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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


Vampiros Na América / Vol. 4
Vampiros Na América / Vol. 4

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

Malibu, Califórnia
Raphael estava se afogando, preso em um redemoinho de dor e perda… Muita perda, sugando-o para baixo, cacos de gelo girando, cortando como navalhas em sua alma. Ele enfureceu-se com os laços que seguravam-no, preso em um pesadelo enquanto sua Cyn chorava, suas lágrimas quentes contra a pele do seu peito, rasgando o que restava de seu coração. O sol impiedoso o obrigava a dormir enquanto uivava em silêncio, as vozes de seus mortos exigindo vingança contra aqueles que os tinham destruído.
Cinco séculos de idade, sendo o vampiro mais poderoso da terra… E mesmo assim ele só poderia esperar.
As horas se passaram, e depois os minutos.
O sol ainda era uma mancha no horizonte quando ele quebrou as correntes da luz do dia que o mantinha prisioneiro. Sentou-se e seus braços circularam Cyn, segurando-a perto, puxando-a para seu colo e murmurando palavras sem sentido de tranqüilidade. Ele alcançou mentalmente seus vampiros, os que ainda estavam dormindo e aqueles apenas acordando, mas especialmente Duncan que estava perto o suficiente e era forte o suficiente para ter sentido a borda cortante do pesadelo de Raphael. Um pesadelo que era muito real.
Cyn virou a cabeça para cima, estudando-o à luz da lâmpada, seus
olhos vermelhos e inchados, o rosto lindo cheio de listras de lágrimas. Ele beijou seus olhos, sabendo que seu próprio rosto estava molhado de sangue.
— O que foi isso? — ela exigiu. — Você estava com dor, Raphael. Você está sangrando!
— Lágrimas, lubimaya, apenas lágrimas. Dois dos meus morreram, suas vidas roubadas…
Do outro lado da sala seu telefone celular tocou. Cyn sacudiu, girando em seus braços para olhar para o dispositivo como se ela nunca o tivesse visto antes.
— Quem? — ela perguntou com medo.
— Provavelmente é Duncan ligando. — ele disse suavemente. — Preciso falar com ele. — Levantou, ainda segurando-a com força, sentindo seu medo por ele, querendo tranqüilizá-la, mas também sentindo a necessidade do conforto de tê-la pressionada ao seu lado, seu coração batendo forte e seguro… E vivo. Ele atravessou a sala rapidamente, um braço ainda segurando Cyn quando ele pegou o celular no terceiro toque.
— Duncan. Marco e Preston se foram. Contate Seattle e diga-lhes que estamos chegando.

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Capítulo 1
Norte de Seattle, Washington
Colin Murphy deslizou quando fez a curva para a calçada estreita. O cascalho novo tinha sido colocado aqui há uns dois anos atrás, mas a chuva tinha lavado muito, deixando buracos grandes o suficiente para engolir pequenos animais. O caminhão mergulhou para um lado e ele agarrou o volante, seus pneus deslizando sobre a superfície irregular antes do 4X4 pesado atolar e seguir em frente. Diga o que quiser sobre carros americanos, ele pensou consigo mesmo, mas ninguém fazia uma caminhonete melhor. Ele deu um tapinha no painel de instrumentos quando se inclinou para frente, olhando através da chuva molhando o pára-brisa.
Lillian Fremont telefonou para dizer que tinha ouvido tiros por aqui. Colin não era realmente um oficial da polícia - era mais como um segurança privado qualificado - mas a população de Cooper’s Rest lhe pagava para lidar com incidentes como este, de modo que ele estava preparado quando saiu do carro. Ele realmente não sabia o que esperar, no entanto. A Sra. Fremont tinha sido inflexível sobre o que ela tinha ouvido, mas a mulher tinha mais de 90 anos de idade e sua casa estava a alguns bons quilômetros de distância. Claro, ele reconhecia que o som era uma coisa estranha, e estando situada como ela estava, no lado oposto da floresta, era possível que ela pudesse ouvir bastante bem por lá. Especialmente se o que ela lhe disse fosse verdade.
Claro que, na sua experiência a maioria das pessoas não sabia como eram os sons de tiros verdadeiros, esperando que fossem parecidos com o que ouviam no cinema e na televisão. Mas esta não era a cidade grande. A maioria das pessoas aqui tinha armas próprias e sabia em primeira mão sobre tiros.
E gritos praticamente soavam o mesmo, em qualquer lugar.
A casa de Jeremy entrou à vista, um estilo mais novo de rancho, com teto alto e um telhado retardador de fogo. As persianas estavam fechadas nas janelas, mas ele esperava por isso. Jeremy era um vampiro, afinal de contas, de modo que a luz do sol não era uma prioridade. Por outro lado, a companheira de Jeremy, Mariane, era humana e Colin a tinha visto na cidade muitas vezes durante o dia para saber que ela nem sempre dormia com seu amante.
Colin parou em frente à casa, os olhos verificando a área e seus dedos automaticamente desligando a ignição. Ele estava com um mau pressentimento sobre isso. E se ele tinha aprendido uma coisa em 12 anos como um SEAL da Marinha, era para confiar em seus pressentimentos. Especialmente os maus.
Ele abriu a porta silenciosamente e saiu, ficando perfeitamente imóvel por um momento para ouvir. Não havia nenhum som. Nenhum, exceto o tamborilar da chuva sempre presente.
Andou em direção à traseira do seu veículo, seu olhar nunca deixando a casa em silêncio na frente dele. Ele pegou sua Sig Sauer P228 de onde estava, em seu coldre no quadril direito e a destravou, baixando os olhos apenas o suficiente para verificá-la cuidadosamente antes de tapá-la de volta com a facilidade da longa prática. Abrindo o porta malas, ele se inclinou para pegar uma espingarda Benelli M4 S90 - uma espingarda de combate concebida para matar seres humanos. Ou vampiros.
Colin fechou o porta malas, inclinando o seu peso contra ele para que fechasse com um clique silenciado. E ainda nenhum som da casa.
Ele não gostava disso. Não gostava nada disso. Tinha que ser quase anoitecer. Era difícil dizer, por vezes, com a pesada cobertura de nuvens, e ele não tinha exatamente consultado o almanaque de fazendeiro esta manhã para descobrir a hora exata do pôr do sol. Mas tinha de estar perto, e ele com certeza não queria estar em torno da casa de Jeremy quando o vampiro saísse para a noite, com fome e provavelmente chateado se ele encontrasse Colin à espreita sem ser convidado.
Mas ele não poderia ir embora. Não com aqueles gritos que a Sra. Fremont havia relatado.
Balançando a cabeça, Colin circulou ligeiramente à esquerda da casa. Não encontrando nada de errado, ele cruzou para a direita e manobrou através das árvores aglomeradas em torno da casa. A parte traseira da casa apareceu e ele pode sentir os músculos do estômago cerrarem quando a adrenalina inundou seu sistema.
Porra. A Sra. Fremont não estava errada.
A porta dos fundos, o que restava dela, estava escancarada, parecendo como se alguém tivesse usado um machado para isso. Não havia outra explicação. Era feita de madeira pesada e sólida e nem sequer tinha uma janela decorativa - ou tinha sido feita assim. Nada além de cacos e lascas de madeira foram deixados, pendurados tortos das dobradiças pesadas. Jeremy era muito sério sobre sua segurança, todos os vampiros eram, alguém sabia que deveria vir preparado. Mas quem quer que fosse, Colin tinha certeza que estava muito longe. Não havia nenhum som vindo de dentro da casa.
Ele aproximou-se cuidadosamente de qualquer maneira, se movendo ao longo da casa pela parede dos fundos, bem abaixo das altas janelas estreitas. Quando ele alcançou o alpendre de madeira, ele lançou a cabeça para fora para um rápido olhar oblíquo no interior antes de olhar para cima. Um painel triangular alto acima da porta de vidro havia sido destruído, espalhando tudo ao redor. O vidro no chão fez barulho sob suas botas e ele fez uma pausa, esperando uma reação. Mas não havia nenhuma. Com a espingarda na mão, ele entrou rapidamente na casa passando pela porta. A cozinha mostrou ainda mais destruição, provavelmente com o machado, pratos quebrados, geladeira entreaberta e mancha de sangue sobre o chão na frente dele. Ver o sangue sugou o ar de seus pulmões até que ele percebeu que era a fonte de alimento de Jeremy, eram sacos de plástico de doadores, rasgados e espalhados.
Jeremy precisava de sangue além do que Mariane poderia fornecer? Aparentemente, sim. Ou talvez tenha sido para os hóspedes. Quem sabia?
Colin deu um passo cauteloso em direção ao arco do outro lado da cozinha, ciente do chão escorregadio. A próxima sala era muito maior, alta, cheia de móveis. Um grande centro de entretenimento levava até uma parede inteira, agora explodida em pedaços, como todo o resto. Colin observou o cômodo com cuidado, consciente de uma sensação de mal estar se construindo em seu intestino. Onde estava Mariane?
Ele entrou no corredor do fundo. Havia apenas três portas aqui, duas delas abertas. Uma era um banheiro, obviamente vazio, mas ele olhou de qualquer maneira. O segundo era um escritório, o equipamento e arquivos derrubados no que era até agora um padrão familiar de destruição. O equipamento derrubado nesse cômodo valia centenas de dólares, o que o fez achar que isso não era um caso típico de invasão e roubo. Ou isso ou eles tinham estado à procura de algo mais do que eletrônicos fáceis de levar.
Colin recuou e olhou para a porta final.
— Merda. — Ele murmurou e fez o seu caminho pelo corredor.
A porta estava fechada, mas não trancada. Colin pausou por um momento, ouvindo e não escutou nada. Ele ficou para trás contra a parede e empurrou a porta com os dedos da mão. Um olhar rápido mostrou mais do mesmo, um quarto e tudo nele destruído. Ele deu um passo através da porta e imediatamente colocou uma parede às suas costas.
— Ah, merda. — Jurou suavemente.
Mariane estava no meio de uma grande cama, encharcada de sangue, com lençóis abaixo dela. Colin fechou os olhos por um instante, fazendo uma varredura da situação, preparando-se para o que tinha que ser feito. Cada instinto humano que possuía lhe dizia para correr para o lado dela. Em vez disso, ele saiu do quarto, entrando no closet e banheiro anexo antes de cruzar para a cama e apoiar a espingarda ao alcance.
— Quem fez isso com você, menina? — ele murmurou.
Ela tinha sido espancada, torturada, com os braços e as pernas cobertas com rasos cortes de faca, destinados a doer como o inferno sem matar a vítima. Nenhum dos cortes individuais seria fatal, mas o efeito cumulativo de tantos… Eles a deixaram deitada nua, as pernas bem abertas. O sangue e hematomas em suas coxas e área vaginal disseram-lhe que ela tinha sido estuprada, e Colin rangeu os dentes contra uma onda de raiva tão forte que quase o deixou de joelhos.
Se ela estava respirando, ele não poderia ver, mas se inclinou e colocou dois dedos contra o pescoço dela, não esperando encontrar nada para além da confirmação do que ele já acreditava ser verdade. Em vez disso, ele sentiu um pulso fraco lá, ela estava viva!
Ele se endireitou imediatamente, puxou o telefone celular do cinto e com velocidade discou 911. O centro mais próximo de trauma estava a uns bons 100 Km de distância, e a maioria da estrada era montanhosa, mas ele não sabia mais o que fazer, quem mais chamar. Ele sabia sobre medicina no campo de batalha, passou centenas de horas em sessões de treinamento. Ele havia lidado com corpos dilacerados por armas de fogo e explosivos, mas isto… Ele forçou-se a olhar clinicamente, a ignorar a natureza brutal do ataque. Okay. Choque era, provavelmente, o maior inimigo dela agora. Ele procurou algo para cobri-la, precisava aumentar a sua temperatura corporal e mantê-la aquecida. Mas tudo o que podia ver eram lençóis tão ensanguentados quanto ela. Toalhas. Ele correu de volta para o banheiro, enquanto esperava o operador do 911 atender. Provavelmente, seria o inferno para qualquer equipe forense…
— 911 qual o seu problema? — O resto de sua pergunta foi perdida quando o rugido de um bravo vampiro encheu a casa.
Capítulo 2

Colin deu dois passos rápidos para longe da beira do leito, agarrando a espingarda. Num piscar de olhos, Jeremy estava na sala, as presas totalmente distendidas, os olhos piscando fogo vermelho enquanto ele enfrentava o invasor.
— Jeremy. — disse Colin uniformemente. — Você me conhece. Você sabe que eu não fiz isso.
O vampiro olhou por todo o quarto, seus movimentos estranhamente graciosos, deslizando para frente como um gato grande. Ele resmungou baixinho, ameaçadoramente, mas seu olhar continuou indo para Mariane, a angústia substituindo a raiva em seu rosto.
— Eu estou chamando uma ambulância, Jeremy. Deixe-me obter alguma ajuda para ela.
A cabeça do vampiro girou, com o olhar frio e mortal, apesar do fogo que queimava lá.
— Você a toca e eu mato você, humano. Não preciso de sua ajuda.
Mais rápido do que Colin poderia seguir, Jeremy foi à beira do leito, levantou Mariane em seus braços, lágrimas de sangue escorrendo pelo rosto quando viu o que eles tinham feito para ela. Um lamento baixo subiu de sua garganta, aumentando o volume até se tornar um uivo furioso.
— Haverá justiça para isso. — ele rosnou, seu olhar fixado em Colin novamente. — Guarde minhas palavras, humano. Isto vai ser vingado.
E então ele se foi, nada mais do que um borrão de movimento e um ruído, a porta da frente batendo na parede na sala de estar.
— Bem, merda. — Colin sussurrou. Ele abaixou a cabeça e apenas respirou, deixando seu corpo se recuperar de uma descarga de adrenalina por tudo o que ele tinha sentido desde que entrou na casa.
— Jesus Cristo. — Ele respirou fundo e ligou para o 911 novamente cancelando a chamada anterior. Então, ele caminhou para fora até seu carro e pegou seu equipamento. Jeremy podia não querer sua ajuda, mas ele estaria ajudando de qualquer maneira. Esta era uma cena de crime e Colin era a coisa mais próxima que eles tinham de um departamento de polícia em Cooper’s Rest. Não que ele fosse um policial de verdade, oficialmente. Legalmente, ele não era mais que um segurança privado, que significava neste caso, estar sob a jurisdição do Município. Mas o povo daqui não queria o xerife ou ninguém cutucando seus assuntos, e da parte dos vampiros esse sentimento era duas vezes mais forte, já que proteger sua privacidade era uma bela arte. Por isso o conselho da cidade o nomeou em primeiro lugar. Ele não tinha ido à qualquer academia de polícia, o mais próximo que ele teve foram algumas aulas de criminologia na faculdade. Mas ele estava qualificado para lidar com praticamente todas as armas que existiam e poderia colocar um homem ou uma mulher no chão, independentemente do seu peso ou formação. Ele também tinha a capacidade e a confiança para lidar com isso, que era o que ele pretendia fazer.
Cooper’s Rest era a sua casa agora, o lugar onde ele tinha de alguma forma estado, após deixar a Marinha. Esta pequena vila ao norte do estado de Washington era tão longe de onde ele cresceu como era possível, mas era um lugar calmo e silencioso, cheio de pessoas, na maioria boas, que queriam ficar sozinhas. E lhe convinha muito bem.
Mas agora alguém tinha invadido este lugar pacífico, invadiu sua casa, e Colin não era o tipo de homem de sentar e esperar que alguém fizesse justiça. Ele iria encontrar quem tinha feito isso e quando o fizesse, não ia se preocupar com a leitura de seus direitos.
Capítulo 3

Vancouver, British Columbia

Sophia segurou as bordas dos braços, as unhas fazendo buracos no couro fino. Ela odiava voar. Ela especialmente odiava voar durante as horas do dia, odiava confiar sua vida a seres humanos. Ela podia ter quase três séculos de idade, mas isso não queria dizer que vivia no passado. Ela assistia à CNN e lia os jornais. Ela sabia como muitas vezes esses aviões caíam do céu, junto com seus pilotos humanos e, talvez, passageiros vampiros.
Era possível, ela pensou, que um vampiro sobrevivesse a um acidente. Possível, mas não certo. Definitivamente não era uma teoria que ela desejava testar, nem ela queria saber se um vampiro poderia respirar debaixo de água pelo tempo que levaria para chegar a terra, se o avião caísse no meio do oceano.
Não que esse resultado particular fosse um problema neste ponto. O oceano não estava mais embaixo dela. Também o sol já não estava brilhando do outro lado da parede fina do avião como tinha estado durante grande parte da etapa anterior de sua viagem, que teve início em sua casa no Rio de Janeiro para uma parada em Toronto. Ela agradeceu aos deuses que sorriram para os vampiros, porque ela pelo menos tinha os recursos para viajar de avião privado, um com compartimento de sono adequado para as suas necessidades durante a luz do dia.
É claro que teria sido ainda mais conveniente se ela tivesse sido capaz de voar do Rio, para o Texas, ou até mesmo para o México, e ir de lá para Vancouver. Ela poderia ter limitado o seu tempo de vôo às horas de escuridão. Mas os vampiros norte-americanos, ao contrário daqueles na maioria da América do Sul, eram obsessivamente territoriais. Ela não podia nem passar por um dos seus aeroportos estúpidos sem obter autorização, algo que ela não estava disposta a fazer. Não para esta viagem.
Havia demasiadas incógnitas dessa vez. Ela não sabia o que o seu criador, Lucien, queria. Não sabia por que ele havia emitido uma convocação tão urgente e, em seguida, tinha desaparecido antes que ela pudesse até mesmo falar com ele. Mas tinha havido uma nota inegável de desespero no apelo mental dele, um desespero reforçado pelo fato de que ele a tinha contatado. Lucien era seu criador, e a sua lealdade era só dele, mas ela não tinha falado com ele em meio século. E agora isto. O que quer que isto fosse.
O avião correu aterrisando no chão e ela fechou os olhos, sentindo cada solavanco, pois finalmente havia chegado. Sophia soltou um profundo suspiro de alívio e sussurrou uma oração supersticiosa de graças ao Deus de sua infância, pois ela havia sobrevivido mais uma vez.
Ela só esperava que pudesse também sobreviver ao que Lucien tinha esperando por ela.
***
— O que quer dizer, você não sabe onde ele está? — Sophia exigiu sombriamente.
— Nós precisamos de um tradutor? É esse o problema, Sophia? Não sei onde caralho ele está, ok? Ele não faz exatamente check-in comigo.
Sophia nivelou um olhar ao vampiro sentado em frente a ela. Darren Yamanaka era tenente de Lucien. Em nome apenas, ela pensou ferozmente. Ela poderia esmagá-lo como um inseto. Ela, provavelmente, iria apreciá-lo na verdade. Seus olhos se estreitaram avaliadores, mas Darren encontrou o seu olhar sem vacilar. Ele não era tão poderoso quanto ela era, mas não era fraco também. E ele tinha coragem. Ela daria isso a ele. O que ele não tinha era a menor idéia sobre o paradeiro de seu criador.
— Quando foi a última vez que o viu? — Ela perguntou forçando a paciência.
— Eu já lhe disse, e não importa quantas vezes você pergunte, a resposta será a mesma. Lucien saiu pela porta há oito dias. — Ele apontou dramaticamente por toda a grande sala de conferências e pelas portas abertas para as pesadas portas da frente da sede de Lucien em Vancouver. — Ele disse que estava indo encontrar mais uma das suas mulheres. Você, de todas as pessoas, deve se lembrar de como Lucien gosta de suas mulheres.
Sophia reteu o rosnar crescente em sua garganta, forçando a se manter calma. Ela não tinha voado do outro lado do mundo, arriscando sua longa vida imortal, para perder a paciência com este insignificante macho. Todo mundo sabia que Lucien amava as mulheres. Inferno, Lucien amava os homens, também. Mas o fato de Sophia ter sido sua amante, e que ele a fez uma Vampira porque tinha se recusado a perdê-la para o envelhecimento e fragilidade humana… Não era algo que todos sabiam. Embora, Darren claramente sabia. Lucien tinha lhe dito antes de desaparecer, o bastardo.
— Ele estava sozinho quando saiu? Nem mesmo um guarda-costas?
— Não. — Darren admitiu relutantemente. — Ele costumava levar alguém com ele, mas não desta vez. Ele alegou que a mulher era alguém que conhecia há muito tempo, que era seguro. E que ele poderia se defender se fosse preciso. Argumentei com ele. Mas… Você conhece Lucien.
Ela conhecia Lucien. Ele era bonito, brilhante, totalmente encantador, e às vezes um idiota completo. Especialmente se tivesse uma mulher envolvida.
— Por que você acha que ele me chamou?
— Eu não tenho a menor idéia. Não sei nem se ele realmente o fez. É muito conveniente que Lucien desapareça e agora você apareça. Quanto tempo é que foi, Sophia?
— Não o suficiente, Darren. — disse ela com doçura, antes de sua voz endurecer. — Mas se você está sugerindo que eu de alguma forma prejudiquei o nosso Sire, você deve dizer adeus a quem quer que seja tolo o suficiente para se importar com você porque eu vou matá-lo onde estiver.
Ele levantou-se, inclinando-se sobre a mesa com os olhos brilhando amarelo. — Você pode tentar, cadela.
Sophia sentiu o poder dele pressionando contra ela, sentiu seu próprio surgindo para responder. Ela também se levantou, combinando sua agressiva posição, e pressionou apenas o suficiente para ele sentir o peso do mesmo.
Darren arregalou os olhos com surpresa, e ele congelou por um completo minuto antes de lentamente afundar em sua cadeira. Seu olhar estava voltado para ela, como um animal que acaba de descobrir um predador escondido em seu ninho.
Sophia sorriu agradavelmente e sentou-se, satisfeita por agora. Ela não queria matar Darren. Não se pudesse evitá-lo. O que ela queria era encontrar Lucien e descobrir o que diabos estava acontecendo.
— Você já procurou por ele? — ela perguntou com uma voz suave.
Darren piscou, depois disse: — Claro que sim. Nós todos temos procurado. Ele está vivo, você sabe disso. É estranho, entretanto…
O olhar de Sophia estreitou. — Estranho? O que é estranho?
— Já procurou por ele desde que você chegou na cidade?
Ela franziu a testa, intrigada. — Não, não tentei.
— Tente. Então me diga o que você encontra.
Sophia considerou o vampiro em silêncio. Obviamente, ela não podia confiar nele, mas sua preocupação por Lucien parecia real o suficiente. E havia definitivamente algo estranho sobre tudo isso.
— Existe algum lugar seguro? — ela perguntou abruptamente.
A busca minuciosa pelo seu criador exigiria um nível de consciência que era quase uma meditação. Ela estaria vulnerável a ataques, especialmente nesta casa.
Darren assentiu. — Eu vou te mostrar.
Sophia esperou até que Darren a deixasse, em seguida, trancou a porta e juntou sua própria barreira de poder para garantir. Ela esperou mais tempo ainda, até que os passos do outro vampiro tivessem enfraquecido e ela já não podia senti-lo perto. Então, ela virou-se para considerar o que era claramente um retiro privado de Lucien. A marca da presença dele estava em todo lugar aqui, e ela foi atingida por um desejo tão repentino e tão forte que era uma dor física, como se seu coração parasse de bater por um momento. O que tinha acontecido? E se alguém tinha de alguma forma derrubado o poderoso vampiro que era o seu Sire? Ele estava morrendo, agora mesmo, definhando enquanto ela ficava aqui desperdiçando o pouco tempo que lhe restava? Ela balançou-se ligeiramente e atravessou a sala, abrindo as portas para a varanda.
Apoiando-se contra o frio e vento, ela estava em uma varanda acima da cidade. O escritório de Lucien era no terceiro andar de sua mansão, na parte superior de uma das mais íngremes colinas circundantes de Vancouver. O céu estava escuro, apenas a estrela ocasional ou vislumbre da lua quebrava a escuridão. Ela queria o calor de sua casa do sul, o pulso familiar de vida e vitalidade. Ela olhou nas luzes cintilantes abaixo. Embora, ela pensou, Vancouver tivesse um impulso próprio. Diferente, mas não menos vivo.
Seu olhar esquadrinhou o horizonte. Ela tinha que admitir que Darren estava certo, este era o local perfeito para procurar seu mestre. Apesar dos sentimentos do outro vampiro por ela, ele parecia genuíno em seu desejo de ajudá-la a encontrar Lucien. Talvez ele amasse seu Sire tanto quanto ela, depois de tudo.
Puxando uma respiração profunda, Sophia fechou os olhos e deixou
de lado sua antipatia por Darren, anulou o frio e o vento, os aromas estranhos e sons desta cidade estrangeira. Em algum lugar profundo dentro de si, ela tocou o invisível vínculo indissolúvel que ela partilhava com Lucien. Ele era seu criador, o vampiro que tinha terminado com a sua vida há três séculos e dado de volta algo mais, algo eterno e forte e bonito. Sophia amava ser uma Vampira, o prazer e poder que lhe dava, o requintado aumento de seus sentidos, até que ela podia ouvir a suave queda de uma flor de uma orquídea em uma noite escura. Certamente, ela sentia falta da sensação do sol contra o rosto, o cheiro de sua pele depois de um dia na praia. Mas era um preço pequeno a pagar por aquilo que ela ganhou. E foi tudo por causa de Lucien, que estava desaparecido e talvez em apuros.
Ela estendeu os sentidos, usando todo o seu poder considerável, e lançou uma rede sobre a cidade.
Horas depois, ela abriu os olhos, a exaustão ecoava através de seus poros, enfraquecendo todos os músculos do seu corpo. Ela havia procurado durante toda a noite, tinha seguido cada trilha, não importa o quão fraca. E havia trilhas de traços de Lucien por toda parte na cidade. Esta tinha sido sua casa, seu lar por centenas de anos. Se houvesse uma única rua ou beco onde ele não tinha andado, ela não tinha encontrado. Mas seu cheiro estava de alguma forma errado. Ele estava vivo. Ela tinha certeza disso. Mas era quase como se ele tivesse intencionalmente se espalhado tanto que mal existia em sua própria cidade.
Ela endireitou-se, balançando as pernas quase dormentes por sentar-se na mesma posição por muito tempo. O nascer do sol não estava muito longe. Ela podia sentir isso na lentidão de seu sangue, na dormência das terminações nervosas. A mudança de horário imposta por sua rápida viagem da América do Sul só fez pior. Seu corpo estava dizendo a ela que o sol já tinha subido, enquanto seu cérebro sabia que ela ainda tinha uma hora ou mais para ir até algum lugar seguro e escuro. Jet leg era uma droga para vampiros também.
Ela se perguntou se Darren ainda estava esperando, ou se ela teria que encontrar seus próprios alojamentos em algum lugar desta enorme casa. Ela tinha sido muito menor quando Sophia esteve aqui pela última vez, mas ela suspeitava que algumas coisas não haviam mudado. De qualquer forma, dificilmente importava. Ela esteve se fornecendo seus próprios refúgios seguros por centenas de anos, esta manhã, não seria diferente.
Ela andou cansada de volta para o estúdio de Lucien, mesmo a tempo de ouvir uma batida tímida na porta. Olhou para o painel fechado especulativamente. Era um vampiro, ela sabia isso. E certamente não era Darren batendo tão suavemente. Ela usou o poder para libertar seu escudo pessoal e destrancar a porta.
— Entre. — Ela gritou quando afundou em uma das cadeiras de Lucien.
A vampira que entrou era pequena, mas definitivamente adulta, os seios amplamente exibidos em um vestido apertado que contrastava com a sua estatura de criança. Ela tinha de ser muito antiga, remetendo a um tempo e lugar, quando sua diminuta altura teria sido a norma entre as mulheres. Mas qualquer que seja sua idade, ela tinha pouco ou nenhum poder. Sophia se perguntou como seria viver tanto tempo como Vampiro, mas ser tão fraco que estava congelado para sempre no fundo dos degraus do poder.
A vampira sorriu suavemente, como se ela soubesse o que Sophia estava pensando. — Lady Sophia, eu sou Larissa, a secretária do Lorde Lucien.
Pelo jeito como ela disse secretária, Sophia percebeu que ela quis dizer isso do jeito antigo, uma assistente e uma confidente. Sophia nunca havia a encontrado antes, então ela tinha provavelmente vindo de uma das outras cidades de Lucien em algum momento nos últimos cem anos, que era o tempo que tinha passado desde que Sophia veio para Vancouver. Mas se Larissa era próxima de Lucien, ela podia saber mais sobre o que aconteceu com ele do que qualquer outra pessoa na casa.
Sophia não se ofereceu para apertar suas mãos. A julgar pelas suas maneiras e vestido, Larissa não seria um daqueles que adotaram o costume moderno.
— Larissa. — disse ela, assentindo. — Como posso ajudá-la?
Larissa novamente lhe deu aquele sorriso conhecedor. — Você é gentil, minha senhora, mas eu estou aqui para ajudá-la. Você vai querer um lugar para ficar, sim?
Sophia soltou um suspiro cansado. — Eu vou, obrigado. E há sangue na casa?
— Claro, minha senhora.
— Será que Lucien ainda mantém as casas de hóspedes? Se assim for, a menor está disponível, nos jardins?
— O fogo já está aceso, minha senhora. Lucien estava bem familiarizado com suas preferências. Devo enviar o sangue para a casa de campo, então?
— Isso seria muito apreciado. Obrigado, Larissa.
Ela se levantou e começou a se virar, mas depois franziu a testa enquanto o significado das palavras de Larissa penetrou seu cérebro cansado.
— Espere! — ela gritou. — Lucien disse que eu estava chegando a Vancouver?
Larissa concordou. — Algumas semanas atrás. — ela respondeu. — Ele disse que você viria, minha senhora, e ele deixou algo para você. Só para você, ele disse.
Sophia olhou para a mulher pequena. Fazia dias que Lucien tinha a convocado à sua casa, e não semanas. — O que… — Ela engoliu em seco, de repente tendo certeza de que ela não queria saber a resposta. — O que ele deixou para mim? — ela perguntou de qualquer maneira.
Larissa cruzou para uma estante, afastando vários volumes para revelar um cofre de parede escondido. Era do antigo tipo com um mostrador numerado em vez de um teclado. Ela girou o disco várias vezes e abriu a porta, esticando a mão para retirar um envelope, branco e fino. Colocando-o na prateleira, ela cuidadosamente fechou o cofre e substituiu os livros antes de voltar-se para enfrentar mais uma vez Sophia segurando o envelope para ela.
Sophia segurou o olhar da outra vampira por vários minutos, procurando qualquer sinal de traição ou maldade. Não descobrindo nenhum, ela aceitou o envelope, olhando para baixo para ver o seu nome escrito com a letra extravagante de Lucien. A julgar pelo peso, continha várias folhas de papel dobradas. Ela olhou para ele um momento, então, perguntou:
— Você sabe o que está aqui?
— Não tudo, mas o suficiente.
Sophia pegou a nota de tristeza na voz de Larissa e olhou para cima, surpresa e preocupada - muito preocupada - por ver um brilho de lágrimas nos olhos dela.
— Larissa?
— Leia o que está aí, Sophia. — sussurrou.
Ela recuou e virou para ir embora, parando junto à porta para dizer: — Se você precisar de algo, minha senhora, só tem que pedir. Eu estou aqui… Nesta casa. Sempre.
Ela abriu a porta e foi embora, deixando Sophia temendo que Lucien tinha se metido em uma bagunça que não conseguia arrumar. Ela só poderia esperar não fosse nada mais do que isso.

Capítulo 4

Norte de Seattle, Washington

A limusine, de cor preta deslizou pelos portões resistentes do novo complexo de Seattle. Eles ainda chamavam assim, embora, na verdade, ele já não estava em Seattle. Essa cidade, que uma vez foi um paraíso para aqueles que procuravam fugir das multidões e do congestionamento de lugares como Los Angeles e San Francisco, tornou-se uma das muitas coisas de que eles tinham tentado fugir.
Para os vampiros de Raphael, significava que seu antigo complexo, que tinha estado localizado em dez hectares de um isolado campo, se encontrava agora no meio de um aglomerado subúrbio. Levou algum tempo, mas o seu povo tinha finalmente localizado um local adequado nos montes a alguma distância de Seattle. Eles compraram lotes adjacentes desta vez, tinham uma centena de hectares como uma proteção contra a futura expansão. O novo complexo tinha levado quase tanto tempo para construir como tinha levado para encontrar o terreno. Não havia humanos em quem Raphael confiaria essa missão, e os poucos vampiros que eram tanto confiáveis e suficientemente hábeis estavam em grande demanda. Claro, também eram as suas próprias crianças, o que lhe deu uma certa prioridade em solicitar os serviços, mas acima de tudo, Raphael era um empresário. Ele não estava disposto a exigir que qualquer um de seus vampiros sacrificasse seus negócios apenas para salvar um pouco de tempo. Não a menos que fosse absolutamente necessário.
A limo tomou a curva final da garagem e o principal edifício ficou à vista detrás das árvores. Wei Chen, chefe do ninho de Seattle, surgiu juntamente com vários outros, de pé sob a beirada do telhado cinza concreto, esperando para cumprimentá-lo.
Cyn estava sentada ao lado dele na limusine, a perna muito quente contra a dele, seus dedos entrelaçados juntos. Ela tinha estado mais vigilante desde o seu pesadelo, quase obsessiva sobre sua segurança. Ela estava armada, como sempre, uma Glock de 9 milímetros em uma plataforma de ombro sob o seu casaco, mas ela também estava usando uma segunda arma idêntica contra a parte inferior das costas, no cós das calças. Ela não tinha tentado escondê-la dele e deixou clara sua preferência que ele permanecesse no carro até que ela tivesse avaliado quem e o que os esperava.
Sua mulher, sua companheira muito humana, considerava oportuno colocar-se em perigo para sua proteção. Como se a falange de guardas vampiros implantados em torno deles não fosse suficiente, como se ele não estivesse visitando um de seus próprios ninhos, onde cada vampiro presente era prometido a ele pessoalmente… Ou como se ele não fosse plenamente capaz de proteger-se e a ela também.
Um punhado de dor puxou na sua consciência enquanto ele olhava para fora da janela, para a chuva escura caindo sobre o novo complexo de concreto e madeira e para os rostos solenes de seus vampiros.
— O que há errado? — Cyn perguntou abruptamente.
Ele virou a cabeça para encontrar o seu olhar, seus olhos verdes nos seus com um conhecimento seguro de seus humores.
— Eu não estou certo. — admitiu. — Algo… — Sua voz sumindo enquanto ele tentava capturar o que quer que tinha chamado sua atenção. Mas havia tanta emoção entre os vampiros, medo e tristeza, bem como dor pela perda terrível que tinham sofrido. Certamente era por isso, dois dos seus filhos haviam sido eliminados da face da terra, como se nunca tivessem existido, suas chamas extintas em segundos, com seus gritos chocados marcando sua alma.
Mas não era isso, ou não era apenas isso. Seu olhar aguçou.
— Pare. — Ordenou. O motorista pisou no freio, trazendo a limusine para um ponto final antes de sua mente consciente estar ciente do que estava fazendo. Raphael estava apenas vagamente consciente do alarme se espalhando através das fileiras de sua segurança, e da voz de Cyn chamando seu nome quando ele abriu a porta do carro e saiu para a noite chuvosa.
Chen Wei e os outros correram para ele, seus rostos vincados com preocupação.
— Meu senhor. — O tenente de Raphael, Duncan, apareceu a seu lado, enquanto seu chefe de segurança, Juro, calmamente implantou seu pessoal para acomodar este novo desenvolvimento. Havia muito pouco que poderia mexer com Juro, foi por isso que Raphael o escolheu.
— Sire. — Wei Chen estava sem fôlego por correr através da chuva, testemunha da sua falta de qualquer tipo de atividade física de rotina.
Raphael levantou a cabeça, seu olhar buscou a face elegante do edifício, seu coração dolorido na dor que sentia ali. — Jeremy. — ele percebeu de repente. Ele virou um olhar inquiridor sobre Wei Chen, os olhos negros transformando em prata com brilho de raiva. — O que aconteceu, Wei Chen? Onde está Jeremy?
O líder do ninho encontrou o olhar de Raphael, sem vacilar. — Sua casa foi atacada mais cedo, meu senhor. Sua companheira, Mariane…
Raphael havia parado de ouvir. Ele já estava em movimento, indo para a entrada principal, seguindo uma trilha de dor que era tão clara como se estivesse pintada no chão diante dele.
Wei Chen apressou-se a acompanhá-lo. — Jeremy está na enfermaria com ela, Senhor. Ele está compartilhando seu sangue.
— Não será suficiente. — disse Raphael, sabendo que era verdade.
Ele empurrou as portas de vidro pesadas, ignorando tudo exceto a necessidade de seu filho guiando-o pelo corredor. Mais uma virada e outra, e ele estava finalmente caminhando para a enfermaria do complexo vampiro.
Era um quarto minúsculo. Vampiros raramente precisam mais que o sangue de um doador e um descanso de algumas horas, e somente os mais jovens vampiros ou os ferimentos mais graves exigem mesmo isso. Mas no canto, sob a luz fraca de uma lâmpada de parede, uma jovem estava em uma cama que parecia grande demais para sua estrutura delicada. Seu rosto estava tão pálido como os lençóis em que estava deitada, os curativos brancos sobre as suas pernas e braços ainda estavam encharcados com o sangue de sua vida.
— Jeremy.
O vampiro olhou para cima com o som da voz de seu senhor, o seu rosto uma máscara de tristeza, raiado de sangue seco de suas lágrimas.
— Meu senhor. — disse ele com voz entrecortada, caindo de joelhos. — Não é suficiente. Meu sangue… Não é suficiente. — Sua voz falhou quando ele começou a soluçar, grandes sons que rasgavam a alma de Raphael.
Ele foi para o vampiro quebrado, segurando-o como se fosse uma criança, seu filho, renascido como Vampiro a menos de trinta anos atrás. Jeremy enterrou seu rosto contra os quadris de seu Senhor e Raphael acariciou a cabeça em conforto, examinando a mulher, Mariane, como assim disseram. Ele observou o subir e levantar do peito, a batida lenta de seu coração, que mal conseguia empurrar o sangue através de seu corpo. A carne dos dedos estava pálida e fria, enquanto seu corpo encerrava suas extremidades em favor de salvar os órgãos vitais que podia.
— Não é tarde demais, Jeremy. — disse Raphael para o seu vampiro. — Deixe-me ajudá-la.
A cabeça de Jeremy levantou, esperança guerreando com a possessividade por um breve momento, antes que ele concordasse. — Eu te imploro, meu senhor, se isso a for ajudar.
Raphael balançou a cabeça concordando. — Você é meu, sangue do meu sangue. E Mariane é sua.
Ele gentilmente liberou Jeremy e encolheu os ombros para fora de seu paletó, deixando cair o tecido caro despreocupadamente. Ele estava consciente de Cyn em pé logo atrás dele, consciente de suas mãos pegando o casaco quando ele caiu, entregando a alguém enquanto andava para o lado oposto da cama. Ela seguiu, ficando próxima ao seu lado, e seu coração doeu com o pensamento dela deitada nesta cama estéril em vez da pobre Mariane.
Sem parar, ele arregaçou a manga e usou seus dentes para cortar a pele do seu pulso e abrir uma veia. Sentou na cama e inclinando-se sobre a jovem, colocou seu pulso sobre a sua boca, deixando as primeiras gotas cair nos lábios abertos. Jeremy pairava à sua frente, segurando a mão da companheira, sussurrando em seu ouvido o seu amor por ela, incentivando-a a beber, a viver para ele.
A garganta de Mariane moveu-se espasmodicamente, seu corpo forçando-a a engolir antes que o sangue a sufocasse. Algo se agitou por trás de suas pálpebras fechadas e ela engoliu mais uma vez, e, novamente, diante de seus olhos, mãos pálidas seguraram o pulso vivificante de Raphael à boca. Ela começou a chupar avidamente a recompensa que era seu sangue, o sangue de um Lorde Vampiro, mais poderoso do que qualquer coisa produzida em séculos de pesquisa médica humana.
Ela estava mamando como uma criança com fome, e o olhar ávido de Jeremy estava fixo na conexão física entre seu Sire e sua companheira. Seu estresse durante esse contato foi crescendo com cada segundo. Os vampiros eram criaturas possessivas, mesmo um tão novo como Jeremy. Raphael soltou seu pulso cuidadosamente, deixando Jeremy tirar as mãos da mulher quando ela agarrou por mais. Ela murmurou infeliz com a perda, e Jeremy cobriu os seus lábios com um beijo, lambendo o sangue de sua boca e alimentando de volta a ela com suas línguas entrelaçadas.
Duncan entregou a Raphael uma toalha quente e úmida para limpar o sangue de seu braço. Ele permaneceu sentado na cama, distraidamente limpando o pulso com a toalha enquanto observava Jeremy beijar a boca faminta de Mariane. Ele entregou a toalha de volta para Duncan e estendeu a mão para Cyn. Ela veio a ele, colocando a mão em seu ombro, deixando cair o rosto brevemente para beijar sua cabeça.
— Jeremy.
O outro vampiro olhou para cima, com os olhos atentos, os dedos apertando ansiosamente as mãos pálidas de Mariane. Raphael rolou a manga da camisa casualmente. Levantou-se, tomando a mão de Cyn e puxando-a para dentro do círculo de luz.
— Minha companheira. — disse ele para benefício de Jeremy. Ele levantou os dedos de Cyn aos seus lábios. — Cynthia.
O corpo inteiro de Jeremy relaxou a essas palavras. Se Raphael tinha uma companheira, ele não poderia estar interessado em roubar Mariane. Raphael compreendeu.
— Ela vai ficar bem, Jeremy. E se precisar de mim, eu estou aqui.
Quando Raphael estava preparando para sair, Jeremy caiu de joelhos, tomando a mão de seu Senhor e beijando-a em sinal de gratidão.
— Meu senhor… — Sua voz quebrou com a emoção. — Sire. Obrigado.
Raphael desengatou levemente a mão, apoiando-a na cabeça inclinada de Jeremy.
— Você é meu filho. — ele murmurou. Nada mais precisava ser dito.
Ele olhou para cima e encontrou os olhos de seu tenente, deixando um pouco de sua ira se mostrar pela primeira vez desde que chegou.
— Duncan.
— Sim, meu senhor. — Duncan se virou e começou a tirar os vampiros reunidos no quarto, murmurando ordens através de um microfone para Juro e os outros. Cynthia estendeu o paletó de Rahael, segurando-o para ele o colocar sobre seus braços e até sobre os ombros, as mãos alisando-o em suas costas antes dele se virar para encará-la. Lágrimas não derramadas enchiam os olhos dela e ele sorriu. Sua Cyn usava uma máscara de dureza, um escudo contra um mundo que lhe tinha mostrado pouco amor durante a maior parte de sua vida. Mas havia um ponto fraco que só ele poderia tocar. Ele puxou-a, beijando-a suavemente.
— Lubimaya. — ele sussurrou.
Os dedos quentes dela demoraram no seu queixo, em seguida, escorregaram atrás do seu pescoço para puxar-lhe mais perto e pressionar suas testas juntas. — Quando vamos pegar os desgraçados que fizeram isso? — ela murmurou.
Ele se afastou para encontrar o seu olhar feroz com um dos seus
próprios. — Muito em breve, minha Cyn. — Ele guiou-a para fora da sala, com uma mão apoiada nas suas costas. — Nós vamos caçá-los até os confins da terra.

Capítulo 5

Raphael permitiu que Wei Chen liderasse o caminho para a enfermaria. Ele tinha visto muitas vezes os projetos deste novo complexo e ele não precisava de um guia, mas esta era a primeira vez que ele estava aqui desde que ficou pronto. A visita havia sido planejada para um futuro próximo, embora em circunstâncias muito diferentes. Quem poderia ter previsto o assassinato de dois de seus filhos, a tentativa de homicídio de um terceiro e… Sua mandíbula se apertou pelo que tinha sido feito a Mariane. Ela estava indefesa contra eles. Ela não era uma guerreira, não como sua Cyn. Mas ele era muito ciente de que mesmo Cyn poderia se machucar se confrontada com esse tipo de brutalidade.
Ele a puxou mais perto com a leve pressão dos dedos. Ela se aconchegou, mas olhou para ele, questionando. Ele deu-lhe um leve sorriso que pretendia ser tranquilizador, mas ele sabia que não teve êxito. Teria sido mais fácil, pensou ele, se ele tivesse se apaixonado por uma mulher estúpida, ou pelo menos uma disposta a ignorar os aspectos mais problemáticos da vida. Cyn não era dessas. Ela era inteligente e intuitiva, especialmente, sobre ele, e seu método preferido de lidar com problemas era enfrentá-los de cabeça. Eram precisamente as qualidades que o haviam deixado louco por ela desde o primeiro momento que eles se conheceram, quando ela tinha sido inteligente o suficiente para temê-lo, mas teimosa demais para ceder a esse medo.
Ele admirava isso nela. Mas também o aterrorizava quando ele pensava sobre todas as coisas no mundo que poderiam rasgar a teimosia e desintegrá-la. Como eles tinham feito com Mariane.
Seu grupo se moveu para a sala coletiva do edifício principal do complexo, um lugar espaçoso com teto alto e uma parede de vidro com uma vista espectacular para baixo da encosta, por toda a cidade lá embaixo e para a distante baía. Era cedo o suficiente e a cidade ainda estava cheia de luz, mas o oceano era um espaço negro e vazio, muito remoto para os minúsculos faróis dos barcos ancorados ali serem vistos.
O cômodo era decorado casualmente, com sofás de couro e poltronas espalhadas em um padrão quase aleatório. Como apenas vampiros viviam aqui, o mobiliário pesado era movido para atender quem estava usando a sala a qualquer momento.
Tomando Cyn com ele, fez o seu caminho para uma coleção de várias poltronas grandes posicionadas diretamente em frente da janela, mas voltadas para dentro. Seu pessoal de segurança se espalhou por toda a sala, com dois posicionados atrás dele, entre a cadeira e a janela vazia. As janelas eram à prova de bala, é claro, e a possibilidade de um ataque era insignificante dentro do complexo, mas era um risco que Juro não estava disposto a assumir.
Sentou-se, acenando com a cabeça para Chen Wei e os outros se sentarem com ele. Duncan assumiu o seu posto habitual à sua esquerda, enquanto Cyn sentou no braço da cadeira à sua direita, inclinando-se para descansar o braço em seu ombro. Ela ainda usava suas armas, apesar do fato de que eles estavam agora em segurança, dentro não apenas do complexo, mas também do prédio em si, com a sua segurança formidável. Ela e Duncan uniram forças pedindo-lhe para não fazer esta viagem, dizendo que era muito perigoso.
E se fosse uma armadilha? E se os seres humanos estavam matando os seus vampiros, um por um para atrair o maior prêmio de todos, não apenas um vampiro, mas um lorde vampiro? Ele se lembrava de seus argumentos, os quais ele havia rejeitado. Ele tinha que estar aqui. Eram seus vampiros que estavam morrendo.
— Meu senhor.
Raphael foi afastado de seus pensamentos pela voz macia de Wei Chen. Ele olhou para o líder do ninho com um olhar feroz. — Eu quero detalhes, Wei Chen. Tudo o que você descobriu sobre estes assassinatos e quem está por trás deles.
— Claro, meu senhor. — Ele apontou para um vampiro sentado ao lado dele. — Loren é responsável pela seguran…
— Estou ciente de quem Loren é. — Raphael interrompeu friamente.
Os labios de Wei Chen tremeram ligeiramente. — Perdoe-me, meu senhor. Você prefere que Loren fale…
— Eu não me importo quem dá o relatório, enquanto alguém fale.
O líder do ninho empalideceu tanto que Raphael temia que ele caísse do lugar onde estava sentado. Como um vampiro, Wei Chen tinha o poder maior do que qualquer outro vampiro no ninho, embora não tão forte como a maioria dos mais próximos de Raphael. No entanto, Wei Chen não era um lutador, e era por isso que ele vivia aqui. O complexo de Seattle refletia seus arredores. Esta nunca tinha sido uma área de alto risco antes dos assassinatos recentes. Os vampiros aqui mantinham um perfil relativamente baixo. Eles eram, em sua maioria, profissionais, muitos deles especialistas em informática de um tipo ou outro, os vampiros-nerds, como Cyn chamava em particular. A maioria trabalhava exclusivamente via computador ou telefone, raramente encontravam-se pessoalmente com seus clientes e quando necessário enviavam humanos. Wei Chen era um consultor financeiro, escolhido para liderar o complexo por causa de sua mentalidade corporativa e uma habilidade natural para gerenciar outros.
— Loren, talvez você pudesse nos dar os detalhes específicos do que aconteceu até agora. — Duncan disse de forma diplomática, aliviando a tensão que havia sugado o ar por toda a sala.
Loren olhou para Duncan, em seguida, encontrou o olhar de Raphael e deu um aceno de cabeça auto-confiante. Ele abriu uma pasta em seu colo e começou a falar. — Senhor, como você sabe, houve dois ataques anteriores, três agora, após esse ataque vicioso à companheira de Jeremy. Eu penso que é provável que a meta desta última atrocidade era, de fato, Jeremy, que…
— Foi. — Todos olharam para cima quando Jeremy caminhou lentamente pelo quarto, o cansaço óbvio, mas o rosto cheio de determinação. — Eles torturaram Mariane, tentando forçá-la a revelar minha localização. Ela se recusou.
— Jeremy. — Raphael o saudou. — Como ela está?
— Ela está bem, meu senhor, graças a você. Eu abençôo o destino por te trazer aqui esta noite. Um médico humano de sua comitiva está verificando ela…
— Peter Saephan. — confirmou Raphael. — Ele é um excelente curador, e eu confiei nele a vida de minha própria companheira em mais de uma ocasião. — Ele torceu a boca em um irônico sorriso, reconhecendo a si mesmo, se a ninguém mais, a realidade que repetidamente colocava Cyn em situações que exigiam os cuidados especializados de Saephan.
— Eu vou dizer à Mariane. Obrigado, meu senhor.
Raphael assentiu um reconhecimento silencioso, mas Jeremy se demorou, sua estrutura fina vibrando com o esforço de manter sua dignidade diante do terrível trauma de hoje à noite. Ele parecia estar em guerra consigo mesmo sobre alguns debates internos, até que finalmente ele se aproximou de Raphael e caiu de joelhos.
— Eu estava com ela, meu senhor. — Jeremy sussurrou. — Eu estava lá. — Seus olhos estavam cheios de culpa quando olharam para Raphael. — Mas eu não podia alcançá-la. Eu tentei. — disse ele desesperadamente, mais para convencer a si mesmo, Raphael pensou, do que mais ninguém.
Jeremy respirou fundo e pareceu recompor-se. Suas costas se enrijeceram e quando ele falou em seguida, sua voz estava cheia de determinação: — Eu não sou um soldado, meu senhor. Sei disso. Mas eu gostaria de acompanhá-lo na procura desses animais. O sangue de minha companheira ganhou-me um lugar na caça.
Raphael ouviu o desespero surdo em seu pedido. O sangue de Jeremy não tinha sido suficiente para salvar a vida de Mariane. Foi o sangue de Raphael, que salvou e diminuiu a dor de sua falha, porque Raphael era o mestre de todos os vampiros deste complexo, o seu poder tão além do deles que transcendia descrição. Mas ainda assim, a sua incapacidade de salvar sua companheira iria corroê-lo. Ele poderia, no entanto, vingar o ataque nela.
— Sua ajuda será preciosa, Jeremy. Você conhece a área e conhece as pessoas. E através de você, sua companheira pode nos dizer muito sobre estas criaturas que ousaram atacá-la. Tem minha palavra, Jeremy, eles vão pagar.
A cabeça de Jeremy caiu para o peito, o cabelo longo e escuro cobrindo seu rosto antes dele levantar os olhos agora cheios de gratidão. — Obrigado, Sire.
Raphael estudou seu filho com cuidado, observando a tensão em sua postura rígida quando ele subiu para os pés e pegou uma cadeira próxima. Ele sentia por Jeremy e prefiria tê-lo poupado do recontar os acontecimentos terríveis da noite, mas era necessário. E era muito melhor que Jeremy lhe dissesse, do que pedir a Mariane para revivê-lo.
Loren mudou-se para sentar ao lado de Jeremy e começou uma conversa em voz baixa.
Cyn aproveitou a oportunidade para encostar perto da orelha de Raphael e sussurrar: — Ele sabe o que aconteceu? — Sua pergunta foi expressa em voz baixa o suficiente para que, mesmo em uma sala cheia de vampiros, era para ele apenas. Raphael respondeu na mesma moeda, dizendo: — Jeremy é jovem, mas eles são companheiros há alguns anos. Sua ligação com ela deveria ser forte o suficiente para ele ter visto a maior parte do que aconteceu. Será o suficiente.
Ele sentiu Cyn respirar um suspiro de alívio ao lado dele.
— Jeremy. — Raphael disse mais alto.
O vampiro imediatamente cortou tudo o que ele tinha estado dizendo para Loren e olhou para Raphael.
— Minha companheira, Cynthia, vai começar o interrogatório. Ela é uma investigadora treinada e experiente, bastante habilidosa nestes casos, especialmente quando se trata de seres humanos. Sua visão vai ser particularmente útil.
Cyn endireitou-se, deixando um ponto fresco em seu braço quando ela retirou o calor de seu corpo. Raphael olhou para ela e capturou uma ruga de concentração, seguida por um suave sorriso para Jeremy.
— Vou começar com algumas perguntas sobre os eventos desta tarde. — disse ela. — Será doloroso para você, e eu sinto muito. Não pediria se não fosse absolutamente necessário. Mas cada detalhe importa. Você nunca sabe o que pode ser a única coisa que pode entregá-los.
Jeremy assentiu, engolindo nervosamente.
Cyn se inclinou para frente, sua postura e olhar intensos. — Ok, vamos começar com o básico. Mariane estava em casa quando estes caras invadiram?
Ele balançou a cabeça, seu olhar assombrado. — Ela estava fora. Nossa casa é muito segura, mas arrebentaram a porta da parte de trás com um machado. Eles devem ter escondido seus veículos e esperado que ela voltasse. Eu soube quando ela chegou em casa, senti sua presença, ela sempre entra pela porta da frente e então eu senti o terror. Agarraram-na antes mesmo de ela perceber que eles estavam lá.
— Mariane normalmente fica acordada durante o dia? — Cyn perguntou. — Perdoe-me se isso é particular, mas… Ela não dorme com você?
— A maioria dos dias ela dorme, sim. Mas em alguns dias, permanece acordada para executar tarefas. Ela faz as compras em Cooper’s Rest, que é a pequena cidade perto daqui, e em raras ocasiões, ela dirige até a cidade mais próxima. Ela compra alimentos para si e faz qualquer outra coisa que precisa ser feito. Há correspondência para ser pega, é claro. E, às vezes… Mariane, às vezes, simplesmente quer aproveitar a luz do sol.
Cyn acenou com a cabeça, e Raphael sabia que ela iria entender a necessidade de Mariane pela luz solar. Era o mesmo motivo de Cyn ter mantido seu apartamento na praia. Ela não morava mais lá, mas ainda passava um tempo lá, sentada ao sol, caminhando ao longo da água, na areia quente.
Cyn falou de novo, tirando Raphael de seu devaneio. — Será que ela seguia uma rotina? Talvez alguns dias da semana, a cada segunda-feira ou algo assim?
Jeremy franziu a testa, concentrando-se. — Talvez. Não havia dias específicos, mas ela ia à cidade pelo menos duas vezes por mês. Normalmente na parte da manhã. E quando ela chegava em casa, permanecia acordada limpando, fazendo telefonemas, às vezes sentada na varanda, se o tempo estivesse bom.
— Quem poderia saber sobre isso além de você? — Cyn perguntou. — Ela tem amigos aqui? Talvez alguém que ela se encontrasse para o café? Ela ia a qualquer lugar em particular?
Raphael viu a testa de Jeremy se aprofundar em uma carranca conturbada. Ele era um vampiro muito jovem e seu relacionamento com Mariane era ainda mais recente. A sugestão de que ela poderia se encontrar com qualquer pessoa, possivelmente, até mesmo do sexo masculino, enquanto Jeremy dormia faria despertar seus instintos possessivos. E ao contrário de Raphael, que era velho o suficiente e poderoso o suficiente para sentir o que Cyn estava fazendo em todos os momentos, Jeremy não costumava ter uma ligação forte o suficiente para seguir sua companheira através de várias horas. Foi só a natureza traumática do ataque que forçou a sua ligação a ser forte em sua consciência durante todo aquele tempo. Isso e o fato de que, enquanto Jeremy tinha provavelmente estado dormindo em um cofre abaixo do solo, ele não estava muito longe de onde Mariane estava sendo brutalmente agredida.
— Ela vai para a estação de correios. — Jeremy estava repetindo. — E à mercearia. Eu nunca fui com ela. Eu geralmente não vou à cidade. Meu negócio é em casa, principalmente através do computador ou telefone. A verdade é que, a menos que eles sejam vampiros, eu muito raramente me encontro com qualquer pessoa, nem mesmo meus clientes.
— Qual é o seu negócio? — perguntou ela. Raphael a tinha visto fazer isso antes, usando perguntas de rotina para relaxar o assunto.
— Eu sou um contador. Faço na maior parte os impostos.
— Você conhecia bem Marco? Ou Preston? — Cyn perguntou. Nomeando os dois vampiros mortos.
Jeremy sacudiu a cabeça. — Eu conhecia eles, naturalmente. Nos encontramos um punhado de vezes, eu acho, aqui no complexo. Não fazia os seus impostos ou qualquer coisa, se é isso que você está perguntando. Eles faziam os seus próprios. São gênios de computador, você sabe. — Ele deu um meio sorriso. — Eles têm um programa para tudo. — Seu sorriso fugiu. — Ou tinham.
— Ok. — Cyn ainda estava sentada ao lado dele, perto o suficiente para que Raphael sentisse ela puxar o fôlego fortalecedor antes de continuar. Ela não estava mais ansiosa para ouvir os detalhes deste escândalo do que Jeremy estava para contá-los, mas ela faria o que precisava ser feito. Ele pousou a mão levemente em suas costas, oferecendo o seu apoio.
— Eu preciso que você me diga o que aconteceu durante o ataque, Jeremy. Vou pedir que você não deixe nada de fora, não importa o quão feio, não importa o quão doloroso. Eu vou tentar não interrompê-lo com perguntas, vou salvá-las para mais tarde. Somente tome seu tempo.
Jeremy olhou de Cyn para Raphael e novamente, em seguida, acenou com a cabeça e começou a falar.
No momento em que a história havia sido contada na íntegra, Jeremy estava com a voz embargada por ter sido forçado a lembrar-se de sua companheira em agonia e a ira dos vampiros de Raphael era uma maré, afiada e amarga com a emoção na sala. Ele examinou-os lentamente, partilhando a sua indignação, mas atento, também, ao potencial para o desastre. A raiva seria útil uma vez que começasse a caça às suas presas, mas isso não iria acontecer hoje à noite. Ele estava ciente de Duncan ao lado dele, hiperalerta e vigilante como o próprio Raphael. Do outro lado da sala, Juro encontrou o seu olhar em silêncio, mudando ligeiramente de posição para bloquear as portas fechadas.
E, sentada ao lado dele, as lágrimas transbordando de seus olhos enquanto ela ouvia a história, as mãos com os punhos cerrados em uma raiva frustrada, estava a sua Cyn.
— Eu reconheceria suas vozes. — Jeremy estava dizendo, sua voz um sussurro agora. — Mas não vi nenhum de seus rostos. Mantiveram-se com máscaras de esqui pretas todo o tempo e quando eu acordei, finalmente, eles tinham ido embora. Quando eu a vi… Estava quase louco de dor. A única coisa que me manteve são foi a necessidade de buscar ajuda para ela. Eu sabia que ela estava viva, mal, mas viva. Colin estava tentando ajudar quando eu… — Cyn endireitou-se bruscamente.
— Colin? — ela repetiu. — Quem é Colin?
Jeremy piscou. — Ele é mais ou menos…
— Colin Murphy. — Loren disse. — Ele é uma espécie de polícia em Cooper’s Rest.
Cyn fez uma careta. — Uma espécie? Como pode alguém ser uma espécie de polícia? Eu pensei que vocês estavam sob a jurisdição do xerife do condado.
— Estamos. — O chefe de segurança concordou relutantemente. — Mas nós estamos a uma longa distância até a estação mais próxima do xerife. Eles não estão ansiosos para conduzir todo o caminho até aqui, e, francamente, nós não estamos ansiosos por chamá-los. E não é só a gente. — Acrescentou, indicando seus companheiros vampiros. — Os habitantes humanos aqui tendem a ser solitários em sua maior parte. Há provavelmente mais do que alguns poucos sobrevivencialistas entre eles, embora nem todos admitam. Colin Murphy é um ex SEAL da Marinha. Ele ficou mais de 10 anos lá, então decidiu sair enquanto ainda tinha alguns ossos intactos. As histórias que ele conta…
Loren balançou a cabeça em admiração, antes de olhar em volta e limpar sua garganta. — Ou seja, ele é um cara habilidoso. Conhece armas, artes marciais, táticas, e um monte de outras coisas que eu tenho certeza que ele não pode falar. Ele veio para cá com um amigo quando saiu, um cara chamado Garry McWaters. McWaters tinha crescido aqui, mas não ficou muito tempo, sua família ou estava morta ou tinha se afastado, e ele não suportava mais o clima. Mas por alguma razão, Colin ficou. Ele é um cara bom. Cuida das chamadas inoportunas, checa as senhoras de idade, afasta os bêbados para fora da cidade, esse tipo de coisa. Se alguém suspeitasse que algo de ruim estava acontecendo com Jeremy naquele dia, Colin seria chamado.
Cyn voltou sua atenção para Jeremy. — Portanto, este era o Colin que estava lá quando você acordou?
Jeremy assentiu. — Acho que ele estava chamando uma ambulância ou alguma coisa. Ele tinha o seu telefone, e eu sabia, no fundo, que ele estava tentando ajudar, mas… Eu meio que o ameacei de qualquer maneira. — Ele desviou o olhar constrangido, ainda jovem o suficiente para estar envergonhado com o que via como uma perda de controle.
— Sua companheira estava sob ataque. — Assegurou-lhe Raphael. — Você estava lá por horas, sabendo o que estava acontecendo, e incapaz de vir em seu auxílio. E então você acordou para encontrar um humano com as mãos sobre ela. — Ele balançou a cabeça ligeiramente. — Este Colin Murphy tem sorte de estar vivo. Não sei se eu poderia ter demonstrado tal restrição.
Jeremy estava cheio de prazer no louvor de Raphael, em seguida, respirou e continuou mais forte. — Colin recuou tão logo ele me viu. Eu peguei e trouxe Mariane aqui.
— Eu deveria falar com ele. — Cyn disse, voltando-se para Raphael.
Era mais uma indicação do que uma sugestão, mas Raphael hesitou.
— Preciso saber o que ele encontrou quando chegou lá, Raphael. — Acrescentou ela em voz baixa e urgente. — É possível que ele tenha chegado logo depois que os atacantes partiram. Ele pode ter visto algo mais, algo que Jeremy não percebeu porque ele estava tão concentrado em Mariane. Além disso, se ele é a lei na cidade, pode ser útil tê-lo à bordo com a nossa investigação. Se nada mais, ele conhece as pessoas, o que dá à nossa própria caça aprovação das autoridades locais, por escassas que sejam.
Loren estava assistindo Raphael, à espera de sua decisão.
— Organize uma reunião para amanhã à noite. — Raphael disse a ele.
— Vou tratar disso. — disse Loren imediatamente.
Raphael levantou-se e todos se levantaram com ele. — Obrigado, Jeremy. Eu sei que isso foi doloroso. Volte para sua companheira, agora. Ela precisa de você.
Jeremy se inclinou brevemente. — Obrigado, senhor. — O vampiro estava visivelmente esgotado. Mesmo com a ajuda de Raphael, o esgotamento da força de Jeremy seria grave, a sua companheira constantemente precisando de cuidado. Ele parou por alguns segundos, tempo suficiente para se firmar antes de caminhar lentamente para fora do quarto.
Raphael deslizou o seu olhar sobre os vampiros restantes. — Uma indignação foi perpetrada em nós, e não vamos aceitar. Não… Ninguém toca o que é meu e fica com vida. Preparem tudo, senhores. Amanhã, vamos caçar.

Capítulo 6

Vancouver, Columbia Britânica

Fiel à palavra de Larissa, a casa já estava quente no momento em que Sophia fez seu caminho através do jardim. Dado o tamanho da mansão de Lucien, ela estava certa de que havia uma abundância de quartos de hóspedes em seu porão. Mas ela preferia a privacidade daqueles antigos chalés, e este em particular. Apesar de ser espaçoso o bastante para ser confortável, era, no entanto, a menor das três casas para hóspedes e o mais longe do prédio principal. Mas também era o mais seguro. Como todos os outros, as janelas eram somente para mostrar, completamente bloqueadas por persianas de metal seladas do lado de dentro. Só isso deixava o chalé seguro o suficiente para a maioria dos vampiros. Mas este chalé em particular também possuía um porão, acessado através de uma porta escondida embaixo do piso do generoso closet. Há décadas atrás, Lucien havia mostrado-o para ela, da última vez que ela havia visitado-o em Vancouver.
Sophia abriu sua mala e começou a pendurar as poucas roupas que ela havia trazido consigo, atrasando o inevitável momento quando ela teria que abrir o envelope de Lucien. Ela segurou uma blusa amassada de seda, perguntando se valia a pena lavar e passar a coisa, quando houve uma batida na porta do chalé. Ela ouviu cuidadosamente primeiro, e então esticou seus sentidos vampíricos. Era um humano, provavelmente um dos servos com o sangue dela.
Ela abaixou a blusa e cruzou o cômodo, verificando antes de abrir a porta, que não havia ninguém além do humano esperando do outro lado. A luz baixa do chalé lançava uma iluminação amarela quadrada no homem que estava de pé na estreita varanda. Ele era mais alto do que ela - a maioria dos homens era agora - apesar de que este aqui não era tão mais alto. Ela julgou que ele devesse estar lá pelos vinte anos, bonito, magro e com cara de menino da maneira que ela gostava que os seus homens fossem hoje em dia. Sua aparência com cabelos escuros e olhos castanhos a lembrava dos jovens adoráveis que eram tão comuns nos cafés e clubes noturnos que ela frequentava no Rio de Janeiro. Ela o olhou apreciadoramente, de cima a baixo, franzindo as sobrancelhas quando ela viu que as mãos dele estavam vazias. Talvez esta não fosse sua entrega de sangue, no final das contas.
— Senhora. — ele sussurrou, aqueles grandes olhos permanecendo brevemente em seu rosto antes de cair submisso.
Sophia mal conseguiu esconder sua careta de desgosto. Ela havia se esquecido da preferência de Lucien por escravos de sangue, o que significava que ele raramente possuía sangue ensacado. Não que os escravos não fossem doadores dispostos… Lucien não mantinha nenhum outro tipo. E ela não era contra tomar sangue da veia. Bem ao contrário. Todos os seus jovens no Rio estavam bem cientes do que ela era e mais do que dispostos a passar uma noite, ou mais, com ela. Era uma coisa rara que ela ainda recorresse ao sangue ensacado.
Mas nenhum de seus amantes eram escravos de sangue, também, aqueles homens e mulheres que existiam unicamente para serem usados por seus mestres vampiros, humanos que ansiavam pela liberação sexual que tal ato provinha. Era um vício tão poderoso quanto as drogas vendidas nos becos escuros por todo o mundo. E como qualquer vício, poderia ser usado como uma arma contra o usuário, forçando-os a cometerem atos inomináveis, e aguentar tratamentos horrendos que muito frequentemente cruzavam a linha da tortura.
Os escravos de Lucien estavam bem cuidados, no entanto. Ela tinha que ver isso pelo menos. Abuso nunca era tolerado, não nesta casa. Mesmo assim, seus escravos eram tão… Pateticamente ansiosos. Com uma ênfase no patético.
Ela suspirou. Era muito tarde para arrumar algo menos pessoal, então ou era esse adorável jovem ou ela teria que esperar até amanhã à noite. Ela suspeitava que amanhã seria até pior do que hoje porque a única coisa que ela sabia, não haveria nada bom naquele envelope elegante do Lucien.
Ela deu um passo para trás. — Entre, gato.
O escravo era certamente habilidoso. Sophia se perguntou se Lucien talvez houvesse treinado este ele mesmo. O seu Senhor era bem hedonista no que concerniam seus amantes, escolhendo homens e mulheres igualmente. E sempre os bonitos.
Aurélio - provavelmente não era o nome real dele, mas um escolhido para agradá-la - gemeu suavemente enquanto ela o puxava para longe de seu seio nu, empunhando o cabelo escuro dele e puxando preguiçosamente. Ele virou a cabeça obedientemente, mostrando seu pescoço em uma linha fina e esticada de pele dourada. Não havia tempo para uma verdadeira sedução, mas ela havia brincado com ele um pouco, deixando-o ansioso por seu prazer, aumentando a antecipação. Ela podia não manter escravos de sangue próprios, mas ela os entendia, entendia a necessidade deles de merecerem suas recompensas. Um tipo estranho de recompensa para ela, mas, como os franceses diziam, chacun ses gouts1. Apesar de que ela tinha quase certeza que nem mesmo o mais esotérico dos franceses2 estava pensando realmente em sangue.
O lindo Aurélio resmungou quando ela o provocou, virando-o até que ele estava debaixo dela, lambendo uma longa linha pelo seu pescoço e respirando contra ele suavemente, sorrindo quando a pele se arrepiou. Ele gemeu, um som gutural de puro prazer enquanto o seu já duro pênis se endurecia ainda mais contra sua coxa. Sophia bebeu profundamente, saboreando a primeira onda de sangue quente na garganta dela, sentindo enquanto ele se espalhava por todo seu corpo, a reposição de tecidos desidratados pelo longo vôo e o estresse de tudo o que havia acontecido desde então. Ela estava repentinamente contente que Lucien havia mantido o seu estábulo de escravos de sangue. Ela precisava disso; nenhum sangue ensacado poderia ter alimentado-a tão completamente.
Mais um longo gole e ela começou a parar, cuidadosamente tomando apenas o que ela precisava, somente o que o jovem humano podia aguentar. Mais alguns goles delicados, saboreando o buquê de seu sangue, sem marcas de álcool ou drogas, e ela retirou suas presas lentamente, pausando para mordiscar divertidamente sua carne antes de lamber sua pele até limpá-la e fechar os pequenos ferimentos.
Sophia fechou seus olhos, saciada e pronta para descansar, a jornada longa já estava alcançando-a por fim. Mas havia o Aurélio para cuidar. Ele estava deitado perfeitamente parado embaixo dela, tomando cuidado para não procurar sua própria conclusão, mas ela podia sentir o seu coração batendo, podia ouvir o vibrar aquecido de seu sangue, enquanto ele seguia em uma única direção. Na direção do sempre crescente eixo entre as pernas dele.
Sophia deixou seu olhar vagar ao longo de seu corpo lustroso pelo suor, sempre disposta a admirar uma linda forma masculina. Ela trilhou sua mão lentamente sobre a curva de suas clavículas, planos sem pêlos de seu peito sólido até que encontrou a linha do cabelo sedoso indo direto para a sua virilha. Ela ronronou baixinho em aprovação, quando seus dedos se fecharam em torno de sua tensa ereção, sentindo-o estremecer embaixo dela enquanto ele tentava lutar para permanecer imóvel.
Ela o acariciou lentamente primeiro, admirando sua disciplina, admirando até mesmo este ótimo pedaço de carne em suas mãos. Tão duro quanto mármore, era suave igual seda e elegantemente moldado. Longo e grosso com uma cabeça bem formada, a cicatriz estreita de sua circuncisão tão requintadamente sensível que ele estremecia toda vez que ela o tocava, o que ela fez novamente, saboreando o seu gemido de súplica, implorando sem palavras para liberá-lo.
— Ssshh, Aurelito, — ela se abaixou para murmurar em seu ouvido. — Você está pronto para gozar para mim?
Suas pálpebras tremeram, seu pênis saltando em sua mão.
— Sim, por favor, senhora. — ele sussurrou.
Sophia aumentou o seu aperto nele, pressionando e liberando enquanto ela brincava com seus dedos em cima da pele quente e dourada.
— Então, goze para mim, gato. Goze agora.
Os olhos de Aurélio se abriram, girando para a parte de trás de seu crânio até que apenas a parte branca de seus olhos estava visível, grunhindo em sua garganta enquanto ele empurrava incontrolavelmente contra sua mão, seu orgasmo há muito atrasado jorrando entre seus dedos, em suas coxas e até em sua barriga até ele ficar exausto.
Sophia permaneceu imóvel, dando a ele tempo para se recuperar, deixando seu coração e sua respiração se normalizar para algo que se aproximava da normalidade. Ela esperou o maior tempo possível, mas o sol estava bem próximo agora e ela queria estar embaixo do solo antes que ele chegasse.
— Aurélio. — ela disse suavemente.
Seus olhos se abriram, as bochechas queimando vermelhas de vergonha. — Me perdoe, minha senhora — ele disse imediatamente. — Eu não quis…
— Fique calmo. Você me serviu bem.
— Obrigado, minha senhora. — ele disse fervorosamente. Ele pegou as calças largas de linho que ele estava usando que estavam na porta e limpou-se rapidamente antes de levantar e puxar a roupa agora grudenta e apertar o fecho do cordão.
Sophia observou seu traseiro durinho apreciativamente enquanto ele fazia isso, desejando que ela tivesse mais tempo para brincar esta noite.
Mas não era para ser.
Ela ficou de pé, descalça, mas ainda totalmente vestida, exceto pela sua camiseta, que estava entreaberta, seus seios à mostra, seus mamilos vermelhos e duros depois da dedicada atenção de Aurélio. O escravo de sangue lançou olhares furtivos para ela, mas Sophia não fez movimento para se cobrir. Ela tinha prazer no conhecimento do apelo do seu corpo para os homens, sejam eles vampiros ou humanos.
— Obrigada, Aurélio. — ela disse, abrindo a porta para o jardim. — Eu estou muito satisfeita.
— Obrigado, senhora. Foi uma honra.
Sophia o assistiu se apressar pela noite fria, tremendo em simpatia pelas poucas roupas que ele vestia. Talvez uma pessoa se acostumasse a estas temperaturas se vivesse aqui tempo o suficiente. Fechando a porta rapidamente, ela trancou e passou o cadeado, e então se virou e encarou o envelope de Lucien onde ele estava, em uma charmosa escrivaninha antiga. Ela pegou a carta, levando-a consigo enquanto ela se apressava até o closet e sua entrada secreta. Descendo os degraus íngremes, ela fechou e trancou a porta atrás dela, e então se afundou no colchão grosso que servia como uma cama nos quartos apertados.
Com as pernas cruzadas embaixo dela, ela deslizou uma unha vermelha embaixo do selo e o abriu, retirando uma única folha de papel. Uma fotografia caiu no chão e ela se abaixou para pegá-la, franzindo as sobrancelhas para as três pessoas fotografadas lá. Dois homens e uma mulher. Nenhum deles ela conhecia.
Deixando a fotografia de lado, ela desdobrou o pedaço de papel pesado de linho escrito e encontrou-o coberto pela escrita do Lucien. O coração de Sophia afundou-se enquanto ela começava a ler.

Capítulo 7

Raphael suspirou quando a porta do cofre se fechou atrás dele e ele ouviu quando Cyn trancou-o com uma série de batidas suaves.
Este quarto estava abaixo do solo, acessado por um elevador privado e reservado para seu uso exclusivo ao visitar o complexo de Seattle. Todos os vampiros daqui dormiam durante o dia no subsolo, seguros em um cofre como este, de última geração, que, uma vez fechado, podia ser aberto apenas a partir do interior, com exceção de Raphael ou o líder do ninho ou chefe de segurança.
Dentro do grande cofre, cada vampiro tinha um quarto de dormir privado. O quarto privado de Raphael estava em uma ala separada, mais espaçoso e melhor equipado, mas não era mais ou menos seguro do que o dos outros vampiros no complexo.
Cyn jogou sua jaqueta de couro sobre uma cadeira, tirou o coldre e fez a revista de sua Glock antes de chegar perto o suficiente para inclinar-se para ele e envolver seus braços em volta de sua cintura.
— Eu sinto muito por Marco e Preston. — disse ela. — Eles estavam com você há muito tempo.
Raphael circulou os ombros delgados e puxou-a contra o peito, tendo o conforto de sua presença. — Estou feliz por você estar aqui. — admitiu.
— Eu disse a você. — brincou ela com delicadeza. — Além disso, depois da última viagem de vocês ao Novo México, eu jurei que nunca deixaria você me largar para trás novamente. Eu estive miserável durante todo o tempo que você não estava.
Raphael sorriu em seu cabelo cheiroso e deixou-se distrair da noite horrível. — Esteve? — perguntou ele.
Ela espetou-lhe ao lado. — Como se você também não estivesse. Além disso, quem vai tomar conta de você se eu não estiver aqui?
— Duncan? Juro, talvez?
— Não seja obtuso.
— Obtuso. Suponho que é melhor do que o seu epíteto de costume.
— Qual seria esse?
Raphael bufou com desdém. — Dificilmente vou fornecer munição para minha própria execução.
— Não seja um bebê.
— Hmmm. — ele murmurou, deslizando as mãos para baixo sobre as costas até a bunda dela. — Não é o que eu tinha em mente, não.
Cyn apertou-se mais perto, levantando-se nos dedos dos pés para alcançar sua boca. — Quanto tempo antes do nascer do sol?
— Mais de uma hora, Cyn meu doce.
— Nós vamos ter que nos apressar então.
Raphael riu e isso soube bem. Pegou-a em seus braços, cruzou o quarto em poucos passos até cama e colocou-a em sua vasta extensão.
— Roupas, lubimaya. — disse ele. — Fora.
— Você é um romântico. — ela murmurou quando chutou as botas, então se deitou na cama para desabotoar as calças e descê-las sob sua doce bunda e para baixo das pernas de uma maneira que fazia seu pau crescer pesado contra suas coxas. Ele rasgou sua própria roupa, jogando-a para um lado enquanto observava Cyn puxar o suéter sobre sua cabeça, deixando-a com nada além de um sutiã diáfano que provocava mais do que cobria e o seu correspondente de renda entre as pernas.
Raphael olhou para aquele pedaço de renda e rosnou, com isso ele arrancou o que restava da sua própria roupa, foi até a cama e puxou-a para mais perto, até que os quadris estivessem próximos o bastante da borda.
— Fora. — ele repetiu com um rosnado. Ele arrebentou os dois laços finos de cetim que seguravam o triângulo de renda no lugar e jogou-o sobre seu ombro. Ele pegou o sutiã, mas Cyn já estava lá, liberando seus belos seios enquanto ele espalhava as pernas dela ao redor dos seus quadris e deslizou as mãos sob a bunda, segurando-a aberta para ele.
— Raphael. — disse ela sem fôlego.
Sentindo sua excitação, ele mergulhou em sua bainha apertada, sem aviso, empurrando-se tão profundo como ele poderia ir.
Ela estava pronta para ele, como ele sabia que estaria, e ela cantarolou com o prazer enquanto sua penetração a abria em torno de seu pênis, seus músculos lutando contra a sua espessura.
Ela estremeceu com o desejo crescendo mais úmido, e quente, aquecendo o seu pau, acolhendo-o para casa.
Ele queria fodê-la, bater o seu pau mais e mais no calor humano do seu corpo até que ele esquecesse de tudo exceto o simples prazer sensual de seu corpo delicioso pulsando em torno dele. Até que ele fosse revestido por seus sucos cremosos quando ela gritasse seu nome.
Ela olhou para cima, seus olhos verdes estreitos e com faíscas de desejo, nunca deixando seu olhar enquanto ela deliberadamente começava a acariciar seus próprios seios, erguendo-os provocadoramente, apertando e soltando. Ela pegou um mamilo entre o polegar e os dedos, rolando até que estava duro e cheio, e então se mudou para o outro mamilo. Ela levantou os dedos à boca e lambeu-os cuidadosamente, até que brilhavam com humidade. Raphael assistiu, seu pau latejante quando ele começou a mover-se lentamente, dentro e fora de seu corpo sedoso.
Cyn piscou lentamente, esfregando os dedos molhados sobre os seios, arrastando para baixo a extensão plana da barriga para deslizar entre as dobras de seu sexo. Segurando-se aberta, ela começou a circular o clitóris, sua respiração acelerada enquanto ele empurrava mais forte, mais rápido, seus braços esticados e rígidos em cada lado dela, para que ele pudesse vê-la brincar consigo mesma, ver inchar a pérola sensível com o desejo, ficando ruborizada com sangue enquanto respondia ansiosamente à estimulação de seus dedos.
Cyn estremeceu e puxou fôlego de seus pulmões, se inclinou para trás, olhos fechados, o rosto brilhando de suor, enquanto ela lutava com o seu orgasmo.
— Venha para mim, Cyn meu doce. Deixe-me sentir você tremer ao redor do meu pau.
Ela deu um pequeno gemido, tremendo enquanto sussurrava… — Raphael.
Ele se esticou para frente e tomou o peito em sua boca, sugando duro, deixando seus dentes raspar junto à carne macia e lambendo a pequena gota de sangue. A respiração de Cyn ficou rápida e superficial, os dedos enroscados em seus cabelos agora, segurando-o perto, incentivando-o a conceder ao outro mamilo o mesmo tratamento. Ele o fez de bom grado girou a língua sobre o mamilo intumescido e chupou duro, mordendo apenas o suficiente para liberar o gosto suculento de sangue dela.
— Oh, Deus, Deus. Raphael, por favor.
— Por favor o que, minha doce Cyn? — ele murmurou, deixando os peitos e entrando ainda mais fundo dentro de seu corpo, sentindo-a ficar ainda mais quente e molhada com cada novo impulso.
Seus olhos abriram, as unhas raspando suas costas, enquanto ela quase gritou sua demanda. — Raphael!
Ele mordeu o mamilo, provocando um soluço fresco de prazer quando ele lambeu seu caminho entre os seus seios e sobre a clavícula, fechando os dentes sobre os tendões tensos de seu ombro antes de subir para esfregar os lábios sobre a pulsação da sua jugular. Ele respirou fundo, sentindo o delicioso aroma de seu sangue, o aroma irresistível de sua excitação.
Cyn gemeu, apertando os braços ao redor de seus ombros, esmagando o peito dele contra os montículos rígidos de seus mamilos, a plenitude dos seus seios pesados. Seus quadris se movendo ao mesmo tempo que os dele, empurrando contra ele, os músculos de seu estômago apertados com seu interior convulsionando, enviando tremores e ondulando ao longo de seu pênis dentro dela.
Ele lambeu seu pescoço uma última vez, soprando sobre a pele molhada, sentindo o arrepio.
— Eu te amo, minha Cyn. — ele sussurrou contra sua carne aquecida.
Quando ele cravou os dentes em sua jugular, seu corpo arqueou abaixo dele, o orgasmo atingindo-a fortemente e levando-a ao êxtase. Ela suspirou seu nome, sua respiração roubada, lágrimas escorrendo pelo seu rosto com o prazer sobrecarregado e fazendo-a convulsionar impotente no clímax.
Raphael deixou o doce fluir de seu sangue encher a boca e rolar pela garganta dele como mel quente, endurecendo seu pau até que ele gemeu com a necessidade de vir. Ele jogou a cabeça para trás e rugiu quando encontrou o seu próprio orgasmo, bombeando profundamente no corpo trêmulo da sua companheira, sentindo as suas pernas apertar em volta dele, segurando-o, acariciando-o, esvaziando-o.

Capítulo 8

As palavras de Lucien ainda estavam com Sophia quando ela acordou na noite seguinte, pesando sobre o seu peito. Ela jogou de lado os muitos cobertores, de repente, sentindo-se sufocada em vez de aquecida com a sua presença. Um pequeno esforço de sua vontade e as velas se acenderam, iluminando a pequena masmorra sombria onde ela passou o dia.
Dobrou a carta cuidadosamente, tocando a única lágrima rosa que manchava um canto, a evidência do arrependimento de Lucien. Em seguida, deslizando a folha de papel de volta para dentro do envelope, pegou a fotografia de três vampiros que nunca tinha conhecido e que agora nunca conheceria. Todos os três estavam mortos, destruídos por ódio humano e pela loucura de Lucien. Mas agora sua estupidez tinha afetado outros. Outros que eram perigosos e que ele esperava que ela aplacasse de alguma forma… e então? Salvaria o traseiro inútil dele enquanto ele se escondia em segurança? Típico de Lucien, ela pensou com raiva. Nunca pensando em ninguém além de si mesmo - seu prazer, a sua curiosidade, sua sexualidade condenável.
Afastando os restos de suas próprias lágrimas - não por Lucien, mas pelos vampiros inocentes que ele havia entregado à morte - Sophia se levantou, tremendo quando o ar frio bateu em seus seios nus. Ela teve um flashback momentâneo do encantador Aurelio, com seu corpo longo e elegante, e então o afastou. Ela podia desfrutar de seus interlúdios sensuais, mas era no coração uma mulher de disciplina e propósito. Outra coisa sobre a qual ela e seu Senhor sempre discordaram.
Dando os poucos passos para a porta armadilhada, ela fez uma pausa longa o suficiente para se certificar que o quarto acima dela estava vazio antes de empurrar a porta e subir para o chalé acima.
Uma rápida olhada assegurou-lhe que nada havia mudado em sua ausência, que ninguém tinha estado ali, enquanto dormia indefesa sob seus pés. Ela estremeceu novamente, com um tipo totalmente diferente de frio, odiando as circunstâncias que a forçaram a estar aqui, odiando Lucien por sua persistente autoindulgência que um dia iria matá-lo.
Ela se dirigiu para o escritório, pegou o telefone à moda antiga e esperou que alguém respondesse. Não demorou muito.
— Minha senhora? — Uma voz suave do sexo masculino respondeu.
— Eu preciso falar com Larissa.
— Devo mandá-la, minha senhora, ou…
— O telefone servirá.
— Só um momento.
Passaram dez segundos antes de ouvir a voz delicada de Larissa. — Senhora Sophia, em que posso servi-la?
— Eu preciso entrar em contato com o escritório do Senhor Raphael, Larissa. Você tem um número?
— Claro, minha senhora. Você deseja falar com ele pessoalmente, ou devo…
— Não. — Sophia interrompeu rapidamente. — Alguém de sua equipe será suficiente. Eu só preciso de algumas informações deles. — Possivelmente, a última pessoa com quem ela queria falar diretamente neste ponto era Raphael. A notícia que ela tinha para oferecer era ruim. Muito ruim. Era muito melhor falar com quem estava dirigindo o seu ninho em Seattle nestes dias.
— Talvez seu tenente, Duncan, então? — Larissa solicitou.
Duncan, Sophia pensou melancolicamente. Ela nunca tinha conhecido nem o lorde vampiro nem o seu tenente, mas Duncan tinha a fama de ser tão poderoso como qualquer membro do Conselho Vampiro, excetuando-se à apenas o próprio Raphael. Ela bufou baixinho. Apenas Raphael poderia prender um vampiro tão forte quanto Duncan como seu número dois.
— Minha senhora? — Larissa perguntou.
— Quem está responsável por atender ao telefone provavelmente será suficiente, Larissa. Obrigado.
Sophia desligou o telefone e esperou, voltando seu olhar mais uma vez para a fotografia. Era uma fotografia casual, tirada com uma câmera pessoal. Os três estavam sentados juntos, a mulher no meio com os braços dos homens entrelaçados em torno dela em gesto de afeto fácil. A mulher estava sorrindo, sua cabeça inclinada contra o ombro de um homem, a mão descansando na coxa do outro. Mas havia desconfiança em seus olhos enquanto ela olhava para a câmera, uma desconfiança que dizia a Sophia que esta mulher era provavelmente uma vampira antiga, habituada a viver nas sombras e não muito confortável com a foto. Os homens não tinham tais reservas, suas expressões eram felizes e sorridentes, uma noite passada entre amigos.
O coração de Sophia apertou. Se foram. Todos se foram. Qual seria a sua idade, quantos anos andaram na terra e o que haviam testemunhado nesses anos?
— Maldito seja, Lucien. — ela sussurrou novamente. O telefone tocou e ela agarrou-o, querendo acabar logo com isso.
— Sophia. — uma refinada voz masculina disse. — Eu sou Duncan. Como podemos ajudar?
Sophia congelou. Duncan? Por que tinha que ser o formidável tenente de Raphael a atender a sua chamada? Ela não era ninguém.
Poderosa, sim, mas ninguém sabia sobre ela. Ela nunca tinha ido a uma reunião do Conselho, nunca tinha sido vista do lado de Lucien fora do Canadá, e isso foi há décadas atrás.
Então, por que Duncan atendeu ao telefone quando ela ligou inesperadamente?
Talvez porque Raphael já suspeitava do que Lucien tinha feito, e agora Sophia ia ser a única a sofrer por isso.

Capítulo 9

Norte de Seattle, Washington

Raphael acordou, preenchido com uma intenção fria e mortal. Ontem tinha sido para o luto. Esta noite era para a vingança. Cyn se agitou ligeiramente ao lado dele, e ele olhou para onde ela ainda dormia, enrolada contra ele. Seu braço apertou sobre o quadril dela. Ele a esgotou na última noite. Mais corretamente, eles tinham se esgotado mutuamente no remédio antigo quando confrontados com o rosto da morte. Uma reafirmação de vida, mesmo que sua união nunca fosse produzir mais do que alegria mútua.
Se inclinou e a beijou suavemente para acordá-la. Seus olhos se abriram, um sorriso iluminando suas profundezas verdes mesmo que sua expressão estivesse firmada com propósito.
— Temos trabalho a fazer. — Ela disse.
Raphael sorriu maldosamente. Eles combinavam, ele e sua companheira.
— Nós temos. — disse ele. — O chuveiro é grande o suficiente para os dois.
Cyn sentou-se, correndo os dedos pelos cabelos emaranhados, fazendo com que seus seios ficassem expostos ansiosomente. Ele deu um baixo rosnado de apreciação. Os olhos dela brilharam, quando ela encontrou seu olhar que estava preenchido com o calor.
— Sempre fui uma grande adepta da multitarefa. — Ela sussurrou.
***
Raphael encontrou Wei Chen e Loren esperando por ele no andar de cima, conversando profundamente com Duncan e Juro. Duncan atravessou a sala, assim que Raphael e Cyn entraram.
— Meu senhor. Cynthia. — disse ele em saudação. — Recebemos um pedido incomum há poucos momentos. A chamada foi encaminhada de Malibu, e eu não acredito que o interlocutor soubesse que você está aqui em Seattle.
Raphael deu-lhe um olhar indagador.
— Um dos filhos de Lucien, Sophia… — A voz de Duncan sumiu e ele balançou a cabeça. — Seu nome formal é bastante longo, um daqueles títulos aristocráticos reveladores da linhagem da antiga Espanha. Eu não sei se você já a conheceu antes, senhor. Eu não a conheço.
Raphael franziu a testa, pensativo, voltando sua mente através dos milhares de vampiros que ele conheceu durante sua longa vida, alguns apenas brevemente, outros com quem ele passou décadas ou mais. Sacudiu a cabeça. — Eu não cruzei com Lucien muitas vezes, somente em nossas reuniões anuais do Conselho. Mas seu tenente é do sexo masculino, de modo que Sophia não detém posição formal com ele, que eu saiba. O que ela quer?
— Ela pediu permissão para entrar em seu território a partir de Vancouver. Na verdade, para viajar aqui para Seattle com privilégios de convidada no complexo.
Duncan voltou-se e acenou para Juro.
— Eu não gosto disso. — Cyn disse, sem rodeios, quando Juro se juntou a eles.
Todos os três vampiros olharam para ela com o rosto cuidadosamente branco.
— Oh, acabem com a coisa de vampiros inescrutáveis. Alguém está matando vampiros e, agora, de repente, esta garota se mostra do nada e quer aparecer para uma visita? Você não pensa que isso é um pouco suspeito?
— Mais do que um pouco, eu diria. — Duncan concordou. — Mas saber o que ela quer poderia ser útil. Ela afirma estar em uma missão para Lucien, de modo que talvez eles tenham problemas semelhantes no Canadá.
— Quando ela gostaria de chegar? — Raphael perguntou.
— Esta noite, meu senhor. Ela já está na fronteira. Se conceder permissão, ela está preparada para atravessar imediatamente, o que parece ter uma certa urgência por parte dela.
Cyn se agitou infeliz, mas Raphael disse: — Que ela venha, Duncan. Juro, mande duas das nossas pessoas para encontrá-la com transporte. Quero ela aqui o mais rápido possível, mas ela entra sozinha, nos meus termos, ou não entra. Eu vou garantir sua segurança e a de ninguém mais.
Juro assentiu. — A equipe ficou a postos tão logo ela ligou, meu senhor, para poupar tempo no caso de você conceder-lhe passagem. Vou avisá-los de sua permissão e organizar um encontro com Sophia. — Ele pegou seu telefone celular e já estava discando um número quando ele se afastou.
— Quanto tempo antes dela chegar? — Raphael perguntou.
— Eu acho que uma hora ou duas, meu senhor. Se Sophia atravessar a fronteira e encontrar a nossa equipe… — Ele encolheu os ombros. — Apenas as estradas de montanha vão atrasá-los um pouco.
Raphael considerou isto. Vampiros tinham reflexos superiores e visão noturna muito melhor do que os seres humanos. As estradas não iriam atrasá-los muito.
— Muito bem. Quando ela chegar, vou falar com ela…
Cyn falou imediatamente. — Raphael, e se…
Ele ergueu a mão para parar a objeção previsível. — Nós vamos tomar todas as precauções necessárias, minha Cyn.
Ela corou, mas seus olhos estavam cheios de rebelião, quando encontraram os dele. — Existe café em algum lugar, Duncan? — ela perguntou, sem se preocupar em esconder a sua irritação.
Duncan olhou para Raphael antes de dizer: — Há uma sala de jantar do outro lado. Wei Chen abriga um turno inteiro de guardas diurnos no complexo, e há um ou dois companheiros de vampiros que vivem aqui também.
— Obrigado. — disse a Duncan, em seguida, mudou sua atenção para Raphael. — Desde que eu não estou sendo necessária aqui, vou pegar alguma cafeína. E então eu gostaria de fazer a Wei Chen e a outros algumas perguntas… Se está tudo bem para você, meu senhor. — Acrescentou sarcasticamente. E com isso, ela girou nos calcanhares e saiu.
Raphael a assistiu ir, apreciando o balanço de seus quadris, mesmo ela estando irritada com ele. Ele se voltou para Duncan com um toque irônico em sua boca. — Acho que ela se preocupa ainda mais do que você, Duncan.
Duncan sorriu. — Impossível, meu senhor. — Ele comentou acrescentando. — Ela te ama profundamente.
— Ela quer me proteger.
— Falando nisso, se você se encontrar com Sophia…
Raphael piscou lentamente e deu ao seu tenente um olhar paciente.
— Ah, isto é, quando você se encontrar com ela, meu senhor, acredito
que deva permitir a mim e a Juro cumprimentá-la primeiro. Eu gostaria de um melhor sentido do seu propósito, antes de admiti-la para o edifício pelo menos, e certamente antes que ela seja permitida em sua presença.
— Você é tão ruim quanto Cyn.
— Sem dúvida. E um pouco pelas mesmas razões.
Raphael arqueou uma sobrancelha para ele.
— Eu disse um pouco. — Duncan disse secamente.
Raphael deu um sorriso rápido, ficando sério quase que imediatamente depois.
— Muito bem. — Raphael ouviu os passos de Cyn e olhou por cima do ombro para vê-la indo para os seus aposentos particulares. — Eu acho que vou ter uma conversa com minha companheira.
Cyn estava saindo da casa de banho grande quando Raphael entrou na sua suíte. Ela tinha uma toalha em suas mãos e seu rosto ainda estava úmido. Ela não disse nada, apenas jogou a toalha sobre a cama, em seguida, caminhou até a mesa lateral e começou a colocar seu coldre de ombro, suas costas para ele mais uma vez.
Raphael atravessou o quarto em silêncio, tendo um prazer egoísta ao ouvir o seu suspiro de surpresa quando a mão dele tirou a arma da sua mão antes que ela pudesse deslizá-la no coldre. Deslizando a arma sobre a mesa e fora do seu alcance, ele a girou para encará-lo. Não que ela fosse intimidada por sua demonstração de força. O olhar que ela lhe deu praticamente o desafiava a tentar alguma coisa.
— Minha doce, doce Cyn. — disse ele sedosamente. Sentiu-a ficar perfeitamente imóvel, viu seus olhos se incendiarem em alarme quando ela reconheceu o perigo fervendo sob a sua voz calma. A teimosia fugiu, substituída por uma vigilância cautelosa. Ele rosnou suave e baixo em seu peito. — Você está com raiva porque eu valorizo muito a sua vida para me esconder atrás de você? Você é humana, minha Cyn, e eu sou um Vampiro. Qual de nós você acha que tem mais probabilidade de sobreviver a um ataque pelos meus inimigos?
— Bem, muito obrigada. Não vou mais incomodar você com meus inúteis esforços humanos em seu nome.
Raphael a apertou, puxando-a para mais perto. — Eu não preciso de você para me proteger. — Ele insistiu, a apenas alguns centímetros de distância do rosto dela. — Eu tenho centenas de vampiros especificamente treinados para fazer isso. Você sabe disso.
— E quanto a todos os outros? — ela retrucou de volta, levantando as suas mãos entre eles e empurrando ineficazmente em seu peito. — Os milhares de vampiros que dependem de você por suas vidas, os milhares que vão morrer se alguma coisa acontecer com você. E quanto a mim? Como eu poderia viver sem você? — Sua voz ficou embargada de emoção enquanto ela fechou um punho e socou seu ombro. — Você é insubstituível, maldito!
Ele olhou para ela, afrouxando o seu aperto até que conseguiu passar mãos suaves para cima e para baixo em seus braços. — E você acha que não é? — ele perguntou, sua impaciência substituída pela descrença atordoada. — Você acha que eu poderia continuar se algo acontecesse com você? Acha que eu iria querer?
Cyn desviou o olhar, o constrangimento manchando suas bochechas adoráveis.
— Doce Cyn. — Ele murmurou, puxando-a em seus braços. — Lubimaya. — ele sussurrou contra seu cabelo perfumado. — Eu preferiria morrer ao seu lado do que viver sem você.
— Eu também. — ela sussurrou, lágrimas enchendo sua voz.
— Então não há mais nada a fazer. Nós dois temos que viver, minha Cyn.
Ele colocou um dedo sob o queixo dela e levantou o rosto para ele, beijando-a longamente e devagar, saboreando o delicioso, quente gosto de sua boca, demorando-se a enrolar a língua em torno da dela até que ela suavizou contra ele, com os braços serpenteando sob sua jaqueta e em torno de suas costas.
— Eu te amo, minha Cyn. — disse ele, rompendo com o beijo e segurando-a perto. — E preciso de você sempre. Nunca duvide disso.
— Igualmente, cara com presas. — Ela murmurou contra seu peito.
Raphael riu. — Coloque a sua arma, então. Nós vamos ter uma visitante a questionar em breve.
— Sophia não pode estar aqui já. — Ela correu de volta para o banheiro, verificando seu rosto no espelho e salpicando-se com água fria para apagar os sinais de lágrimas.
Ele a seguiu, encostando-se ao batente da porta e observando-a no espelho.
— Não, mas a equipe de Juro não vai demorar muito. Vampiros dirigem rápido. Enquanto esperamos, eu quero esclarecer algumas coisas com Wei Chen, e há os relatórios da equipe de Juro sobre às duas cenas de crime. Eles foram lá na primeira noite e garantiram as casas.
Ela cruzou para a mesa e colocou a arma no coldre de ombro, vestindo seu casaco, escondendo a arma da inspeção casual. Um vampiro não precisava ver a arma, claro. Apenas o aroma trairia sua presença. Cyn sabia disso, mas ela tinha levado a sua arma desse modo por anos, ela lhe disse, e não via nenhuma razão para mudar. Ela olhou por cima do ombro, encontrando seu olhar com olhos cheios de expectativa.
— Assim, encontramos essa garota do Canadá, e depois podemos começar a perseguir esses caras, certo?
— Tão ansiosa, lubimaya. Eu aprovo.
Ela soltou um bufo de desconsideração e ele agarrou-a, girando-a e reivindicando a sua boca com um beijo duro. Em seguida, ele levantou a cabeça e disse: — Em breve, minha Cyn, muito em breve caçaremos.

Capítulo 10

Sophia observava o lugar em Seattle enquanto o grande portão se fechava atrás dela, quase silencioso apesar de seu peso. Ela estava relutantemente impressionada pela segurança dos vampiros do Oeste, pela minúcia cuidadosa dos dois que foram designados para acompanhá-la, pelo olhar observador dos guardas enquanto ela atravessava o portão e entrava no lugar apropriado. Lucien não tinha nada assim em seu território, nem em seu próprio lar, que ela tinha achado alarmantemente desprotegido. Claro, isso deve ser porque o próprio Lucien não estava em casa. Com certeza, se o senhor deles estivesse presente, seus guardas estariam mais alertas? Por outro lado, se eles estivessem fazendo seu trabalho adequadamente, ele não teria desaparecido em primeiro lugar.
Contudo, tendo lido sua carta, agora parecia mais provável que ele estivesse se escondendo, e não desaparecido.
O caminhão - e independentemente do que seus fabricantes o chamassem, esse veículo monstruoso não poderia ser considerado nada menos do que um caminhão - entrou no lugar, avançando mais pelas árvores enquanto elas rodeavam o caminho curvo e se dirigiam a uma estrutura elegante de concreto e aço. Havia um surpreendente zumbido de poder saindo do prédio, e Sophia imaginou quantos vampiros estavam lá dentro. Devia ser uma quantidade considerável para produzir um sinal tão forte de poder.
O caminhão parou e ela continuou parada, esperando por algum tipo de sinal de seu acompanhante. O grande vampiro asiático dirigindo não disse uma única palavra durante a viagem inteira, então ela olhou para o outro, um homem negro cujo sotaque caribenho fluía alegremente em seus ouvidos. Ela podia ouvi-lo murmurando de seu lugar na frente e percebeu que ele estava usando um dispositivo de comunicação no pulso do tipo usado pelos seguranças de alto nível em todo o mundo. Ainda mais impressionante, ela pensou. Se eles tinham tanta precaução com uma visita ao complexo local, imagine como seria uma visita com o próprio Raphael.
Dois vampiros surgiram do prédio e desceram as escadas, claramente mostrando o caminho a ela. Entre o gesso claro do interior do prédio e a generosa paisagem iluminada, ela pôde ver seus rostos claramente e à primeira vista não reconheceu nenhum dos dois. Mas não foi surpresa. Vampiros tendem a não se misturar, e especialmente não cruzar limites territoriais. Larissa fez um arquivo em Seattle que continha algumas fotos, mas, além disso, Sophia tinha poucas informações de quem ia encontrar aqui. Darren, que atendeu por anos reuniões com Lucien seria capaz de descrever os membros do Conselho, e talvez seus tenentes vampiros, mas Sophia não esperava encontrar-se com nenhum deles em Seattle, então não se preocupou em perguntar a ele.
Ela estudou os dois homens enquanto eles se aproximavam do veículo. O primeiro combinava estranhamente com seu enorme motorista. Ele era no mínimo um irmão, se não fosse gêmeo, o que era fascinante - ela não achava que já tinha visto algo parecido. O outro vampiro de Seattle era um homem bonito, alto e bem feito, com um longo cabelo loiro amarrado atrás num puro rabo de cavalo. Ele disse alguma coisa ao gêmeo, que andou até o caminhão e abriu a porta.
— Saia, por favor — o gigante disse com uma voz profunda e murmurante que combinava perfeitamente com sua estatura impressionante.
Sophia girou seus pés pela porta aberta e foi em frente. O homem estendeu uma grande pata, oferecendo ajuda, e ela aceitou gratamente, percebendo enquanto ela fazia isso o profundo zumbido de poder sob sua pele. Não era uma demonstração intencional da parte dele. Se ele quisesse testá-la, ele teria sido muito mais descarado com isso. Esse era simplesmente o poder que vivia dentro dele, e era considerável. Sophia sabia que ele estava recebendo um traço similar do poder dela, que era justamente tão firme quanto. Todos eles estavam sendo cuidadosamente muito educados esta noite.
Ela alcançou o chão e soltou a mão, olhando de canto de olho enquanto o vampiro loiro se aproximava.
— Sophia — ele disse com uma voz calma, inflexiva. — Bem vinda a Seattle. Eu sou Duncan.
Sophia congelou e lutou para não demonstrar isso. Esse era Duncan? Quando ela tinha conversado com ele mais cedo, ela tinha imaginado que ele estivesse em Malibu. Mas, é claro, sua ligação poderia ter sido direcionada para qualquer lugar. Claramente, tinha sido direcionada para aqui em Seattle. Mas se Duncan estava em Seattle…
De repente tudo fez um terrível sentido. A segurança, o sinal impossivelmente forte de poder. Ciente de ter olhos castanhos a observando de perto, Sophia forçou a dar um passo para frente, a aceitar a mão que Duncan estava oferecendo. A maioria dos vampiros mais velhos não davam as mãos, especialmente aqueles que evitavam contato humano. Sophia não era uma dessas. Sua vida no Rio foi recheada de mais humanos do que vampiros.
— O inestimável Duncan — ela percebeu. Ela balançou a mão dele firmemente, surpresa que ele, pelo menos, não tinha testado o poder dela com esse aperto de mãos. Mas então, se o que ela tinha ouvido sobre ele era verdade, ele provavelmente não sentia essa necessidade. Mas ao mesmo tempo, ela imaginou o quanto eles descobriram sobre ela nesse curto espaço de tempo desde a ligação. Não muito, provavelmente. Ela tinha mantido um perfil baixo intencionalmente na América do Sul, e antes disso ela tinha sido mais uma das parceiras de jogo de Lucien, sem valer nenhuma percepção.
Duncan sorriu levemente.
— Só Duncan basta. E este é o Juro. — ele acrescentou, indicando o grande vampiro do lado dele. — O que te traz a Seattle, Sophia?
Bem, ela pensou, pelo menos eles não desperdiçaram tempo com conversinha.
— Como nós discutimos no telefone, estou aqui como agente de meu Sire. — ela disse suavemente. Era quase verdade, e, além do mais, ela tinha mais do que poder suficiente para esconder seus pensamentos. — Estou procurando alguém, um vampiro que está desaparecido. A trilha me trouxe aqui, onde espero ter permissão segura para continuar minha busca e um seguro refúgio durante isso.
Duncan a considerou firmemente, sem demonstrar seus pensamentos. — Por quem você procura?
Sophia encontrou seu olhar frio com uma expressão calma apesar da elevada consciência que ela tinha do prédio atrás dele, e muito mais importante, de quem ela agora sabia estar dentro do prédio. Ela emitiu um leve fio de interrogação e o retirou quase dolorosamente, pela profundidade crua e inimaginável de poder que só podia ser de Raphael. Um arrepio de pavor percorreu sua espinha e ela se preparou de coragem. Ela não podia se dar ao luxo de mostrar fraqueza. Não mais, não com Raphael aqui em Seattle e seu próprio Criador misteriosamente desaparecido. Será possível que Raphael tivesse algo a ver com o desaparecimento de Lucien? Ou, meu Deus, seu Criador poderia ser prisioneiro de Raphael? Talvez aqui nesse lugar mesmo?
Duncan estava olhando para ela pacientemente, parecendo estar com vontade de estar na umidade fria da noite do Nordeste Pacífico pelo tempo necessário para ter uma resposta à sua pergunta. Ela congelou e tomou um grande fôlego.
— Estou procurando por Lucien. — ela disse afinal, sabendo que de outra forma ela nunca conseguiria passar pela porta. — Tenho razões para acreditar que ele está por perto. Até pensei que ele pudesse ter visitado aqui, mas agora penso diferente.
Ele está aqui? Você sabe onde ele está? Ela conteve as perguntas que estava desesperada para fazer.
Duncan levantou uma sobrancelha interrogativamente, a maior reação que ela tinha o visto fazer até agora. Ele ficou parado e ela soube que ele estava conversando mentalmente com alguém lá dentro. Raphael, provavelmente. Ele não aceitaria comandos de outra pessoa.
Ele então sorriu para ela, só uma leve curva em seus lábios enquanto ele virava e gesticulava com uma mão em direção ao prédio calorosamente iluminado.
— Meu Sire irá falar com você.
Sem ver outra alternativa, Sophia subiu a escadaria de concreto em direção à porta da frente, irritada pela dificuldade dos degraus, tão compridos e tão baixos, de forma que ela se sentia como uma criança crescida correndo pelos degraus de um gigante. Mas mesmo enquanto ela engolia sua irritação, ela reconhecia isso pelo que era - uma distração do medo se juntando em sua barriga, algo que ela não sentia há mais tempo do que lembrava. Não desde as precoces noites sozinha, depois de Lucien tê-la tirado do ninho e forçado ela a encontrar uma casa sozinha.
Duncan andava do lado dela, com Juro um pouco à frente. Nenhum dos dois disse nada, mas Duncan pelo menos parecia amigável de algum jeito reservado. Não terrivelmente prestativo, mas também não hostil. Mais curioso que qualquer coisa, ela pensou.
Juro empurrou a pesada porta de vidro e entrou primeiro. Duncan segurou a porta e a manteve aberta para ela, com uma leve reverência. Ela reconheceu a cortesia com um sorriso, meneando a cabeça enquanto passava pela porta. Contudo, toda essa cortesia não evitou que ela percebesse as pesadas venezianas de aço sobre sua cabeça. Venezianas que sem dúvidas eram fechadas todo dia antes do nascer do sol e provavelmente poderiam ser fechadas com o toque de um botão, se necessário. Bem além das portas principais havia uma “grande sala”. Salas como essas eram usadas para várias coisas em casas modernas, mas essa era uma sala de estar grande e casual, com um par de grandes sofás, um de frente para o outro, com uma pequena mesa de café entre eles. Um par de cadeiras combinando estavam nos cantos, formando uma área de sentar quadrada, com um enorme tapete enquadrando tudo. O teto era alto, dois andares no mínimo, com janelas na longínqua parede que quase encontravam a linha do teto. E assim como na porta, venezianas automáticas cobriam cada janela. Esse prédio havia sido construído por vampiros. A porta era a única vulnerabilidade real e no momento em que algum intruso a alcançasse, as venezianas já estariam fechadas e isso, também, seria bastante inviolável.
No meio da grande sala, Duncan apressou o passo, saindo da frente dela e indo direto para altas portas de madeira. Ao mesmo tempo, Juro desacelerou para ladeá-la, enquanto seu gêmeo e o jamaicano iam por trás, a conduzindo atrás de Duncan enquanto ele abria as portas e desaparecia dentro do cômodo.
Juro diminuiu o ritmo ainda mais, olhando uma vez para seu gêmeo antes de parar na frente das portas abertas e indicar com um aceno de sua mão larga que ela deveria entrar antes dele.
Sophia encontrou seu olhar plano, então jogou seu longo cabelo sobre o ombro e entrou na toca do leão.
Ela deu dois passos para dentro da sala, seu olhar varrendo tudo de um canto a outro, tomando notas de um pequeno grupo de vampiros. O líder do ninho de Seattle, Wei Chen, estava lá. Ele era um dos que ela reconheceu de uma foto que a eficiente Larissa havia incluído em seu arquivo. Havia outros três, nenhum que ela conhecesse, mas todos eles, incluindo Wei Chen estavam a observando de perto, o poder deles cozinhando logo abaixo do ponto de desafio, prontos para defender seu Sire. Deixando seu olhar viajar mais longe, ela viu Duncan cruzando um lado da sala, em direção a um grande barranco de vidro sobre o vale abaixo. Enquanto ela entrava, ele se virou para tomar uma posição ao lado do vampiro que só podia ser Raphael.
Sophia não pôde evitar. Ela tomou fôlego, seu olhar ficou fascinado pelo grande vampiro sentado no lugar de honra. Por que ninguém a avisou de sua presença absoluta? Ele chegava a vibrar com poder. Distorcia o ar em sua volta e zumbia dolorosamente em suas terminações nervosas enquanto ela lutava para manter uma aparência tranquila. Ela tinha pensado que seu mestre Lucien era poderoso, e ele era. Mas ele nunca teve poder assim, nunca tentou afiar sua força para nada além do necessário para o governo corrupto em seu território, gastando mais de seu tempo e energia com prazer e jogos fúteis. Sophia perdeu alguns preciosos segundos se arrependendo de sua própria bobeira em passar tantos anos dançando nas ruas quentes e úmidas do Rio, em vez de cultivar seu poder. E ela xingou Lucien outra vez por encorajar suas crianças a não fazer nada a não ser jogar durante suas longas vidas.
Raphael, ela soube instantaneamente, não brincava com a vida. Ele era o poder em sua forma mais real, poder estimulado ao limite mais fino e sem conhecer um igual.
Mas enquanto a parte vampira dela tomava nota de seu poder - e a mantinha calmamente contida para evitar até mesmo um sussurro de ofensa - a mulher que ela ainda era tomava nota de sua beleza. Mesmo como humano, ele devia ter sido formidável, bem com seus um metro e oitenta de altura e ombros largos, com cabelo preto curto e olhos negros incomuns. Havia um leve vislumbre de prata em seus olhos, evidência de seu pronto poder. Como se ele precisasse, cercado como estava de seus poderosos filhos.
Sophia estava abruptamente agradecida que ela tinha tomado cuidado com sua aparência. Sabendo que seu suéter colado e sua calça legging preta sobressaltavam suas curvas femininas, e que as botas que iam até o joelho com aqueles saltos adicionavam um atraente comprimento às suas pernas. Ela deslizou o longo casaco atrás dela e fez uma graciosa reverência que tinha aprendido anos atrás com sua babá.
— Lorde Raphael — ela disse, nivelando sua voz deliberadamente a um ronronar baixo e sensual. — Sophia Micaela Angelina de Sandoval y Rojas, em leal serviço ao meu Criador, Lucien Guiscard, Lorde dos Territórios Canadenses — ela olhou para cima, encontrando seu olhar intencionalmente. — Mas, cá entre nós, meu senhor — ela falou. — Sophia é suficiente.
Raphael olhou para ela sem paixão nenhuma, sem dar nenhuma indicação de que ele a considerava nada mais do que incômodo. A mulher humana magra jogada nos ombros dele era outro problema. Ela estudava Sophia com uma aversão não disfarçada, sua mão direita descendo brevemente sob sua curta jaqueta de couro onde… Meu Deus, a mulher carregava uma arma! Sophia voltou a olhar para Raphael, que tinha claramente percebido a reação da humana e sem dúvida a castigaria por isso.
Mas em vez disso, o lorde vampiro deslizou a mão pelo braço da cadeira e sobre a perna da mulher em um sinal claro que Sophia não deixou de notar. Tal como não deixou de notar o olhar presunçoso no olhar verde da humana ou seu leve sorriso de vitória. Vadia.
Sophia tirou a atenção da humana, encontrando os olhos de Raphael e deixando-o perceber educada decepção, mesmo enquanto ela baixava a cabeça em respeito.
— Onde está Lucien, Sophia? — Raphael perguntou, sua voz um ronronar de poder aveludado contra sua pele.
Sophia levantou a cabeça, seu olhar encontrando o dele outra vez.
— Meu senhor, eu esperava encontrá-lo aqui.
Ela viu Duncan se mexer levemente, ouviu a respiração dos vampiros atrás dela, e soube com uma certeza fria que seu Criador não estava em Seattle. Ou se estava, nenhum deles sabia sobre isso.
Raphael continuou estudando ela, sua expressão desprovida de alguma emoção. De todos eles, só ele não tinha mostrado reação à sua resposta e à informação expressa - nem um pouquinho, nem surpresa, nem confusão, e sem alarme certamente.
— Lucien não entrou em meu território — ele disse bruscamente, claramente sem dúvidas e sem sentir que precisava elaborar mais.
— Por que você esperava encontrá-lo aqui? — Duncan perguntou de seu lugar à esquerda de Raphael.
Abruptamente ciente de que ainda estava dobrada em uma reverência, Sophia levantou e ficou em sua altura completa e modesta. Ela trocou o olhar de Duncan para Raphael e de volta para Duncan. Quanto ela deveria contar a eles? A carta de Lucien a havia levado até ali, mas ele quis dizer para ela confiar a qualquer um detalhes das mortes de Vancouver?
No geral, os lordes vampiros não compartilhavam informações - ou qualquer outra coisa - com os outros. Eles eram viciosamente territoriais e abertamente hostis, pelo menos na América do Norte. Não era desconhecido algum lorde mais forte que atravessava limites territoriais numa tentativa de aumentar seu próprio poder às custas de outro, e frequentes disputas surgiam, algumas vezes violentas. O território canadense de Lucien era vasto, mas largamente incerto, tanto em termos de pessoas quanto de vampiros, e raramente o objeto das ambições de algum outro lorde. Isso era bom para Lucien desde que, como ele tinha dito a ela várias vezes, ele era um amante e não um lutador. Sophia não sabia de nenhum conflito aberto entre seu Sire e Raphael, ou algum outro lorde da América do Norte, tampouco. Mas então, ela tinha estado longe por tanto tempo, e tinha prestado pouca atenção.
Um pensamento desagradável enviou sinais de náusea girando em seu estômago. Lucien sabia que Raphael estaria aqui quando ele tinha a enviado nesse trabalho de rua? Ou se não sabia, ele ao menos suspeitou? Poderia haver alguma conexão entre as mortes de Vancouver e qualquer negócio que tivesse afastado de Malibu o lorde do oeste e direto para esse lugar de concreto e aço?
Sophia suspirou e virou seu olhar relutante para Raphael, que piscava preguiçosamente, deixando seus cílios caírem devagar sobre o brilho prateado de poder. Ela quase riu. O que ela estava pensando? Ele não precisava pedir por informações que ele queria; ele podia abrir a mente dela como uma lata e simplesmente pegá-las.
— Lucien me convocou em casa alguns dias atrás — ela disse amargamente. — Era nosso primeiro contato em anos — ela balançou a cabeça. — Décadas — ela emendou. — Eu estava morando no Brasil. Os lordes de lá são frouxos nas aplicações de suas leis, para dizer o mínimo. Enquanto os vampiros observam algumas poucas regras básicas, eles não se importam com quem te criou ou quem você chama de mestre.
— Como Lucien te contatou? — Duncan perguntou.
Sophia olhou para Raphael antes de responder, mas o lorde pareceu contente em deixar seu tenente tomar as rédeas.
— Diretamente — ela disse simplesmente. — Ele falou em minha mente assim que eu acordei à noite. Ele não me deu motivos, simplesmente me convocou aqui com uma indicação de urgência.
— Você sabe o porquê?
Sophia balançou a cabeça, deixando um pouco de sua frustração à mostra.
— Não — ela admitiu. — Eu só cheguei de Vancouver ontem à noite. Eu fui direto para seu complexo principal sobre a cidade, com a esperança de encontrá-lo esperando, mas ele não estava lá. E ninguém com quem eu falei sabe onde ele está.
— O que te faz pensar que ele está aqui em Seattle, então?
— Uma carta. Ele me deixou uma carta com detalhes de alguns eventos recentes e muito problemáticos. E então ele me disse para vir aqui.
— Que eventos? — Raphael falou afinal, a pergunta foi como uma chicotada de poder exigindo uma resposta.
Sophia tomou um longo fôlego e continuou. Lucien tinha deixado isso para ela. Ela só tinha seus instintos para seguir, e tais instintos diziam para ser clara com o que sabia. Qualquer outro caminho só levaria a mais mortes.
— Morte, meu senhor — ela disse bruscamente. — Três vampiros em Vancouver foram destruídos. Eu não sei como ou por quem, mas os assassinos podem estar agora em seu território, e… Acredito que Lucien está de alguma forma no centro disso.

Capítulo 11

Pensando em seus próprios mortos, Raphael sentiu um renovado surto de raiva. Próximo a ele, Cyn se mexeu, descansando seus dedos contra a nuca dele.
— Quem morreu? — ele exigiu de Sophia.
Ele a viu piscar em reação à raiva que ele transmitiu e sentiu o poder dela empurrar brevemente. Ela tinha uma força surpreendente para uma criança do Lucien. Talvez foi por isso que fora ela que Lucien chamara quando se meteu em problemas.
— Eu tenho fotografias deles, meu senhor. — ela disse com calma admirável. — E seus nomes, no entanto, eu não os conheço.
— Quem? — Raphael insistiu.
— Giselle. — ela disse suavemente.
Wei Chen resfolegou audivelmente quando ela disse o nome. Sophia atirou a ele um olhar rápido por cima do ombro antes de virar novamente para Raphael. — Juntamente com Damon e Benjamin. — ela disse. — É do meu entendimento que os três viviam juntos e morreram na mesma noite.
— Meu senhor. — Wei Chen começou a dizer, mas Raphael ergueu sua mão pedindo silêncio. Giselle não era um dos dele, mas ele havia conhecido-a. Ela era velha e astuta, mas com pouco poder. E por causa disso, ela havia escolhido viver em Vancouver depois que Lucien e Raphael haviam combinado os limites entre seus dois territórios para a fronteira internacional entre Estados Unidos e Canadá. Ela queria uma vida tranquila e havia confiado no tranquilo Lucien para oferecer isso a ela. Imprudentemente, no final das contas.
— Como você sabe que os três estão mortos? — Raphael perguntou a Sophia.
— Os nomes deles estão na carta do Lucien, juntamente com a fotografia. Eu tenho os dois comigo, meu senhor, se você quiser vê-los.
Raphael fez sinal para Duncan que deu um passo à frente para aceitar o envelope dobrado que Sophia tirou do bolso de seu casaco. Duncan abriu a carta lentamente, tirando a fotografia e estudando-a cuidadosamente antes de entregar tanto a foto quanto a carta para Raphael.
Raphael somente olhou de relance para a fotografia, entregando-a para Cyn quase imediatamente. Ele virou sua atenção para a carta de Lucien. Se ele tinha quaisquer dúvidas antes sobre o que Sophia havia dito a ele, ele não as tinha mais. A escrita era do Lucien, mas mais do que isso, o poder do Lorde Vampiro estava embebido no papel em si, o pesar e a tristeza que ele havia passado enquanto escrevendo a carta era tão vívido quanto a mancha de lágrima caída no fino papel de linho. Mas ao invés de simpatia, Raphael estava revoltado pelas palavras do seu companheiro lorde vampiro.
Lucien e Raphael eram quase da mesma idade, mas o outro vampiro havia se acomodado na América décadas antes da chegada de Raphael no Novo Mundo. Inicialmente, Lucien havia se confinado às províncias do leste do que iria se tornar o Canadá. Quando ele decidiu expandir para o oeste, ele e Raphael facilmente concordaram em uma linha territorial, movendo-a quando eventos o justificavam e os seres humanos expandiam seus assentamentos. Lucien sempre havia sido um pobre protetor de seu povo e um guardião relaxado do seu território, mas ele havia sido poderoso bastante para se segurar ao território, especialmente dada a falta de quaisquer ofertas públicas de aquisição sérias.
Mas a situação atual era um novo baixo, até mesmo para o Lucien. Seu pessoal tinha sido morto, assassinados enquanto dormiam, e ele havia sumido, deixando nada a não ser o chamado urgente para Sophia e sua carta patética na qual Lucien confessava sua própria cumplicidade em levar os assassinos diretamente na porta da Giselle.
E agora, os animais que haviam assassinado Giselle e seus amantes claramente haviam ido para o sul para dentro do território do Raphael para continuar sua matança. Era coincidência que Lucien havia direcionado Sophia para seguir o encalço deles? Que essa carta conectava os dois conjuntos de assassinatos? Raphael não acredita em coincidências, especialmente não quando estavam envoltas nas palavras de auto-piedade de Lucien.
Mas Raphael não era Lucien. Ele não iria se acovardar e se esconder enquanto o seu pessoal morria. Ele iria encontrar estes assassinos e eliminar as ameaças de uma vez por todas.
E depois disso… Talvez fosse hora de encontrar um novo lorde para os Territórios Canadenses.
Sophia estava parada em silêncio, vendo Raphael ler a carta do Lucien. Ela sabia o quão incriminador era, sabia da sua própria raiva ao lê-la. Ela podia apenas imaginar a raiva do Raphael. Eram os seus vampiros que Lucien havia colocado em risco ao se esconder ao invés de lidar com a tragédia que ele havia criado.
Ela pulou quando Raphael de repente vociferou uma ordem.
— Wei Chen. — ele disse. — Arrume alguém para levar Sophia aos seus dormitórios.
— Mas meu senhor… — O protesto de Sophia morreu em seus lábios quando o poderoso lorde virou seu olhar negro para ela. Ela sentiu sua pulsação se acelerar, sentiu seu próprio poder tentando subir para a superfície enquanto cada instinto defensivo que ela possuía gritava para seguir adiante de uma vez. Ela reprimiu brutalmente a reação, quase desmaiando com o esforço, mas sabendo que ela estaria morta em questão de segundos se Raphael quisesse. E ele estava de mal humor. Ela não precisava conhecê-lo para ver isso. Sua raiva era como uma entidade separada no cômodo, uma criatura de calor e fúria.
Ela caiu de joelhos, disposta a implorar pelo que ela queria, o que ela precisava… Ser parte da caçada destes assassinos. Porque deveria haver mais deles. Provavelmente um bando inteiro de assassinos. Nenhum humano sozinho conseguiria derrubar três vampiros e enviar Lucien para se esconder. Ela queria ver estes humanos sendo trazidos à justiça - justiça Vampírica. Por motivos que ela não podia explicar, importava mais para ela do que qualquer coisa em séculos - com uma exceção, e isso era algo, alguém, que ela nunca se permitia pensar a respeito.
— Lorde Raphael — ela disse, tentando evitar a súplica em sua voz. — Me permita ser parte disso. Essas eram crianças do Lucien que foram assassinadas, e sim, foi parcialmente culpa dele. — ela se apressou a acrescentar. — Mas meu Criador está vivo, meu senhor. Eu sei disso.
Sua voz morreu, sua garganta ficando repentinamente seca quando a expressão já fria de Raphael se tornou absolutamente gelada. Sophia sabia que naquele momento as noites remanescentes do Lucien iriam ser contadas em um dedo se Raphael o encontrasse vivo.
Lágrimas quentes pressionaram contra a parte de trás de seus olhos, uma dor dilacerante apertou dolorosamente seu coração. Ela amava Lucien. Apesar de seus muitos defeitos, ele havia dado a ela o maior presente da vida quando a transformou, e eles haviam dividido muitas alegrias juntos. Iria machucá-la se ele morresse, mesmo se ele tivesse causado isso sozinho.
Ela inclinou sua cabeça, relutante em deixar Raphael ou qualquer um dos outros testemunhar sua dor. Apertando sua mandíbula e deixando seu pesar de lado, ela ergueu seus olhos para encontrar os dele mais uma vez. — Eu sei que você não precisa da minha ajuda, Lorde Raphael, mas eu te imploro que me deixe oferecê-la. Pelo bem do povo do Lucien, que não merece sofrer pelos erros dele.
Raphael apenas a encarou sem expressão nenhuma. — Wei Chen, veja alguém para levar Sophia para seu quarto. — ele disse.
— Sim, meu senhor. — o líder do ninho de Seattle disse atrás dela.
Sophia ficou de pé graciosamente, se virando a tempo de ver um vampiro jovem e esbelto conversando com Wei Chen, que olhou para cima e pegou seu olhar. — Sophia, — disse ele. — Este é Lukas. Ele vai mostrar-lhe o quarto que você vai usar durante a sua estadia.
Sophia assentiu, então ousou se virar para encarar Raphael mais uma vez. — Meu senhor? — ela perguntou. Ele ainda não disse nada, observando-a com uma expressão vazia que não dava pistas do que ele estava pensando. Ela respirou fundo e fez seu caminho na direção de Lukas que esperava, consciente de todos que a assistiam enquanto ela tecia por entre o amontoado de móveis e cruzava o espaço que fazia eco.
Pelo menos ele não havia mandado ela para casa imediatamente. Isso era algo. E se ele tentasse… Ela tinha poder próprio. Bem mais do que ela dava a entender. Não era o bastante para derrubar Raphael, mas era o bastante para desafiar qualquer um que pensasse que podia deixá-la de lado como um cachorrinho rejeitado. Ela iria caçar os assassinos. Com ou sem a ajuda de Raphael.

Capítulo 12

— Ela está dizendo a verdade. — disse Duncan uma vez que as portas haviam se fechado com segurança por trás de sua visitante.
— O que ela sabe disso. — esclareceu Wei Chen, tomando o seu lugar novamente. — Eu tinha o nosso pessoal fazendo alguma pesquisa. Como ela disse, ela está vivendo na América do Sul e Central por quase um século, mais recentemente, no Rio de Janeiro. Para todos os efeitos, ela está sem um mestre, voando sob o radar. Você sabe como eles são relaxados sobre essas coisas lá embaixo.
Raphael sentou-se, satisfeito por deixar seu pessoal conversar.
— Ela voou ontem, meu senhor. — forneceu Juro. — Foi um voo privado, mas a distância exigiu várias paradas e levou algum tempo. Pelo menos parte de sua viagem foi na luz do dia, no entanto, o que dá credibilidade à sua alegação de urgência.
Foi Cyn que fez a pergunta que todos estavam se questionando. — Então, onde está esse cara, Lucien? Está morto?
Todo o pessoal olhou para Raphael esperando a sua resposta. Ele pensou, seus dedos acariciando a perna da Cyn distraidamente.
— Não, ele não está. Lucien nunca foi o mais poderoso entre nós, mas sua força ainda é considerável. Sua morte certamente teria sido detectável a você aqui em Seattle, Wei Chen, e, provavelmente, até mesmo para a maioria de nós, em Malibu. Especialmente se a morte fosse inesperada. Mesmo se ele tivesse sido subjugado por um dos seus próprios em um golpe de Estado haveria pelo menos algumas perdas entre seus filhos e essas mortes seriam definitivamente sentidas por nós. A menos que Lucien tenha um filho que não conhecemos. Alguém forte o suficiente para eliminar o seu Sire e tomar o poder sem uma onda.
Duncan bufou suavemente, circulando ao redor para pegar a cadeira ao lado de Cyn. — Altamente improvável, meu senhor. Lucien sempre escolheu como companheiros seus próprios filhos, não jogadores.
— Sophia poderia fazê-lo. — observou Wei Chen. — Ela está escondendo seu poder, mas ele está lá.
— Ela provavelmente poderia. — Duncan concordou pensativo. — Mas ela passou os últimos cem anos seguindo os passos de seus antepassados hedonistas, por isso a sua força permanece na maior parte em potencial. E se ela tivesse eliminado ele, ela dificilmente arriscaria vir para cá em uma pretensão de procurar por ele. Não haveria nenhum ponto. Além disso, ela parece se importar genuinamente com Lucien, o que faz dela uma candidata improvável a tê-lo matado.
— Talvez. — admitiu Wei Chen. — Meu senhor. — continuou ele, voltando-se para Raphael. — Seria possível Lucien mascarar a sua assinatura suficientemente bem para que não pudesse ser encontrado?
Raphael deu de ombros. — Não de mim. Ele não está dentro do meu território, mas ele está vivo e eu vou encontrá-lo.
Cyn moveu-se sem descanso. — Mas encontrá-lo não é a nossa prioridade, pois não? Se ele não está aqui, não tem importância, exceto que agora sabemos que os assassinos começaram lá em cima e viajaram para cá.
— Por quê? — Chen Wei perguntou. — Isso é o que eu gostaria de saber. E como eles decidem quem são seus alvos? Jeremy… — disse ele, voltando-se para o vampiro sentado calmamente ao lado dele. — Você conhecia Giselle, ou os seus companheiros de ninho? Você fez algum trabalho para eles, por acaso?
Jeremy balançou a cabeça imediatamente. — Todos os meus clientes são baseados nos EUA. E eu não fiz qualquer trabalho para Marco ou Preston, de modo que não pode ser o link.
Wei Chen soltou um suspiro de frustração. — Então, por que eles? Como é que chamaram a atenção desses assassinos?
— Eles não o fizeram. — Cyn disse de repente. Ela inclinou-se atentamente. — Estou apostando que os humanos nunca viram nenhum dos seus alvos vampiros antes do dia em que os atingiram.
Os vampiros de Seattle estavam olhando para ela com expressões correspondentes de dúvida. Apesar do que Raphael havia dito mais cedo, eles esperavam que Cyn seria nada mais do que doce. Duncan e Juro sabiam mais e olharam para ela com expressões pensativas, mas Cyn ignorou todos eles.
— Precisamos conversar com o cara local. — ela disse, para si mesma, antes de deslocar o olhar para Loren. — Colin Murphy.
Loren assentiu.
— Achei que não teria tempo hoje à noite. Amanhã ele vai estar aqui uma hora depois do por do sol. Mas por que é tão importante? Certamente somos os mais qualificados para encontrar e destruir essas pessoas. Francamente, a última coisa que precisamos é a interferência de autoridades humanas que só vão ficar no nosso caminho.
— Talvez. — admitiu Cyn com pouca convicção. — Mas considere isto. Sabemos que Lucien traiu a localização do seu povo para os assassinos. Estou disposta a dar-lhe o benefício da dúvida e supor que ele não fez isso sabendo o que iria acontecer com eles. Mas isso significa que quem quer que seja era alguém que ele conhecia e confiava. Provavelmente não os assassinos, mas alguém que trabalha com eles.
— Por que você diz isso? — Loren perguntou.
— Lucien é um lorde vampiro. Mesmo que ele não seja o mais forte da região, ele tem poder suficiente para ler a mente dos seres humanos. Será que ele não sabe se a pessoa com quem ele estava falando o odiava o suficiente para cometer um assassinato?
— Assumindo que ele se preocupou em procurar. — observou Duncan. — Se fosse alguém que confiava, alguém que tinha conhecido há anos… — Ele balançou a cabeça. — Ele pode nunca ter notado uma mudança no comportamento.
— Mas veja, por isso precisamos da colaboração de Colin. Eu não conheço os humanos por aqui. Não sei quem poderia odiar vampiros o suficiente para querer que eles se fossem, ou que tem o estômago e organização para cometer múltiplos assassinatos. Você? — ela perguntou a Loren.
Ele abriu a boca para falar, depois fechou-a e franziu a testa, considerando claramente a questão de Cyn. Ele balançou a cabeça. — Não, eu não sei, e você está certa, eu deveria. Mas se isso começou em Vancouver, pode não haver qualquer outro local envolvido, tampouco.
Cyn encolheu os ombros. — Isso nos traz de volta para como eles sabiam onde Marco e Preston viviam. Jeremy, também, mas especialmente Marco e Preston. Mariane ia à cidade. Qualquer um poderia tê-la seguido até em casa e ela nunca teria conhecimento.
— Essa possibilidade nunca teria ocorrido com ela, e por que deveria? — Jeremy disse, um pouco defensivamente.
— Não deveria. — Cyn concordou. — E ninguém está culpando Mariane. Meu ponto é que teria sido fácil saber onde você vive, Jeremy, mas não Marco e Preston. Eles não saíam muito e quando o faziam era principalmente com outros vampiros. E vocês não vivem exatamente nos subúrbios aqui. As casas deles ficam á quilômetros da rodovia. Se você não soubesse onde procurar por elas, nunca saberia que estão lá.
— Mas a maioria de nós vive dentro do complexo agora, mesmo os que viviam sozinhos antes. — objetou Loren. — Como é que alguém sabe quem são os poucos de nós que vivem fora e onde encontrá-los?
— Exatamente. — Cyn disse. — Você tem um banco de dados em algum lugar, endereços, números de telefone, esse tipo de coisa?
— Nós mantemos um banco de dados, é claro. Mas ele não inclui os detalhes da organização de segurança. Não tenho certeza se eu teria sabido se alguém tivesse me perguntado como se pareciam as acomodações privadas de Marco ou Preston.
— Mas ambos viviam nesta área antes de você construir esse complexo, certo?
— Eles viviam, sim. Foi Marco quem sugeriu que nos mudássemos aqui para Cooper’s Rest, em primeiro lugar.
Cyn considerou isso, com a boca torcendo enquanto ela mordia o interior de seu lábio inferior. — Quantos vampiros você tem vivendo lá fora? — perguntou ela.
Wei Chen levantou os olhos para Raphael, em consulta silenciosa. Cyn pegou o intercâmbio e fez uma careta, mas Raphael pousou a mão contra a parte inferior das suas costas, esfregando suavemente. Ele acenou dando permissão ao líder do ninho de Seattle.
— Nós temos um total de quarenta e sete vampiros filiados com o que chamamos de ninho de Seattle, embora existam uns poucos que ainda vivem nas proximidades da cidade. A maioria vive aqui nesta propriedade. É mais seguro e, francamente, mais confortável estar em torno de nós. Mantemos menos de 10 residências separadas, incluindo aqueles que ainda vivem na cidade, embora a maioria deles passe pelo menos algum tempo aqui regularmente. Marco e Preston estavam entre aqueles que viviam separados, e eram os que estavam nessa área há mais tempo. Jeremy viveu no ninho de Seattle até que ele se vinculou com Mariane e eles construíram sua própria casa.
— Ela queria um lugar só nosso. — Jeremy confirmou em voz baixa. — Nós compramos aqui para estar perto do novo complexo.
Cyn batia os dedos sem parar na coxa, e Raphael sabia qual seria sua próxima pergunta. Ele também sabia por que ela hesitou em perguntar.
— Quais eram os seus arranjos para dormir durante o dia, Jeremy? — Raphael perguntou por ela.
Jeremy pareceu brevemente surpreso com a pergunta, mas já que veio de seu Sire, ele respondeu com rapidez suficiente. — Um cofre, meu senhor. Como o que temos aqui. Muito menor, é claro, mas tão seguro quanto.
Cyn se inclinou para frente. — Vocês construíram sua casa a partir do zero, então?
— Nós fizemos.
Cyn assentiu um pouco e concordou. — Mas eles não sabiam disso. — disse ela, pensativa. — Eles sabiam onde vocês viviam, mas não sabiam sobre a segurança extra.
— Não. — disse Jeremy amargamente. — Então, eles torturaram Mariane ao invés.
Raphael sentiu Cyn gelar, ouviu a sua ingestão aguda de respiração com a sugestão implícita de que ela estava de alguma forma ignorando o que havia acontecido com Mariane. O que ela certamente não tinha pretendido. Sua Cyn era muitas coisas, mas insensível, especialmente para a dor de outro, ela não era.
— Minha companheira e eu — Raphael disse enfaticamente, — estamos totalmente focados na busca de justiça para aqueles que morreram, e aqueles que sobreviveram, Jeremy. Especialmente Mariane. Os métodos de Cyn podem parecer abruptos para você, mas ela é muito mais habilidosa do que qualquer um de nós em descobrir criminosos humanos deste tipo.
Jeremy após a reprimenda, disse gentilmente. — As minhas desculpas, meu senhor. É difícil pensar direito.
— Eu entendo. Cyn?
Ela recostou-se com força contra a sua mão reconfortante. — Tudo bem. — disse ela em uma respiração profunda. — Sabemos que Lucien deu a localização de Giselle e seu ninho, mas ele não poderia ter revelado onde Marco ou Preston viviam. Ou Jeremy e Mariane, também. Então, quem as deu? Eu conheço vocês, e conheço a segurança de Raphael. Vocês não colocam anúncios nas páginas amarelas e saem anunciando sua presença, exatamente. E ainda, de alguma forma os assassinos não sabiam apenas onde os outros dois viviam, mas onde eles dormiam, porque eu estou supondo que não era em um quarto nas traseiras com persianas fechadas. Marco e Preston sobreviveram um longo tempo. Eles deviam ter algum tipo de refúgio que pensavam que era seguro. Em algum lugar dentro ou perto de suas casas, mas difícil de encontrar, estou certa?
Chen Wei deu a Cyn um olhar desconfortável, claramente não disposto a dar esse tipo de detalhe. Cyn bufou impaciente. — Eles estão mortos, Wei Chen. Todas as providências que tinham não funcionaram.
Ele suspirou. — Você está certa, é claro. Peço desculpas. É uma resposta automática. Marco e Preston cada um tinha um cofre sob sua casa. Não é tão seguro como o que temos aqui, mas certamente seguro o suficiente, nós pensávamos. As entradas eram escondidas e os quartos fortemente reforçados.
— Como os assassinos entraram? — Ela se virou para olhar por cima do ombro para Raphael. — Eu realmente preciso examinar suas casas. Durante o dia, quando eu posso ver o que estou olhando.
Raphael franziu a testa, descontente com a ideia de ela sair sem proteção, enquanto um bando de vigilantes humanos corriam livres, especialmente dado o que eles já tinham feito para Mariane. Mas Cyn não viu sua carranca, ela já tinha se voltado para abordar Loren.
— Quero encontrar-me com Colin Murphy durante o dia, amanhã. Se você me der seu número, eu vou…
— Não.
Cyn girou a cabeça e olhou para Raphael.
— Eu vou encontrar esse humano amanhã à noite e decidir então o que vai acontecer.
Sua mandíbula se apertou irritada, mas novamente ele sabia que ela não iria discutir com ele na frente de seus vampiros. Além do que, ela era sagaz o suficiente para saber quando ele não estava concordando, e ele não iria mudar sua mente sobre este ponto. Até ele conhecer esse policial local, não ia deixar Cyn sozinha com ele. Na verdade, nem depois de o conhecer ele achava que ia gostar dessa ideia. Se sua companheira sentia a necessidade de buscar alguma parte de sua investigação durante o dia, ele providenciaria um guarda-costas para ir com ela. Um dos seus, alguém que ele confiava totalmente com a própria vida.
Ele se levantou, deslizando sua mão até o ombro de Cyn, então para baixo do braço, ligando os dedos com os dela e puxando-a a seus pés, amaldiçoando as noites de Primavera ainda curtas. — O sol está próximo. Nós vamos nos encontrar novamente amanhã à noite e determinar como proceder. Duncan, traga Maxime aqui em Malibu. Eu quero saber se a nossa segurança foi violada eletronicamente ou não. Wei Chen, eu quero todos os meus vampiros dentro desse complexo até ao próximo nascer do sol.
— Meu senhor. — disse Loren rapidamente. — Enviamos um aviso assim que Marco e Preston foram mortos. A maioria de nosso pessoal já se apresentou, mas alguns têm amantes fora…
— Todo mundo. — afirmou Raphael. — Sem exceções ou eles responderão a mim.
Cyn estava fora do elevador quase antes das portas estarem totalmente abertas, descartando sua jaqueta sobre uma cadeira e se livrando de seu coldre de ombro com movimentos espasmódicos e agitados. Raphael assistiu-a através das pálpebras semicerradas. Ela detestava que lhe dissessem o que fazer. Tinha estado sozinha por muito tempo.
Mesmo quando criança, sua supervisão tinha sido à base de babás contratadas que cuidavam, principalmente, que ela se entretesse para não incomodá-las. Ele deu de ombros interiormente. Ele não se importava se suas restrições irritassem seu senso de liberdade superdesenvolvido. Ele preferia lidar com sua raiva do que com sua morte. Ela checou sua arma, verificando e deslizando a arma para verificar seu estado, algo que ela nunca deixava de fazer, não importa o quanto estivesse com raiva.
Raphael escapou de suas roupas, tomando o seu tempo para pendurá-las no armário. Estes quartos não eram nada como os de sua propriedade em Malibu, apenas um quarto único e grande, que servia tanto como quarto e sala de estar, com uma banheira de tamanho generoso.
Eram, no entanto, totalmente privados e seguros, que era o que importava. O elevador tinha um bloqueio codificado, que travava automaticamente todas as manhãs, e ninguém tinha o código, exceto Cyn e ele mesmo. E nenhum deles tinha motivo para sair durante o dia enquanto visitava. Uma opinião que ele e Cyn certamente discordariam.
Terminando com sua rotina de armas noturna, Cyn caminhou até o armário e começou a despir-se, ainda evitando-o, não encontrando seus olhos quando ela tirou os sapatos e as roupas, roçando-lhe apenas, inadvertidamente, quando ela se inclinou para pegar sua jaqueta e pendurá-la. O pau de Raphael endureceu com a visão de toda a pele bonita, apertou ainda mais quando ela abriu o fecho frontal e removeu o sutiã, em seguida, inclinou-se para tirar fora o pouco de roupa interior rendada que usava. Não fazendo nenhum esforço para esconder a reação de seu corpo agora nu, ele deixou os olhos vagarem ao longo de suas curvas, parando para admirar seus seios deliciosos com as pontas rosadas já inchadas sob seu olhar. Ele resmungou com fome e olhou para cima para encontrar os seus observando-o, as mãos apoiadas nos quadris finos, olhos faiscando. Ela parecia irresistivelmente sedutora, embora duvidasse que era o efeito que ela estava sentindo agora.
Ele suprimiu o sorriso que tentava curvar seus lábios e encontrou seu olhar, esperando.
— Você confia nela? — ela perguntou de repente.
As sobrancelhas de Raphael subiram em surpresa. — Sophia? — ele verificou.
— Claro, Sophia. — ela retrucou. — Havia alguma outra garota gorda espanhola na sala hoje à noite?
Raphael quase engasgou tentando não rir, e ele tinha o breve pensamento que era uma coisa boa que ela já tinha descarregado sua arma.
— Por que espanhola? — perguntou ele. — Ela voou aqui do Brasil.
— E eu passei um verão em Paris, quando tinha dezoito anos. Não me torna francesa. Ela estava cuspindo todo o tapete quando ela disse essa lista de nomes. Confie em mim, sua primeira língua é o espanhol. — Seus olhos se estreitaram, estudando sua resposta. — E ela com certeza gostou de você.
Raphael deu de ombros para sua afirmação. — Ela é uma mulher atraente habituada a manipular os homens com sua aparência.
— Ela teria caído de joelhos e o chupado na frente de todos, se você tivesse curvado o dedo. — rosnou.
Raphael perdeu o esforço para não rir, capturando-a nos braços antes que ela pudesse explodir. Ele a empurrou contra a parede, prendendo-a lá com o seu maior volume, deixando sua ereção jogar entre as coxas de seda.
— Um exagero, minha Cyn. Você é ciumenta?
— Em seus sonhos, garoto presa.
— Em meus sonhos. — ele sussurrou próximo ao ouvido dela. — Não há ninguém entre as minhas pernas a não ser você, só você, lubimaya.
— Jogada inteligente desde que eu sou a única deitada ao seu lado enquanto você dorme.
— É tarde, doce Cyn, ou eu te daria uma demonstração de meus sonhos. — disse ele, fingindo exaustão, apoiando-se fortemente contra ela, manobrando os dois para longe da parede até que caíram sobre a cama. E então, com um movimento rápido e seguro, ele colocou a mão grande sobre seu quadril e sua bunda abaixo dele, inclinando-se para acariciar seu pescoço macio.
— Eu pensei que você estava cansado. — ela murmurou, enquanto seus dedos encontraram seu caminho sobre a pele macia de sua barriga lisa e empurraram as coxas dela abertas e mergulharam nas dobras de veludo entre elas.
— Acho que peguei um segundo fôlego. — ele brincou.
O coração dela estava batendo forte contra o seu peito, baforadas de hálito quente de ar sainda dela enquanto ela segurava os seus ombros e cavava as unhas em sua carne.
— Raphael. — ela suspirou, erguendo-se contra ele quando ele escorregou um dedo, depois dois, dentro dela.
Ela levantou seus quadris, empurrando contra a mão e abrindo as pernas mais amplamente, incitando-o mais profundo em seu centro, doce e quente, suave como o cetim, encharcada e ansiosa por seu toque, por sua invasão. Ele gemeu, sabendo que não havia, na verdade, muito tempo embora seu pênis estivesse esticado dolorosamente ansioso para enterrar-se no calor vulcânico de seu corpo delicioso.
Cyn gemeu baixinho, querendo mais, esfregando-se contra sua mão, apertando os dedos em seus cabelos e pressionando a boca dele contra o seu pescoço num convite. Raphael pressionou sua língua contra o pulsar suculento da sua jugular, mas não a mordeu, ainda não. Sorrindo para o seu gemido de frustração, ele lambeu o seu caminho para baixo, mergulhando no arco de sua clavícula e ainda mais para baixo até que ele capturou-lhe o mamilo na boca, mordendo suavemente. Ela gritou, enganchando a perna em torno de seu quadril, fodendo contra seus dedos. Sem aviso, ele deslizou um terceiro dedo dentro dela e começou a mergulhar dentro e fora, imitando a ação que seu pau estava com fome para fazer, tendo prazer no calor escorregadio dela, no tremor de seus músculos, os pequenos ruídos famintos que ela estava fazendo como seus quadris bombeando para cima e para baixo, sua respiração vindo em suspiros quando ela sussurrou seu nome repetidas vezes, numa oração para a liberação.
E ainda esperou, esperou até que ela gritou seu nome, cerrando tão apertado em torno de seus dedos que ele mal conseguia mover sua mão. Ele raspou o dedo levemente em seu clitóris, circundando-o uma vez, duas e uma terceira vez antes de acariciá-la completamente, esfregando de frente e para trás até que seu corpo inteiro estava em espasmos debaixo dele, suas sedosas paredes convulsionando, seus mamilos tão duros que podia senti-los quentes, como pedras lisas contra seu peito. Ela respirou fundo um lamento, o ar preso nos pulmões pela magnitude de seu orgasmo. Ele levantou a cabeça e afundou seus dentes em seu pescoço, o fluxo de sangue quente e doce enchendo sua boca enquanto ela gozou novamente e seu grito de paixão encheu seus ouvidos. Ele segurou-a firmemente, deleitando-se com o gosto e de como ela estremeceu em baixo dele, seus músculos internos tremendo em torno de seus dedos, ele acariciou lhe uma e outra vez, sacudindo seu corpo como se chocado cada vez que seu polegar acariciou seu clitóris inchado.
Quando finalmente ela se deitou flácida, os braços agarrados a ele fracamente, ele retirou suas presas e lambeu a ferida pequena fechando-a.
Fazendo sons de conforto sem palavras, ele tirou os dedos suavemente de dentro das profundezas ainda trêmulas de seu corpo, os sucos de seu orgasmo revestindo os seus dedos e arrastou-os por todo seu abdômen quando ele envolveu uma mão em torno de sua cintura nua e enfiou-a mais na segurança de seus braços.
— Devo-lhe uma chupada. — ela murmurou, já quase dormindo enrolada em seu abraço. Seus braços se fecharam em torno dela, os seios nus pressionados contra o peito dele, o coração dela batendo em um ritmo reconfortante quando ele se aproximou do seu sono diurno.
Quando o brilho do sol iluminou o horizonte, ele sorriu, pensando que seu despertar seguinte seria um doce. Seu último pensamento quando o sol penetrou totalmente no céu da manhã e roubou tanto seu sorriso e sua consciência era que a noite tinha terminado com muita facilidade. E Cyn não tinha dito uma palavra sobre sua proibição de ir para a cidade sem ele.
Raphael soube quando Cyn saiu da cama que compartilhavam. Ele viu em seus sonhos enquanto ela vestiu-se rapidamente e pegou suas armas antes de se ajoelhar na cama ao lado dele.
Ela se inclinou e tocou seus lábios nos dele em um beijo de despedida. Raphael enfureceu-se com ela, através da sua ligação de companheiro forte o suficiente para seus olhos se arregalaram quando a cólera a atingiu duramente em sua consciência. Por um momento ele pensou ter visto indecisão no rosto dela. Mas então, ela respirou e sussurrou: — Eu vou ficar bem. Prometo.
E ela se foi.

Capítulo 13

Colin estava sentado na frente de seu escritório, a cadeira barata de plástico inclinada para trás em suas pernas, uma aba do telhado de madeira resistente o protegendo de uma garoa que ameaçava se transformar em chuva enquanto ele se se encostava à parede e contemplava a cidade. O escritório não era muito grande. Um único cômodo com uma pequena cela e um isolamento horrível que deixava o cômodo gelado na maioria das vezes. A única exceção era a rara ocasião quando o sol conseguia sair por detrás das nuvens por tempo suficiente para esquentar um pouco o lugar. A maioria dos dias ele nem se incomodava em vir aqui, a menos que ele tivesse um bêbado ou dois presos durante a noite, algo que não acontecia frequentemente. A maior parte dos bêbados que ele recolhia pela cidade tinham mais ou menos amigos sóbrios que ficavam felizes em levar o ofensor em suas mãos ao invés de voltar por causa dele, ou dela, no outro dia.
Mas nesta manhã ele tomou a decisão de mostrar o seu rosto em alguns estabelecimentos salpicados pela cidade. Pessoas tinham ouvido sobre a Mariane. Era inacreditável, na verdade. Quanto menor a cidade mais ativo era o moinho de fofocas, e a Sra. Fremont sem dúvidas havia conseguido preparar a bomba desta história em particular. O celular dele começou a tocar quase sem parar desde o ataque. Alguns estavam preocupados sobre a sua própria segurança ou a segurança de suas mulheres. Outros só queriam algumas notícias em primeira mão. E ainda tinham outros que tinham entendido errado todos os fatos e estavam ligando para ele quase histéricos com medo de alguma invasão de vampiros.
Não que o último esteja completamente fora de base. Colin não havia perdido o desfile de grandes carros utilitários pretos que haviam passado pela estrada na outra noite com uma limusine confortável entre eles. Eles haviam passado direto por ele em seu caminho para o Jeremy. E, então, esta manhã, havia uma mensagem esperando por ele de Loren. Aparentemente, alguém poderoso havia chegado e queria conhecer quem se passava como lei local. Colin mal podia esperar.
Ele franziu as sobrancelhas, balançando a cadeira contra a parede atrás dele. Ele podia entender a raiva do Jeremy. Infernos, ele dividia esse sentimento, apesar de que ele era inteligente o bastante para saber que não importa o quão nervoso ele possa estar, ele não chegaria perto do que o vampiro estava sentindo. Mas porque um único ataque - mesmo sendo tão horrível assim - iria trazer gente poderosa dessa forma? E como eles tinham conseguido chegar tão rápido, virtualmente no encalço do crime em si?
Sua atenção foi atraída para o final da quadra enquanto um dos utilitários sobre o qual ele acabara de pensar, estacionou na frente do Emma’s, a resposta local para as cafeterias de Seattle. Colin deixou a cadeira cair em seus quatro pés e se inclinou para frente, os antebraços descansando em suas coxas enquanto ele estudava a nova chegada. As janelas do utilitário eram todas pretas, então ele não podia ver ninguém lá dentro, mas o sol fraco ainda estava no céu atrás de grossas nuvens, então ele sabia que quem quer que fosse era humano, pelo menos. E com humanos ele podia lidar.
A porta do carro se abriu e Colin ficou de pé. Uma perna revestida de preto surgiu vestindo uma bota com sola grossa de combate. Ele deu meio passo para frente e parou repentinamente quando a perna acabou por ser de uma mulher alta e magra. Fechando a porta do carro atrás dela, ela ficou parada por um momento observando o Centro de Cooper’s Rest. Não era muito, ele admitiu, e ela parecia concordar, se a careta em seu rosto fosse alguma indicação.
Seu olhar caiu onde ele estava parado debaixo da aba do telhado, então se levantou para ler a placa identificando o escritório como a estação de polícia local. Observando-o mais uma vez, ela deu um leve encolher de ombros e seguiu na direção dele.
Colin a viu se aproximar. Ela estava usando roupas que combinavam bastante com a sua própria vestimenta - calças pretas de combate enfiadas em botas atadas para cima, e uma camiseta preta, embora ela usasse a dela consideravelmente melhor do que ele. Seu sorriso de apreciação não durou muito quando ele registrou a existência de um equipamento embaixo de sua jaqueta curta, sua presença era um contraste com seu andar gracioso e o jeito que ela preenchia aquela camiseta. Ele deu um passo à frente quando ela alcançou as escadas na frente dele, esticando toda a sua altura de 1.95, suas mãos agarrando o beiral do telhado antes de caírem para os seus quadris.
Ela sorriu levemente, como se estivesse reconhecendo a amostra de dominância, antes de subir três degraus para ficar no mesmo nível que ele.
— Colin Murphy? — ela perguntou, alta o bastante que ela quase ficasse no nível de olhos dele sem erguer sua cabeça.
Colin inclinou a cabeça. — Ele mesmo, querida. — respondeu, desfrutando um pouco da satisfação quando a boca dela se apertou por causa do apelido.
— Meu nome. — ela disse. — É Cynthia Leighton. Cyn, se você preferir.
— Prazer em te conhecer, Srta. Leighton. — ele arrastou, deixando cada grama de sua criação georgiana brincar com as sílabas. Ele descobriu que a maioria do pessoal do norte presumia que qualquer um com um sotaque era meio devagar, e ele não estava acima de usar isso para sua vantagem.
A boca da tal de Leighton se curvou um pouco.
— Não se incomode, Murphy. — ela disse secamente. — Eu tenho amigos no sul. Bons amigos. Além disso, eu sei quem você é.
Colin a olhou de cima a baixo, estreitando seus olhos. Ela provavelmente usava aquele corpo de matar dela da mesma maneira que ele usava seu sotaque, e com um efeito muito melhor também, na verdade. Então quem diabos ela era?
— O que eu posso fazer por você, Leighton? — ele perguntou sem rodeios, seu sotaque ainda presente, mas consideravelmente menor.
— Eu sou uma investigadora particular. Bem particular. Na verdade, eu tenho apenas um único cliente, e ele está dormindo em um complexo não muito longe daqui.
Colin deixou sua surpresa mostrar em seu rosto.
— Você está com os vampiros?
— Estou. E eu tenho certeza que você sabe o motivo pelo qual eu estou aqui.
— Eu sei que um monte de caminhonetes passou pela cidade há duas noites atrás.
— E você estava lá quando Mariane foi atacada.
— Depois. — ele emendou afiadamente. — Na hora que eu cheguei, quem quer que fosse seu atacante já tinha ido.
— Perdão. — ela disse, e pareceu ser sincera. — Eu não quis implicar nada. Wei Chen e Loren ambos atestaram por você e sua honestidade.
— A Mariane está bem? Eu queria ligar para uma ambulância, mas o Jeremy…
— A Mariane está indo bem, dada as circunstâncias. Jeremy ter levado-a para o complexo realmente foi a melhor ação, Senhor Murphy.
— Colin. — ele disse. — Não há necessidade de formalidade entre nós, há?
Ela sorriu, a primeira coisa honesta e não calculada que ela havia feito até agora.
— Deixando as formalidades de lado, então. Estou aqui porque eu preciso ver as cenas do crime - todas as três - à luz do dia.
Colin fez uma careta.
— Cenas do crime?
Ela inclinou a cabeça para ele.
— Eu pensei que nós já tínhamos passado essa fase, Murphy.
Ele balançou a cabeça, intrigado.
— Não, quero dizer, eu entendo que você queira ver a casa do Jeremy. Eu não acho que ele voltou lá desde o acontecido, mas, cenas do crime, no plural?
Ela o estudou atentamente.
— Você não sabe. — ela disse, fazendo disso uma afirmação e não uma pergunta.
— Sabe o quê? — ele retrucou.
— Sobre Marco e Preston.
— Marco? O que tem o Marco?
— Você conhecia ele?
— O conhecia? Porque você está falando no pretérito? Algo aconteceu com o Marco?
Ele viu um lampejo de simpatia nos olhos dela.
— Marco está morto. — ela disse baixinho. — E Preston também. Os dois foram assassinados, presumidamente pela mesma pessoa que atacou Mariane na outra noite.
Colin sentiu uma apunhalada de pesar, sua mandíbula ficando tensa enquanto ele a encarava.
— Quando?
— Dois dias antes de Mariane ser atacada. Tanto Marco quanto Preston na mesma noite. Sinto muito. Eu pensei que você sabia.
— Não. — Ele inalou profundamente, desviando do olhar muito perceptivo dela.
— Vocês eram amigos?
— De Marco, não de Preston. Ele tinha cavalos e o meu pai é um treinador lá em Geórgia. Marco encomendou alguns equipamentos de uma loja de aderência há um tempo atrás, e eu o vi carregando as coisas em sua caminhonete. Nós cavalgávamos juntos às vezes. — Ele balançou sua cabeça. — Droga. Você tem certeza que ele está morto?
— Muita. — ela disse, assentindo uma vez. — Não há como se enganar a respeito disso.
— Porra.
— E quanto ao Preston?
— Eu não o conhecia. — ele repetiu. — Marco o mencionou uma vez ou duas, mas só isso.
— Você sabe onde eles viviam?
— Marco, com certeza. Como eu disse, nós cavalgávamos juntos - seus cavalos, eu não tenho nenhum aqui ainda. Espera, o que aconteceu com os cavalos? Ele amava aqueles animais.
— Eles estão sendo cuidados. Foram mandados para um rancho em Wyoming. — ela acrescentou por causa do olhar cético dele. — Vampiros não possuem interesse em sangue ou carne de cavalo.
Colin encolheu os ombros sem se arrepender. — O que eu sei sobre vampiros não preencheria uma única folha, Leighton.
Ela ofereceu a ele um meio sorriso. — O meu conhecimento é de alguma forma mais extensivo. Eu gostaria de ver todas as três cenas de crime. Você pode me levar lá?
— Claro. Eu tenho uma lista lá dentro. Deixe-me olhar o endereço do Preston e nós iremos.
— Uma lista? Lista todo mundo?
— Todo mundo que eu conheço. — ele disse por cima do ombro enquanto caminhava para dentro do pequeno escritório.
— Quem tem acesso a algo assim?
Colin parou e olhou para ela. — Ninguém além de mim, eu acho. Está no computador, um notebook que eu levo para casa comigo toda noite. Por quê?
— Pelo que o Jeremy disse, os dois eram bem abertos a respeito de onde eles viviam. Eles eram novos na área, e Mariane até fazia compras aqui na cidade. Mas Marco e Preston não deveriam ser assim tão fáceis de achar. Se alguém conseguisse a sua lista aí…
— Querida, esta é uma cidade pequena. Todo mundo sabe de tudo. — ele murmurou, sem olhar para ela enquanto ele trazia o arquivo que estava em seu computador.
— Aparentemente não, bonitão, já que você nem sabia que o Marco e o Preston estavam mortos.
Colin olhou para cima, seus olhos se estreitando com irritação. — Você está certa. — ele finalmente concordou. — E eu sinto muito sobre o querida. É um hábito.
— Sim, ok. Trégua. Nós temos peixes maiores para fritar de qualquer forma.
Colin ficou de pé e pegou o seu sobretudo que estava pendurado na cadeira. — Pode apostar. Há algo acontecendo nessa cidade, e eu pretendo descobrir o que é.
Eles pegaram o carro dele e seguiram para a casa do Jeremy primeiro. Era mais próximo da cidade e eles passaram bem ao lado da casa do Colin no caminho, o que significava que ele teve a chance de parar e pegar um pouco mais de armamento.
— Planejando invadir um pequeno país lá, Murphy? — Leighton perguntou, observando a Benelli enquanto ele a colocava no banco traseiro. Ele havia convidado-a para entrar em sua casa, mas ela havia escolhido esperar no carro, murmurando algo sobre ‘jogar gasolina no fogo’. Seja lá que infernos isso significasse.
— Eu não sei quanto a você, Leighton — Ele fechou novamente a porta traseira da caminhonete e abriu a porta da frente. — Mas quando eu estou lidando com vampiros, gosto de estar armado até a alma.
— Sem discussão da minha parte. — ela disse facilmente. — Apesar de que a minha escolha pessoal de arma se foca mais na munição do que no sistema de entrega.
Ele ofereceu a ela um olhar confuso enquanto deslizava para o banco do motorista e virava a chave na ignição.
— Eu pensei que você trabalhava com estes caras.
— Eu trabalho.
— Sim, então? — Ele virou rapidamente 180º e seguiu da sua garagem para a rua principal.
Ela deu a ele um sorriso de lado. — Nem todos os vampiros são criados iguais, Murphy. Há diferentes tipos, igual ao resto de nós.
Colin encolheu os ombros e virou na rodovia na direção do Jeremy.
— Faz sentido, eu acho, já que todos começaram da mesma forma que o resto de nós, certo?
— Isso é muito esclarecido da sua parte.
— Sim, bem, eu faço o que posso, senhora. — ele disse com um arrastar exagerado.
Ela riu, mas ficou séria quase imediatamente, dedos tamborilando nervosamente na porta ao lado dela.
— Vampiros não fizeram isso, no entanto. — ela disse pensativamente. — Foi de dia, para começar. Você tem ideia de quais dos seus compatriotas podem ser um pouco menos esclarecidos do que você é?
Colin balançou sua cabeça, fazendo uma careta.
— Quando esta coisa com a Mariane aconteceu, eu imaginei que tinha que ter sido alguém de fora. Nós temos várias pessoas de passagem… Turistas, pessoas procurando entrar em comunhão com a natureza, madeireiros. Esta é uma cidade pequena e apenas não dá para engolir que alguém que eu conheço poderia ter feito o que foi feito àquela garotinha. Além disso, julgando pelo que eu vi naquela casa e… Bem, a condição da Mariane, estou bem certo que havia mais do que um deles lá naquele dia. Do meu modo de pensar, isso torna ainda menos provável que se tratasse de moradores locais. Pessoas dos arredores conheciam Mariane e gostavam dela. — Ele diminuiu um pouco a velocidade, fazendo uma virada na garagem de Jeremy. — Mas agora você me diz que Marco e este outro cara foram mortos, isso me deixa curioso em saber o quanto eu conheço realmente as pessoas com as quais convivo.
— Essa é uma área bem selvagem. — Leighton ofereceu. — Poderia haver vários tipos de pessoas esperando na floresta e você nunca saberia.
Ele deu-lhe um olhar penetrante enquanto parava em frente à casa de Jeremy.
— Você sabe de algo que eu não sei?
Ela zombou levemente e lhe deu um sorriso cheio de dentes.
— Provavelmente todos os tipos de coisas. — Ela mostrou as duas mãos para ele e disse: — Eu vou checar a minha arma. Não entre em pânico, ok?
Foi a vez dele de zombar quando ela puxou uma Glock 17 de seu apoio de arma no ombro, verificando a revista e trabalhou a trava antes de assegurá-la de volta embaixo de sua jaqueta.
— Pânico não é uma palavra no meu vocabulário, queri… Leighton. — ele disse com um sorriso cheio de dentes próprio.
— Bom saber. — ela disse, abrindo sua porta. — Isso pode ser útil nos próximos dias.
Dando a volta até o fundo da casa, ele viu que alguém havia colocado tábuas nas janelas quebradas e substituído a porta despedaçada com um substituto improvisado e um pesado cadeado. Leighton produziu uma chave para o cadeado, o que dizia a ele que era provavelmente Jeremy que havia arrumado os reparos temporários, ou pelo menos alguém que se importava com ele e Mariane.
Dentro, ela mal olhou para o cômodo onde Mariane havia sido brutalizada, seguindo para o escritório do Jeremy, onde ela olhou em volta, cuidadosamente examinando o que para os olhos dele era uma destruição maciça deixada para trás. Móveis haviam sido jogados e derrubados, computadores esmagados e papéis espalhados em todo o lugar.
— Você está procurando por algo em particular? — ele perguntou finalmente.
Ela ofereceu a ele um olhar distraído.
— Humm? Não, só olhando. Mais curiosidade do que qualquer outra coisa. — Ela virou as mãos para cima, fazendo careta para a sujeira que estava nelas. — Deixe-me lavar minhas mãos, e então terminei aqui, se você também tiver terminado.
Colin a observou enquanto ela se lavava na pia da cozinha. — Este era o esconderijo diurno do Jeremy, certo?
Ela desligou a água e pegou alguns papéis toalha antes de se virar para ele com um cuidadoso olhar. — O quê?
Ele sorriu sabiamente. — Quem quer que tenha feito isso destruiu a casa. Havia equipamentos que eles podiam conseguir uma boa grana, mas ao invés disso eles destruíram tudo. E Mariane… — Seus lábios se curvaram. — Eu a encontrei, Leighton. Ela não fora somente estuprada; ela foi torturada. Eles queriam algo dela, e eu estou chutando que esse algo era o Jeremy. Eles não o encontraram, apesar dele estar bem próximo para assustar a porra para fora de mim dentro de minutos depois do pôr-do-sol. Agora, ou nós estamos trabalhando juntos, ou não. Eu não estou pedindo mais segredos profundos dos vampiros, mas eu gostaria de saber se eu posso confiar na pessoa com a qual estou trabalhando.
Leighton o encarou por um longo minuto, então respirou fundo e exalou ruidosamente. — Você tem um ponto. — ela disse lentamente. — Então, sim, o lugar de descanso diurno está embaixo daquele piso. Eu acho que os vampiros que colocaram tábuas na casa moveram algumas coisas do lugar para esconder a localização, já que a casa não está realmente segura mais. Mas, na verdade, mesmo sabendo onde era, eu não posso entrar. Que é o motivo pelo qual o Jeremy ainda está vivo.
— E quanto ao Marco? — ele perguntou, enquanto eles trancavam a porta mais uma vez e seguiam para a caminhonete.
— Ele e o Preston construíram suas casas há um tempo, e eu estou apostando que nenhum deles atualizou a segurança.
Colin balançou a cabeça, e então parou, observando o chão ao redor de sua caminhonete.
— Vários veículos passaram por aqui recentemente. Vocês?
Leighton assentiu. — A equipe de segurança do Lorde Raphael esteve aqui antes de ontem, e alguns outros vieram ontem à noite para pegar algumas coisas para o Jeremy. Foram eles também que colocaram as tábuas no lugar. — ela acrescentou, gesticulando na direção da casa.
— Lorde Raphael? — ele repetiu, sem se incomodar em esconder o seu ceticismo.
Ela deu um olhar de relance nele.
— É melhor você acreditar. No mundo dos vampiros, ele controla todo o oeste dos EUA, e mais um grande pedaço das montanhas.
— Que inferno isso significa, controla? Eu nunca ouvi falar nele. O quão poderoso ele pode ser?
Ela deu de ombros, despreocupada.
— Isso é porque você não é um vampiro. Se você fosse, acredite em mim, você saberia sobre ele, porque, vivendo aqui, ele seria a única coisa entre você e a morte instantânea.
Colin fez uma careta.
— Acredite em mim nisso. Ele é aterrorizantemente poderoso. Mas você pode julgar isso por si mesmo esta noite. Você tem aquela reunião no complexo. Ele estará lá.
— Fantástico. — ele murmurou, enquanto eles subiam novamente na caminhonete.
Nenhum deles disse muita coisa a caminho da casa de Marco. Por sua parte, Colin não estava ansioso em ver o lugar sem Marco lá. Não que eles tivessem sido próximos, não como seus amigos lá de onde ele morava, e com certeza nada como seus companheiros das equipes dos fuzileiros. Mas os dois amavam cavalos - não apenas cavalgá-los, mas simplesmente a beleza do animal. Marco havia ficado tão contente em encontrar alguém com quem ele pudesse conversar, alguém que entendia os pontos bons da criação de cavalos e treinamento da maneira que Colin entendia. Colin pode não ter assumido os negócios de seu pai, mas ele havia sido criado no rancho da família, havia trabalhado nos celeiros quase desde o dia em que ele deu o primeiro passo até que ele foi embora e se juntou à Marinha. Ele havia se alistado parcialmente porque era a última coisa que qualquer um esperaria de um garoto da Geórgia que não havia sido nada a não ser problema através do colegial inteiro. Mas ele também havia feito isso para escapar da determinação de seu pai de controlar cada aspecto da vida do seu filho mais novo.
Havia sido uma surpresa para Colin descobrir que ele ainda podia desfrutar das conversas sobre negócios de família e ele sentiria falta dessas conversas com o Marco.
— Você disse que uma equipe de segurança estava do lado de fora da casa do Jeremy. — ele disse, quebrando o silêncio. — Eles visitaram a casa de Marco também?
Ela assentiu. — Anteontem, da mesma forma como foi feito com a casa do Jeremy e do Preston.
— Então, por que…
— Eu preciso ver com os meus olhos na luz do dia para que eu possa saber para o que estou olhando.
Colin assentiu. Fazia sentido para ele. Entretanto, para ser honesto, ele ainda não sabia o que dizer sobre Leighton. Ela parecia ser o que ela dizia ser, uma investigadora particular contratada pelos vampiros para investigar estes crimes. Ela não bagunçou toda a sua cena do crime como algum tipo de pretendente à rainha do drama, e ela não acenava sua arma por aí como uma amadora. Nenhuma de suas armas. Ele notou que ela tinha uma peça de reserva na parte de trás de suas costas antes deles deixarem a cidade.
E sua confusão não era apenas porque ela era uma mulher, também. Ele havia servido com várias mulheres no serviço militar, algumas boas, algumas não, iguais aos homens. Mas nenhuma delas parecia uma porra de modelo de passarela ou usava um anel de noivado de diamante que até o seu olhar ignorante sabia que valia mais do que o salário anual da maioria das pessoas. Sem mencionar aparecer e dizer ser uma investigadora particular para os vampiros. Como alguém conseguiu um serviço assim de qualquer forma?
Ele dirigiu pela última esquina até a casa do Marco, ramos de árvore deslizavam pelo capô de sua caminhonete. Marco valorizava sua privacidade. Ele nunca se incomodava em tornar a sua casa mais apresentável do que era absolutamente necessário.
Colin parou a caminhonete e desligou a chave, encarando o pára-brisa. O lugar já parecia abandonado. O cercado para cavalos estava vazio, as portas abertas nas pequenas baias vazias do celeiro. Até mesmo a casa parecia menor de alguma forma.
— Você tem certeza que os cavalos estão seguros.
— Absolutamente. — ela o assegurou.
Ele respirou fundo e abriu a porta da caminhonete.
— Tudo bem, vamos fazer isso.
Alguns minutos depois, eles estavam no porão da casa do Marco… Um porão que o Colin nem sabia que existia até que a Leighton havia levado-o ali. Todas as vezes que ele havia estado na casa de Marco e nunca havia notado a porta escondida pelo revestimento de madeira na parede. Mas então, por que ele saberia?
Leighton havia passado as mãos nas paredes, ao longo das juntas, como se ela soubesse o que estava procurando. E claramente ela sabia, dado o grunhido de satisfação quando abriu a porta com um estampido para revelar uma escadaria árdua embaixo da casa. Uma corrente de tração havia ligado a luz em cima, mas Leighton havia tirado da mochila duas lâmpadas de halogênio que ela havia jogado na parte de trás de sua caminhonete. Era tão claro como a luz do dia no porão agora, o que tornou o que eles estavam procurando ainda mais uma surpresa.
— Você é um fuzileiro da Marinha? — Leighton perguntou pensativamente.
— Aposentado, mas sim.
Ela olhou de volta para ele. — É isso que torna você um especialista até onde eu sei. O que você acha que aconteceu aqui?
Alguém tinha explodido um inferno de um buraco na parede do porão do Marco, isso é que tinha acontecido. Ou não precisamente na parede. O alvo havia sido a porta blindada que agora estava meio de lado, entortada e pendurada em uma única dobradiça inferior, expondo uma pequena sala isolada além dela.
Aparentemente, este era o local que o Marco ficava de dia, e não era nada como eles mostravam nos filmes. Não havia caixão cheio de terra, sem arandelas drapejadas com cera na parede com velas cheias de teias de aranha. Era um quarto moderno, simples e agradável com uma cama Queen-size e uma única mesa de cabeceira com um abajur para leitura. Ou havia sido antes de alguém destruir o lugar. Provavelmente depois de assassinar Marco.
— Murphy? — ela o tirou de seus pensamentos.
— Sim, ok. A porta era pesada o bastante, e possuía dobradiças interiores, mas era velha, e estas paredes… — ele deu um tapa em uma das estruturas despedaçadas. —… São mais velhas do que a terra e estão se quebrando. Havia provavelmente apenas espaço suficiente para empurrar alguns explosivos plásticos - não posso dizer que tipo sem os testes químicos - para dentro das fissuras. Uma explosão controlada, explodir as portas de suas dobradiças e… É isso. — Ele sugou uma respiração pelo nariz e examinou o dano. — Eu estou supondo que Marco estava praticamente indefeso, já que eles vieram atrás dele durante o dia, certo?
— Por aí. E ele vivia sozinho, então não havia ninguém aqui para defendê-lo.
— Maldito desperdício.
— Sim, foi. Quem por aqui tinha o conhecimento de algo assim?
— Muitas pessoas. Mas, sim, para responder à sua pergunta verdadeira. Qualquer um com o meu tipo de treinamento com toda a certeza poderia ter feito isso.
— Algum outro antigo militar além de você vive em Cooper’s Rest?
— Não ativo, não mais.
Ela ergueu suas sobrancelhas, questionando.
— O meu camarada cresceu em Coop’s. Foi como eu terminei aqui, mas ele foi embora há um tempo. Ele está vivendo em San Diego e fazendo uma grana trabalhando para um contratante particular para o Pentágono. Nós temos uns dois caras mais velhos que estavam no Vietnã naquela época. Eu acho que é possível que eles tivessem habilidade para isso, mas eu tenho bastante certeza que eles eram da infantaria normal. Além do mais, eles são discretos, pelo que eu ouvi, os dois estão mais preocupados em se drogar do que matar alguém. Quem fez isso aqui não estava drogado.
— Não. — ela concordou. — Quem fez isso estava bem focado e sabia exatamente o que estava fazendo.
Ela suspirou, e então verificou seu relógio, que era um modelo caro, mas discreto de relógio esportivo. A luz pegou novamente em seu anel de casamento, e ele tentou sem sucesso imaginar deixar a sua esposa trabalhar para vampiros. Até mesmo enquanto ele pensava nisso, ele sabia que não era uma atitude terrivelmente moderna para se ter. De alguma forma, ele não achou que Leighton ligava muito para o que o marido dela a deixava fazer.
— Se não há mais nada que você queira ver aqui… — ela disse, já se movendo em direção da primeira lâmpada de halogênio. — Eu gostaria de ir até a casa do Preston antes de voltarmos para a cidade. — ela apagou a luz sem esperar pela resposta dele, deixando metade do porão nas sombras. A segunda lâmpada rapidamente foi a próxima até que havia apenas o brilho fraco da lâmpada acima, transformando os destroços do esconderijo de Marco em nada mais do que um abismo negro de escuridão além da luz fraca amarela.
Colin deu uma última olhada no lugar onde Marco havia morrido e puxou a corrente acima, deixando mais uma vez o porão na escuridão.
Uma curta viagem os levou até a casa de Preston, que era um pouco mais da mesma coisa. Diferente do lado de fora, não havia cerca para cavalos ou celeiro, mas o porão poderia ter sido o de Marco, até mesmo o método usado para destruir o quase idêntico quarto seguro.
— É como se o mesmo cara tivesse construído os dois lugares. — Colin observou, enquanto eles davam a volta pela parte de trás da caminhonete dele.
— Talvez fosse. — Leighton disse. Ela assistiu enquanto ele abria o porta-malas, e então içava sua bolsa para dentro. — Os dois se mudaram para cá praticamente na mesma época. Eles nunca moraram juntos, da maneira como alguns vampiros fazem, mas eles eram amigos. Então, é bem possível que eles tiveram a mesma construtora fazendo seus quartos diurnos. Provavelmente um vampiro, já que eles não confiariam em um humano com esse tipo de conhecimento. Ou isso ou eles mataram o humano logo que ele terminou.
Colin parou sua mão ainda no porta-malas aberto.
— Você está brincando, certo?
— Claro, se isso faz você se sentir melhor. — Ela deu um passo para trás, para que ele pudesse fechar o porta-malas.
Ele a estudou atentamente, tentando descobrir se ela estava falando sério.
Ela o viu assistindo-a e sorriu.
— Não se preocupe, Murphy. Foi provavelmente um construtor vampiro, de qualquer forma. Venha, eu preciso voltar para a cidade e pegar o meu carro.
Colin andou até o seu lado da caminhonete e deslizou atrás do volante.
— Você vai estar na grande reunião hoje à noite com este cara, Raphael? — ele perguntou enquanto Leighton se acomodava no assento do passageiro e alcançava o seu cinto de segurança.
— Não perderia por nada nesse mundo. — ela disse. — Eu não acho que ele estará muito feliz comigo, no entanto. — Ela travou o cinto. — Ou com você, também.
Colin pausou no ato de virar a chave na ignição para encará-la. O que diabos isso significa?

Capítulo 14

Raphael acordou com o cheiro de Cyn, quente e fresco por causa do banho, ainda cheirando a sabonete e água e o leve cheiro do shampoo. Sua pele era macia enquanto ela curvava o corpo em volta do dele, seus seios macios um peso encantador sobre o peito nu dele, e suas pernas acariciando as dele. Ela estava em cima dele, beijando seus olhos fechados, a boca dela persistindo nos lábios dele como um convite.
Ele acariciou com os dedos o cabelo sedoso dela e as costas. Ela se agitou de prazer, se curvando com o toque dele. Sem avisar, ele a segurou mais forte e inverteu as posições, para que ela ficasse sob ele.
Ela sorriu, levantando o olhar para encontrar o dele… E tomou fôlego, congelando até parar com a raiva que ele soube que ela tinha encontrado aqui.
— Você achou que eu não ia saber? — Ele perguntou com uma calma decepcionante.
A expressão dela piscou por uma série de emoções - surpresa, culpa, até derrota brevemente - antes de finalmente se ajustar em sua comum expressão de desafio.
— Eu precisava ver por mim mesma, droga.
Ele se afastou dela e rolou para fora da cama, indo para o chuveiro.
— Onde você está indo? — Ela gritou, seu tom de voz expressando descrença e insulto.
Ele girou na porta do banheiro, seus olhos piscando prateados no cômodo escuro.
— Já te ocorreu que eu tenho bons motivos para o que eu te peço, Cyn? Que talvez eu entenda alguns perigos melhor, que possa haver inimigos que te usariam contra mim?
— Claro, mas…
— Mas. Sempre existe um mas, não é? Sempre uma desculpa para fazer o que você quer sem levar em conta o que eu quero.
Ela pulou da cama e andou pelo quarto para confrontá-lo.
— Eu não sou uma de suas vampiras, Raphael. Eu não tenho que seguir suas regras. Além do mais, sou completamente capaz de me defender, e eu não estava sozinha. Aquele cara da polícia local, Colin Murphy, estava comigo.
— Isso deveria me deixar melhor? Saber que minha companheira está passando o dia com outro cara enquanto eu durmo sozinho? Como você diria, fodástico.
— Não seja infantil. Você sabe perfeitamente bem…
— Infantil? Talvez você devesse procurar essa definição — ele deu um passo para dentro do banheiro e fechou a porta, a prendendo com uma dose de seu poder para evitar que ela continuasse com a discussão durante o banho. O corpo dela era muito atraente e ele não estava a fim de ser persuadido esta noite.
Raphael ficou no banho mais tempo que o comum, só para fazê-la esperar. Mesmo pela porta fechada, ele podia ouvi-la murmurando ameaças de morte contra ele o tempo todo. Ele achou isso divertido de um modo geral e retornou o olhar raivoso com um sorriso insosso quando ele finalmente saiu do banheiro. Ele se vestiu enquanto ela tomava banho e estava dando um nó na gravata quando ela finalmente saiu, envolta numa toalha modestamente grande, como se ela não estivesse nua na cama com ele há menos de uma hora atrás.
— Essa toalha fica bem em você — ele comentou.
Ela mostrou o dedo para ele sobre o ombro e ele riu.
— Idiota — ela sibilou.
Ele foi até o lado da cama e pegou o relógio, apertando-o em volta do pulso enquanto a observava do outro lado da cama.
— Quanto tempo serei forçado a resistir a esses joguinhos de poder com você, Cyn? — Ele perguntou. — Quanto tempo antes de você não sentir mais a necessidade de se separar de mim, de provar que você consegue sem mim?
Ela girou, e ele pôde ler a verdade em seus olhos antes que ela soltasse a respiração para negar isso.
— Seja honesta consigo mesma, se não é comigo, lubimaya. Te vejo lá em cima.
Duncan estava esperando por ele quando ele surgiu no corredor particular, parado de costas para Raphael, sua atenção aparentemente em Wei Chen que estava em uma conversa profunda com uma mulher humana perto das portas principais. Juro estava pairando sobre eles, parecendo bastante infeliz e cada vez mais impaciente. A presença da mulher violava uma das regras básicas da segurança de Raphael nesta viagem - nenhum humano era permitido dentro do local após o pôr-do-sol a não ser que eles fossem companheiros de algum dos vampiros, ou sua presença fosse especificamente permitida por Juro ou Duncan.
Enquanto Raphael ia até Duncan, a mulher levantou o olhar, disse alguma coisa para Wei Chen e saiu, com uma mochila nas costas não diferente das que Cyn frequentemente usava.
Duncan se virou suavemente e o cumprimentou.
— Boa noite, meu senhor.
— Duncan — Raphael disse distraidamente, congelando o trio perto da porta. — Quem era?
— Ela trabalha para Wei Chen, creio eu.
Raphael olhou para a mulher que estava indo embora enquanto Juro e dois de seus vampiros a acompanhavam pelas escadas em direção ao estacionamento.
— Qual é a situação do sistema de segurança? — Ele perguntou, voltando sua atenção para Duncan.
— Maxime já está em campo, meu senhor. — Duncan respondeu, se referindo ao especialista de segurança de computador de Raphael. — Ela saiu de Los Angeles logo antes do anoitecer e amanheceu na pista de pouso de Seattle — ele checou o relógio. — Ela é muito nova para estar acordada, mas em breve. Os guardas extras que você solicitou voaram com ela. No final da noite, teremos triplicado a presença da guarda vampira e humana de Wei Chen vinte e quatro horas por dia.
— Eike está com eles? — Como Eike era o único membro mulher da equipe pessoal de segurança de Raphael, Eike era frequentemente designada para proteger Cyn, e ele queria que ela estivesse aqui como uma precaução adicional.
Duncan concordou.
— Sob protesto, claro. Você sabe como ela se sente quando voa de dia.
— Ela pode protestar o que quiser. Eu a quero aqui. — ele pausou brevemente com o som do elevador subindo. As portas do corredor se abriram atrás dele e Cyn andou com passos pesados pela sala em direção à sala de jantar sem dizer uma palavra. Ele sorriu de modo sério com o olhar de surpresa de Duncan. — Cynthia saiu para explorar mais cedo hoje — ele disse secamente.
Duncan levantou as sobrancelhas expressivamente.
— Sozinha?
— Não. Aparentemente, ela se encontrou com a força da polícia local.
— Entendo.
Raphael viu por cima dos ombros de Duncan Wei Chen se aproximando e fez um gesto para que ele se juntasse.
— Boa noite, Mestre — Wei Chen disse com sua voz quieta. — Pensei que iria querer saber que todo o nosso pessoal estará no recinto em breve. Os últimos poucos de Seattle estavam deixando suas casas enquanto conversamos. Assim que souberam de sua presença, todos vieram imediatamente. Era só a distância que mantinha as pessoas de Seattle contidas até esta noite.
— Entendido.
— Quando essa pessoa da polícia deverá chegar? — Ele perguntou a Wei Chen.
— A qualquer momento, meu senhor. Loren disse a ele…
Duncan interrompeu o relato de Wei Chen com um aceno de cabeça e mantendo a mão em seu aparelho de ouvido para indicar que alguém o estava chamando. Raphael observou com expectativa.
— Ele acabou de chegar no portão, meu senhor. — Duncan murmurou, ainda ouvindo a voz em seu ouvido. — Juro vai acompanhá-lo para dentro.
Raphael mostrou os dentes em um sorriso de tubarão.
— Excelente. Chame Sophia para se juntar à nós, mas nos dê alguns momentos com o Senhor Murphy antes. Estou ansioso para conhecer o homem que passou o dia inteiro sozinho com minha Cyn.

Capítulo 15

Colin baixou sua janela e olhou os enormes seguranças que se apressaram para cercar o carro. Estes não eram os guardas usuais do complexo. Ele não conhecia os guardas normais pessoalmente, mas ele havia estado lá uma ou duas vezes e não eram esses. Na verdade, ele não reconhecia um único rosto. O guarda em sua janela - obviamente um vampiro, dado o lampejo vermelho brilhante de seus olhos no reflexo das luzes incandescentes do portão - estudou sua licença com cuidado, checando-a mais de uma vez enquanto os outros lançavam flashs brilhantes de luz no banco traseiro de sua caminhonete e abriam a porta do compartimento de carga. Em quaisquer outras circunstâncias Colin teria objeções à pesquisa. Mas não esta noite. Estes homens estavam mortalmente sérios e ele tinha a impressão de que eles não iriam se importar com distinções sutis se isso fosse direto ao ponto.
O vampiro em sua janela vociferou algo em uma língua que não era inglês e dois dos outros saíram de seu campo de visão enquanto verificavam suas rodas. Todos estavam usando lanternas fracas com um brilho amarelado como luz de nevoeiro, e eles cobriram as lentes com os dedos, então apenas um minúsculo fio de luz escapava. Visão noturna, ele percebeu. Ele sabia que vampiros supostamente tinham incomparável visão noturna - de fato, Leighton havia dito algo assim antes - mas ele nunca havia visto isso usado desta maneira.
Os dois vampiros que estavam checando as rodas voltaram à vista e responderam algo naquela mesma língua. O guarda em sua janela empurrou sua identificação de volta e lhe disse em uma voz com um forte sotaque Inglês para passar através do portão e estacionar, indicando uma pequena área pavimentada ao longo do caminho e à direita.
Colin levou o tempo que quis, deslizando sua licença em sua carteira e sua carteira no bolso interno com zíper de sua jaqueta. Ele acenou educadamente com a cabeça, colocou a caminhonete em marcha e avançou lentamente através do portão. Normalmente, ele dirigia direto para o prédio principal e parava lá. Mas aparentemente haviam novas medidas de segurança para a visita do grande chefão. Então ele foi até a área designada, notando enquanto isso que o dele era o único veículo ali. Então, não havia muitos visitantes. Ou talvez não fosse apenas um monte de visitantes humanos, já que ele podia ver o prédio principal dali e havia muita atividade lá dentro. Todas as luzes pareciam acesas e havia algumas poucas pessoas movendo-se por trás das grandes portas de vidro. Mesmo as janelas do piso superior revelavam movimentos, as pessoas lá eram pouco mais do que sombras por trás do pesado vidro fosco.
Desligando o motor, ele pegou as chaves e abriu a porta da caminhonete, supondo que alguém iria…
— Senhor Murphy.
Colin considerava-se um homem grande, com 1,95m e 104Kg, ele superava a maior parte das pessoas que encontrava, mesmo no exército. Mas o gigante parado em frente a ele era enorme. Enorme como um lutador de sumô, mas sem a flacidez e com um terno de três mil dólares. Pouco mais de dois metros de duros músculos e firmes olhos negros que mantinham um leve brilho dourado enquanto encaravam Colin.
— Sim. — Colin respondeu, ainda que aquilo não houvesse sido uma pergunta.
— Você está armado? — o vampiro japonês ressoou.
— Sim, eu estou. Eu sou um consultor de segurança licenciado para a cidade de Cooper’s Rest e sendo assim, autorizado a carregar uma arma o tempo todo.
Ele pensou ter visto uma ligeira suavização na boca do gigante como se algo que Colin disse fora divertido.
— Pode ser Senhor Murphy. Porém você não está mais em Cooper’s Rest e você não terá permissão para carregar uma arma na presença de meu mestre.
Colin manteve sua expressão cuidadosamente em branco. Mestre? Nem Loren, nem Wei Chen já haviam chamado alguém de “mestre”. Ele considerou seriamente - por cerca de dois segundos - jogar suas mãos para cima em todo o negócio e ir embora. Ele não precisava dessa merda. Ele certamente não precisava entrar em um prédio cheio de vampiros sem nem mesmo sua pistola para sua proteção. Mas ele realmente queria saber o que estava por trás do ataque a Mariane, e ele honestamente duvidava que, quem quer que esse “mestre” fosse, ele pretendesse servir Colin como um jantar leve.
Colin suspirou. — Posso deixá-la em minha caminhonete então? — perguntou ele.
— Certamente.
Erguendo suas mãos vazias, ele lentamente abriu sua jaqueta em seu quadril direito, soltou seu coldre e arma de seu cinto e, abrindo a porta da caminhonete inclinou-se e depositou-os no compartimento de console.
— Sem outras armas? — O vampiro gigante perguntou, olhando-o de cima a baixo com sua notável visão noturna. — Sem uma peça de apoio? — acrescentou.
Colin se surpreendeu um pouco com o coloquialismo vindo da boca do lutador de Sumô, mas sacudiu a cabeça.
— Não pensei que precisaria de uma. — ele disse, esperando calmamente sob o exame minucioso do vampiro.
— Muito bem, siga-me.
Conforme eles começaram a subir a entrada curva, o vampiro começou a falar em um microfone na garganta que Colin ainda não havia notado. Ele não entendeu as palavras, mas nem precisava. O gigante havia acabado de dizer a alguém lá dentro que eles estavam a caminho.
Loren estava esperando por eles logo após a porta. Ele adiantou-se imediatamente e apertou a mão de Colin.
— Colin, que bom você ter vindo.
Colin deu ao chefe da segurança um sorriso confuso. — Eu dificilmente poderia recusar, não é? Além disso, tenho certeza de que todos desejamos a mesma coisa. Parar quem quer que esteja fazendo isso.
— Absolutamente.
— Percebo que você tem muito mais segurança lá fora esta noite. Houve mais ataques?
— Não, não. Nada assim. — Loren lhe garantiu, olhando para o enorme vampiro atrás de Colin. — Apenas uma precaução.
— Leighton me contou sobre Marco, Loren. E Preston. Eu fiquei meio surpreso que ninguém pensou em me avisar. Especialmente sobre Marco.
Loren teve a graça de parecer desconfortável. Ele sabia que Colin e Marco eram amigos.
— Minhas desculpas, Colin. Nós não estávamos certos sobre o que estava acontecendo e…
Uma fria voz interrompeu. — Loren foi instruído a não compartilhar essa informação, Senhor Murphy.
Loren enrijeceu para prestar atenção como um marinheiro recém-saído do RTC3, visivelmente se contraindo enquanto se virava para encarar quem falava.
— Duncan. — ele disse. — Esse é…
— Colin Murphy. — Colin interrompeu estendendo sua mão enquanto estudava o recém-chegado, Duncan, curiosamente. Ele tinha ombros largos, mas era menor que Colin, com até 1,80m, talvez 1,85m, e vestia o mesmo tipo de terno sob medida que o lutador de Sumô usava. Obviamente uma espécie de uniforme.
O vampiro percebeu a descarada avaliação de Colin e exibiu um sorriso torto, seus olhos castanhos iluminando-se com um calor muito humano. Contudo ele era definitivamente um vampiro em tudo. E a julgar pela reação de Loren, também não era um vampiro qualquer. Esse cara Duncan era alguém.
Ele deu um amigável aperto na mão de Colin, fazendo pressão suficiente para se fazer sentir, mas não o bastante para intimidar.
Cuidadoso, calculado, Colin pensou.
— Meu nome é Duncan. — disse desnecessariamente o vampiro loiro.
Sem último nome, sem título, Colin notou e encolheu os ombros internamente.
Duncan virou-se ligeiramente e gesticulou através da grande sala por onde ele viu Cynthia Leighton desaparecendo através de um enorme conjunto de portas duplas abertas.
— Lorde Raphael está esperando por nós. — Duncan explicou.
Bem, okay. Aparentemente Colin estava prestes a conhecer o chefão. Era isso que Leighton havia dito esta tarde? Que esse cara controlava a maior parte do Oeste dos Estados Unidos? Incluindo parte das Montanhas Rochosas. Ele franziu o cenho quando se lembrou do que mais ela havia dito. Que o grande chefão não iria estar feliz com ela… nem com Colin.

Capítulo 16

Raphael estava sentado na mesma cadeira da noite anterior, bem ciente do cenário dramático criado pela parede panorâmica de vidro atrás dele. A lua estava cheia hoje à noite e pela primeira vez neste lugar eternamente chuvoso, as nuvens estavam apenas dispersas, por isso um brilho prateado da lua iluminava o céu, fazendo-o parecer mais azul do que preto.
Com o seu próprio povo assegurando portão e fundos, não havia necessidade de segurança no interior da sala, assim não havia nada entre ele e a parede de vidro, somente o espaço vazio.
Ele se recostou na cadeira grande, observando enquanto Cyn entrava e permanecia de pé contra a parede mais distante, encarando-o com raiva. Ele encontrou o seu olhar e levantou uma sobrancelha em questão. Ela revirou os olhos em resposta, mas se afastou da parede e atravessou a sala, ficando de pé em seu lugar usual à sua direita, mas longe o suficiente que ele não pudesse tocá-la facilmente.
Ela segurou sua posição, dura e inflexível, por alguns minutos, então suspirou audivelmente e se esgueirou para mais perto, falando com uma voz destinada apenas para seus ouvidos.
— Ele não sabia sobre Marco e Preston até que eu lhe disse. Ele disse que ele e Marco eram amigos.
— Você acredita nele?
Ela pensou um instante e depois disse: — Sim.
— Obrigado, minha Cyn. — ele murmurou e acariciou um dedo abaixo da parte traseira de sua coxa, mais perto agora que ela tinha se deslocado para conversar com ele.
O músculo abaixo de seu dedo apertou e ela soprou um fôlego de desgosto. Mas não se afastou.
Ele reprimiu um sorriso, olhando para cima quando ouviu passos que se aproximavam da sala. Seu sorriso tinha desaparecido por completo quando Duncan apareceu entre as portas com Colin Murphy atrás.
Colin seguiu Duncan para uma sala muito grande e quase vazia. A parede do fundo não era nada mais que vidro, com uma vista de um milhão de dólares por todo o vale e, provavelmente, todo o caminho até a baía. Era espetacular, mas seu olhar caiu rapidamente em vez disso, para o vampiro de cabelos negros sentado em uma cadeira grande na frente da janela. Cada nervo em seu corpo sacudido direto para o clássico lutar ou correr. Anos de treinamento, de experiências sobre os mais mortais campos de batalha do mundo, estavam gritando para ele se defender, para tirar a porra da arma que ele não tinha, colocar um muro em sua volta e dar o fora. Esqueça o grande lutador de Sumô atrás dele, esqueça Cynthia Leighton com suas armas e Duncan com seus vigilantes olhos humanos. Lorde Raphael, e tinha que ser ele, transmitia uma vibração tão forte que esmagava contra o peito de Colin como trezentos quilos de ferro em um supino. Algum instinto profundo dentro de seu cérebro, talvez algo deixado por seus antepassados primitivos que tinham rezado para os deuses pela proteção do mundo natural, queria que ele caísse de joelhos e jurasse fidelidade ao imortal.
Mas Colin Murphy não se ajoelhava para ninguém, e ele jurou sua lealdade ao seu país e sua equipe há muito tempo. Era quase insuportável segurar aquele olhar frio e escuro, mas ele o fez, obrigando-se a ficar tranquilo. Nenhum problema aqui. Apenas uma reunião com os vampiros locais. Como o inferno.
A pressão saiu e Colin soprou o que ele esperava que fosse um suspiro de alívio sutil. O vampiro maldito estava considerando-o com diversão velada e Colin sabia que poderia ter sido muito, muito pior. Ele sentiu uma onda de raiva ao saber que tinha sido um brinquedo, mas cerrou os dentes e não disse nada. Essa foi outra lição que ele aprendeu no exército. Há momentos em que você só tem que sorrir e aguentar.
Como quando você está encarando um vampiro que poderia te esmagar como um inseto. Pensando sobre isso, agora que os jogos tinham terminado, esse era praticamente o olhar que Raphael estava dando a ele, como se ele fosse algo desagradável que tinha acabado esmagado contra o seu parabrisa.
Com a pressão mais ou menos dissipada, Colin teve a oportunidade de verificar o ambiente, que era o que ele deveria ter feito, em vez de ficar olhando para a vista. Lorde Raphael estava sentado em uma cadeira enorme colocada em frente daquela parede espetacular de vidro. Seria arrogância que o colocou lá onde a bala de um bom atirador poderia matá-lo? Inferno, talvez balas não pudessem tocar esse cara. Mas à prova de balas ou não, Colin estava indo com arrogância, porque esse cara tinha de sobra. Colin tinha enfrentado alguns idiotas difíceis em seu tempo, traficantes de drogas, líderes tribais, inferno, até mesmo um ou dois terroristas. Mas nenhum deles se aproximava remotamente do vampiro sentado na frente dele.
Ele deu ao resto da sala uma verificação rápida. Havia grupos de móveis espalhados, mas apenas a área diretamente ao redor de Raphael estava ocupada. Wei Chen estava sentado em um sofá pequeno de couro à esquerda de Colin, junto com Loren. Jeremy estava presente, também, sentado em uma das três cadeiras correspondentes à direita. As outras duas cadeiras estavam vazias.
Colin acenou para Jeremy.
— Jeremy, como está Mariane?
— Ela está se recuperando. — disse o vampiro rispidamente. — Obrigado.
Colin desviou o olhar de volta para Raphael. Duncan tinha tomado uma posição à esquerda do grandalhão; Cynthia Leighton estava à sua direita, perto o suficiente para que sua perna roçasse contra a poltrona onde… Ah merda. Não era de se admirar que Leighton dissesse que Raphael não estaria feliz com ele. Eles eram um casal. Claro que não, pensou ele, lembrando o anel em seu dedo. Não apenas um casal. Eles estavam casados ou que quer que fosse que os vampiros faziam. E Colin tinha passado o dia inteiro sozinho com ela.
Ele levantou os olhos para encontrar Raphael novamente. O lorde vampiro enrolou em seus lábios um sorriso de satisfação, tendo notado claramente o momento ah, merda de Colin. Raphael piscou preguiçosamente e disse: — Minha Cyn me disse que você conhecia Marco.
Colin não deixou de notar o pronome possessivo. Um vaso de plantas não teria deixado de notar o pronome possessivo.
— Nós éramos amigos. — disse ele, assentindo.
— De fato. Um homem interessante, Marco. Sua família era da aristocracia espanhola, você sabe. A linhagem direta da Rainha Isabella.
— Muito interessante — Colin concordou — já que Marco era italiano e sua família era de comerciantes. Ele tinha uma árvore genealógica pendurada em sua sala de estar, dizia que o lembrava de suas origens.
O sorriso foi mais genuíno desta vez.
— Você estava certa, minha Cyn. — Raphael disse para Leighton, embora ele nunca deixasse de olhar para Colin. — Sente-se, senhor Murphy. — Ele indicou a cadeira vazia ao lado de Jeremy. — Loren, peça a Sophia para se juntar a nós.
Colin foi para a cadeira mais próxima da porta, deixando uma entre ele e Jeremy vaga. Foi uma jogada clássica de homens, mas não era por isso que ele o tinha feito. Foi apenas uma boa tática para chegar o mais longe de Raphael e tão perto da porta quanto possível.
Sua bunda tinha acabado de bater na cadeira quando as portas se abriram e Loren voltou, seguido por uma mulher de cabelos escuros. Ela era baixa e cheia de curvas, a cabeça escura voltada para Juro, murmurando os seus agradecimentos enquanto ele segurava a porta aberta até que ela passou, em seguida, puxou-a fechada atrás dela. Ela deu um passo gracioso para a sala, o olhar indo para a esquerda, deslizando sobre Wei Chen e Loren, antes de virar os grandes olhos castanhos para Colin onde ampliaram em um olhar incrédulo.
Colin encarou com seu coração batendo contra a parede torácica.
— Sophie? — ele sussurrou.

Capítulo 17

Sophia olhou para Colin Murphy, o último homem que ela esperava ver novamente. Ele era seu único pesar, o unico humano que ela verdadeiramente amou através de seus séculos como um vampiro. E o que diabos ele estava fazendo aqui? Ele era de algum lugar do Sul. Ela não conseguia se lembrar exatamente onde, mas ela lembrava da fala arrastada, lenta e preguiçosa em sua voz profunda, a maneira como ele sussurrava coisas deliciosas para ela enquanto suas mãos faziam… Ela agarrou-se de volta ao presente, chocada com a sua reação após todo esse tempo. Ela estava consciente de todos na sala observando-os, podia sentir o olhar de Raphael, fazendo um buraco na sua cabeça. Esta era a última coisa que ela precisava.
— Colin. — Ela conseguiu falar. — Como vai você?
Ele apenas olhou para ela, raiva substituindo a descrença e escurecendo aqueles olhos azuis impressionantes. Ela lembrava isso, também. A maneira como seus olhos escureciam com emoção enquanto ele empurrava profundamente dentro dela, enchendo mais do que apenas seu corpo, enchendo sua alma, fazendo ela se sentir tão viva, tão preciosa, tão… Amada. Meu Deus, ela não poderia fazer isso agora. Desviou o seu olhar dele, dando os dois passos à frente que o afastariam de sua vista, da tentação. Ela curvou-se para o Senhor Raphael, sentindo-se demasiado instável para alcançar algo próximo à graça necessária para uma reverência.

— Meu senhor. — disse ela.
Raphael estava estudando-a com olhos astutos que viam tudo. Ele já suspeitava dela, já que ela tinha aparecido do nada alegando estar em busca de Lucien. E agora lá estava Colin, que aparentemente era o xerife local que tinham estado falando. Isso só poderia fazer Raphael suspeitar ainda mais. Ela encontrou o seu olhar de maneira uniforme, não tendo nada a esconder. Ele inclinou a cabeça para ela em silênciosa interrogação.
— Colin… Digo o senhor Murphy e eu nos conhecemos há vários anos, meu senhor. Em outro país. Eu não sabia que ele estava vivendo nesta área agora. — Ou, Lucien que se dane, eu jamais teria vindo aqui, ela pensou consigo mesma.
Raphael a olhou por um momento em silêncio, então disse: — Estamos indo para Vancouver esta noite, Sophia.
Sophia piscou, surpresa, surpresa o suficiente para que todos os pensamentos sobre o homem em pé atrás dela fugissem. Raphael estava indo para Vancouver? Atravessar o território de Lucien sem convite? As costas dela se enrijeceram em indignação. Quem diabos ele achava que era? Ela olhou para ele, não se preocupando em esconder sua raiva, mas lutando contra o desejo instintivo de atacar com o seu poder, para dar um tapa por tal insulto ao mestre dela.
Porque fazê-lo teria sido suicídio, e Sophia não estava pronta para morrer. Nem por isso, e não antes dela saber o que havia acontecido com Lucien. E não antes que ela tivesse uma chance de falar com Colin. Ela inclinou a cabeça ligeiramente para Raphael.
— Vou acompanhar você, meu senhor. — disse ela, como se ele não a tivesse praticamente ordenado a fazê-lo.
Um sorriso brincou nos lábios dele. — Excelente. Saímos em meia hora. Antes, porém… — Ele fez uma pausa quando Duncan inclinou-se e sussurrou algo em seu ouvido. — Uma mudança menor de planos. Vamos partir para Vancouver como o planejado. Quanto ao resto, no entanto… Por favor, desculpe-nos, senhor Murphy. Surgiram alguns assuntos que tenho de cuidar. Nós apreciamos sua colaboração no presente inquérito, no entanto. Cyn entrará em contato mais tarde a respeito de nossos esforços mútuos para localizar os assassinos.
Raphael levantou, apontando para a mulher humana que, Sophia tinha descoberto, era muito mais para o senhor vampiro do que uma amante, ela era sua companheira. Vampiros frequentemente tinham companheiros, mas era incomum para um lorde vampiro fazê-lo. Ou talvez fosse apenas sua experiência com Lucien.
Todo mundo tinha levantado quando Raphael o fez, e agora havia um movimento geral na direcção das portas. Sophia olhou em volta rapidamente e viu que Colin já tinha ido. Ela esperou até que Raphael tinha passado pelas portas, então saiu na grande sala há tempo de ver Colin abrir a porta de vidro grande e desçer as escadas externas. Correndo atrás dele, ela esperou até que ela também estava fora antes de chamar seu nome.
— Colin! — Seus ombros ficaram tensos, mas ele continuou. — Colin! — ela repetiu e saiu em uma explosão de velocidade vampira para recuperar o atraso com ele. Ela considerou agarrar seu braço, mas ele virou em vez disso, plantando-se em seu caminho.
— Colin. — disse ela novamente, encontrando seu olhar furioso. — Eu sinto muito.
— Sente muito? — ele rosnou. — Sente muito, Sophie? É o melhor que você pode fazer?
— O que você quer…
— Eu pensei que você estava morta. — Ele rosnou.
— Eu sei. Foi necessário.
— Necessário? Por que caralho isso foi necessário? Não é como se eu colocasse amarras em você. Nós não éramos casados. Inferno, por tudo que eu sei eu não era o único cara que você estava transa…
— Colin. — protestou ela, mostrando sua dor, apesar de que ela sabia que não tinha o direito.
— Então por que, Sophie? Eu passei um inferno, pensando que tinha deixado você lá para morrer. Gostaria de saber o porquê.
— Porque eu sou uma vampira! Você não entende? O que eu devia dizer?
— Talvez a verdade?
— Você faz parecer tão simples. O que você teria dito, Colin? O que você teria feito se eu lhe dissesse todos aqueles anos atrás que eu era uma vampira?
— Acho que nós nunca saberemos, não é?
— Era impossível, o que tínhamos. Humano e vampiro. Nunca teria funcionado.
— Isso não parece parar seu amigo Raphael lá dentro.
Sophia riu amargamente. — Ele não é meu amigo. Ele é… Ai Jesus, ele é o vampiro mais poderoso que eu já conheci. Se ele quisesse que você morresse, seu coração seria nada além de carne no seu punho antes que você o visse se mover. Não o substime, Colin. Ou sua companheira.
— Obrigado pelo conselho. — Ele contornou-a e começou a sair, mas Sophia colocou-se na frente dele mais uma vez.
— Colin. — Ele olhou para ela com impaciência. — Sinto muito. Eu não quis dizer…
Ele não a deixou terminar. — Sim, o que seja. Te vejo por aí, Sophia.
Sophia observou-o sair e sabia que era a coisa certa a fazer. Mais uma vez. Ela havia sobrevivido tanto tempo por não se importar sobre qualquer um, uma lição aprendida com Lucien. Eles eram dois de uma espécie, ela e seu Sire. Dançando o seu caminho pela vida, sem se preocupar muito sobre alguém ou alguma coisa, sem cordas para vinculá-los, sem emoções desarrumadas para rebocar em seus corações e mantê-los em qualquer lugar por muito tempo.
Colin era o único que já tinha tentado-a, com sua voz grave e mãos quentes, seu corpo grande enrolado no seu contra o frio da noite. Ele era um guerreiro nato. Estava em seus ossos e sangue, todos os instintos que ele tinha o levavam a proteger aqueles com quem ele se importava. E ele se importava com ela. Ele amava-a. E ela o amava de volta. Ela tinha ido ao café para salvá-lo. E ela o tinha perdido em vez disso.
Ela esfregou as mãos para cima e para baixo em seus braços que tinham ficado subitamente frios e suspirou, voltando-se para o edifício principal. Essa noite muito distante era história e era lá que ela pertencia. Ela tinha problemas suficientes com Lucien e seus jogos infernais. E, aparentemente, ela estava voltando à noite para Vancouver. Raphael tinha decidido que assim seria, e por isso seria. Ele não precisava dela para cruzar a fronteira, mas a sua presença lhe daria a aparência de respeito. Lucien poderia ainda estar vivo, mas ele praticamente cedeu o controle de seu território a ela e se ela convidasse Raphael ao outro lado da fronteira, deveria servir bem o suficiente. E quem estava lá para protestar, de qualquer maneira? Não Lucien, que sua alma negra seja amaldiçoada.
Ela estremeceu novamente e correu até as escadas, dizendo a si mesma que era o ar da noite úmido fazendo ela se sentir muito fria. Não tinha nada a ver com o gelo em torno de seu coração. O gelo que começou a rachar no momento em que ela tinha visto Colin Murphy novamente.
Capítulo 18

Raphael e seu povo seguiram Loren através de uma porta de metal para baixo numa escada sem adornos, com suas lisas paredes pintadas e corrimão comum de metal. O complexo tinha um porão amplo que incluía quartos de dormir dos vampiros, mas essa escada particular tinha apenas um destino, e isso era uma sala de informática de última geração, que era também o coração e a alma da rede de segurança. Raphael manteve Cyn na frente dele, com Juro entre ela e Loren. Duncan estava atrás dele, sobre seu ombro esquerdo, como sempre. O resto de sua equipe de segurança permaneceu lá em cima.
Maxime, a sua especialista de computação e a vampira que havia concebido este sistema em particular, tinha chegado de Los Angeles mais cedo e começou imediatamente sua avaliação, em busca de possíveis violações. Raphael queria uma audiência mínima para esta situação, apenas no caso.
Loren chegou ao fundo das escadas e virou à direita por um corredor truncado.
— Por este lado, meu senhor. — ele dirigiu.
Não que Raphael precisasse de orientação. Não havia mais para onde ir aqui embaixo. Ele tocou o ombro de Cyn, mais por uma questão de tocá-la do que para orientação. Ela estaria muito infeliz com ele novamente mais logo. Ele tinha colocado planos em movimento para garantir a segurança dela e ele duvidava que ela fosse aceitá-los facilmente. Mas ele não iria mudar sua mente, e não iria pedir desculpas por querê-la a salvo.
À sua frente, Loren inseriu um código de nove dígitos e pressionou seu polegar contra um scanner biométrico. O dispositivo de bloqueio zumbiu alto e abriu com o barulho das trancas retraindo. Maxime já estava lá, sua cabeça loira espetada inclinada, como sempre, ao longo de um teclado, o olhar fascinado para as linhas de código de computador rolando a tela na frente dela.
— Maxime. — disse Raphael.
Ela terminou o que estava escrevendo e virou com um olhar um tanto atordoada, piscando rapidamente antes de se administrar um sorriso estranho. — Perdão, meu senhor. Eu estava…
Raphael balançou a cabeça. — O que você descobriu? — Ele puxou uma cadeira da mesa longa que ficava em todo o comprimento da sala e ofereceu à Cyn, antes de sentar-se na próxima a ela.
Maxime pegou um bloco de papel coberto com notas e rolou sua cadeira até a mesa atrás, girando ao redor no último momento para enfrentá-los.
— Meu senhor. Uma introdução sobre a natureza deste sistema em primeiro lugar, se eu puder?
Raphael assentiu a sua permissão.
— Isso — ela indicou os bancos de computadores, telas e monitores de vídeo de segurança ao seu redor, — é o coração do complexo. Sua principal função é a segurança, mas para esse efeito, controla todos os aspectos do sistema ambiental, das luzes à qualidade do ar. Cada bloqueio em cada porta ou janela pode ser monitorado a partir daqui, bem como as várias estações sobre o perímetro. Com uma única senha, o complexo inteiro pode ser bloqueado, se desejado. Isso é, e isso é vital, meu senhor, um sistema fechado. Não há, e eu digo absolutamente nenhum, contato com o mundo exterior. Sem acesso à Internet, nenhuma linha de saída de qualquer tipo. Há um servidor separado, mantido em um escritório separado, que fornece acesso à Internet para os moradores daqui, mas não há mais nada no servidor. Todas as informações de natureza sensível, definindo-as em termos mais amplos, são armazenadas aqui nesta sala.
— Isso significa o quê? — Raphael perguntou, incitando-a a continuar. Maxime amava seu trabalho. Era o que a tornava tão boa no que fazia, isso e uma mente verdadeiramente brilhante. Mas ela iria viajar um pouco se não fosse empurrada na direção certa.
— Isso significa que ninguém pode acessar as informações armazenadas aqui de fora do complexo, ou mesmo de fora desta sala. Significa também — ela apressou-se, — que o banco de dados sobre os nossos vampiros, incluindo nomes e endereços, não pôde ser acessado por ninguém que não tivesse autorização para entrar aqui.
— Ou alguém que entrou nesta sala, autorizado ou não. — Cyn falou.
Maxime olhou fixamente para Cyn por alguns segundos, como se estivesse tentando calcular o que ela acabara de ouvir. — Correto. — disse ela finalmente. — Mas a segurança aqui…
— Não é infalível, Max. Nenhuma é. — Cyn interrompeu.
Maxime franziu a testa. — Teoricamente, isso é verdade.
— Você já procurou por acessos não autorizados, é claro. — disse Raphael, trazendo-os de volta para o propósito do encontro.
— Sim, meu senhor. Não houve nenhum. Ninguém não autorizado entrou neste quarto. Tenho vídeo digital, se você deseja vê-lo, arquivado desde o ano passado, que cobre praticamente todo o período em que este complexo tem sido funcional.
— Você tem um registro de quem acessou o banco de dados, mesmo se eles foram autorizados? — Cyn perguntou.
— Claro. E eu verifiquei, também. Mas eu estou fazendo um profundo exame agora. É possível, teoricamente, mais uma vez, para um operador altamente qualificado, cobrir sua trilha. Mas não completamente. Se alguém tiver invadido ilegalmente este sistema, eu saberei dentro de vinte e quatro horas. No entanto, neste momento, eu diria que não houve nenhuma violação de segurança. O vazamento está em outro lugar. Eu tenho os dados, meu senhor…
Raphael balançou a cabeça enquanto Maxime girava de volta para sua estação de computador, recuperando uma pilha espessa de papéis cobertos de dados e girou mais uma vez, oferecendo-lhes a ele.
— Não, obrigado, Maxime. Eu confio em suas habilidades completamente.
Maxime deu a Cyn um olhar triunfante que fez Cyn se voltar para ele com uma expressão de aborrecimento supremo e Raphael piscou para ela e se levantou.
— Vamos deixá-la com isso, Maxime. Informe Duncan no momento em que você tenha algo novo.
As escadas acima da Central de Segurança do porão os deixaram no primeiro andar em um corredor na parte de trás do edifício principal. Conforme eles se dirigiram para a sala grande, mais uma vez, Raphael virou-se para Duncan.
— Certifique-se de que Sophia esteja pronta. E descubra o que você puder sobre sua história com Colin Murphy. Eu suspeito que a resposta esteja nele, não nela.
— Ele é um ex-SEAL. — Cyn disse, virando-se e caminhando lentamente para trás. — Seus registros serão difíceis de obter.
— Vamos ver. — disse Duncan com um sorriso.
Cyn balançou a cabeça, sorrindo para o tenente de Raphael. — Será que não existem segredos…
— Meu lorde.
Cyn girou com a voz familiar, olhando para Elke que estava esperando por eles no final do corredor. Ela estava vestida com o uniforme típico de suas forças de segurança, o cabelo claro e pele ainda mais pálida, um nítido contraste com o terno escuro carvão.
— Elke? — Cyn disse em surpresa óbvia. — Quando você chegou?
— Quem sabe? — a vampira disse, obviamente descontente. — Eu só sei que o sol estava brilhando, o que significa que eu não estava.
Cyn deu a Raphael um olhar desconfiado por cima do ombro, claramente antecipando a razão para o aparecimento súbito de Elke.
— Bem. — Cyn disse a Elke. — Bem-vinda a Seattle. Divirta-se. — Ela afastou-se rapidamente, sem olhar para trás.
Elke observou-a ir, antes de virar para Raphael com uma expressão perplexa. — Não era suposto eu estar aqui, meu senhor? Duncan disse…
— Você está onde você pertence, Elke. Duncan, encontre Sophia e arranje alguém para começar a traçar sua história com Colin Murphy. Voltarei em breve.
Raphael atravessou a sala grande e o corredor, parando as portas do elevador de se fecharem quando ele ainda estava a vários passos de distância. Levou apenas um pequeno esforço de seu poder, segurá-las para trás até que ele entrou. Ele liberou as portas e elas fecharam imediatamente. Cyn estava encostada na parede oposta, as duas mãos atrás dela. Ela esperou até que o elevador estivesse em movimento antes de dizer baixinho: — Eu não preciso de uma babá.
— Não, você não precisa. — ele concordou.
Ela franziu a testa em confusão. — Mas Elke…
As portas se abriram em sua suíte escura, a porta do cofre estava aberta para a noite. Raphael fez um gesto para Cyn ir à frente dele. Ela fez isso, mas não sem um olhar desconfiado para os lados enquanto passava na frente dele.
— Então, por que trazer Elke especificamente? — ela perguntou, parando no meio da sala para confrontá-lo.
— Eu pedi a Duncan para reforçar a segurança no complexo com algumas das nossas próprias pessoas. Não que eu não confie em Wei Chen ou seus guardas, mas os meus são melhores.
— Então, Elke é apenas parte disso?
Raphael fechou a distância entre eles, escovando seu corpo com o seu e segurando o seu rosto com as duas mãos. Ele sussurrou um beijo contra sua testa, seus olhos, traçou a plenitude suave de seus lábios com a língua antes de reivindicar a sua boca com um beijo longo e lento. Ela respondeu automaticamente, levantando-se sobre os dedos dos pés para encontrá-lo, com os braços deslizando sob o paletó e enrolando em sua volta.
Ele deixou a sua boca com relutância, girando a língua sobre os lábios e soltando vários beijos suaves, rápidos em sua boca.
— Eu te amo, minha Cyn.
Seus olhos estavam brilhantes de emoção quando encontraram os seus. — Eu também te amo. Você sabe disso.
— Eu sei.
Ela piscou, de repente, reconhecendo que ela deveria estar preocupada. — Mas?
Ele sorriu para tranquilizá-la. — Nenhum mas, lubimaya.
— Não venha com lubimaya, seu bastardo. Eu conheço um “mas” quando ouço um.
Raphael riu. — Eu te disse, decidi que você está certa.
— Sobre o quê? — ela exigiu.
— Sobre a sua necessidade de se movimentar mais livremente enquanto nós descobrimos quem está por trás desses assassinatos. Eu te trouxe aqui, afinal, não só porque eu queria você comigo…
Cyn zombou ruidosamente e ele sorriu. — Eu sentiria sua falta, minha Cyn. — ele repreendeu.
— Uh huh. Vá em frente.
— Eu também te trouxe comigo para fazer uso de suas habilidades de investigação. Habilidades que você não pode empregar plenamente se está presa ao meu lado durante toda a noite e dia.
Ela estava ouvindo cada palavra, claramente tentando encontrar o problema. E havia um problema, Raphael sabia. Ele só não tinha chegado a isso ainda.
— Por outro lado… — ele começou.
— Eu sabia.
—… porque sua segurança é muito mais importante para mim do que as suas habilidades de investigação…
— Eu não vou me esconder aqui no porão, enquanto você e todo mundo vão…
— Eu trouxe o pessoal adequado — Raphael continuou, falando sobre o seu protesto, — para servir como seus guarda-costas.
Ela olhou para ele de boca aberta.
— Foda-se! Essa é a verdadeira razão porque Elke está aqui, não é? Você mentiu para mim. Ela é a minha babá.
— Ela é um dos seus guarda-costas, assim como Juro e os outros são meus. Você é a única que insiste que eu preciso de proteção. Certamente pode-se argumentar o mesmo de você?
— Não é o mesmo. Você é o maldito lorde vampiro! Todo mundo quer derrubá-lo. Ninguém aqui sabe quem eu sou. Eles…
— Claro que eles sabem. — A paciência de Raphael finalmente quebrou. — Três minutos depois de você andar nessa pobre rua principal, cada alma neste maldito vilarejo sabia exatamente quem você era e o que estava fazendo aqui. Você está sendo irracional.
— Eu estou sendo irracional? Ok. Elke pode sentar e ver-me ler durante toda a maldita noite, então. Vou esperar até o sol nascer e depois vou fazer as minhas coisas. A menos que você esteja pensando em me acorrentar à sua cama todas as manhãs, também?
Raphael lutou por paciência. Se qualquer um de seus vampiros lhe tivesse falado assim, eles estariam rastejando no chão agora, implorando por suas vidas tolas. Mas, como ela apontou para ele uma e outra vez, Cyn não era um de seus vampiros. E a última coisa que ele queria era vê-la ferida. Que era a razão pela qual eles estavam tendo esta discussão maldita, em primeiro lugar.
— Eu não exigiria nada tão bruto como correntes para manter você aqui, se eu escolhesse isso. — disse ele finalmente. — No entanto, quando você deixar o complexo à luz do dia, um guarda humano irá acompanhá-la.
— Não.
— Sim, minha Cyn.
— Você não pode fazer isso.
— Eu posso.
— Tudo bem. Vá em frente, atribua o seu pequeno cão de guarda. Eu vou abandoná-lo. — ela respondeu infantilmente.
— Oh, não, lubimaya. Eu conheço você muito bem para confiar em sua colaboração. Se você abandonar o seu guarda atribuído, haverá um preço.
— Estou apavorada. — ela disse com voz arrastada.
Raphael deu um sorriso lento e satisfeito. Ela viu e exclamou em voz baixa. — O quê? — ela respirou.
— Haverá um preço, minha Cyn, mas não será você a pagar. Seu guarda-costas humano irá. E eu acho que nós dois sabemos qual o castigo aplicado à uma falha desta natureza.
— Você não pode fazer isso.
— Claro que posso.
— Existem regras, Raphael. Você não pode simplesmente…
— Ah, mas, minha Cyn, eu sou um vampiro. Não sigo suas regras.
Olhou para ele, ouvindo suas palavras anteriores sendo jogadas de volta para ela. — Tudo bem. — ela retrucou, arrancando sua jaqueta e começando a remover seu equipamento de ombro. — Divirta-se em Vancouver. Eu não vou.
— Não achei que iria. — ele disse suavemente. — Se você decidir sair mais tarde esta noite, Elke estará à sua espera lá em cima.
Ele a puxou em sua direção enquanto ela saía de seu coldre de ombro, atraindo-a para um tipo totalmente diferente de beijo, este duro e possessivo. Ela o beijou de volta, dando tão forte quanto recebia, e, finalmente, mordeu seu lábio inferior até que ele riu e se afastou. Viu-a lamber o sangue de sua boca, vendo o rubor que subiu ao rosto dela, e sentiu sua virilha crescer pesada em resposta.
Ele encontrou o seu olhar, que estava meio zangado e meio excitado. — Esteja segura, lubimaya. — disse ele e deixou-a lá, sem olhar para trás até que estava dentro do elevador e as portas estavam quase fechadas. Ele encontrou os olhos dela no último momento e viu seus lábios se movem quase silenciosamente.
— Você também. — disse ela.

Capítulo 19

Raphael saiu do elevador, trancando-o após sair dele. Isso não manteria Cyn dentro, mas iria manter alguém fora. Elke estava esperando por ele, de pé nas portas abertas entre o corredor do elevador e a sala grande, onde ela podia ver se alguém estava indo ou vindo de qualquer área.
— Meu senhor.
— Ela não irá a lugar nenhum sozinha. — ele ordenou. — Em nenhum lugar, Elke.
— Sim, meu senhor.
Raphael encontrou os olhos dela com um olhar plano, enfatizando a gravidade da sua ordem. Ele sabia muito bem a capacidade de Cyn de convencer as pessoas para coisas que não fariam de outra forma, e ela e Elke eram amigas de alguma espécie. Mas ele era o Sire de Elke e sua vontade venceria ou cabeças iriam rolar. Ele colocou tudo isso em um único olhar.
— Eu vou protegê-la, meu senhor. Com minha vida.
Raphael assentiu e voltou sua atenção para Duncan, que tinha atravessado para o lado dele. — Sophia está esperando lá fora, Senhor. E nosso pessoal está trabalhando em conseguir o registro de Colin Murphy. Maxime insistiu em fazê-lo sozinha. Ela parecia achar que entrar nos registros do Departamento de Defesa seria um exercício agradável de sua habilidade.
— Eu prefiro que ela se concentre na possível violação de segurança.
— Eu disse isso a ela, mas ela indicou que o diagnóstico será executado sem a sua intervenção por várias horas, enquanto a busca de registros de Murphy levaria, em suas palavras, uns poucos e divertidos minutos.
— Diga a ela para se manter em contato, Duncan. Esta pequena viagem para Vancouver vai levar a maior parte da noite.
— Eu já a instruí a ligar assim que tenha qualquer coisa.
A conversa tinha durado todo caminho até onde Juro esperava perto da entrada. Em um aceno de Raphael, o vampiro abriu uma grande porta de vidro pesado para admitir um sopro de ar, frio e úmido.
— Tempo bonito. — comentou Raphael.
— Sim. — Concordou Duncan. — Talvez devêssemos considerar uma realocação da propriedade em Malibu.
Raphael resmungou e subiu pela porta aberta até o SUV, deslizando sobre o assento do banco para dar lugar a Duncan.
— Vou dar à idéia toda a consideração devida. — Raphael respondeu.
A viagem até a fronteira foi surpreendentemente rápida. Os três SUVs diminuíram de velocidade quando se aproximaram da fronteira entre os EUA e Canadá, e Raphael esperou sentir a pressão do poder de Lucien contra o seu. Ele percebeu que deveria ter sentido os primeiros pingos de poder do outro lorde vampiro há muito tempo, vazando através de suas linhas territoriais. Ele sabia com certeza que Lucien podia detectar seu poder de bem dentro do lado canadense da fronteira, mesmo dentro de seu próprio ninho. Por mais que tentassem respeitar mutuamente a soberania, o poder não era algo que poderia ser cortado com uma faca. Havia sempre fugas.
Mas esta noite, não havia nada de Lucien para ser sentido, nem mesmo dentro do posto de fronteira, onde esperaram enquanto os agentes canadenses verificavam a sua identificação. O passaporte brasileiro de Sophia causou um pequeno atraso, mas só porque foi inesperado. Raphael e seu povo eram perfeitamente cidadãos legais dos EUA e tinham passaportes válidos para provar. Os vampiros podem não considerar-se sujeitos às leis humanas, mas não ostentam esse fato desnecessariamente.
Enquanto esperavam, Raphael enviou fios de poder, buscando Lucien, mas ele ainda não sentia absolutamente nada. Franziu a testa, concentrando-se mais forte quando cruzou a linha territorial e dirigiu-se para as luzes de Vancouver.
— Nós vamos para a sede de Lucien, Juro. — disse ele, de repente. — Diga à Sophia para ligar avisando os vampiros dele. Eu não quero shows de desafio sem sentido.
— Sim, meu senhor. — Juro deu instruções sobre o rádio para o SUV na frente deles.
Raphael deu pouca atenção para a cidade na viagem. As nuvens tinham se fechado de novo, deixando tudo na escuridão, mas a impressão geral era de uma típica cidade grande, com suas torres de negócios e edifícios residenciais bem iluminados marchando até a beira da água. Ruas e rodovias estavam cheias de carros e caminhões, e até mesmo a esta hora, eles tinham que enfrentar várias vezes o tráfego. Havia flashes ocasionais da baía, mas que também estava lotada, com barcos de pesca e armazéns.
Raphael tinha certeza que os humanos que viviam aqui eram afeiçoados à sua cidade, e sabia que tinha uma merecida reputação de sofisticação e charme. Ele também sabia que Los Angeles era uma cidade muito mais lotada. Mas então, ele raramente tinha que lidar com as zonas de expansão urbana ou auto-estradas lotadas de L.A. Quando ele pensava em LA, pensava apenas em sua propriedade em Malibu com o mar, infinito vazio que se estendia além dos penhascos abaixo de sua casa.
Quando se aproximaram do centro da cidade, Raphael finalmente sentiu o primeiro mexer de poder, tão fraco que ele nunca teria acreditado que tinha vindo do lorde canadense se ele não soubesse. Sentado calmamente no banco de trás, ele tentou alcançar, agarrar a pequena trilha e segui-la à sua origem, mas tinha ido, perdida em uma lavagem geral de poder vampírico. A maioria dos Vampiros canadenses de Lucien moravam aqui em Vancouver, e a maioria estava concentrada na área central da cidade. Havia um grande contingente em Toronto e um menor em Montreal, com o resto espalhado por todo o vasto território. Mas nenhum deles igualava ao tamanho do ninho em Vancouver, simplesmente porque essa era a cidade onde Lucien passava a maior parte do tempo.
Mesmo assim, não deveria ser possível o poder de um lorde vampiro se perder entre seus súditos. Algo estava muito errado com Lucien, e Raphael estava começando a suspeitar que ele sabia o que era. Mas primeiro, ele teria que lidar com as pessoas de Lucien, que não gostariam de receber aquela intrusão no domínio de seu mestre.
Raphael estudou a sede de Lucien em Vancouver quando esta apareceu. Era uma casa senhorial, situada nas colinas acima da cidade. Quase vitoriana na aparência, tinha sido construída logo após a Primeira Guerra Mundial com as especificações de Lucien, e ostentava varandas em cada canto de seus três andares. Todas as janelas e portas estavam brilhando com luz quando os SUVs pararam em frente, como se as pessoas de Lucien estivessem deixando a luz brilhar como um farol para seu Sire.
A porta do passageiro no SUV da frente abriu logo quando eles chegaram, e Sophia saltou, correndo através da porta até a passagem de entrada. A porta da frente abriu antes que ela a alcançasse, luz branca derramava brevemente antes que a porta transbordasse com vampiros que subiram para a varanda e desceram as escadas. Um dos machos saiu à frente do resto, a encarar Sophia com raiva.
— Darren Yamanaka, meu senhor. — Duncan disse. — O tenente de Lucien.
Raphael viu os dois discutindo. Yamanaka era apenas de altura média, mas ele era densamente construído e tentava usar o seu tamanho como vantagem. Não que parecia ser necessário, uma vez que Sophia não parecia nem um pouco intimidada pelo homem maior. Mas então seu poder excedia o de Yamanaka por uma margem considerável, que era tudo o que realmente importava. Raphael deixou a discussão continuar por alguns momentos, então se mexeu irritado.
— Nós não temos tempo para isso. — Disse ele. Chegando à sua esquerda, ele puxou o trinco e abriu a porta do SUV do seu lado. Contornando a frente do caminhão, ele empurrou através do portão e veio por trás de Sophia a tempo de ouvir Yamanaka acusando-a de trair seu mestre, de convidar o inimigo para o coração de seu território, inimigo que era Raphael, é claro.
— Basta. — Raphael disse calmamente, colocando poder suficiente nas palavras para ele e todos os presentes ouvirem e obedecerem.
Darren deu à Sophia um olhar assassino antes de virar para Raphael. — Não vamos nos render sem luta, meu senhor. Você pode nos matar a todos, mas vai pagar algum preço pelo roubo da vida e soberania de nosso Sire.
Raphael estudou Darren, admirando a coragem do vampiro, assim como desprezou a loucura dele. — Não seja burro, Yamanaka. Se eu quisesse o território do seu mestre, você estaria morto.
Os olhos do vampiro queimaram brevemente, mas como ele não era, em verdade, suicida, voltou sua ira sobre Sophia, por sua vez. — É assim que você ajuda o nosso Sire, Sophia? Você traz o seu inimigo para sua porta?
— Cale a boca, Darren. — Sophia assobiou. — Eu já acabei com você uma vez, e posso fazê-lo novamente. Se você ler a carta de Lucien, irá saber…
— Que carta? — Darren perguntou, sua raiva desaparecendo.
Sophia abriu a boca para responder, mas Raphael interveio. — Talvez devêssemos levar isso para dentro. — ele sugeriu. — Ou é a sua intenção entreter os vizinhos?
Sophia parecia presunçosa, mas Yamanaka sacudiu em suas palavras, lançando olhares para as outras casas acima e para baixo na rua. A mais próxima estava a uma centena de metros, mas o som fluía de forma inesperada em colinas como essa.
— Vamos utilizar o escritório de Lucien. — Sophia anunciou serenamente e fez um gesto em direção à casa em convite.
— Excelente. — concordou Raphael.
Ele começou a subir a escada, sua segurança formando um cordão apertado em torno dele, efetivamente afastando quaisquer últimas objeções pelas pessoas de Lucien.
Yamanaka observava pensativo enquanto passavam e Raphael estava consciente do tenente de Lucien por trás quando ele atingiu as escadas.
Ele sentiu uma passagem de poder de Sophia e ouviu-a ralhar com o outro vampiro. — Não seja um tolo, Darren.
Raphael sorriu tristemente sem olhar para trás. Ele não veio aqui à procura de conquista, mas se Lucien estava realmente desaparecido, talvez não prejudicasse avaliar o campo de candidatos antes de ele ir embora. Afinal, Raphael não queria um tolo sentado em sua fronteira norte.
Uma vez dentro, Sophia dirigiu-os a uma escadaria estreita e até o terceiro andar. Ela caminhou em torno de Raphael e sua segurança nesse ponto, abrindo caminho por um corredor curto até um par de portas fechadas. Como tudo na casa, eles eram velhos e muito mais estreitos do que aqueles encontrados em casas mais modernas. Mas também foram bem cuidados e esculpidos em detalhe bonito. Sophia empurrou as portas abertas e cruzou o quarto, puxando de lado um par de pesadas cortinas para revelar as luzes de Vancouver por trás de um conjunto de portas francesas que conduziam além a varanda.
A sala era grande e cheia de papéis e bens de Lucien, bem como um forte senso da presença poderosa do lorde vampiro. Bebendo a essência, como se Lucien estivesse na sala, Raphael entrou diretamente pelas portas de vidro na parede oposta e saiu para a varanda. Andando diretamente até a grade de ferro enegrecido, ele agarrou o metal frio e abriu seus sentidos para a única assinatura que era Lucien.
O que ele descobriu não o surpreendeu. Ele suspeitava disso desde que cruzou a fronteira com suas enfraquecidas defesas. Mas a expectativa não fez nada para diminuir a preocupação que a confirmação trouxe. Ele sabia que Lucien não estava morto, mas isso poderia ser pior. Ele sentiu a presença de Duncan atrás dele.
— Você sente isso? — ele perguntou.
Duncan mudou-se perto dele e balançou a cabeça lentamente. — É estranho, meu senhor. Sinto uma presença definitivamente, mas está enfraquecida de alguma forma. Eu não sei o que é.
— Não. — disse Raphael. — Duvido que você reconheça. Eu mesmo apenas experimentei isso uma vez antes, a centenas de anos e milhares de quilômetros daqui.
— O que é? — A voz de Sophia veio da porta atrás deles.
— Desvanecimento. — disse Raphael.
— O que significa isso? — ela exigiu. — Eu nunca ouvi nada parecido…
Raphael virou-se para encará-la. — Lucien está morrendo.
Sophia ouviu as palavras de Raphael e viu a absoluta segurança em seus olhos negros. E ela sentiu o coração apertar até ficar quase seco em seu peito. Lucien não podia morrer. Ela não iria permitir.
— Você vai encontrá-lo, então. — disse ela, não pedindo, mas dizendo. — Se você pode senti-lo morrer, pode…
— Não. — disse ele, empurrando-a para dentro com o simples movimento de andar para frente. — Receio que Lucien não quer ser encontrado.
— Claro que ele quer ser encontrado. Meu Sire nunca aceitaria a morte facilmente. Ele ama a vida demais.
— Admito que não é algo típico dele. — Raphael concordou com uma calma irritante. — Talvez ele tenha sido dominado pela culpa.
Ele estava se movendo em torno do estúdio de Lucien, pegando objetos e estudando antes de colocá-los de volta na posição precisa em que os encontrou. Sophia observou-o vaguear como se medindo o lugar para o novo mobiliário e de repente se arrependeu de trazê-lo aqui. Talvez Darren estivesse certo.
— Diga-me, Sophia. — Raphael disse, voltando, sem emoção, o olhar sobre ela. — Por que você acha que Lucien enviou você aqui?
Sophia olhou para ele, não esperava a pergunta, mas manteve seu próprio olhar tão plano como o dele. — Eu suponho que ele queria me contar quem tinha feito isso e vingar seu povo. — Parecia estúpido, mesmo quando ela disse isso.
Raphael deu um sorriso condescendente. — Por que você? Por que não Darren? Ele é tenente de Lucien, afinal, e ele já está aqui. Ele conhece a cidade melhor do que você, e provavelmente as pessoas, também. Por isso, é mais provável que ele tenha contatos entre os meus próprios vampiros, algo que Lucien sabia que seria útil. Então, por que você?
Sophia ficou com raiva por ele continuar interrogando-a, como se conhecesse algum segredo que ela não conhecia. Ou talvez era só raiva por ter sido forçada a enfrentar a verdade. Não mais. Ela se empertigou e encontrou seu olhar diretamente. — Eu sou mais poderosa do que Darren. — ela disse sem rodeios. — Pelo meu conhecimento, eu sou a mais forte dos filhos de Lucien.
Raphael deu de ombros. — Isso é significativo aqui?
Sophia olhou para Raphael com algo próximo ao ódio. Apenas um sentido forte de auto-preservação a impediu de rosnar para ele. — Lucien me destinou para ser sua sucessora. Se ele morrer, eu preciso estar aqui.
Aquele sorriso presunçoso cresceu, mas não havia humor em sua voz quando ele a prendeu com aqueles olhos de prata e disse: — Então eu sugiro que você faça algo. O desvanecimento de Lucien já está enfraquecendo suas fronteiras. Em pouco tempo, você vai ter candidatos de todo o continente descendo para preencher o vácuo deixado por sua ausência. Você tem sorte por seus vizinhos, por enquanto. Eu não tenho vontade de expandir o meu território e Rajmund no Nordeste ainda está consolidando seu poder. Ele não tem energia de sobra para ninguém. Mas isso não vai durar para sempre. E como a vulnerabilidade cresce, os sinais se espalham.
Ele olhou ao redor da sala, como se avaliando as fronteiras invisíveis do território. — Alguém precisa reforçar as fronteiras de Lucien antes que seja tarde demais. Por agora, muitos de vocês podem trabalhar juntos, se conviverem bem. Mas, eventualmente, uma pessoa vai ter que entrar na brecha. Se não é para ser você, vai certamente ser alguém de fora, porque Darren Yamanaka não está à altura da tarefa. Ele vai cair na primeira disputa.
Raphael sinalizou para o seu pessoal de segurança e seguiu pelas portas para o corredor.
— Espere. — Sophia exigiu. Ela queria respostas do grande lorde vampiro, não sermões.
Ele parou dentro da sala, voltando a considerá-la com uma sobrancelha erguida devido à ordem imperativa dela.
— Lucien poderia ser um prisioneiro? Alguém poderia estar fazendo-o passar fome, mantendo-o cativo?
Raphael inclinou a cabeça para um lado, como se considerando a questão. — É possível. — Admitiu. — Lucien sempre confiou demasiado nas pessoas.
Sophia expulsou um longo suspiro de alívio, em parte de alívio por que Lucien poderia ainda estar vivo, e em parte com agonia, pois seu Sire poderia estar passando fome, sendo torturado por seus captores.
— Você vai voltar com a gente? — Raphael perguntou.
Sophia encarou cegamente por um momento, sua mente lutando para pensar na pergunta acima de tudo que tinha acabado de ser despejado sobre ela. Ela piscou e engoliu em seco, em seguida, acenou com a cabeça uma vez.
— Sim. — disse ela. — A chave para encontrar Lucien está em resolver esses crimes.
Raphael sinalizou para alguém. — Um dos meus veículos irá esperar, para que você possa conferir com seus colegas membros da casa antes de sair.
Sophia afundou na cadeira atrás da mesa de Lucien quando Raphael saiu da sala, a cabeça afundando em suas mãos. Ela não queria isso. Nem as mortes misteriosas de Giselle e dos outros, nem a carta enigmática de Lucien ou seu repentino desaparecimento, e nem o inferno da batalha quase certa com Darren sobre o controle do território de Lucien. Ela ofegou alto quando esse pensamento foi assimilado. Não haveria nenhuma batalha pelo controle, porque Lucien não estava morto, e ele não ia morrer. Ela não acreditava nem por um minuto que ele estava tentando se matar por um sentido ridículo de culpa. A idéia era risível. Lucien estava claramente triste com a morte de Giselle e seus jovens. Sua carta era uma prova. Mas a maior parte de sua tristeza era provavelmente reservada para si mesmo, que ele teve de sofrer a sua perda e lidar com as consequências.
Não, ela iria encontrar quem estava fazendo isso, e ela encontraria Lucien também. Ele podia precisar de sua ajuda por alguns meses, talvez até um ano, enquanto recuperava sua força, mas, então, as coisas voltariam ao normal.
Ao mesmo tempo, ela foi forçada a admitir que Raphael tinha um ponto. Se o Sire dela queria ter um território para o qual voltar, alguma coisa teria que ser feita agora para mantê-lo. De alguma forma ela e Darren…
— Ele se foi.
A voz indesejada de Darren anunciou sua presença, como se ele soubesse que ela estava pensando sobre ele.
— Ele não ficou aqui por muito tempo. — disse ele, franzindo a testa enquanto a observava sentada atrás da mesa de Lucien… Na cadeira de Lucien. — O que ele fez aqui?
— Nada que você e eu já não tentamos, mas ele fez isso com maior sucesso. — ela admitiu. — Suponho que não é muita surpresa, dado quem ele é.
Darren veio ao redor da mesa, escolhendo pousar na borda ao lado dela, ao invés de tomar qualquer uma das cadeiras na posição suplicante na sua frente.
— O que isso significa, maior sucesso? Achou Lucien?
— Não, infelizmente. — Ela começou a dizer a Darren palavra por palavra do que Raphael havia explicado a ela.
— Foda-se. — ele explodiu, levantando-se e caminhando ao longo de uma estante de livros e de volta. — Lucien nunca faria nada para ferir a si mesmo. Eu o conheço.
— Concordo. — disse Sophia, aliviada ao ouvir alguém dizer isso em voz alta. — Mas o que Raphael disse sobre as fronteiras territoriais é verdade. Eu senti quando chegamos aqui hoje à noite. No início, eu pensei que era apenas porque Raphael estava no veículo atrás de mim, mas era mais do que isso. E se nós não queremos um bando de abutres vindo para cá, você e eu precisamos descobrir uma maneira de manter as coisas em ordem até Lucien voltar. Ou combatê-los um por um.
Darren parou de andar e olhou para ela. Ela podia ver que ele a estava avaliando, tentando decidir se a sua anterior demonstração verdadeiramente refletia seu poder relativo, ou se ele poderia vencê-la em uma luta. Ela sabia que ele nunca iria desafiar Lucien. Mesmo que seu Sire saísse desta bastante debilitado, Darren nunca iria contra ele.
Mas a possibilidade de que Lucien pudesse morrer… Mudava tudo. Darren era leal a Lucien, mas ele também era Vampiro. E os vampiros eram, em sua essência, territoriais e agressivos. E se Lucien morresse, não havia absolutamente nenhuma razão para honrar a sua preferência por Sophia como sucessora.
Sophia levantou, encarando seu companheiro vampiro com um olhar frio. — Eu não vou brigar com você sobre isso, Darren. — Seus olhos brilharam com triunfo e Sophia riu. — Não agora. — Acrescentou deliberadamente. — Eu acredito que Lucien vai voltar. Mas se ele não voltar — Ela deixou inchar seu próprio poder, derramando em seus olhos até seu brilho abafar a iluminação fraca. — Se ele não voltar… — ela repetiu em voz baixa, encontrando o olhar de Darren diretamente. — Eu vou brigar com você até a morte antes que eu deixe você ter este território.

Capítulo 20

Os SUVs passaram através da noite deserta pelas ruas silenciosas, exceto por algum veículo ocasional que partilhava a estrada com eles. À distância Raphael podia ouvir uma buzina de neblina dando, continuamente, a sua advertência desolada.
Sua mente também estava silenciosa meditando sobre os eventos da noite, mas sem nenhuma urgência particular. A situação de Lucien embora intrigante, não parecia mais relevante para sua caçada. Restava ainda uma fúria silenciosa contra o lorde Canadense ocultada na superfície de seus pensamentos. Mas aquilo teria que ficar para mais tarde, depois que ele rastreasse os assassinos que Lucien deixara em sua porta, depois que o sangue deles tivesse alimentado seus soldados e seus ossos fossem reduzidos a cinzas espalhadas pela terra. Lucien poderia esperar até lá. Ele não iria a lugar nenhum.
Do seu lado, Duncan levantou a mão para o aparelho em seu ouvido e em frente a ele Juro fez o mesmo. Raphael olhou de relance em direção a Duncan que virou-se para ele e disse quase sussurrando: — Sophia está a uma hora atrás de nós, meu Senhor. Eles estão avançando rápido e devem nos alcançar quando chegarmos ao complexo.
— Diga a eles para não se preocuparem com o limite de velocidade, Duncan. Eu quero todo meu pessoal são e salvo. — Ele estava confiante que, se por algum acaso as autoridades humanas os parassem, seus vampiros seriam capazes de persuadi-los a ignorar a transgressão e olhar para o outro lado. Tal habilidade era requisito obrigatório para todo vampiro que fazia parte da sua segurança pessoal.
— Quais são as ordens em relação à Lucien, meu Senhor? — perguntou Duncan cuidadoso. O que ele realmente queria saber, pensou Raphael, era o que ele faria a seguir.
— Lucien terá que esperar, Duncan. Primeiro vingaremos os nossos.
Nenhum policial foi encontrado no caminho para casa, e poucos viajantes foram vistos. As luzes do complexo logo apareceram à vista, um ponto brilhante em meio à escura floresta.
Raphael passou alguns momentos conferenciando com Duncan e os outros, mas a noite estava indo embora e ele queria algum tempo sozinho com Cyn, antes do sol nascer.
Ela estava dormindo quando ele finalmente se deitou na cama deles. Ele havia falado com Elke antes de descer. Ela reportara que Cyn mantivera sua palavra, e que ela de fato havia passado a noite no complexo, não se ausentando nem para alimentar-se. Raphael teria ficado aliviado se não a conhecesse tão bem quanto a conhecia. Ela provavelmente tinha ficado o tempo todo online procurando por maneiras de se colocar em perigo no dia seguinte.
Ele suspirou enquanto despia o terno e gravata, desabotoando a camisa de algodão egípcio e os jogando em um cesto de roupas sujas. Ele não usaria nenhuma dessas coisas pelo resto de sua jornada. Até os assassinos serem presos e punidos, seus planos não envolviam nada tão formal quanto terno e gravata.
Cyn havia deixado uma suave luz queimando sob a cômoda. Ela tinha-a deixado para ele, embora soubesse que ele não necessitava. Ela usava mais o coração do que a cabeça, razão pela qual ele a havia deixado ligada depois de verificar a segurança do cofre e seguir em direção à cama deles. Ele não precisaria da luz essa noite, mas ela sim quando a manhã chegasse. Não havia luz natural na suíte subterrânea, nem janelas para anunciar o nascer do sol. Mas ele também não precisava disso. Ele sabia o caminho do sol pelo céu melhor do que qualquer astrônomo.
Ele se aproximou da cama sorrindo quando viu que ela dormira vestida ao invés de nua como eles normalmente faziam. Apesar de que as roupas mais pareciam lingerie - uma camiseta sem mangas agarrada aos seus seios, marcando-os detalhadamente, e uma minúscula calcinha que só servia para aumentar seu desejo. Se a intenção dela era repeli-lo com aquelas vestimentas, falhara miseravelmente.
Raphael deslizou embaixo das cobertas enrolando o braço em volta do corpo esguio e puxando-a para si, encaixando-se em volta de sua sonolenta e calorosa humana. Ela murmurou suavemente em sono muito profundo para se lembrar de sua raiva, e muito familiarizada com a presença dele para acordar. Sorrindo, ele deslizou uma mão ao longo da pele de seda dela e embaixo da camiseta esticada sentiu todo o seio com sua mão e com os dedos encontrou o mamilo, excitando-o. Cyn sorriu em seu sono, empurrando seu lindo traseiro e esfregando-o gentilmente contra o crescente pênis. Ele rosnou baixo em sua garganta enquanto sua fome aumentava junto com sua ereção. A noite havia sido longa e eles não haviam se separado nos melhores termos. Ele queria se enterrar dentro dela, marcá-la como sua, substituir a raiva por possessão. Ele era um vampiro e ela era sua companheira.
Inclinando a cabeça beijou-a na testa, depois no queixo, mas suavemente, para que não a acordasse. Ainda não. Ela se mexeu levemente, apenas para se aconchegar mais profundamente em seus braços. Raphael mostrou os dentes, suas presas rasgando a gengiva ao sentir o cheiro do sangue dela fluindo debaixo da pele frágil, e foi nessa altura que o pensamento o atingiu como soco. Ela era dele. Ela sempre seria dele e de mais ninguém.
Ele cravou os dentes no pescoço acetinado, apreciando a ligeira resistência da veia que jorrava sangue sob suas presas, ao primeiro gosto do sangue dela fluindo pela sua garganta.
Finalmente acordada devido à onda eufórica liberada na corrente sanguínea junto com as presas dele, Cyn gemeu suave, sussurrando seu nome. — Raphael. — Ela acariciou-o na nuca, segurando a cabeça dele contra seu pescoço enquanto ele se alimentava.
Ele acariciou os mamilos dela com os dedos, espalmando os seios num envolto gentil antes de passar a mão por sua barriga lisa em direção à pele macia e aveludada entre as pernas dela. A pequena renda que ela usava na tentativa indiferente de dissuadi-lo foi colocada de lado ao ser empurrada em um emaranhado por entre as coxas dela. Então, mudando a investida, ele escorregou seus dedos por dentro dela, sentindo o tremor crescente da pele dela enquanto deslizava os dedos para dentro e para fora até que ela estivesse molhada e pronta para ele.
Cyn, porém, não esperou que ele tomasse iniciativa. Ela elevou a coxa em convite, espalhando suas pernas e pressionando-as contra ele, ansiosa por tê-lo dentro dela. Ela suspirou o nome dele mais uma vez, desta vez com desejo em sua voz, mais como uma exigência do que como um agrado, seus dedos esguios movendo-se para agarrar o pênis dele, aumentando ainda mais a fome insaciável.
Raphael colocou a mão dela de lado, movendo seu membro para a entrada dos grandes lábios, aumentando o calor entre eles, e deslizando até estar dentro dela, sentindo o controle de sua região íntima enquanto ela a flexionava contra ele tentando fazê-lo entrar ainda mais profundamente.
Cyn gemeu em protesto, excitando-se num vai e vem nos braços dele, tentando dar ritmo àquela paixão.
Raphael riu discretamente por dentro, a vibração alcançando suas presas, ainda enterradas no pescoço dela, renovando o desejo que a estremecia. Ele não se apressou, não estava mais mergulhado no sangue dela e sim, se mantendo inerte na sua mordida, colocando as mãos sobre o abdômen e segurando-a firme, assim como a provocando ao colocar e tirar seu membro, não o tirando inteiramente, nem tão pouco a preenchendo por inteiro.
— Raphael, por favor. — ela suspirou.
Ele levantou sua cabeça e gemeu em resposta, penetrando-a com uma longa e poderosa estocada, entrando profundamente dentro dela e depois saindo, apenas para fazê-lo novamente. Ela segurava seu membro tão fortemente entre as coxas que ele teve que se esforçar para penetrá-la enquanto ela chegava ao clímax, seu choro gemido preenchia os ouvidos dele como um doce som, e os seus dedos o seguravam pelo cabelo forte, mantendo-o junto a ela. Seu orgasmo finalmente diminuiu, e então aos poucos seu corpo passou apenas a um leve tremor dos membros, convulsões aleatórias ondulando em torno do pênis dele, enquanto ele continuava a martelar dentro dela, sabendo que o êxtase de sua mordida ainda estava correndo no corpo dela, e assim persistiria por um longo tempo.
Ele deslizou os dedos sobre o abdômen dela até alcançar os grandes lábios de sua vagina, para então revelar o excitado clitóris, inchado de sangue e duro como pérola. Ele começou a circulá-lo, deslizando sob sua superfície sensível até ela se empurrar sobre a mão dele e então sobre seu pênis, fazendo suaves choramingos enquanto ela procurava se aliviar novamente.
Os dedos dele se fecharam no clitóris dela, apertando suavemente e esfregando aquela área que clamava por atenção.
— Oh, Jesus. — ela suspirou.
Primeiro seu abdômen se encolheu e então seu corpo inteiro foi um só espasmo contra ele. Ele a segurou firme enquanto o segundo orgasmo tomava conta dela e ela gritava seu nome.
Profundamente dentro dela, seu pênis respondeu ao orgasmo dela, algo que ferveu no saco e foi em direção ao pênis, explodindo e assim preenchendo-a, a fazendo clamar por ele tanto dentro como fora de si.
— Você trapaceia. — ela murmurou, quando finalmente parou de tremer, então ele cobriu seu doce corpo gelado com cobertas e beijou suas lágrimas de emoção extenuada.
— Eu estava com fome. — ele contrapropôs.
— Besteira. Você estava com tesão.
— Também. — ele disse com um riso. — Mas apenas por você, lubimaya.
Ela suspirou se aconchegando contra ele e segurando suas mãos entre os seios, mergulhando ainda mais em seu abraço. — Eu te amo, sabia? — ela murmurou já sonolenta.
— Eu sei. — ele disse, sentindo o calor do sol surgindo no horizonte. — Eu também te amo, minha Cyn. — Pensou ele enquanto o sol dava início à sua jornada pelo céu da manhã, querendo alertá-lo sobre o que aprendera em Vancouver.
Para lembrá-lo que os assassinos estavam no caminho de ambos devido a Lucien, que eles caçavam aqueles mais importantes para Raphael. E ninguém era mais importante que Cyn. Mas o amanhecer roubou-lhe as palavras e o medo o perseguiu no sono.

Capítulo 21

2000, América Central

Colin caminhava pela rua, estreita e escura, os paralelepípedos que pavimentavam o chão da rua duros e irregulares, sob as sandálias que ele usava para misturar-se. O sol tinha se posto horas atrás, e eles não usavam luzes nas ruas por estas bandas. As cores brilhantes das paredes subindo ao redor dele eram, em sua maioria, silenciadas pela escuridão, com ocasionais fitas de cor à luz de uma porta ou janela. Pessoas lotavam as ruas em torno dele, aproveitando o ar da noite um pouco mais fria. As temperaturas do dia eram intensas por aqui. Mesmo ele achava quente e tinha crescido no sul da Geórgia, onde se o calor não o matasse, a umidade faria.
Mas ele estava se sentindo bem esta noite. Melhor do que bem, ele se sentia ótimo. Jovem, forte e saudável, macho alfa no auge em seu caminho para encontrar a mulher mais bonita que ele já tinha conhecido. Mas Sophie não era apenas bonita, ela era sexy, misteriosa e inteligente, também. Quase tudo que Colin sempre quis em uma mulher embrulhado em um pacote delicioso que se curvava e luxuriava em todos os lugares certos. Pegou seu ritmo, ansioso para chegar ao café onde ele sabia que ela estava esperando por ele.
— Murphy. — Seu amigo, Garry McWaters, pegou seu braço. — Vá com calma lá. A senhora vai esperar. Não vamos chamar a atenção, tudo bem?
— Sim, desculpe. — disse Colin, um pouco timidamente. — São essas noites quentes. Elas sempre me afetam.
— Lembra-o da escola, hein? Todas aquelas doces meninas do sul morrendo de vontade de largar as calcinhas para o heroi do futebol?
Colin riu. Ele era apenas seis anos mais jovem do que Garry, mas nos SEALS isso era um mundo de diferença.
— Não caíram tantas calcinhas como você pensa, Mac. — disse ele, usando o apelido de McWaters. — A maioria das meninas na minha cidade natal espera por um anel, assim como suas mães ensinaram a elas.
— Continue falando, Murphy. Alguem acreditará. Aqui vamos.
Eles dobraram a esquina, trazendo o café à vista em uma praça pública. Apesar do espaço aberto, as multidões eram mais espessas aqui. Ele e Mac diminuíram ainda mais. Ninguém se apressava nesta cidade, e, como Mac disse, não queriam chamar a atenção para si. Eles não deveriam estar aqui. Inferno, eles não estavam aqui. Não oficialmente. Apenas um par mais de dias e iriam embora. Voltariam para os Estados Unidos. Por um tempo de qualquer maneira.
E era por isso que era tão importante que ele falasse com Sophie hoje à noite. Ele não queria perdê-la só porque ele estava indo para casa. Podia levar algumas semanas ou mesmo meses, mas ele providenciaria um visto americano para ela, um visto de turista ou o que quer que pudesse receber. Ela adoraria a Califórnia, onde era a base dele com os SEALs. Ele sabia que ela gostaria.
Eles finalmente romperam a multidão o suficiente para ver o café, ainda do outro lado da praça. Ele olhou o pátio e varandas, à procura de Sophie. Às vezes ela esperava por ele lá, acenando em meio à multidão quando ele aparecia à vista. Mas não esta noite. Esta noite…
Ele parou, franzindo a testa. — Mac? — ele disse suavemente.
Próximo a ele, seu amigo se afastou um pouco, dando-lhes espaço de sobra para tirar as armas escondidas em seus cós nas costas. — Yeah. Parece meio vazio, não é?
— Merda. — Colin xingou suavemente. — Eu tenho que chegar lá, Mac. Se Sophie estiver esperando…
O resto de sua frase foi perdido quando o mundo explodiu em torno deles. Os restos queimados estavam em todo lugar, voando no ar como estilhaços, caindo sobre as mesas dos comerciantes, iniciando novos fogos entre as mercadorias exibidas lá. Chamas estavam atirando para fora do pequeno café, lembrando-o de uma vela romana no 4 de Julho4. E os gritos. Pessoas correndo ao redor da praça quase descuidadamente, como pinballs em um jogo de arcada, sabendo apenas que eles tinham que fugir, mas não sabendo como chegar lá. Outros corriam do edifício em chamas, das mercadorias incendiadas, alguns deles em chamas, alguns perseguidos por amigos tentando desesperadamente ajudar.
— Nós estamos fora daqui, amigo. — Mac agarrou o braço de Colin, puxando-o para trás pelo caminho por onde tinham vindo.
Ele se permitiu ser puxado uns poucos metros, olhando em descrença, antes da realidade o atingir. — Sophie! — ele rugiu. Ele puxou o braço longe de Mac e correu em direção ao prédio em chamas, saltando sobre feridos na terra, os seus rostos e membros ensanguentados e queimados, as suas roupas pouco mais do que pedaços enegrecidos.
— Sophie! — ele gritou novamente, sentindo o calor das chamas antes que ele tivesse chegado a trinta metros do café, suor escorrendo pelo seu rosto.
— Murphy! — A voz de Mac estava bem atrás dele, a pressão da ordem contida nela diminuindo a velocidade de Colin, mas não o parando. Não quando a mulher que ele amava - ah, Jesus, ele a amava. Colin inclinou-se sobre os joelhos, a dor no peito tão grande que ele pensou que ia morrer com ela. Levantou o rosto para a conflagração e sabia que ninguém estava vivo lá dentro. Ela tinha estado lá dentro? Tinha chegado antes dele como sempre fazia?
— Nós estamos fora. — A voz de Mac era dura, não deixando espaço para discussão nem argumentos. Agarrou Colin pela parte de trás do pescoço, curvando-se para falar em seu ouvido. — Sinto muito, cara, mas vamos embora. Agora.
Ele puxou Colin, girando-o com força bruta até eles se juntarem ao resto das pessoas correndo para fora do café. Com um braço sobre os ombros de Colin, ele puxou-o junto, só mais um ferido do que tinha certeza era alguma vingança de um cartel de droga, um trabalho para assassinar alguém ou uma mensagem para outra pessoa, e quem se importava quantos inocentes civis morriam no processo?
Sophie! Colin parou com seus calcanhares. — Eu tenho que verificar, Mac. Eu tenho que saber…
— Você não precisa fazer nada, exceto continuar caminhando. Você vai ligar para ela mais tarde, verificar se ela está bem, dizer todas as doces coisas do sul. Mas agora, vamos embora.
Colin continuou andando, colocando um pé na frente do outro e a presença de Mac era a única coisa que o mantinha em movimento. Eles chegaram em uma outra rua, finalmente, um beco estreito que não sabia onde levava. Mas era escuro e fresco, um alívio bem-vindo do calor avassalador por trás deles. Mac o teria levado para a segurança dessa rua, mas Colin virou no último minuto e viu as chamas, viu alguém cambalear para fora do prédio, um cadáver de uma figura negra, gritando enquanto equipes de resgate corriam para ajudar. Ele parou e olhou. Era Sophie? Era ela em algum lugar nos destroços em chamas esperando por ele para salvá-la, esperando…

O telefone tocou, tirando Colin do pesadelo que ele não tinha tido nos últimos anos. Ele passou a mão sobre o rosto e encontrou-o encharcado de suor, assim como o resto dele. Fez uma careta, empurrou os lençóis úmidos e saiu da cama, nu como no dia em que nasceu. E o maldito telefone não parava de tocar. Quem diabos iria chamá-lo tão cedo? Ele entrou no banheiro e jogou água no rosto, tentando acordar, ouvindo o telefone tocar, e entre toques…
— Porra. — Cuspiu a palavra com sentimento. Esse maldito cão de caça de Art Collard estava latindo de novo. Isso irritava os vizinhos, e era provavelmente por isso que seu telefone estava tocando. Art descia à cidade de vez em quando e o cão não gosta de ser deixado sozinho. E cada vez que acontecia, o telefone tocava com queixas.
Ah, sim, senhora, senhor. Eu vou resolver isso. Vamos cortar a garganta do cão e fazer churrasco para o jantar. Não vai mais latir então, hein?
Colin sorriu para si mesmo, imaginando o olhar sobre os rostos dos vizinhos, se ele realmente dissesse isso a algum deles. Eles todos tinham cães. Todo mundo aqui tinha. Mas de alguma forma o único latido que incomodava era do cão de Art. Embora, Colin teve de admitir que o latido profundo do velho John Henry soava como uma voz de condenação.
Ele encontrou o casaco em uma cadeira na sala de estar, onde o tinha deixado e tirou seu celular do bolso, atendendo pouco antes de ir para o correio de voz. — Murphy. — ele disse, consultando o relógio que estava sobre a mesa. Ok, não era o início do dia, depois de tudo.
— Boa tarde para você também, Murphy.
Ele afastou o telefone de seu ouvido e verificou o identificador de chamadas. Cynthia Leighton. Perfeito.
— O que você quer, Leighton?
— Meu Deus, você está em um humor. Eu pensei que talvez gostaria de me ajudar a investigar um par de assassinatos aqui nas redondezas, Xerife.
— Eu não sou o maldito xerife, e por que você precisa de mim de qualquer maneira? Tenho certeza de que todos os seus super vampiros podem lidar com isso muito bem.
— Pare de amuar, Murphy.
— Eu não tenho idéia…
— Estou chegando, portanto, coloque alguma roupa.
— Não… — Mas ela já tinha ido embora. — Filha da puta! — ele xingou em voz alta, pegando-se no último minuto antes de jogar o maldito telefone contra a parede. Era um agradável telefone e, além disso, era um pé no saco substituir aquelas coisas.
Ele largou o telefone na mesa ao lado do seu relógio e ficou de pé, mãos nos quadris, olhando em volta de sua casa. Ele tinha trabalhado muito neste lugar. O ar ainda tinha o cheiro de madeira fresca de quando ele tinha instalado os armários de cozinha novos apenas um mês atrás. Claro, ainda havia muito para fazer, mas viria com o tempo. Ele gostava daqui. Queria ficar aqui. O que significava que ele provavelmente teria que jogar com essa maldita Leighton e fazer o que podia para resolver esses assassinatos. Não que ele não quisesse descobrir quem tinha feito isso com Marco e fazê-lo pagar. Ele só não queria fazê-lo com vampiros olhando por cima do ombro.
Ou talvez fosse um vampiro particular que ele queria evitar. Um que vinha em um pacote cheio de curvas com grandes olhos marrons. Sim, ele definitivamente devia evitar o maldito complexo até que isso terminasse.
— Covarde. — Ele murmurou.
— Sim. — Respondeu a sua própria acusação e foi tomar um banho.
Colin puxou uma camiseta preta pela cabeça e penteou para trás seu cabelo molhado, pegando uma toalha quando a água escorreu em suas costas. Disse a si mesmo que devia cortar o cabelo, mas ele estava acostumado a tê-lo mais comprido, especialmente durante seus últimos anos na Marinha quando estavam fora do país e em locais onde um homem com cabelo curto e um rosto nu se destacavam. Ele raspou a barba assim que voltou, mas o cabelo era conveniente.
Uma batida na porta afastou seus pensamentos de seu cabelo. Graças a Deus. Talvez ele estivesse perdido aqui na floresta há demasiado tempo, se isso era tudo que tinha para pensar.
Enfiou a camisa dentro da calça, suas botas de combate fazendo um barulho quando ele atravessou o piso de madeira até a sua porta da frente. Ele viu o SUV preto fora e abriu a porta.
— Leighton. — disse ele e olhou por cima do ombro onde um grande cara negro estava dando-lhe um olhar de apreciação. — Quem é o músculoso? — perguntou ele.
— Robbie Shields, conheça Colin Murphy. — disse ela brevemente, abrindo caminho para sua casa. Aparentemente, ela não estava mais preocupada com as aparências, agora que seu maldito marido vampiro tinha enviado alguém para ser seu guarda-costas. — Vocês dois têm muito em comum. — Acrescentou.
— Como? — Colin perguntou, olhando para o guarda-costas. Robbie era uma ou duas polegadas mais baixo que Colin, mas composto por massa muscular pura. Os músculos do cara tinham músculos.
Leighton falou sem se virar, muito ocupada olhando a sua
casa. — Forças Especiais, rah, rah, toda essa merda. Robbie era um Ranger. Robbie, o Ranger.
Colin trocou um olhar de longo sofrimento com seu companheiro guerreiro e gesticulou para o homem entrar. — Ranger?
— Sim, homem. — disse Robbie. Ele deu dois passos para dentro e eles apertaram as mãos.
— Eu trabalhei com um monte de Rangers durante o meu tempo de serviço. Bons caras.
— Liderando o caminho. — disse Robbie com um grande sorriso. — Alguém tem que manter o campo claro para vocês bichanos da Marinha.
— Bem, isso não é legal? — Ambos se viraram para encarar Leighton que estava olhando para eles amargamente. — Se relacionando sobre as balas? — ela perguntou docemente.
— Não se preocupe com ela. — disse Robbie. — Ela só está chateada porque o grande homem não vai deixá-la vaguear ao redor e ser morta.
— Como se isso fosse acontecer. — ela rejeitou. — Eu tenho muitas horas no campo quando se trata de trabalho da polícia.
— Sim? Você vai ler os direitos para o seu assassino vampiro? — Colin perguntou. — Porque eu não tinha planejado.
Ela piscou para ele. — Sabia que havia uma razão para eu gostar de você, Murphy.
— Então, por que você saiu da polícia de Los Angeles?
— Você me pesquisou no Google. Estou tocada. — disse ela distraidamente, vagando em sua cozinha e olhando ao redor. — O trabalho da polícia é um clube de meninos, apesar de toda a porcaria sobre igualdade de oportunidades. Ser uma Investigadora Particular pra mim era melhor, deixou-me trabalhar por conta própria. Eu não sou muito de jogar em equipe.
— Sem brincadeira. — Robbie murmurou.
— Seja bom Robbie, ou eu vou denunciá-lo à Irina. — Leighton disse, voltando para a sala.
— Como se isso fosse funcionar. Irina não tinha nada além de simpatia por mim quando ouviu falar sobre essa atribuição.
Leighton sorriu e bateu-lhe no braço, não de leve.
Colin fez uma careta. — Falando de outros significativos, Leighton, Raphael é seu marido?
Seu sorriso desapareceu. — Estritamente falando, ele é meu companheiro. É uma coisa de vampiro. Como uma espécie de marido, no entanto. Mandão como um, de qualquer maneira. Mas eu gosto de pensar nele como meu namorado. Parece mais querido.
Seu sorriso voltou com força total, mas Robbie começou a engasgar de repente, cobrindo-o com uma tosse, enquanto Leighton batia nas costas dele proveitosamente. Colin pensou que o pobre Robbie teria muitas contusões para mostrar seu esforço como guarda-costas hoje. Ele também notou que Leighton tinha trocado o caro anel de diamante do dedo por uma faixa de platina simples. Talvez ela realmente tenha alguma experiência de campo, depois de tudo.
— Além disso — ela continuou, escovando as mãos e apoiando-as em seus quadris. — Eu gosto que a primeira impressão de uma pessoa de mim seja sobre mim, e não sobre ele. Então… Eu estive pensando sobre como alguém humano poderia descobrir onde Marco e os outros viviam. Eles não anunciavam, exatamente, seu paradeiro e vocês estão todos muito espalhados por aqui. Não é como se uma pessoa pudesse apenas dirigir pelas ruas até encontrar uma casa. Você não pode sequer ver a maioria desses lugares da estrada principal e metade das estradas não vão a lugar nenhum.
— Sim, Coop é apenas uma das várias cidades não urbanizadas daqui. Há alguns milhares de pessoas espalhadas por centenas de milhares de quilômetros quadrados de território. Mas os registros de propriedade são públicos no estado de Washington. Qualquer pessoa com acesso on-line ou muito tempo para matar pode procurar o seu alvo.
Leighton assentiu. — Mas isso iria apenas dizer-lhes o proprietário do registro, e não quem realmente mora lá. Além disso, e eu estou confiando em você ser discreto com isso, Murphy, a maioria dos vampiros possuem sua propriedade sob um pseudônimo ou mesmo vários. Quando você vive algumas centenas de anos, às vezes é necessário fazer parecer que a propriedade já foi vendida, ou que o proprietário morreu e os herdeiros tomaram conta ou o que quer que seja. Se nada mais, esses assassinatos recentes provam a sabedoria desse tipo de subterfúgio.
— Eu percebo. — Colin concordou. — Mas se excluirmos os registros de propriedade, eu não preciso dizer-lhe que isso significa que há, provavelmente, um vazamento em algum lugar.
— Sim, eu sei. Alguém de Raphael está acompanhando isso também.
— E você vai compartilhar o que encontrar. — disse Colin, dando-lhe um olhar plano.
— Vamos compartilhar. — assegurou ela. — Raphael não é grande defensor dos Direitos de Miranda5, também.
— Não posso dizer que o culpo. Não neste caso, de qualquer maneira. Em uma trilha separada. — Colin continuou. — Loren me deu uma lista de coisas faltando na casa de Marco e de Preston. Eletrônicos principalmente. Jeremy diz que nada foi tirado de seu lugar, mas eu descobri que é porque eles destruíram tudo à procura dele, e depois ficou tarde demais e eles correram antes do sol se pôr. Eu não acho que eles tinham ido embora há muito tempo quando eu apareci.
— Lojas de penhor? — Leighton perguntou.
— Não aqui, mas eu já tenho contatos na cidade. Um casal de rapazes ex-militares estão lá. Ficamos juntos de vez em quando, jogamos poker, falamos sobre os velhos tempos.
— Vêem? É disso que eu estou falando. Ninguém nunca me convida para jogar poker. — Ela suspirou.
— Aw. — Robbie cantou com simpatia. — Nós vamos convidar você para o nosso jogo, não vamos, Murphy?
— Depende. — disse Colin, pensativo. — Será que ela joga sujo?
Leighton sorriu. — Só quando é necessário.
— Você está dentro.
— E sobre grupos de ódio? — Leighton disse, pegando o anterior segmento de conversação. — Vocês têm algum nazista caseiro por aí?
— Você está pensando que talvez eles tenham adicionado vampiros à sua lista de Untermenschen6. — Colin comentou. — Isso é certamente possível. Na sua maioria eles estão do outro lado da linha de estado, mas estamos perto o suficiente para obter uns poucos discrepantes.
Ele se aproximou e pegou sua Sig, verificando a câmara e gatilho antes de colocá-la em seu cinto. — Vamos falar com algumas pessoas?
Levaram o Tahoe de Colin. Era um veículo familiarizado o suficiente para que o homem que eles estavam seguindo não desaparecesse de vista. Todos em Coop sabiam que havia um grande contingente de vampiros na cidade. Se alguém envolvido nestes assassinatos visse o grande SUV de Leighton, eles iriam fugir para dentro da floresta ou começar a disparar. De qualquer maneira, Colin não teria as respostas que estava procurando.
A casa de Hugh Pulaski era tão apertada como um tambor quando finalmente manobrou seu caminho após os portões que ele tinha instalado para bloquear o tráfego ao longo de sua milha e meia de estrada privada. Nenhum dos portões estava trancado. O que teria sido bastante inútil, uma vez que um visitante determinado poderia simplesmente andar por aí. Mas eles eram um inconveniente, exigindo do motorista ou passageiro, se ele tivesse um, que saísse do veículo a cada portão e encontrasse algo para segurá-lo aberto, uma vez que tinha mola para fechar automaticamente. Hugh gostava que as pessoas acreditassem que ele tinha sensores de movimento e câmeras em todo o lugar, também. Mas Colin tinha conhecimento de primeira mão desses tipos de dispositivos, e ele tinha certeza que só existiam nas fantasias de Hugh.
— Não parece a casa de alguém. — comentou Robbie do banco de trás. Ele tinha sido o único que tinha saído em cada um dos quatro portões, reclamando que sentiu que tinha um olho de boi pintado em suas costas depois de cada um.
— Ele está em casa. — disse Colin, sacudindo a cabeça para uma velha picape ao lado.
— Isso? — Leighton disse, incrédula. — Eu pensava que vocês, bons garotos, deviam cuidar de seus caminhões.
— Nós fazemos. — Colin concordou, parando ao lado da picape. — Mas Hugh não é exatamente um bom garoto. Ele é um bebê de fundo fiduciário - ou velho agora - com um bacharel em química pela Universidade de Harvard. Você pode estar se perguntando se temos um outro Ted Kaczynski7, mas eu não acho que Hugh tenha se graduado em qualquer lugar perto do topo de sua classe.
— Então por que estamos aqui?
— Hugh não é um perigo por si mesmo, mas ele está dentro do movimento da supremacia branca. Anda em torno deles principalmente. Qualquer outra coisa exigiria demasiado esforço. Se algo está acontecendo, ele provavelmente sabe.
— Acha que ele vai falar conosco? — Leighton perguntou, saindo do carro.
— Acho que ele mal pode esperar. — disse Colin, erguendo o queixo na direção da casa onde ele já podia ouvir o guizo de vários bloqueios deslizantes sendo abertos. Quando chegaram mais perto, a pesada porta girou para dentro, para revelar uma figura magra em calças cáqui e uma camisa de flanela, os quais eram totalmente novos e em um tamanho muito grande. Mas o que chamou a atenção de Colin não foi a versão de Hugh de vestuário de lenhador, mas a arma que ele estava mirando em linha reta nos três deles através da porta de tela. Leighton parou em suas trilhas, rosnando para Robbie, quando ele saiu na frente dela, colocando-se entre ela e a espingarda, assim como ele deveria fazer.
— Coloque a maldita arma para baixo, Hugh. — disse Colin, deixando mostrar sua impaciência, mesmo que a sua mão tenha caminhado até a Sig Sauer em seu quadril direito.
— O que você está fazendo aqui, Murphy? E quem diabos são eles?
— Largue a arma. — Colin repetiu. — E nós vamos conversar.
Hugh abaixou a arma, mas não a guardou. Olhando para Leighton e Robbie, ele abriu a tela e pisou fora de sua casa, descendo dois degraus para o chão, ainda deixando vários metros entre ele e os seus visitantes.
— Não quero essas pessoas em minha casa. — disse ele.
— Estou ressentida. — Leighton murmurou, saindo de trás de Robbie. Ela teria se aproximado de Hugh, mas o guarda-costas tocou em seu braço em alerta. Ela franziu a testa, mas seguiu seu conselho.
Hugh não poderia ter ouvido o que ela disse, tão longe quanto ele estava, mas estreitou os olhos para ela de qualquer maneira, antes de olhar para Colin. — Estou te perguntando mais uma vez, Murphy, o que você quer?
Colin olhou para o outro homem. Hugh estava principalmente com a postura de blefe, fingindo que era uma espécie de sobrevivente vivendo aqui na floresta com sua picape velha. A verdade era que sua cabana rústica ostentava todas as amenidades modernas de uma vida que poderia ser ofertada pelo Fundo Fiduciário.
— Você ouviu falar sobre os assassinatos. — Colin fez uma declaração, não uma pergunta.
— Claro. — Hugh respondeu, inchando o peito para fora um pouco. — Bom destino para o lixo ruim, se você me perguntar.
Leighton não gostou disso. Ela endureceu, flexionando sua mão do lado de sua jaqueta para dar acesso claro à sua própria arma. Colin estendeu a mão em sua direção, baixa e aberta, para aplacar o gesto.
— Por que você diria algo assim? — ele perguntou a Pulaski. — O que Marco ou Preston fizeram para você?
— Foda-se. — disse o velho lentamente, arrastando para fora a palavra. — Eles são vampiros, não é mesmo? Não é natural. Não podem nem andar sob a luz solar, pelo bom Deus.
— Você gosta de banhos de sol, Sr. Pulaski? — Leighton perguntou, avaliando-o de cima a baixo. — Você parece um pouco pálido para mim.
— Isso é porque eu sou uma pessoa branca. Não como o gorila que você está se escondendo atrás.
— Chega, Hugh. — Colin estalou. — Tenho certeza de que estamos todos muito impressionados com sua atitude e besteira de um cara durão. Agora, responda algumas perguntas para mim, e nós vamos embora.
— Pergunte então. Para me livrar de vocês o mais rápido possível.
Leighton virou a cabeça para dar uma olhada a Colin com nojo. Ele apenas deu de ombros e olhou para Pulaski. — Ouvi que você está familiarizado com os grupos de supremacia branca que operam nestas partes. — disse ele.
— Claro. — disse Pulaski novamente. — Não há muito que eu não sei.
— Você sabe se eles têm alguma coisa a ver com essas mortes?
— Como eu te diria se eles tivessem?
— Bem, eu vou te dizer, Senhor Pulaski. — Leighton disse de repente. — Esta é uma investigação de assassinato. Você pode não ligar para os vampiros, mas eles têm direitos, quer você goste ou não. E se você sabe algo sobre o que aconteceu lá fora e não nos diz, isso se chama conspiração após o fato… Ou talvez você tenha feito um pouco de conspiração antes do fato também? Talvez Murphy aqui deva tirar algumas algemas e colocar em seus punhos brancos e transportá-lo para a vila. Não deve levar muito tempo para os meninos do Condado chegarem, para fazer uma prisão adequada. Claro, — disse ela, imitando-o — pode demorar um pouco mais de um dia, você não acha? Pode ficar escuro enquanto isso, e eu não acho que a prisão que eu vi no escritório de Murphy faça muito para manter os vampiros fora, o que você acha, Robbie?
— É difícil dizer, Sra. Cynthia. — Robbie disse com voz arrastada. — Mas eles são vampiros fortes. Porque eu já os vi rasgar ferro e derrubar paredes. Inferno, eles provavelmente não se preocupam com barras de ferro. Provavelmente apenas quebrem as paredes. — Ele fez uma pausa, como se pensando nisso. — Sim, isso é o que eles fariam.
— Então, qual é que vai ser, Sr. Pulaski? Você quer responder algumas perguntas para nós? Ou esperar até depois de escurecer? — Ela o considerou preguiçosamente, um sorriso de satisfação brincando na sua boca. — Pessoalmente, eu não me importo que você queira esperar.
Pulaski deu-lhe um olhar cheio de ódio, mas não antes de Colin pegar o flash de medo em seu rosto.
— Apenas me diga o que você sabe, Hugh. — disse Colin pacientemente. — Não vai mais longe do que os quatro de nós aqui.
Hugh desviou o olhar para Colin, de volta a Leighton e a Colin novamente. Ele deu um passo para trás para longe de Leighton, seus dedos apertando a arma ao seu lado. Robbie viu, também. — Cyn. — disse ele bruscamente, tocando o braço dela e pisando à sua frente novamente.
A reação do guarda-costas deu prazer a Hugh e ele tinha um sorriso em seu rosto quando olhou de volta para Colin. — Os que fizeram isso não são daqui. — Disse ele abruptamente. — Estrangeiros se intrometendo e assumindo o que não lhes pertence. Deixando de lado aqueles de nós que viveram aqui toda a nossa vida como se fôssemos nada. Lotes trazidos de dinheiro e armas, todos os tipos de equipamentos e merdas que eu nunca vi antes.
— Você não reconheceu ninguém? Por que eles iriam escolher Cooper’s Rest, se não são daqui?
— Não te diria se eu os conhecesse. Mas não conheço. Quanto ao por quê? Infernos, Murphy, é porque esses malditos vampiros moram com sua casa grande, extravagante e suas fodidas e extravagantes putas. — Ele olhou para Leighton, quando disse as últimas palavras, dando-lhe um olhar de cima para baixo com desprezo avaliador. — Você deve ter cuidado lá, senhorita. — disse ele. — Uma puta gostosa como você, aqueles homens poderiam fazer para você o que fizeram à Mariane. Qualquer mulher que aceite um vampiro, aceita qualquer um.
Leighton nem sequer pestanejou. Ela só encontrou o olhar de Hugh e mostrou os dentes, seus olhos ficando frios e vazios. Colin tinha visto aquele olhar em um monte de caras antes, mas nunca em uma mulher. Não confiando no que poderia acontecer em seguida, ele disse: — Ótimo, estamos indo. Você presta atenção com quem você mantém contato Hugh. Isto vai correr mal para qualquer um envolvido.
Robbie já estava apressando Leighton de volta para o caminhão, abrindo a porta para o banco de trás e pedindo a ela para entrar. Ele bateu a porta e esperou até que Colin estava por trás do volante antes de colocar a sua arma no coldre e correr para o caminhão.
— Vamos dar o fora daqui. — ele rosnou.
Colin dirigiu para fora da clareira em frente à casa de Hugh, não disposto a tirar os olhos do velho até que tivesse colocado alguma distância entre eles. Uma vez que ele alcançou a estreita estrada, recuou o suficiente para dar uma volta, em seguida, saiu em direção à rodovia.
— Então, como o menino branco lá sabia sobre Mariane? — Leighton disse. Ela tinha escorregado para a borda do banco de trás e estava inclinada entre os dois bancos da frente.
— Esta é uma cidade pequena. — disse Colin, saindo da estrada de Hugh e pegando a estrada principal. — Todo mundo sabia tudo o que tinha para saber sobre o ataque à Mariane e Jeremy dentro de horas. Talvez não todos os detalhes, mas uma idéia aproximada do que tinha acontecido e quem estava envolvido. O que é mais curioso é que Hugh nem sequer vacilou quando mencionei Marco e Preston. Ele já sabia que eles estavam mortos, mas eu não sabia até que você me disse ontem e eu não disse a ninguém. Ele pode não estar diretamente envolvido nesses crimes, mas ele sabe o que estão fazendo. Talvez – provavelmente – ele apenas está sentado em uma mesa na sombra, espionando.
Ela fez um ruído exasperado e empurrou-se para trás contra o banco. — Então, você tem algum branco supremacista que opera em seu quintal. Mas como isso se relaciona com o que aconteceu em Vancouver?
—O que aconteceu em Vancouver?
Leighton apenas olhou para ele.
— Vamos, Leighton. — disse ele, olhando para ela no retrovisor. — Você quer cooperação de mim, é uma estrada de duas vias. O que aconteceu em Vancouver?
Ela encontrou seu olhar, refletindo. — Sua namorada Sophia não lhe disse?
Colin deu-lhe um olhar frio. — Ela não é minha namorada. — ele disse uniformemente. — E você está evitando a questão.
Leighton deu de ombros, esticando as pernas antes de responder. — Mais três vampiros foram mortos. — disse ela. — É por isso que Sophia está aqui. Ela acha, e eu tendo a concordar, que quem matou os vampiros lá em cima decidiu espalhar a alegria para o sul.
— Merda.
— Isso não começa a cobri-lo. Você nunca viu o que acontece quando um vampiro fica muito chateado, Colin. Eu vi. Eles não acreditam no julgamento por júri e eles não dão segundas chances. Estes assassinos, sejam eles quem for, tiveram seus destinos selados no momento em que decidiram atravessar o território de Raphael. Isto não vai ser bonito, não importa como você olhe para a situação.
— Sim? Bem, vou te dizer como eu olho para a situação, Leighton. Eu vi o que fizeram com Mariane. Assim, enquanto os únicos ensanguentados sejam os animais que fizeram isso, eu digo para deixar o derramamento de sangue começar.

Capítulo 22

Sophia verificou-se no espelho criticamente, usando as duas mãos para puxar seu cabelo para fora da gola alta do suéter que ela tinha escolhido para caçar hoje à noite. Parecia tolice pensar nisso como uma caçada, especialmente neste dia e época, mas ela não tinha nenhuma outra palavra para isso. Os vampiros de Raphael iam sair para caçar os humanos que cruzaram a linha de civilidade e começaram a matança. Parecia claro, para Sophia, pelo menos, que o motivo para estes crimes era o ódio simples. As coisas que eles tinham feito para Mariane eram a prova necessária. Ela achava que Raphael concordava, embora fosse difícil saber ao certo já que ela ainda estava excluída de quaisquer discussões sérias.
O lorde vampiro ocidental não confiava nela, nem mesmo depois de ontem à noite, quando ela tinha mostrado a sua própria confiança por admiti-lo não apenas no território de Lucien, mas no coração de seu ninho. Confiança de vampiros era difícil de conseguir. Ela tinha que lembrar-se disso agora que estava de volta à Vancouver. Passou muitos anos no Brasil, um país governado por um lorde vampiro tão descontraído que ele mal era qualificado para o título.
Ela devia ter se lembrado, no entanto. Devia ter se lembrado daquela aldeia na América Central e da noite em que havia recebido uma escolha - sair agora ou jurar lealdade a um novo mestre. O lorde vampiro dessa região não era descontraído. Ele não estava disposto a tolerar sua presença em seu território enquanto ela prestasse juramento à Lucien. E Sophia não tinha tido nenhuma intenção de abandonar seu Sire, não quando havia tantos outros lugares do mundo onde ela poderia viver em paz.
Claro, deixar o território do lorde vampiro hostil tinha significado deixar Colin, também. Ela racionalizou a decisão em sua cabeça um milhão de vezes ao longo dos anos. Que ele era humano, que ele não iria entender, que ele não iria querê-la quando soubesse o que ela era. Ou que ele iria deixá-la em breve, de qualquer maneira, chamado pelos seus próprios mestres nas forças armadas dos Estados Unidos. Mas cada uma dessas desculpas ainda deixava um gosto ruim na sua boca. Ela poderia ter lidado com a situação de maneira diferente. Deveria ter lidado com a sitação de forma diferente. Mas quando o fogo havia começado, parecia como um dom, um sinal do destino que este era o caminho certo para ela tomar.
Mas então, ela nunca esperava vê-lo novamente, nunca esperava sentir um soco no estômago quando ela entrou no andar de cima e viu aqueles olhos azuis acusando-a.
Ela se afastou do espelho, não mais disposta a ver a acusação em seu próprio reflexo. Talvez ela devesse conversar com ele novamente. Tentar fazê-lo entender. Bufou delicadamente. Como se Colin já não tivesse feito os seus próprios sentimentos sobre o assunto perfeitamente claros.
Passos pesados soaram no corredor de fora, lembrando-lhe das festividades da noite. Ela passou as mãos nos quadris, colocando o suéter no lugar. Graças a Deus pensara em pegar algumas roupas em Vancouver na noite passada. Ela nunca tinha planejado estar no território de Raphael por tanto tempo, mas parecia que ela ia ficar aqui, pelo menos, mais um par de noites. Ela não achava que eles poderiam acabar isto antes, nem mesmo com o poder e recursos de Raphael ao seu lado.
Ela ia usar roupa casual esta noite - jeans, botas de sola plana e um suéter grosso. A caça era muito suscetível envolver vagar pela floresta, especialmente porque não havia muito mais para além de mata por aqui. As roupas a faziam parecer muito mais jovem, algo que ela normalmente evitava em sua busca incessante por ser levada a sério no mundo dos vampiros dominado pelos homens.
E era definitivamente dominado pelos homens. Veja os passos batendo fora de sua porta apenas um momento atrás. Durante séculos, senhores vampiros haviam escolhido seus servos com a defesa física em mente, o que significava o maior e melhor, o que se traduzia em sexo masculino. Os tempos modernos fizeram isso menos necessário, mas a tradição continuava, porque os lordes vampiros controlavam quem era transformado e os lordes eram, na sua maioria, tradicionalistas antigos. As pessoas de Raphael eram um bom exemplo das fileiras de Vampiros carregados de testosterona. Sophia tinha visto somente uma fêmea entre todos os vampiros que ele havia trazido com ele da Califórnia.
Por seu lado, Sophia era mais poderosa do que a maioria dos vampiros que ela conheceu, mas por ser feminina, ainda era considerada fraca aos olhos da maioria dos vampiros. Ela poderia ter seguido o exemplo da solitária fêmea de Raphael, Elke, que parecia ser tão musculosa quanto os machos com quem trabalhava. Mas Sophia tinha crescido em uma cultura onde a beleza era o melhor de uma mulher, e às vezes a sua única arma. E ela sabia que era linda, como sabia que alimentava a falsa percepção dos machos de sua fraqueza. Mas, então, sua beleza era algo que ela aprendeu a manejar muito antes de se tornar Vampira. E ela nunca tinha gostado de levantar pesos.
Mas esta noite, ela renunciou as aparências em favor da praticidade. Ela não tinha intenção de marchar através da vegetação rasteira em quatro polegadas de saltos e uma blusa de seda. Sua única concessão era o seu cabelo, que ela tinha deixado pendurado nas costas, em vez da trança mais prática que ela usualmente adotava em tais situações. Ela disse a si mesma que não tinha nada a ver com a possibilidade de que Colin estaria ao redor, que ele ia lembrar o quanto amava o cabelo comprido dela quando estavam juntos.
Ela normalmente era muito boa em mentir quando servia a seus propósitos. Mas nunca tinha sido muito boa em mentir para si mesma. Ela acalmou sua vaidade com um último olhar no espelho, então abriu a porta para um corredor vazio. Aparentemente, estavam todos no andar de cima já.
Subindo as escadas íngremes do nível do porão, Sophia admirou novamente o grau de segurança no recinto e o conforto proporcionado mesmo a uma vampira visitante como ela. Raphael cuidava muito bem de seu povo. Essa era a sua reputação, ela não deveria ter se surpreendido. Mas a realidade ultrapassava até mesmo a reputação dele. Ela ficou impressionada apesar de si mesma e se sentindo um pouco desleal para com Lucien por causa disso.
Ouviu o riso enquanto virava a esquina, o som flutuando dentro do prédio como uma lavagem de ar frio. Reconhecendo a voz profunda de Colin, ela olhou para cima ansiosamente… E franziu a testa. Colin estava lá, mas ele estava com a mulher de Raphael, os dois rindo e conversando como velhos amigos, como se não tivessem acabado de se conhecer há dois dias. Os olhos de Sophia estreitaram-se em desgosto, mas ela rapidamente apagou a expressão. Se Colin queria perder seu tempo com a mulher de Raphael, essa era sua escolha.
Ouvindo atentamente, fingindo que não o fazia, Sophia ouviu a mulher, Cynthia, dando boa noite a Colin e se dirigindo através da vasta extensão da grande sala, acompanhada por um outro guarda-costas de gigantescas proporções de Raphael, este um humano. Eles foram recebidos pela pálida e loira Elke, que estava vestida em um terno exatamente como os homens usavam. Sophia assistiu, com um pouco de inveja, como Cynthia e o guarda-costas preto cumprimentaram Elke, gastando mais alguns minutos em conversa alegre. Será que ela tinha algum amigo assim? Sophia se perguntou. Ou até mesmo conhecidos? Qualquer pessoa com quem pudesse trocar alguns momentos de conversa alegre? A resposta era não. Não em Vancouver, nem mesmo no Rio, que tinha sido seu lar durante anos. Ela não tinha ninguém. O que surpreendeu foi que ela nunca tinha notado a falta até agora.
Ela estudou o pequeno grupo. A companheira de Raphael era bonita. Sophia nunca tinha se importado de reconhecer a beleza em outras mulheres. Ela tinha sua própria beleza, afinal de contas, e portanto reconhecia-a em outras. Mas esta Cynthia usava sua beleza de forma diferente de Sophia, menos conscientemente talvez, mas ela usava-a de qualquer jeito. Dava-lhe uma confiança arejada que fazia os outros aceitarem-na mais facilmente, deixava que ela tomasse chances que uma pessoa com menos autoconfiança jamais teria ousado.
Sophia olhou em volta, observando o número de olhos que estavam observando a troca. Olhos que incluíam Colin. Ela franziu a testa, sentindo a recortada borda afiada de ciúmes em seu estômago, algo que raramente experimentara. Como se ciente de sua reação, Colin olhou por cima, e encontrou o olhar dela por um longo momento. Sophia começou a ir em direção a ele com um sorriso, mas antes que ela tivesse tomado dois passos, ele balançou a cabeça em desgosto e girou para longe dela, empurrando através das portas e deixando entrar outra rajada de ar frio e úmido na sala escassamente mobiliada.
A boca de Sophia se contraiu em irritação. Assim, ele poderia passar um dia inteiro com esta Cynthia, que estava claramente fora dos limites, mas não poderia poupar um momento de saudações para Sophia? Como ela tinha ouvido Cynthia dizer… Foda-se!
Ela vasculhou a sala grande e espiou Wei Chen indo em direção às escadas sinuosas até o segundo andar. Com uma explosão de velocidade, ela o cortou antes de ele dar o primeiro passo.
Ele recuou um pouco por sua aparição abrupta, mas depois reconheceu-a educadamente o suficiente. — Sophia. — disse ele. — Há algo que você precisa?
— Um carro. — disse ela simplesmente. — Não um daqueles caminhões enormes, mas um simples sedan vai servir.
O líder do complexo de Seattle parecia confuso. — Tinha a impressão de que você estaria acompanhando os outros na noite de caça. Os caminhões são pesados, mas…
— Mais tarde. — ela interrompeu. — Eu preciso executar uma missão em primeiro lugar. O Xerife Murphy e eu somos velhos conhecidos.
As sobrancelhas de Wei Chen dispararam para cima. Ele não poderia ter perdido a tensão evidente entre ela e Colin na outra noite. Sem dúvida, ele já tinha o seu povo procurando cada detalhe de sua história e relações, bem como de Colin. Por agora ele e, por associação Raphael, sabiam mais sobre o seu antigo amante do que ela mesma.
— Claro. — Wei Chen disse amavelmente, se recuperando de sua surpresa. — Você gostaria de alguém para conduzi-lo?
— Não. — ela disse rapidamente. A última coisa que ela precisava era de mais testemunhas. — Embora, eu não esteja familiarizada com as estradas aqui. Se você tiver um carro com um dispositivo GPS, seria útil, e talvez alguém para programar os endereços relevantes?
A boca já pequena de Wei Chen se apertou com força. — Você sabe dirigir, certo?
Sophia deu-lhe um olhar plano. — Claro. — disse ela com todo tom paternalista que conseguiu reunir. — Nós temos carros no Brasil. — Não que ela realmente os tivesse dirigido, mas ele não precisava saber isso. Na verdade, ela não conseguia se lembrar da última vez que tinha conduzido um carro. Mas não havia muito tráfego aqui na floresta e as trevas não seriam impedimento. Quão difícil poderia ser?
— Muito bem. — Wei Chen pegou um celular do bolso e falou rápido em chinês por vários minutos antes de desligar. — Um do meu pessoal terá um carro esperando por você no nível solo das garagens, do lado de fora à esquerda. Ele vai programar o endereço do Sr. Murphy, bem como o deste complexo para o seu retorno. Você tem um telefone celular, claro, então se você se perder, dá-nos uma chamada e alguém irá buscá-la.
Sophia estreitou seu olhar, sentindo um traço de ressentimento familiar. Wei Chen era um pequeno bastardo intrometido. Provavelmente muito bom no que fazia, mas sua atitude era típica em seu paternalismo. Ela manteve o rosto cuidadosamente branco, enquanto imaginava todas as maneiras que ela poderia fazer o pequeno bastardo pagar. A mais agradável seria seduzi-lo e depois deixá-lo com um pau duro. Ela sorriu para o pensamento, deixando-o vê-lo. Ele corou vermelho como um colegial, o que a fez se sentir muito melhor do que deveria. Ele era o seu anfitrião, depois de tudo. Então, ela agradeceu-lhe lindamente e foi para as garagens.
Colin Murphy poderia pensar que podia evitá-la. Mas Sophia não tinha sobrevivido por tanto tempo deixando outros mandarem nela. Não o pequeno puritano Wei Chen e não Colin Murphy também.

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                                            CONTINUA
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Capítulo 23
Raphael sentiu a volta de Cyn ao complexo, soube quando ela entrou no prédio e quando ela se demorou no andar de cima ao pé do elevador falando com Elke e os outros. Ele era egoísta o suficiente - e sabia que era seu ego - que o irritava ela não ter chegado antes dele acordar para a noite, tê-la conversando no andar de cima ao invés de descer diretamente para cumprimentá-lo. Sua boca contorceu em um meio sorriso quando ele considerou a provável reação dela à sua irritação.
As portas do elevador se abriram atrás dele. Ele não se virou, mas continuou se vestindo, puxando uma camisa preta de mangas compridas sobre sua cabeça. Os braços dela ao redor de sua cintura impediram-no de puxá-la mais para baixo, as mãos ainda frias da temperatura no exterior.
— Me desculpe eu não estar aqui quando você acordou. — disse ela, beijando suas costas nuas. — Um caminhão derrapou completamente, bloqueando a estrada. Nós eventualmente conseguimos ir por um desvio, mas levou tempo.
— Você não esteve envolvida no acidente? — ele disse, olhando seus cabelos negros sobre os ombros, que era tudo o que ele podia ver no espelho.
— Não. — disse ela, olhando ao redor para encontrar seu olhar refletido. —Aconteceu antes de chegarmos lá.
Ele se virou e beijou o topo da cabeça dela, puxando sua camisa para baixo e prendendo-a em suas calças antes de abotoar o botão.

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Ela fez um pequeno barulho exasperado pela sua saudação fria e, em seguida, desabou em uma cadeira, observando enquanto ele se sentava na cama para puxar as botas.
— Você está trocando de roupa? — ela perguntou, afirmando o óbvio.
— Duncan e eu nos encontramos com os outros antes. Maxime continua a examinar os registros no servidor local, embora ela não tenha encontrado nada e eu suspeito que não vá encontrar. Eu vou dividir as minhas pessoas em três equipes e deixá-los caçar à maneira antiga por agora. Cada equipe vai começar em uma das cenas de crime e circular para fora a partir daí, terminando com a própria cidade. Podemos cobrir muito mais território de um modo muito mais eficaz do que qualquer equipe de busca humana. Meus vampiros estão ficando impacientes com essa interminável espera e com raiva por causa disso. Esta busca irá dar-lhes algo para fazer. Eu não suponho que você e seu amigo Colin descobriram algo de útil?
Ele olhou para cima e a pegou olhando-o com cautela. Ele encontrou seu olhar com um olhar interrogativo, sobrancelhas levantadas, mas ela apenas revirou os olhos por breves instantes e disse:
— Murphy avisou seus contatos sobre os eletrônicos roubados. Pode aparecer alguma coisa. Enquanto isso, porém, questionamos alguns moradores. Foi muito chato. Eu me senti mal por Robbie, tendo que me seguir. Mas me deu algumas idéias para dar seguimento no computador hoje à noite. Você está saindo com a caça?
— Sim.
— Você deve deixar Elke ir com você. Eu só vou ficar no caminho lá, então vou ficar aqui e trabalhar. Há um monte de regulamentos e equipamentos vindo para esta área. Isso vai aparecer em algum lugar. Eu só tenho que encontrar o fio certo e puxá-lo.
Raphael se levantou, batendo os pés levemente para encaixar as botas. — Eu não espero muito de hoje à noite. A caçada real vai começar quando tivermos algo mais para seguir, talvez a partir do trabalho de Maxime, ou do seu. Mas até lá, vamos caçar da única maneira que podemos. — Ele vestiu o longo casaco de couro e...

 

 

                                                                                                   

 

 

                                       

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