísse. Isso era tudo que tinha a fazer.

Ele deu outro empurrão duro em seus pulsos, como se em retaliação à ligeira percepção.

O duro empurrão a fez perder o passo, primeiro tropeçando para depois fazer Isabelle perder o equilíbrio e torcer o tornozelo. Ela desceu duro, lutando para se equilibrar e diminuir as chances de lesões graves.

Holden se recusou a liberar seus pulsos quando ela caiu. A falta de apoio e sua incapacidade de se segurar a fez cair no próximo degrau, seu quadril colidindo contra a borda, dolorosamente.

—Porra! Se segure, cadela, ou vou deixar você sangrar como fiz com a Casta prostituta.

Isabelle gritou de dor quando ele puxou seus pulsos ao mesmo tempo que seus dedos se enterravam em seu cabelo e usavam o comprimento para levantá-la.

—Ele vai te matar! — Ela gritou para ele, a dor e a humilhação a enfurecendo. — Malachi vai te matar, Holden. Sabe que ele vai. Seu filho da puta estúpido, possivelmente matou uma das fêmeas Casta mais amada do mundo. Não há como deixarem você viver.

Ela o chutou, soluçando de dor quando ele a jogou contra a parede antes de puxá-la atrás dele, mais uma vez.

—Foda-se, cadela, — ele zombou. —Ele não vai matar ninguém. Vai estar ocupado demais te procurando junto com os demais. E eu vou estar muito longe.

—Não pode fugir o suficiente. — Ela resistiu, puxando seu peso atrás e lutando contra seu aperto a cada centímetro do caminho. —Não vai conseguir encontrar um buraco fundo o suficiente para se esconder, — ela cuspiu em seu rosto. —É um morto andando.

Ashley não estava morta. Ela viu a outra menina se movendo, observou seus olhos abertos quando Holden a arrastou do quarto de Malachi para a escadaria na ala seguinte.

Emma teria chamado Malachi imediatamente. Ela não esperaria. Deus, tinha que estar consciente o suficiente para ter contactado Malachi.

Onde ele estava?

Ela olhou atrás dela, olhou acima, lutando para ter um vislumbre dele, para pegar um vislumbre de alguém que pudesse relatar o sequestro.

—Vai fazer para mim um inferno de monte de dinheiro, puta. — Ele riu da sua tentativa de se libertar, a dor passando através de seus pulsos deixando-a fraca.

Tonta pelo efeito desconcertante de seu toque em seus pulsos, e por mais cedo ter golpeado a cabeça quando ele a impediu de escapar do quarto quando Emma e Ashley entraram correndo, Isabelle achava mais difícil se concentrar a cada segundo.

—Não vai conseguir gastar um centavo dele. — Ela tropeçou no degrau seguinte de novo, gemendo entrecortado quando seu joelho acertou o metal inflexível abaixo dela.

—Filha da puta, qual é seu problema, porra?

O golpe do lado de sua cabeça foi humilhante. Realmente não forte o suficiente para ser incapacitante, apenas o suficiente para sacudir seus sentidos e tirar outro grito rouco de seus lábios.

Holden riu, embora o som estivesse cheio de escárnio e fúria.

—Se fosse inteligente o suficiente para não lutar comigo naquela noite, — ele retrucou. —Tudo que tinha a fazer era ficar lá e agir como uma boa menina e tudo ficaria bem, Isabelle. Teria me casado com sua bunda estúpida, te dado uma criança ou duas e a vida seria boa. Teria você, o rancho de seu pai, e o respeito que mereço. Mas tinha que foder uma Casta, não é?

—Teria morrido antes que fazer qualquer coisa além de te matar, — ela gritou furiosamente quando a dor se tornou insuportável. —Devia ter matado você quando tive chance.

—Mas não fez, não é Isabelle? Deixou sua irmã mais nova com cara de vômito te parar. Que foi seu segundo erro. — Ele estava em seu rosto, nariz com nariz, seu rosto áspero torcido numa máscara monstruosa de raiva. —O primeiro foi me negar.

A mão pesada e impiedosa agarrou seu queixo, empurrando a cabeça dela contra a parede como parecia estar tentando empurrá-la através do cimento.

—Por que está fazendo isso? — Isabelle gritou quando ele soltou seu maxilar.

O próximo tapa de mão aberta a atingiu de lado. O aperto que ainda mantinha em seus pulsos foi a única coisa que a impediu de desmoronar nos degraus quando perdeu o equilíbrio.

Ela estava fraca, a dor correndo através dela pior do que deveria ser. Muito pior. Mas ele não a soltou. Ele continuou a tocando, e por algum motivo apenas o toque dele era como mil lâminas cortando sua carne.

—Dói, não é mesmo? — Respondeu asperamente, quando começou a arrastá-la para descer as escadas novamente. —Estavam certos sobre isso. Dói tanto que não pode nem mesmo brigar comigo.

Eles, quem diabos eram "eles"?

Isabelle balançou a cabeça enquanto lutava para dar sentido ao que ele dizia.

—O que me fez? — Ela mal conseguia respirar, a dor crescendo muito.

—Não fiz isso, estúpida, — ele soltou com desgosto. —Você fez isso a si mesma quando aceitou o sujo nó desse coiote. Se soubesse que gostava de foder cães, vagabunda, teria trazido o meu para uma visita.

Isabelle balançou a cabeça, se deixou cair contra a parede para se apoiar novamente, enquanto tentava se soltar.

Ele riu de seus esforços.

—Talvez se for uma menina boa, os homens esperando por você lá fora me deixem te foder antes de começar a experimentar em você. Como se não soubesse o que diabos são, — ele bufou. —Somente os cientistas do Conselho pagam essa quantidade de dinheiro pela foda de uma Casta, e só pagam muito por um tipo especial de foda. — Ele deu um sorriso apertado, frio por cima do ombro. —Uma companheira. É uma doce companheira?

Malachi o mataria.

Holden não ia tirá-la do hotel. . .

O pensamento foi anunciado por um uivo que parecia ecoar pela escadaria, afiado e penetrante, cheio de raiva e com a promessa de retribuição.

Malachi estava chateado agora.

Isabelle caiu no degrau quando Holden fez uma pausa. —Eu disse a você, — ela soprou fraco. —Ele não vai deixar você sair deste hotel comigo. Deixe-me ir, e ele lhe dará uma vantagem. É a única chance que tem.

—Mova seu traseiro. — Ele apontou para seus pulsos outra vez, apertando mais enquanto tentava se mover mais rápido para descer as escadas, enquanto Isabelle lutava para atrasá-lo.

Pareceu durar para sempre, mas sabia que a cada passo e cada degrau se aproximavam mais do piso térreo.

—Como sabia? — Ela sussurrou dolorosamente quando apoiou o peso em seu tornozelo e quase caiu de novo. —Como alguém sabia que eu era sua companheira?

Ele se virou para ela, empurrando-a de volta para a parede, com a mão enrolada em sua garganta quando olhou para ela. —Eu teria adorado você, — ele gritou em seu rosto. —Daria qualquer coisa que quisesse, mas você fodeu aquele Casta em vez disso. Transou com ele e o deixou prender seu nó em você como um animal do caralho.

—Como sabia? — Ela perguntou novamente, lutando para centrar seus pensamentos. Não havia como ela sair dessa se não encontrasse uma maneira de lutar contra a dor que a entorpecia mentalmente, e rolava em ondas debilitantes.

—Estúpida, — ele murmurou, baixando sua voz com desgosto novamente. —Calor de acasalamento tem um perfume. Eles ainda têm algumas Castas que conhecem seu lugar e estão sempre procurando por esse perfume. Malachi Morgan simplesmente parece ter sido descuidado com sua companheira. E agora, bye bye, ela se foi — ele riu quando a arrastou em pé.

—Não acho isso.

Isabelle olhou sobre o ombro de Holden quando ele congelou.

A voz era familiar, preguiçosa, quase divertida.

Holden a empurrou ao redor, sua mão indo ao cinto para a arma que Isabelle conseguiu arrancar de sua mão enquanto ele atirava em Ashley. Ele não foi capaz de recuperá-la.

—Porra, — ele murmurou.

Risos ecoaram pela escada quando Isabelle olhou para a visão estranha em desconcerto.

Tinha que ser um Casta. Um casta tigre de algum tipo, se as duas listras paralelas se estendendo em seu rosto eram qualquer indicação.

—Perdeu sua arma, homenzinho? — O estranho arrastou as palavras enquanto alcançava atrás das costas e puxava a sua própria fora. —Tudo bem, eu tenho a minha.

A mandíbula de Holden apertou. Seus dedos envolveram em seu cabelo e quando começou a virar para jogar Isabelle abaixo pelas escadas, um tiro ecoou.

Sangue respingou.

Isabelle virou cuidadosamente, as mãos agora livres e as pressionou contra a parede enquanto deixava seu olhar viajar para onde Holden estava caído nos degraus aos seus pés.

Seus olhos azuis estavam cegos, sem vida, enquanto olhava horrorizado. O lado de sua cabeça parecia como se fosse descascado para trás, expondo a carne crua e nua da cobertura branca de seu crânio.

Ele nunca foi bonito, Isabelle pensou, mas parecia melhor morto que vivo.

—Está bem?

Sacudiu a cabeça ao redor.

De alguma forma, devia ter escorregado pela parede porque o desconhecido estava parado na frente dela enquanto o som de vozes, altas e furiosas, podia ser ouvido acima do bater de pés descendo as escadas.

Seus olhos foram para a arma que pendia de seus dedos casualmente quando ele descansou o pulso em seu joelho dobrado.

—Vai me matar? — Ela ergueu o olhar de novo e encontrou o brilho de esmeralda do dele. Havia um brilho quase febril neles, como se estivesse doente e com dor.

—Não, não vou matar você, — ele disse suavemente, seu olhar cheio de tristeza.

As vozes se aproximavam. Ela jurou que podia ouvir seu nome sendo gritado acima.

—Malachi está chegando, — disse a ele, embora não tivesse certeza se era um aviso.

—Sim, está vindo. — Ele balançou a cabeça, seu olhar sombrio. —Quando ele descer da adrenalina, diga que eu falei que nossa dívida está paga agora. Ele salvou minha vida, eu salvei sua companheira.

—Diga você.

—Isabelle! — Malachi estava gritando o nome dela.

Quando o estranho saltou atrás, Malachi se inclinou sobre o lado dos degraus superiores enquanto Emma, Rule e Stygian corriam escada abaixo.

Ele aterrissou agachado, um rosnado feroz rasgando de sua garganta quando enfrentou o outro homem, seu corpo se preparando, protetor na frente dela.

—Calma aí, meu velho, — murmurou o estranho quando Malachi rosnou baixo em sua garganta. —Não vamos ficar selvagens, humm?

—Que diabos está fazendo aqui, Gideon? — Malachi rosnou furiosamente.

Gideon. O cabelo loiro escuro listrado com bonitas estrias de ouro marrons. Não pintadas, mas naturais. Olhos verdes esmeralda brilharam com dor e tristeza, mas sua postura era relaxada, sua arma pressionada.

O olhar de Malachi caiu no corpo de Holden, caído de lado, metade da sua cabeça levada pelo vento.

Gideon deu uma risadinha. —Ele pensou que ia vendê-la a uma equipe de soldados do Conselho quando descobriu que ela era sua companheira. — Gideon deu de ombros. —Pegaram o cheiro de sua última noite no seu quarto. Deve começar a usar velas, quando em público, escondem seu cheiro.

—Vou manter isso em mente, — Malachi disse enquanto tentava descobrir em que equipe estava Gideon. Quando ele desapareceu logo após deixar o grupo que Malachi era parte, o boato foi que estava no Conselho. Mas, não foi visto novamente até agora, e Malachi não sabia se estava vivo ou morto.

—Faça isso, — Gideon assentiu. —Até então, pode passar uma mensagem para mim?

—Que mensagem? — Gideon sempre tinha uma razão para tudo que fazia e planos que só ele entendia.

—Diga a Lawe Justice que isto foi só por você, não pelas Castas como um todo, ou porque estou ficando mole ou fraco. Eu te devia, mais do que isto pode pagar. — Ele acenou para Isabelle.

Malachi nunca sentiu que Gideon devesse uma merda, mas estava mais do que disposto a aceitar o pagamento da dívida agora.

—O que Lawe tem a ver com isso? — Malachi perguntou.

—Porque Gideon é o Casta que estamos procurando, Malachi, — Ruler respondeu por ele. —Não queríamos que você fosse arrastado no meio, então não o informamos do fato.

Os olhos de Gideon se estreitaram. —Não sabia que estavam procurando por mim?

—Não sabia, — Malachi concordou. —Mas isso não muda nada, Gideon. Fiz um voto à Mesa. Não vou quebrá-lo.

—E não espero que o faça. — Gideon assentiu. —Mas, após isso, Malachi, pegue sua mulher e saia deste lugar. A pegue e saia, caso contrário, será puxado para o meio desta batalha. E é uma batalha que pretendo vencer.

—Gideon. — Malachi tentou impedi-lo de fugir.

Antes que Malachi pudesse fazer mais que dizer o nome dele, o outro Casta desapareceu. Um rápido salto ao lado da escada, outro salto seis lances abaixo, uma façanha que Malachi ainda não queria experimentar, e se foi.

Isso não significava que Rule não estivesse tentado como o inferno para pegá-lo.

Ele e Stygian estavam descendo as escadas correndo, duros e rápidos, mas se Malachi conhecia o outro Casta, e conhecia, não seria pego. Não desta vez. Não até que Gideon estivesse pronto.

Com o perigo de sua companheira desaparecendo, Malachi virou rapidamente e a puxou contra seu peito. Podia ter confrontado Gideon, mas todos os sentidos que possuía estavam presos em sua companheira.

Não havia nenhum cheiro de hemorragia interna. Estava com dor, mas não o tipo de dor que indicava ossos quebrados. Ela foi espancada, assustada e machucada, mas estava segura.

—Nunca mais, — ele sussurrou em seu ouvido quando a segurou tão perto de seu peito quanto ousava. —Nunca mais, Isabelle.

—Malditamente certo. Da próxima vez terei minha própria arma. — Então empurrou atrás o suficiente para olhar para ele, seus lábios tremendo enquanto lágrimas brotavam dos olhos dela e corriam por seu rosto. —Ashley? — Ela sussurrou.

Malachi tocou seu rosto. —Não sabemos ainda. Foi levada de Helijet para fora da cidade, enquanto saíamos do quarto. — Ele acenou para Emma quando ela sentou no degrau em silêncio, sua expressão dura e distante. —Vamos saber alguma coisa logo, entretanto.

—Ele caiu sobre nós. — Ela balançou a cabeça em confusão. —Não sei como conseguiu a chave do quarto. Ashley e Emma estavam falando sobre o SPA. Estávamos rindo porque ela não vai pintar o cabelo, então ele estava lá. Ele destrancou a porta e atirou em Ashley quando ela saltou para ele.

Ela mordeu o lábio, a lembrança, obviamente, tão dolorosa que as lágrimas caiam mais rápido agora.

—Vamos. — A erguendo em seus braços, embalou-a contra seu peito enquanto Emma ia mais devagar, com os ombros caídos, uma forte expressão de tristeza.

—Ela sempre disse que ia morrer jovem, — Emma sussurrou a grosso modo, as lágrimas que não podia soltar raspando sua garganta. —A vadia. Agora, vai fazer a Coya chorar e Del-Rey ficar todo arrogante e protetor, e eu. . . — Ela se quebrou quando um soluço escapou. —Não vou saber como sobreviver sem Ashley, — ela sussurrou, antes de se virar para correr de volta subindo as escadas.

Malachi a seguiu mais lentamente.

Emma era jovem, e muitas das coisas que cheirava ou sentia não tinha ideia do que significavam. Malachi sim. Ashley estava viva, e lutava para permanecer dessa forma, que era tudo que podia se pedir.

Seus braços apertaram em torno de sua companheira quando apoiou a cabeça no seu peito e colocou os braços apertados em torno de seu pescoço.

—Quem é Gideon? — perguntou ela, se recusando a acreditar que algo pudesse acontecer para levar Ashley desse mundo. Ela era muito vivaz, muito parte da vida daqueles que a amavam, e daqueles a quem amava.

—Uma parte do passado, — ele respondeu suavemente, e Isabelle tinha a sensação que era no passado que Gideon provavelmente devia ter ficado.

—Então por que está aqui agora?

Para isso, Malachi fez uma careta. —Para abrir velhas feridas, — ele disse com uma ponta de arrependimento. —Essa é a única razão pela qual está aqui, Isabelle. Essa é a única razão pela qual qualquer um de nós veio aqui. Para abrir velhas feridas.

Ela colocou a cabeça atrás sobre seu peito quando Emma abriu a porta da escada no andar que seus quartos estavam.

—Vamos ficar no seu quarto, — ele disse para ela quando a outra menina se dirigiu para a porta do quarto que Isabelle ficou em sua primeira noite.

Entrando, não a colocou na cama, mas numa cadeira. Quando Emma fechou a porta atrás de si ao invés de se juntar a eles, Malachi afundou numa das cadeiras, segurando-a perto, o rosto enterrado contra seu pescoço.

—Teria morrido sem você, — ele sussurrou de repente, os músculos de seus braços contraindo, lutando para não abraçá-la muito perto. Lutando para não puxá-la para sua pele, arrastá-la abaixo, direto nas profundezas de sua alma.

—Não fale assim. — Se segurando nele, Isabelle sabia que era verdade, como sabia que daria sua vida por ele, sabia que sem ele, sua vida perderia a esperança.

Foram apenas dias desde que seus olhos o viram através desse bar. Menos de 48 horas, mas assim como seu avô já a havia avisado, quando encontrasse seu verdadeiro amor, saberia num instante, e teria que enfrentar a morte para mantê-lo.

Estava segurando apertado.

—Não me deixe, — ela precisava dele. Precisava de seu toque, seu beijo, mas mais que tudo, precisava saber que nada, ninguém podia chegar a quase separá-los novamente.

Levantando-se e indo para a cama, Malachi a deitou suavemente antes de se esticar ao lado dela e tomá-la em seus braços de novo.

Simplesmente para segurá-la.

—Nossos médicos já estavam voando para nossos testes, então provavelmente já estão com Ashley, — ele disse a ela enquanto estava tão próxima dele como as roupas permitiam. —O calor do acasalamento é diferente conosco que com os outros, e nossos cientistas estão trabalhando desesperadamente para descobrir o que faz e como amenizá-lo.

Isabelle balançou a cabeça. —Não quero saber. — E não queria. Queria olhar para ele, sentir seu calor, se permitir acreditar que estava realmente aqui com ele, que estava realmente em seus braços em vez de enfrentar o destino que Holden a teria mandado. —Não quero saber, Malachi. Esperei por você. Todos estes anos observei e esperei, sabendo, de alguma forma, que aquilo que teríamos seria diferente. Que valeria a pena as noites sozinha e os medos que eu tivesse do que eu perdesse você em algum lugar. — Ela deu um breve aceno. —Não quero perder isso.

O que tinham juntos, o calor de acasalamento, como chamavam. Era assim tão diferente, tão único do que com aqueles que não tinham a genética Casta? Ou era apenas uma forma amplificada, que eliminava o processo de espera, negação ou da fuga por medo como muitas pessoas faziam? A tecnologia parecia avançar, assim como os medos e os obstáculos contra o amor.

—Não quero perder um segundo do que somos, Malachi, — ela disse quando ele baixou a cabeça, os lábios tocando os dela. —Nem mesmo um segundo.

 

Tantas vezes só sonhei que você estava lá.

Então o sonho se tornou realidade...

 

O alfa da manada coiote, Del-Rey Delgado e sua Coya Anya estavam parados e em silêncio na sala de espera do hospital. Com eles, mais de trinta Castas coiote asseguravam uma pesada barreira de proteção, mantida entre o casal e a criança que o casal alfa transportava. A loira versão de olhos castanhos dele, em miniatura.

A Coya finalmente enxugou as lágrimas, mas seu rosto estava pálido, os olhos avermelhados. Cada Casta na sala de espera pulsava de raiva e fúria impotente. Não havia ninguém para golpear. Ninguém para matar pela dor de sua Coya e o pecado imperdoável de ousar silenciar o riso de Ashley Truing, seu sorriso rápido ou a esperança que representava para todos os Castas coiote vivos que ousaram se opor ao Conselho. Ela era a melhor e mais brilhante deles, de muitas maneiras. Sempre andava onde os anjos tinham medo de ir, jurando que queria viver a vida ao invés de combatê-la.

Del-Rey olhou ao redor da sala para fazer um balanço do número que se juntou a eles até agora. Ainda estavam chegando, chegando de todo o mundo para estar lá, apenas no caso de serem necessários.

Surpreendentemente, seu segundo em comando, Brim, estava lá também. Em pé sozinho e em silêncio no canto da sala, os braços cruzados sobre o peito, uma carranca profunda em sua expressão. Sentia-se responsável, Del-Rey adivinhava. Brim sempre carregou sobre si mais do que deveria, especialmente em relação às meninas.

—Quando Ashley tinha dois anos, teve uma febre que os médicos não conseguiam baixar, — Anya sussurrou enquanto estava ao lado dele. Sentada no sofá ao lado dela, Emma olhou para o chão. —Você se lembra da febre, Emma?

Emma acenou com a cabeça.

—Ela se recuperou, não foi? Quando todo mundo dizia que não. Ela é uma lutadora. Ashley quer viver, ela quer fazer compras e fazer as unhas e os cabelos. Ela adora isso.

A cabeça de Emma se ergueu. —Não, ela gosta do que faz, — sua voz raspou. —Ela ama você, o alfa, eu, Sharone, Marcy e Kate. Mas está convencida que vai morrer jovem e o mundo vai apenas perder uma Casta Coyote insignificante. — Os ombros de Emma balançaram com soluços silenciosos, e mais uma vez Anya se voltou para Del-Rey, o braço livre se envolvendo ao seu redor e a arrastando contra ele.

O ar de tristeza que pairava na sala de espera era um testamento silencioso do amor que todos tinham pela pequena mulher frágil, jovem demais que agia como se fosse feita de titânio, em vez de carne e osso.

Olhando por cima da cabeça de Anya para seu irmão mais uma vez, seu segundo em comando, Del-Rey viu como Brim levantava a cabeça para olhar para o teto, piscar rapidamente, antes de baixar o olhar para o chão novamente.

Ashley era a irmãzinha de todo mundo, e Brim tomou essa responsabilidade seriamente. Ele brincava, censurava e, muitas vezes balançava a cabeça sobre as travessuras da menina, mas era invariavelmente Brim quem convencia Del-Rey a dar a Ashley seus dias de SPA quando estava sendo punida por se colocar em perigo, ou para a aliviar e deixar que tivesse um novo par de sapatos quando se esquecia de completar alguma tarefa na Cidadela, a torre solitária na montanha com vista para Haven que a Casta coiote controlava.

E agora, Brim arcava com o ônus da culpa por permitir que viajasse para Window Rock, quando ela implorou tanto para visitar os amigos lá.

Não era como se ela fosse a única Casta lá. Castas Felinos e Lobo estabeleceram bases menores a convite da Nação Navajo, uma vez que seus laços genéticos foram revelados. Não era tão seguro como a Cidadela, Haven ou Santuário, mas era mais seguro que outros locais que ela podia ter pedido para ir.

Brim aprovou a viagem, e agora Ashley estava lutando por sua vida por causa de sua amizade e por tentar proteger a sobrinha do chefe Navajo.

Mudando o peso de sua filha em seu ombro, Del-Rey a entregou para sua tutora, Sharone, quando um recém-chegado entrou.

—Del-Rey. — Dane Vanderale, herdeiro do legado Vanderale e o híbrido do primeiro Casta conhecido concebido naturalmente se aproximou dele.

—Dane. — Não apertaram as mãos, mas quando os dois homens se aproximaram, agarraram os antebraços um do outro em camaradagem.

—Existe alguma coisa que podemos fazer? — O acento de Joanesburgo era mais grosso que o normal, um sinal claro que Dane estava furioso.

Del-Rey balançou a cabeça fortemente. —O homem que fez isso está morto. Não posso pensar em mais nada que possa ser feito a não ser que seja um milagreiro e possa acenar a mão sobre a ferida e saná-la.

Dane apertou seu ombro. —Que tal um presente menor. Meus homens rastrearam os dois soldados que estavam lá para levar a companheira de Malachi. Não tinham relatado o acasalamento, no entanto, e não vão colocar em risco nenhuma outra companheira.

O brilho selvagem que passou por seus olhos verdes assegurou a Del-Rey que os soldados não iam desperdiçar o valioso oxigênio por mais tempo também.

—Os identificou? — Del-Rey perguntou.

Dane fez uma careta pela pergunta, sua voz baixando. —São coiotes, Del. Do Conselho. Nunca foram parte da Cidadela.

O que era um pequeno conforto na melhor das hipóteses.

Passando as mãos sobre o rosto, ele se virou para sua companheira.

Anya estava lá, com os braços ao redor de sua cintura enquanto ele a puxava para seu lado.

Nesse momento, os médicos Katya Sobolov e Nikki Armani entraram na sala de espera. Mais de trinta Castas se viraram para elas, automaticamente se movendo e afastando para permitir que seu alfa e sua Coya as encontrasse.

—Doutores—Del-Rey acenou com a cabeça tristemente.

—Ela ainda está viva, — declarou Kátia, sua expressão pálida e exausta após as horas gastas em cirurgia.

—Mas? — Del-Rey completou. Jurava que podia sentir o que estava chegando.

Katya olhou para o lado por um momento, obviamente lutando contra suas emoções enquanto o cheiro da dor tocava seus sentidos e apertava seu peito.

—Mas as próximas 24 horas serão as mais difíceis para ela, — ela disse sombriamente. —Apesar de todas as suas bravatas e força, Ashley é muito delicada para uma ferida grave. Perdeu muito sangue, Del-Rey. — Sua voz se tornou uma lixa emocional. —A bala foi difícil de extrair, e fez uma série de danos por dentro — Sua respiração prendeu.

—Katya, suas emoções, — Nikki a lembrou friamente antes de girar para o alfa Casta lobo que voou com eles. —Wolfe, Katya precisa de algo quente e doce para beber. Está cansada.

Wolfe, com sua companheira, Hope, se aproximou da jovem médica, tirando-a da sala de espera delicadamente enquanto Nikki se voltava para os coiotes.

—Já vi muitos de vocês sobreviverem a feridas piores, — ela disse, sua voz ressoando com força e esperança. —Já vi mulheres muito mais fracas sobreviverem a coisas piores. Agora, sua sobrevivência depende dela e de sua vontade de viver. E sei que Ashley, confiem em mim, não quer que suas irmãs gastem o fundo que seu Alfa reserva para suas unhas e roupas em baboseiras.

Houve uma rodada geral de risos tensos até que Brim se empurrou pela multidão e deixou a sala de espera. O clima sombrio voltou mais uma vez.

—Não quero arriscar a transferindo para Haven ou a Cidadela até amanhã de manhã. Nesse tempo, vou precisar de um medi-jato carregado com este equipamento e à espera para levantar voo. — Ela entregou a Del-Rey sua lista. —Contate Haven e seu povo na Cidadela. Existem alguns materiais que só a Cidadela tem e que vamos precisar para o transporte.

Ashley não estava apenas saindo, esta era a mensagem que a médica estava dando.

Del-Rey pegou a lista antes de entregá-la ao administrador coiote ao lado dele. —Cuide disso.

O Casta assentiu rapidamente antes de sair.

—As emoções de Katya se romperam após a cirurgia, — Nikki suspirou. —Ela é um puro inferno na sala de cirurgia. Tão fria e precisa como qualquer cirurgião que já coloquei meus olhos. Mas desmorona enquanto está se limpando. Nunca a vi desmoronando assim, contudo.

—Ela cresceu com Ashley, —Del-Rey suspirou. —Às vezes, é difícil acreditar que são tão próximas em idade.

Nikki acenou com a cabeça em concordância. —Acredito que ela vai conseguir, Del-Rey, — disse em voz baixa. —É uma lutadora e é teimosa como o inferno. Isso é tudo que ela precisa.

Era a única esperança que podia oferecer.

Del-Rey se virou para os coiotes reunidos atrás dele. —Vamos levá-la para casa na parte da manhã, — ele anunciou. —Até então, qualquer Casta que brigar, se envolver numa briga física ou verbal com qualquer outro Casta ou humano, e de qualquer forma diminuir a proteção à Ashley ou nossa capacidade de protegê-la, vai responder a mim. Está claro?

Castas Coiotes podiam muitas vezes ser mais impetuosos que as outras espécies que foram ensinadas a ter paciência e lógica sobre a imprudência física.

—É claro, Del. —Um dos alfas da equipe balançou a cabeça com firmeza. —E se alguém precisar ser lembrado, então os alfas das equipes cuidam dele.

Orgulho surgiu através de Del-Rey. Esta era uma grande melhoria desde o mês passado, quando foi forçado a ter vários enforcers esfriando seus saltos numa cela humana por começar uma briga de bar. Os coiotes estavam crescendo, se adaptando, estavam amadurecendo, e a prova estava no rosto de cada Casta coiote lá.

—Tem um inferno de matilha, Del-Rey, — a voz de Dane ecoou com o respeito que Del-Rey e seus homens lutaram para conseguir. —Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa — o olhar de Dane ficou mais preocupado, sombrio. —Os Vanderales estão aqui por você. Bem-vindo à família.

Desta vez, foi um aperto de mão, e um que Del-Rey não esperava. Não que mostrasse. Inclinando a cabeça com aceitação calma, seu aperto de mão era firme, confiante.

A aceitação dos Vanderale era o último obstáculo para garantir a sobrevivência de seu povo. As empresas de Vanderale dotavam Haven e o Santuário com todos os seus brinquedos militares e contatos essenciais para muitos dos contratos de segurança militar que forravam os cofres dos Castas Lobos e Felinos. Del-Rey estava ansioso para se juntar à família, ganhar para seu povo o que os Castas Lobo e Felinas eram gentis o bastante para compartilhar com os coiotes. Queriam os seus próprios.

Respirando profundamente, se virou e deixou seu olhar deslizar pela sala ao longe e pela ala que sabia que estavam mantendo Ashley. Brim estava com ela, e era a melhor proteção que podia ter, mas Del-Rey doía para ver a jovem que veio a chamar de irmã.

Virando para onde Malachi e sua companheira sentavam num dos sofás agora, Del-Rey caminhou até eles. Infelizmente, o cheiro do calor estava, no momento, frio. Os hematomas e ferimentos de Isabelle eram de tal ordem que não só pôs em perigo sua vida, mas ameaçava a capacidade de Malachi desfrutar de sua companheira, até que ela se curasse. Mas o coiote parecia contente em cuidar dela. Como todos os companheiros Casta machos, sua devoção a ela era claramente aparente.

Castas não jogavam fora o que os homens humanos encaravam como concedido. Suas companheiras eram tudo para eles, e Malachi não era diferente.

Eles levantaram.

—Sinto muito, Del-Rey, — sussurrou Isabelle, a prova das lágrimas que foram derramadas se mostrando em seus olhos avermelhados. —Nenhum de nós esperava que Holden fizesse algo assim.

Del-Rey balançou a cabeça. —Não se culpe, — ele disse. Ele olhou para Isabelle e o esgotamento e hematomas em seu rosto. —Leve sua companheira para o hotel, Malachi, para que possa descansar. Não há nada mais que possa ser feito aqui. Vamos para casa no início da manhã.

—Vou levá-la, Alfa Delgado, — declarou Malachi. —E quando chegarmos à Cidadela, precisamos conversar. Há informações muito mais interessantes aqui do que qualquer um de nós imaginou.

A testa de Del-Rey se levantou. Mais informações? E pelo som, algo que não podia esperar.

—Amanhã à noite, — Del-Rey prometeu. —Até então, durma um pouco.

Quando se afastaram, Del-Rey sentou num sofá próximo e viu como seus homens começavam a filtragem da sala de espera, se movendo para encontrar seus hotéis, uma refeição ou uma bebida. Só orou que conseguissem ficar fora dos problemas.

Ele acrescentou uma oração à outra. A oração que Ashley logo estaria brilhante e vivaz novamente. Porque se alguma coisa acontecesse a ela, Del-Rey temia que a guerra entre as Castas e o restante do Conselho só esquentaria ainda mais. Ashley era bem amada por todas as matilhas e bandos, considerada uma irmã pequena, irritante às vezes, e representava todos os seus sonhos de futuro. Porque Ashley ria. Brincava. Começava brincadeiras. Mas, ainda mais, Ashley lembrava tudo que queriam que seus filhos fossem.

Cheia de diversão e cheia de vida.

Perdê-la poderia muito bem fazer pender a balança e mudar a guerra silenciosa com o Conselho, e o mundo veria isso claramente na cor de sangue.

E isso era algo que nenhum deles podia pagar.

Dois dias depois

Malachi passou seus lábios sobre o ferimento no rosto de sua companheira enquanto ela estava diante dele, nua, excitada. Nos últimos dois dias estiveram livres do calor de acasalamento, as lesões sofridas por seu corpo, evidentemente, graves o suficiente para que melhorasse os efeitos do calor.

As glândulas sob a língua não incharam, o hormônio ausente até que acordou minutos mais cedo. Agora, estavam totalmente inchadas, seu pau intumescido, a fome latejando, golpeando através de seu sistema, levando a fome intensa que afetava os Castas e seus companheiros durante o calor do acasalamento.

Ele não era o único afetado. Sua companheira estava se movendo contra ele, suas coxas apertando as dele, o calor úmido do sua boceta esfregando contra ele. O broto de seu clitóris inchado raspava aquecido contra sua coxa enquanto suas unhas afiadas se enfiaram em seus ombros.

Seus lábios vaguearam ao longo de sua mandíbula, em seguida, nos lábios, provocando ambos com a necessidade do sabor da paixão ardente entre eles.

—Você está me matando, — ela sussurrou, se arqueando para ele, os mamilos duros queimando em seu peito enquanto ele roçava os lábios sobre os dela.

—Eu senti falta de você, companheira.

O hormônio não o tinha atormentado, mas sua necessidade por ela ainda estava lá, o mantendo semi-excitado e muito consciente de seu corpo nu contra ele todas as noites.

Ele roçou os lábios contra os dela novamente, gemendo, enquanto mordiscava os dele, o desafiando a beijá-la como precisava. Inclinando a cabeça, deu uma prova à sua fome, ainda se contendo, retornando ao outro, quando gemeu sob ele, as unhas raspando suas costas.

A alfinetada de sensação foi sua ruína. Adicionada à fome rasgando brutalmente entre eles, Malachi abriu os lábios contra os dela, abrindo os dela, sua língua entrando quando ela o tomou com um faminto rosnado feminino próprio.

Isabelle choramingou de prazer, se torcendo contra ele, seus mamilos lixando contra seu peito, aumentando a fome que queimava atacando o resto do seu corpo.

Apertou os lábios em torno de sua língua quando a impulsionou dentro e fora de sua boca, lutando pelo gosto do hormônio de acasalamento que derramava de sua língua. Essa qualidade exclusiva, sutil, viciante do calor acasalamento empurrava a fome, golpeando através dela muito mais alto.

Ela precisava dele.

—Agora, — gritou quando ele a puxou de volta para roubar ásperos beijos famintos nos lábios, apenas antes que virasse a cabeça para provar sua mandíbula, os dentes lixando contra seu pescoço. —Não espere, Malachi. Preciso de você.

Ele precisava dela tão desesperadamente.

Isabelle abriu suas coxas enquanto ele se movia, ansiosamente apertando seus quadris com os joelhos quando se acomodou entre eles, a largura pesada de seu pênis pressionando entre as dobras inchadas de sua boceta.

O primeiro jorro do fluido pré-seminal aqueceu a entrada, flexionando os músculos, ordenhando contra a ponta excessivamente ampla, uma vez que começou a empurrar dentro dela.

O segundo jorro precedeu o primeiro impulso raso que enterrou a ponta dentro das profundezas ardentes de seu sexo. Recuando, empurrando mais uma vez, outro jorro aliviou a tensão natural dos apertados músculos ainda mais para dentro.

Cada jato de líquido era seguido por um profundo impulso, um sensual prazer-dor, que a deixou clamando, se arqueando para ter mais, o sentir mergulhando dentro dela, tomando-a com o desespero faminto que queimava através de ambos.

Em cima dela, seus dedos se fecharam na sua cintura quando deu um gemido pesado e se enterrou inteiro. Profundo, emocionante, um impulso que desbloqueou o controle que vinha cuidadosamente mantendo.

Seus lábios se enterraram na curva do pescoço quando começou a se mover, empurrando fortemente dentro dela, a tomando até a base de seu pênis a cada mergulho de seus quadris enquanto Isabelle abria mais suas coxas para tomá-lo ainda mais profundo. Os joelhos prenderam seus quadris, seus quadris sacudindo mais, gemidos escapando de sua garganta enquanto ela sentia o prazer subindo rápido e forte. Não houve como se conter. Não havia como parar essa necessidade ardente e faminta.

Era como se tivesse passado uma vida desde que a tomou. Uma vida inteira desde que foi capaz de segurá-la como precisava. Seu orgasmo subiu, empurrando mais através de seus sentidos, inundando-os com as sensações correndo através deles.

Suas estocadas se tornaram mais duras, mais rápidas. Cada golpe áspero acariciando terminações nervosas sensíveis de forma tão violenta que não havia como ela poder se reter por mais tempo.

Seu orgasmo se apressou sobre eles. Como uma tempestade de fogo fora de controle explodindo, consumindo tudo à sua passagem. Êxtase era o incêndio que enchia sua mente, seus sentidos explodindo através de cada célula de seu corpo quando ela sentiu o primeiro jorro duro de seu orgasmo e o inchaço pesado que a esticou, queimou e fez o catastrófico êxtase puro a rasgando.

Com os dentes presos na base do seu pescoço, Malachi estremecia a cada jorro de sua própria liberação. O pulso de sêmen era outra carícia, outra explosão queimando através dela.

Quando aliviou, estavam exaustos, sua respiração dura no silêncio escuro do quarto, enquanto Isabelle ouviu seus próprios gemidos escapando pela garganta a cada pulso renovado da incrível sensação causada pelo inchaço que latejava contra terminações nervosas uma vez escondidas.

Poderia viver sem isso, sem ele?

Ela esperou por muito tempo, viu as noites de muitos anos, e sonhou muito profundamente em ter esse algo, essa emoção tão desconhecida que a inquietava e atormentava.

Não queria viver sem ele agora.

Sonolenta, pronta para mergulhar de novo no sono, Isabelle gemeu pela perda quando sentiu o inchaço diminuir e ouviu os gemidos de prazer de Malachi quando escorregou dela e caiu na cama ao seu lado.

Ele a puxou contra ele, o calor de seu corpo a protegendo, se envolvendo em torno dela enquanto suspirava pelo final perfeito para a fome que a queimou tão brilhante e quente. Sua mão deslizava ao longo do seu ombro, empurrando atrás as pontas de seu cabelo úmido quando a beijou delicadamente na têmpora.

—Del-Rey me chamou enquanto você estava dormindo — disse com sua voz ainda mais escura, mais profunda pelo gozo que acabavam de partilhar.

—Ashley? — O medo de repente se intrometeu, seu olhar se erguendo para o dele com a ideia da luta que sua amiga travava para simplesmente viver.

Eles já a tinham quase perdido por duas vezes. Os médicos dos Castas Lobo e Coyote lutaram desesperadamente para mantê-la com eles. A trouxeram de volta a cada vez, então sentaram chorando com as fêmeas alfa das matilhas e bandos quando desmoronavam pelo medo e desespero de cada batalha forjada.

—Ela acordou algumas horas atrás, — disse a ela. —Estava perguntando por você. — Ele a segurou imóvel quando ela tentou levantar. —A Dra. Sobolov pediu que esperasse até de tarde para entrar e vê-la. Ainda está fraca e cansa facilmente. Sua transferência de volta para a Cidadela foi adiada novamente. Del-Rey não quer arriscar uma recaída ou quaisquer complicações. Ele está esperando até que ela esteja bem o suficiente para viajar sem as máquinas que a ajudam a viver.

—Ela vai ficar bem? — Sussurrou desesperada, a culpa pelos ferimentos de sua amiga a esfolando como um chicote duro.

—Ela vai ficar bem. — A ponta de alívio em sua voz a tranquilizou agora. —Sua recuperação não vai acontecer da noite para o dia, como descobrimos pelas lesões do alfa felino quando levou um tiro no peito um ano atrás, e pode haver complicações enquanto se cura, mas vai se curar.

Lágrimas encheram os olhos e deslizaram por seu rosto, apesar de sua batalha para segurá-las. Malachi as enxugou com a ponta de seu polegar antes de colocar um beijo no canto dos lábios.

—Não foi sua culpa, Isabelle, — ele sussurrou, e não pela primeira vez. —Nada disso foi culpa sua.

—Eu deveria ter dito a alguém, — ela chorou quando um soluço rasgou dela. —Deveria tê-lo matado eu mesma. Alguma coisa. Algo que impedisse isso de acontecer.

Malachi balançou a cabeça. — Algumas coisas se não pode impedir, querida. Ashley estava correndo rápido e duro para um fim improvável. Desta forma, foi contida e estávamos perto o suficiente para garantir que tivesse o mais rápido possível assistência médica. Tem sido tão imprudente ao longo dos últimos meses, que seu alfa a mantém acorrentada a ele na base, sempre que possível.

Os lábios de Isabelle tremiam. —Ela só quer viver, Malachi. Quer tanta experiência, e sente que há tão pouco tempo.

—E quer cortar esse tempo incrivelmente curto, — ele suspirou. —Talvez ela desacelere agora. Apenas um pouco.

Enfiando a cabeça no seu ombro, agradeceu a Deus mais uma vez que sua companheira estava segura em seus braços. Holden Mayhew quase a levou. Ele quase a perdeu para a pesquisa depravada que o Conselho ainda mantinha.

—E agora? — Isabelle perguntou. —Para onde vamos a partir daqui?

Ela não queria deixar sua família, ou a Nação, ele sabia disso. E ele não tinha vontade de tirá-la de lá.

—Já temos presença aqui, bem como uma sub-base. — Ele deu de ombros. —Sei que Jonas está à procura de alguém que lidere aqui. Fiz uma solicitação para o trabalho.

Ela sentou. Felicidade súbita e aquecida encheu seus sentidos pela esperança que brilhou em seus olhos.

—Não temos que ir embora?

—Só quando necessário, — ele prometeu. — Somente se o perigo aumentar. Mas tenho a sensação que sua família vai garantir que eu tenha a ajuda que precisar para protegê-la.

Ele sabia que o fariam. Ela era um tesouro para eles, assim como sua irmã, e Malachi encontrou sua própria aceitação com eles. Família, seu pai disse. Ele era agora uma parte deles.

—Eu te amo, Malachi, — ela sussurrou, se inclinando para ele, seu cabelo caindo em torno de seu rosto enquanto roçava os lábios sobre os dele. —Com todo meu ser, eu te amo.

—E eu te amo, Isabelle, — jurou. —Você é meu sopro de vida. Sempre.

—Sempre, — ela sussurrou contra seus lábios. —Eu amo o som de sempre, Malachi.

—Sempre.

Sussurrou a promessa de sua fome, seu amor e os sonhos que enchiam suas vidas.

Era para sempre.

 

 

                                                                                                    Lora Leigh

 

 

 

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